Sie sind auf Seite 1von 119

1

Prezado(a) aluno(a)

Bem-vindo(a) ao Curso Gestão de Cooperativas de Crédito, que integra a


matriz de soluções educacionais do Sebrae! Saber conhecer saber ser/conviver e
saber fazer são princípios que norteiam a concepção de educação do SEBRAE,
proporcionando condições para o desenvolvimento integral do empreendedor.

Este curso está inserido na política estratégica do SEBRAE no que se refere à


facilitação do acesso ao crédito pelos empresários de micro e pequenas
empresas. O SEBRAE está convencido que o fortalecimento do cooperativismo de
crédito criará um ambiente favorável ao desenvolvimento dos pequenos negócios
e à geração de emprego e renda.

Neste curso, o aluno terá condições de conhecer e desenvolver práticas


gerenciais necessárias a uma gestão efetiva e eficaz de cooperativas de crédito.

O tema deste curso está dividido em três módulos:


I - O Cooperativismo de Crédito
II - Estrutura e Funcionamento das Cooperativas de Crédito
III - Gestão Contábil-Financeira

Este curso tem a duração de 60 dias

Você deve iniciar pelo primeiro assunto do tema, ou seja, continuar na ordem que
segue, pois a navegação deste curso é linear.

Antes de iniciar a navegação pelo conteúdo do curso, é fundamental que você


consulte o Guia (clique na lapela superior à esquerda) onde você encontrará
informações sobre como navegar, o detalhamento dos assuntos e como utilizar os
recursos disponíveis.

Na primeira unidade de cada assunto, você poderá dispor de um arquivo com


todas as unidades para download. Ou seja, você poderá baixar para sua máquina
o arquivo disponível na internet. clicando no link clique aqui. Este material
objetiva apóia-lo(a) nos seus estudos e diminuir o seu tempo de conexão na
internet. Para ler o arquivo é necessário ter o Acrobat Reader instalado em sua
máquina. Este software está disponível para download na seção software na
Midiateca.

Para garantir sua navegação no curso, certifique-se de que o seu computador


possui o navegador Internet Explorer 5.5 ou mais recente; Real Player 8 ou
superior; acesso à Internet em velocidade 33.600 bps e que o seu monitor esteja
exibindo resolução de 800x600 pixels.

Esperamos aprender juntos uma nova forma de gestão de cooperativas de crédito.


Conte sempre conosco.

Sucesso!

2
Equipe SEBRAE

3
SUMÁRIO

MÓDULO 1 – O COOPERATIVISMO DE CRÉDITO

UNIDADE 1.1.1 Fundamentos do cooperativismo 04


UNIDADE 1.1.2 O Cooperativismo no Mundo e no Brasil 20
UNIDADE 1.1.3 Cooperativas de Crédito - Conceituação e Histórico 36
UNIDADE 1.1.4 Cooperativas de Crédito - Classificação e Admissão 51
UNIDADE 1.1.5 A Importância das Cooperativas no Desenvolvimento Local 63
UNIDADE 1.1.6 Principais Sistemas Cooperativistas de Crédito 78
UNIDADE 1.1.7 Cooperativismo de Crédito e o Sistema Financeiro Nacional 85

Glossário ..........................................................................................................103

Referências bibliográficas.................................................................................118

4
CURSO: GESTÃO DE COOPERATIVAS DE CRÉDITO
Módulo 1: O Cooperativismo de Crédito
Unidade 1: Os Fundamentos do Cooperativismo

Caros (as) alunos (as)! Sejam bem-vindos! Nós somos Dona Guiga e Seu Miguel
Formigas. Que bons ventos os tragam!

Olá! Na tela anterior, você teve acesso ao ambiente de aprendizagem onde se


desenvolverá este curso e que se expressa na metáfora do formigueiro. A idéia do
formigueiro representa a visão de coletividade, de grupo, de organização, de
cooperação.
Como você pode notar, a sua viagem começa aqui! Quando se pensa em
cooperativismo percebe-se que cada um é sujeito da sua própria história, pois
carrega um conjunto de experiências, de saberes, de capacidades que levam a
um determinado objetivo.

Começa aqui o estudo sobre Gestão de Cooperativas de Crédito onde você terá
acesso aos conceitos e princípios fundamentais do cooperativismo. Isto lhe
possibilitará conceituar cooperativismo e reconhecer a importância dos princípios
de coletividade, participação, de democracia, responsabilidade, igualdade e
solidariedade como elementos fundamentais da constituição de uma cooperativa.

“Se você não sabe para onde ir, todos os ventos serão favoráveis”.(Sêneca)

5
Você sabe quem foi Sêneca? Ele nasceu em Córdoba, na Espanha, no ano 4
a.C. Era conhecido como Sêneca, o Jovem. Era filho de Lúcio Aneu Sêneca, o
Velho, que era um célebre orador. Por ser de origem ilustre, foi mandado para
Roma para que estudasse oratória e filosofia. Escreveu várias obras, entre as
quais alguns tratados sobre a moral.

O pensamento de Sêneca (Lucius Aneus Seneca – 4 a.C. – 65 d.C) possibilita


uma série de interpretações. Porém, aqui, ele servirá de rota para os principais
pontos sobre o tema a ser estudado. É preciso definir quais ventos escolher, pois
quando se trata do cooperativismo, pensa-se em participação coletiva do
desenvolvimento de uma sociedade de forma consciente e organizada.

Quando temos clareza de onde pretendemos chegar, nos apropriamos de saberes


que nos permitem modificar uma dada realidade. É importante reconhecer que os
princípios de uma cooperativa se fundamentam na participação de seus
membros, numa gestão democrática e numa perspectiva de autonomia e
independência. Este reconhecimento irá auxiliar, não só na identificação dos
destinos onde se pretende chegar, como também na utilização de informações,
conceitos, metodologias e técnicas que deverão ser utilizadas no caminho
desejado.

As formigas possuem extraordinária capacidade de adaptação e isso lhes confere


um lugar destacado no mundo dos seres vivos por serem extremamente
organizadas. A arquitetura de seus ninhos é algo incrivelmente diverso. Algumas
espécies usam espaços naturais preexistentes para fazer seu ninho. Outras
constroem ou modificam os ninhos para adaptar às suas próprias exigências. As
formigas legionárias (formigas-correição) não possuem ninhos fixos. Em seu ciclo
vital, passam por uma fase nômade.

No mundo das formigas, a Rainha, bem diferente do que aponta o senso comum,
não exerce função de controle, de comando, de liderança. Sua função é
exclusivamente de reprodução. A rainha só observa o andamento da colônia.
Caso ela perceba que faltam formigas no grupo das cortadeiras, ela bota ovos
para ter mais cortadeiras. Um formigueiro só acaba quando a rainha morre. Ela é
a única que pode reproduzir.

Todas as formigas se auto-organizam dentro de um contexto altamente


colaborativo. O mundo sem as formigas viraria um caos. Muitos ecossistemas
seriam prejudicados e algumas espécies não existiriam. A organização é o ponto
alto da sociedade das formigas. Cada operária tem uma função específica
(cortadeira, carregadeira, jardineira e soldado). Assim que nascem, cada uma
executa sua tarefa.

O número de indivíduos em uma colônia de formigas é extremamente variado e


está relacionado ao seu modo de vida. Existem espécies que apresentam não
mais de 4 indivíduos e outras que podem conter milhões de indivíduos, como
acontece com as formigas legionárias ou a caçarema, famosa formiga bem
conhecida dos produtores de cacau da Bahia.

6
Fazer parte de uma cooperativa e trabalhar de forma cooperativa é um desafio
constante e cotidiano. A cada dia, se constrói uma rede de relações e de decisões
democráticas. Assim, o cooperativismo é uma ação conjunta em prol de interesses
que são comuns a todos os seus *cooperados.

Como você já percebeu, você navegará à vontade e sempre fará paradas em


alguns pontos de apoio para que possa se nutrir com informações que o (a)
ajudarão a construir uma visão objetiva e profunda da temática do curso.

Você seguirá uma rota baseada numa visão cooperativa, colaborativa, de troca, de
afetividade e de compromisso com o seu desenvolvimento e com sua
aprendizagem.

Pretende-se que, a partir deste curso, você desenvolva competências que o façam
pensar, analisar, julgar, argumentar, sentir, perceber, agir, atuar etc. em tudo que
diga respeito às cooperativas de crédito.

Assim, é importante que você realize, com total compromisso com seu próprio
desenvolvimento e com sua própria aprendizagem, as propostas que estão aqui
disponíveis.

Você irá estudar os conceitos e princípios do cooperativismo, conhecerá um pouco


da história do cooperativismo no mundo e no Brasil e terá acesso a informações
sobre os diversos ramos do cooperativismo.

Siga em frente! Lembre-se de que há muitas pessoas percorrendo este mesmo


roteiro. São os seus colegas nesta viagem...

Você começou sua viagem pelo formigueiro. Ao fazer uma analogia com o
formigueiro, percebe-se que, em sua estrutura, há muita determinação e respeito
pelas tarefas que cabem a cada um. Não há uma hierarquia de poder, mas existe
uma harmonia na perspectiva de união em prol de um interesse comum.

As formigas representam força, determinação e respeito mútuo entre sua espécie.


São unidas e seu trabalho é realizado sempre com outras formigas. Quando estão

7
colhendo folhas grandes, recebem a ajuda e colaboração de outras formigas para
levar o alimento até o formigueiro. Apesar das formigas carregarem uma carga de
5 vezes seu peso, são extremamente solidárias. Unem-se por um interesse em
comum. Os princípios das formigas e do seu trabalho são semelhantes ao
cooperativismo.

O Brasil é um país onde o povo trabalha, produz e constrói para constituir um


sentimento de nação, de soberania. Para tanto, somos todos, de uma forma ou de
outra, formigas trabalhando em prol de um interesse comum: desenvolvimento
sustentável do país.

Ao entendermos alguns conceitos que fundamentam a idéia do cooperativismo,


estaremos nos instrumentalizando para uma compreensão mais profunda dos
processos que envolvem as cooperativas de crédito na perspectiva de gerar
renda, emprego e, conseqüentemente, o desenvolvimento da nação, no caso, do
nosso formigueiro.

O nosso primeiro ponto de apoio tratará dos conceitos que fundamentam os


princípios universais norteadores do cooperativismo.

Cooperativismo é o instrumento pelo qual a sociedade se organiza, através de


ajuda mútua, da colaboração, da solidariedade, para resolver diversos problemas
relacionados ao seu dia-a-dia. As pessoas associadas a uma cooperativa se
obrigam, reciprocamente, a contribuir com bens ou serviços para o exercício de
uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.

A história dos povos registra, em todas as épocas da vida da humanidade,


experiências de economias coletivas, a prática de união da força e de cooperação
para atingir objetivos comuns (ajuda mútua).

Os exemplos vêm dos babilônios, egípcios, gregos, romanos, os povos maias e


astecas, com atividades em comum, produção dividida segundo o trabalho e as
necessidades de cada participante.

Na Inglaterra, após a chamada Revolução Industrial em meados do século XVIII, a


mão-de-obra perdeu seu grande poder de troca, sendo substituída pelas
máquinas. Ao lado de redução de custos* e barateamento de produtos e da

8
organização dos trabalhadores em classes assalariadas, a Revolução Industrial
gerou, também, desemprego em massa, miséria coletiva e desajustamentos
sociais.

As classes operárias, pressionadas pelos baixos salários, longas jornadas de


trabalho e dificuldades socioeconômicas, buscaram novas formas de associação
para suplantar, juntas, essas dificuldades, surgindo, então, a organização
denominada Associação.

A Associação incentivou a idéia da ajuda mútua e da solidariedade entre as


pessoas, como alternativa para solucionar ou aliviar o peso de seus problemas
através da cooperação e empréstimos* entre si (mutualidade).

ATIVIDADE INDIVIDUAL

Iniciaremos com uma reflexão. Sabemos que você traz para este curso uma
bagagem cheia de experiências de vida, pessoal e profissional. A proposta deste
curso é valorizar todos os saberes que você tem e acrescentar outros
considerados essenciais à formação do gestor de uma cooperativa de crédito. A
partir do somatório dessas experiências, é possível formar uma poderosa
comunidade de aprendizagem que se comunicará e trocará informações durante
todo o curso. Quem sabe, até mesmo depois do curso concluído?

Orientando-se pela idéia do formigueiro e do trabalho que cada uma das formigas
exerce, quais seriam os principais valores que norteiam a idéia de
cooperativismo?

Algumas indicações...

 os *cooperados atuam individualmente?


 a comunidade delega funções aos *cooperados?
 a cooperativa tem muitos associados?
 os cooperados participam ativamente de todas as decisões da cooperativa?
 a gestão da cooperativa é função de um presidente (formiga rainha) eleito
pelos cooperados?

Após a leitura destes questionamentos, busque acrescentar mais algumas


alternativas, excluindo aquelas que, a seu ver, não concorrem para o
desenvolvimento de valores cooperativos. Utilize para isto o espaço abaixo.
Reserve a sua resposta, voltaremos a ela no final desta etapa.

9
TEORIA

Conceitos básicos de cooperativismo

Para que você possa apreender os princípios do cooperativismo de crédito, é


importante que você apresente quais são as suas visões sobre alguns conceitos
básicos do cooperativismo de modo geral.

Vamos a eles, então?

No seu cotidiano, você já deve ter ouvido alguma frase semelhante a estas: “Para
que nosso trabalho tenha um resultado satisfatório, é preciso que todos
cooperem!”; “Não é possível continuarmos com aquela tarefa, pois o setor de
crédito não está cooperando conosco.”; “È preciso que haja cooperação para
que possamos concluir o trabalho”; “Os indicadores econômicos apontam para um
crescimento relevante nos próximos anos. As cooperativas vêm expandindo sua
atuação neste processo.”

Diante dessas frases, para você, o que é:

Cooperação * Cooperar* Cooperativa* Cooperativismo* Cooperado*

Agora que você já respondeu, confronte suas respostas com as definições que
constam do glossário no ambiente do curso(lapela horizontal).

Cooperativa é uma organização de, pelo menos, vinte pessoas físicas unidas
pela cooperação e ajuda mútua, gerida de forma democrática e participativa, com

10
objetivos econômicos e sociais comuns, cujos aspectos legais e doutrinários são
distintos de outras sociedades. Fundamenta-se na economia solidária e se propõe
a obter um desempenho econômico eficiente, pela qualidade e confiabilidade dos
serviços que presta aos próprios associados e aos usuários.

Associado/Cooperado* - Associado ou Cooperado é o trabalhador, urbano ou


rural, o profissional de uma atividade socioeconômica, o empresário ou
empreendedor, cotista de uma cooperativa, na qual participa ativamente,
assumindo responsabilidades, direitos e deveres inerentes. (Organização das
Cooperativas Brasileiras - OCB)

SAIBA MAIS

O cooperativismo teve origem na organização dos trabalhadores na Inglaterra, no


período da Revolução Industrial. Em 21 de dezembro de 1844, em Rochdale,
bairro da cidade de Manchester, vinte e oito (28) tecelões, diante do desemprego
e dos baixos salários, se reuniram para, coletivamente, comprarem produtos de
primeira necessidade. Assim, criaram a Associação dos Probos Pioneiros de
Rochdale, mais tarde transformada em Cooperativa de Rochdale, formada pelo
aporte de capital dos trabalhadores, cuja função inicial era conseguir capital para
aumentar o poder da compra coletiva. Esses 28 tecelões de Rochdale
sistematizaram as regras fundamentais a respeito do funcionamento de
cooperativas. Enquanto eles se dedicavam às cooperativas de consumo, o
movimento se espalhava pela Europa, principalmente no ramo “crédito”.

A experiência dos trabalhadores da Inglaterra difundiu-se para outros países,


como na França e na Alemanha. Mais tarde, essas experiências foram difundidas
pelo mundo inteiro e, no Brasil, são reconhecidas legalmente como uma forma de
organização.

Na primeira metade do século XX a maioria das cooperativas estavam ligadas à


agricultura. Atualmente, as cooperativas urbanas estão se expandindo. Isso pode
ser explicado pelo êxodo rural e a maior emergência de problemas sociais nas
cidades. Pode-se afirmar que, em torno de qualquer problema econômico ou
social, é possível constituir uma cooperativa. Assim, pela diversidade de
possibilidades de atuação, as cooperativas se apresentam como alternativa para a
resolução de problemas decorrentes do desemprego. Como instrumentos de
geração de emprego e renda, as cooperativas podem atuar desde os processos
de produção, industrialização, comercialização, crédito e prestação de serviços.

As experiências mais significativas que têm sido constituídas, no último período,


foram as cooperativas de trabalho e de produção industrial. As cooperativas de
trabalho congregam pessoas, geralmente desempregadas, para prestar serviços a
outras empresas, num processo de terceirização. As cooperativas de produção
industrial são decorrentes de processos de falência de indústrias que passaram a
ser administradas pelos próprios trabalhadores. Em ambos os casos, apesar das
dificuldades que os trabalhadores enfrentam e dos direitos trabalhistas que, por
vezes, são prejudicados, as cooperativas apresentam um conjunto de vantagens

11
aos trabalhadores que, possivelmente, sem elas, estariam numa condição de vida
mais precária.

Já existem cerca de 700 mil cooperativas em todo o mundo, representando a


possibilidade de superar dificuldades comuns pela ajuda mútua. No Brasil, as
cooperativas registradas na Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB já
eram mais de 7,5 mil, no final de 2.005.

TEORIA

Princípios universais do cooperativismo

Como você já percebeu, as cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua e


responsabilidade, democracia, igualdade, eqüidade e solidariedade. Na tradição
dos seus fundadores, os membros das cooperativas acreditam nos valores éticos
da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu
semelhante.

O mundo cooperativista adota os seguintes Princípios, como linhas orientadoras


por meio das quais as cooperativas colocam seus valores em prática. Apesar de
terem sido revistos ao longo do tempo, ainda mantêm a visão filosófica que foi
pensada pelos pioneiros de Rochdale, em 1844, como você viu na página anterior.

2. Gestão democrática pelos


1. Adesão voluntária e livre
membros
3. Participação econômica dos
4. Autonomia e independência
membros
5. Educação, formação e
6. Intercooperação
informação
7. Interesse pela comunidade

1) Adesão voluntária e livre


“As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas
a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem
discriminações de sexo, social, racial, política ou religiosas”.

12
Perceba que, via de regra, todas as pessoas têm liberdade de se associar a uma
cooperativa. Você não pode ser forçado a se associar a uma cooperativa, tem livre
arbítrio para tomar esta decisão. É uma decisão individual. Porém, caso decida
pela adesão, é preciso que você tome conhecimento das normas de associação.
Cada cooperativa tem normas, estatuto e regimento interno que disciplinam a
adesão de novos associados, evitando o ingresso de aventureiros. Propicia, ainda,
um ambiente favorável às discussões de interesse comum, visando atender às
necessidades coletivas do grupo.

2) Gestão democrática e livre


“As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus
membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na
tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos
demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas singulares*
os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas
centrais são também organizadas de maneira democrática”. Esse Princípio é
conhecido por "Um Homem, Um Voto". Os associados têm direitos iguais nos
benefícios gerados pela economia da cooperativa, independentemente das
situações econômica, política e social de cada um, dentro e fora da associação.
Usando seu direito ao voto, os sócios elegem os diretores e conselheiros e
definem as prioridades das atividades da cooperativa com base nas necessidades
e objetivos estabelecidos pelo voto.

3) Participação econômica dos membros


“Os membros contribuem eqüitativamente para o capital das cooperativas e
controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade
comum da cooperativa. Recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração
limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão”. Os associados
destinam os excedentes ou sobras a uma ou mais das seguintes finalidades:
formação de reservas legais e voluntárias, visando a reparar perdas e atender ao
desenvolvimento das atividades da cooperativa; beneficio aos membros na
proporção das suas transações com a cooperativa e apoio a outras atividades
aprovadas pelos membros. É a Assembléia Geral dos Sócios quem determina a
destinação dos excedentes ou sobras, sempre em conformidade com a legislação
cooperativista.

4) Autonomia e independência
“As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos
seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo
instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições
que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a
autonomia das cooperativas”. Os cooperados decidem sobre suas atividades,
definem sua missão, objetivos e metas, sem interferência governamental nas
decisões. A cooperativa pode firmar convênios e contratos com terceiros, desde
que mantenha sua independência, principalmente em relação aos seus objetivos
econômico, político e social.

5) Educação, formação e informação

13
“As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos
representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir,
eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público
em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as
vantagens da cooperação”. Esse princípio visa a incentivar o desenvolvimento
intelectual e profissional dos associados e de seus familiares e, ainda, a
comunidade na qual se encontra instalada.

6) Intercooperação
“As cooperativas servem de forma mais eficaz os seus membros e dão mais força
ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas
locais, regionais, nacionais e internacionais”. É o princípio da Cooperação entre
Cooperativas. Possibilita o fortalecimento do movimento cooperativista, a partir de
troca de informações e de experiências, e a obtenção de economia com a
distribuição conjunta de produtos entre as cooperativas do mesmo segmento.

7) Interesse pela comunidade


“As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas
comunidades fundamentado em políticas aprovadas pelos seus próprios
membros”. Há uma preocupação com a geração de empregos, com a produção,
com serviços e com preservação do meio-ambiente. As Assembléias Gerais dos
Sócios determinarão as ações de cunho social e/ou desenvolvimentistas que
serão implementadas na comunidade, visando ao seu fortalecimento e melhoria
da qualidade de vida local.

ATIVIDADE INDIVIDUAL

Este exercício foi preparado para que você reflita um pouco mais sobre os
princípios universais do cooperativismo! Esta reportagem que você vai ler traz
algumas informações interessantes sobre os valores cooperativistas e sobre
alguns princípios que norteiam o cooperativismo.

LIÇOES DO FORMIGUEIRO
Por Raul Marinho

Tanto entre os animais quanto entre os homens, a cooperação parece ser o fator
chave do sucesso. Golfinhos formam grupos para encurralar cardumes de peixes
com resultados muito melhores que a caça individual. Chimpanzés formam
bandos de mais de cem indivíduos que os protege contra predadores e bandos
rivais. E a humanidade forma grupos de trabalho há muitos milhares de anos.
Henry Ford revolucionou a indústria com o conceito de linha de montagem, que
nada mais é do que uma nova forma de organizar a cooperação humana. Mas
como convencer cada indivíduo a atuar cooperativamente como parte de um
grupo? Por mais que o desempenho cooperativo de um grupo seja a opção mais
interessante para a coletividade, os mecanismos do individualismo, da deserção e
da trapaça tendem a trazer benefícios ainda maiores para cada indivíduo em
particular.

14
Imagine que você faça parte de um grupo de caçadores aborígines. Vocês estão à
caça de um animal de grande porte que irá matar a fome de toda a aldeia – um
gnu (antílope, com cabeças e chifres semelhantes aos do búfalo) por exemplo.
Para isto, é necessário que haja uma coordenação da equipe para cercar o bicho
e possibilitar o seu abate. Entretanto, num dado momento você vê um coelho
passando. Você sabe que um coelho é suficiente para matar a fome da sua
família. Por outro lado, se você for atrás do coelho, toda a operação de caça pode
naufragar se o gnu tentar escapar justamente pelo seu lado. Você também sabe
que, mesmo com a cooperação de todo o grupo, as chances de pegar o gnu são
muito menores que a sua possibilidade de sucesso individual com o coelho. Existe
ainda a possibilidade de você cooperar com o grupo e esquecer o coelho - mas se
algum outro componente do grupo for atrás do seu coelho, você vai ficar sem
nada. O que fazer, então?

Segundo o conceito original da Teoria dos Jogos, a deserção seria a alternativa


racional. Em um jogo de rodada única, o caçador que for atrás do seu coelho
estaria exercendo a melhor opção. Mas na vida real, o que acontece com maior
freqüência são situações de repetição do jogo, onde a cooperação mútua tende a
trazer os melhores resultados tanto individual quanto coletivamente. Nos grupos
humanos em geral – e no exemplo dos aborígines em particular – é essencial que
se possa acreditar que cada membro irá se comportar cooperativamente. É a base
de um conceito que costumamos chamar de confiança. Se todos tiverem a certeza
que todos cooperam, será muito melhor o desempenho do grupo como um todo. O
grande problema é convencer cada um dos componentes do grupo a cooperar
mesmo em situações em que a deserção traz o melhor resultado individual
imediato.

Em termos de cooperação, entretanto, nada se compara ao que acontece com as


formigas. Estes insetos têm uma organização sem hierarquia formal definida, sem
mecanismos coercitivos, sem punições ou recompensas e sem estruturas de
comando que funciona maravilhosamente bem. Todas as formigas cooperam e
colocam a sobrevivência do formigueiro acima de sua própria sobrevivência. Não
existe deserção individual entre as elas. Formigas jogam segundo a estratégia do
“coopere sempre” há milhões de anos com excelentes resultados. Mas não é isto
que acontece entre os humanos, que sempre estão à mercê de uma traição de
outra parte. Os seres humanos precisaram desenvolver mecanismos para
estimular a cooperação mútua baseados na punição.

Para que a sociedade humana funcione, foi necessário criar o mecanismo do


ostracismo, em que o indivíduo não-cooperativo é excluído do grupo. Para que se
saiba quem é que não coopera – e, portanto, quem é que deve ser mantido fora
do grupo – criou-se um outro mecanismo denominado estigmatização. O estigma
é uma marca que o indivíduo condenado ao ostracismo carrega para ser
facilmente identificado. No Oriente Médio, a amputação das mãos é um
mecanismo usado até hoje para estigmatizar um ladrão. Uma pessoa maneta é
facilmente reconhecida como uma ladra e, com isto, toda a sociedade sabe que
ela não é digna de confiança. Ao contrário das formigas, nós só conseguimos
obter a cooperação recíproca na marra. Se nós cooperássemos sempre

15
espontaneamente, não haveria a necessidade de tantos mecanismos punitivos
e/ou defensivos, como leis e contratos.

O maior problema do mecanismo da estigmatização e do ostracismo é que o


indivíduo é impedido de permanecer no grupo por um comportamento passado,
mas nada garante que isto se repetiria no futuro. Um caçador pode eventualmente
desertar do grupo para caçar o coelho porque sua mulher acabou de parir um
bebê e ele não podia prescindir de alimento naquele momento específico. Mas, no
futuro, aquele caçador poderia voltar a se comportar cooperativamente e fazer a
diferença para a sobrevivência do grupo, coisa que não vai ser possível se ele for
estigmatizado e condenado ao ostracismo. O processo de estigmatização faz com
que a sociedade dirija somente olhando no retrovisor e não para frente. Parece
que temos muito a aprender ainda com as formigas.

Agora, é a sua vez! Escreva em cada um dos espaços em branco na árvore


abaixo, cada valor que você tem (ou que pretende melhorar ou adquirir) e que
poderá oferecer para a comunidade de um formigueiro (A Cooperativa). Procure
relacionar cada valor a cada parte da árvore em que você escreverá sua resposta.
Isto é, os valores que ficarão na raiz devem ser aqueles que sustentarão os
outros: os valores do caule deverão servir para alimentar as folhas e frutos, e os
valores que ficarão na copa da árvore deverão representar os resultados (folhas,
flores e frutos). Guarde seus valores e procure lembrar-se deles sempre! Bom
trabalho!

DICAS

O SEBRAE também tem se preocupado com a expansão dos princípios


cooperativistas. Inclusive, investe em programas de educação para fomentar o
cooperativismo e o associativismo como elementos estruturadores de geração de
renda e de desenvolvimento sustentável.

O programa A GENTE SABE, A GENTE FAZ apresenta como um dos objetivos


“fomentar o cooperativismo e o associativismo, relacionados ao mundo dos
negócios”.

http://www.sebrae.com.br/br/programaseprojetos/programaseprojetos_1923.asp)

Como você pôde perceber, a visão cooperativa exige posturas éticas, solidárias,
coletivas para que determinados interesses comuns sejam alcançados. É preciso
organizar e trabalhar!

ATIVIDADE INDIVIDUAL

No início deste encontro, você refletiu sobre as concepções filosóficas que


norteiam a idéia de cooperativismo. Você apontou alguns valores essenciais para
as práticas cooperativas. Reveja a sua resposta no passo 7, verificando se excluiu
algum item e mentalmente justifique os motivos da exclusão. Uma cooperativa
precisa nortear todas as suas ações em princípios fundamentais. Para isto, seus
valores e pressupostos são, cotidianamente, perseguidos e postos em prática.
16
Por trás de uma cooperativa há sempre um grande presidente? Verdade ou
fantasia? Você decide...

Acesse o FÓRUM (lapela horizontal) e faça seu comentário sobre a importância


de cada um dos *cooperados para o sucesso de uma cooperativa.

RESUMO

Esta unidade abordou os conceitos fundamentais do cooperativismo, os


seus princípios e os valores essenciais segundo os quais cada
membro de uma cooperativa tem uma função definida direcionada
para o alcance de metas e objetivos comuns.

Relembrando...

Na tradição dos fundadores do São princípios universais do


Cooperativismo, os membros cooperativismo:
das cooperativas acreditam nos  adesão voluntária e livre;
valores éticos da:  gestão democrática dos membros;
honestidade,  participação econômica dos
transparência, membros;
responsabilidade social e  autonomia e independência;
preocupação pelo seu semelhante.  educação, formação e informação;
 intercooperação;
 interesse pela comunidade.

Como você deve ter percebido, apesar de terem sido revistos ao longo do tempo,
o mundo cooperativista ainda mantém a visão filosófica que foi pensada pelos
pioneiros de Rochdale, em 1844.

Nas próximas telas você encontrará alguns exercícios que foram preparados
especialmente para você! Procure resolvê-los calmamente, mesmo acertando
todas as questões, você poderá confirmar suas respostas retornando às telas
indicadas nos exercícios para, mais uma vez, revisar o assunto. SUCESSO!

EXERCÍCIO

Nesta unidade, você estudou o assunto Os Fundamentos do Cooperativismo


que tratou dos seus conceitos e valores. Agora, você vai ler cuidadosamente as
questões que se seguem e respondê-las.

Assinale a alternativa que, para você, contém um conceito de cooperativismo.

A ( ) É o método de ação pelo qual indivíduos, famílias ou comunidades,


constituem um empreendimento.

17
B ( ) É um sistema econômico e social, com auto-gestão em bases democráticas,
baseado na ajuda mútua. É a união de pessoas voltadas para um objetivo
comum.

C( ) É a reunião de pessoas de determinadas categorias profissionais que se


reúnem para montar negócios na área comercial.

Gabarito:

Comentário da alternativa A: Resposta Incorreta.

Este é o conceito de cooperação, ação de cooperar. O cooperativismo pressupõe,


além da reunião de indivíduos para construção de um empreendimento, um
conjunto de princípios e valores baseados na igualdade, colaboração e
solidariedade entre os diversos membros. Você pode rever este assunto nas telas
7 a 9 desta unidade. Poderá também acessar a Midiateca (lapela horizontal).

Comentário da alternativa B: Resposta Correta. Parabéns! Sua resposta está


correta! Esta alternativa contempla todos os princípios do cooperativismo porque
cooperativismo é o instrumento pelo qual a sociedade se organiza, através de
ajuda mútua, da colaboração, da solidariedade, para resolver diversos problemas
relacionados ao seu dia-a-dia. As pessoas associadas a uma cooperativa se
obrigam, reciprocamente, a contribuir com bens ou serviços para o exercício de
uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.

Alternativa C. Resposta Incorreta.

O cooperativismo é um sistema que se baseia na auto-gestão, é operado por meio


da ajuda mútua e se destina a satisfazer as necessidades econômicas dos seus
associados, em qualquer área de atividade e não apenas na área comercial. Você
pode rever este assunto nas telas 6 a 8 desta unidade. Poderá também acessar a
Midiateca (lapela horizontal).

EXERCÍCIO

Sobre os princípios universais do cooperativismo que você estudou nesta unidade,


responda ao exercício a seguir, arrastando as bolinhas coloridas com os números
para os círculos vazios correspondentes. Em seguida, clique no botão
“CORRIGIR”.

Gabarito: 4, 1, 2, 5, 3

1) Adesão voluntária e livre


2) Gestão democrática
3) Participação econômica dos membros
4) Autonomia e independência
5) Educação, formação e informação

18
4) “As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas
pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo
instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições
que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a
autonomia das cooperativas”.

1) “As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas


aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros,
sem discriminações de sexo, social, racial, política ou religiosas”.

2) “As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus


membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na
tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos
demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas singulares*
os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas
centrais são também organizadas de maneira democrática”.

5) “As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos


representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir,
eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público
em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as
vantagens da cooperação”.

3) “Os membros contribuem eqüitativamente para o capital das cooperativas e


controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade
comum da cooperativa. Recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração
limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão”.

COMENTÁRIOS

Clicando no botão Concluir (localizado na parte superior esquerda da tela).


você terá acesso imediato ao próximo tema - O Cooperativismo no Mundo e no
Brasil, dando sequência à realização do curso. Caso queira voltar ao ambiente
de aprendizagem para acessar o Menu ou dar uma pausa nos estudos, clique no
botão Voltar.

19
Toda a comunidade formada por alunos e Tutores deste curso está à sua espera.
Retorne com a mesma dose de entusiasmo e dedicação com que percorreu o
primeiro roteiro que ora se conclui. Ate lá!

20
Pacote 1: Gestão de Cooperativas de Crédito
Módulo 1: O Cooperativismo de Crédito
Unidade 2: O Cooperativismo no Mundo e no Brasil

Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a esta etapa do curso. Vocês estão
chegando da tela inicial que mostra o ambiente de aprendizagem com a imagem
do formigueiro, idéia que continuará presente nos estudos do assunto Gestão de
Cooperativas de Crédito.

Relembrando...

Como você já viu na unidade anterior, Os Fundamentos do Cooperativismo, os


conceitos e valores do cooperativismo incluem as expressões solidariedade,
igualdade, segurança, colaboração, democracia, responsabilidade, pois o
cooperativismo se direciona para o alcance de metas e objetivos comuns
baseados nesses valores essenciais.

Nesta etapa do curso, você conhecerá alguns aspectos históricos do


Cooperativismo no Mundo e no Brasil e, ao final, será capaz de diferenciar
cada um dos ramos do cooperativismo, assinalando suas principais finalidades.

CURIOSIDADES

Um pouco da história do cooperativismo no Mundo e no Brasil...

Este estudo será iniciado com uma fábula para que você possa refletir sobre a
história do cooperativismo no mundo e no Brasil. Você terá elementos para
compreender o processo de evolução do cooperativismo no Brasil e acesso a
dados sobre o estágio atual das cooperativas em nosso país.

A fábula é um gênero narrativo que utiliza os animais como personagens e que,


ao final, sempre nos apresenta uma moral. Seguindo o caminho natural da
metáfora que acompanha todo este curso: o formigueiro, você fará a leitura da
fábula “A Formiga e a Pomba”, de Esopo.

Antes de iniciar a leitura, saiba um pouquinho sobre o famoso autor da fabula e de


outras tantas.

21
Esopo era um fabulista grego que nasceu por volta do ano de 620 a.C. Tornou-se
célebre por suas fábulas.
Segundo o historiador Heródoto, Esopo teria nascido na Frígia e trabalhava como
escravo numa casa. Ainda existem alguns detalhes atribuídos à biografia de
Esopo, que não foram comprovados: seria aleijado e com dificuldades de fala,
seria um protegido do rei Creso e teria sido executado pelos cidadãos da cidade
de Delfos por crime de blasfêmia. Há uma grande discussão sobre a sua
existência real. Alguns levantam a hipótese de que suas fábulas sejam ditadas
pela sabedoria popular da antiga Grécia. Bem, seja lá como for, o que é
extremamente relevante é a imortalidade e a universalidade da obra a ele atribuída.

REFLEXÃO

Agora, você pode iniciar a leitura da fábula. Após a leitura, você será levado a
refletir sobre os seus sentidos e como eles se relacionarão com a parte teórica
que será apresentada no próximo passo.

Então, gostou da fábula? Ela tem vários sentidos, não é mesmo? Mas, o
primordial é pensar que a idéia do cooperativismo se associa muito estreitamente

22
ao sentimento de solidariedade, de fraternidade, de cooperação, de ajuda mútua.
Pense a respeito!

TEORIA

O cooperativismo no Mundo

A idéia do cooperativismo tomou campo no mundo e se expandiu rapidamente.


O modelo cooperativista que se iniciou em Rochdale (Inglaterra, 1844), se
espalhou de forma imediata e crescente. Em 1848, na França, foram criadas
cooperativas de produção por operários e na Alemanha e Itália surgiram as
primeiras cooperativas de crédito. A cooperativa de Rochdale, ao fim do primeiro
ano de atividades, tinha aumentado de 28 para 180 libras o seu capital
integralizado. Em 1855, já possuía 1.400 associados.

O progresso demonstrado pela experiência foi responsável pelo rápido


crescimento do cooperativismo de consumo: em 1881, já existiam mil cooperativas
deste tipo, contando com, aproximadamente, 550 mil cooperados.

Como se vê, o cooperativismo persiste ao longo do tempo e continua se


expandindo. É uma idéia que está presente em toda a parte. Ele faz parte das
sociedades de economia planejada e das sociedades de livre mercado.

No momento atual, o cooperativismo no mundo cresce muito velozmente e de


modo sólido, desempenhando o seu intento de atenuar as contradições do
capitalismo internacional.

Para se ter uma idéia, só nos E.U.A., 60% da população participam de algum tipo
de cooperativa, que reúnem mais de 150 milhões de pessoas.

No Canadá, 45% da população (12 milhões de pessoas); na Alemanha, 20% da


população (20 milhões de pessoas), sendo que 80% dos agricultores e 75% dos
comerciantes são cooperados; na França, 20% da população (10,6 milhões).

Você já sabe um pouco da história do surgimento do cooperativismo e, também,


um pouco de sua expansão pelo mundo. Aqui, você terá mais algumas
informações que complementam as que já possui. Aproveite!
23
 O número de cooperados em todo o mundo ultrapassa 900 milhões de
pessoas, algo como 6 vezes toda a população brasileira. Isso torna o movimento
cooperativista a maior doutrina não religiosa do planeta.

 A Aliança Cooperativa Internacional (ACI), órgão de representação e integração


do cooperativismo no mundo, conta com mais de 230 organizações nacionais e
internacionais, espalhadas por mais de 100 países, tornando a ACI a maior
organização não governamental existente.

 De todas as categorias de cooperativas, a que mais tem crescido no mundo é a


dos produtores rurais. O cooperativismo na Suécia é um dos mais desenvolvidos,
tanto na área do consumo como na produção, no crédito e nos serviços em geral.
Sua federação de cooperativas de consumo produz 90% de todo óleo comestível
no país, 50% das caixas registradoras, 68% das lâmpadas elétricas e 30% das
massas alimentícias, entre outros produtos.

 No passado, as cooperativas habitacionais foram responsáveis pela


reconstrução da moradia em muitos países que participaram das duas grandes
guerras. Na Inglaterra e no País de Gales, 50% das casas foram refeitas no
regime cooperativista. Em países como Dinamarca, Suíça, Bélgica e a própria
Suécia, o cooperativismo habitacional foi o único meio encontrado pela população
para construção da casa própria.

TEORIA

O cooperativismo no Brasil

No Brasil, por volta de 1.600, iniciou-se um movimento que indicaria uma


organização fundamentada na idéia do comunitarismo. A fundação das
primeiras missões jesuítas foi o marco da idéia cooperativista no país. Suas
ações se baseavam nos princípios de solidariedade humana, em que o trabalho
coletivo era privilegiado como mecanismo de gerar bem-estar à coletividade,
superando todo e qualquer individualismo. Esse modelo de organização social foi
desenvolvido por mais de 150 anos.

Porém, efetivamente, a primeira cooperativa seguindo as diretrizes do modelo


rochdaleano, foi criada em 1847, sob a liderança do médico francês Jean Maurice

24
Faivre, à frente de um grupo de colonos europeus, dando vez à fundação da
Colônia Tereza Cristina, no Paraná. Baseava-se nas diretrizes do modelo
desenvolvido em Rochdale, na Inglaterra, conforme você viu na tela 4. Esta
organização articulou e solidificou os princípios do cooperativismo brasileiro,
servindo de referencial aos novos empreendimentos coletivos.

Posteriormente, novas organizações com consciência cooperativa surgiram no


país, tais como: Cooperativa de Consumo dos Empregados da Cia. Paulista, em
Campinas (SP), em 1887; Cooperativa de Consumo dos Funcionários da
Prefeitura de Ouro Preto (MG), fundada em 1889; Associação Cooperativa dos
Empregados da Companhia Telefônica, em Limeira (SP), fundada em 1891;
Cooperativa Militar de Consumo do Rio de Janeiro (RJ), em 1894; Cooperativa de
Consumo de Camaragibe, em Recife (PE), em 1895.

Leia para saber mais sobre as Cooperativas de Crédito no Brasil...

A primeira cooperativa de crédito surgiu em 1902, na cidade de Nova


Petrópolis, no Rio Grande do Sul. Sua criação foi iniciativa do padre missionário
suíço Theodor Amstad (SJ). Está em funcionamento até hoje, sob a denominação
de Sicredi Pioneira RS.

A partir de 1966, o recém-criado Banco Central do Brasil desenvolveu rigorosa


fiscalização nas cooperativas, principalmente nas de crédito, tendo cassado, em
um ano de trabalho, mais de 2.000 cooperativas, principalmente aquelas
denominadas “Luzzatti”, ou abertas.

Em 1970, houve outra investida da autoridade monetária sobre as cooperativas de


crédito rural, tendo sido fechadas e cassadas quase a totalidade das instituições,
principalmente no Rio Grande do Sul. Os motivos alegados eram, em sua maioria,
irregularidades administrativas e financeiras.

SAIBA MAIS

Para que você conheça um pouco mais sobre o cooperativismo no Brasil, aqui
estão apresentadas algumas tabelas e alguns comentários sobre estes dados
estatísticos. A leitura dos dados estatísticos fornece informações importantes para
que se entenda todo o processo de evolução do cooperativismo no Brasil.

ANO NÚMERO DE COOPERATIVAS NÚMERO DE


REGISTRADAS NA OCB ASSOCIADOS
(arredondado)
1990 3.440 1.859.000
1995 3.928 3.554.000
2000 6.084 4.649.000
2002 7.549 5.259.000

25
2003 7.355 5.763.000
2004 7.136 6.160.000
2005 7.518 6.791.000

Fonte: OCB: Departamento Técnico (Detec) e Núcleo de Bancos de Dados.

A variação de 382 cooperativas, no ano de 2.005, pode ser visualizada na tabela a


seguir.

RAMOS 2004 2005 VARIAÇÃO %


AGROPECUÁRIO 1.398 1.514 8,3
TRANSPORTE 715 783 9,5
TRABALHO 1.894 1.994 5,3
CRÉDITO (*) 1068 1.101 3,1
SAÚDE 883 899 1,8
INFRA-ESTRUTURA 171 160 (6,4)
CONSUMO 144 147 2,1
PRODUÇÃO 136 173 27,2
OUTROS (5 RAMOS) 727 887 12,2

TOTAL 7.136 7.518 5,3

(*) registradas na OCB.


Fontes: OCB: Departamento Técnico (Detec) e Núcleo de Bancos de Dados.

Segundo informações da Organização das Cooperativas de Minas Gerais –


OCEMG, a redução do número de cooperativas verificada nos anos de 2.003 e
2004 se deveu a um trabalho das organizações das cooperativas estaduais de
saneamento dos seus quadros.

Inúmeras cooperativas que se registraram e não entraram em funcionamento


foram expurgadas; outras foram liquidadas e não baixaram seus registros e
também foram expurgadas, além de várias fusões. Em 2005, o crescimento
reiniciou.

A distribuição das cooperativas brasileiras, pelos seus 13 ramos de atividade,


com o número de seus associados e os empregos gerados nas próprias
instituições ou Sistemas, pode ser visualizada no quadro a seguir.

RAMO DE COOPERATIVAS ASSOCIADOS EMPREGADOS


ATIVIDADE
AGROPECUÁRIO 1.514 879.918 123.368
CONSUMO 147 2.181.112 6.938

26
CRÉDITO (*) 1.101 2.164.499 20.555
EDUCACIONAL 319 73.951 3.144
ESPECIAL 10 529
HABITACIONAL 355 91.299 1.562
INFRA- 160 600.399 5.213
ESTRUTURA
MINERAL 44 15.212 52
PRODUÇÃO 173 17.569 323
SAÚDE 899 287.868 28.599
TRABALHO 1.994 425.181 6.506
TRANSPORTE 783 50.600 3.411
TURISMO E LAZER 19 2.917 9

TOTAL 7.518 6.791.054 199.680

(*) O total não inclui 338 cooperativas que, apesar de registradas no Bacen, não são
filiadas à OCB.
Fonte: OCE’s e OCB - Elaboração: GEMERC

Observa-se que se destacam os ramos agropecuário, crédito e trabalho, com


relação ao número de cooperativas e o de cooperados. O ramo consumo é o que
apresenta a maior relação cooperados/cooperativa, uma média de 14,8 mil
associados por cooperativa.

A COOP – Cooperativa de Consumo dos Empregados da Rhodia, Rhodiaceta e


Valisère foi criada em 1954. No início, eram 292 sócios, empregados da Rhodia.
Hoje, são mais de 1,2 milhão de cooperados. Tem 22 lojas, 4 mil funcionários,
tendo vendido, em 2004, quase R$ 1 bilhão. No ranking da Associação Brasileira
de Supermercados, ocupa o honroso 8º lugar.

ATIVIDADE INDIVIDUAL

Nesta unidade, você estudou um pouco da história do cooperativismo no mundo e


no Brasil. Muitos escritores tiveram grande preocupação com o tempo: o tempo
passado, o tempo presente e o tempo futuro. Isso ajuda o ser humano a construir
sua própria história. Aprendendo com o passado, você constrói o seu presente e
projeta o seu futuro. Conhecer um pouco da história do cooperativismo pode
fornecer muitos elementos para avançar nas suas estruturas.

O texto que você vai ler é o início de um capítulo do livro Memórias póstumas de
Brás Cubas, de Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros, autor de
um grande número de obras: romances, contos, peças de teatro, poesia, crônicas.
Em Memórias póstumas de Brás Cubas, o personagem, Brás Cubas, relata,
depois de morto, sua vida, começando por contar sua própria morte... ele declara
que é um defunto autor, e não um autor defunto... O início do capítulo se chama “A
pêndula”. Pêndula é um relógio de pêndulo, antigo. Em seguida, faça a reflexão
que se pede. Você poderá socializar suas impressões no FÓRUM (lapela
horizontal).

27
A PÊNDULA

Machado de Assis

Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as
horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula
fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a
cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho
diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida
para dá-las à morte, e a contá-las assim:

- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...

O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não
deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos.
Invenções há que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o
relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e
gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.

Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Moderna, 1994, p. 77.

ATIVIDADE INDIVIDUAL

Como você pôde perceber no texto, a preocupação com o tempo é algo que
sempre acompanhou o homem. A história é uma forma que a humanidade utiliza
para não esquecer fatos importantes, tal como o surgimento do cooperativismo.

28
Escreva um bilhete a um destinatário de sua escolha, focalizando o futuro do
cooperativismo, considerando um horizonte de 5 anos...!

Fale do presente − problemas, dificuldades, perplexidades −, mas também fale de


avanços, de conquistas...

Fale de suas esperanças para o futuro – o mundo e o país em que você gostaria
de estar vivendo...

Estudar a distância exige concentração e disciplina. Parabéns pelo seu esforço e


dedicação até agora! Caso você esteja se sentindo um pouco cansado (a) vá até a
próxima página e faça um exercício de relaxamento especialmente dedicado a
você. Lembramos que não é uma atividade obrigatória!

VAMOS RELAXAR

Pensando em um momento de descontração, eis aqui um exercício de


relaxamento

Costas e tronco:

Apóie as mãos nos batentes da porta, na altura dos ombros.


Incline os ombros pra frente até sentir confortável alongamento n tórax e na parte
interna dos braços.
Mantenha-se nessa posição por 15 segundos.

EXEMPLO

Após o estudo dos conceitos e princípios do cooperativismo e da história do


cooperativismo no mundo e no Brasil que vimos até aqui, você conhecerá os
diferentes ramos do cooperativismo. Cada tipo de cooperativa tem finalidades
muito específicas e direcionamentos para uma determinada atividade econômica e
social. Você vai poder identificar cada um dos ramos do cooperativismo,
assinalando suas principais finalidades.

Agora você vai acompanhar a experiência de um grupo de cooperados com os


quais Seu Miguel Formigas e Dona Guiga mantêm contato e vai perceber a

29
importância que cada ramo do cooperativismo promove para o desenvolvimento
das comunidades locais. Conheça este exemplo.

Capal e Crediara desenvolvem o “Jovemcoop Voluntário”

Atendendo sugestão do II Encontro Estadual de Jovens Cooperativistas,


promovido pela OCEMG / SESCOOP / MG, quando foi muito debatido o trabalho
voluntário, os jovens da CAPAL e CREDIARA estão planejando a realização de
um projeto nestes moldes em Araxá. Eles formaram um grupo, que recebeu o
nome de “Jovemcoop Voluntário” e contam com o apoio dos dirigentes das duas
cooperativas, as quais, a exemplo da OCEMG / SESCOOP / MG, investem e
acreditam no seu potencial. “Incentivados por esta idéia, nos reunimos e
decidimos trabalhar voluntariamente junto ao Asilo São Vicente, por acreditar que
as pessoas ali necessitam tanto de apoio material, quanto de muito carinho e
atenção”, conta o jovem Achiles Moreira Alves, que participa ativamente deste
trabalho.

Os integrantes do “Jovemcoop Voluntário” já fizeram duas visitas ao Asilo São


Vicente, onde foram recebidos pela coordenadora Sônia Maria Teixeira Torquato e
demais funcionários. A partir destes contatos iniciais, puderam conhecer melhor o
trabalho já desenvolvido e estão cientes das necessidades daquela entidade.
“Nossa primeira obra” será o plantio de um pomar em uma área ociosa do asilo,
sendo que, para tanto, contamos como o apoio de técnicos do Projeto Educampo,
já providenciamos a análise do solo, estamos recebendo doações de mudas
frutíferas e a cooperativa nos fornecerá os insumos necessários”, acrescenta o
jovem Achiles. No mês de novembro o trabalho do plantio de um pomar foi
concretizado.

Além do Jovemcoop, representado por Achilles Moreira Alves e Fabiano César de


Ávila, participaram do plantio os diretores da CAPAL, Alberto Adhemar do Valle
Júnior e Djalma Pereira Guimarães. Foram plantadas as seguintes frutas: laranja,
abacate, pêssego, nectarina, tamarinho, mexerica e acerola, num total de 24
mudas, doadas pela CBMN e pelo cooperado João Alberto Vale; sendo que o
adubo utilizado foi oferecido pela CAPAL. Para a concretização deste primeiro
projeto, o Jovemcoop contou ainda com o apoio dos técnicos Wandir Medeiros
Araúlo, do Educampo/Capal e Vanderlei Arantes Galdino, da Emater/Araxá, que
acompanharam a coleta para análise e preparo do solo e fizeram as
recomendações de plantio.

Segundo Achilles, este é o primeiro de uma série de projetos sociais que serão
empreendidos pelos jovens cooperativas. “Ser voluntário traz uma satisfação e
realização que é difícil de explicar. É muito gratificante auxiliar as pessoas que
precisam e isto nós temos aprendido muito ao vivenciarmos o cooperativismo”,
conclui. Muito entusiasmados, os integrantes do “Jovemcoop Voluntário” planejam
desenvolver diversas atividades junto aos idosos do asilo, além de promover
campanhas de conscientização e de mobilização dos produtores rurais e da
comunidade em geral, para que todos colaborem com esta importante causa
social.

30
DICAS

• Hoje o cooperativismo, unindo seus 13 ramos, soma, segundo estatísticas


da Organização das Cooperativas do Brasil – OCB (dez/2005), quase 200
mil empregos e 6,8 milhões de postos de trabalho, participando com 6% do
PIB e gerando 1,09 bilhão em exportações.

• Dentre os 13 ramos do cooperativismo, aquele que possui maior número de


cooperativas é o Ramo Trabalho que viabiliza 425.181 mil postos de
trabalho diretos, 6.506 empregos formais, sem contar com os trabalhadores
que indiretamente se beneficiam com o incremento econômico
proporcionado pela renda deste ramo.

• A participação de seis produtoras rurais vinculadas à Cooperativa


Agropecuária de Patrocínio (MG), no “Encontro Nacional de Mulheres
Cooperativistas”, em Araxá (MG), no ano de 2002, resultou na criação da
Associação das Mulheres Produtoras Rurais de Patrocínio – AMPR. O
principal objetivo da AMPR é promover o trabalho da mulher do campo e
ampliar a renda familiar nas pequenas propriedades rurais. A entidade foi
criada na sede da Coopa – Cooperativa Agropecuária de Patrocínio em 28
de julho de 2003. Estas mulheres estão profundamente envolvidas no
propósito de aglutinar maior número possível de interessadas no
desenvolvimento dos ideais da Associação.

TEORIA

Os ramos do cooperativismo

As cooperativas podem adotar, por objetivo, qualquer gênero de serviço, operação


ou atividade, de acordo com a área econômica de interesse dos cooperados. Usa-
se a palavra “ramo” para diferenciar os tipos de cooperativas. A seguir, alguns
ramos de cooperativas:

AGROPECUÁRIO
É composto por cooperativas agropecuárias e de produtores rurais. Caracteriza-se pela
prestação de serviços aos associados na atividade agropecuária, principalmente no
fornecimento de insumos, assistência técnica, assistência ao crédito, recebimento,
classificação, secagem, armazenamento de grãos, comercialização e, em alguns casos,
industrialização.

De acordo com a atividade, são denominadas cooperativas dos produtores, agropecuária,


avícola, de laticínios, de suinocultores, de exploração de açúcar e álcool, de hortaliças,
frutas, etc. Quando uma cooperativa tem mais de uma atividade, é denominada
cooperativa mista.

31
CONSUMO
As cooperativas de consumo têm como atividade principal adquirir bens e produtos em
maior quantidade e repassar aos associados por menores preços.

CRÉDITO
Seu objetivo básico é realizar operações e prestar serviços tipicamente bancários,
procurando a melhor rentabilidade nas aplicações e oferecendo crédito em condições
compatíveis com as necessidades próprias de cada categoria de associados. São
consideradas como instituições financeiras e os associados são seus donos.

EDUCACIONAL
As cooperativas educacionais objetivam melhorar o ensino e o desenvolvimento
intelectual dos estudantes, por intermédio de uma metodologia moderna e de profissionais
capacitados. As mais conhecidas são as cooperativas de alunos/professores/pais.

ESPECIAL
São as constituídas por pessoas de menor idade, ou incapazes ou, ainda, que necessitam
ser tuteladas.

HABITACIONAL

As cooperativas habitacionais são constituídas para atender às necessidades de moradia.


As cooperativas habitacionais são destinadas à construção, manutenção e administração
de moradias aos associados. Seu diferencial é a construção de habitações a preços mais
justos, abaixo do mercado, pois não visam ao lucro.

MINERAL

São cooperativas de mineradores, que procuram viabilizar os negócios de seus


cooperados, ligados à extração, industrialização e comercialização de produtos minerais.
Sua finalidade é pesquisar, extrair, lavrar, industrializar, comercializar, importar e exportar
produtos minerais.

32
PRODUÇÃO
Nesse ramo, os meios de produção pertencem às cooperativas e são explorados pelos
associados. São, portanto, de propriedade coletiva. Composto pelas cooperativas
dedicadas à produção de bens e produtos. Estimula o empreendedorismo, em que um
grupo de profissionais com objetivos comuns na exploração de diversas atividades
produtivas se reúne para produzir bens e produtos como donos de seu próprio negócio.
Exemplo: Cooperativa Produtora de Artigos de Vestuário, etc.

SAÚDE
São as cooperativas organizadas por profissionais com o objetivo de assistência à saúde
física e mental de pessoas, de forma conveniada ou não, que necessitem de consultas,
exames, internação, cirurgias. Seus estatutos e regulamentos definem suas normas de
operacionalização.

TRABALHO

Composto por cooperativas de profissionais afins para a prestação de serviços. É um dos


ramos de cooperativismo que mais cresce, congregando tanto profissionais
intelectualmente especializados quanto mão-de-obra braçal. É uma saída contra a
informalidade de empregos.

TURISMO E LAZER

Compreende as cooperativas formadas por associados que desenvolvem atividades


voltadas ao turismo e lazer. Composto pelas cooperativas que prestam serviços turísticos,
artísticos, de entretenimento, de esportes e de hotelaria.

TRANSPORTE
É o ramo das cooperativas compostas por pessoas que atuam no transporte de cargas e
passageiros. As cooperativas de “perueiros”, que estão surgindo nos grandes centros
urbanos como alternativa ao transporte de passageiros por grandes empresas, são o
exemplo mais recente.

33
INFRA-ESTRUTURA

É o ramo das cooperativas com a finalidade de atuar no saneamento básico, na


construção da malha viária, portos, eletrificação, etc. Preenche uma lacuna das
concessionárias de energia nas regiões de baixo consumo.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento, leia uma notícia sobre cooperativismo retirada
do seguinte endereço: www.portaldocooperativismo.org.br. Vá também ao
endereço www.ocb.com.br onde podem ser encontradas notícias e informações
interessantes para complementar seus estudos.

Cetril beneficia 810 famílias no Luz para Todos

O programa Federal "Luz para Todos", que chegou em Ibiúna por meio da Cetril
(Cooperativa de Eletrificação e Telefonia Rurais de Ibiúna), já beneficiou 810
famílias no município e até maio de 2007 pretende completar o total de 1.650
novas ligações. Em execução há 10 meses, o projeto oferece gratuitamente a
ligação de energia elétrica para pessoas que não desfrutavam deste direito. "A
cooperativa atua na ampliação de redes e faz novas instalações, pensando em
melhorar a vida dos cooperados e dos novos consumidores de energia elétrica",
disse o presidente da Cetril, Nélio Antonio Leite.

O trabalho da cooperativa é acompanhado de perto pela Eletrobrás, que implantou


o programa junto com o Ministério de Minas e Energia. "O resultado do trabalho
está sendo muito bom, pois obtive todas as informações necessárias e observei
que a cooperativa tem infra-estrutura adequada, está muito bem organizada e
possui profissionais competentes", disse o analista da Eletrobrás Paulo Sérgio
Chaves, após visita técnica à cooperativa realizada em setembro.

Desde o início do programa, em fevereiro último, foram instalados 35 mil metros


de rede em alta tensão e 10 mil metros em baixa tensão. De acordo com o
departamento de engenharia da cooperativa, já foram atendidas propriedades em
22 bairros rurais de Ibiúna e outros sete serão atendidos até o final do ano.

(www.portaldocooperativismo.org.br em 22 de novembro de 2006)

RESUMO

Nesta unidade você conheceu um pouco da história do cooperativismo no


mundo, a luta dos operários em países da Europa e no Brasil para criarem uma
alternativa de trabalho. Percebeu, também, que o cooperativismo persiste ao

34
longo do tempo e continua se expandindo. É uma idéia que está presente em toda
a parte. Ele faz parte das sociedades de economia planejada e das sociedades de
livre mercado e cresce velozmente.

A leitura das informações estatísticas lhe permitiu ver como se encontra, no Brasil,
a organização das cooperativas: em torno de 13 ramos de atividades produtivas
que atendem a demandas específicas e a finalidades diferenciadas, mas
apresentam os valores universais do cooperativismo como elementos capazes de
contribuir para o engrandecimento do país, do estado, do município, da
comunidade local:

agropecuário, consumo, crédito, infra-estrutura, habitacional, saúde, produção,


educacional, turismo e lazer, especial, trabalho, mineral, especial.

EXERCÍCIO

Sobre os diversos tipos de cooperativa, leia as alternativas a seguir e assinale a


afirmativa correta:

A. ( ) O cooperativismo agropecuário caracteriza-se, principalmente, pela oferta


de serviços de eletrificação rural.

B. ( ) As cooperativas só podem ser formadas por maiores de 18 anos e que não


necessitam ser tutelados.

C. ( ) O cooperativismo de transporte atua, principalmente, no transporte de


cargas e de passageiros.

Gabarito:

Comentário da alternativa A: Resposta Incorreta.

O cooperativismo agropecuário não tem como característica principal a oferta de


serviços de eletrificação rural. O objetivo das cooperativas agropecuárias é a
prestação de serviços aos associados na atividade agropecuária, principalmente
no fornecimento de insumos, assistência técnica, assistência ao crédito,
recebimento, classificação, secagem, armazenamento de grãos, comercialização
e, em alguns casos, industrialização. Para rever o assunto, retorne à tela 15 desta
unidade.

Comentário da alternativa B: Resposta Incorreta.

Entre os ramos das cooperativas há uma categoria chamada Especial que


permite a menores de 18 anos e tutelados participar de cooperativas. Para rever o
assunto, retorne à tela 16 desta unidade.

Alternativa C. Resposta Correta. Parabéns!

35
COMENTÁRIOS

Retorne à tela principal e lá, no ambiente de aprendizagem, irá visualizar o


formigueiro (nossa imagem-guia), e acessar um novo roteiro em direção ao
assunto Cooperativas de Crédito – Conceituação e Histórico.

Estaremos a sua espera para mais uma etapa deste curso. Contamos com sua
determinação e entusiasmo.
Até lá!

36
Pacote 1: Gestão de Cooperativas de Crédito
Cápsula 1: O Cooperativismo de Crédito
Unidade 3: Cooperativas de Crédito – Conceituação e Histórico

Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a esta etapa do curso. Você está
chegando da tela inicial que mostra o ambiente de aprendizagem com a imagem
do formigueiro, idéia que foi retomada em encontros anteriores e continuará
presente nos estudos sobre Gestão de Cooperativas de Crédito.

Relembrando...

Como você pôde observar nas unidades já cursadas, os conceitos e valores do


cooperativismo incluem as expressões solidariedade, igualdade, segurança,
colaboração, democracia, responsabilidade, pois o cooperativismo se direciona
para o alcance de metas e objetivos comuns baseados nesses valores essenciais.

Você viu também que o cooperativismo apresenta uma diversificada tipologia.

Há vários ramos de cooperativismo.

Há cooperativas agropecuárias, cooperativas educacionais, cooperativas de


saúde, etc.

APRESENTAÇÃO PANORÂMICA

Nesta unidade, você terá a oportunidade de obter importantes informações acerca


das Cooperativas de Crédito e, a partir daí, vai poder conceituar, compreender o
processo histórico do cooperativismo de crédito no Brasil e no mundo, além de
identificar características específicas da natureza do cooperativismo de crédito.

A metodologia adotada prevê a elaboração de respostas para as várias questões


propostas e estimulará o contato com seus colegas e o Tutor. Lembre-se de que
eles são componentes da ampla rede de conhecimentos que você está
construindo no decorrer desses percursos de estudo. Procure manter o seu nível
de dedicação e interesse e a viagem será muito proveitosa.

37
TEORIA

Reflita com calma sobre as perguntas e procure relacionar algumas palavras (3 ou


4 para cada questão) que possam ajudá-lo(a) a responder às perguntas acima
sobre cooperativa de crédito. Se você desejar, organize as palavras em 3 frases
(uma para cada questão). Utilize o espaço abaixo para registrar as respostas.

Uma cooperativa de crédito é uma instituição financeira constituída como uma


sociedade de pessoas.

Características: forma e natureza jurídica própria, natureza civil, sem fins


lucrativos e não sujeita à falência.

A finalidade das cooperativas de crédito é propiciar crédito e prestar serviços de


maneira mais simples e mais vantajosa para seus cooperados. Ex: empréstimos
com juros menores e com exigências menores do que os bancos, investimento no
desenvolvimento local da comunidade, prestação de serviços financeiros aos
associados, etc.

SAIBA MAIS

Segundo o SEBRAE, no Brasil, o Sistema Cooperativo de Crédito demonstra uma


posição muito significativa no panorama mundial. Observe os seguintes dados:

38
Segundo dados de dezembro/2005, os maiores sistemas cooperativos de crédito
são:

39
DEBATE VIRTUAL

O Brasil passa por um otimismo em relação aos bons desempenhos da economia.


Isso significa que há uma grande vontade de continuarmos nos caminhos do
desenvolvimento. Dessa forma, é fundamental que programas de geração de
renda e emprego voltados para as camadas populares sejam fomentadas. Leia a
reportagem que focaliza alguns aspectos fundamentais das cooperativas de
crédito.

Sistema reduz taxas e exigência de garantias

Cooper Acisa reúne pequenos varejistas e indústrias de Santo André, na região do


ABC; corretores de imóveis montam a Credicor-SP, que já tem perto de 600
associados e cobra juros de 2% no crédito pessoal.

Donos de pequenas padarias, confeitarias, lojas de varejo, fabricantes de roupas,


de alimentos. São empresários com esse perfil, com negócios instalados em Santo
André e faturamento anual máximo de R$ 2,4 milhões, que participam da
Crediacisa - cooperativa de crédito montada há um mês na própria sede da
Associação Comercial e Industrial de Santo André (Acisa).

O vice-presidente da Acisa e presidente da cooperativa, Wilson Ambrósio da Silva,


conta que a iniciativa começou com a reunião de 50 sócios-fundadores e hoje tem
100 associados.

"Levamos quase dois anos para ter a Crediacisa totalmente aprovada pelo Banco
Central e colocada em operação. Mas está valendo a pena", diz Silva. Ele explica
que o aporte mínimo para a participação é de R$ 250 (cota única), além de uma
contribuição mensal a partir de R$ 10. Boa parte dos associados, contudo, tem

40
contribuído com cota de R$ 1 mil e mensalidades de R$ 100. O teto do empréstimo,
segundo ele, é o equivalente a cinco vezes o capital investido.

"A cooperativa presta serviços bancários e aplica o dinheiro dos associados, com
taxas atraentes. Já os empréstimos podem custar até 50% menos que a média dos
bancos. Os cooperados têm direito a cartão de débito, talões de cheque,
possibilidade de pagar suas contas e, em breve, de quitar todo tipo de impostos",
destaca. "O associado pode tanto pegar um crédito pessoal para despesas da sua
família, hoje pagando taxa de 1,8% ao mês, como tomar recursos para um
investimento em estoques, em reforma da loja. A garantia será negociada, mas é
mais simples, por se tratar de empresas que conhecemos, que são da nossa
região", frisa. "Essa garantia poderá ser um imóvel, mas também o próprio
equipamento adquirido, ou o aval de um outro cooperado", acentua.

Apesar de a cooperativa ainda estar começando, se um participante ou vários


pedem, por exemplo, R$ 25 mil para investimento, ela pode recorrer ao sistema em
que se apóia, que é o Sicoob-Bancoob, o qual reúne outras 14 centrais de
cooperativas no país e 1,2 milhão de associados, movimentando cerca de R$ 4
bilhões e com ativos de R$ 8 bilhões. "Do mesmo modo, se tivermos sobras de
caixa, podemos aplicar no sistema, o que garante o equilíbrio entre recursos
tomados e emprestados, com economia de escala e possibilidade de praticar taxas
muito atraentes". Se o associado decide resgatar tudo o que aplicou, diz Silva,
recebe uma correção de 12% ao ano, mas terá de sair da cooperativa.

Corretores
Para enfrentar o problema crônico de juros salgados e dificuldade de acesso a
crédito bancário, o Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo
(Sincor-SP) criou a Sicoob-Credicor-SP. A meta é prestar serviços financeiros e
formar capital coletivo para os corretores de seguros.

Numa sede com 110 m² recém-inaugurada, dentro do próprio sindicato, os


profissionais têm todo atendimento de um banco tradicional. Quando a cooperativa
começou a operar, há quatro meses, funcionava em sala provisória e tinha 100
cooperados. "Hoje possuímos perto de 600 cotistas em todo o Estado de São
Paulo, mais de 90% pequenas empresas", explica o presidente da cooperativa,
Leôncio de Arruda. "Agora os corretores de seguros podem ter crédito com custos
operacionais menores do que os praticados no mercado, juros baixos e a
possibilidade do associado se beneficiar da distribuição de excedentes", destaca.
Para aderir à cooperativa, o corretor deve enviar um e-mail para a entidade.

A cota mínima para participar é de R$ 700. O cheque especial, segundo Arruda,


está com uma taxa de 4% ao mês e o crédito pessoal, de 2%, com prazo para
pagamento de até 24 meses. "Para conseguirmos montar a cooperativa, tivemos
todo tipo de informação e orientação do Sebrae-SP. Agora, faremos uma parceria
para capacitar os corretores em todo o Estado, para que gerenciem melhor o
crédito e o seu próprio negócio", diz Arruda.

Fonte: Diário de São Paulo (Caderno Negócios - O Espaço do Empreendedor -


41
Apoio Sebrae-SP)
Autora: Sandra Motta

Data de Publicação: 19/11/2006

Com base na leitura do texto, reflita sobre as questões seguintes:

Que diferenças existem entre os serviços prestados pelas cooperativas de crédito


e os dos bancos comerciais? A reportagem informa, também, que as cooperativas
têm maior espaço nos períodos democráticos do que em momento de
autoritarismo. O que você pensa a respeito disso? É realmente assim? Que
aspectos específicos da idéia de cooperativismo estão presentes?

Elabore, agora, um pequeno texto, colocando suas impressões sobre a


reportagem e sobre as questões levantadas acima. Utilize o espaço abaixo.
Reserve a sua resposta, ela poderá ajudá-lo(a) a rever o assunto ao final da
unidade.

Procure utilizar os recursos tecnológicos que estão disponíveis para você neste
curso. Para isso, acesse a Comunidade (lapela vertical) e comente com seus
colegas. Você sabe, o assunto cooperativismo tem atraído a atenção do
empreendedor brasileiro e alunos e tutores deste curso formam uma grande rede
de conhecimento já que cada um possui diferentes experiências profissionais e de
vida.

TEORIA

O Cooperativismo de crédito

O gestor da cooperativa de crédito compreenderá melhor o papel social de sua


instituição ao conhecer as origens e fundamentos do cooperativismo, em geral, e
do de crédito, em particular.

O cooperativismo é baseado em princípios da ajuda mútua e da solidariedade.


Quando você estudou o assunto O Cooperativismo no Mundo e no Brasil, na
tela 4 Teoria, viu que o cooperativismo nasceu há mais de 160 anos, na Europa,
numa época de grandes dificuldades financeiras para as classes trabalhadoras e
empreendedoras, como alternativa comprovada para a busca de soluções de
natureza social pela cooperação mútua. Essas dificuldades foram oriundas da
Revolução Industrial que só viria trazer benefícios em larga escala décadas mais
tarde; no momento inicial, foi causa de grande desemprego na classe
trabalhadora. Deveria, portanto, ter um campo fértil nos continentes mais pobres e
em ambientes de dificuldades, atendendo as camadas mais desprotegidas da
população, mas não foi o que aconteceu.

42
Como se verá a seguir, o cooperativismo cresceu, floresceu e germinou na Europa
e América do Norte (Estados Unidos e Canadá), mais do que na África e América
Latina. No Brasil, as regiões mais ricas são as que apresentam o cooperativismo
mais consolidado. A explicação, segundo os estudiosos do cooperativismo, está
no maior nível de educação do povo dessas regiões. O cooperativismo pressupõe
uma sociedade com um grau de educação e bom nível de cultura, onde pessoas
atuam com desprendimento e de maneira mais coletiva, ao invés de individual.
Além disso, é comprovado que a pobreza deixa o indivíduo com dificuldades de se
juntar e de se associar, pensando, somente em sua sobrevivência.

CURIOSIDADES

Em Minas Gerais, por exemplo, a Lei nº 15.075, de 05/04/2004, denominada


POLÍTICA ESTADUAL DE APOIO AO COOPERATIVISMO, dispõe, em seu art.
3º, que:

“as escolas de ensino médio integrantes do sistema estadual de ensino incluirão


em seus currículos conteúdos e atividades relacionadas ao cooperativismo
(............) abrangendo informações sobre o funcionamento, a filosofia, a gerência e
a operacionalização do cooperativismo”

O gestor da cooperativa de crédito tem um papel preponderante nessa tarefa,


desempenhando o papel de disseminador dessa cultura, quer com seus exemplos,
quer com palestras, distribuição de materiais, etc. Quanto mais a comunidade

43
estiver com os ideais de cooperação arraigados em seus hábitos de vida, mais
beneficiada poderá ser a própria cooperativa, com a adesão constante de novos
associados, aumento de depósitos, etc.

TEORIA

Com o objetivo de situar o gestor da cooperativa de crédito no ambiente geral


onde sua instituição está inserida, será apresentado um histórico do
cooperativismo de crédito no mundo e, em seguida, sua introdução no Brasil.

O cooperativismo de crédito no mundo

O cooperativismo de crédito foi um dos principais responsáveis pela difusão da


doutrina cooperativista em todo o mundo. Apenas três anos após a criação da
Cooperativa de Rochdale (1844), surgia na Alemanha o Cooperativismo de
Crédito pelo esforço de Friedrich Raiffeisen, complementado por Schulze-
Delitzsch, seguindo para Itália com Luigi Luzzatti e Leone Wolemborg,
espalhando-se, então, por toda a Europa.

Expande-se, posteriormente, para as Américas, com Alphonse Desjardins, que o


implanta no Canadá. É levado para os Estados Unidos por Edward Filene. Um dos
fatores determinantes dessa expansão foi a grande importância que o ramo
crédito sempre concedeu ao princípio da integração, refletida inclusive na segunda
denominação – Credit Union. Seus adeptos logo adquiriram consciência de que
essa era a forma de conseguir atender ao amplo espectro de necessidades dos
associados, melhorar a qualidade dos serviços, adquirir força política e ocupar
espaço junto ao sistema financeiro.

Portanto, passaram a criar cooperativas de cooperativas - Centrais e


Confederações – e assim difundir e expandir o movimento. O Conselho Mundial
de Cooperativas de Crédito (em inglês,World Council of Credit Union - WOCCU),
com sede em Madison, no Estado de Wisconsin, EUA, é composto por 4 grandes
Confederações Regionais e dez Associações Nacionais, que congregam
cooperativas de crédito de 85 países. O Sistema WOCCU não incorpora todas as
cooperativas de crédito. Há vários outros sistemas mundiais de cooperativas de
crédito, sendo os principais o DG Bank e o Volksbank na Alemanha, o Rabobank
na Holanda e o Crédit Agricole na França.

44
SAIBA MAIS

A DIFUSÃO DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO NO MUNDO


Base: 2005
CONTINENTE COOPERATIVAS ASSOCIADOS PENETRAÇÃO CRÉDITO ATIVOS
(*) (US$ (US$
MILHÕES) MILHÕES)
África 7.468 9.602.714 5,73% 2.138 2.060
Américas 1.983 12.386.384 4,16% 11.620 17.003
Central e do
Sul
América do 9.427 91.238.685 41,27% 531.737 772.076
Norte
Ásia 18.662 31.229.523 2,36% 32.786 54.954
Caribe 313 1.675.766 41,02% 1.720 2.603
Europa 2.863 6.704.674 2,92% 10.295 19.928
Pacífico Sul 330 3.835.718 18,99% 20.747 25.830
TOTAL 7,28%
(*) Percentual de associados a cooperativas de crédito, em relação à População
Economicamente Ativa (PEA)
Fonte: Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (WOCCU) – visita ao site em
27/11/2006 www.woccu.org

A América do Norte (Estados Unidos da América e Canadá) lidera o ranking do


cooperativismo de crédito mundial. Note-se que, além dos valores expressivos de
empréstimos e de ativos financeiros, o cooperativismo de crédito envolve, em
média, 41% da População Economicamente Ativa (PEA) dos dois países. Observe
também que os principais países cooperativistas da Europa (Itália, França, Bélgica
e Alemanha) dispõem de associações próprias e seus dados não estão incluídos
nas estatísticas do WOCCU.

CERCA DE 40 MILHÕES DE BRASILEIROS NÃO TÊM CONTA EM BANCO


(classes baixa e média);

1.765 MUNICÍPIOS BRASILEIROS NÃO POSSUEM AGÊNCIAS BANCÁRIAS


(31,6%);

1.535 MUNICÍPIOS BRASILEIROS POSSUEM APENAS UMA AGÊNCIA


BANCÁRIA (27,5%).

75 MUNICÍPIOS BRASILEIROS POSSUEM APENAS UM POSTO DE


ATENDIMENTO BANCÁRIO (1,3%).

45
TEORIA

O cooperativismo de crédito no brasil

O Cooperativismo de Crédito no Brasil tem, através da sua organização geral,


aprimorado seu modelo de organização. Com isto tem fortalecido sua inserção no
contexto nacional como instrumento da sociedade para acesso ao crédito e aos
serviços financeiros.

Para saber mais...

As primeiras cooperativas brasileiras eram do ramo consumo. A primeira


cooperativa de crédito foi constituída em dezembro de 1902, em Nova Petrópolis,
Rio Grande do Sul, por iniciativa do padre suíço Theodor Amstad.

Essa cooperativa funciona até os dias atuais, sob a denominação de Sicredi


Pioneira RS. É integrante do Sistema Sicredi, cujas características serão vistas
adiante. Até 1964, as cooperativas se constituíam sob a denominação de “Caixas
Populares Raiffeisen”. Eram, então, coordenadas e fiscalizadas pelo Ministério da
Agricultura, passando para a égide do Banco Central do Brasil após a reforma do
sistema financeiro, em 30 de dezembro de 1964.

Em 03/08/61, foi criada a FELEME – Federação Leste-Meridional das


Cooperativas de Economia e Crédito Mútuo, no Rio de Janeiro, com a participação
ativa da Igreja Católica, através da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil, presidida por Dom Hélder Câmara, e de algumas cooperativas de crédito,
tendo como objetivos integrar, dar assistência técnica e educativa às filiadas e
fomentar a constituição de novas cooperativas.

No entanto, em 1964, com a reformulação do sistema financeiro nacional (Lei nº


4.595, de 31/12/64, que criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central
do Brasil) e, em seguida, com o estabelecimento de normas mais rigorosas para o
funcionamento das cooperativas de crédito (Decreto-Lei nº 59, de 21/11/66,
regulamentado pelo Decreto nº 60.597, de 19/04/67), grande parte das
cooperativas foi liquidada, principalmente as Luzzatti, popularmente denominadas
Bancos Populares Luzzatti, cooperativas abertas ou regionais.

46
Em 16 de dezembro de 1971, a Lei n° 5.764 definiu a nova Política Nacional do
Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das sociedades cooperativas. Na
década de 70 e início dos anos 80, o cooperativismo de crédito no país restringiu-
se praticamente às cooperativas de crédito mútuo (urbanas) e às de crédito rural,
vinculadas às cooperativas de produção. A proposta de criação de cooperativas
de crédito rural ocorreu em razão das alterações na política de financiamentos
agrícolas, com drástica redução de recursos e fim dos subsídios, via equalização
da taxa de juros.

A Constituição Federal de 1988 (Art. 192) confirmou que as cooperativas de


crédito como instituições financeiras integram o Sistema Financeiro Nacional. Em
decorrência, as cooperativas tiveram de assumir a autogestão em plenitude,
passando a ser responsáveis pelo próprio êxito ou fracasso.

Em 20 de dezembro de 2.002, o Banco Central divulgou a Resolução 3.058 do


Conselho Monetário Nacional onde, pela primeira vez, foi permitida a constituição
de cooperativas de crédito de micro e pequenos empresários ou
microempreendores, definindo as regras para seu funcionamento.

Pouco depois, em 25 de junho de 2.003, a Resolução 3.106 consolidou as normas


cooperativistas e permitiu a constituição ou transformação de cooperativa de
crédito existente em “cooperativas de livre admissão de associados”, sob regras
bem definidas.

Em 27 de novembro do mesmo ano, a Resolução 3.140 completou as reformas do


cooperativismo de crédito, ao permitir a formação de cooperativas de
empresários cujas empresas fossem filiadas a órgão de classe patronal.

Finalmente, em 30 de setembro de 2005, o Conselho Monetário Nacional


consolidou os normativos para a abertura e o funcionamento das cooperativas de
crédito, divulgados pela Resolução 3.321. Esta Resolução é a que atualmente
vigora (nov/2006) para o cooperativismo de crédito. Foram mantidas todas as
modalidades de cooperativas até então permitidas, clareando os detalhes
operacionais para cada uma.

SAIBA MAIS

Nos últimos anos, o cooperativismo de crédito brasileiro apresentou um constante


desenvolvimento, tanto no número de cooperativas como no de associados,
demonstrando ser esta uma solução adequada para as necessidades financeiras
de vários segmentos da sociedade.

O quadro a seguir mostra a evolução do cooperativismo de crédito no Brasil, a


partir de 1990.

47
COOPERATIVISMO DE CRÉDITO NO BRASIL
PERÍODO: 1990 A DEZ/2005

NÚMERO DE
COOPERATIVAS ACRÉSCIMO NÚMERO DE ACRÉSCIMO
ANO
AUTORIZADAS A % ASSOCIADOS %
FUNCIONAR
1990 741 546.578 -
1992 665 -10,3 670.780 22,7
1994 946 42,3 772.199 15,1
1996 956 1,1 975.000 26,3
1998 1.088 13,8 1.284.360 31,7
2000 1.235 13,5 1.369.763 6,70
2002 1.430 15,8 1.650.000 20,5
2003 1.454 1,7 2.000.000 21,2
2004 1.436 -1,2 2.136.000 6,8
2005 1.439 0,2 (*) 2.400.000 12,3
(*) números estimados
Fonte: Bacen: www.bcb.gov.br

VAMOS RELAXAR

Pensando em um momento de descontração, eis aqui um desafio para você.


Confira e descubra novas possibilidades na imagem!

SAIBA MAIS

As cooperativas de crédito, segundo as leis brasileiras

Conforme você pôde observar anteriormente, as cooperativas, de qualquer


ramo, são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias,
constituídas para prestar serviços aos associados, cujo regime jurídico,
atualmente, é o instituído pela Lei 5.764. São sociedades simples e, portanto, não
sujeitas à falência, por força do disposto no parágrafo único do artigo 982 do novo
Código Civil, muito embora tenham por objeto o exercício de atividades próprias

48
do empresário, ou seja, exercem atividade econômica organizada para a produção
ou circulação de bens ou de serviços.

Por sua vez, as cooperativas de crédito são instituições financeiras constituídas


sob a forma de sociedades cooperativas para prestar serviços financeiros aos
associados como: concessão de crédito, captação de depósitos, prestação de
serviços de cobrança, de custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de
terceiros sob convênio com instituições financeiras públicas e privadas e de
correspondentes no País, além de outras operações específicas e atribuições
estabelecidas na legislação em vigor.

EIS UMA DICA PARA VOCÊ...

É importante que o gestor saiba que cooperativas de crédito não são bancos, e
sim instituições financeiras. Ao contrário dos bancos, não têm acesso aos
Serviços de Compensação de Cheques nem às Reservas Bancárias do Banco
Central. Exercem, porém, as mesmas funções para seus associados: depósitos,
recebimento de contas, transferências, empréstimos, etc.

SAIBA MAIS

A distribuição geográfica das cooperativas de crédito no brasil

Como se vê no quadro a seguir, há grande concentração das cooperativas de


crédito nas regiões Sul e Sudeste, que são as regiões mais ricas e desenvolvidas
do País. Essa situação ocorre, também, na distribuição das agências e pontos de
atendimento dos bancos comerciais e múltiplos, em geral.

DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO


BASE: DEZ/2005
Regiões Cooperativas %
Norte 79 5,5
Nordeste 153 10, 6
Centro-Oeste 118 8, 2
Sul 361 25,1
Sudeste 728 50,6
Total 1.439 100,0
Fonte: Bacen.

DICAS

Caro(a) aluno(a).

49
Às vezes, o cansaço pode bater enquanto você ainda está no meio da unidade, ou
então surge uma imprevista necessidade de interromper as atividades. Fique
tranqüilo(a), pois você está em um ambiente amigável que lhe permite esta pausa
sem qualquer prejuízo e o retorno em momento mais oportuno. Finalmente, você
não precisa estudar tudo "de uma única vez". Neste caso, clique em Concluir
(parte superior da tela, à direita). Para retornar ao ponto em que parou, utilize o
Menu na tela de abertura do curso, acessando a unidade correspondente.

RESUMO

Você chegou ao final da unidade 3 onde pôde aprofundar seus conhecimentos


sobre as Cooperativas de Crédito. Você percebeu que, logo após o surgimento
da cooperativa de Rochdale, a Alemanha foi palco de origem da primeira
cooperativa de crédito. No Brasil, a cidade de Nova Petrópolis, no Rio Grande do
Sul, foi pioneira no cooperativismo de crédito. Além disso, você conheceu,
também, todo o processo de evolução do cooperativismo de crédito no Brasil e
como se consolidou sua conceituação.

Neste momento, convidamos você para, na próxima tela, ler cuidadosamente a


questão que se apresenta e respondê-la. Se achar necessário, revise o assunto,
antes de prosseguir.

EXERCÍCIO

Nesta unidade, você teve contato com um panorama histórico da cooperativa de


crédito no mundo e no Brasil. Com base no que você aprendeu, relacione as
colunas a seguir:

Gabarito: (6, 5, 4, 1, 2, 3)

1 ( ) Regiões sul e sudeste do Brasil 4 ( ) Alemanha


2 ( ) Resolução 3.321, do Conselho 5 ( ) Constituição Federal de 1988
Monetário Nacional, de 30 de setembro
de 2005
3 ( ) Nova Petrópolis - RS 6 ( ) América do Norte

6 ( )Continente que lidera o cooperativismo


de crédito mundial

5 ( ) Confirma a inclusão das cooperativas


de crédito no Sistema Financeiro Nacional
4 ( ) País onde surgiu o cooperativismo de
crédito
1 ( ) Grande concentração das cooperativas
de crédito
2 ( ) Consolidação dos normativos para
funcionamento de cooperativas de crédito

50
3 ( ) Cidade e estado em que foi constituída
a primeira cooperativa de crédito no Brasil

COMENTARIOS

Prezado aluno. Prezada aluna.

Você concluiu os estudos sobre a conceituação e o processo histórico das


Cooperativas de Crédito: Parabéns! Desejamos que você alcance os objetivos
que se propôs ao ingressar neste curso. Retorne à tela principal, clicando no botão
Concluir (localizado na parte superior direita da tela). No ambiente de
aprendizagem, irá visualizar o formigueiro (nossa imagem-guia, a metáfora), onde
poderá acessar no Menu a próxima unidade que tratará da classificação e dos
critérios para admissão utilizados nas cooperativas de Crédito.

Sucesso! Estamos à sua espera.

51
Pacote 1: Gestão de Cooperativas de Crédito
Cápsula 1: O Cooperativismo de Crédito
Unidade 4: Cooperativas de Crédito – Classificação e Admissão

Prezado aluno. Prezada aluna. Seja bem-vindo(a) a mais uma etapa deste curso.

Certamente você já está familiarizado(a) com o ambiente de aprendizagem onde


se encontram à sua disposição recursos tecnológicos como Fórum, Mural,
Midiateca, Glossário que tornarão o seu trajeto mais eficaz. Você conta, também,
com o Tutor. Se tiver dúvidas sobre a navegação no curso e a utilização destes
recursos, consulte o Guia.

Nesta unidade, você saberá como se classificam as cooperativas de crédito e


quais são os requisitos fundamentais para a admissão de associados nos diversos
tipos de cooperativas.

Podemos começar?

Classificação das cooperativas de crédito

A associação nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar-se dos seus
serviços. É preciso aderir aos seus propósitos sociais e preencher as condições
estabelecidas no estatuto. O número de associados é ilimitado a não ser que haja
impossibilidade técnica de prestação de serviços.

As cooperativas de crédito são classificadas em:

I - cooperativas singulares, ou de 1° grau. São as constituídas pelo número


mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas.
Excepcionalmente, é permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por
objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou,
ainda, aquelas sem fins lucrativos. Exemplificando: o profissional médico
associado a uma cooperativa de crédito pode também associar sua clínica,
hospital, laboratório de exames clínicos, e assim por diante. As cooperativas
singulares têm gestão independente e autônoma, com responsabilidades próprias
e individuais.
II - cooperativas centrais de crédito ou federações de cooperativas, ou ainda, de
2° grau. São as constituídas de, no mínimo, 3 (três) cooperativas singulares. São
responsáveis por prestar serviços de centralização financeira, auditoria, controle e
supervisão das cooperativas singulares associadas.

III - confederações de cooperativas, ou de 3° grau. São constituídas de, pelo


menos, 3 (três) federações de cooperativas ou cooperativas centrais de crédito. As
confederações tratam dos assuntos de interesse comum de suas cooperativas
associadas.

REFLEXÕES

52
Para que o gestor de cooperativas de crédito precisa conhecer a classificação das
cooperativas de crédito?

Antes de ir adiante, pense sobre o questionamento acima e elabore uma pequena


justificativa que responda, coerentemente, à pergunta.

Procure levantar características importantes que fazem com que o gestor


desempenhe com eficiência seu trabalho. Além disso, levante, também,
comportamentos e atitudes necessários para um bom desempenho do gestor.

Guarde sua resposta, para que depois você possa encaminhá-la ao Tutor ou
trocar idéias com seus colegas no Fórum (lapela horizontal).

TEORIA

As cooperativas de crédito, no Brasil e no mundo, têm uma organização sistêmica.


O que é organização sistêmica?

Acompanhe o que nos informa o autor Alcenor Pagnussatti, no livro Guia do


Cooperativismo de Crédito sobre organização sistêmica, cuja indicação você
encontra acessando a Midiateca (lapela horizontal). Ele diz que uma organização
sistêmica ocorre quando as cooperativas singulares (1º grau) fazem parte das
centrais (2º grau ou federações), e as centrais se organizam em
confederações (3º grau) e empresas (bancos cooperativos, corretoras de
seguro, administradoras de cartões).

Elas se organizam assim para executarem em comum e, em maior escala, os


serviços econômicos e assistenciais de seu interesse, passando a atuar de forma
integrada e padronizada e com política corporativa única, sob a orientação e
supervisão dessas entidades. O bom ou mau gerenciamento da cooperativa pelos
seus gestores refletirá no sistema do qual ela é parte (microssistema) e no
macrossistema, do qual todas são integrantes.

Para complementar as informações acima, você encontrará, na Midiateca (lapela


horizontal), um texto de reportagem da Revista Vencer (2004) titulado “A hora das
cooperativas". Aproveite esta indicação e faça mais uma visita a outro espaço
disponível no ambiente educacional com o qual, a esta altura do curso, você já se
familiarizou.

TEORIA

Critérios de admissão de associados

O texto da reportagem confirma a força e importância do sistema de


cooperativismo que gera efetivamente 182 mil empregos e representa 6% do PIB
(Produto Interno Bruto), movimentando U$ 1,09 bilhão em exportações. A
organização das cooperativas de crédito é objeto de legislação específica no
Brasil. Veja a seguir.
53
Até dezembro de 2002, a legislação brasileira somente permitia a constituição de
cooperativas de crédito sob três modalidades:

I – cooperativas de crédito de empregados ou servidores de uma ou mais


pessoas jurídicas, públicas ou privadas, cujas atividades sejam afins,
complementares ou correlatas, ou pertencentes a um mesmo conglomerado
econômico;

II – cooperativas de crédito de profissionais e trabalhadores dedicados a uma


ou mais profissões e atividades, definidas no estatuto, cujos objetos sejam afins,
complementares ou correlatos;e

III – cooperativas de crédito rural, formada de agricultores, pecuaristas,


extrativas, ou se dediquem a operações de captura e transformação do pescado.

O capital social mínimo para a constituição dessas cooperativas é de R$ 3.000,00,


desde que sejam associadas a uma cooperativa central de crédito. Caso sejam
independentes, o mínimo passa a ser de R$ 4.300,00.

Em 20 de dezembro de 2002, a Resolução 3.058 do Conselho Monetário Nacional


começou a modernizar o sistema cooperativista de crédito, ao permitir a criação
de cooperativas de micro e pequenos empresários e microempreendedores.

Permitiu que os agricultores, pecuaristas, extrativistas e os que se dedicam a


operações de captura e transformação do pescado, opcionalmente, participem da
mesma cooperativa.

Ficou estabelecido que todas as novas cooperativas de micro e pequenos


empresários e microempreendedores deveriam ser filiadas a uma cooperativa
central de crédito e que seu capital inicial mínimo seria de R$ 10.000,00.

TEORIA

A modernização continuou em 2003, quando, em 25 de junho, o Conselho


Monetário Nacional aprovou a Resolução 3.106, que consolidou todos os
normativos até então em vigor para a constituição e o funcionamento de
cooperativas de crédito, permitindo, além das quatro modalidades em vigor, as
“cooperativas de livre admissão de associados”.

Pouco depois, pela Resolução 3.140 de 27/11/03, foi permitida também a


constituição de cooperativas formadas por empresários cujas empresas fossem
ligadas a entidades de classe patronais.

Finalmente, em 30 de setembro de 2005, pela Resolução 3.321, todos os


normativos em vigor foram novamente consolidados, e esta Resolução passou a
valer como o principal referencial para a abertura e funcionamento de cooperativas
de crédito no Brasil.

Observe os conceitos
54
Micro e pequenos empresários são aqueles cuja receita bruta anual, por ocasião
da associação, é igual ou inferior ao limite estabelecido pelo art. 2º da Lei nº
9.841, de 5 de outubro de 1999, para as empresas de pequeno porte. O limite
atual de receita anual é de R$ 2.133.222,00 (Decreto nº 5.028, de 31/03/2004).

Microempreendedores são aqueles que trabalham por conta própria, em uma


atividade legal, sem, contudo, ter uma empresa registrada nos órgãos
competentes.

SAIBA MAIS

Agora, você vai conhecer os conceitos de cooperativas de crédito abertas ou de


livre admissão, segundo as resoluções do Conselho Monetário Nacional.

Cooperativas de livre admissão de associados. São as cooperativas abertas ou


regionais, podendo admitir em seus quadros todos aqueles que,
reconhecidamente, desejam participar do movimento cooperativista. Esse tipo de
cooperativa se parece muito com as antigas Luzzatti, por serem abertas. Se você
esqueceu este item do assunto, retorne às telas 5 e 6 da unidade 2 e sob o título
“O Cooperativismo no Brasil”, encontrará a informação que precisa.

Porém, o Banco Central estabeleceu regras rígidas para seu funcionamento:

a) Quando a área de atuação da cooperativa tiver população inferior a 300


mil habitantes, poderá ser criada uma cooperativa de livre admissão ou
será aceita, pelo Banco Central, a transformação de uma que já exista.
O capital inicial mínimo, quando a área de atuação for inferior a 100 mil
habitantes é de R$ 10 mil. Caso a população esteja entre 100 mil e 300
mil e a cooperativa esteja nas regiões Sul e Sudeste, o capital mínimo
inicial exigido passa a ser de R$ 50 mil.
b) Se a população da área de atuação for superior a 100 mil habitantes e
inferior a 750 mil, somente será autorizada a transformação de uma
cooperativa considerada “sadia”, com patrimônio líquido superior a R$ 6
milhões, nas regiões metropolitanas das capitais e a R$ 3 milhões, no
interior do Estado. Esses valores são reduzidos em 50% para as
regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.

Em qualquer hipótese, as cooperativas deverão se filiar ou estar filiadas a uma


cooperativa central de crédito também “sadia” (legalizada) e seu projeto de
constituição ou transformação deverá ser aprovado previamente pelo Banco
Central do Brasil.

SAIBA MAIS

As cooperativas de empresários são aquelas cujas empresas são vinculadas


diretamente a um mesmo sindicato patronal, ou indiretamente a uma associação

55
patronal de grau superior, em funcionamento, no mínimo, há três anos, quando da
constituição da cooperativa.

Há, portanto, abertura para cooperativas de empresários e empresas ligados a


entidade de classe, tais como Federações das Indústrias, do Comércio, da
Agricultura, Federações de Associações Comerciais, Câmaras de Dirigentes
Lojistas, etc.

O capital mínimo para a constituição das cooperativas de empresários é de R$


10.000,00 e há a obrigatoriedade de sua filiação a uma cooperativa central.

COMENTARIOS

Todas as novas cooperativas de crédito das três categorias que você conheceu
anteriormente são obrigadas a participar de uma cooperativa central de crédito.
Com esses normativos (legislação), agora todo e qualquer cidadão brasileiro,
independentemente de sua atividade funcional ou profissional, ou do porte de sua
empresa e mesmo aqueles chamados “informais” ou sem empresas registradas,
pode se associar a uma cooperativa de crédito.

As perguntas, a seguir, são de grande importância para os gestores e para todos


aqueles que desejam participar de uma cooperativa de crédito:

As possibilidades de os gestores aumentarem os quadros sociais das


cooperativas são imensas. A Resolução 3.321 (Art.10) permite que os estatutos
das cooperativas de crédito prevejam a aceitação, como associados, também, de:

56
Vale recordar que a admissão de pessoas jurídicas é sempre em caráter
excepcional, como está dito na Lei nº 5.764/71(art. 6°), e está condicionada a que
tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas
físicas. Todas as entidades sem fins lucrativos podem, também, se filiar ou
associar a uma cooperativa de crédito. São as instituições benfeitoras das
cooperativas e muito importantes para seu desenvolvimento.

Todos os empregados das empresas associadas, se assim o quiserem, podem


também se filiar às mesmas cooperativas de crédito de seus empregadores.

ESTUDO DE CASO

Miguel Formigas e Dona Guiga, como gestores da CREDIFORMIGAS,


Cooperativa de Crédito dos Empreendedores do Formigueiro Ltda., receberam
uma comissão de aproximadamente 10 feirantes, representando a Associação dos
Feirantes do Formigueiro. Essa comissão explicou a eles que estavam buscando
uma linha de crédito que fosse mais favorável do que o crédito oferecido pelos
bancos comerciais. Eles pretendem investir na melhoria da produção e na
melhoria da comercialização de seus produtos. Ouviram dizer que, se fossem

57
associados a uma Cooperativa de Crédito, eles seriam donos do investimento e,
também, poderiam lançar mão de crédito com taxas de juros bem menores.

Converse com seus colegas para discutir esse caso. Você, no lugar de Miguel
Formigas e Dona Guiga, que atitudes tomaria para atender às necessidades
desses feirantes? Que sugestões você apresentaria? Você já possui algumas
informações sobre as cooperativas de crédito. Troque suas impressões com seus
colegas na Comunidade (lapela vertical) fortalecendo a rede de conhecimentos
da qual agora faz parte.

A legislação que orienta todo o processo de classificação e admissão das


cooperativas de crédito está à disposição em alguns sites de interesse do setor,
entre os quais:

www.bcb.gov.br
www.sebrae.com.br
www.bancoob.com.br
www.sicredi.com.br
www.unicred.com.br
www.portaldocooperativismo.com.br

Consulte-os sempre para ampliar e atualizar as suas informações.

LEMBRETE!

Gestor Informado, Gestão Eficaz.

REVISÃO PANORÂMICA

Você teve a oportunidade de conhecer bastante sobre a classificação das


cooperativas de crédito, suas características principais e os requisitos
fundamentais para a admissão nos diversos tipos de cooperativas.

Acompanhe a revisão atentamente...

58
As cooperativas singulares são constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte)
pessoas físicas. Excepcionalmente admitem pessoas jurídicas. Elas têm gestão
independente e autônoma, com responsabilidades próprias e individuais.

As cooperativas centrais constituem-se de, no mínimo, 3 (três) cooperativas


singulares. Prestam serviços de centralização financeira, auditoria, controle e
supervisão das cooperativas singulares associadas.

As confederações de cooperativas constituem-se de, no mínimo, 3 (três)


federações de cooperativas ou cooperativas centrais de crédito. As confederações
tratam dos assuntos de interesse comum de suas cooperativas associadas.

Além disso, você recebeu informações sobre as várias modalidades de


organização de cooperativas permitidas pela legislação e as possibilidades de
ampliação de associados. Preparando-se para gerir uma cooperativa de crédito,
você dispõe de um conjunto de informações que o gestor moderno pode reunir
rapidamente para basear a sua tomada de decisões, acionando os recursos
tecnológicos disponíveis.

Agora estamos preparados para continuar. Se quiser fazer uma pausa, fique à
vontade. Levante-se, estique braços e pernas, respire lentamente, olhe à sua
volta, faça contato com a família...

TEORIA

As Cooperativas Centrais de Crédito

As Cooperativas Centrais de Crédito (cooperativas de 2° grau), também


denominadas federações de cooperativas, são constituídas de, no mínimo, 3 (três)
Cooperativas Singulares (cooperativas de 1º grau).

Segundo a Resolução CMN (Conselho Monetário Nacional) 3.321, de 30/09/2005,


as Cooperativas Centrais de Crédito devem prever, em seus estatutos e normas
operacionais, dispositivos que possibilitem prevenir e corrigir situações anormais.
Situações anormais são consideradas aquelas que possam configurar infrações a
normas legais ou regulamentares ou causar risco para a solidez das cooperativas
filiadas e do sistema associado, inclusive a possibilidade de constituir Fundo
Garantidor de Depósitos.

Para os gestores de Cooperativas Singulares (ou de 1º grau), a Cooperativa


Central se reveste da maior importância para o sucesso de sua instituição, pois
compete à Central supervisionar o funcionamento de suas associadas, zelar pela
sua saúde financeira, promover programas de capacitação dos dirigentes e
funcionários além das funções de auditoria das demonstrações financeiras.

A Cooperativa Central, como uma grande aliada do gestor de cooperativas,


deverá estar preparada para:

59
• suprir as cooperativas singulares associadas de instrumentos contratuais
padronizados;
• administrar os seus recursos financeiros excedentes (centralização
financeira);
• fornecer assessoria em questões jurídicas, contábeis e de recursos
humanos.

ATIVIDADE INDIVIDUAL

Aqui, você é convidado(a) a dar uma paradinha para relaxar antes de continuar
seu estudo. Como você sabe, “a propaganda é a alma do negócio”. Logo, as
cooperativas de crédito também precisam divulgar suas ações, ampliar seus
negócios, atrair maior número de associados. Alguns recursos criativos são
necessários para se produzir uma boa propaganda, assim como alguns recursos
também são necessários para uma boa gestão de cooperativa de crédito. Não
adianta apenas uma boa idéia, como diria o cartunista Henfil: é preciso 90% de
transpiração e 10% de inspiração. (Henrique de Souza Filho, cartunista, nasceu
em Ribeirão das Neves MG 1944, faleceu no Rio de Janeiro RJ em 1988).

O profissional da propaganda sabe que uma boa imagem vale por mil palavras.
Assim, o requinte visual das propagandas ganha espaço grandioso nos diversos
veículos de divulgação das propagandas. Diante disso, você está convidado (a) a
provar para todos que seu produto/serviço é o melhor do mundo!

Agora veja alguns recursos que a arte da propaganda utiliza:

1. Linguagem poética (rimas, repetições de consoantes e vogais, comparações,


metáforas e prosopopéias, etc.)

- Pag pouco
- Se é Bayer, é bom
- Tomou doril, a dor sumiu
- Pense forte, pense Ford
- Melhoral, melhoral, é melhor e não faz mal

2. Linguagem apelativa (explora ansiedades, vaidades, vontades, frustrações do


consumidor, influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem
comum e, fantasiosamente, camufla as frustrações da realidade)

- Seu romance é sagrado. Apaixone-se pela sua casa. Bless, a alma da sua casa.
- Novo neve. Aprovado pelo controle de qualidade mais rigoroso: o toque.
- Beba coca-cola.
- Compre batom, compre batom. O seu filho merece batom!

3. Associações arbitrárias:

- Saúde com cigarro


- Vigor físico com remédio

60
4. Linguagem popular (por meio da exploração dos ditos populares, provérbios,
gírias, etc.)

- Dize-me o que lês que te direi o que és – Veja.


- Ponha algumas pedras no caminho de sua sede – Antarctica
- Quem tem outro carro anda com o Fusca atrás da orelha.

Agora, vamos ao trabalho de criação! Lance mão dos recursos mais inusitados
para vender seu produto/serviço. Deixe sua imaginação viajar, voar livre. A sua
tarefa é produzir um material escrito destinado a vender um dos produtos abaixo:

• a lua
• a vida
• o fedex (produto desconhecido do público)
• a Paz
• um serviço que a Cooperativa de Crédito $egurança oferece com
exclusividade
• a solidariedade

Releia seu texto! Leia-o para alguém! Ele convence? Vende?


Envie o seu texto para o Tutor que poderá colocá-lo no Mural (lapela vertical). Se
desejar, você também poderá utilizar outro recurso tecnológico de que dispõe este
curso – o Fórum (lapela horizontal) – para divulgação de seu trabalho.

RESUMO

Você chegou ao final da unidade 4 onde pôde ampliar e aprofundar seus


conhecimentos sobre as Cooperativas de Crédito. Tendo tomado conhecimento
do processo histórico de surgimento do cooperativismo de crédito na unidade
anterior, você pôde melhor entender como se classificam as cooperativas de
crédito, quais são suas características principais e os requisitos fundamentais para
a admissão nos diversos tipos de cooperativas: cooperativas singulares,
cooperativas centrais e confederações de cooperativas.

Agora, vamos fazer um convite para você!

61
Leia cuidadosamente as questões que se encontram nas próximas telas e procure
responde-las utilizando os conhecimentos adquiridos até aqui sobre Cooperativas
de Crédito. Talvez seja preciso uma revisão do assunto, antes de você
prosseguir. Você é quem sabe!

EXERCICIOS

Leia as afirmativas abaixo. Verifique se são verdadeiras ou falsas. Aquela


afirmativa que você julgar falsa, corrija-a, apresentando elementos que a tornem
verdadeira.

1.( ) Pessoas que se dedicam à atividade rural podem ser admitidas como
associados nas Cooperativas de Micro e Pequenos Empresários e
Microempreendedores;

2.(..) As Cooperativas de Crédito de Livre Admissão de Associados “podem ser


criadas em qualquer cidade, independentemente de sua população”;

3.(..) As Cooperativas de Empresários ligados a sindicatos patronais ou


associações de classe podem ser criadas em qualquer município,
independentemente de sua população;

Gabarito: 1 (V), 2 (F), 3 (V)

Sobre a classificação das cooperativas de crédito, leia as afirmativas abaixo e


verifique se são verdadeiras ou falsas. Aquela afirmativa que você julgar falsa,
corrija-a, apresentando elementos que a tornem verdadeira.

1 ( ) As cooperativas centrais constituem-se de, no mínimo, 3 (três)


cooperativas singulares. Prestam serviços de centralização financeira, auditoria,
controle e supervisão das cooperativas singulares associadas.

2 ( ) As confederações de cooperativas constituem-se de, no mínimo, 3 (três)


federações de cooperativas ou cooperativas centrais de crédito. As confederações
tratam dos assuntos de interesse comum de suas cooperativas associadas.

3 ( ) As cooperativas de crédito, no Brasil e no mundo, têm uma organização


sistêmica. As de 1º grau fazem parte das de 2º grau ou federações, que se
organizam em confederações (3º grau), Os bancos cooperativos, corretoras de
seguro, administradoras de cartões não fazem parte deste sistema.

4 ( ) As cooperativas singulares são constituídas pelo número mínimo de 20


(vinte) pessoas físicas. Excepcionalmente admitem pessoas jurídicas. Elas têm
gestão independente e autônoma, com responsabilidades próprias e individuais.

Gabarito: 1 (V), 2 (V), 3 (F), 4 (V). OBSERVAÇÃO: CORRIGIR A CORREÇÃO


DO

62
COMENTÁRIOS

Prezado aluno. Prezada aluna.

Você concluiu com êxito, os estudos sobre as Cooperativas de Crédito.


Parabéns! Desejamos que você alcance os objetivos que se propôs ao ingressar
neste curso. Retorne à tela principal, clicando no botão Fechar (localizado na
parte superior direita da tela). No ambiente de aprendizagem, irá visualizar o
formigueiro (nossa imagem-guia, a metáfora), onde poderá acessar no Menu a
próxima unidade que tratará da importância das cooperativas de crédito no
desenvolvimento local.

Sucesso!

63
Pacote 1: Gestão de Cooperativas de Crédito
Cápsula 1: O Cooperativismo de Crédito
Unidade 5: A Importância das Cooperativas de Crédito no Desenvolvimento
Local

Antes de iniciar os estudos leia, na próxima tela, um texto de Leonardo Boff, para
poder refletir e formar uma opinião sobre este assunto. Após a leitura, iremos fazer
um debate virtual, cujas orientações estarão na tela 4.

Bom trabalho!

TEORIA

Ecologia social em face da pobreza e da exclusão


Leonardo Boff

Hoje se fala das muitas crises sob as quais padecemos: crise econômica,
energética, social, educacional, moral, ecológica e espiritual. Se olharmos bem,
verificamos que, na verdade, em todas elas se encontra a crise fundamental: a
crise do tipo de civilização que criamos a partir dos últimos 400 anos. Essa crise é
global porque esse tipo de civilização se difundiu ou foi imposto praticamente ao
globo inteiro.

64
Qual é o primeiro sinal visível que caracteriza esse tipo de civilização? É que ela
produz sempre pobreza e miséria de um lado e riqueza e acumulação do outro.
Esse fenômeno se nota em nível mundial. Há poucos países ricos e muitos países
pobres.

Nota-se principalmente no âmbito das nações: poucos estratos beneficiados com


grande abundância de bens de vida (comida, meios de saúde, de moradia, de
formação, de lazer) e grandes maiorias carentes do que é essencial e decente
para a vida.

Mesmo nos países chamados industrializados do hemisfério norte, notamos


bolsões de pobreza (terceiromundialização no primeiro mundo) como existem
também setores opulentos no terceiro mundo (uma primeiromundizalização do
terceiro mundo), no meio da miséria generalizada.

As críticas a seguir visam a denunciar as causas dessa situação.

TEORIA

Há três linhas de crítica ao modelo de civilização e de sociedade atual, como foi


sobejamente apontado por notáveis analistas.

A primeira é feita pelos movimentos de libertação dos oprimidos. Ela diz: o núcleo
desta sociedade não está construído sobre a vida, o bem comum, a participação e
a solidariedade entre os humanos. O seu eixo estruturador está na economia de
corte capitalista. Ela é um conjunto de poderes e instrumentos de criação de
riqueza – e aqui vem a sua característica básica – mediante a depredação da
natureza e a exploração dos seres humanos.

A economia é a economia do crescimento ilimitado, no tempo mais rápido


possível, com o mínimo de investimento e a máxima rentabilidade. Quem
conseguir se manter nessa dinâmica e obedecer a essa lógica, acumulará e será
rico, mesmo à custa de um permanente processo de exploração.

Portanto, a economia orienta-se por um ideal de desenvolvimento material que


melhor chamaríamos, simplesmente, de crescimento, que se coloca entre dois
infinitos (...): o dos recursos naturais pressupostamente ilimitados e o do futuro
indefinidamente aberto para frente.

Para este tipo de economia do crescimento, a natureza é degradada à condição


de um simples conjunto de recursos naturais, ou matéria-prima, disponível aos

65
interesses humanos particulares. Os trabalhadores são considerados como
recursos humanos ou, pior ainda, material humano, em função de uma meta de
produção.

Como se depreende, a visão é instrumental e mecanicista: pessoas, animais,


plantas, minerais, enfim, todos os seres perdem os seu valore intrínseco e sua
autonomia relativa. São reduzidos a meros meios para um fim fixado
subjetivamente pelo ser humano, que se considera o centro e o rei do universo.

Leonardo Boff (Santa Catarina, 14 de dezembro de 1938, Filosofo e Teólogo),


Ética da Vida, Ed. Vozes.

DEBATE VIRTUAL

Como você pôde perceber no texto de Leonardo Boff, há vários desafios para a
vida na Terra continuar a se desenvolver com sustentabilidade, com solidariedade,
sem destruição da Natureza.

Quando se diz: “promover a defesa e a melhoria da situação social e econômica


dos cooperados e da comunidade local”, quais são os valores que os gestores
precisam desenvolver? É possível o desenvolvimento ser sustentável e sem
colocar em risco a vida no planeta?

Reflita sobre essas idéias, a partir do texto apresentado anteriormente na tela 3


com base também em todo o percurso que você trilhou até aqui. Registre suas
reflexões aqui e depois as encaminhe para o Tutor, propondo uma discussão no
Fórum (lapela horizontal).

TEORIA

A natureza empresarial e o papel de agente de desenvolvimento local da


cooperativa de crédito.

O objetivo geral de uma sociedade cooperativa (aí incluída a de crédito), é a


“promoção da defesa e a melhoria da situação econômica dos cooperados,
quer obtendo para eles os mais baixos custos nos bens e serviços que
necessitam, quer colocando, no mercado, a preços justos, os bens e
serviços que produzem”. Walmor Franke

Os itens a seguir mostram aos gestores de cooperativas de crédito que essas


instituições ou sociedades têm uma natureza empresarial que deve ser
preservada e otimizada. Além de atuarem como empresas voltadas aos interesses
de seus donos (os cotistas ou associados), também se interessam pela
comunidade onde atuam, promovendo seu desenvolvimento local.

Relembrando...

Na tela 15 da unidade 3 deste curso que tratou da conceituação e histórico das


Cooperativas de Crédito, você teve informações sobre a natureza empresarial
66
das cooperativas de crédito. Além disso, você dispõe do recurso da Midiateca que
contém a indicação de material de pesquisa sobre o assunto. Vá até lá sempre
que achar necessário para satisfazer sua curiosidade intelectual. Basta acessar a
lapela correspondente na barra horizontal à direita, lembra-se?

A cooperativa de crédito é uma instituição financeira e está sujeita, no que couber,


às normas do Sistema Financeiro* Nacional. Presta aos associados basicamente
os mesmos serviços oferecidos pelos bancos: empréstimos e financiamentos,
conta-corrente, cheque especial, desconto de recebíveis (duplicatas, cheques pré-
datados*), cobrança de títulos e recebimento de contas de serviços ou boletos,
pagamento de aposentadorias, salário de empregados, etc. Oferece, ainda,
opções de aplicação dos recursos de curto e médio prazos dos associados.

LEMBRETE!

Lembre-se que a cooperativa de crédito é uma empresa que deve ser bem
administrada, obter resultados e satisfazer seus donos (associados).

CURIOSIDADES

Mais do que isso, por ser instituição financeira,a cooperativa sofre violenta
concorrência com gigantes no mercado, é fiscalizada pelo Banco Central do Brasil
e seus administradores estão sujeitos às penalidade aplicáveis àqueles que gerem
temerária ou fraudulentamente recursos de terceiros. Atuando como empresa, da
mesma forma que os bancos comerciais, deve ter uma estrutura funcional com
direção, gerência e setor operacional. Seus funcionários podem ou não ser
cooperados e são regidos pelo regime trabalhista da CLT. Possui um
organograma com as diversas áreas e divisão de tarefas e responsabilidades
entre as mesmas.

Dentre as diversas atividades de uma cooperativa de crédito destacam-se:

• planejamento;
• gerenciamento;
• gestão de recursos humanos;
• atendimento aos associados;
• prospecção de novos associados e de novas operações;
• controle e contabilidade;
• administração das operações ativas, passivas e da prestação de
serviços.
• desenvolvimento de produtos e marketing e
• administração financeira e serviços gerais.

TEORIA

Diferenças entre cooperativas de crédito e bancos comerciais

67
Na cooperativa de crédito, diferentemente dos bancos, seus proprietários são os
seus clientes. Não prioriza lucros (ou sobras), mas necessita de receitas para
saldar seus compromissos. Seu custo é rateado entre o quadro social na forma
de juros e menores taxas.

Assim, quanto mais reduzidos forem os custos da cooperativa, tanto menores


serão os juros e taxas cobrados por ela. As diferenças em relação aos bancos
começam no tamanho e no destino dos rendimentos recebidos com as operações.

Nos bancos tais rendimentos são apropriados pelos donos, constituindo lucro; nas
cooperativas de crédito, as sobras apuradas são divididas entre os associados
proporcionalmente às suas operações com a instituição ou utilizadas para a
constituição de reservas e mesmo para remunerar os seus associados (em até
12% ao ano) ou, ainda, sua capitalização, elevando-se o valor das cotas de capital
dos associados.

TEORIA

a) Aplicação de recursos e tomada de empréstimos com taxas diferenciadas


dos bancos da praça
Além do baixo custo* operacional, devido a sua reduzida estrutura física e de
pessoal, as cooperativas podem fornecer empréstimos com juros menores que os
praticados pelos bancos locais e, ainda, remunerar as aplicações de seus
associados com taxas superiores às do mercado. Nas cidades médias e pequenas
que dispõem de uma ou mais cooperativa de crédito bem estruturadas, a
formação das taxas de captação e empréstimo locais é feita pela cooperativa,
forçando os bancos comerciais concorrentes a acompanhá-la. Nas grandes
cidades e capitais, esse fenômeno pode ser verificado nos bairros onde há
ocorrência de cooperativas de crédito, principalmente daquelas de comerciante.

b)A irrigação da economia local


Como as cooperativas de crédito só podem operar com seus associados, a
maior parte dos seus recursos tende a ficar no próprio município, contribuindo
para o seu desenvolvimento. Os bancos comerciais, os correspondentes
bancários e os bancos postais retiram de recursos da comunidade, captando as
poupanças locais e aplicando-as nas praças que oferecem maiores possibilidades
de lucro. Enquanto os bancos precisam aplicar apenas 25% de seus

68
“depósitos à vista” na agricultura e pecuária, as cooperativas de crédito
rural aplicam, no mínimo, 60%; a maioria dos bancos privados prefere
depositar no Banco Central o valor referente aos 25% de seus “depósitos à
vista” do que financiar as atividades rurais.

SAIBA MAIS

COMPARATIVO ENTRE AS ATIVIDADES DAS COOPERATIVAS E DOS BANCOS

ATIVIDADE BANCOS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

Direção Donos (ou governos) Associados


Captação e Transferem às grandes Retêm e aplicam no local
rendas cidades
Programas Participam (alguns) Podem participar, principalmente as
Oficiais de crédito rural
Crédito Priorizam os grandes Analisam a necessidade e a
projetos ou atividades capacidade de investimento e
selecionadas pagamento dos associados
Taxa de juros Sempre as do mercado Sempre abaixo do mercado
Resultados São lucros, os quais São sobras, distribuídas entre os
remuneram os donos e/ou associados ou reinvestidas na
acionistas cooperativa
Custo Maior, devido à estrutura Menor (pequenas estruturas)
Operacional mais pesada
Serviços Cobram elevadas taxas Cobram uma pequena taxa pelos
financeiros (visam lucro) serviços (não visam lucro)
Atendimento Impessoal ou de acordo com Tende a ser personalizado para
o dinheiro do cliente todos os associados
Fonte: Bittencourt, Gilson A. – Cooperativas de Crédito Solidário – Constituição e
Funcionamento 2001 – pág. 25

VAMOS RELAXAR

Cansou? Que tal parar um pouco e relaxar por algum tempo? Veja
abaixo uma figura com recursos de ilusão de ótica e descubra outras imagens
interessantes. Aproveite para dar uma relaxada ...

69
TEORIA

Vantagens oferecidas pela cooperativa de crédito a seus associados

A participação dos associados no capital da cooperativa depende de sua condição


financeira. O valor de cada cota-parte não pode ultrapassar o do salário mínimo. E
o máximo que um associado pode subscrever é 1/3 do capital total da cooperativa.
Apesar disso, nas assembléias, cada associado tem um voto, independentemente
da sua participação no capital da cooperativa. É o princípio Um Homem, Um
Voto. Além do direito de votar, tem o de ser votado. Assim, pode ser escolhido
como administrador da cooperativa, conselheiro ou indicar as pessoas de sua
confiança, em igualdade de condições com todos os outros associados.

70
A cooperativa de crédito é formada, geralmente, por pessoas que se conhecem,
com afinidades profissionais e/ou econômicas. Seus administradores são eleitos
pelos cooperados, que neles depositam seu voto de confiança. Nas operações
do dia-a-dia, os cooperados são tratados como proprietários e suas
demandas pessoais são respeitadas, sendo-lhes dispensado um
atendimento personalizado.
O que se observa, hoje em dia, nos médios e grandes bancos comerciais, públicos
ou privados, é o distanciamento cada vez maior dos seus clientes, com
investimentos pesados em tecnologia para mantê-los afastados das agências,
incentivando o uso de operações bancárias pela internet (Home banking) e caixas
eletrônicos.

TEORiA

A remuneração da cota-parte e a participação dos associados nas sobras do


exercício

A legislação permite, e o Estatuto Social deve estabelecer, que as cotas-partes


dos associados sejam corrigidas monetariamente e remuneradas em até 12% ao
ano. As cooperativas de crédito distribuem as sobras líquidas do exercício (após a
constituição do Fundo de Reserva, do Fundo de Assistência Técnica, Educacional
e Social e da remuneração das cotas-partes) proporcionalmente às operações
realizadas pelos seus associados, salvo deliberação em contrário da Assembléia
Geral. Caso tenha ocorrido prejuízo no exercício, o mesmo poderá ser coberto
pelas reservas legais. Se forem insuficientes, poderá ser estabelecido um prazo,
no exercício seguinte, para sua cobertura ou haverá uma chamada extra de capital
(parcelas adicionais de capital solicitadas aos cooperados). A remuneração da
cota-parte (limitada a 12% ao ano) sofre tributação do imposto de renda ao passo
que as sobras líquidas distribuídas proporcionalmente aos associados não são
tributáveis na declaração de imposto de renda da pessoa física.

O direito de retirada, observado o Estatuto Social

O associado tem o direito assegurado, pela legislação, de se retirar da sociedade


quando assim julgar conveniente. O Estatuto Social estabelecerá as condições da
devolução de suas cotas-partes, corrigidas. Usualmente, a devolução é feita após
o encerramento do exercício social e da aprovação do balanço geral. O retirante
tem direito às distribuições de resultados ou o dever de cobrir parte do prejuízo,
caso verificado. Caso a devolução dos recursos ao associado possa prejudicar a
cooperativa, poderá ser estabelecido um parcelamento dos mesmos. No caso de
falecimento do associado, suas cotas-partes serão pagas aos herdeiros,
obedecido ao procedimento citado acima.
TEORIA

71
A Cooperativa de Crédito como Agente de Desenvolvimento Local

O desenvolvimento econômico local e regional atualmente encontra-se em


evidência como novo conceito de promoção do bem estar social. Há muitas
organizações em todo o mundo, que o promovem. A definição pura do termo
corresponde à totalidade de todas as medidas realizadas por parte de empresas
ao nível local para a tomada de decisão sobre investimentos.

Freqüentemente surge a dúvida se as cooperativas de crédito devem se envolver


em questões relativas ao desenvolvimento local, uma atividade que em um
primeiro momento parece ser mais uma obrigação do poder público do que de
uma instituição financeira.

As cooperativas de crédito devem ser protagonistas na elaboração e


implementação de políticas de interesse público. Cabe a elas relevante papel no
desenvolvimento econômico e social do município, como órgãos agregadores do
empresariado local. Assim, é importante que ela garanta, por um lado, estar
presente em todos os conselhos e iniciativas que planejam e implementam o
desenvolvimento do município, e, por outro lado, que apresentem competência na
definição e implementação de propostas para alcançar este objetivo.

REFLEXÃO

Ninguém é dono, isoladamente, da cooperativa de crédito. Todos os associados


são seus donos em igualdade de condições. Pela Lei nº 5.764/71, em seu art. 24,
§ 1º, nenhum associado pode ter mais do que 1/3 do capital da cooperativa. A
proibição serve para evitar a concentração de poder em mãos de um único
associado.

LEMBRETE PARA OS GESTORES:

No sistema capitalista, no qual o Brasil e as instituições financeiras estão


inseridos, não se maltrata o capital. É preciso que a cooperativa de crédito seja
administrada de maneira a garantir a remuneração legal aos cotistas. O que mais
afasta associados de uma cooperativa é terem que assumir e dividir (ratear)
prejuízos e perdas patrimoniais.

EXEMPLO

72
Agora que você já conhece os aspectos relativos à formação e importância de
uma cooperativa de crédito, você vai conhecer o exemplo da cooperativa de
crédito da cidade de São Roque de Minas (MG), e verificar como a cooperação
pode transformar a vida de pessoas e sociedades inteiras, quando é trabalhada
corretamente. Acompanhe...

A cidade de São Roque de Minas...

É uma cidadezinha de 2.000 Km2, com uma população (censo de 2000) de pouco
mais de 6.000 habitantes, dos quais 4.000 se dedicam a atividades agropecuárias.
É localizada na Serra da Canastra, no centro-oeste mineiro, abrigando a nascente
do rio São Francisco.

SAIBA MAIS

A partir de 1991

Em junho de 1991, foi constituída a Cooperativa de Crédito Rural de São Roque


de Minas Ltda. – Saromcredi, com 22 sócios fundadores. Idealizada pelo atual
presidente, Sr. João Carlos Leite, objetivava, inicialmente, apesar da grande
resistência encontrada, apenas a prestação de serviços bancários e, com isto,
aumentar a auto-estima dos moradores locais.

73
Suas principais metas eram fazer o pagamento aos cerca de 800 aposentados
que lá viviam e trazer as movimentações dos “queijeiros” (como são chamados os
intermediários na compra/venda dos queijos locais) de volta ao município, fazendo
com que eles realizassem o pagamento dos produtores de queijo pela
cooperativa.

A cooperativa de crédito facilitou a vida dos aposentados, garantindo, também, a


permanência no município de seus salários e aumentando suas aplicações na
Instituição, pois muitos deles eram produtores rurais associados à cooperativa.

A partir daí, a Saromcredi começou a obter uma série de resultados bastante


significativos, participando não só como Instituição Financeira, mas também
através de outras instituições e projetos por ela criados, destacando-se, entre
outros, a Fundação Saromcredi, o Instituto Ellos de Educação, o Projeto Pró-Touro
e o Projeto Queijo Canastra.

Para saber mais sobre a SAROMCRED...

Em 1993, a cooperativa de crédito utilizou recursos de suas reservas legais


(Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social – FATES) para criar a
Fundação Saromcredi com o objetivo de comprar, produzir e distribuir mudas
de café para seus associados e, desta forma, ajudar o crescimento econômico do
município. Como resultado desta distribuição, a produção de café aumentou
significativamente em dez anos (de 3.000 sacas em 1992 para 60.000 sacas em
2005).

Além disto, a Fundação tem levado uma série de cursos de qualificação para os
produtores rurais associados. Com isto, segundo João Carlos Leite, mais de
cinqüenta produtores rurais já fazem inseminação artificial em suas vacas, sendo
que, em 1995, somente um produtor fazia uso desta técnica. Ainda com recursos
da Fundação Saromcredi foi criada uma cooperativa educacional que mantém o
Instituto Ellos de Educação, que tem como filosofia: “E” de ética, “L” de liderança,
“L” de liberdade, “O” de organização e “S” de solidariedade, e sem se esquecer de
ensinar o cooperativismo às crianças do município de modo a preparar as novas
gerações de associados e de dirigentes da Saromcredi.

Atualmente, a escola possui mais de 100 alunos e turmas do maternal à quinta


série do ensino fundamental e seus custos são subsidiados pela Cooperativa. Um
outro projeto importante que vem sendo realizado é o Projeto Pró-Touro que
financia a aquisição de touros de alta linhagem genética aos associados a uma
taxa de juros de 6% ao ano e com 24 meses para pagar. Aumentando a renda do
associado, aumentam seus depósitos na Saromcredi, garantindo, assim o
crescimento econômico do município e da própria cooperativa de crédito.

Está, também, em desenvolvimento, o Projeto “Queijo Canastra”. Para isto, foi


firmado um convênio com a Secretaria da Agricultura do Estado de Minas Gerais e
com a FERT, uma ONG francesa, com o objetivo de qualificar os queijos da Serra
da Canastra e adequá-los às exigências sanitárias.
74
Atualmente, a área de atuação da cooperativa abrange os municípios de São
Roque de Minas (sede), Bambuí, Delfinópolis, Medeiros, Piumhi, Sacramento,
Tapira, Vargem Bonita, São João Batista do Glória, Passos e Pratinha, todos na
Serra da Canastra.

Possuía, em outubro de 2006, 6.100 associados e 4 Postos de Atendimento


Cooperativos (PAC’s) nos vilarejos vizinhos. O volume total de seus ativos era
cerca de R$ 23,7 milhões, o Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) de R$ 4,5
milhões, saldo de depósitos de R$ 20,6 milhões e o valor total de suas operações
de crédito de R$ 19,7 milhões, com uma inadimplência de apenas 1,68%. O
turismo também começa a se destacar como atividade econômica da cidade,
situada no Parque Nacional da Serra da Canastra. O número de visitantes saltou
de 2 mil/ano (em 1994) para cerca de 30 mil/ano, em 2005.

Em 2004, a Saromcredi transformou-se em cooperativa de livre admissão de


associados. Suas possibilidades de crescimento foram, então, potencializadas.
Segundo o seu idealizador, “toda cooperativa precisa buscar sua função na
sociedade, e a Saromcredi é a maior instituição de São Roque, estando envolvida
em todos os segmentos da vida da comunidade”.

Viram? Entre as montanhas de Minas, a pequena São Roque, a cidade do Miguel


Formigas e Dona Guiga, dá exemplo de um grande cooperativismo... Eles são
testemunhas de como é possível melhorar a vida neste planeta contribuindo para um
desenvolvimento solidário e responsável. Foram alunos dos cursos promovidos pela
Cooperativa e estão aqui completando a sua formação.

RESUMO

Esta unidade abordou um tema de fundamental para o gestor de cooperativa de


crédito: a importância das cooperativas de crédito no desenvolvimento local.

Você pôde observar que, em razão do baixo custo operacional e apesar da


natureza empresarial, as cooperativas de crédito podem fornecer aos seus
associados empréstimos com juros menores que os praticados pelos bancos
locais e remunerar suas aplicações com taxas superiores às do mercado. E ainda,
como as cooperativas de crédito só podem operar com seus associados, a maior
parte dos seus recursos é aplicada no próprio município, contribuindo para o seu
desenvolvimento.

Quanto às vantagens oferecidas pela cooperativa de crédito a seus associados, as


principais são: o voto em igualdade de condições, o atendimento personalizado, a
remuneração da cota-parte, a participação dos associados nas sobras do
exercício e o direito de retirada.

Finalmente, utilizando como exemplo o caso da cooperativa de crédito da cidade


de São Roque de Minas (MG), você teve a oportunidade de compreender a
importância da cooperação para transformar a vida de pessoas e de sociedades

75
inteiras, permitindo um desenvolvimento solidário e sustentável da comunidade
local.

Nas próximas telas você encontrará alguns exercícios que foram preparados
especialmente para você! Procure resolvê-los calmamente. SUCESSO!!!

EXERCÍCIO

Para que você avalie como está sua aprendizagem, preparamos alguns exercícios
sobre a natureza empresarial das cooperativas de crédito e o seu papel no
desenvolvimento local.

Leia as afirmativas abaixo. Verifique se são verdadeiras ou falsas. Aquela


afirmativa que você julgar falsa, corrija-a, apresentando elementos que a
tornem verdadeira.

Gabarito: 1 ( F), 2 ( V), 3 (V), 4 (V).

1.( ) Apesar de sua natureza empresarial, a cooperativa de crédito não pode ser
considerada uma instituição financeira porque não pode oferecer aos seus
associados opções de aplicação dos recursos de curto e médio prazos;

2.(..) Nos bancos, os rendimentos são apropriados pelos donos, constituindo lucro;
nas cooperativas de crédito, as sobras apuradas são divididas entre os associados
proporcionalmente às suas operações com a instituição ou utilizadas para a
constituição de reservas;

3.(..) Atuando como empresa, da mesma forma que os bancos comerciais, a


cooperativa de crédito deve ter uma estrutura funcional com direção, gerência e
setor operacional. Seus funcionários podem ou não ser cooperados e são regidos
pelo regime trabalhista da CLT;

4.(..) Como as cooperativas de crédito só podem operar com seus associados, a


maior parte dos seus recursos tende a ficar no próprio município, contribuindo
para o desenvolvimento da comunidade local e a melhoria da situação social e
econômica dos cooperados.

EXERCÍCIO

Sobre as principais vantagens oferecidas pela cooperativa de crédito a seus


associados, assinale a alternativa correta:

A ( ) A participação dos associados no capital da cooperativa depende de sua


condição financeira. Por esta razão, nas assembléias, cada associado tem direito
a uma quantidade de votos proporcional a sua participação no capital da
cooperativa.

76
B ( ) As sobras líquidas do exercício que são distribuídas aos associados pelas
cooperativas de crédito são tributáveis na declaração de imposto de renda da
pessoa física.

C ( ) A cooperativa de crédito é formada, geralmente, por pessoas que se


conhecem, com afinidades profissionais e/ou econômicas. Nas operações do dia-
a-dia, os cooperados são tratados como proprietários e suas demandas pessoais
são respeitadas, sendo-lhes dispensado um atendimento personalizado.

Gabarito:

Resposta correta: Alternativa C

Comentário da alternativa A: Resposta Incorreta.

A participação dos associados no capital da cooperativa depende de sua condição


financeira. O valor de cada cota-parte não pode exceder o do salário mínimo. E o
máximo que um associado pode subscrever é 1/3 do capital total da cooperativa.
No entanto, nas assembléias, cada associado tem um voto,
independentemente da sua participação no capital da cooperativa. É o
princípio Um Homem, Um Voto.

Comentário da alternativa B: Resposta Incorreta.

A cooperativa de crédito distribui proporcionalmente aos associados as sobras


líquidas do exercício. Entretanto elas não são tributáveis na declaração de
imposto de renda da pessoa física.

Alternativa C. Resposta Correta.

77
REFLEXÃO

Prezado aluno. Prezada aluna.

Neste momento e antes de prosseguir, sugerimos que você retorne à tela 16 e


releia o caso da cooperativa de crédito da cidade de São Roque de Minas (MG).

Agora, pare para refletir um pouco e extraia do caso apresentado os aspectos que
evidenciam ser possível a melhoria da situação social e econômica dos
cooperados e o desenvolvimento sustentável da comunidade local, bem como o
papel importante do gestor de uma cooperativa de crédito neste processo.

Redija um documento contendo suas idéias. Vá ao Fórum e encaminhe este


documento para seu Tutor.

Lembre-se: se tiver dúvidas a respeito da navegação do curso ou dos recursos


disponíveis que podem facilitar sua aprendizagem, consulte o guia.

O assunto tratado nesta unidade deve ter contribuído para acrescentar


conhecimentos e informações à grande experiência que você já tem. Logo mais
vamos nos encontrar para nos deter nos principais sistemas cooperativistas*
de crédito.

Até mais!

78
Pacote 1: Gestão de Cooperativas de Crédito
Cápsula 1: As Cooperativas de Crédito
Unidade 6: Sistemas Cooperativistas de Crédito

Caro aluno. Cara Aluna. Bem-vindo, bem-vinda!

A unidade anterior abordou a importância das cooperativas de crédito no


desenvolvimento local e o papel do gestor de uma cooperativa de crédito neste
processo. Você pôde refletir sobre os aspectos que evidenciam ser possível a
melhoria da situação social e econômica dos cooperados e o desenvolvimento
sustentável da comunidade local. Pôde perceber, também, que as cooperativas de
crédito devem ser protagonistas na elaboração e implementação de políticas de
interesse público. Cabe a elas relevante papel no desenvolvimento econômico e
social do município, como órgãos agregadores do empresariado local.

Nesta unidade, você vai ter a oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre
os principais sistemas cooperativistas de crédito.

Já podemos começar?

TEORIA

Os principais sistemas cooperativistas de crédito no Brasil

Como você viu até aqui, o associativismo é de vital importância para os


indivíduos resolverem seus problemas comuns, principalmente aqueles de crédito.
Como no mundo das formigas, não é possível conceber que cooperativas de
crédito atuem de forma isolada. O mercado financeiro denomina-as como
“cooperativas solteiras”, pois é muito importante que elas se unam para
alcançarem ganhos maiores.

Tal qual no formigueiro, as cooperativas devem atuar para alcançarem objetivos


comuns e todos precisam desempenhar funções diferenciadas, mas articuladas
com o máximo de participação, democracia, solidariedade.

Como o formigueiro, as cooperativas são partes de um sistema econômico-


financeiro e devem ser geridas de acordo com as regras próprias estabelecidas e
79
aplicáveis a todas instituições integrantes desse sistema. No Brasil, o
desenvolvimento verificado no segmento nos últimos anos está baseado nos
Sistemas Cooperativistas de Crédito: Cooperativas Singulares, Centrais,
Confederações de Cooperativas e Bancos Cooperativos.

TEORIA

Para atuar como rede, nos moldes dos bancos comerciais e múltiplos, com
ganhos de escala, atendimento em tempo real, oferta de serviços e produtos
interessantes e com a confiabilidade necessária, é vital que os sistemas sejam
proprietários de bancos cooperativos.

Atualmente, os sistemas Sicoob e Sicredi já constituíram seus bancos. O sistema


Sicoob é proprietário do Bancoob e o Sicredi, do Bansicredi. O sistema Unicred
utiliza-se da rede do Bansicredi e, onde o banco não atua, da rede do Banco do
Brasil para os serviços de compensação de cheques. As cooperativas integrantes
de outros sistemas e as independentes, chamadas de “solteiras”, atuam com
bancos de sua livre escolha, não se constituindo, propriamente, em redes de
atendimento.

LEMBRETE!

A rede é importante principalmente para aquelas cooperativas de crédito que


mantêm atendimento em agências (com conta-corrente) aos seus associados.

Você verá, agora, alguns dados de dezembro de 2005 que mostram como estão
compostos os principais Sistemas Cooperativistas de Crédito no Brasil. Os
dados dos Sistemas Cresol e Ecosol são de dezembro de 2004.

80
SAIBA MAIS

Para ampliar suas informações sobre os sistemas cooperativos de crédito,


veja alguns indicadores na tabela abaixo:

PRINCIPAIS INDICADORES DOS SISTEMAS COOPERATIVOS BRASILEIROS


Base:
dezembro/2005

INDICADORES SISTEMAS
Sicoob Sicredi Unicred Cresol (*) Ecosol (*)
Estados + DF 21 10 24 3 9
Centrais 14 5 9 2 1
Singulares 675 130 129 67 26
PAC’s 947 760 358 0 5
Associados (**) 1.300.000 960.000 121.000 45.000 6.000
PLA - R$
milhões 1.900 1.000 654 21,5 ND
(*) dezembro/2004
(**) arredondado
Fontes: Internet, relatórios dos Sistemas, palestras dos dirigentes etc.

TEORIA

Os Bancos Cooperativos

Sua principal função é prestar serviços às cooperativas de crédito, especialmente


o de representá-las na Compensação de Cheques e de Outros Papéis - COMPE,
mediante a celebração de convênios com as cooperativas centrais em cada
estado, conforme autorizado pelo Banco Central do Brasil. Oferecem, ainda, aos
associados das singulares, linhas de repasse de bancos oficiais, tais como Pronaf
(Programa Nacional de Agricultura Familiar), Finame (Financiamento de Máquinas
e Equipamentos), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social) etc. São agentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
para aplicação dos recursos do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia
Cafeeira).

O primeiro banco cooperativo foi criado em 1995. Trata-se do Banco Cooperativo


Sicredi S/A - Bansicredi sediado em Porto Alegre - RS, ligado às cooperativas
filiadas ao Sistema de Crédito Cooperativo Sicredi.

81
Em 1997, foi a vez do Banco Cooperativo do Brasil S/A –Bancoob, criado pelas
cooperativas integrantes do Sistema de Crédito do Sicoob. Sua sede é em
Brasília, DF.

É importante que os gestores de cooperativas de crédito saibam que suas


instituições não são agências dos bancos cooperativos. Os bancos cooperativos
se sujeitam à legislação aplicável aos bancos comerciais ou múltiplos, ao passo que
as cooperativas, instituições financeiras independentes e autônomas, têm
legislação própria. Em comum, bancos e cooperativas de crédito seguem normas
emitidas pelo Banco Central do Brasil e são por ele fiscalizados, por determinação
legal.

TEORIA

Confebrás – Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito, fundada


em 01/11/86, em substituição a “Federação Leste-Meridional de Cooperativas de
Crédito – FELEME, cuja constituição deu-se em 03/08/61. Sua sede fica em
Brasília, é o órgão de representação nacional do Sistema.
(http://www.confebras.com.br)

Sicoob Brasil – Confederação Nacional das Cooperativas do Sicoob. Foi


criada em 2002, e também tem sede em Brasília - DF. Seu objetivo é orientar,
ordenar e coordenar as atividades das instituições que integram o Sistema
Cooperativo de Crédito do Sicoob.
(www.sicoob.com.br)

Sicredi Serviços – Confederação Interestadual das Cooperativas Ligadas ao


Sicredi, com sede em Porto Alegre - RS, tem como principal objetivo desenvolver
tecnologia de informática e de processos para as cooperativas associadas ao
Sistema Cooperativo de Crédito Sicredi. (www.sicredi.com.br)

Unicred do Brasil - Confederação Nacional das Centrais das Cooperativas


Unicreds, com sede em São Paulo - SP, tem a missão de coordenar as ações
políticas e administrativas para implantação pelas centrais do Sistema Unicred,
visando a padronização dos processos e a defesa da marca Unicred, de forma a
promover a integração de todo o sistema, em nível nacional. (www.unicred.com.br)

TEORIA

Os Sistemas Ecosol e Cresol não constituíram, ainda, confederações. Para a


constituição de uma Confederação são necessárias, pelo menos, 3(três)
cooperativas centrais. Hoje, o Sistema Ecosol dispõe de uma Central e o Cresol,
de duas. A entidade representativa do movimento cooperativista da América
Latina é a COLAC – Confederação Latino-americana de Cooperativas de
Trabalho e Crédito, constituída em 13/08/1970, com sede no Panamá, país da
América Central.

COMENTARIOS
82
Você já ouviu aquela frase que diz "homem nenhum é uma ilha.." do poeta inglês
John Donne (1573-1631)?

Pois é, já se pensava assim no século 17!

As cooperativas são mais fortes quando participam de sistemas organizados,


representados por federações, confederações nacionais, continentais e
internacionais.

EXEMPLO

Leia um pouca mais para conhecer esse exemplo de sucesso!

Na comunidade da favela Conjunto das Palmeiras, em Fortaleza (CE), onde 90%


dos 30 mil moradores ganham até dois salários mínimos, a moeda social se
chama Palmares. A Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras criou um
banco que faz empréstimos, financia negócios e concede cartão de crédito para a
sua clientela, formada por famílias de baixa renda. Em meio à alta dos juros
provocada pela crise asiática, o Palma$ cobrava uma taxa de 1,5% ao mês. A
área de atuação do banco, no entanto, é restrita ao Conjunto Palmeiras, cujos
moradores têm renda média de dois salários mínimos. O coordenador do Banco
Palma$ diz que a idéia surgiu quando a associação decidiu eleger a geração de
emprego e de renda como prioridade. "Decidimos criar um banco que estimulasse
empreendimentos entre os moradores e que, ao mesmo tempo, viabilizasse o
consumo interno na comunidade",

Atualmente, o banco tem o Palmacard, um cartão de crédito que dá acesso a


compras numa rede de 57 pequenos estabelecimentos do bairro. O limite do
cartão é de R$ 20, mas sobe gradativamente até R$ 100, dependendo do
comportamento do usuário. O pagamento das compras efetuadas com o cartão é
feito mensalmente, sem cobrança de juros. O cartão fortalece comerciantes do
bairro e ajuda os moradores em pequenas compras de emergência. A mesma
filosofia foi adotada na linha de crédito criada pelo Banco Palma$ para financiar
compras de móveis, roupas e eletrodomésticos até R$ 200. O pagamento pode

83
ser feito em dez meses. "A nossa única exigência é que o produto seja comprado
de um pequeno empresário do bairro. Queremos criar mercado para produtos
fabricados pelos moradores."

O Banco Palma$ concede ainda empréstimos de até R$ 300 para que moradores
possam montar pequenos negócios ou comprar equipamentos para trabalhar. A
inadimplência tem sido nula desde o início do funcionamento do banco. A clientela
em potencial são os 657 membros da associação de moradores.

Diante desse exemplo, como gestor de uma cooperativa de crédito você precisa
fazer uma leitura da realidade de sua comunidade para que a cooperativa exerça
uma de suas funções, que é contribuir para o desenvolvimento sustentável da
comunidade. Que lições você pode tirar desse exemplo? Que atitudes você, como
gestor da cooperativa, deve tomar diante de situações semelhantes a essa
realidade? Pense a respeito!

RESUMO

Nesta unidade, você tomou conhecimento da existência dos principais sistemas


cooperativos brasileiros que são as Cooperativas Singulares, as Cooperativas
Centrais, as Confederações de Cooperativas e os Bancos Cooperativos. Ficou
sabendo, também, que:

 O Sistema Sicoob (Sistema das Cooperativas de Crédito do Brasil),


bem como o Sicredi (Sistema de Crédito Cooperativo), com suas
cooperativas singulares e seus bancos, atuam integrados operacionalmente,
funcionando como uma verdadeira rede.

 Somente em 1995 foi criado o primeiro banco cooperativo, o Bansicredi –


Banco Cooperativo Sicredi S/A, sediado em Porto Alegre - RS, ligado às
cooperativas filiadas ao Sistema de Crédito Cooperativo Sicredi e em 1997, o
Bancoob – Banco Cooperativo do Brasil S/A, criado pelas cooperativas
integrantes do Sistema de Crédito do Sicoob com sede em Brasília, DF.

 Os bancos cooperativos se sujeitam à legislação aplicável aos bancos


comerciais ou múltiplos, ao passo que as cooperativas, instituições
financeiras independentes e autônomas, têm legislação própria. Entretanto, os
bancos e as cooperativas de crédito seguem normas emitidas pelo Banco
Central do Brasil e são por ele fiscalizados, por determinação legal.

84
EXERCÍCIO

Assinale, nas afirmações a seguir, a que não é correta:


(.....) a) o Sicoob é, atualmente, o maior sistema cooperativista de crédito
do Brasil, presente em 20 Estados e Distrito Federal, operando com 14
Centrais e 675 cooperativas singulares (posição 31/12/2005);
(.....) b) o Cresol é o sistema cooperativista de crédito com interação
solidária, atuando junto aos produtores familiares nos estados de Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná;
(.....) c) todos os Sistemas Cooperativistas já são proprietários de um Banco
Cooperativo;
(.....) d) o sistema Unicred é articulado com a Unimed e surgiu para
administrar os recursos gerados pela organização. É formado pela
Confederação, 9 Centrais e 129 cooperativas singulares (posição
31/12/2005);

Gabarito: A resposta que não é correta é “C”.

COMENTARIOS

Retorne à tela principal, clicando no botão Concluir (localizado na parte superior


direita da tela). No ambiente de aprendizagem, irá visualizar o formigueiro (nossa
imagem-guia, a metáfora), e poderá acessar no Menu um novo roteiro em direção
ao assunto Cooperativismo de Crédito e o Sistema Financeiro Nacional.

Toda a comunidade formada por alunos e Tutores deste curso está à sua espera.

Pacote 1: Gestão de Cooperativas de Crédito

85
Cápsula 1: Cooperativismo de Crédito
Unidade 7: Cooperativismo de Crédito e o Sistema Financeiro Nacional

Olá, caro(a) aluno(a)!

Você já está familiarizado(a) com a navegação no ambiente de aprendizagem.


Transitar neste ambiente e conhecê-lo bem vai facilitar a sua aprendizagem. Você
poderá utilizar todos os recursos tecnológicos (Fórum, Mural, Midiateca,
Glossário), que estão disponíveis para os alunos e tornarão o seu trajeto mais
eficaz, pois poderá obter melhores resultados neste curso.

Como os nossos guias, Miguel Formigas e Dona Guiga (gestores de uma


cooperativa de crédito), você já domina um conjunto de informações até aqui
apresentadas. Elas serão de grande utilidade para aprimorar as suas atividades
como gestor(a) de uma cooperativa de crédito, ou , se você ainda não exerce a
função, os estudos vão capacitá-lo(a) para o exercício do papel.

Na unidade anterior você teve a oportunidade de conhecer mais a fundo os


principais sistemas cooperativistas de crédito, os bancos cooperativos e as
confederações de cooperativas de crédito.

Nesta unidade, você aprofundará seus conhecimentos, compreendendo as


relações do cooperativismo de crédito com o Sistema Financeiro Nacional e
como este sistema está organizado atualmente. Para tanto, siga firme em seus
propósitos e mantenha-se motivado(a), pois você estará concluindo, com sucesso,
a primeira etapa deste curso.

Lembre-se! Se tiver dúvidas sobre qualquer aspecto do curso, encaminhe a sua


questão ao Tutor. A sua questão pode gerar uma sessão do Fórum (lapela
horizontal). É dessa forma que a comunidade de conhecimento vai se ampliando
com ganhos expressivos para todos os seus participantes e para o cooperativismo
no nosso país.

Vamos recomeçar?

CURIOSIDADES

Você agora vai conhecer as Doze Virtudes necessárias para que o


cooperativismo possa ampliar horizontes.

86
Como você pôde perceber no início desta caminhada, o formigueiro foi a
simbologia escolhida para você adentrar na temática do cooperativismo. As
formigas representam força, determinação e respeito mútuo. Isso caracteriza um
coletivo totalmente articulado. Para que isso aconteça em sua cooperativa e na
sua tarefa de gestão da cooperativa, torna-se fundamental o desenvolvimento de
atitudes e consolidação de valores.
Reflita bem sobre cada um desses valores. Espero que você possa, como gestor
de uma cooperativa de crédito, desenvolvê-las bem.

87
DEBATE VIRTUAL

Como você pôde observar, estas doze virtudes apresentam algumas


características muito semelhantes ao momento atual. No entanto, estes valores
foram definidos pelos tecelões de Rochdale quando surgiu a idéia do
cooperativismo.

Se você deseja maiores informações sobre este período da história do


cooperativismo, retorne à unidade O Cooperativismo no Mundo e no Brasil e na
tela 4 (Teoria) encontrará a informação desejada.

Lembra-se do procedimento? Clique em Concluir (parte superior da tela, à direita)


para retornar à tela inicial do ambiente de aprendizagem, acesse o Menu e
localize a unidade desejada. Como você vê, é fácil navegar neste “formigueiro”.

Vamos refletir sobre as doze virtudes com o objetivo de torná-las mais adequadas
à atualidade, tendo em vista que essas virtudes foram definidas em 1886, durante
o II Congresso de Cooperativas de Consumo realizado em Lyon, na França.
Estamos em outro momento histórico e naturalmente há novas exigências.
Procure adaptar essas virtudes que foram apresentadas ao momento do país e, se
quiser, acrescente outras.

Após a reflexão, vá ao Fórum (lapela vertical) e troque com seus colegas de curso
opiniões e impressões sobre o assunto.

SAIBA MAIS

Vamos ver mais sobre as principais diferenças entre a sociedade cooperativa,


que se baseia nos valores da cooperação, solidariedade, segurança, e a
sociedade empresária, que prioriza o interesse individual, o lucro.

88
LEMBRETE....

Na Midiateca (lapela horizontal), você encontrará a legislação pertinente ao


cooperativismo de crédito. Vá, também, à seção Documento Eletrônico onde se
encontram vários endereços que você poderá consultar para enriquecer as suas
pesquisas. A informação é o instrumento básico do trabalho do gestor.

APRESENTAÇÃO PANORÂMICA

O Sistema Financeiro Nacional

A Constituição Federal de 1988 deu mais autonomia ao cooperativismo brasileiro,


com as cooperativas de crédito sendo confirmadas como instituições financeiras
que integram o Sistema Financeiro Nacional. Em decorrência, tiveram de
assumir a autogestão plena, passando a ser responsáveis pelo próprio sucesso ou
fracasso.

Assim, é importante que os gestores de cooperativas de crédito conheçam a


estrutura do Sistema Financeiro Nacional, para que situem com propriedade sua
cooperativa nesse ambiente. Lembre-se! A cooperativa de crédito é uma
89
instituição financeira classificada como “monetária”. Na tela 20, este item é tratado
e você encontrará as explicações necessárias.

Sistema Financeiro, segundo Fortuna no livro “Mercado Financeiro – produtos e


serviços“ (indicação completa na Midiateca, seção Referência Bibliográfica) pode
ser definido como:

“um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de


propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre
poupadores e investidores”.

Mercado Financeiro é

o local onde se processam essas transações que permitem que um indivíduo ou


empresa (agente econômico) detentor de poupança, seja colocado em contato com
outro, que demanda essa poupança para investimento.

Agora leia a reportagem a seguir:

Impulso ao microcrédito
Por Márcio Meloni

O cooperativismo de crédito brasileiro vive um momento promissor motivado pelas


aberturas positivas implantadas pelo governo Lula e pela possibilidade de o
movimento se fortalecer com a provável criação de uma linha de financiamento
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O BNDES promete
liberar R$ 3,2 bilhões, o que poderá dobrar o patrimônio das cooperativas de
crédito que, em dezembro de 2004, era de R$ 2,2 bilhões. O processo, em fase
final de avaliação, representa uma virada histórica e vai aumentar a participação
do sistema de crédito cooperativo no mercado financeiro, que hoje responde
apenas por 1,94% das transações.

A promessa de um financiamento direcionado representa uma oportunidade rara


para a capitalização das cooperativas, atualmente alimentadas pelas contribuições
dos associados e pelos juros cobrados sobre os empréstimos. Como o sistema
não visa lucro, os juros cobrados dos associados, muito abaixo dos índices
praticados pelo mercado, não permitem uma expansão rápida e sustentada.

EXEMPLO

É... parece que a saída para se reduzir as desigualdades está na perspectiva de


microcrédito para combater a pobreza e a fome no mundo. Você não acha? Veja
alguns exemplos que já acontecem no Brasil e que estão dando certo!

90
As finanças na luta contra a pobreza
Ricardo Abramovay

(...)
É equivocada a idéia de que primeiro os pobres devem ampliar sua geração de
renda para, só então, demandar serviços financeiros formais. Na verdade, o
acesso aos bancos é uma das mais importantes condições para aumentar as
chances daqueles que vivem do trabalho por conta própria e próximo à linha de
pobreza. Os três milhões de contas bancárias abertas nos últimos 18 meses –
sobretudo em bancos estatais – fazem parte de um conjunto de iniciativas que
podem contribuir para alterar o conteúdo social do crescimento econômico num
país tão desigual como o Brasil. Uma vez afastada a barreira do ingresso, a
tendência é que se amplie o uso dos seguros – que já começam a ser oferecidos a
preços populares – da poupança e do crédito. Neste sentido, a experiência do
microcrédito em São Paulo é exemplar. Dois estudos recentes – o do DIEESE
sobre o São Paulo Confia e o do CEBRAP sobre o Banco do Povo do Estado de
São Paulo, o Banco do Povo de Santo André e o Real Microcrédito – mostram
que, apesar das várias diferenças entre estes diversos programas, eles
conseguiram reduzir a inadimplência e elevar a renda dos que tomaram
empréstimos. Parte muito importante do público atingido nunca tinha conseguido
acesso a uma conta bancária. Ao que tudo indica o segredo está na capacidade
de juntar a preocupação em oferecer serviços a populações pobres com o rigoroso
respeito à racionalidade econômica, que se traduz no pagamento dos
empréstimos por parte dos beneficiários. Medidas recentes tendem a permitir que
as carteiras destas organizações de microcrédito – que até aqui operam numa
escala ainda reduzida – sejam financiadas por banco comerciais. Este será um
passo decisivo para que a história do crescimento econômico brasileiro deixe de
apoiar-se sobre a aceleração da desigualdade.

ESTUDO DE CASO

A reportagem (tela 6) trouxe para você um conjunto de informações que


contribuem em muito para o seu trabalho como gestor de uma cooperativa de
crédito. O texto focaliza as potencialidades das cooperativas de crédito como
instrumentos vigorosos que podem transformar a realidade de exclusão e pobreza
de nosso país.

91
Sabemos que você tem uma vasta experiência de vida e pode fornecer alguns
dados da realidade em que convive para ampliar a rede de conhecimentos que o
curso estimula.. Conte-nos um pouco da história da sua comunidade, tente
identificar situações de exclusão e procure lançar algumas sugestões que podem
ser realizadas a partir de uma cooperativa de crédito.

Eis um desafio para você...

Miguel Formigas, o nosso gestor, tem um problema. Ele percebeu em sua


comunidade que o desemprego era grande e as formigas começavam a tomar as
ruas, montar barraquinhas para vender uma série de pequenos objetos, de
bugigangas. As barracas vendiam, geralmente, os mesmos produtos,
inviabilizando qualquer perspectiva de desenvolvimento. Conversou com todos
esses comerciantes sobre as expectativas de seus negócios e a maioria não tinha
sequer clareza de como fazer para melhor desenvolver seu negócio. O que fazer?

Após analisar a situação, proponha um encaminhamento para o problema dessa


comunidade. Utilize o espaço abaixo para registrar sua resposta. Você já dispõe
de um conjunto de informações que podem auxiliá-lo(a) na tarefa. Vá, então, ao
Fórum (lapela vertical) e socialize com todos as suas sugestões. Aproveite as
oportunidades que este curso lhe oferece para ampliar a sua experiência e os
seus conhecimentos com os quais você estará fortalecendo o seu processo de
tomada de decisão, competência indispensável aos gestores de cooperativas de
crédito

TEORIA

Período histórico até 1964

 As atividades bancárias no Brasil iniciaram-se no Império, baseadas


no modelo europeu, ou seja, os bancos serviam quase que exclusivamente
para receber depósitos e conceder empréstimos.
 Em 1808, Dom João VI criou um banco denominado Banco do Brasil,
para administrar os recursos da família real. Não é o mesmo que existe
atualmente, pois foi liquidado em 1829, após o retorno da família real a
Portugal, que se deu em 1821.

92
 Em 1920 foi criada a Inspetoria Geral dos Bancos (Decreto nº
4.182/20) e começou o controle oficial sobre o segmento bancário. O mesmo
decreto instituiu a Carteira de Redesconto do Banco do Brasil.
 Em 1933, no Governo Vargas, foi editado o Decreto nº 22.626/33,
denominado Lei da Usura, estabelecendo o teto máximo das taxas de juros em
12% ao ano.
 Em 1945, através do Decreto-Lei n° 7.293, também no Governo
Vargas, foi criada a SUMOC – Superintendência da Moeda e Crédito,
iniciando-se efetivamente o controle do volume de crédito e dos meios de
pagamento, com a instituição do Depósito Compulsório. As atividades da
SUMOC eram de responsabilidade do Banco do Brasil. Como se vê,
historicamente o Banco do Brasil exerceu funções relevantes no mercado
financeiro, ao abrigar a Inspetoria e a SUMOC.

TEORIA

Pense um pouco. O termo instituição financeira está presente nos noticiários


dos jornais, emissoras de rádio e TV, propagandas etc. Até parece que já faz parte
da fala de todas as pessoas.

Vamos construir uma definição para esta palavra. Para tanto, relacione 4 ou 5
palavras que, segundo você, estão contidas na definição de instituição
financeira, como por exemplo, atividade, dinheiro...Continue a relacionar,
registrando no espaço abaixo.

93
Concluiu a relação das palavras? Confira o seu acerto.

 A Lei n° 4.595/64, em seu Art. 17, caracteriza como instituições


financeiras "as pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como
atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de
recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros".

 Complementarmente, seu parágrafo único, diz: "Para os efeitos desta


Lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as
pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas nesse artigo,
de forma permanente ou eventual".

TEORIA

No início da década de 60, o Brasil contava com mais de 500 matrizes de bancos.

O regime militar instalado em 1964 iniciou a reestruturação do Sistema Financeiro


Nacional, com a edição de uma série de leis:

 Lei da Correção Monetária (4.357/64)


 Lei do Plano Nacional da Habitação (4.380/64)
 Lei da Reforma do Sistema Financeiro (4.595/64)
 Lei do Mercado de Capitais (4.728/65)
 Lei da Comissão de Valores Mobiliários (6.385/76) e das Sociedades por
Ações (6.404/76).

A severidade das novas normas para o sistema financeiro provocou o fechamento


de inúmeros bancos, bem como um processo de fusões e incorporações.

O Sistema Financeiro Nacional, atualmente, é considerado como saneado e


solidificado, com grande liberdade de atuação.

UMA DICA PARA VOCÊ...

Se desejar se aprofundar no estudo deste assunto, consulte a seguinte referência


bibliográfica: o livro ANDREZO, A. Fernandes, LIMA, I. Siqueira, Mercado
financeiro – aspectos históricos e conceituais. Pioneira Thompson Learning –
2002.

94
TEORIA

CURIOSIDADE!!!

95
Veja como é curioso... só foram permitidas novas cooperativas de crédito rural e
de empregados de determinada empresa ou entidade pública ou privada. Foi,
também, proibido o uso da palavra “banco” no nome das cooperativas.
VAMOS RELAXAR

Que tal parar um pouco e relaxar por


algum tempo? Se quiser, aproveite
para ver uma tela de Guache Marques
- artista brasileiro e um pequeno texto
sobre a tão conhecida orixá Yemanjá.
É interessante! Afinal, faz parte
da nossa cultura popular.

No Brasil, Iemanjá é um orixá dos mais populares e reverenciados do Candomblé,


Batuque, Xambá, Xangô do Nordeste, omoloko e Umbanda e mesmo por fiéis de
outras religiões.

Uma das maiores comemorações em honra à Iemanjá ocorre no último dia do ano
em várias praias do litoral brasileiro. Antes e após a queima de fogos da

96
passagem do ano, os devotos fazem oferendas à Rainha do Mar, um dos títulos
pelos quais Iemanjá é saudada. Eles a presenteiam com flores, perfumes, velas e
mimos de todos os tipos, tanto na areia da praia, quanto nas ondas do mar.

A tradicional Festa de Iemanjá no município de Salvador, capital da Bahia, tem


lugar na praia do Rio Vermelho todo dia 2 de Fevereiro. Na mesma data, Iemanjá
também é cultuada em diversas outras praias brasileiras, onde lhe são ofertadas
velas e flores, lançadas ao mar em pequenos barcos artesanais. Uma das maiores
festas ocorre em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, devido ao sincretismo com
Nossa Senhora dos Navegantes.

No Brasil, Iemanjá representa a mãe que protege os filhos a qualquer custo, a


mãe de vários filhos, ou vários peixes, que adora cuidar de crianças e animais
domésticos.

TEORIA

Você já conhece a história das instituições de crédito no Brasil. É importante agora


que, como atual ou futuro gestor de cooperativas de crédito, conheça também a
estrutura legal do Sistema Financeiro, do qual as cooperativas fazem parte.

Quanto maior o conhecimento do gestor do ambiente (macrossistema) do qual é


integrante, mais produtivo será nas suas atividades do dia-a-dia, pois saberá das
possibilidades de prestação de serviços de sua cooperativa (tudo a que tem
direito) e, principalmente, das dos concorrentes no mercado.

Os estudiosos classificam o Sistema Financeiro em dois subsistemas que estão


subordinados ao Conselho Monetário Nacional (CMN): o Subsistema Normativo
e o Subsistema Operacional.

Para você poder acompanhar com tranqüilidade o desenvolvimento deste item,


serão apresentadas primeiramente as informações sobre o Subsistema
Normativo nesta tela e na próxima. Na tela 16 serão tratadas as questões
relativas ao Subsistema Operacional. Fique tranqüilo(a), pois você já sabe e leu
no Guia (lapela vertical) que pode retornar a qualquer tela do curso para rever os
assuntos estudados seguindo os procedimentos que já conhece bem.

TEORIA

97
O subsistema normativo compreende todas os órgãos governamentais
subordinados ao Conselho Monetário Nacional que têm o poder de, como o
próprio nome indica, ordenar ou normatizar o funcionamento das diversas
instituições financeiras, tais como:

• Banco Central;
• Comissão de Valores Mobiliários;
• Superintendência de Seguros Privados;
• Secretaria de Previdência Complementar.

Conselho Monetário Nacional (CMN)

 O CMN é um órgão normativo que não exerce qualquer atividade


executiva;

 O CMN é responsável por estabelecer a taxa de juros praticadas no


mercado, por fixar as diretrizes das políticas de crédito, cambial e
monetária do país;

 Legisla sobre a constituição, o funcionamento e a fiscalização das


instituições financeiras, públicas e privadas, que aqui operam;

 A partir de junho de 1994 (criação do Plano Real), passou a ser


composto de três membros: o Ministro da Fazenda, o Ministro do
Planejamento, Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central.

Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional

Foi criado em 1985 e é subordinado ao Ministério da Fazenda. Tem a finalidade


de julgar, em segunda e última instância administrativa, os recursos sobre as
decisões relativas à aplicação de penalidades contra administradores e
instituições financeiras. Administradores com problemas na gestão financeira de
suas instituições devem dar suas explicações ao Conselho a quem cabe a palavra
final.

TEORIA

Banco Central do Brasil (BC ou Bacen)

 Instituição executora das políticas traçadas pelo Conselho Monetário


Nacional e fiscalizadora do sistema financeiro;
 Define as normas operacionais, limites e as condutas das instituições
financeiras, com poderes para nelas intervir e, até, liquidá-las
extrajudicialmente;
 É considerado, aqui e em todo o mundo capitalista, o Banco dos
Bancos, por sua atribuição de regular o mercado, por meio da emissão de

98
moeda, do recolhimento de depósitos compulsórios e das operações de
redescontos;
 Responsabiliza-se, também, pela gestão da dívida pública, interna e
externa.

Instituições Auxiliares ou Especiais.

As instituições financeiras públicas federais, denominadas Agentes Auxiliares ou


Especiais, para muitos estudiosos são incluídas entre as normativas. São elas:

 Banco do Brasil;
 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;
 Caixa Econômica Federal;
 Banco da Amazônia;
 Banco do Nordeste.

TEORIA

Você acompanhou atentamente a apresentação dos itens relativos ao Subsistema


Normativo, parte do Sistema Financeiro Nacional. Percebeu como é importante,
para os gestores das cooperativas de crédito, conhecer melhor o Conselho
Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, as duas instituições que
normatizam suas operações.

RELEMBRANDO...

As cooperativas de crédito, bem como todas as outras instituições do sistema


financeiro, são subordinadas às normas emanadas do Conselho Monetário
Nacional e do Banco Central do Brasil. Suas decisões, divulgadas ao mercado sob
a forma de Resoluções, Circulares, Cartas-circulares e Comunicados, podem
permitir ou não as atividades das cooperativas. Assim, o conhecimento das
atribuições e funcionamento do Conselho e do Banco Central, nesta parte do
curso, é considerado importante para a formação profissional do gestor.

Subsistema Operacional

99
Compreende as instituições operacionais monetárias e as não monetárias.

Instituições Operacionais Monetárias

São assim chamadas pelo poder que têm de “criar “moeda escritural. Acompanhe
a explicação. Suas principais fontes de recursos são os depósitos que os seus
clientes fazem à vista. Teoricamente, a cada operação de empréstimo, fazem os
recursos girar mais e mais, como se estivessem “criando” moeda. Nesse grupo,
estão:

 Bancos Comerciais;
 Bancos Múltiplos com carteira comercial;
 Caixa Econômica Federal;
 Bancos Cooperativos;
 Cooperativas de Crédito

SAIBA MAIS

Algumas informações importantes:

 Os bancos cooperativos merecem um destaque especial, pois


representam um grande avanço para o cooperativismo de crédito, na
qualidade de instrumento de autonomia operacional dos Sistemas;
 As cooperativas de crédito operam, exclusivamente, com seu quadro
de associados, por meio da captação de depósitos e da realização
de financiamentos e empréstimos;
 Ao firmar convênios com bancos comerciais, as cooperativas de
crédito possibilitaram a ampliação do leque de produtos financeiros e
bancários oferecidos a seus sócios;
 A criação dos bancos cooperativos racionalizou os custos desses
convênios e levou as cooperativas de crédito a um novo patamar de
prestação de serviços;

100
 Por intermédio do Bancoob (Banco Cooperativo do Brasil) e do
Bansicredi, (Banco Cooperativo Sicredi SA) a liquidez dos
respectivos Sistemas passou a ser rentabilizada no mercado
interfinanceiro, a taxas mais atraentes, resultando em ganhos para
os associados;
 Outro aspecto relevante a ser considerado foi a garantia do acesso
das cooperativas de crédito a programas de repasses de recursos
governamentais, tais como, Pronaf (Programa Nacional de
Agricultura Familiar), Finame (Financiamento de Máquinas e
Equipamentos), Fundos agrícolas do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social). Além disso, os bancos
cooperativos captam recursos compulsórios dos bancos comerciais
para aplicação em crédito rural. As aplicações, nesse caso, são
diretamente aos cooperados, com interveniência, isto é, com a
garantia da cooperativa;
 Em 29 de março de 2004, o Conselho Monetário Nacional, com a
Resolução nº 3.188, autorizou aos bancos cooperativos a captação
de poupança rural, utilizando-se da rede de cooperativas de crédito
rural e das de livre admissão de associados.

TEORIA

Como você viu, há instituições monetárias, mas há, também, as instituições não
monetárias. Veja como elas se caracterizam:

 As instituições chamadas de não monetárias apenas transferem


recursos de poupadores para tomadores, operando basicamente com recursos
de repasses e com captações de depósitos a prazo, que não são considerados
meios de pagamento;

 Compreendem os bancos de investimento, de desenvolvimento,


financeiras, bolsas de valores, corretoras, distribuidoras de títulos e valores
mobiliários, as entidades integrantes do sistema de previdência e seguros e as
administradoras de recursos de terceiros. Em que pese sua importância no
Sistema Financeiro, não serão abordadas nesse curso, por não se
relacionarem diretamente com as cooperativas de crédito.

RESUMO

Nesta etapa do curso, você, gestor da cooperativa de crédito, já se situou no


ambiente macroeconômico do sistema cooperativista e financeiro do Brasil e do
mundo. Conheceu a história do movimento cooperativista, sua importância para o
desenvolvimento econômico dos associados e as bases legais para o
funcionamento da cooperativa em que trabalha.

Assim, a cooperativa de crédito, por ser integrante do sistema financeiro, deve ser
cuidadosamente gerida, obedecendo-se às regras próprias dos integrantes do
referido sistema.

101
A partir do contato inicial com a imagem-símbolo do curso, a metáfora do
formigueiro, você foi construindo o conhecimento sobre as cooperativas de crédito
a partir da idéia de que cada indivíduo contribui para que toda a coletividade possa
usufruir dos frutos do trabalho. Durante o percurso pelas várias unidades deste
módulo, você focalizou sua atenção para a importância de se trabalhar em
colaboração, em redes coletivas, com base nos valores éticos da solidariedade,
igualdade, democracia, respeito às diferenças.

A ONU declarou 2005 o Ano Internacional do Microcrédito. O Microcrédito e o


Cooperativismo de Crédito, desde então, vêm sendo divulgados como
instrumentos para combater a pobreza e a fome no mundo, mudando de forma
positiva a vida das pessoas.

EXERCÍCIO

Para que você avalie como está sua aprendizagem, preparamos alguns exercícios
sobre o Cooperativismo de Crédito e o Sistema Financeiro Nacional.

Leia as afirmativas abaixo e verifique se são verdadeiras ou falsas:

1. A Lei da Reforma do Sistema Financeiro (4595/64) criou o Conselho


Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central para regulamentar o Sistema
Financeiro.
2. O Conselho Monetário Nacional está subordinado ao Subsistema
Normativo do Sistema Financeiro Nacional.
3. A Constituição Federal de 1988 deu maior autonomia ao cooperativismo
brasileiro e as cooperativas de crédito foram confirmadas como integrantes
do Sistema Financeiro Nacional.

Aquela afirmativa que você julgar falsa, corrija-a, apresentando elementos que a
tornem verdadeira na caixa de texto abaixo:

Resposta aproximada. Verifique cuidadosamente se a sua resposta contemplou


as informações básicas, mesmo que tenha sido escrita com outras palavras.

102
Os bancos comerciais e as cooperativas de crédito não detêm o poder de ordenar
ou criar normas para o funcionamento das diversas instituições financeiras. Só os
órgãos governamentais têm esta atribuição garantida em Lei.

EXERCÍCIO

As instituições normativas do Sistema Financeiro Nacional são também


denominadas Autoridades Monetárias, pois suas normas têm valor legal.
Explique porque a Caixa Econômica e as Cooperativas de Crédito não fazem
parte dessas instituições. Coloque sua resposta no quadro abaixo, e corrija-a
depois.

Resposta aproximada:

Veja cuidadosamente se sua resposta contemplou as informações básicas,


mesmo que tenha sido escrita com outras palavras.

Os bancos comerciais e as cooperativas de crédito não detêm o poder de ordenar


ou criar normas para o funcionamento das diversas instituições financeiras. Só os
órgãos governamentais tem esta atribuição garantida em Lei.

COMENTÁRIOS

Você está concluindo o primeiro módulo do Curso Gestão de Cooperativas de


Crédito.
Está se preparando para fazer parte deste mundo cooperativista e para exercer as
funções gerenciais de uma cooperativa de crédito.

Toda a comunidade formada por Tutores, coordenadores e alunos deste curso


está torcendo pelo seu sucesso. Mantenha na vida profissional a mesma dose de
dedicação com que percorreu todo o roteiro traçado neste curso até aqui.
Esperamos vê-lo(a) no próximo módulo que vai abordar a Estrutura e
Funcionamento das Cooperativas de Crédito. Ate lá!

103
GLOSSÁRIO

Assembléia Geral dos É o órgão supremo da cooperativa de crédito, dentro dos


Associados limites legais e estatutários, tendo poderes para decidir
os negócios relativos ao objeto da sociedade e tomar as
resoluções convenientes ao desenvolvimento e defesa
desta. Nela são tomadas todas as decisões de interesse
da sociedade e dos associados.
Assembléia Geral Pode ser convocada sempre que for necessária e
Extraordinária (AGE) delibera sobre qualquer assunto de interesse da
cooperativa, desde que mencionado no edital.
Assembléia Geral Realiza-se anualmente, até três meses após o
Ordinária (AGO) encerramento do exercício social da cooperativa.
Delibera sobre a prestação de contas dos gestores,
sobre os pareceres do conselho fiscal e dos auditores,
sobre os resultados do exercício (sobras, perdas,
constituição de reservas). É de sua competência a
eleição dos componentes dos órgãos de administração e
do Conselho Fiscal, fixando-lhes, quando previstos, os
honorários.
Balanço patrimonial É um retrato sintético e ordenado da situação dos
direitos, obrigações e bens de uma empresa ou
entidade. É uma posição estática que mostra a situação
econômica, financeira e patrimonial em um determinado
momento contábil.
Banco Central do Brasil É o executor das políticas traçadas pelo Conselho
(Bacen ou BC) Monetário Nacional e o fiscalizador do sistema
financeiro. Define suas normas operacionais, limites e as
condutas das instituições, com poderes para nelas
intervir e, até, liquidá-las extrajudicialmente.
É considerado, em todo o mundo capitalista, o Banco
dos Bancos, por sua atribuição de regular a liquidez do
mercado, por meio da emissão de moeda, do
recolhimento de depósitos compulsórios e das
operações de redescontos. Responsabiliza-se, também,
pela gestão da dívida pública, interna e externa.
Bancos cooperativos Sua principal função é prestar serviços às cooperativas
de crédito, especialmente o de representá-las na
Compensação de Cheques e de Outros Papéis -
COMPE, mediante a celebração de convênios com as
cooperativas centrais em cada estado, conforme
autorizado pelo Banco Central do Brasil.
Cédula de Crédito Foi instituída pela Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004.
Bancário É título de crédito emitido, por pessoa física ou jurídica,
em favor de instituição financeira ou de entidade a esta
equiparada (no caso, a cooperativa de crédito),
representando promessa de pagamento em dinheiro,
decorrente de operação de crédito, de qualquer

104
modalidade. Pode ser emitida com ou sem garantia, real
ou fidejussória.
Cheque pré-datado O cheque “pré-datado” (cheque pré) possui uma
particularidade já que, legalmente, não é um título de
crédito, mas sim uma ordem de pagamento à vista. A
regulamentação do Banco Central é muito clara sobre
este aspecto. O possuidor de um cheque pré-datado
pode depositá-lo no momento que quiser e, se na conta-
corrente do emissor houver fundos suficientes, o banco
deverá pagá-lo.
Confederações de São constituídas de, pelo menos, 3 (três) federações de
cooperativas (ou de 3° cooperativas ou cooperativas centrais. As confederações
grau) tratam dos assuntos de interesse comum de suas
cooperativas associadas.
Conselho de Segundo o Art. 47 da Lei 5.764/71 (Lei do
Administração ou Cooperativismo), a cooperativa de crédito deve ser
Diretoria administrada por uma Diretoria ou Conselho de
Administração, composto exclusivamente de associados
eleitos pela Assembléia Geral, com mandato nunca
superior a 4 anos, sendo obrigatória a renovação de, no
mínimo, 1/3 do Conselho de Administração.
Conselheiro Fiscal “A administração da sociedade será fiscalizada, assídua
e minuciosamente, por um Conselho Fiscal, constituído
de três membros efetivos e três suplentes, todos
associados eleitos anualmente pela assembléia geral,
sendo permitida apenas a reeleição de um terço dos
seus componentes” (Lei 5.764/71, Art. 56).
Conselho Monetário O CMN é um órgão normativo composto por três
Nacional (CMN) membros: o Ministro da Fazenda, o Ministro do
Planejamento, Orçamento e Gestão e o Presidente do
Banco Central, não exercendo qualquer atividade
executiva. É responsável pela fixação das diretrizes das
políticas de crédito, cambial e monetária do país,
legislando sobre a constituição, o funcionamento e a
fiscalização das instituições financeiras, públicas e
privadas, que aqui operam.
Conselho Mundial de Tem sede em Madison, no Estado de Wisconsin, EUA, e
Cooperativas de é composto por 4 grandes Confederações Regionais e
Crédito dez Associações Nacionais, que congregam
cooperativas de crédito de 85 países. O Conselho não
incorpora todas as cooperativas de crédito do mundo.
Há vários outros sistemas mundiais de cooperativas de
crédito, sendo os principais o DG Bank e o Volksbank na
Alemanha, o Rabobank na Holanda e o Crédit Agricole
na França.
Contas a Pagar As Contas a Pagar são obrigações já devidas e que
deverão ser pagas em breve. O salário dos empregados,
por exemplo, não é pago diariamente, mas somente ao

105
final do mês (ou até o quinto dia do mês seguinte).
Contas de telefone e água também são mensais,
embora o consumo seja diário. O mesmo ocorre com
impostos e encargos. Ou seja: assim, não só os clientes
aplicadores, mas os empregados, o Governo, os
fornecedores e os prestadores de serviços são credores
da cooperativa.
Contas a Receber Contas a Receber referem-se, basicamente, aos valores
decorrentes das operações de crédito e da prestação de
serviços. São as devoluções dos valores emprestados,
acrescidos dos juros, as eventuais multas, as receitas de
serviços, de taxas e as contribuições periódicas dos
cooperados para formação do capital da cooperativa.
Contas-correntes A abertura, manutenção e movimentação, bem como o
encerramento de contas de depósito, também chamadas
contas-correntes, são regulamentadas pelo Banco
Central do Brasil pelas Resoluções 2.025/93, 2.747/00 e
Circular 2.452/94.
Contas do ativo Nelas estão representadas as aplicações dos recursos,
ou seja: os bens e direitos da empresa ou da instituição.
Aparecem dispostas em ordem decrescente de liquidez,
ou seja, de acordo com a facilidade em converter em
dinheiro. Assim, primeiro são apresentados os
empréstimos de curto prazo que se converterão em
dinheiro em menos de doze meses. Depois, as
operações de longo prazo, acima de 12 meses e, por
último, os imóveis que, em princípio, não estão na
cooperativa para serem vendidos.

Contas do passivo Representam dívidas e obrigação de responsabilidade


da cooperativa perante terceiros. São elencadas pela
ordem de sua exigibilidade ou previsão de serem pagas,
de tal forma que os depósitos à vista têm exigibilidade a
qualquer hora e o capital dos associados, como um todo,
somente em casos especiais.
Cooperado/Associado É o trabalhador, urbano ou rural, o profissional de uma
atividade socioeconômica, o empresário ou
empreendedor, cotista de uma cooperativa, na qual
participa ativamente, assumindo responsabilidades,
direitos e deveres inerentes.
Cooperar Deriva etimologicamente da palavra latina “cooperari”,
formada por “cum” (com) e “operari” (trabalhar). Significa
agir, simultânea ou coletivamente, com outros, para um
mesmo fim, ou seja, trabalhar em comum para o êxito de
um mesmo propósito.
Cooperação Do latim “cooperatio”, ação de cooperar. É o método de
ação pelo qual indivíduos, famílias ou comunidades, com
interesses comuns, constituem um empreendimento.

106
Neste, os direitos de todos são iguais e o resultado
alcançado é repartido entre seus integrantes, na
proporção de sua participação nas atividades da
organização.
Cooperativa É uma organização de, pelo menos, vinte pessoas
físicas unidas pela cooperação e ajuda mútua, gerida de
forma democrática e participativa, com objetivos
econômicos e sociais comuns, cujos aspectos legais e
doutrinários são distintos de outras sociedades.
Fundamenta-se na economia solidária e se propõe a
obter um desempenho econômico eficiente, pela
qualidade e confiabilidade dos serviços que presta aos
próprios associados e aos usuários.
Cooperativas de crédito Cooperativas de crédito são instituições financeiras
constituídas sob a forma de sociedades cooperativas.
Têm por objeto a prestação de serviços financeiros aos
associados, como concessão de crédito, captação de
depósitos, prestação de serviços de cobrança, de
custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de
terceiros sob convênio com instituições financeiras
públicas e privadas e de correspondente no País, além
de outras operações específicas e atribuições
estabelecidas na legislação em vigor.
As cooperativas de crédito não são bancos, e sim
instituições financeiras. Ao contrário dos bancos, não
têm acesso aos Serviços de Compensação de Cheques
nem às Reservas Bancárias do Banco Central.
Cooperativas centrais São as constituídas de, no mínimo, três cooperativas
(ou federações de singulares. São responsáveis por prestar serviços de
cooperativas, ou ainda, centralização financeira, auditoria, controle e supervisão
de 2° grau) das cooperativas singulares associadas.
Cooperativas ingulares São as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte)
(ou de 1° grau) pessoas físicas. Excepcionalmente, é permitida a
admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as
mesmas ou correlatas atividades econômicas das
pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos.
Exemplificando: o profissional médico associado a uma
cooperativa de crédito pode também associar sua
clínica, hospital, laboratório de exames clínicos, e assim
por diante.
As cooperativas singulares têm gestão independente e
autônoma, com responsabilidades próprias e individuais.
Cooperativismo É um sistema econômico e social, com autogestão em
bases democráticas, operado por meio da ajuda mútua,
que se destina à satisfação das necessidades
econômicas e à promoção moral dos membros a ele
integrados. É a união de pessoas voltadas para um
objetivo comum.

107
Crédito pessoal São operações de empréstimos destinadas às pessoas
físicas, que podem ser utilizados em função das suas
necessidades ou pretensões de consumo. Geralmente,
são garantidas por avalistas e o prazo varia de 3 a 24
meses.
Custo de captação É a taxa de juros que a instituição financeira paga aos
seus clientes aplicadores ou nos repasses que recebe
de outra instituição financeira
Demonstrativo do Trata-se de um resumo das operações da cooperativa
Resultado do Exercício (ou de uma empresa em geral) em determinado período,
(DRE) cujos valores finais representam as sobras (lucros) ou as
perdas financeiras, ou seja: o resultado do exercício. Ao
contrário do Ativo e do Passivo, possui um caráter
dinâmico, uma vez que demonstra a posição da
cooperativa entre o início e o fim do período em questão.
Assim, no início de cada exercício suas contas são
“zeradas” após a transferência dos resultados apurados
para as contas do patrimônio líquido. Um DRE referente
ao mês de março, por exemplo, deve apresentar as
despesas e receitas do próprio mês, mas principalmente
as acumuladas de 01 de janeiro a 31 de março do ano
em questão.
Despesas Analogamente às receitas, representam a saída de
recursos da instituição em decorrência de suas
atividades de intermediação e de prestação de serviços.
Também estão divididas em operacionais e não
operacionais e não devem ser confundidas com as
saídas de recursos das operações de crédito ou
resgates de depósitos por parte dos associados.
Despesas não São as decorrentes de eventualidades, dentre as quais
operacionais se destacam os prejuízos na alienação de bens,
manutenções imprevistas, multas incorridas.
Despesas operacionais São as despesas de captação de recursos (depósitos),
de obrigações por operações de repasses. Nelas
também estão as despesas administrativas com os
valores referentes a salários, encargos, materiais de
consumo, impostos, manutenções, seguros, publicidade,
honorários, serviços de terceiros, combustíveis,
aluguéis, contas de consumo (água, energia e telefone),
depreciação, provisões legais e diversas outras
referentes ao dia-a-dia da cooperativa em suas
atividades normais.
Dívida Pública Interna A dívida pública interna, ou dívida mobiliária é
constituída pelos títulos emitidos pelo Banco Central,
Tesouro Nacional, Estados e Municípios, bem como
pelas empresas estatais.
Documento de Ordem Documento de transferência de recursos para
de Crédito (DOC) instituições diferentes, via Serviço de Compensação de

108
Cheques do Banco do Brasil.
Duplicata É um título formal de crédito emitido em decorrência da
compra e venda de mercadorias ou prestação de
serviços. Segundo o site Crédito e Risco
(www.creditoerisco.com.br), “a duplicata teve origem em
um antigo costume existente no comércio brasileiro de
se apresentar a conta em duas vias, para que a segunda
via (a duplicata) fosse devolvida com a assinatura do
comprador. Esta assinatura representava o
reconhecimento da dívida”.
Empréstimos São as tradicionais operações de crédito vinculadas a
contratos nos quais constam taxas, valores, prazos,
garantias etc., utilizadas para formação do capital de
giros das empresas ou para eventuais dificuldades
financeiras das pessoas físicas. Geralmente os prazos
são inferiores a um ano. Para prazos maiores é comum
a utilização dos Contratos de Mútuo, com características
semelhantes aos empréstimos, mas com condições mais
rigorosas devido ao risco maior. Possuem um método de
cálculo de juros diferente do desconto, sendo utilizados
os juros simples ou compostos e um dos diversos
métodos de amortização que serão vistos mais adiante.
Empréstimo para Empréstimos para capital de giro são “operações
capital de giro tradicionais vinculadas a um contrato específico que
estabeleça prazo, taxas, valores e garantias necessárias
e que atendem às necessidades de capital de giro para
as empresas. O prazo é, geralmente, de 180 dias, com
garantias de duplicatas, cheques pré-datados, numa
relação de 120% a 150% do principal emprestado”
(FORTUNA , 1999).
Financiamento As operações de financiamento possuem várias
características de empréstimos e, muitas vezes, são
consideradas variações destes. Possuem prazos que
variam, normalmente, de 3 a 60 meses, de acordo com
os objetivos do financiamento. Sua principal
característica é a vinculação dos recursos à aquisição de
um bem ou serviço, tanto para as pessoas físicas quanto
para as jurídicas.
Fluxo de Caixa É o movimento diário de entrada e saída de recursos
financeiros. Em uma empresa, é constituído
basicamente pelo movimento de recebimento de clientes
e pagamento de fornecedores, gerado pelas compras de
matérias-primas, pagamentos a funcionários e de
impostos e recebimentos das vendas de produtos e
prestação de serviços. No caso das cooperativas, assim
como das outras instituições financeiras, o produto que
está sendo transacionado é o próprio recurso financeiro.
No jargão do setor, “compra-se e vende-se dinheiro”. Por

109
isso, o fluxo de caixa da cooperativa tende a ficar cada
vez mais intenso e, conseqüentemente, mais complexo.
Garantias pessoais ou São aquelas que pessoas físicas ou jurídicas assumem
fidejussórias a obrigação de honrar os compromissos relativos ao
empréstimo, caso o devedor não o faça. Tipos de
garantia pessoal: aval e fiança,
Garantias reais São bens ou direito de recebimentos dados em
garantia das obrigações relativas à operação de
crédito. Alguns tipos de garantias reais:

Caução (títulos de investimento, duplicatas,
faturas de cartões de crédito, etc.);

Hipoteca (imóveis, aeronaves, embarcações
marítimas, etc.);

Alienação fiduciária (veículos, equipamentos,
etc.);

Penhor (agrícola, pecuário, mercantil de
estoques, direitos creditórios de contratos de
prestação de serviços, etc.).
Nas operações de crédito rural, a escolha de garantias é
de livre convenção entre o financiado e o financiador.
ICV / DIEESE O Índice do Custo de Vida é calculado pelo Dieese
(Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos) no município de São Paulo, desde
1959, em pesquisas diretas nas famílias com renda de 1
a 30 salários mínimos, denominadas POF – Pesquisas
de Orçamento Familiar.
IGP-DI / FGV O IGP-DI/FGV (Índice Geral de Preços/Disponibilidade
Interna) foi instituído em 1.947 e é calculado
mensalmente pela FGV – Fundação Getúlio Vargas.
Mede o comportamento de preços em geral da
economia brasileira.
IGP-M/FGV O IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado) é
calculado mensalmente pela FGV e, quando foi
concebido, teve como princípio ser um indicador para
balizar as correções de alguns títulos emitidos pelo
Tesouro Nacional e de Depósitos Bancários com renda
pós-fixada, acima de um ano.
Inflação É definida como um aumento persistente e generalizado
no índice de preços, ou seja, os movimentos
inflacionários são aumentos contínuos de preços e não

110
podem ser confundidos com altas esporádicas devidas,
por exemplo, a flutuações sazonais. Esses aumentos
devem, também, ser generalizados, com todos os bens
participando dessa escala altista.
Inflação de custos É ocasionada por aumentos dos custos de certos fatores
de produção (salários, matérias-primas importadas,
infra-estrutura de escoamento deficiente), enquanto que
a demanda permanece estável ou declinante.
Inflação de demanda Ocorre quando há um excesso de demanda para uma
produção insuficiente de bens e serviços. Os setores
produtores de matérias-primas identificam um
aquecimento na economia, com aumento de consumo
de bens e serviços e praticam um reajuste em seus
preços.
Inflação inercial É quando a inflação passada alimenta a futura, ou seja,
todos os aumentos de preços são captados pelo índice
de inflação, que, por sua vez, corrige automaticamente
todos os demais preços da economia (salários, aluguéis,
contratos), gerando um processo automático de
realimentação da inflação.
INPC/IBGE O INPC/IBGE (Índice Nacional de Preço do Consumidor
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é
calculado mensalmente pelo IBGE e foi criado com o
objetivo de orientar os reajustes de salários dos
trabalhadores. O INPC/IBGE verifica as variações dos
custos com os gastos das pessoas que ganham de um a
oito salários mínimos, nas regiões metropolitanas de
Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre,
Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, no
município de Goiânia e no Distrito Federal.
Mede a variação dos custos dos gastos, conforme
descrito, no período do primeiro ao último dia de cada
mês de referência. O IBGE divulga as variações entre o
dia onze e o dia vinte do mês seguinte.
Instituições financeiras A Lei 4.595/64, em seu Art. 17, caracteriza como
instituições financeiras "as pessoas jurídicas públicas e
privadas, que tenham como atividade principal ou
acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de
recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda
nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de
propriedade de terceiros". Complementarmente, seu
parágrafo único, diz: "Para os efeitos desta Lei e da
legislação em vigor, equiparam-se às instituições
financeiras as pessoas físicas que exerçam quaisquer
das atividades referidas nesse artigo, de forma
permanente ou eventual".

111
IPC/FIPE O IPC/FIPE (Índice de Preços ao Consumidor) é
calculado mensalmente pela FIPE - Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas. Mede a variação de preços
para o consumidor na cidade de São Paulo para quem
ganha de dois a seis salários mínimos mensais. Os
grupos de despesas estão compostos de acordo com o
POF (Pesquisas de Orçamentos Familiares), em
constante atualização. A estrutura de ponderação atual é
restrita a assinantes e pode ser verificada no portal da
FIPE http://www.fipe.com.br.
IPCA / IBGE O IPCA/IBGE (Índice de Preços ao Consumidor Amplo
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é
calculado mensalmente pelo IBGE e foi instituído,
originalmente, com a finalidade de corrigir as
demonstrações financeiras das companhias abertas.
Verifica as variações dos custos com os gastos das
pessoas que ganham de um a quarenta salários
mínimos nas regiões metropolitanas de Belém, Belo
Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio
de Janeiro, Salvador, São Paulo, no município de
Goiânia e no Distrito Federal. O IPCA/IBGE mede a
variação dos custos dos gastos, conforme acima
descrito, no período do primeiro dia ao último dia de
cada mês de referência. O IBGE divulga as variações
entre o dia onze e o dia vinte do mês seguinte.
É o índice oficial do Governo Federal, considerado o
termômetro para medição das metas inflacionarias
contratadas com o FMI – Fundo Monetário Internacional,
desde julho/99.
Juro Juro (no singular) é a quantia que remunera um credor
pelo uso de seu dinheiro por parte de um devedor
durante um período determinado, geralmente uma
percentagem sobre o que foi emprestado; soma cobrada
de outrem, pelo seu uso, por quem empresta o dinheiro.
Na prática, simplesmente considera-se juro como sendo
o retorno de quem empresta em função de um capital
emprestado (Dicionário Houaiss, 2002).
Juros compostos Também denominados juros exponenciais ou,
popularmente, juros sobre juros. É o método de
capitalização no qual os juros incidem sobre o Capital e
também sobre os juros acumulados até o período
imediatamente anterior, ou seja: os juros gerados no
período anterior são incorporados ao Capital inicial e
esse Montante passa a ser a nova base de cálculo para
os juros do período seguinte. É por esse motivo que,
matematicamente, são denominados exponenciais.
Juros simples Também chamado de regime de capitalização simples, é
o regime no qual a taxa de juros incide somente sobre o

112
Capital inicial (ou Principal) durante todo o período da
operação.
Método Hamburguês É o método tradicional de cálculo das prestações, onde
de Amortização o valor da dívida é dividido pelo número de parcelas. A
cada mês, o associado paga a parcela fixa acrescida
dos juros, calculados sobre o saldo devedor.
Micro e pequenos São aqueles cuja receita bruta anual é igual ou inferior
empresários ao limite estabelecido pelo art. 2º da Lei 9.841, de 5 de
outubro de 1999, para as empresas de pequeno porte. O
limite atual de receita anual é de R$ 2.133.222,00 (Dec.
5.028, de 31/03/2004).
Microempreendedores São aqueles que trabalham por conta própria, em uma
atividade legal, sem, contudo, ter uma empresa
registrada nos órgãos competentes.
Operações ativas São as operações de crédito que as instituições
financeiras realizam com seus clientes, gerando direitos.
Em geral, essas operações representam a principal
aplicação de recursos dessas instituições e, juntamente
com as tarifas, são suas fontes de renda mais
importantes. Em um sentido amplo, são os chamados
empréstimos. Na prática, empréstimos são uma das
modalidades de operações ativas.
Operações passivas As operações passivas são representadas, basicamente,
pela captação de depósitos a vista e a prazo. Essas
operações geram compromissos pesados para a
cooperativa, pois se trata de recursos de terceiros. Os
depósitos a vista são exigíveis a qualquer momento,
enquanto que os a prazo possuem data certa de
vencimento.
Ordem de pagamento Modalidade de transferência de recursos na qual uma
(OP) agência de uma instituição envia uma mensagem para
outra agência desta mesma instituição indicando o
remetente dos recursos, o valor e, principalmente, a
pessoa que irá sacar esse recurso pessoalmente nesta
outra agência.
Observe que tal sistema somente é válido para uma
mesma instituição, que providenciará a contabilização
interna entre agências.
Poupança rural Os bancos cooperativos (Bancoob e Bansicredi) são
autorizados a captar poupança rural (conhecida no
mercado financeiro como “caderneta verde”). Devem
celebrar convênios de correspondentes bancários, para
a captação dos depósitos, exclusivamente com as
cooperativas de crédito rural e com as de livre admissão
de associados.
A poupança rural poderá ser captada junto aos
associados das cooperativas de crédito e à comunidade
em geral e será uma grande fonte de recursos para as

113
cooperativas.
Práxis Prática; ação concreta; maneira de proceder na prática;
comportamento costumeiro. Ação de aplicar, usar,
exercitar uma teoria, arte, ciência ou ofício. Parte do
conhecimento voltada para as relações sociais e as
reflexões políticas, econômicas e morais (Dicionário
Houaiss). União indissociável de teoria e prática.
O Produto Interno Bruto - PIB de um País é a soma de
tudo que é produzido dentro do território nacional (bens
Produto Interno Bruto – e serviços finais), valorizado a preços de mercado. Sua
PIB variação, em um determinado período, é o principal
indicador do nível de atividades de um País.
O PIB contempla, portanto, somente os bens e serviços
finais produzidos dentro do País. É denominado “bruto”
por não levar consideração a depreciação (desgaste)
dos bens utilizados em sua produção. Quando se
desconta a depreciação, passa a ser Produto Interno
Líquido.
Ramos do As cooperativas podem adotar, por objetivo, qualquer
cooperativismo gênero de serviço, operação ou atividade, de acordo
com a área econômica de interesse dos cooperados.
Usa-se a palavra “ramo” para diferenciar os tipos de
cooperativas. Alguns ramos de cooperativas:
agropecuário, consumo, crédito, educacional, especial,
habitacional, infra-estrutura, mineral, produção, saúde,
trabalho, turismo e lazer e transporte.
Receitas Representam a entrada de recursos para a instituição
decorrentes de suas atividades operacionais ou de
eventos não operacionais. Não devem ser confundidas
com os depósitos dos associados.
Receitas não- São as provenientes de eventos que não fazem parte do
operacionais dia-a-dia da cooperativa, mas que representam entrada
de recursos, onde se destacam a venda de móveis,
imóveis, veículos, rendas de aluguéis e as doações
recebidas.
Receitas operacionais Referem-se às entradas de recursos para a cooperativa
provenientes de suas atividades de intermediação
financeira e de prestação de serviços. Basicamente é
composta de juros das operações de empréstimos,
descontos e financiamentos, multas, receitas das
aplicações interfinanceiras, tarifas de prestação de
serviços, recuperação de créditos baixados como
prejuízos etc.
Resultado É a diferença entre as receitas e as despesas que, no
caso das cooperativas de crédito, são tecnicamente
denominadas sobras ou perdas. É comum o uso das
expressões superávit e déficit ou mesmo lucros e
prejuízos, mais utilizadas em empresas.

114
Riscos Financeiros São aqueles relacionados à gestão de recursos
financeiros que, no caso das cooperativas de crédito,
são os insumos de produção. A má gestão destes riscos
pode comprometer a existência da cooperativa em
médio e, até mesmo, em curto prazo.
SELIC (Sistema O SELIC foi criado em 1979 pelo Banco Central e pela
Especial de Liquidação ANDIMA (Associação Nacional das Instituições do
e Custódia) Mercado Aberto) para simplificar a sistemática de
negociação dos títulos públicos no mercado aberto.
Atualmente, além dos títulos públicos, registra, custodia
e promove a liquidação financeira dos depósitos
interbancários.
Serasa É uma das mais antigas instituições de banco de dados
sobre o comportamento financeiro das pessoas, no
Brasil. O acesso é disponível mediante contrato prévio
entre a cooperativa de crédito e a Serasa, com os
devidos pagamentos por consulta. Seu produto mais
conhecido é o Concentre Monitore, que permite o
acompanhamento contínuo de clientes pessoas físicas e
jurídicas em relação a ocorrências como: falências,
concordatas, protestos, ações judiciais executivas,
ações judiciais de busca e apreensão, ações de
execução fiscal da justiça federal, cheques sem fundos,
participação em empresas falidas, pendências
financeiras, dívidas vencidas.
Serviço de O serviço é regulado pelo Banco Central do Brasil –
Compensação de Bacen e executado pelo Banco do Brasil. É realizado
Cheques e Outros numa dependência do Banco do Brasil, denominada
Papéis Câmara de Compensação e consiste na troca, pelos
bancos participantes, de cheques, pagamento de títulos,
na transferência de fundos e outras obrigações.
A compensação pode ser local (cidades de difícil
acesso, que conta com, pelo menos, uma agência do
Banco do Brasil e de outro banco), regional (abrangendo
as agências de uma determinada região) ou nacional
(abrange todas as agências do País). Atualmente, a
compensação regional troca basicamente os boletos de
compensação e cheques. As compensações locais e a
nacional trocam apenas cheques.
Sistemas São formados pelas cooperativas singulares, pelas
Cooperativistas de Centrais, Confederações, empresas coligadas e
Crédito respectivo banco cooperativo. As cooperativas dos
Sistemas Sicoob e Sicredi e seus respectivos bancos,
atuam integrados operacionalmente, funcionando como
uma verdadeira rede.
Sistema CRESOL É o Cooperativismo de Crédito Rural com Interação
Solidária. A primeira cooperativa do Sistema Cresol foi
criada em 24 de junho de 1995, na microrregião de Dois

115
Vizinhos, no Sudoeste do Paraná. É composto por duas
Centrais (em Francisco Beltrão – PR), 7 bases de apoio,
67 cooperativas singulares, com 45.000 associados,
atuando em 250 municípios nos estados de Santa
Catarina , Paraná e Rio Grande do Sul (dez/2005).
Sistema das É o maior sistema cooperativista de crédito brasileiro,
Cooperativas de presente em 19 Estados e no Distrito Federal. É
Crédito do Brasil - composto por 14 Centrais, 675 cooperativas singulares,
SICOOB 947 Postos de Atendimento Cooperativo (PAC) e
1.253.000 associados. É controlador do Banco
Cooperativo do Brasil S/A – Bancoob (dez/2005).
Sistema de Crédito É constituído pela confederação (Sicredi Serviços), por 5
Cooperativo - SICREDI cooperativas centrais, 130 singulares, 760 PAC’s e um
banco cooperativo (Bansicredi); possui 960.000
associados e está presente em 6 Estados. Controla o
Banco Cooperativo Sicredi S/A – Bansicredi (dez/2005).
Sistema de É uma fonte de consulta gerida pelo Banco Central que,
Informações de Crédito obedecidas a determinadas condições, permite a troca
do Banco Central - de informações sobre operações de crédito entre os
(SCR) integrantes do Sistema Financeiro Nacional. Está
disponível no SCR todo o endividamento das pessoas
(físicas e jurídicas) com o sistema financeiro nacional,
quer como tomadoras de empréstimos, quer como
garantidoras (avalistas ou fiadoras). Seu comportamento
como prestamistas também constam nos arquivos,
como, por exemplo, se os clientes são bons ou maus
pagadores, os atrasos médios, limites de crédito etc.
Sistema ECOSOL É um Sistema de apoio às cooperativas de crédito, como
uma forma de promover o fortalecimento da economia
solidária e do desenvolvimento sustentável. É ligado à
Central Única dos Trabalhadores – CUT e seu objetivo
geral é organizar uma rede de instituições financeiras de
caráter coletivo e solidário, para dinamizar o
desenvolvimento local. Apresentava, em
dezembro/2003, 26 cooperativas singulares, uma
cooperativa central e cerca de 6 mil associados
(dez/2004).
Sistema Financeiro Segundo Fortuna (1999), pode ser definido como “um
conjunto de instituições que se dedicam, de alguma
forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias
para a manutenção de um fluxo de recursos entre
poupadores e investidores”. O local onde se processam
essas transações é denominado “mercado financeiro”;
ele permite que um indivíduo ou empresa (“agente
econômico”) detentor de poupança, seja colocado em
contato com outro, que demanda essa poupança para
investimento.
Sistema UNICRED Foi constituído inicialmente por cooperativas de

116
médicos; atualmente abrange os demais profissionais da
área de saúde. Surgiu para administrar os recursos
gerados pelo Sistema Unimed (cooperativas de trabalho
médico), permitindo que nelas ficassem os lucros que
seriam, de outra forma, auferidos por outras instituições
financeiras. O Sistema é composto pela Confederação, 9
cooperativas centrais e 130 singulares, 358 PAC’s e
121.000 associados em 25 Estados (dez/2005).
Spread É a diferença entre o custo de captação da instituição e
a taxa cobrada nos empréstimos aos clientes. O spread
é composto basicamente por: a) despesas
administrativas; b) tributos diretos e indiretos; c)
expectativa de inadimplência e d) expectativa de lucro
(sobras) para a Instituição.
Tabela Price Também chamada de “Sistema Francês de
Amortização”, calcula o valor das prestações fixas de um
empréstimo ou financiamento.
Taxa CDI É o custo médio efetivo que as instituições financeiras
estão pagando e/ou cobrando nas operações
interbancárias. É considerada o custo médio de mercado
do dinheiro para as instituições.
Taxa de juros As taxas equivalentes são aquelas que produzem o
equivalente mesmo resultado quando aplicadas sobre o mesmo
valor, durante o mesmo período, embora estejam
expressas em unidades de tempo diferentes.
Taxa de juros nominal A taxa nominal pode ser definida como uma taxa
negocial aceita entre as partes. É expressa em uma
unidade de tempo que não coincide com a que será
utilizada no processo de capitalização. Entretanto, é
preciso considerar a taxa efetiva que pressupõe que sua
unidade de tempo coincida com a unidade de tempo dos
períodos de capitalização
Taxa de Juros de Foi instituída em novembro de 1994 pelo Conselho
Longo Prazo - Monetário Nacional, como forma de estimular os
TJLP investimentos de longo prazo e remunerar as operações
do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT e do
PIS/PASEP.
Substitui a Taxa de Referencial de Juros – TR, nas
operações de longo prazo realizadas pelo BNDES –
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social, sendo seu principal fator de correção (exemplo:
operações Finame).
É calculada com base na expectativa de inflação,
representada pela meta inflacionária do governo
acrescida do risco Brasil. Considera, também, as taxas
de juros cobradas no mercado internacional.
Taxa de juros real Taxa real é aquela que efetivamente reflete a
remuneração do capital em função do indexador

117
utilizado. Além da remuneração da taxa de juros há,
também, a variação do indexador (geralmente o de
inflação – IPCA).
Taxa SELIC Diariamente os bancos realizam operações entre si e
com o Banco Central. Invariavelmente, os bancos
precisam tomar empréstimos de curtíssimo prazo para
cobrir deficiências momentâneas de caixa. A SELIC é a
taxa de juros cobrada pelo Banco Central quando
empresta dinheiro aos bancos. Os empréstimos são
lastreados em títulos públicos de propriedade dos
bancos.
Também chamada de Financeiro, é a área da
cooperativa que cuida da movimentação financeira do
Tesouraria dia-a-dia. É um lugar onde os controles devem ser
bastante rigorosos e é imprescindível a agilidade na
tomada de decisão. Nas cooperativas menores, é muito
comum o gerente responsável pelas operações ativas e
passivas atuar, também, na Tesouraria. Com o
crescimento da cooperativa, geralmente ocorre uma
divisão de tarefas, ficando a tesouraria a cargo de um
gerente exclusivo.
Transferência É uma modalidade de transação “on-line” pela qual a
Eletrônica Disponível instituição financeira recebe e disponibiliza, no mesmo
(TED) dia (às vezes, em pouco minutos), o crédito ao
beneficiário da transferência. Apresenta segurança e
rapidez uma vez que a confirmação dos valores é em
tempo real (na mesma hora), não dependendo do
movimento na Câmara de Compensação do Banco do
Brasil. Atualmente somente podem ser enviados, via
TED, valores iguais ou superiores a R$ 5 mil. Um
objetivo do Banco Central é diminuir gradativamente
este limite.

118
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANDREZO, Andréa Fernandes; LIMA, Iran Siqueira. Mercado Financeiro.


Aspectos Históricos e Conceituais. 2ª. ed. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2002.

ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 5ª. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

BITTENCOURT, Gilson Alceu. Cooperativas de Crédito Solidário: constituição


e funcionamento. Brasília. Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2001.

CARVALHO, André e LEITE, João Carlos - A cidade morria devagar. Belo


Horizonte: ed. Armazém de Idéias, 2004.

DIAS, Mário. Conhecimentos financeiros indispensáveis a um executivo. São


Paulo: Edicta, 2002.

FILHO, Armando de Santi; OLINQUEVITCH, José Leônidas. Análise de


Balanços para Controle Gerencial – 3ª. ed. – São Paulo: Atlas, 1993.

FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro – Produtos e Serviços. 13ª. ed. São


Paulo: Quality, 1999.

MEINEN, Ênio; DOMINGUES, Jefferson Nercolini; DOMINGUES, Jane Aparecida


Stefanes. Aspectos Jurídicos do Cooperativismo. 1ª ed. Porto Alegre: editora
Sagra Luzzatto, 2002.

PAGNUSSATT, Alcenor. Guia do Cooperativismo de Crédito: organização,


governança e políticas corporativas. Porto Alegre: editora Sagra Luzzatto,
2004.

PALHARES, Valdecir Manoel Affonso; PINHO, Diva Benevides (organizadores). O


Cooperativismo de Crédito no Brasil. São Paulo: Confebras, 2004.

PINHEIRO, Marcos Antonio Henriques. Cooperativas de Crédito: História da


evolução normativa no Brasil. Brasília. Banco Central do Brasil, 2004.

PINHO, Diva Benevides. O cooperativismo no Brasil: da vertente pioneira à


vertente solidária. São Paulo: Saraiva, 2004.

SCHARDONG, Ademar. Cooperativa de Crédito – Instrumento de Organização


Econômica da Sociedade. Porto Alegre. Ridel, 2002.

119

Das könnte Ihnen auch gefallen