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RESUMO
1. INTRODUÇÃO
A NBR 6116 vem passando desde sua revisão em 2003, por várias alterações que
a tornaram mais abrangente e complexa, quando comparada a versão de 1980. Tais
melhorias vieram principalmente no intuito de atualizar a norma às evoluções tecnológicas
tanto do ponto de vista dos materiais utilizados na construção civil quanto e nas ferramentas
numéricas e computacionais disponíveis para o cálculo. Outro aspecto importante
considerado nas últimas revisões, foi a preocupação com a durabilidade das edificações,
observada principalmente no aumento dos cobrimentos das armaduras e nas seções
mínimas dos elementos estruturais.
O objetivo precípuo do presente artigo é apresentar os principais tópicos
modificados na revisão 2014 da NBR 6118 além de apresentar, em um exemplo prático,
quais são os reais impactos dessas alterações em edificações de pequeno porte (até dois
pavimentos). Para isso será modelado, com o auxílio do software TQS, dois pórticos de
acordo com as versões 2007 e 2014 da norma. Posteriormente, os resultados obtidos serão
comparados e analisados.
O escopo desse trabalho se limita as principais alterações ocorridas no cálculo de
concreto armado, omitindo, portanto, mudanças no ocorridas no cálculo de concreto
protendido.
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Entre as principais inovações, a NBR 6118 traz no item 1.2 de sua revisão de 2014
a introdução do grupo II de resistência que abrange concretos entre 55 e 90 Mpa. Com isso
foi mantido a essência das formulações de cálculo para concretos do grupo I (C10 a C50) e
apresentado uma nova formulação paras as classes C55 a C90.
A revisão atual determina que os projetos estruturais devam ser verificados por
profissional habilitado e independente do projetista, sem descriminação com relação ao porte
da obra, como previa a versão anterior.
COBRIMENTO DA ARMADURA
As principais modificações que ocorreram nos critérios de durabilidade das
edificações foram com relação aos cobrimentos das armaduras.
A tabela 7.2 introduz recomendações para elementos em contato direto com o solo
que passa a ser 30 mm para as classes de agressividade ambiental I e II, 40 mm para classe
III e 50 mm para classe IV.
Outra modificação importante foi na especificação de cobrimento em superfícies
expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de tratamento de água e
esgoto que passam a exigir cobrimento da classe de agressividade IV (50 mm), diferente da
versão anterior que previa um cobrimento de 45 mm para esses casos. Para os demais
casos, não houveram alterações no cobrimento.
CONPOSIÇÃO QUÍMICA
Com relação a composição do concreto, ocorreu uma alteração no texto do item
7.4.4 que na versão anterior na norma não permitia a utilização de aditivos que contivessem
cloreto na sua composição. O novo texto estabelece que não é permitido o uso de aditivos
“a base de cloretos”, possibilitando seu uso, desde que se obedeça aos limites estabelecidos
na NBR 12655.
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RESISTÊNCIA A TRAÇÃO
Para a classe I a formulação para o cálculo da resistência a tração direta
permaneceu a mesma, para a classe II foi apresentado a seguinte equação:
𝑓 , = 0,3𝑓 / , para concreto do grupo I
𝑓 , = 2,12 𝑙𝑛(1 + 0,11𝑓 ) , para concreto do grupo II
A nova revisão traz ainda uma fórmula para determinação do módulo de elasticidade
do concreto em idade menor que 28 dias, substituindo o fck por fcj , conforme expressões a
seguir:
( ) ,
𝐸 (𝑡) = ∙ 𝐸 , para classe I
( ) ,
𝐸 (𝑡) = ∙ 𝐸 , para classe II
Onde,
𝑓 (𝑡) é a resistência a compressão do concreto na idade em que se pretende estimar
o módulo de elasticidade, em MPa.
A NBR 6118:2014 traz ainda uma tabela com os módulos de elasticidade inicial e
secante para utilização prática em projetos estruturais:
,
𝜀 = 2,0%° + 0,085%° ∙ (𝑓 − 50)
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FLUÊNCIA
A tabela que fornece os valores do coeficiente de fluência e de deformação
especifica de retração também foi alterada conforme pode ser observado abaixo:
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2.5. ANCORAGEM
2.6. AÇÕES
INPERFERÇÕES GLOBAIS
A análise dos desaprumos dos elementos verticais de estruturas, contraventadas ou
não, passam a ser realizados conforme figura abaixo:
Observa-se que a consideração de ɵ1min para estruturas de nós fixos não está mais
presente na norma.
Com relação às ações de vento e desaprumo, diferente na versão anterior que
recomendava a aplicação apenas da mais desfavorável, a versão 2014 passa a considerar
as seguintes possibilidades:
a) Quando 30% da ação do vento for maior que a ação do desaprumo, considera-
se somente a ação do vento;
b) Quando a ação do vento for inferior a 30% da ação do desaprumo, considera-se
somente o desaprumo respeitando a consideração de ɵ1min, conforme definido
acima;
c) Nos demais casos, combina-se a ação do vento e desaprumo, sem necessidade
de consideração do ɵ1min. Nessa combinação, admite-se considerar ambas as
ações atuando na mesma direção e sentido como equivalentes a uma ação do
vento, portanto como carga variável, artificialmente amplificada para cobrir a
superposição.
A norma fala ainda que a comparação pode ser feita com os momentos totais na
base da edificação e em cada direção e sentido da aplicação da ação do vento, com
desaprumo calculado com ɵa, sem a consideração do ɵ1min.
MOMENTO MÍNIMO
A envoltória do momento mínimo de 1° ordem de pilares retangulares passa a ser
considerado conforme figura abaixo:
PILARES
A NBR 6118:2014, limitou a dimensão mínima dos pilares em 14 cm, diferente da
versão anterior que previa pilares com até 12 cm de espessura. A área mínima de 360 cm² e
o coeficiente de majoração das ações 𝛾 , permanecem conforme versão 2007.
Por ter impacto direto nas edificações de pequeno porte, talvez a supressão de
pilares com bw de 12 cm seja a mudança mais sentida entre construtores e arquitetos, que
terão que adaptar seus projetos e métodos construtivos para se adequar à nova situação.
LAJES
Sempre visando a durabilidade e segurança, a NBR 6118:2014 traz um aumento
significativo nas seções mínimas das lajes de piso, cobertura e balanço conforme descrito
abaixo:
a) 7 cm para cobertura não em balanço; (versão anterior era 5 cm)
b) 8 cm para lajes de piso em não balanço; (versão anterior era 7 cm)
c) 10 cm para lajes em balanço; (versão anterior era 7 cm)
d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso menor ou igual a 30 kN;
e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso maior de 30 kN;
f) 15 com para lajes com protensão apoiadas em vigas, com o mínimo de l/42 para
lajes de piso biapoiadas e l/50 para lajes contínuas;
g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo, fora do capitel.
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A norma determina ainda que quando for efetuada uma redistribuição, reduzindo-se
um momento fletor de M para 𝛿M, em uma determinada seção transversal, a profundidade
da linha neutra nessa seção x/d, para o momento reduzido 𝛿M, deve ser limitada por:
a) x/d (𝛿-0,44)/1,25, para concretos do grupo I
b) x/d (𝛿-0,56)/1,25, para concretos do grupo II
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ANÁLISE PLÁSTICA
A norma estabelece que para garantia de condições apropriadas de ductilidade,
dispensando a verificação explícita da capacidade de rotação plástica, deve-se ter a posição
da linha neutra limitada em:
a) x/d ≤ 0,25, para concretos do grupo I
b) x/d ≤ 0,15, para concretos do grupo II
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No detalhamento de lajes maciças, a NBR 6118:21014 determina que para lajes que
sejam dispensadas de armadura transversal para força cortante conforme item 19.4.1 e
quando não houver avaliação explícita dos acréscimos das armaduras decorrentes da
presença de momentos envolventes na laje, a armadura deverá se estender até no mínimo
4 cm além do eixo teórico do apoio, não sendo permitido o escalonamento dessa armadura.
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3. APRESENTAÇÃO DO MODELO
Figura 9: Pórtico
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Para avaliar o impacto das alterações ocorridas na revisão 2014 da NBR 6118, será
comparado os resultados obtidos em cada modelo.
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5. CONCLUSÃO
Através da análise dos resultados é possível concluir que de forma geral, o impacto
foi relativamente pequeno no que diz respeito aos itens verificados. Com relação ao consumo
de materiais, a maior variação foi no volume de concreto. Devido ao aumento nas dimensões
mínimas dos elementos estruturais, esse item teve um acréscimo de 11,40% em relação ao
mesmo modelo, calculado na versão anterior da norma. Os demais itens avaliados, forma e
aço, obtiveram variações irrelevantes, 0,84% e -1,09% respectivamente.
Com relação ao custo da estrutura, levando-se em consideração apenas os itens
avaliados, foi verificado uma variação positiva de 3,67%, puxada principalmente pelo volume
de concreto. Deve-se levar em consideração ainda no custo total da obra, os impactos
referentes à alvenaria, que deverá ser adaptada para blocos de 14cm de espessura, e
fundação, que com um incremento médio de 14,31% nas cargas pode sofrer onerações.
Com relação a estabilidade global da estrutura, observou-se que o aumento das
seções mínimas imposto pela norma, impactou de forma positiva nos parâmetros avaliados,
com uma redução de 0,96% no Gama Z e de 10,17% no parâmetro Alfa ∝.
De maneira geral é possível concluir que a revisão 2014 da NBR 6118 vem se
adequar não só aos avanços tecnológicos, com a inclusão do grupo II de concreto por
exemplo, mas também com a realidade brasileira no que se refere a mão de obra e
manutenção de nossas edificações. Nota-se um viés que prioriza a segurança e
durabilidade, levando-se em consideração as particularidades e deficiências presentes na
indústria da construção brasileira.
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6. BIBLIOGRAFIA
BUENO, B SUELY, KIMURA, ALIO E. ABNT NBR 6118:2014 – Considerações sobre a nova
norma. 2014. Slides de Palestra. Disponível em: < https://
http://ie.org.br/site/ieadm/arquivos/arqnot8870.pdf>.
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