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Seus olhos estúpidos se voltaram para ela. Buscavam a última fagulha de esperança.
Eu dei um passo e suspirei, era esse cara que me violentava anos atrás? Onde está o
orgulho de vilão?
Ele se contorceu e olhou para mim com medo, seu desprezo e nojo haviam sumido,
restava o arrependimento, inclusive acho que posso agarrar o que ele sente e formar
um grão de areia.
Sinto-me intoxicado com este tipo de sensação. É tão refrescante que me faz querer
rolar em um campo de flores.
Jogado ao chão a luz começava a deixar os olhos de Weber, ele não está morrendo,
simplesmente entrou em colapso mental.
Logo aqueles mesmos olhos que há dez anos me torturavam dia após estavam
deixando o brilho azul se esvaziar por completo, era uma visão agradável.
Yuri- Eu disse que ia derrubar você.
Eu andei até Roberto e olhei nos olhos do meu homem de confiança.
Yuri- Demorei muito?
Roberto- Não chefe.
Eu olhei para cima e através das janelas deste armazém e senti que o céu ficou mais
bonito.
Roberto- Eu posso matar ele?
Yuri- Não, eu deveria fazer isso, mas se eu fizer, sei que não vou parar. Não é verdade?
Eu olho para uma garota de cabelos loiros e grandes olhos verdes, os cabelos estavam
em um corte que os faziam cair pelos ombros e a garota tinha uma atmosfera calma,
melancólica, gentil e santa ao redor dela.
Ela não responde e simplesmente fica calada, atrás dela dois homens com mais de dois
metros de altura, musculosos e com olhos cheios de cautela me encaravam como se
quisessem ver a cor da minha medula.
Eduardo- Eu devo relatar isto para a polícia? Senhorita, eu preciso que você diga algo.
Ela olhava para mim de uma forma anormal, amor e algo mais que eu não sei dizer o
que é.
Mas meu coração diz claramente.
Isto não é amor, isto nunca foi ou será amor.
Yuri- Você sabe muito bem por que eu fiquei assim, mas você não esperava não é?
Que chegasse a um ponto em que nunca mais poderia me segurar?
Clarice- Está sendo arrogante.
Yuri- Eu tenho todo o direito de ser arrogante, você não consegue competir comigo,
nem sabe o que eu posso fazer, porém eu te conheço tão bem que sei que até o diabo
ficaria interessado e assustado em te ter como secretária, e tenho um aviso para vocês
dois.
Seguranças- Humpf!
Yuri- Se continuarem com essa mulher eu garanto que não terão uma morte agradável.
Clarice- Você até pode dizer isso, mas eu pergunto se você ainda é aquele menino de
coração puro? O que te faz pensar que o seu coração não é tão negro quanto o meu?
O que te faz pensar que nada perdeu? O que te faz pensar que você venceu?
Yuri- Eu posso fazer o que quiser e ser o que eu quiser, eu realmente me sinto grato
por isso, o menininho de quatorze anos atrás ainda está aqui, mas eu não o deixarei
sair. Sabe quanto trabalho eu tive que passar só convencer esse pirralho a calar a
boca? Quanta humilhação tive que sofrer para chegar até aqui? Passei fome, medo,
nojo, dor... Sinceramente eu até sinto graça!
Eu dou um peteleco na faca enfiada no meu peito para fazê-la balançar.
Clarice- Eu sei que você está se fingindo de louco.
Yuri- É claro que sabe disso, até esses dois idiotas sabem disso, mas no final, como
você se sente agora que não pode ter o que quer? Fazer o que quiser? Ser o que
quiser? Ter quem quiser?
Clarice- FALE.
Yuri- Eu só preciso estalar os dedos.
Clarice- Para o quê?
Yuri- Destruir tudo que é ligado a você.
Ela não responde, porém agora, depois de catorze anos conhecendo ela eu sei dizer.
Hoje finalmente sei dizer.
O que ela pensa, sente e teme, mas ainda não sei o que ela sente.
Yuri- Tá com medo?
Clarice- Você tem a coragem, mas não a vontade.
Yuri- Errado.
Eu ponho um sorriso de escárnio no rosto e faço um grande gesto com os braços.
Yuri- Meu coração me diz que é errado.
O rosto dela assume uma face de incredulidade. Pela primeira vez essa puta mudou de
expressão hoje.
Yuri- A morte é muito pouca para você, eu tenho tanto ódio em mim que minha boca
tem gosto de mel! EU TENHO QUE ME VINGAR! É o que meu coração diz. Eu me sinto
tão fraco que parece que nem posso agüentar sua voz. PORQUE O QUE QUERO FAZER
É ARRANCAR ESSE PEDAÇO DEMONÍACO DE CARNE DO SEU PEITO! QUERO
DESPEDAÇAR VOCÊ! TRUCIDAR ATÉ QUE NÃO RESTEM FIAPOS DE SANGUE!
Eu fico a um centímetro do nariz dela.
Roberto- SENHOR SE CONTROLE!
Clarice- Quem é o monstro aqui? Você é louco.
Yuri- Louco é aquele que cria algo que não pode controlar.
Clarice- É mesmo? Depois que se vingar o que você vai sentir? O que você vai ter? Só
existirá um vazio em você!
Eu seguro as bochechas dela com uma mão e faço a boca dela ter um biquinho.
Yuri- Eu amo o silêncio e a tranqüilidade, e sinceramente, a vingança me faz tão bem
que posso sentir a felicidade.
Clarice- Felicidade pela violência? É nisso que acredita? Quantas pessoas salvou se
agarrando a esse ódio? Nenhuma!
Yuri- Corrigindo, salvei no mínimo a mim mesmo.
Clarice- Você é hipócrita não é?
Eu solto essa puta, só de tocar nela minha barriga começa a doer.
Yuri- Por quê? Quer que eu realmente diga a verdade? A verdade é que preferiria estar
morto! O melhor é nunca ter nascido! Simplesmente não cometo suicídio para não ir
pro inferno! E quanto a ser hipócrita, me poupe, eu sou humano e sou pecador, quero
comer, beber, e fazer o que eu penso. Se todo mundo pode, por que eu não poderia?
Se a vida me derrubar o que eu tenho que fazer é esmagar ela! Assim como eu faço
normalmente.
Clarice- Vai fazer assim comigo?
Yuri- Seu sorriso e rosto triste não me enganam, eu posso acabar com você na hora
que quiser, e nem mesmo sua avó Agatha poderá te salvar, e se ela vier me
incomodar...
Eu arranco a faca do meu peito, lambo o sangue e jogo a faca no chão.
Clarice- Como sabe de minha avó?
Yuri- Eu matarei vocês.
Eu aceno para Roberto e nós deixamos o galpão e entramos no carro.