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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ

ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Guilherme Ficcagna Lodi

ESTUDO DE VIABILIDADE DA INSTALAÇÃO DE UMA USINA DE


RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Chapecó
2016
Guilherme Ficcagna Lodi

ESTUDO DE VIABILIDADE DA INSTALAÇÃO DE UMA USINA DE


RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia


Civil da Universidade Comunitária da Região de
Chapecó, como parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Esp. César Augusto Seidler

Chapecó
2016
RESUMO
LODI, Guilherme F. Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de
resíduos de construção e demolição. 2016. Trabalho de Conclusão (Graduação em Engenharia
Civil) - Curso de Engenharia Civil, UNOCHAPECÓ, Chapecó, 2016.

O setor da construção civil traz diversos impactos ambientais, e um dos principais, é a geração
de resíduos de construção e demolição (RCD), onde grande parte deste resíduo é descartado
ilegalmente, e também existe a falta de um gerenciamento dos RCD por parte dos municípios
e seus geradores. E em virtude da necessidade da população buscar cada vez mais a preservação
do meio ambiente, procurando um desenvolvimento sustentável, a reciclagem de RCD traria
diversas vantagens como a diminuição do descarte ilegal e da extração de matérias-primas,
geração de empregos, aumento da vida útil dos aterros sanitários e a produção de material para
reutilização. Nestas circunstâncias, o objetivo deste trabalho foi elaborar um estudo de
viabilidade econômica e financeira de uma usina de reciclagem de resíduos sólidos de
construção e demolição na microrregião de Chapecó , para isso foi feito pesquisas junto a
fornecedores de equipamentos e máquinas e também com a ABRECON, buscando entender
como funciona e quais as necessidades de uma usina de reciclagem de RCD, com isso foi
possível buscar os custos de cada item que compõe uma usina de reciclagem de RCD e suas
receitas, e então, com os custos e receitas foi elaborado uma planilha eletrônica e realizado
fluxos de caixa para os quatro cenários criados, os cenários criados e analisados utilizaram as
mesmas variáveis, a única diferença entre eles era o volume de RCD reciclado em cada um.
Dois cenários foram criados baseados em uma pesquisa do plano de gestão integrada de
resíduos sólidos (PGIRS) de Chapecó onde mostra que é recolhido 2.257,26m³/mês de RCD, e
os outros dois cenários foram criados com base na pesquisa de JOHN (2000) onde fala que a
geração mínima é de 230kg/hab.ano, então foi verificado a população de Chapecó e usado a
taxa de JOHN(2000) para descobrir a geração total de RCD. Os cenários foram separados em
duas categorias, otimista e realista, o otimista prevê que a empresa irá reciclar 60% do volume
recolhido e o realista 40%. Com o fluxo de caixa pronto foi utilizado técnicas econômicas onde
foi possível chegar à conclusão que três dos quatro cenários apresentados podem se tornar
viáveis desde que não seja gasto com a compra do terreno para a instalação da usina um valor
maior que o valor presente líquido (VPL) que é de R$879.110,55 para o cenário 1,
R$2.710.041,24 para o cenário 3 e de 837.712,61 para o cenário 4, e em todos os cenários além
do financiamento de R$1.000.000,00 o investidor terá que desembolsar mais dinheiro para
manter a empresa nos primeiros anos.

Palavras-chave: RCD. Resíduos. Viabilidade.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Relação de quantidade de resíduos por área bruta construída.

Figura 2 - Layout da empresa

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantidade de RCD gerados no mundo.

Tabela 2 – Geração de RCD e relação com RSU.

Tabela 3 – Usina com capacidade de até 50 m³/h.

Tabela 4 – Usina com capacidade de até 12,5 m³/h.

Tabela 5 – Valores Veículos e Máquinas.

Tabela 6 – Valor Caçamba Basculante

Tabela 7 – Descrição do mobiliário e valor.

Tabela 8 – Valores dos estudos e licenças

Tabela 9 – Salários e encargos dos funcionários.

Tabela 10 – Custo combustível

Tabela 11 – Despesas com energia

Tabela 12 – Investimentos iniciais do empreendimento.

Tabela 13 – Despesas mensais transformadas em anuais.

Tabela 14 – Despesas anuais.

Tabela 15 - Vida útil e depreciação

Tabela 16 - Cenários Utilizados

Tabela 17 - Financiamento

Tabela 18 – Resultados dos cenários

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRECON - Associação Brasileira para a Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e


Demolição

ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível

BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CASAN - Companhia Catarinense de Águas e Saneamento

CELESC - Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A.

EPP – Empresa de Pequeno Porte

FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

IBGE - Instituto brasileiro de geografia e estatística

ICMS - Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços

IGP-M - Índice geral de preços – mercado

IN – Instrução Normativa

INPC-IBGE - Índice Nacional de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Geografia


e Estatística

INSS - Instituto Nacional de Seguro Social

IPTU – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

IRRF - Imposto de Renda Retido na Fonte

PGIRS - Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos

RCD - Resíduos de Construção e Demolição

SEDEMA - Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente

SEFAZ – Secretária de Estado da Fazenda

SELIC - Sistema Especial de Liquidação e Custódia

SINDUSCON -Sindicato da indústria da construção civil

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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SRF - Secretário da Receita Federal

TIR - Taxa interna de retorno

TMA - Taxa mínima de atratividade

VPL - Valor presente líquido

WAMBUCO - Waste Manual for Building Constructions

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9
1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................. 10
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 10
1.2.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 10
1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 10
1.3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 10
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA ...................................................................................... 12
2.1 RESIDUOS SÓLIDOS ................................................................................................. 12
2.2 EXTRAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS ................................................................ 14
2.3 IMPACTOS AMBIENTAIS ........................................................................................ 15
2.4 SOLUÇÕES PARA OS RCD ....................................................................................... 17
2.4.1 Os 3 Erres ............................................................................................................. 19
2.4.2 Utilização do entulho reciclado ........................................................................... 20
2.4.2.1 Utilização em pavimentação. ........................................................................ 20
2.4.2.2 Utilização como agregado para o concreto................................................... 20
2.4.2.3 Utilização como agregado para a produção de argamassas .......................... 20
2.4.3 Reciclagem............................................................................................................ 21
2.5 GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS........................................................................ 22
2.5.1 Planos de gerenciamento obrigatórios................................................................. 23
2.5.2 Ações nos órgãos da administração pública ........................................................ 23
2.6 USINAS DE RECICLAGEM DE RESIDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO .............. 23
2.7 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS .............................................................................. 24
2.7.1 Fluxo de caixa ...................................................................................................... 25
2.7.2 Taxa mínima de atratividade ................................................................................ 25
2.7.3 Payback e payback descontado ............................................................................ 26
2.7.4 Taxa interna de retorno ........................................................................................ 26
2.7.5 Valor presente líquido .......................................................................................... 26
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................ 28
3.1 ESTUDO E VISITAS.......................................................................................................... 28
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ........................................... 30
4.1 EQUIPAMENTOS, VEÍCULOS E MÁQUINAS ....................................................................... 30
4.2 DESPESAS ABERTURA DA EMPRESA ............................................................................... 31
4.3 CUSTO DA SUPERESTRUTURA......................................................................................... 31
4.4 CUSTO DO MOBILIÁRIO ................................................................................................. 32
4.5 LICENÇAS AMBIENTAIS ................................................................................................. 33
4.6 ENTULHO ....................................................................................................................... 34
4.7 FUNCIONÁRIOS - TRIBUTAÇÃO ...................................................................................... 34

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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4.8 DESPESAS COM COMBUSTÍVEL ....................................................................................... 35


4.9 DESPESAS ADMINISTRATIVAS ........................................................................................ 35
4.10 RESUMO CUSTOS ....................................................................................................... 36
4.11 CORREÇÃO ANUAL.............................................................................................. 37
4.12 VIDA ÚTIL, DEPRECIAÇÃO E VALOR RESIDUAL .......................................... 37
4.13 ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS PARA OS CENÁRIOS............................................... 37
4.14 FINANCIAMENTO ....................................................................................................... 38
4.15 ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS ....................................................................... 39
5 CONCLUSÃO................................................................................................................. 40
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 42
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 45
APÊNDICE B.......................................................................................................................... 46
APÊNDICE C ......................................................................................................................... 47
APÊNDICE D ......................................................................................................................... 48
ANEXO A ................................................................................................................................ 49
ANEXO B ................................................................................................................................ 50
ANEXO C ................................................................................................................................ 50
ANEXO D ................................................................................................................................ 51

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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1 INTRODUÇÃO

Com o rápido crescimento do Brasil nos últimos anos, surgiu também as dificuldades, e uma
delas é a geração de resíduos sólidos de construção e demolição (RCD), que provoca grandes
problemas, principalmente ambientais.

O principal problema dos RCD é com a sua deposição clandestina e a sua elevada geração de
resíduos, juntamente com este problema, existe a falta de efetividade e compromisso dos
geradores de RCD, e também das políticas públicas no seu gerenciamento.

Segundo Valverde (2001), o consumo médio de agregados na construção civil no Brasil


aproximadamente 2.000kg/hab/ano, e que a produção de areia e brita, vem atendendo a
demanda nacional, mas, está sendo cada vez mais difícil a exploração desses recursos, por
motivos de problemas ambientais e mau planejamento, e isso consequentemente leva a um
aumento do custo da matéria-prima para a construção civil.

Somado a isso, a Lei nº 12.305/10, determina que o poder público, o setor empresarial e a
coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar a observância
da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e demais determinações estabelecidas nesta
lei.

A reciclagem no Brasil começou a ter destaque a partir de 2002 com a criação da Resolução
307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Segundo a Associação Brasileira
para a Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição (ABRECON), em 2002 havia
apenas 16 usinas de reciclagem de RCD, e atualmente existem 310 usinas em todo o país, e
indica que 83% pertencem a iniciativa privada, 10% à gestão pública e 7% são usinas público-
privada.

Diante disso, e sabendo que a indústria da construção civil é a responsável pela maior parte da
geração dos RCD, chegando a até 70% dos resíduos sólidos em alguns municípios, devemos
buscar um desenvolvimento sustentável na construção civil, com o objetivo de reduzir,
reutilizar e reciclar esses resíduos.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Como identificar a viabilidade econômica de instalação de uma usina de reciclagem de resíduos


de construção e demolição?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Elaborar estudo de viabilidade econômica de uma usina de reciclagem de resíduos de


construção e demolição (RCD).

1.2.2 Objetivos específicos

Verificar os custos de implantação, instalação e de operação de uma usina de reciclagem de


RCD.

Realizar estudo de oferta e demanda de mercado para resíduos sólidos da construção civil.

Analisar a viabilidade econômica para a implantação da usina de reciclagem com base nos
aspectos de custo e de mercado encontrados.

1.3 JUSTIFICATIVA

Com o rápido crescimento da construção civil no Brasil nos últimos anos, aliado a falta de
infraestrutura para suportar esse crescimento, provocaram grandes problemas, principalmente
ambientais, dos quais está o destino dos resíduos gerados na construção civil.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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Como o descarte destes resíduos é feito muitas vezes em córregos, ruas, aterros clandestinos e
outros locais indevidos, tem afetando o meio ambiente, a sociedade e também a economia, então
está se buscando alternativas para solução deste problema, como programas de gerenciamento
de resíduos, que desde 2002 as diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos
da construção civil é estabelecido pela resolução 307 do CONAMA.

De acordo com a ABRECON, cerca de 60% do lixo sólido das cidades vem da construção civil,
e 70% desse total poderia ser reutilizado.

A reciclagem de resíduos de construção e demolição traz vários benefícios para a sociedade,


como criação de novos empregos, menor custo dos materiais reciclados, diminuição de aterros
sanitários e da extração de matéria prima como areia e brita.

Portanto, a realização desta pesquisa é de suma importância, para verificar os custos de


instalação da usina, produção dos agregados, impostos, mão de obra, e oferta dos resíduos e
demanda dos agregados reciclados, por fim analisando a viabilidade do investimento.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 RESIDUOS SÓLIDOS

Para a NBR 10004 (ABNT, 2004) os resíduos são classificados conforme seus potenciais
riscos ao meio ambiente e à saúde pública, para serem gerenciados adequadamente, a norma
define os resíduos sólidos como:

“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem


industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.” (NBR 10004,
2004, p. 1).

Conforme a mesma norma, os resíduos são classificação em:

a) resíduos classe I - Perigosos;

b) resíduos classe II – Não perigosos;

– resíduos classe II A – Não inertes.

– resíduos classe II B – Inertes.

No entanto, uma outra classificação que é dada pela Resolução 307 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA) é mais adequada, definindo os resíduos da construção civil da
seguinte forma:

“Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta
Resolução, da seguinte forma:
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos,
papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e
gesso; (Redação dada pela Resolução nº 469/2015).
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
(Redação dada pela Resolução n° 431/11).

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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IV - Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como


tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham
amianto ou outros produtos nocivos à saúde. (Redação dada pela Resolução n°
348/04).” (CONAMA, 2002, p. 372).

De acordo com John e Agopyan (2000), os resíduos de construção são constituídos de vários
produtos, que podem ser classificados em solos, materiais cerâmicos, materiais metálicos e
materiais orgânicos, a proporção entre s tipos de resíduos é variável, dependendo da sua origem.

Conforme Lipsmeier (2000) dos setores da economia o que mais produz resíduos na União
Europeia (UE) é a construção civil, que gera cerca de 100 milhões de toneladas de resíduos por
ano. E Monteiro et al (2001), confirma que a construção civil no Brasil também é a que mais
gera resíduos sólidos, em média as construções de novas edificações geram em torno de
300kg/m² edificado, enquanto que em países desenvolvidos a média é de 100kg/m².

Segundo John e Agopyan (2000), a quantidade de RCD gerado nas regiões urbanas na maioria
das vezes é maior que à dos resíduos domiciliares. Estima-se que a que os brasileiros geram de
220 a 670 kg/hab/ano, com mediana de 510 kg/hab/ano.

De acordo com Pinto (1999), os resíduos de construção e demolição (RCD) representam entre
41% a 70% dos resíduos sólidos urbanos (RSU) nas cidades brasileiras de médio e grande porte.

De acordo com Jadovski (2005), as quantidades da geração de RCD no mundo estão expressas
na tabela 1.

Tabela 1 – Quantidade de RCD gerados no mundo.


PESQUISADOR LOCAL Geração de RCD Observações
União 221 a 334 milhões
Vázquez 2001, p.22
Européia de ton/ano
Dorsthorst e Hendriks, 2000, apud Comunidad.
Leite, 2001, p.17 Européia

Leite 2001, p.17 Holanda 15 milhões ton/ano Ano de 1996

Freeman e Harder 1997, apud


Inglaterra 70 milhões ton/ano
Miranda, 2000, p.2

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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Boileau 1993 et al., apud Miranda, 20 a 25 milhões


França
2000, p.2 ton/ano
20 a 30kg/m² de
Peng et al., 1997, p.49 EUA área construída ou
500kg/hab;ano
Entre 41% a 70% do
230 a 760
John, 2000, p.17 Brasil resíduo sólido
kg/hab.ano
municipal

Schneider e Philippi Jr., 2004, p.24 São Paulo 17.000 ton/dia Ano 2003

4 mil ton/dia, ou
Hamassaki, 2000, p.179 São Paulo
90.000m³/mês
De Baptisti, 1999, p.111 São Paulo 107.000 ton/mês
Fonte: JADOVSKI (2005), adaptada por autor.

2.2 EXTRAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS

De acordo com Barreto (2005), o setor da construção civil produz grandes impactos ambientais,
desde a extração das matérias-primas necessárias para a produção dos produtos, na execução
dos serviços nos canteiros de obra, até a destinação dos resíduos gerados, provocando uma
mudança na paisagem urbana.

Souza et al (2004), relata que a indústria da construção civil é uma grande consumidora de
recursos naturais, sendo motivo de discussões quanto à necessidade de se buscar o
desenvolvimento sustentável. Conforme John (2000), o consumo dos recursos naturais podem
variar dependendo da região e de fatores como taxa de resíduos gerados, vida útil das estruturas
construídas, necessidades de manutenção, perdas incorporados nos edifícios e da tecnologia
empregada

“A cadeia produtiva da construção civil consome entre 14 e 50% dos recursos naturais
extraídos do planeta; no Japão corresponde a cerca de 50% dos materiais que circulam
na economia e nos EUA, o consumo de mais de dois bilhões de toneladas representa
cerca de 75% dos materiais circulantes.” (BRASIL, 2008, p.2).

Segundo Valverde (2001), o consumo de agregados na construção civil na Europa é de


5.000kg/hab/ano à 8.000kg/ hab/ano, nos EUA em média de 7.500kg/hab/ano e no Brasil, a
média de consumo está um pouco acima de 2.000kg/hab/ano, porém no estado de São Paulo o
consumo é de 4.500kg/hab/ano, ainda conforme o autor no Brasil foram consumidos 240
milhões de m³ de agregados pela construção civil em 2000.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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Ainda conforme o autor a produção de areia e brita para a construção civil, vem atendendo a
demanda nacional, mas, a disponibilidade desses recursos em lugares localizados próximos a
grandes aglomerados urbanos do país vem diminuindo devido ao mau planejamento, problemas
ambientais, zoneamentos restritivos e uso competitivos do solo. Cada vez mais está sendo
limitado a exploração desses recursos, tornando as perspectivas de uma garantia de suprimento
futuro aleatórias. Até o momento, o baixo preços desses agregados só foi possível pelo fácil
acesso as suas reservas e as pequenas distâncias de transportes, mas como as restrições estão
cada vez maiores, por razão de novas licenças. Em resumo, a sociedade está necessitando de
uma demanda cada vez maior desses agregados, e ao mesmo tempo, impedindo ou restringindo
a produção.

2.3 IMPACTOS AMBIENTAIS

Conforme Ângulo (2000), a questão ambiental é bastante discutida em várias áreas,


principalmente na geração de poluentes e contaminações de cursos de água, entretanto, no setor
da construção civil, a preocupação com a geração de impactos ambientais é pouco evidente.
Pinto (2005), relata que os resíduos sólidos urbanos são predominantemente produzidos pela
atividade da construção civil, e que estudos realizados em diversas cidades brasileiras, apontam
os números da tabela 2.

Tabela 2 – Geração de RCD e relação com RSU.


PARTICIPAÇÃO EM RELAÇÃO
GERAÇÃO AOS RESÍDUOS SÓLIDOS
MUNICIPIO FONTE DIÁRIA (ton.) URBANOS

São Paulo I&T - 2003 17.240 55%

Guarulhos I&T - 2001 1.308 50%

Diadema I&T - 2001 458 57%

Campinas PMC - 1996 1.800 64%

Piracicaba I&T - 2001 620 67%


São José dos
Campos I&T - 1995 733 67%

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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Ribeirão Preto I&T - 1995 1.043 70%

Jundiaí I&T - 1997 712 62%


São José do Rio
Preto I&T - 1997 687 58%

Santo André I&T - 1997 1.013 54%


Fonte: PINTO (2005), adaptada pelo autor.

Segundo o autor, cerca de 75% dos resíduos gerados pelas construção civil nos municípios vem
de eventos informais (obras de construção, reformas e demolições geralmente feitas pelos
próprios usuários dos imóveis). Os munícipios devem exercer o papel de disciplinar o fluxo dos
resíduos, especialmente a geração de resíduos provenientes destes eventos informais.

“Importante ressaltar que a geração dos resíduos da construção é de forma difusa e se


concentra na sua maior parcela no pequeno gerador, cerca de 70% do resíduo gerado,
provenientes de reformas, pequenas obras e nas obras de demolição, em muitos casos
coletados pelos serviços de limpeza urbana.” (SINDUSCON-SP, 2012, p.14)

Pinto (2005) fala que a falta de efetividade, e também de políticas públicas que disciplinem e
ordenem os fluxos de destinação destes resíduos, juntamente com a falta de compromisso dos
geradores de resíduos no manejo, e na destinação dos resíduos, provocam os seguintes impactos
ambientais:

• destruição de mananciais e de proteção permanente;

• proliferação de agentes transmissores de doenças;

• assoreamento de rios e córregos;

• bloqueio de sistema de drenagens;

• resíduos bloqueando de vias e logradouros públicos, e a deterioração da paisagem urbana;

• existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade.

De acordo com John e Agopyan (2000), o principal problema dos RCD é relacionado a sua
deposição irregular e aos grandes volumes produzidos, a deposição irregular é comum em todo

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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o mundo, e Pinto (1999) confirma isso estimando que no Brasil de 10% a 47% dos RCD gerados
são depositados irregularmente.

De acordo com John e Agopyan (2000), os resíduos depositados irregularmente causam


enchentes, proliferação de doenças, interdição de vias e degradação do meio ambiente, e as
vezes esses resíduos são aceitos por proprietários de imóveis para serem utilizados como aterro,
sem se preocupar com o controle técnico do processo. Está pratica pode ocasionar problemas
no futuro, causando acidentes nas construções feitas em cima desta área de aterro.

2.4 SOLUÇÕES PARA OS RCD

De acordo com Ângulo (2000), a construção civil deve passar por mudanças, devido a
necessidade de a população ter novas relações com o meio ambiente buscando um
desenvolvimento sustentável. Reduzindo desperdícios, melhoria de qualidade dos produtos,
novas técnicas de construção, projetos de sustentabilidade ambiental, aumento da durabilidade
dos componentes e a reciclagem de seus resíduos, estes são exemplos de preocupações no
campo da pesquisa voltada a sustentabilidade.

Conforme Lipsmeier (2005), o projeto Waste Manual for Building Constructions


(WAMBUCO), financiado pela União Europeia, no âmbito do Programa Crescimento
Competitivo e Sustentável, por meio de pesquisas realizadas em várias construções dos 5 países
da europa (Portugal, Dinamarca, Espanha, França, Alemanha), chegou a uma relação (Figura
1) que demonstra que a produção de resíduos durante a construção pode ser estimada antes da
execução, conforme sua área bruta de construção e seu nível de conforto.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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Figura 1 – Relação de quantidade de resíduos por área bruta construída.

Fonte: LIPSMEIER, 2005.

“No Brasil, a indústria da construção está mobilizada há mais de 15 anos para a


questão dos resíduos. Nesse período, foram realizados treinamentos de capacitação
para a correta gestão nos canteiros de obras em todo o país. As empresas construtoras
perceberam que os conceitos da não geração, da correta segregação e da destinação
ambientalmente adequada trazem ganhos para as obras. Dentre eles, destacam-se a
redução de desperdícios, que leva à diminuição de custos para a destinação. A
preocupação com a gestão nos canteiros tem se refletido em obras mais organizadas,
melhorias na limpeza e, consequentemente, queda no número de acidentes de
trabalho.” (SINDUSCON-SP, 2015, p.13)

“A redução das perdas geradas na fase de construção, ao provocar a redução da quantidade de


material incorporada às obras, reduz também a geração de geração de resíduo nas fases de
manutenção e demolição.” (JOHN; AGOPYAN, 2000, p.7).

“Os altos índices de desperdício implicam em redução da disponibilidade futura de materiais e


energia, criam demandas desnecessárias ao sistema de transporte e geram transtornos nos
panoramas urbanos, principalmente dos grandes centros” (LEITE, 2001, p.19)

Conforme John e Agopyan (2000), na fase de construção as mudanças tecnológicas podem


reduzir as perdas e o entulho da construção. Processos como a quebra parcial da alvenaria para
instalações de projetos complementares e posteriormente a sua reconstrução com argamassa,
por exemplo, devem ser abandonados, mas, nem sempre as novas tecnologias adotadas ajudam
com a redução das perdas, como os revestimentos à base de gesso, que chegam a ter até 120%

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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de perda no serviço. Na fase de manutenção a geração de resíduos é ocasionada pela correção


de patologias, reformas, descarte de componentes que já atingiram a sua vida útil, para a
redução de resíduos nesta fase John e Agopyan (2000) relatam, (a) a melhoria da qualidade da
construção, (b) projetos flexíveis permitindo fazer modificações no edifício e reutilizando os
componentes que não são mais necessários, e (c) o aumento da vida útil física dos componentes
e da estrutura dos edifícios.

De maneira geral, os projetos no Brasil não consideram a existência de atividades de


manutenção e os seus custos. A redução de resíduos na etapa de demolição passa pelo (a)
aumento da vida útil dos edifícios e seus componentes, isso depende da tecnologia de projeto e
de materiais, (b) de incentivos para os proprietários façam modernizações em vez de
demolições, e (c) de tecnologia de projeto e demolição ou desmontagem que permita a
reutilização dos componentes. A redução dos resíduos gerados na fase de demolição depende
de medidas de prazo muito longo.

A reciclagem dos resíduos de construção e demolição no Brasil é bastante recente, mas vem
chamando a atenção dos gestores urbanos pelas possibilidades que apresenta enquanto solução
de destinação dos RCD e solução para a geração de produtos a baixo custo (PINTO, 1999).

2.4.1 Os 3 Erres

“A produção industrial e a própria sobrevivência humana no planeta terra estão baseadas no


desenvolvimento da forma academicamente conhecida como 3 erres, sendo, redução,
reaproveitamento e reciclagem” (MAZZER & OSVALDO, 2004, p.72).

Podemos definir os 3Rs em:

“[...] Reduzir, no sentido de diminuir a quantidade de lixo produzido, desperdiçando


menos e consumindo só o necessário, sem exageros; Reutilizar, dando nova utilidade
a materiais que na maioria das vezes consideramos inúteis e jogamos no lixo, e
Reciclar, no sentido de dá “nova vida” a materiais a partir da reutilização de sua
matéria-prima para fabricar novos produtos [...]” (SILVA et al, 2004, p.1).

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


20

2.4.2 Utilização do entulho reciclado

2.4.2.1 Utilização em pavimentação.

Conforme Zordan (2002), a forma mais fácil de reciclagem do entulho é a sua utilização em
pavimentações as vantagens de utilizar ele em pavimentações é:

- Menor utilização de tecnologia para sua produção, implicando menor custo do processo;

- Permite utilizar todos componentes minerais do entulho, sem necessidade de separação deles;

- Economia de energia no processo de moagem do entulho em comparação à sua utilização em


argamassa;

- Maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos em relação a mesma
adição feita com brita. Enquanto a adição de 20% de entulho reciclado ao solo saprolítico gera
um aumento de 100% do CBR, nas adições de brita natural o aumento do CBR só é perceptível
com dosagens a partir de 40%;

2.4.2.2 Utilização como agregado para o concreto

Ainda conforme o autor, o entulho reciclado também pode ser utilizado como agregado para o
concreto não estrutural, substituindo os agregados convencionais (areia e brita), as suas
vantagens são listadas a seguir:

- Permite utilizar todos componentes minerais do entulho, sem necessidade de separação deles;

- Economia de energia no processo de moagem do entulho em comparação à sua utilização em


argamassa;

- Possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em comparação com os agregados


convencionais, quando é utilizado pouco cimento.

2.4.2.3 Utilização como agregado para a produção de argamassas

Zordan (2002), relata que, após ser processado por equipamentos de reciclagem, ele pode ser
utilizado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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Miranda e Selmo (2001), após analisarem o uso de entulho reciclado como agregado para produção
de revestimentos de argamassas, chegaram aos seguintes resultados:

- Os revestimentos de argamassas com entulho reciclado mostraram ter desempenho em relação a


aderência ao substrato, compatível ou até superior do que ao revestimento com argamassa mista;

- Em relação a absorção capilar, apresentaram absorção superior ao do revestimento com argamassa


mista;

2.4.3 Reciclagem

Conforme John e Agopyan (2000), a reciclagem de RCD é viável do ponto de vista ambiental
e técnico. Os riscos ambientais para este tipo de reciclagem é considerado baixo, embora deva
ter um controle, especialmente se os RCD forem de instalações industriais.

De acordo com Valverde (2001), com a necessidade da reciclagem dos entulhos da construção
civil, se criou a possibilidade de substituir os agregados naturais por parte dos produtos da
reciclagem. Na Europa e nos EUA, a participação dos produtos reciclados tem crescido
continuamente.

A reciclagem de RCD recentemente foi usada na reconstrução da Europa após a Segunda


Guerra Mundial. Atualmente é praticada na Europa, principalmente na Holanda. Diversos
municípios brasileiros operam centrais de reciclagem do resíduo de construção e demolição,
produzindo agregados que são usados especialmente como sub-base de pavimentação (JOHN;
AGOPYAN, 2000).

Pinto (1999), destaca a elevada geração de resíduos sólidos, desencadeada pelo acelerado
desenvolvimento da economia, faz com que seja inevitável o uso de políticas de valorização
dos resíduos e sua reciclagem, nos países desenvolvidos, e em regiões de países em
desenvolvimento. Historicamente, a atividade de construção sempre se configurou como uma
grande geradora de resíduos e também como potencial consumidora dos resíduos gerados por
ela mesma, e por outras atividades de transformações.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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2.5 GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Conforme a resolução nº. 307/2002 do CONAMA, define-se que gerenciamento de resíduos é


um sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento,
responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para elaborar e executar as ações
necessárias para cumprir as etapas previstas nos programas e planos. (CONAMA, 2002).

O Artigo 5º da resolução 307/2002 do CONAMA fala que:

“É instrumento para a implementação da gestão dos resíduos da construção civil o


Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser elaborado
pelos Municípios e pelo Distrito Federal, o qual deverá incorporar:
I - Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; e II -
Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.” (CONAMA, 2002, p.
572).

O gerenciamento dos RCD deve ser uma ação educativa, fazendo com que as empresas
envolvidas no processo possam exercer suas responsabilidades sem produzir impactos
socialmente negativos. (SCHNEIDER, 2000).

Conforme Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP),


em pesquisa realizada em 2010 no estado de São Paulo, através do Índice de Gestão dos
Resíduos Sólidos (IGR) criado pela Secretaria do Meio Ambiente, indica que dos 437
participantes da pesquisa, apenas 6,18% tem gestão dos resíduos sólidos consideradas
eficientes, 54,56% considerada gestão mediana e 39,36% considerada ineficiente.

E conforme a ABRECON (2015), em pesquisa setorial feita entre 2014 e 2015, avaliou que a
quantidade de municípios com atividades de reciclagem e que possuem Plano de
Gerenciamento de Resíduos da Construção e Demolição implantado, é de 55%, 28% não
possuem e 16% não sabiam.

As usinas públicas trazem vantagens econômica, como a redução de gastos com limpeza urbana
e obtenção de agregados reciclados com menor custo que os naturais, mas, a atividade das
usinas públicas é intermitente, devido as mudanças de gestão ou desinteresse, e ao baixo
conhecimento técnico (MIRANDA; ÂNGULO; CARELI, 2009).

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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2.5.1 Planos de gerenciamento obrigatórios

Conforme o artigo 20 da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), estão sujeitos à
elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos, os geradores de resíduos dos
serviços públicos de saneamento básico, resíduos industriais, resíduos de serviços de saúde e
resíduos de mineração, estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que gerem
resíduos perigosos, ou, que gerem resíduos mesmo que não perigosos não sejam equiparados
aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal, as empresas de construção civil, os
responsáveis pelos terminais e outras instalações de serviços de transporte e também os
responsáveis por atividades agrossilvopastoris. (CONAMA, 2002).

2.5.2 Ações nos órgãos da administração pública

“Para a aprovação de parcelamentos do solo, e implantação de condomínios


horizontais e verticais, o empreendedor deverá elaborar o programa de gestão de
resíduos sólidos, especificando o tipo de resíduo, volume e destinação final dos
mesmos, sendo ainda de sua responsabilidade, a realização dos serviços especificados
no programa no interior do empreendimento, inclusive para os resíduos gerados pela
construção civil e outros que venham a ser produzidos na execução das obras. Sendo
que, a emissão do Alvará de aprovação de parcelamento do solo e de condomínio
horizontal, fica condicionada à implantação dos equipamentos públicos e
comunitários e sistema de coleta de resíduos conforme prevê o Plano Diretor.”
(PGIRS – Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – Chapecó, 2014, p. 108)

2.6 USINAS DE RECICLAGEM DE RESIDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

“As primeiras usinas de reciclagem instaladas foram pelas Prefeituras de São Paulo, SP (1991),
de Londrina, PR (1993), e de Belo Horizonte, MG (1994).” (MIRANDA; ÂNGULO; CARELI,
2009, p.58).

John e Agopyan (2000), várias prefeituras brasileiras já operam centrais de reciclagem de RCD,
produzindo agregados utilizados basicamente em obras de pavimentação. O desafio do próximo
período é generalizar a prática, inclusive através da viabilização da atividade privada. Para que
esta meta seja atingida, são necessárias políticas públicas consistentes, abrangendo as áreas de
legislação, pesquisa e desenvolvimento, legislação tributária e educação ambiental.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


24

Em 2002 havia apenas 16 usinas de reciclagem de RCD no Brasil, mas, após a resolução
CONAMA 307 de 2002, o cenário mudou de 3 novas usinas por anos, para 9 usinas por ano.
Em pesquisa setorial que avaliou dados de 2008 a 2013 está taxa subiu, chegando a 10,6 usinas
por ano. Porém entre 2013 e 2015 houve uma estabilidade na quantidade de usinas instaladas
por ano. Conforme a Associação Brasileira para a Reciclagem de Resíduos de Construção Civil
e Demolição, existem pelo menos 310 usinas em todo o país, o Estado de São Paulo é o que
mais possui usinas instaladas, chegando a 54% do total, devido maior atividade da construção
civil que gera mais RCD, pelo preço mais elevado dos agregados naturais. O percentual de
usinas fixas no país é de 74%, 21% de usinas móveis e 5% são móvel e fixa. (ABRECON,
2015).
“As Plantas Fixas são definitivas. A principal vantagem é uma qualidade superior dos
produtos reciclados. Há ainda a vantagem de usar equipamentos maiores e mais
potentes. A segunda planta é a Semi-Móveis, indicada para a construção de barragens
hidrelétricas e para construções de estradas. Sua construção é feita sobre bases de
estrutura metálica. É fácil a montagem e a desmontagem. A terceira e última é a Planta
Móvel, indicada para empreendimentos que requerem mobilidade. Outra vantagem é a
eliminação dos custos com montagem e desmontagem. As plantas móveis são mais
flexíveis e não necessitam de obras civis.” (CORRÊA et al, 2009, p.2-3)

De acordo com ABRECON (2015), os resultados da Pesquisa Setorial feita entre 2014 e 2015
com 105 usinas que responderam à pesquisa, indica que 83% das usinas pertencem a iniciativa
priva, 10% à gestão pública e 7% são usinas público-privada.

Conforme a pesquisa, 93 usinas produzem juntas em média 431.500m³ de agregados reciclados


por mês, sendo que a capacidade máxima instalada é de 958.000m³ por mês, com esses valores,
considerando as 310 usinas no país, a estimativa de RCD reciclado no país é de 21%, se
considerar a capacidade máxima de produção esse percentual chegaria a 46%.

Ainda conforme o autor, a maior parte das usinas estão concentradas nas cidades de maior porte,
sendo 44% delas em cidades com mais de 500 mil habitantes, 44% em cidades com mais de
100 mil habitantes e 12% estão em cidades com menos de 100 mil habitantes, isso constata que
o negócio pode ser viável mesmo em cidades pequenas. O número de funcionários envolvidos
na reciclagem varia nas usinas, sendo que 60% delas possuem de 5 a 10 funcionários, 25% de
11 a 20 funcionários e 15% de 21 a 50 funcionários.

2.7 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Os conceitos de matemática financeira, onde é visto as definições de juros, relações de


equivalência de capitais e os tipos de taxas de juros e também o conceito das técnicas de análise

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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de investimentos são necessários para estabelecer a viabilidade econômica para a implantação


de uma usina de reciclagem de RCD. (JADOVSKI, 2005).

“A seção de finanças deve apresentar em números todas as ações planejadas para a


empresa e as comprovações, por meio de projeções futuras de sucesso do negócio. Deve
conter demonstrativo de fluxo de caixa com horizonte de, pelo menos, três anos; balanço
patrimonial; análise do ponto de equilíbrio; necessidades de investimento;
demonstrativos de resultados; análise de indicadores financeiros do negócio, como
faturamento previsto, margem prevista, prazo de retorno sobre o investimento inicial
(payback), taxa interna de retorno (TIR).” (DORNELAS, 2008, p.88)

2.7.1 Fluxo de caixa

O fluxo de caixa é uma ferramenta de planejamento financeiro que tem como objetivo mostrar
a situação de caixa da empresa em determinado período, podendo ser de curto, médio ou longo
prazo. O fluxo de caixa compreende as entradas e saídas de caixa periódicas (meses, trimestres,
anos etc.), o capital inicial da empresa, e o saldo final de cada período. (DOS SANTOS, 2001).

“O fluxo de caixa é um receptor dos dados financeiros gerados por todas as áreas da empresa.
Projeções de recebimentos de vendas e pagamentos de com pras, pessoal, serviços de terceiros,
juros, impostos, receitas e gastos diversos são informações importadas de diversas áreas da
empresa pelo fluxo de caixa.” (DOS SANTOS, 2001, pg. 64)

“As informações geradas pelo fluxo de caixa permitirão que a empresa decida a melhor
destinação para o excesso de caixa. Aplicá-lo no mercado financeiro, liquidar dívidas
antecipadamente ou fazer investimentos permanentes na expansão ou melhoria dos processos
de operação são algumas das alternativas possíveis, depen dendo dos saldos de caixa e
respectivo cronograma informados pelo fluxo de caixa.” (DOS SANTOS, 2001, pg.57)

2.7.2 Taxa mínima de atratividade

A taxa mínima de atratividade é especifica para cada empresa, e significa a taxa de juros mínima
aceitável quando a empresa faz um investimento, a forma de determinar a TMA varia, no Brasil
as empresas fixam essa taxa conforme decisão interna da administração. Normalmente as
empresas praticam uma TMA entre 12 e 15% ao ano. (DOS SANTOS, 2001).

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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2.7.3 Payback e payback descontado

O payback pode ser definido em “[...] quanto tempo ocorrerá a recuperação do capital investido
em função do fluxo de caixa gerado. É habitual o cálculo do tempo de retorno com base no
lucro contábil, apesar de essa prática distorcer o valor calculado para esse parâmetro de
avaliação. Isso acontece porque no cálculo do lucro contábil já é deduzida a parcela de
depreciação que se destina a permitir a recupera ção do investimento.” (DOS SANTOS, 2001,
pg. 150)

Quanto menor for o tempo de retorno (payback) mais rapidamente se recupera o investimento.
Um tempo de retorno baixo, significa que a taxa de lucro sobre o investimento é alta, o problema
que esse tipo de método é limitado e não considera o valor do dinheiro no tempo, e também não
considera os fluxos de caixa após a recuperação do capital. O tempo de retorno descontado
(payback descontado), é uma alternativa para uma melhor precisão do tempo de retorno, pois
ele considera os fluxos de caixa pelo seu valor presente. (DOS SANTOS, 2001)

2.7.4 Taxa interna de retorno

“Do ponto de vista financeiro, a Taxa Interna de Retorno (TIR) de um investimento é o


percentual de retorno obtido sobre o saldo do capital investido e ainda não recuperado.
Matematicamente, a taxa interna de retorno é a taxa de juros que iguala o valor presente das
entradas de caixa ao valor presente das saídas de caixa.” (DOS SANTOS, 2001, pg. 154)

O método de cálculo da TIR é um processo interativo, pois é a resolução de uma equação. Para
um projeto de investimento típico, o cálculo da TIR chega a uma equação de grau 10. (DOS
SANTOS, 2001)

“Quando a Taxa Interna de Retorno (TIR) é maior do que a Taxa Mínima de Atratividade
(TMA), o investimento é vantajoso. Se a TIR e a TMA forem iguais, o projeto de investimento
estará numa situação de indiferença. Caso a TIR seja menor do que a TMA, o projeto de
investimento não será economicamente recomendável.” (DOS SANTOS, 2001, pg. 155)

2.7.5 Valor presente líquido

“O Valor Presente Líquido (VPL) de um investimento é igual ao valor presente do fluxo de


caixa líquido, sendo, portanto, um valor monetário que representa a diferença entre as entradas

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e saídas de caixas trazidas a valor presente. O cálculo do valor presente do fluxo de caixa é
efetuado com a utilização da Taxa Mínima de Atratividade (TMA) da empresa como taxa de
desconto.” (DOS SANTOS, 2001, pg. 155)

Quando o VPL for maior que zero, significa que o investimento é promissor, pois existe lucro
econômico, e com o VPL maior que zero também significa que a taxa interna de retorno (TIR)
do projeto é maior que a TMA da empresa, com o VPL menor que zero, significa que o
investimento não é economicamente viável. Na comparação de vários projetos de investimento,
o que tiver o VPL maior será o melhor. O VPL indica se o investimento é bom ou não, mas não
demonstra as gradações, pois o investimento pode ter um pequeno VPL e mesmo assim ser
muito lucrativo. (DOS SANTOS, 2001)

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 ESTUDO E VISITAS

O presente estudo tem como finalidade verificar a viabilidade de instalação de uma usina de
reciclagem de RCD, para isso os procedimentos adotados foram análise documental, conversas
com pessoas do ramo através de telefone e e-mail. Também foi feito visitas a uma empresa
fabricante de equipamentos para usinas e o SINDUSCON ambos em Chapecó, o principal
objetivos nessas conversas, era descobrir como realmente funciona, quais seus procedimentos
e o que é necessário em uma usina de reciclagem de RCD.

Com isso, foi observado que para verificar a viabilidade de uma usina de RCD é necessário
saber os investimentos iniciais da empresa, que são: aquisição de terreno para instalação da
usina, construções (escritório, depósito de máquinas, guarita, cercamento da área da usina),
equipamentos para reciclar o entulho, veículos para transporte do material reciclado,
equipamentos para os veículos, máquinas para carregamento do material reciclado e para
alimentar a usina, mobília dos escritórios, documentação para legalização da empresa.

Também é necessário saber as despesas mensais e anuais com funcionários, equipamentos,


máquinas e também as administrativas, essas despesas foram conseguidas através de pesquisas,
e conversas com contadores e fornecedores de máquinas e equipamentos, e a demanda de
equipamentos, maquinário e funcionários foi seguido através da indicação dos fornecedores e
da ABRECON. Para definir a demanda de entulho que vai ser reciclada na usina, foi utilizado
a pesquisa do PGIRS de Chapecó, e também a taxa mínima de geração de RCD em
230kg/hab.ano de JOHN, 2000.

Após isso, foi feito uma pesquisa de preços dos investimentos iniciais citados acima, todos
foram realizados na microrregião de Chapecó.

Por fim, com todos os preços e custos em mãos, foi realizado um fluxo de caixa com horizonte
de projeto de 10 anos, devido a vida útil dos equipamentos e suas depreciações, o fluxo de caixa
foi elaborado em uma planilha eletrônica e é composto por receitas e custos, e também foi
considerado que não ficaria com estoque, tendo 100% do que produzir como venda. Após o
fluxo pronto, foi então utilizado técnicas econômicas para verificar a viabilidade do projeto, os

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parâmetros para considerar um cenário viável é que este tenha TIR maior que a TMA, que foi
considerada em todos os cenários de 13,90% ao ano.

Para uma usina de reciclagem de RCD de pequeno/médio porte, conforme foi indicado por
empresas do mesmo ramo, necessita de uma área de no mínimo 10.000m² para a implantação
dos equipamentos e estoque do entulho e material já reciclado. O terreno onde a usina será
instalada, não foi considerado nos cenários escolhidos, pois o valor do terreno varia de um local
para outro, portanto em todos os cenários criados e apresentados no item 2.9.13, foi calculado
um valor para a aquisição do terreno e pagamento do IPTU, respeitando a TMA.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


30

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 EQUIPAMENTOS, VEÍCULOS E MÁQUINAS

Primeiramente precisamos descobrir o volume de RCD que a usina terá que reciclar por hora,
para isso, foi considerado os cenários descritos no item 2.9.13, e então foi solicitado a empresas
do ramo orçamentos de usinas completas que suprissem essa demanda, e então, chegamos ao
custo de R$402.000,00 para uma usina com capacidade de reciclar até 50m³/h de RCD, e para
um volume menor que 12,5m³/h no valor de 283.000,00. Nas tabelas 3 e 4 podemos observar
os componentes das duas usina e seus respectivos valores.

Tabela 3 – Usina com capacidade de até 50 m³/h.


Componentes Valor (R$)
Britador Primário 62x40 210.000,00
Esteiras Transportadoras 45.000,00
Peneira Vibratória 65.000,00
Silo e Mesa Alimentadora 40.000,00
Quadro Elétrico 2.000,00
Mão de Obra 40.000,00
Total (R$) 402.000,00
Fonte: Autor

Tabela 4 – Usina com capacidade de até 12,5 m³/h.


Componentes Valor (R$)
Conjunto de Britagem 240.000,00
Conjunto de Classificação 43.000,00
Total (R$) 283.000,00
Fonte: Autor

Também será necessário um caminhão com caçamba basculante para fazer a entrega do material
reciclado, e também uma retroescavadeira para alimentação da usina com o entulho e para
carregamento do agregado reciclado. Para conseguir esses valores foi entrado em contato com
empresas do setor de veículos e máquinas pesadas onde repassaram os valores conforme tabela
5.
Tabela 5 – Valores Veículos e Máquinas.
Veículo/Máquina Quantidade Valor Unitário (R$) Valor Total (R$)
Caminhão Basculante* 1 170.000,00 170.000,00
Carregadeira de Rodas 1 280.000,00 280.000,00
Total (R$) 450.000,00
Fonte: Autor
*Caçamba basculante não inclusa.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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Para fazer o transporte do agregado reciclado é necessário uma caçamba basculante, portanto
foi realizado contato por e-mail e telefone com empresas do ramo e solicitado orçamento, no
qual foi repassado o valor conforme tabela 6.

Tabela 6 – Valor Caçamba Basculante


Acessório Quantidade Valor Unitário (R$) Valor Total (R$)
Caçamba Basculante 1 24.800,00 24.800,00
Total (R$) 24.800,00
Fonte: Autor

Além desses custos existe o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) do
caminhão, que foi verificado o valor venal do veículo através de tabela fornecida pela Secretária
de Estado da Fazenda (SEFAZ), e calculado a partir da alíquota de 1% para caminhões,
chegando ao valor de R$ 1.448,44.

4.2 DESPESAS ABERTURA DA EMPRESA

A empresa será considerada de pequeno porte (EPP), que são empresas que tem faturamento
anual entre R$ 360.000,01 e R$ 3.600.000,00, e irá optar pelo regime de tributação Simples
Nacional, as empresas pertencentes a esse regime de tributação podem ter um faturamento bruto
anual de no máximo R$ 3.600.000,00. Para calcular o imposto sobre prestação de serviços e
venda do agregado, foi verificado o faturamento bruto anual do cenário e então verificado nas
tabelas de Alíquotas e Partilha do Simples Nacional relativo a indústria e a prestação de
serviços, as tabelas encontra-se no Anexo B e C.

Para as despesas de legalização da empresa foi verificado os documentos, alvarás e taxas


necessárias para a abertura da mesma junto um contador particular, chegando ao valor de R$
1.000,00.

4.3 CUSTO DA SUPERESTRUTURA


O custo para a execução das construções, estas, compreendendo escritório, sanitários,
vestiários, guarita, cercamento e o barracão para armazenar os veículos foi orçado junto a uma
empresa do ramo no valor de R$255.000,00, com a obra pronta para uso.

O barracão terá a dimensões de (15x30 m) com pé direito de 6 metros, e sua estrutura será em
pré-moldado, com fechamento em alvenaria e cobertura metálica, dentro do barracão será feito
os escritórios, vestiários e sanitários com total de 75 m², também terá fechamento em alvenaria
e com pé direito de 3 metros o forro será de laje maciça, a guarita será de 9m² com pé direito
de 3 metros, fechamento em alvenaria e o forro será de laje maciça, o cercamento será feito em
todo o entorno do terreno com pilares pré-moldados e tela com 2 metros de altura e mais 2 fios
de arame farpado.

Além disso, é necessário a execução das fundações dos equipamentos da usina, este foi
orçado por uma empresa do ramo no valor de R$25.000,00.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


32

Figura 2 - Layout da empresa

Fonte: Autor
4.4 CUSTO DO MOBILIÁRIO

Em relação aos equipamentos, móveis dos escritórios, vestiários e cozinha o custo dos mesmos
foi buscado em empresas do ramo, a Tabela 7 especifica o tipo de produto e seu respectivo
valor.

Tabela 7 – Descrição do mobiliário e valor.


Custo Total
Descrição Quantidade Custo Unitário (R$/un)
(R$)
Cadeira Giratória Operativa Executiva 6 445,00 2.670,00
Mesa Escritório 2 1.011,00 2.022,00
Mesa Reuniões 6-8 pessoas 1 1.555,00 1.555,00
Cadeira Giratória Presidente Executiva 2 479,00 958,00
Conjunto de armários 1 3.508,00 3.508,00
Ar Condicionado 9000BTU 2 1480,00 2.980,00
Refrigerador - 310L 1 1.180,00 1.180,00
Fogão 4 Bocas 1 565,00 565,00
Computadores Desktop 2 3.075,00 6.150,00
Nobreak NHS 600va 2 448,00 896,00
Impressora Multifuncional 1 1.804,00 1804,00
Telefone sem fio 2 155,00 310,00
Impressora Fiscal 1 2.980,00 2.980,00
Software Gerenciamento 1 1.554,00 1.554,00
Ferramentas e Utensílios Diversos* 1 1.500,00 1.500,00
Fonte: Autor Total (R$) 30.632,00
*Foi considerado uma verba anual para compra/troca de ferramentas e utensílios.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


33

4.5 LICENÇAS AMBIENTAIS

Para fazer o levantamento de custos das licenças necessárias para o funcionamento da usina,
foi verificado junto a Prefeitura Municipal de Chapecó e com a Secretaria de Desenvolvimento
Rural e Meio Ambiente (SEDEMA) de Chapecó, está verificou a atividade da empresa e a
classificou na atividade com código Nº 71.60.06 (Unidade de reciclagem de resíduos da
construção civil), que se encontra na Instrução Normativa Nº04 (Atividades Industriais).

Através disso, foi verificado que a empresa necessita das seguintes licenças e estudos:

Estudo Ambiental Simplificado (EAS), estudo referente a implantação e posterior operação do


empreendimento.

o “Licença Ambiental Prévia (LAP): Com prazo de validade de no mínimo, o


estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos
relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos,
é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e
estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas
fases de sua implementação. (Lei Estadual nº. 14675/09 combinada com a Resolução
CONAMA nº. 237/97, art. 8º, inciso I).
o Licença Ambiental de Instalação (LAI): Com prazo de validade de no mínimo, o
estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não
podendo ser superior a 6 (seis) anos, autoriza a instalação do empreendimento ou
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e
projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental, e demais
condicionantes, da qual constituem motivo determinante. (Lei Estadual nº. 14675/09
combinada com a Resolução CONAMA nº. 237/97, art. 8º, inciso II).
o Licença Ambiental de Operação (LAO): Com prazo de validade de no máximo, 10
(dez) anos, autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação
do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de
controle ambiental e condicionantes determinados para a operação (Lei Estadual nº.
14.675/09 combinada com a Lei nº. 14.262/07 e a Resolução CONAMA nº. 237/97,
art. 8º, inciso III).” (Instrução Normativa 04 da SEDEMA, pg. 4, Chapecó).

Após isso, foi visitado uma empresa especializada na área ambiental e solicitado os orçamentos
das licenças e dos estudos, a tabela 8 demonstra os valores.

Tabela 8 – Valores dos estudos e licenças


Tipo Estudo e Licença Valor (R$) Validade da licença (anos)
EAS 4.000,00 -
Licença Ambiental Prévia 5
2.849,23
(LAP):
Licença Ambiental de 6
7.087,94
Instalação (LAI):
Licença Ambiental de 10
14.176,04
Operação (LAO):

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


34

Total 28.113,21 -
Fonte: Autor

4.6 ENTULHO

A matéria prima da empresa que é o entulho gerado pela construção civil, será recebido através
das prestadoras de serviço de coleta de entulho, construtoras e demais geradores de entulho.

Apenas será recebido os entulhos de Classe A conforme resolução do CONAMA Nº307. O


entulho que chegará na empresa será analisado visualmente e cobrado uma taxa de R$5,00 por
m³ de entulho, e o preço de venda do material reciclado, foi indicado por fornecedores dos
equipamentos da usina e pela ABRECON, como sendo um valor entre 40% e 60% do valor do
agregado natural na região onde a usina será implantada, portanto foi adotado o valor de
R$31,50/m³ que representa aproximadamente 60% do valor do agregado natural praticado na
região.
4.7 FUNCIONÁRIOS - TRIBUTAÇÃO

A determinação do número de funcionários da usina foi feita através de indicação dos


fornecedores das usinas e em conversas com a ABRECON, que além do gerente (Eng. Civil),
haverá mais 6 funcionários conforme tabela 9, o salário foi retirado da Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (FIPE):

Tabela 9 – Salários e encargos dos funcionários.


Salários com
CBO/Ocupação Salário
encargos*
Gerente 3.000,00 3.387,45
711130 - Operador de máquinas de mineração 1.621,00 2.686,77
415210 - Operador de triagem e transbordo 1.224,00 2.076,71
415210 - Operador de triagem e transbordo 1.224,00 2,076,71
715135 - Operador de pá carregadeira 1.675,00 2.769,75
782510 - Motorista de caminhão-basculante 1.651,00 2.732,87
514320 - Faxineiro 1.139,00 1.946,10
Total (R$) 11.534,00 15.599,65
Fonte: Adaptado SALARIOMETRO; CÁLCULO EXATO (2016)
*também foi considerado vale transporte no valor de R$10,00 ao dia para cada funcionário.

Foi considerado que o gerente que também é o dono da empresa, irá retirar em pró-labore R$
3.000,00, os encargos para essa modalidade, são Imposto de renda retido na fonte (IRRF), e o
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), chegando ao custo total para empresa de R$
3.387,45, conforme tabela do anexo D.

Para o contador da empresa será pago o valor de R$440,00/mês, esse valor foi retirado junto a
uma empresa de contabilidade.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


35

4.8 DESPESAS COM COMBUSTÍVEL

O consumo de combustível da máquina carregadeira é de 8 litros de diesel por hora, esse


consumo foi informado pelo fornecedor da máquina, foi considerado que a máquina vai ser
utilizada 6 horas diárias durante 20 dias por mês, o custo é demonstrado na tabela 10.

Tabela 10 – Custo combustível


Horas Consumo Diesel utilizado Valor por litro Valor Total
Trabalhadas (Litros/Hora) (Litros) de diesel (R$) (R$)
120 8 960 2,925 2.808,00
Fonte: Adaptado de ANP (2016)

O valor do diesel foi verificado no site www.anp.gov.br que pertence a Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), e então foi verificado os preços praticados nos
postos de combustíveis da cidade de Chapecó no período de 06/11/2016 a 12/11/2016,
chegando a média de 2,925 R$/litro.

4.9 DESPESAS ADMINISTRATIVAS

Para obter o valor mensal gasto de telefone foi verificado junto a empresas do ramo de
internet/telefone o custo de planos mensais, chegando ao valor de 159,70/mês.

O custo da água foi considerado a taxa mínima cobrada pela Companhia Catarinense de Águas
e Saneamento (CASAN) em Chapecó que é R$ 59,70/mês, e mais o esgoto que é 100% do valor
da água, chegando ao custo final de R$ 119,40/mês.

Referente ao custo mensal de energia, foi verificado os equipamentos utilizados na usina e seus
respectivos consumos que foram repassados pela empresa fornecedora dos equipamentos,
chegando ao total de 46,5 kW/h, além desses consumo foi considerado o gasto da energia das
demais áreas da empresa, através do simulador disposto no link http://simulador.celesc.com.br
chegando ao valor de 562 kWh, a tabela 11 demonstra a energia gasta e seu respectivo custo.

Tabela 11 – Despesas com energia


Demanda de kW/h 51
Valor Demanda (R$) 9,09
Valor do kWh (R$) 0,30126
Consumo Equipamentos da Usina (kWh) 7.440
Consumo Outros Equipamentos (kWh) 562
Valor Mensal Sem Tributos (R$) 2.874,273
Valor Mensal com 25% de ICMS (R$)* 3.592,841
Fonte: Autor
* Tributos de acordo com a Celesc.
Para encontrar as tarifas a ser pagas, primeiro foi verificado junto a Celesc a classificação da
empresa, a qual classificou a empresa no subgrupo A4, e as taxas foram consideradas fora ponta
no horário verde.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


36

Foi também considerado um valor mensal para ações de marketing como anúncios nas rádios
da região e no facebook, para anúncios na rádio uma vez ao dia na parte da manhã o valor do
plano é de R$270,00/mês, e para os anúncios no facebook será de R$100,00/mês.

4.10 RESUMO CUSTOS

Nas tabelas 12,13 e 14 encontram-se o resumo de todos os custos que já foram apresentados
acima.

Tabela 12 – Investimentos iniciais do empreendimento.


Descrição Valor (R$)
Obras civis 280.000,00
Mobiliário 30.632,00
Máquina/Veículos/Caçamba 474.800,00
Equipamentos da Usina 283.000,00
Legalização da Empresa 1.000,00
Total (R$) 1.069.432,00
Fonte: Autor

Tabela 13 – Despesas mensais transformadas em anuais.


Descrição Valor Mensal (R$) Valor Anual (R$)
Diesel da pá carregadeira 2.808,00 33.696,00
Salários dos funcionários 16.039,65 192.475,80
Energia elétrica 3592,84 43.114,08
Telefone e internet 159,70 1.916,40
Água e esgoto 119,40 1.432,80
Marketing 370,00 4.440,00
Total (R$) 23.089,59 277.075,08
Fonte: Autor

Tabela 14 – Despesas anuais.


Descrição Valor (R$)
IPVA do Caminhão 1.448,44
Manutenção da Usina** 15.000,00
Manutenção da Pá Carregadeira** 10.000,00
Manutenção do Caminhão** 10.000,00
Ferramentas 1.500,00
Licenças Ambientais* -
Total (R$) 37.948,44
Fonte: Autor
* As licenças ambientais são taxas cobradas em um período superior a um ano, verificar tabela 8.
** O valor das manutenções foram indicadas pelos fornecedores.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


37

4.11 CORREÇÃO ANUAL

Para fazer o correção anual dos preços de venda do agregado e recebimento do entulho, foi
utilizado o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(IPC-Fipe), que o acumulado dos últimos 12 meses em outubro de 2016 estava em 7,62%, para
o reajuste do salário foi utilizado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE), que o acumulado dos últimos 12 meses em
outubro de 2016 estava em 8,50%, e para o reajuste das licenças ambientais, despesas anuais e
mensais, foi utilizado o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), que o acumulado dos
últimos 12 meses em outubro de 2016 estava em 8,80%. E para quantificar o crescimento do
volume de entulho a ser reciclado, foi utilizado a taxa de crescimento populacional de Chapecó,
que entre 2000 e 2010 cresceu 2,25% ao ano de acordo com (PNUD et al, 2016).

4.12 VIDA ÚTIL, DEPRECIAÇÃO E VALOR RESIDUAL

Foi verificado a vida útil e depreciação dos equipamentos conforme tabela 15.

Tabela 15 - Vida útil e depreciação


Descrição Fonte Vida Útil Depreciação (%)
Caminhão IN-SRF nº 162 4 25
Construções Ross-Heideck 60 -
Mobília IN-SRF nº 162 10 10
Equipamentos da usina IN-SRF nº 162 10 10
Pá carregadeira IN-SRF nº 162 10 10
Fonte: Adaptada de IN-SRF nº 162 (1998).

Para as construções a depreciação foi considerada de acordo com a tabela de Ross-Heideck


(Anexo A), onde foi considerado uma vida útil de 60 anos, com estado de conservação regular,
e a vida de 10 anos (idêntica ao horizonte de projeto), então foi calculado o percentual de vida
da edificação, e verificando a tabela chegamos ao valor de depreciação de 11,6% ao final do
10º ano, está porcentagem foi descontada do valor das construções que é equivalente a
R$280.000,00, portanto o valor residual das construções no período 10 é de R$247.520,00.

A vida útil do caminhão de acordo com a IN-SRF nº162 de dezembro de 1998, é de 4 anos com
depreciação de 25% ao ano, mas em conversas com fornecedores deste tipo de veículo foi
repassado que a sua vida útil é maior que 10 anos, portanto para o fluxo a vida útil do caminhão
foi utilizada igual ao do projeto, com depreciação de 10%, os demais itens da tabela 15 foi
considerado que ao final de sua vida útil, não terá valor residual.

4.13 ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS PARA OS CENÁRIOS

Com todos os custos citados acima, foi criado um fluxo de caixa com horizonte de projeto de
10 anos devido a vida útil dos equipamentos, o fluxo contém os seguintes custos: Custos iniciais
do empreendimento, Custos das Licenças ambientais, custos de legalização da empresa,

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


38

despesas com salários, despesas administrativas, despesas gerais, impostos sobre venda e sobre
serviços, financiamento e também as receitas geradas através da venda do material reciclado,
do serviço de recebimento do entulho e do valor residual das construções.

Para esse fluxo de caixa foi adotado uma taxa mínima de atratividade (TMA) de 13,90%, está
taxa foi adotada de acordo com a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic)
do Banco Central do Brasil no dia 25/11/2016.

Com a TMA e fluxo de caixa definidos, criamos 4 cenários com diferentes volumes de entulho
para reciclar, os volumes foram definidos de acordo com a pesquisa realizada pela PGIRS de
Chapecó que indica uma geração de 2.257,26 m³/mês de RCD, como existem 2 indústrias que
recebem esse resíduo, foi considerado que a usina não receberá 100% dessa geração de RCD,
para um cenário otimista foi considerado 60% da geração total, e para um realista 40%, e como
a taxa de geração de RCD do cenário 1 e do cenário 2 ficou abaixo da taxa mínima no Brasil
que de acordo com JOHN, (2000), é de 230kg/hab.ano, por isso, foi criado mais dois cenários
utilizando a taxa de geração de RCD em 230kg/hab.ano considerando um otimista e outro
realista . A tabela 16 demonstra os dados que cada cenário irá usar.

Tabela 16 - Cenários Utilizados


Cenário Cenário Cenário Cenário
Cenários
1 2 3 4
Volume Mensal (m³) 2.257,26 2.257,26 3.347,03 3.347,03
Porcentagem do volume total mensal 60% 40% 60% 40%
Volume mensal reciclado (m³) 1.354,36 902,90 2.008,22 1.338,81
Horas trabalhadas mensalmente 160,00 160,00 160,00 160,00
População* 209.553 209.553 209.553 209.553
Taxa de geração de RCD (kg/hab.ano) 155,11 155,11 230,00 230,00
Massa especifica do entulho (kg/m³) 1.200,00 1.200,00 1.200,00 1.200,00
Volume usado no cenário (m³/h) 8,46 5,64 12,55 8,37
Valor da taxa de recebimento do entulho
5,00 5,00 5,00 5,00
(R$)
Valor de venda do agregado reciclado
31,50 31,50 31,50 31,50
(R$)
Fonte: Autor
*De acordo com IBGE a população estimada para 2016 em Chapecó é de 209.553 habitantes.

Observa-se que a usina do cenário 3 terá uma produção de 12,55m³/h, portanto foi considerado
uma usina maior que dos cenários 1, 2 e 4, com isso os investimentos iniciais do cenário 3
aumentam em R$119.00,00 comparado aos outros cenários.

4.14 FINANCIAMENTO

Foi previsto para os 4 cenários um financiamento inicial no valor de R$1.000.000,00. Este


financiamento vai ser efetivado através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), com juros de 1,19% a.m. que serão pagos mensalmente, conforme tabela 17.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


39

Tabela 17 - Financiamento
Tipo Valor Juros (% ao Valor da
Nº de Parcelas
Financiamento Financiado (R$) mês) parcela (R$)
Cartão BNDES 1.000.000,00 1,19 48 27.144,13
Fonte: Adaptado de BNDES (2016).

4.15 ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS

Os fluxos de caixa dos 4 cenários propostos estão nos apêndices A, B, C e D respectivamente.


Foi calculado através de planilha eletrônica a taxa interna de retorno (TIR), o valor presente
líquido (VPL) e o payback descontado de cada cenário, estes apresentados na tabela 18.

Tabela 18 – Resultados dos cenários


Cenários TMA (%) TIR (%) VPL (R$) Payback (anos)
Cenário 1 13,90% 44,38% 879.110,55 4,81
Cenário 2 13,90% -0,41% -475.210,99 +10
Cenário 3 13,90% 110,16% 2.710.041,24 1,21
Cenário 4 13,90% 42,61 837.712,61 4,91
Fonte: Autor

Com os resultados acima, podemos afirmar que os cenários 1, 3 e 4 que obtiveram uma TIR
maior que a TMA utilizada se mostram atrativos a investimentos, e também estes cenários tem
um tempo de retorno (payback) considerado baixo para um investimento de alto valor, já o
cenário 2 não se mostra um bom investimento, pois sua TIR é negativa e seu tempo de retorno
do investimento é maior que 10 anos (nunca irá se pagar).

Analisando os fluxos de caixa de todos os cenários, também é visto que todos os cenários além
do financiamento de R$1.000.000,00 o investidor terá que aplicar mais dinheiro para manter a
empresa funcionando. No cenário 1 o investidor terá que desembolsar mais R$289.848,91 até
o início do 4 ano, no cenário 3 o valor gasto é de R$216.545,21 no início das atividades da
empresa, e no cenário 4 o valor a ser investido além do financiamento é de R$316.903,56 até o
início do 4 ano do projeto.

Podemos concluir que o cenário 1, 3 e 4 são os cenários que poderiam se tornar viáveis, mas,
como não foi considerado a compra de um terreno no fluxo de caixa, esses 3 cenários só se
tornaram viáveis, se a compra do terreno tiver um custo menor ou igual ao VPL de cada cenário,
que é de R$879.110,55, R$2.710.041,24 e R$837.712,61 respectivamente, se isso for
respeitado, os cenários serão viáveis.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


40

5 CONCLUSÃO
O principal objetivo desta pesquisa, foi demonstrar a viabilidade econômica e financeira da
instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição na microrregião
de Chapecó.

Com a pesquisa se chegou à conclusão que 3 cenários se demonstraram com possibilidades de


sucesso, estes são, o cenário considerado otimista, e os dois cenários onde foi utilizado a
geração mínima de RCD, conforme JOHN (2000), mas para que estes três cenários tenham
sucesso, a compra do terreno onde será feita a instalação da usina não ultrapasse o valor presente
líquido (VPL) de cada cenário, que é R$879.110,55 para o cenário 1, R$2.710.041 para o
cenário 3, e de R$837.712,61 para o cenário 4, o cenário considerado realista (cenário 2) se
mostrou um mal investimento, pois a sua TIR é negativa, significando que o investimento inicial
não terá retorno no horizonte de projeto estipulado.

Além disso, foi verificado que o investidor em todos os cenários terá que fazer um investimento
para manter a empresa em funcionamento, pois apenas o cenário 3 teve lucro no seu primeiro
ano de funcionamento, os demais cenários só tiveram um saldo positivo em seu 5 ano de
trabalho.

Também devemos lembrar que a pesquisa de geração de resíduos sólidos de construção e


demolição utilizada como base para o cenário 1 e 2 só demonstra o volume de RCD recolhido
por três empresas da cidade de Chapecó, não estão inclusos neste volume os entulhos
descartados clandestinamente, o que poderia aumentar o volume gerado e distorcer os
resultados do cenário 1 e 2.

Além disso, a crescente geração de resíduos e a destinação incorreta dos RCD, a instalação de
uma usina de reciclagem de RCD seria uma alternativa para a diminuir os descartes ilegais e da
extração de matérias-primas, e também a vantagem de reutilizar esse agregado reciclado como
matéria-prima na construção civil.

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


41

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

De acordo com a pesquisa efetuada recomenda-se a realização de outras pesquisas com


objetivo de acrescentar está realizada, como:

- Pesquisa sobre descarte clandestino de resíduos de construção e demolição em Chapecó;

- Pesquisa sobre a demanda de agregados das construtoras de Chapecó e verificar quanto


desse agregado pode ser substituído por agregado reciclado.

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


42

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CORRÊA, Benedito Camilo; CURSINO, Deivis; SILVA, Gilbert. Viabilidade de Implantação


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Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


45

APÊNDICE A

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


46

APÊNDICE B

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


47

APÊNDICE C

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


48

APÊNDICE D

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


49

ANEXO A
Tabela de Ross-Heideck

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.


50

ANEXO B
Tabela Simples Nacional - Indústria

ANEXO C
Tabela Simples Nacional - Serviços

Guilherme Ficcagna Lodi. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


51

ANEXO D
Tabela IRRF

Estudo de viabilidade da instalação de uma usina de reciclagem de resíduos de construção e demolição.

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