Momentum

Um cenário mágico. Como aproveitar? – parte 3

Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da GS&MD - Gouvêa de Souza
No último artigo desta série que avalia o processo de transformação estrutural do mercad
o, do consumo e do varejo brasileiro, de forma objetiva, queremos compartilhar a
titudes e ações práticas que possam contribuir para o repensar de estratégias e negócios n
o país.
1) Um olhar consistente e definido de mais longo prazo. Anos de foco no curto e
médio prazo, legados de períodos de constante instabilidade política, econômica e financ
eira, criaram uma dificuldade no pensar de longo prazo. Simples de diagnosticar,
mas difícil de equacionar, o pensar e planejar o longo prazo se tornou fundamenta
l para melhor aproveitamento de todo o horizonte positivo que se desenha para o
país, a despeito das limitações que a falta de planejamento do Estado criam e criarão. Q
uantas são as empresas, negócios, entidades e associações que têm, de forma consistente, u
ma visão clara de sua proposta para 2015? Que têm essa proposta avaliada sua viabili
dade e, com clareza, a origem dos recursos para se alcance essa meta?
2) Muito mais do que dinheiro, ter pessoas preparadas será o fator crítico nos anos
que virão. Quantos negócios têm com clareza projetos para captação, geração e retenção de p
preparadas para viabilizar esses objetivos, uma vez que pessoas, muito mais que
quaisquer outros recursos, serão o fator crítico para realização desses planos? Algumas
empresas já estão “importando” gente da Argentina, repatriando brasileiros dos Estados U
nidos e buscando opções em Portugal.
3) Não faltarão recursos financeiros para quem tem tiver visão, ambição e proposta consist
entes. O cenário futuro vai consolidar uma situação que já se desenha no momento, em que
recursos financeiros estão disponíveis, com diferentes níveis de custos, para quem te
nha projeto com uma visão consistentemente ambiciosa para aproveitar o cenário na próx
ima década.
4) A multiplicação virtuosa das oportunidades. Está cada vez mais difícil identificar aq
uelas áreas onde existem grandes oportunidades, como tradicionalmente se fazia. A
integração e a interdependência entre setores e negócios multiplicam as oportunidades na
s diversas regiões geográficas, nos diferentes segmentos de mercado, nas várias classe
s socioeconômicas. Com algumas variantes em potencial de crescimento, é possível gener
alizar o conceito de que “em se plantando dá”, desde que feito de forma madura e consi
stente.
5) Um olho no peixe, outro no gato. A multiplicação de oportunidades, o cenário positi
vo e o vento a favor não devem gerar um desequilíbrio entre a velocidade e a ambição par
a o aproveitamento de oportunidades e a preocupação permanente com racionalização, produ
tividade, eficiência e custos. Por que, acima de tudo, está o mercado. A velocidade
para aproveitar as oportunidades deve ser equilibrada com a constante preocupação de
fazê-lo de forma muito eficiente para manter a concorrência à maior distância possível, s
e beneficiando da condição de ser o first mover e o mais eficiente.
6) Entender todo o processo em sua escala “glocal”. Nenhuma análise pode ser feita des
equilibrada em suas dimensões global e local. A interconexão de mercados, o universo
digital e a velocidade do processo transformador obrigam a cada momento uma ref
lexão que considere as dimensões das oportunidades e ameaças nos mercados externo e in
terno.
7) Negócios e mercados terão transformações quânticas. Vivemos um momento de transformações
truturais, amplas e de profunda intensidade e nos próximos anos esse processo tend
erá a se acelerar. Ter a dimensão possível desse processo é talvez a mais desafiadora at
ividade das diversas organizações para entender, antecipar e atender os beneficiados
por essa transformação. Isso exige uma compreensão menos apaixonada e mais racional d
as interações entre todos esses processos e o desenho mais claro possível das resultan
tes dessas transformações, para identificar e separar as reais oportunidades dos mov
imentos casuísticos.