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UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Bárbara Pricila Franz
Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli
Prof. Norberto Siegel
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
612.8
S2513n Sartório, Rodrigo.
Neurofisiologia / Rodrigo Sartório.
Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial:
Grupo UNIASSELVI, 2009.x ; 118 p.: il.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-195-8
Apresentação............................................................................7
CAPÍTULO 1
Vida e Aprendizagem................................................................ 9
CAPÍTULO 2
Tecido Nervoso e Neuroplasticidade................................ 29
CAPÍTULO 3
Estrutura e Funcionamento do Sistema Nervoso........... 59
CAPÍTULO 4
Ontogênese do Sistema Nervoso....................................... 95
CAPÍTULO 5
Neurociências e Educação..................................................109
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Bons estudos!
O autor.
C APÍTULO 1
Vida e Aprendizagem
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Capítulo 1 VIDA E APRENDIZAGEM
ConteXtualização
Para começarmos nossos estudos no mundo da neurofi siologia é importante
que trabalhemos alguns conceitos básicos da biologia, essencialmente, da
genética, ecologia, comportamento e neurociências. No capítulo que segue
vamos discutir o conceito de homeostasia e suas implicações na busca pelo
equilíbrio das estruturas e funções de todo o organismo vivo e sua interface com
os sistemas emocionais.
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Neurofi siologia
Walter Cannon, em 1929, cunhou o termo homeostasia para defi nir esta
busca por estados equilibrados do organismo. A homeostasia para Cannon é
defi nida como uma oscilação entre dois extremos o mais próximo possível de um
ótimo idealizado, é um sistema de regulação de todos os processos vivos.
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Capítulo 1 VIDA E APRENDIZAGEM
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Neurofi siologia
Para Espinosa (apud DAMÁSIO, 2004, p.44) “cada coisa na medida do seu
poder, esforça-se por perseverar no seu ser e o esforço pelo qual cada coisa
tende a perseverar no seu ser nada mais é o do que a essência desta coisa”. As
emoções, neste sentido, nada mais são do que ajustes que o organismo promove
para manter a coesão das suas estruturas e funções. O aluno irrequieto, que
chama a atenção dos colegas e do professor com comportamentos inadequados
para a aula pode estar com problemas de relacionamento em casa. Sempre
lembro dos alunos hiperativos nestes casos, como uma área do cerebelo
responsável pela postura corporal e pela regulação da motivação denominada
vermis é reduzida na maioria dos casos (CASTELLANOS et.al., 2001), o aluno
fi ca se movendo constantemente na cadeira; senta, levanta, senta, deita por
vezes, pois seu cérebro manda comandos para o corpo ajustar a postura o tempo
todo, mesmo que esteja na posição adequada, uma dissonância entre o que o
corpo vive e aquilo que o cérebro acusa que o corpo vive.
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Capítulo 1 VIDA E APRENDIZAGEM
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 VIDA E APRENDIZAGEM
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Capítulo 1 VIDA E APRENDIZAGEM
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 VIDA E APRENDIZAGEM
Atividade de Estudos:
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da Mente”. Nem sempre aquilo que nós pretendemos ser, está de acordo com o
que somos, em um processo denominado “dissonância cognitiva” (GAZZANIGA;
HEATHERTON, 2005). Em neurociências temos um jargão que dizemos sobre
a mente: existem ao menos três tipos de mentes que lutam o tempo todo dentro
de nós para ser a mais relevante, aquilo que nós pensamos ser, aquilo que nós
gostaríamos de ser e aquilo que nós realmente, somos.
até meados do século XX, e ainda hoje, faz-se analogias entre computadores
e cérebros. Será que é uma boa analogia? Diferentemente das máquinas de
computar, nossos processadores biológicos, são ao mesmo tempo, sequenciais
e paralelos; e, com exceção de algumas áreas da memória, não processamos
informações em matrizes binárias do tipo 0 -1. Além disso, nossas mentes podem
criar coisas que não existem no mundo real, computadores só podem criar coisas
para quais foram programados. A mente pensa, cria e imagina, os computadores
são apenas executores de uma tarefa.
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Capítulo 1 VIDA E APRENDIZAGEM
Atividade de Estudos:
Algumas ConsideraçÕes
O aluno pode observar, ao longo do capítulo, que existem alguns princípios
norteadores do comportamento dos organismos, estes princípios não devem
ser vistos como regras ou leis, mas como norteadores de um determinado
comportamento dependente dos contextos. Um destes princípios é a necessidade
de regulação constante do organismo para que o mesmo não venha a perecer, ele
e seus genes e descendentes.
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Capítulo 1 VIDA E APRENDIZAGEM
ReFerências
ALEXANDER, Gerianne M.; HINES, Melissa. Sex differences in response
to children’s toys in nonhuman primates (Cercopithecus aethiops sabaeus).
Evolution And Human Behavior, n. 23, p.467-479, 2002.
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C APÍTULO 2
Tecido Nervoso e Neuroplasticidade
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
ConteXtualização
No capítulo anterior discutimos as bases biológicas do comportamento
e do aprendizado, bem como os conceitos elementares em genética do
comportamento. Dissemos que os genes decodifi cam a produção das proteínas.
As proteínas são os blocos de construção das células, e o conjunto de células
em uma determinada área pode determinar como aquele organismo irá se
comportar frente a determinadas circunstâncias. Vamos agora ver como ocorre
esta organização celular e sua importância no aprendizado.
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
A primeira estrutura a ser estudada é a membrana plasmática (fi gura 7), uma
fi na camada dupla de fosfolipídios (moléculas contendo ácidos graxos e fósforo)
com proteínas submersas na bicamada. Estas proteínas apresentam as mais
variadas funções, dentre as quais podemos destacar a formação de canais para
a entrada e saída de substâncias ao longo da célula, bem como, estruturas de
adesão e de transporte. A membrana plasmática delimita a célula e decide o que
entra e sai da mesma. Este fl uxo depende, em muito, do que a célula carece, do
que ela apresenta em excesso ou do papel que ela precisa representar; mas,
ocorre basicamente a partir de um equilíbrio de forças e partículas dissolvidas
em água dentro e fora das células. Neste sentido, dizemos que a mesma é semi-
permeável ou de permeabilidade seletiva, ou seja, permite a passagem livre de
substâncias como água e alguns íons e seleciona, ao menos momentaneamente,
a passagem de outros íons e substâncias. Íons são partículas com carga positiva
(cátions) e cargas negativas (ânions). As partículas (átomos ou moléculas) com a
mesma carga se repelem e partículas de cargas contrárias se atraem. A atração
ou repulsão das partículas gera uma força denominada pressão eletrostática.
Tal como a força de difusão, força que move as partículas das áreas de alta
concentração para as de baixa concentração, a pressão eletrostática empurra
cátions para longe de regiões com excesso de cátions e ânions sendo empurrados
para longe de regiões com excesso de ânions. A presença de cargas negativas e
positivas dentro e fora das células faz com que a membrana plasmática apresente
o potencial de membrana, ou seja, a carga elétrica ou diferença de potencial
elétrico entre o interior e o exterior da célula.
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
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para dentro da célula, três íons Na+ são retirados. No entanto, elas
Existem inúmeros
necessitam de energia fornecida pela molécula ATP (adenosina tri-
modelos e
fosfato) que é uma molécula produzida pelas mitocôndrias a partir da
maneiras de
glicose e da respiração celular que fornece energia para muitos dos
explicar as
processos biológicos.
diferentes
estruturas e o
As células nervosas atuam por meio destas mudanças no potencial
funcionamento
de membrana disparando ou não, conduzindo informação ao longo
de uma célula, a
das redes que produzem ou inibindo estes circuitos. Vamos agora,
mais clássica é o
desvendar o caminho intercelular percorrido para traduzir os estímulos e
modelo de célula
produzir as respostas eletroquímicas necessárias à neurotransmissão.
do tipo “ovo
frito”, contendo
Existem inúmeros modelos e maneiras de explicar as diferentes
a membrana
estruturas e o funcionamento de uma célula, a mais clássica é o
plasmática, o
modelo de célula do tipo “ovo frito”, contendo a membrana plasmática,
citoplasma e o
o citoplasma e o núcleo. Além deste modelo ser muito simplório,
núcleo.
ele não faz jus à ideia que se tem de uma célula, apesar disso,
metáforas são necessárias para um bom entendimento de uma
célula e seu funcionamento. Aqui, usaremos deste recurso didático,
Modelo de célula
e apresentaremos um modelo de célula do tipo “padaria” na tentativa
do tipo “padaria”
de elucidar as diferentes características de uma célula nervosa. Este
tem a vantagem
modelo tem a vantagem de apresentar a célula de forma muito dinâmica,
de apresentar a
além de lúdico, claro. Quando pensamos em uma padaria devemos
célula de forma
imaginar os diferentes setores que a constituem: os fornecedores
muito dinâmica,
e os diferentes ingredientes para produzir as mais variadas tortas,
além de lúdico,
biscoitos, pães, cucas; o padeiro, imprescindível; as fontes de energia;
claro.
os distribuidores dos produtos, bem como, as estradas e ruas em que
circulam; e por último, os consumidores destes produtos. Estudar as
células e tecidos é um grande exercício de abstração.
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
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Apesar de toda a ênfase dada aos neurônios, estes constituem uma fração
das células que compõem o sistema nervoso. A outra metade do cérebro é
composta de células gliais (glia signifi ca “cola”) que nutrem, sustentam, limpam,
ligam e conferem proteção às células neurais.
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
Os Astrócitos ou Astroglia (fi gura 13) nutrem e fornecem suporte físico para
os neurônios, seu nome faz referência a sua forma (forma de astros) eles limpam
os dendritos, fornecem algumas substâncias de que os neurônios necessitam
(inclusive a energia utilizada pelos mesmos, tendo em vista, os neurônios não
serem capazes de armazenagem de energia) controlam a composição química do
fl uído extracelular e promovem a remoção ou liberam substâncias na fenda
sináptica, participando ativamente da neurotransmissão. O papel nutricional dos
astrócitos tem como base o fato de que as células neurais, diferentemente das
células de outros tecidos do corpo, não podem entrar em contato direto com o
plasma sanguíneo, rico em água e outras substâncias tóxicas ao neurônio. Como
estudamos, a transmissão de mensagens através do cérebro, depende de um fi no
equilíbrio entre as substâncias extracelular e intracelular nos neurônios, se a
composição do líquido que banha os neurônios for minimamente
alterada, poderá interferir na transmissão. Em todos os tecidos os
capilares sanguíneos (capilares são vasos sanguíneos de pequeno A transmissão
calibre – vênulas e arteríolas - que penetram nos tecidos do corpo) de mensagens
apresentam poros através do qual o sangue pode extravasar e nutrir as através do
células. No sistema nervoso os capilares não exibem as fendas e as cérebro, depende
células que formam estes pequenos vasos são fi rmemente ligadas, em de um fino
um sistema denominado Barreira Hematoencefálica. Os astrócitos são equilíbrio entre
as células responsáveis por retirar os nutrientes dos capilares, as substâncias
transformá-los e distribuir os mesmos às células nervosas. Eles também extracelular e
retiram o excesso de substâncias e o material excretado pelo neurônio intracelular nos
e depositam estes no sistema circulatório. Como podemos ver estas neurônios.
células participam ativamente do sistema de neurotransmissão.
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
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Quanto às células nervosas propriamente ditas, elas não são todas iguais,
o exemplo utilizado na explicação do funcionamento da célula neural é de um
neurônio multipolar ou de associação. Os três tipos principais de neurônios são
os neurônios unipolares (com apenas um axônio originando-se do corpo celular),
bipolares (um axônio e um dendrito originando-se do corpo celular) e multipolares
(um axônio e muitos dendritos originando-se do corpo celular) como visualizado
na fi gura 15.
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
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Neurofi siologia
Principais Sistemas de
Neurotransmissão e Mecanismos de
Ação dos PsicoFármacos
Os neurotransmissores apresentam mecanismos de produção e ação que
podem ser alterados por inúmeras substâncias e drogas. As drogas que facilitam
ou potencializam os efeitos de um determinado neurotransmissor na célula
pós-sináptica são denominadas Agonistas, como o exemplo da cocaína, que
é um agonista dopaminérgico. As drogas que difi cultam ou inibem os efeitos de
um determinado neurotransmissor na célula pós-sináptica são denominadas
Antagonistas, como o curare, uma droga utilizada por índios amazônicos que
atua inibindo a ação da acetilcolina (responsável pelas contrações musculares),
portanto, imobilizando o animal durante a caça.
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Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
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alguns relacionados com o controle da dor e mesmo gases solúveis, como o óxido
nítrico, envolvido no controle da musculatura da parede intestinal, dilatando os
vasos sanguíneos no cérebro (o que pode evitar acidentes vasculares cerebrais)
e estimula as alterações que produzem ereção peniana. Parece que o óxido
nítrico tem participação nas alterações neurais decorrentes da aprendizagem.
Voltaremos a discutir sobre os sistemas de neurotransmissão no capítulo 4, sobre
as estruturas do sistema nervoso.
Atividade de Estudos:
Neuroplasticidade
Podemos conceituar plasticidade neural como toda modifi cação estrutural
ou química no sistema nervoso decorrente da aprendizagem, de experiências,
após lesões, traumas (LENT, 2004). Mudanças no ambiente externo, ou mesmo
interno do organismo, geram respostas plásticas dos neurônios. Neste sentido,
o principal propósito da aprendizagem é adaptar o organismo com sucesso ao
ambiente, que está sempre em mudança. Este é um dos princípios defi nidores
da vida, no que Lynn Margulis denominou de “acoplamento estrutural”. As
mudanças no ambiente podem representar mudanças signifi cativas na morfologia
celular do cérebro e na sua anatomia. Existem inúmeras maneiras de estas
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Fonte: Lent, (2004, p. 75).
Capítulo 2 TECIDO NERVOSO E NEUROPLASTICIDADE
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Atividades de Estudos:
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Algumas ConsideraçÕes
Neste capítulo, discutimos a maneira como os impulsos nervosos são
gerados e propagados. Podemos resumir que os impulsos nervosos têm caráter
tudo ou nada, ou ocorrem ou não ocorrem, que são propagados e podem ser
medidos por frequência, que são somatórios, ou seja, ocorre um equacionamento
das cargas positivas e negativas dentro do neurônio e que são saltatórios, o que
aumenta sua velocidade.
ReFerências
CARDOSO, Silvia Helena. Entendendo os sonhos. Cérebro & Mente, Campinas,
n. 2, p. 1-10, jun. 2007. Disponível em: <http://www.cerebromente.org.br/n02/
mente/neurobiologia.htm>. Acesso em: 3 fev. 2008.
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C APÍTULO 3
Estrutura e Funcionamento
do Sistema Nervoso
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
ConteXtualização
No último capítulo discutimos como as células do tecido nervoso operam
e como elas, no seu conjunto, podem sofrer as modifi cações necessárias para
compreender e responder a um mundo permanentemente cambiante. Neste
capítulo, o aluno vai estudar as principais estruturas do sistema nervoso e como
elas se relacionam com a aprendizagem. O cérebro humano é a estrutura mais
complexa do universo conhecido, sendo as áreas da linguagem as mais recentes
em termos evolutivos. Será um tema importante também, pois, nos remete ao
que foi estudado no capítulo 1 deste caderno, o estudo das áreas responsáveis
pela homeostasia, pois muitas destas áreas são as que possibilitam determinados
tipos de aprendizagem, como a habituação, que é um tipo de aprendizado, no
qual não aprendemos a dar novas respostas, mas sim, a deixar de responder a
estímulos repetitivos que não sejam danosos ao organismo. A maneira pela qual o
organismo buscará suas experiências e respostas ao ambiente proporcionarão o
amadurecimento e desenvolvimento do cérebro.
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Existe também, uma estreita relação entre sistema imune e sistema nervoso:
geralmente quando um deprime sua atividade, o outro segue na mesma tendência,
e não raras vezes somos acometidos de mazelas como viroses, bacterioses e
verminoses quando estamos emocionalmente abalados. Em verdade, os parasitos
que provocam estas patologias já estão presentes em nosso organismo, apenas na
espreita, esperando o melhor momento para tirar proveito do hospedeiro. Somos
uma mescla de respostas automatizadas e padrões novos de ação aprendidos a
partir de nossa existência. Estas respostas se apresentam em diferentes níveis;
no capítulo 2 discutimos os níveis mais elementares de interação; os átomos,
moléculas, células e tecidos. Podemos perceber que este nível elementar sofre
transformações radicais devido ao aprendizado, as experiências, as lesões e
danos que o sistema nervoso pode ser submetido.
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
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A. B.
Fonte: Extraído e adaptado de: Carlson (2002, p. 65), Tortora e Grabowski (2002, p.11).
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
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Maria Montessori, na sua educação cósmica, foi uma das poucas personalidades
em educação a dar alguma importância para os alimentos como mecanismo de
educação.
Muito temos ainda que evoluir no que tange ao uso da gustação enquanto
método educacional, incluindo aí, os inúmeros saberes tradicionais e culturais
atrelados aos sabores.
O Tronco EnceFálico
O tronco encefálico é subdividido em bulbo, ponte e mesencéfalo
O tronco
(fi gura 21). O bulbo (ou medula oblonga, por ser de organização
encefálico é
semelhante à medula espinhal) apresenta os núcleos dos nervos
subdividido em
cranianos vestíbulo-cocleares: que conduzem impulsos da audição,
bulbo, ponte e
glossofaríngeos: relacionado ao paladar, deglutição e salivação, vagos:
mesencéfalo.
impulsos sensoriais e motores das vísceras no tórax e abdômen,
acessórios: controladores da deglutição, hipoglossos: movimentos da
língua durante a fala e a deglutição. Os tratos motores que se dirigem à medula
espinhal passam pelo bulbo, e nele, estão localizados núcleos responsáveis pelo
tato, vibração e propriocepção (a percepção que temos do corpo e dos órgãos
internos). Ainda no bulbo, temos o centro cardiovascular que regula a frequência
e a força dos batimentos cardíacos; o diâmetro dos vasos sanguíneos e a área
respiratória rítmica, que ajusta o ritmo básico da respiração.
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
O CereBelo
O cerebelo (fi gura 24) ou pequeno cérebro, era considerado uma estrutura que
participava apenas do equilíbrio e da coordenação dos movimentos musculares.
Inúmeras pesquisas nas três últimas décadas têm revelado que o mesmo é um
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
O DiencÉFalo
Nosso próximo ponto será o diencéfalo, esta área bastante primitiva apresenta
as estruturas denominadas sistemas de sobrevivência, incluso o tálamo, epitálamo
e hipotálamo. Vamos agora, estudar como cada estrutura participa do controle do
corpo e das glândulas, das emoções e dos comportamentos.
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
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O TelencÉFalo
As primeiras estruturas a serem discutidas sobre o telencéfalo constituem o
que os fi siologistas, de Papez (1937) a McLean (1949) construíram sob o termo
Sistema Límbico, um conjunto de estruturas interconectadas particularmente
envolvidas na motivação e nas emoções. Além do córtex límbico, área
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
O hipocampo, do latim “cavalo marinho” graças ao seu formato (fi gura 28),
desempenha um importante papel no estabelecimento das memórias episódicas,
ao fazer novas conexões com o córtex cerebral a partir de cada nova experiência
ou aprendizado. Esta é a estrutura responsável pela memória de fatos e dados.
Importante salientar aqui que o hipocampo começa a se formar a partir de 1 ano de
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Neurofi siologia
idade e não está totalmente funcional antes dos 3 anos, o que nos faz incapacitados
de lembrar de eventos com nitidez antes desta idade. A memória é mais emocional do
que episódica. Há, portanto, um mito de quando a memória pessoal se estabelece,
não havendo possibilidades de lembranças conscientes de fatos e dados no útero,
ou durante o nascimento, mas havendo, sim, uma memória perceptual e emocional
antes do período de 3 anos pois estas não estão diretamente relacionadas com a
formação hipocampal (HOWE E COUREGA, 2004).
Os gânglios basais (fi gura 29) constituem as áreas de automação dos padrões
motores fi nos, como jogar futebol, escrever ou dedilhar um violão. Estas estruturas
recebem aferências da substância negra no tronco encefálico que despeja
dopamina nos núcleos basais infl uenciando no planejamento e na produção dos
movimentos. O Mal de Parkinson é uma degeneração deste feixe de fi bras e a
consequente perda dos movimentos fi nos, ocasionando os conhecidos tremores e a
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
rigidez dos membros próprios deste distúrbio. Os gânglios basais estão envolvidos
na aprendizagem de hábitos automatizados como olhar os carros ao atravessar a
rua, o drible tipo “pedalada” do Robinho, a prática de digitar um texto, ou ainda,
hábitos socialmente mediados como acenar para alguém que te acena na rua,
estender a mão para cumprimentar alguém ou o clássico dedão em riste do “legal”,
“tudo bem”, “ok”. Estes hábitos e padrões motores fi nos, uma vez assimilados,
podem fi car cada dia mais preciso e automatizado, possibilitando ao cérebro outros
planejamentos e desviar a atenção para eventos periféricos ao movimento, como
por exemplo, mudar a marcha do carro enquanto se faz uma ultrapassagem. Quanto
mais exercitamos um padrão motor, melhor será a excelência no comportamento,
o que faz do treino uma ótima ferramenta. Em termos neurais signifi ca dizer que
os feixes de fi bras envolvidos nestes comportamentos fi cam mais espessos, mais
mielinizados (mielinização axônica). Parece uma perda, ao aprendizado, o desuso
nas séries iniciais dos cadernos de caligrafi as e dos livros de alfabetização; e,
possivelmente estamos perdendo escritores e leitores neste processo. Voltaremos
a discutir a mielinização axônica no capítulo 4.
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
Muito do que
Fonte: Carlson (2002. p. 499). chamamos
de empatia,
Muito do que chamamos de empatia, a capacidade que temos a capacidade
de nos colocar no lugar do outro, é processado no córtex temporal, que temos de
especialmente no giro da insula, área que representa os nossos estados nos colocar no
fi siológicos e que nos ajudam a entender os estados internos dos outros, lugar do outro, é
também envolvido no comportamento de nojo. Isso nos remete a “Teoria processado no
da Mente” a capacidade que nosso cérebro tem de criar uma imagem da córtex temporal,
mente de outras pessoas, inferindo suas intenções, motivações, emoções, especialmente no
interesses, bem como, os estados fi siológicos. giro da insula.
O córtex órbito frontal (entre as órbitas dos olhos), o pólo anterior do lobo
temporal e o sulco temporal superior estão particularmente envolvidos, no seu
conjunto, na produção da imagem do estado do outro. Exercícios de empatia,
que poderão ter lugar ao longo de uma narrativa, reforçam em muito a aptidão,
discutiremos isso no capítulo 4. A imagem 33 ilustra as principais áreas envolvidas
na construção de uma “Teoria da mente”.
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
os músculos do lado direito são controlados pelo córtex motor esquerdo e vice-
versa, sendo os mapas também contralaterais.
Fonte: Sternber, Robert J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 63.
Fonte: Sternber, Robert J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 64. 87
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Podemos reparar nestes mapas que quanto mais utilizamos uma parte do
corpo ou quanto maior sua importância nas experiências do indivíduo, maior é sua
representação no córtex, assunto que discutimos em neuroplasticidade no capítulo
2. Somos essencialmente animais manuais e vocais, e isso implica em regiões
mais especializadas e volumosas do córtex para a percepção e o controle, assim
temos as mãos, que apresenta um volume e superfície reduzido, com um córtex
de aproximadamente 1/3 da área total do giro pós central (homúnculo sensório)
e as estruturas responsáveis pela oralidade (língua, mandíbula, maxila e lábios)
do giro pré-central (homúnculo motor) representadas com maior expressão. Na
fi gura 32 podemos ver que as áreas motoras da linguagem (área de Broca) são
contíguas às áreas motoras do aparato fonador, o que explica a afasia de Broca,
distúrbio que incapacita o indivíduo a expressar a linguagem. Importante salientar
aqui que mesmo as pessoas que se comunicam pela língua de sinais fazem
uso da área de Broca e Wernicke para produzir a linguagem, numa homologia
neural. Em nosso cotidiano utilizamos muito da gesticulação para nos comunicar,
principalmente o educador e, nossos cérebros são bastante adaptados a aprender
com gestos e sinais, assim como, para aprender outras línguas.
Dentre as especializações do córtex parietal (fi gura 35) temos a área psico-
somestésica, no córtex parietal posterior, responsável pela percepção somática.
O giro angular e o giro supra-marginal são responsáveis pelo esquema corporal.
Para exemplifi car, relatos de experiência “quase morte” que a pessoa diz se
ver fora do corpo, na sala de cirurgia, com detalhes do procedimento cirúrgico
e monitorado por imageamento cerebral, indica uma grande ativação do giro
angular, que “produziria” uma projeção, uma imagem do corpo na mente. Uma
área específi ca, a junção temporoparietal, também está envolvida na produção do
que denominamos “Teoria da Mente”, enquanto reprodutor dos estados mentais
das pessoas, como seus desejos e crenças (HERCULANO-HOUZEL, 2005).
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Capítulo 3 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
Atividades de Estudos:
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Algumas ConsideraçÕes
Apresentamos neste capítulo uma organização sistemática do sistema
nervoso, com especial ênfase ao sistema nervoso central. O aluno deve ter em
mente a importância das estruturas reguladoras dos processos homeostáticos,
como o tálamo e o hipolálamo.
ReFerências
CARLSON, Neil. Fisiologia do comportamento. 7.ed. São Paulo: Manole, 2002.
TAYLOR, Jill Bolte. My stroke of insight. TED: Ideas worth spreading. Disponível
em: <http://www.ted.com/index.php/talks/jill_bolte_taylor_s_powerful_stroke_of_
insight.html>. Acesso em: 2 nov. 2008.
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Capítulo 4 ONTOGÊNESE DO SISTEMA NERVOSO
ConteXtualização
No presente capítulo discutiremos os passos do desenvolvimento neural
e cognitivo, com base no estudado nos capítulos anteriores sobre os fatores
genéticos e ambientais envolvidos no desenvolvimento, as estruturas básicas do
sistema nervoso e a sua organização.
O cérebro de um recém nascido deverá ser pensado não como a tábula rasa
beconiana, mas antes disso, uma organização prévia que fornecerá os subsídios
estruturais necessários para as diferenciações cognitivas e comportamentais a
partir de suas experiências. Uma criança apresenta maiores potencialidades
de desenvolvimento que um adolescente ou adulto, mas a experiência de um
indivíduo maduro irá superar as capacidades de elaboração de respostas de uma
criança, mesmo em face de sua menor versatilidade. Durante a infância temos
potencialmente condições de especializarmos nosso cérebro em muitas direções,
fato este que durante a maturidade será enormemente limitada. Um bom exemplo
é o aprendizado da linguagem; uma criança aprenderá uma língua nova como se
fosse a sua mátria, e poderá aprendê-la sem sotaque ou entonações, enquanto um
adulto poderá aprender todo o corpo léxico de uma língua e suas particularidades
gramaticais, no entanto, estará fadado a pronúncia com sotaque da língua mátria.
Desenvolvimento EmBriolÓgico e
Aprendizagem
O sistema nervoso é uma das primeiras estruturas a emergir no desenvolvimento
do organismo. Revisaremos os passos até a ocorrência da neurogênese. Tudo
tem início com a fecundação, que é a união do material genético do macho (do
espermatozóide) com o material genético da fêmea, dentro da célula reprodutiva
feminina (óvulo). A segunda fase é uma massa de células que se proliferaram a
partir da célula ovo, ou ovo zigoto, denominada mórula (do latin signifi cando amora,
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O outro exemplo vem, portanto, da música, com o jovem Mozart, que foi
criado em um ambiente musical, sendo seu pai compositor dava aulas para a
fi lha mais velha, enquanto Mozart, com apenas 4 anos ensaiava suas primeiras
composições. A família materna de Mozart também apresentava habilidades
musicais. Enquanto seu pai compunha e ensinava a fi lha em um instrumento
denominado cravo, o pequeno Mozart era embalado na perna acompanhando
o embalo; o movimento da perna, as estimulações sonoras e o ambiente
emocionalmente rico na casa da família constituíram estimulações amplas no
desenvolvimento da prodigiosa rede neural para a musicalidade no cérebro do
infante Mozart. O pai de Mozart, Leopold, percebendo a prodigalidade do fi lho
passou então a lecionar aulas ao pequeno compositor, deixando de lado seus
demais afazeres e formatando uma técnica para ensinar música. Um cérebro
preparado biologicamente, uma educação formal bastante diretiva para a música
e um ambiente emocional rico e motivador (todos gostamos de aplausos e
recompensas) e temos um indivíduo excepcional na inteligência musical. Vale
aqui lembrar que, em termos cognitivos, a excelência se adquire cedo.
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Capítulo 4 ONTOGÊNESE DO SISTEMA NERVOSO
pois o cérebro promove com mais sintonia e agilidade o ajuste das representações
que forma do corpo. O comportamento corriqueiro de se prostrar na frente do
espelho verifi cando cada pedaço do rosto e do corpo parece estar em sintonia
com esta necessidade de ajuste de uma imagem corpórea, os meninos verifi cando
a espessura e rigidez dos músculos e as meninas atestando o formato e tamanho
dos seios, pernas e nádegas, e ambos os sexos olhando muito o rosto, agora um
pouco transformado e muitas vezes com as famigeradas espinhas e cravos que
tanto mal fazem para a auto-estima já ferida de um corpo que não é mais o de
criança, mas que tampouco é de um adulto; um corpo em transformação radical.
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Algumas ConsideraçÕes
Ponderamos alguns aspectos relevantes para a formação do sistema nervoso
e o desenvolvimento cognitivo. O educador deve ter em mente estas etapas, não
como uma regra, mas como princípios norteadores de sua prática educativa.
Regras não existem em biologia, nem leis, apenas uma probabilidade de que
aquele fenômeno se estabeleça desta ou daquela forma. No desenvolvimento,
a noção antes postulada de idades não é muito realística, mas sim uma fase ou
período em que alguns processos se estabelecem.
ReFerências
BROWN J. et al. A defect in nurturing in mice lacking the immediate early gene
Fos β. Cell, n. 86, p. 1-20, 1996.
FRIEDRICH, G.; PREISS, G. Educar com a cabeça. Viver: Mente e Cérebro, ano
XIV, n. 157, p. 50-57, 2006.
SISK, Cheryl L.; FOSTER, Douglas L. The neural basis of puberty and
adolescence. Nature Neuroscience, vol. 7, n. 10, p. 1040-1047, 2004.
Defi nir os conceitos centrais das ciências cognitivas como memória, atenção,
emoções e motivação e sua relação com a aprendizagem.
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Capítulo 5 NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO
ConteXtualziação
Este é o último capítulo do caderno de estudos, mas como podemos notar ao
longo do texto, a complexidade sobre a qual a aprendizagem esta estabelecida
faz com que nossos estudos tenham apenas iniciado. Neste último tópico vamos
aplicar alguns dos pressupostos básicos dos capítulos anteriores a questões
pertinentes da psicologia e da neurociência.
MemÓria e Aprendizagem
A mais primitiva das memórias ao longo da história de vida do indivíduo é a
memória emocional, que começa a ser constituída ainda no ventre e é bastante
ativa e funcional no recém nascido. A sede desta memória é a amígdala e ela
é considerada uma memória implícita, por não poder ser lembrada de forma
consciente, ou ainda não declarativa, pois não é possível uma descrição verbal
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dos eventos e fatos armazenados na mesma. Todavia, esta memória infl uencia e
muito nos medos e demais emoções expressas pelo organismo, bem como nas
suas tomadas de decisões.
Muitos pais questionam o motivo pelos quais seus fi lhos não conseguem
executar uma sequência de tarefas pela manhã, por exemplo, acordar, arrumar
a cama, escovar os dentes, fazer o desjejum, escolher os materiais necessários
para as aulas e demais atividades do dia, e sempre reclama que seus fi lhos
esquecem alguma coisa. Muitas vezes, os pais não permitem que seus fi lhos
errem, e apresentam certo grau de ansiedade. Faz-se necessário deixar que a
criança execute o trabalho, mesmo que cometa erros, e repetidas vezes, caso
contrário, não sofrem o processo discutido no capítulo 4 de exuberância sináptica,
e permanece o módulo para memória de trabalho com poucas conexões. Um
cérebro pouco conectado é um cérebro que terá mais difi culdades durante a poda
sináptica própria da adolescência e menos capaz na fase adulta. Portanto, o
treino, o ensaio e erro, as repetições, perfazem a excelência de uma memória de
trabalho. Isso pode ser treinado em qualquer atividade que os ganhos cognitivos
servirão para todas as modalidades de trabalho futuros.
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Capítulo 5 NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO
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Motivação
A motivação pode ser conceituada como um conjunto de fatores
que energizam, dirigem ou sustentam comportamentos (GAZZANIGA E
HEATERTHON, 2005). Existe um conjunto de comportamento controlado
pelo hipotálamo que chamamos de comportamentos motivados, ou seja, que
necessitam de um motivo para acontecer: fome para comer, sede para beber,
abstinência para sexo, sono para dormir e assim por diante. Neste sentido, a
motivação está diretamente relacionada com homeostasia, conceito discutido no
primeiro capítulo deste caderno de estudos que representam a tendência de as
funções corporais manterem o equilíbrio.
Motivação
extrínseca, são
objetos externos
para os quais
a atividade
está sendo
desenvolvida,
como uma
recompensa.
Um conceito central no entendimento da motivação é o de impulso,
Motivação enquanto estados fi siológicos que motivam o organismo a satisfazer
intrínseca, se suas necessidades, e o que promove a ativação fi siológica é a
refere ao valor excitação (arousal) como a atividade cerebral aumentada (GAZZANIGA
ou os prazeres E HEATERTHON, 2005).
relacionados
imediatamente Importante para o educador é compreender a diferença entre
com a atividade, motivação extrínseca, que são objetos externos para os quais a
sem objetivo atividade está sendo desenvolvida, como uma recompensa (se passar
ou propósito de ano ganhará uma bicicleta, se for bem à prova ganhará horas no
biológico vídeo game) e a motivação intrínseca, que se refere ao valor ou os
aparente. prazeres relacionados imediatamente com a atividade, sem objetivo
ou propósito biológico aparente (o aluno estuda porque isso estimula
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Capítulo 5 NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO
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uma dieta rica em omega 3 e sol. Também a vitamina B12 (presente nas folhas
verdes das hortaliças) participa ativamente da formação da bainha de mielina,
portanto, está relacionada a aspectos cognitivos, enquanto a bainha de mielina
melhora e aumenta a velocidade de condução do impulso elétrico no neurônio.
Atividade de Estudos:
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Capítulo 5 NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO
Algumas ConsideraçÕes
Chegamos aqui ao fi nal dos estudos de neurofi siologia. Nosso último tópico
ressaltou a importância de uma boa nutrição para a aprendizagem, espero ter
fornecido dicas que possam alterar o cotidiano da merenda de algumas escolas
nas quais o aluno tenha infl uência.
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ReFerências
CALLEGARO, J. N. Mente criativa: a aventura do cérebro bem nutrido.
Petrópolis: Vozes, 2006.
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