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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

LAURA REGINA FRANCZAK

ANÁLISE DE METODOLOGIA DE EXECUÇÃO DO SISTEMA CONSTRUTIVO


DE PAREDE DE CONCRETO: ESTUDO DE CASO

CURITIBA
2015
1
LAURA REGINA FRANCZAK

ANÁLISE DE METODOLOGIA DE EXECUÇÃO DO SISTEMA CONSTRUTIVO


DE PAREDE DE CONCRETO: ESTUDO DE CASO

Trabalho apresentado como requisito


parcial à obtenção do grau de
Engenheira Civil no Curso de
Engenharia Civil, do Departamento de
Construção Civil, do Setor de
Tecnologia, da Universidade Federal do
Paraná.

Orientadora: Prof. Elaine Souza dos


Santos Marinho.
Co-orientadora: Prof. MSc. Heloisa
Fuganti Campos

CURITIBA
2015
2
TERMO DE APROVAÇÃO

LAURA REGINA FRANCZAK

Trabalho apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de


Engenheira Civil no Curso de Engenharia Civil, pela seguinte banca
examinadora:

_________________________________________
Professora Elaine Souza dos Santos Marinho
Orientadora - Setor de Tecnologia da
Universidade Federal do Paraná, UFPR.

_________________________________________
Professora MSc. Heloisa Fuganti Campos
Co-Orientadora - Setor de Tecnologia da
Universidade Federal do Paraná, UFPR.

_________________________________________
Engenheiro Civil Gabriel Pereira Marinho
Empresa NG8 Construtora

3
Curitiba, 02 de dezembro de 2015
Dedico este trabalho primeiramente a Deus.
Em especial ao meu pai, que mesmo não estando presente sempre me
incentivou a acreditar na realização dos meus sonhos e a minha querida mãe
que fez de tudo para que eu pudesse realizá-los.
Também ao meu noivo, pelo carinho, apoio, paciência е por sua capacidade de
me trazer paz na correria dos últimos semestres.
4
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus.


A minha mãe Marcia, sem ela nada disso seria possível, ela foi a peça
fundamental para a concretização do meu trabalho. A você expresso o meu
maior agradecimento.
Agradeço aos meus amigos por terem me apoiado e ficarem ao meu
lado nas horas que eu mais precisava, principalmente minha querida amiga
Ana Caroline Guarda.
À minha orientadora, professora Elaine Souza dos Santos Marinho,
pela dedicação em reuniões, pelo acompanhamento, por seu tempo, sua
paciência e orientação em todas as etapas deste trabalho.
A professora co-orientadora Mestre Heloisa Fuganti Campos
pelas contribuições e sugestões no trabalho.
Aos funcionários da Universidade Federal do Paraná, em especial ao
pessoal da coordenação do curso que sempre me ajudaram. Obrigada!
Desejo também apresentar meu carinhoso agradecimento às equipes
das empresas Exame Tecnologia e Trocon Engenharia, com as quais aprendi a
prática e a verdade do dia a dia do trabalho.

5
Manter-se indiferente aos desafios que
enfrentamos é insustentável. Se o objetivo é nobre, se,
de qualquer forma, se realiza em nossa vida é
irrelevante. O que devemos fazer, no entanto, é nos
esforçarmos e perseverarmos e nunca desistirmos.
Dalai Lama

6
RESUMO

No passado a escolha de um sistema construtivo era basicamente


realizada a partir da cultura da empresa e por seu custo. Porém, atualmente
com a alta concorrência, na busca da racionalização dos processos
construtivos e na melhoria da utilização da mão-de-obra, as construtoras
procuram por sistemas construtivos que possam lhes dar vantagens sobre os
demais, como maior velocidade de execução, cumprimento dos prazos, maior
controle sobre a qualidade de cada etapa, aumento na produtividade,
industrialização do processo.
Oferecendo a produção de edificações em escala, com consequente
redução dos custos e prazos, apresenta-se o sistema Parede de Concreto, no
qual a superestrutura e vedação são compostas por um só elemento estrutural,
a parede de concreto, esta moldada no local que absorve e distribui as tensões
de maneira sistêmica, com ciclos de até um dia de trabalho, aumento na
produtividade e maior aproveitamento do uso da mão-de obra.
Para esclarecimento desse recente sistema construtivo, realizou-se um
estudo com base em uma obra construída em Parede de Concreto, ainda em
execução, o que permitiu acompanhamento de todas as etapas executivas
deste processo executivo. A obra localiza-se na Região Metropolitana de
Curitiba, em Fazenda Rio Grande, constituindo unidades habitacionais de
padrão popular.
Analisou-se o sistema Parede de Concreto, descrevendo suas etapas,
de forma que possibilitou analisar as vantagens deste sistema e obter um
entendimento de como ele funciona. Os diferenciais foram: velocidade na
execução da superestrutura; industrialização do processo; cronograma
diferenciado; maior controle nas etapas executivas e melhor aproveitamento de
mão-de-obra.

Palavras-chave: Parede de Concreto, produtividade, velocidade na execução, industrialização,


cronograma, mão-de-obra.

7
ABSTRACT

In the past the choice a construction system was basically made from
the culture company's and its cost. But now with the high competition in the
pursuit of rationalization of construction processes and improving the use of
hand labor, construction companies looking for building systems that give them
advantages over others, such as greater speed of execution, compliance with
deadlines, greater control over the quality of each stage, increased productivity,
process industrialization.
Offering the production of buildings in scale, with consequent reduction
in cost and time, presents the concrete wall system in which the superstructure
and seal are composed of one structural element, the concrete wall, this molded
in place that absorbs and distributes the stresses in a systemic way, with cycles
of up to one working day, increased productivity and better use of the use of
hand-work.
For clarification this recent construction system, there was a study
based on a work built concrete wall, still running, which allowed monitoring of all
executive steps in this process executive. The work was located in the
Metropolitan Region of Curitiba, in Fazenda Rio Grande, making housing units
of popular standard.
Analyzed the concrete wall system, describing its stages, so that made
it possible to analyze the advantages of this system and get an understanding
of how it works. The differentials were: speed of execution of the superstructure;
process of industrialization; differentiated timetable; greater control in the
executive steps and better use of hand labor.

Keywords: Concrete Wall, productivity, speed of execution, industrialization, schedule, hand


labor.

8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – EDIFICAÇÃO EM ALVENARIA CONVENCIONAL.....................20


FIGURA 2 – DESENHO ESQUEMÁTICO DE ALVENARIA ESTRUTURAL...22
FIGURA 3 – DESENHO ESQUEMÁTICO DE RESIDÊNCIA EM LIGHT STEEL
FRAMING....................................................................................................23
FIGURA 4 - FUNDAÇÃO TIPO RADIER...........................................................26
FIGURA 5 - MONTAGEM DA TELAS...............................................................27
FIGURA 6 - ESPAÇADOR.................................................................................28
FIGURA 7 - TELA COM ESPAÇADORES E ELETRODUTOS........................28
FIGURA 8 - MONTAGEM DAS PAREDES.......................................................30
FIGURA 9 – GABARITO DA JANELA, APÓS CONCRETAGEM....................32
FIGURA 10 – COMPARAÇÃO DO ACABAMENTO ENTRE SISTEMAS........34
FIGURA 11 – CRONOGRAMA EXECUTIVO....................................................36
FIGURA 12 – CROQUI DAS ETAPAS DA OBRA NA PRIMEIRA SEMANA DE
NOVEMBRO DE 2015................................................................................38
FIGURA 13 – ELEVAÇÃO FRONTAL...............................................................39
FIGURA 14 – PLANTA PAVIMENTO TÉRREO, POSICIONAMENTO DAS
SACADAS...................................................................................................39
FIGURA 15 – PLANTA PAVIMENTO TIPO, POSICIONAMENTO DAS
SACADAS...................................................................................................40
FIGURA 16 – PLANTA PAVIMENTO TÉRREO PNE.......................................40
FIGURA 17 – APARTAMENTO DO PAVIMENTO TIPO – SIMÉTRICO NOS
DOIS EIXOS................................................................................................42
FIGURA 18 – CONCRETAGEM DA LAJE DE PISO........................................43
FIGURA 19 – REFORÇOS NAS JANELAS E LIGAÇÃO ENTRE PAREDES.45
FIGURA 20 – LIGAÇÃO ENTRE PAREDE E LAJE.........................................45
FIGURA 21 – TELA COM ESPAÇADORES, NA ETAPA DE MONTAGEM
DAS FÔRMAS............................................................................................46
FIGURA 22 – INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS: (A) ANTES DO
ACABAMENTO; (B) DEPOIS DO ACABAMENTO COM SHAFT
DRYWALL...................................................................................................47
9
FIGURA 23 – (A) ADAPTAÇÃO NA FÔRMA PARA TUBULAÇÃO DE GÁS;
(B) INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS HORIZONTAIS E
TUBULAÇÃO DE GÁS EXECUTADAS.....................................................48
FIGURA 24 – MONTAGEM DAS FÔRMAS: (A) PAREDES INTERNAS; (B)
PAREDES EXTERNAS..............................................................................49
FIGURA 25 – PEÇAS PARA ANCORAGEM DA FÔRMA...............................50
FIGURA 26 – PROJETO DAS FÔRMAS DO PAVIMENTO TÉRREO.............51
FIGURA 27 – DESENFORMA DO PAVIMENTO TIPO.....................................51
FIGURA 28 – ESCORAS PERMANENTES DEIXADAS APÓS DESENFORMA
.....................................................................................................................52
FIGURA 29 – ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO, JANELA DO DORMITÓRIO E
DO BANHEIRO...........................................................................................53
FIGURA 30 – EXECUÇÃO DO FLOW DO CONCRETO DESTINADO AO USO
NA PAREDE...............................................................................................55
FIGURA 31 – LANÇAMENTO DO CONCRETO NA EXECUÇÃO DAS
PAREDES...................................................................................................56
FIGURA 32 – CONCRETO ATÉ MEIA ALTURA DA PAREDE DURANTE
CONCRETAGEM........................................................................................56
FIGURA 33 – LANÇAMENTO DO CONCRETO NA EXECUÇÃO DA LAJE...57
FIGURA 34 – PAREDE COM TAPONAMENTO REALIZADO.........................58
FIGURA 35 – PAREDE APÓS QUEBRA E REGULARIZAÇÃO COM MASSA
DE ENCHIMENTO, PRONTA PARA RECEBER ACABAMENTO DE
PINTURA.....................................................................................................58
FIGURA 36 – CERÂMICA NAS ÁREAS MOLHÁVEIS DO APARTAMENTO.59
FIGURA 37 – CRONOGRAMA EXECUTIVO SUPERESTRUTURA DE 4
BLOCOS.....................................................................................................60
FIGURA 38 – BLOCOS CONCLUÍDOS – BLOCO 27, BLOCO 28 E BLOCO
29.................................................................................................................61
FIGURA 39 – CRONOGRAMA EXECUTIVO GERAL - BLOCOS 27,28 E 29.62

10
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - DESMOLDANTES PARA FÔRMAS DE PAREDES DE


CONCRETO.....................................................................................................29
TABELA 2 - PAREDES – RESUMO DAS BARRAS DE FERRO..........................42
TABELA 3 – RESISTÊNCIAS DOS CONCRETOS UTILIZADOS E LOCAL DE
APLICAÇÃO....................................................................................................52
TABELA 4 - CUSTO DE UMA UH EM ALVENARIA DE BLOCOS
CERÂMICOS E PC..........................................................................................62

11
LISTA DE SIGLAS

ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland


ABESC - Associação Brasileira de Serviços de Concretagem
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACI - American Concrete Institute Code
ACII - Argamassa Colante do tipo ACII
AM - Amazonas
AS - Australian Standard
ASTM - American Society For Testing Materials
BNH - Banco Nacional de Habitação
CA50 - Aço para concreto armado com resistência de 500 MPa
CA60 - Aço para concreto armado com resistência de 600 MPa
DTU - Documents Techniques Unifies
IBTS - Instituto Brasileiro de Telas Soldadas
LSF - Light Steel Framing
NBR - Norma Brasileira
PC - Parede de Concreto
PNE - Portadores de Necessidades Especiais
RN - Rio Grande do Norte
UH - Unidade Habitacional

12
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15
1.1 OBJETIVOS......................................................................................................15
1.2 JUSTIFICATIVAS.............................................................................................15
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO.........................................................................17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18
2.1 PANORAMA GERAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL.............................................18
2.2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS HABITUAIS NO BRASIL.................................19
2.2.1 ALVENARIA CONVENCIONAL....................................................................20
2.2.2 ALVENARIA ESTRUTURAL.........................................................................21
2.2.3 LIGHT STEEL FRAMING.............................................................................22
2.3 SISTEMA DE PAREDE DE CONCRETO........................................................24
2.3.1 FUNDAÇÃO..................................................................................................25
2.3.2 ARMADURAS...............................................................................................26
2.3.3 INSTALAÇÕES.............................................................................................28
2.3.4 SUPERESTRUTURA E VEDAÇÃO.............................................................29
2.3.5 CONCRETAGEM..........................................................................................32
2.3.6 REVESTIMENTOS.......................................................................................33
2.3.7 MÃO-DE-OBRA............................................................................................34
2.3.8 CONTROLE DE OBRA – CRONOGRAMA..................................................35
3 METODOLOGIA 37
3.1 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO....................................................37
3.2 PROJETOS......................................................................................................41
3.3 EXECUÇÃO......................................................................................................42
3.3.1 FUNDAÇÃO..................................................................................................43
3.3.2 ARMADURAS...............................................................................................44
3.3.3 INSTALAÇÕES.............................................................................................46
3.3.4 SUPERESTRUTURA E VEDAÇÃO.............................................................48
3.3.5 ESQUADRIAS..............................................................................................52
3.3.6 CONCRETAGEM..........................................................................................53
3.3.7 REVESTIMENTOS.......................................................................................57
3.4 CRONOGRAMA DE OBRA..............................................................................59
13
4 ANÁLISES E DISCUSSÃO 63
5 CONCLUSÃO 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 71

14
1
2 INTRODUÇÃO

2.1 OBJETIVOS

Exposição do sistema construtivo de Parede de Concreto com


definições e etapas de execução, e para exemplificar o sistema foi apresentado
um estudo de caso.
A obra que serviu de exemplo foi uma de padrão popular, ainda em
execução, localizada em Fazenda Rio Grande, no estado do Paraná, na
Avenida Nossa Senhora Aparecida, número 2633 esquina com a Rua Nossa
Senhora do Carmo – Bairro Santa Terezinha.

2.2 JUSTIFICATIVAS

A grande concorrência na construção civil faz com que as construtoras


necessitem reduzir prazos, custos e aumentar o controle da obra, investindo
cada vez mais na implantação de sistemas inovadores, na racionalização dos
processos construtivos e na melhora da utilização da mão-obra.
Segundo Vieira (2011), devido à escassez desta mão de obra,
decisões de escolha pelas empresas por um tipo de sistema construtivo
ganharam novo cenário de 2006 até então. Enquanto no passado,
basicamente, o sistema era escolhido a partir da cultura da empresa e do
custo, hoje, além do custo, itens como produtividade, qualidade e tipologia de
arquitetura ganharam força nesta decisão.
Conquistando o mercado brasileiro, o sistema de Parede de Concreto,
torna-se uma opção que oferece todas as vantagens de uma metodologia
construtiva voltada para produção de edificações em escala. Oferece
versatilidade, flexibilidade arquitetônica e permite
ampliações, para
15
determinados tipos de projetos, baixa manutenção e facilidade de implantação
em lugares distantes e com pouca infraestrutura. Torna-se um incentivo a
construção de obras populares, geram-se lucros mais atrativos em obras de
baixa renda, priorizando interesse social, e com extrema importância na
velocidade de execução, essa gerada por técnicas construtivas mais
industrializadas, como a estudada neste trabalho (CONSTRUÇÃO, 2011).
Diante disto, observa-se que o sistema construtivo convencional já não
é a única alternativa de maior vantagem diante das novas tendências do
mercado, com isso as construtoras buscaram novas tecnologias e métodos
para ter um equilíbrio entre custos, qualidade e tempo de execução
principalmente no ramo da habitação popular.
Esclarece Pinho (2010), que o sistema de alvenaria convencional para
construção de conjuntos habitacionais no Brasil é marcado pelo tempo de
execução lento e onde se predomina o desperdício. Sendo que o sistema
construtivo de Parede de Concreto é totalmente sistematizado, pois é baseado
em conceitos de industrialização de materiais e equipamentos, na
mecanização, modulação, no controle tecnológico e na multifuncionalidade da
mão-de-obra.
Também a alvenaria estrutural, comumente utilizada em construções
habitacionais, dito por Guilherme e Rocha (2012), é um sistema construtivo
bastante antigo, data das idades mais remotas, quando o homem ainda
utilizava blocos espessos de pedra para construir sua habitação. Apresentavam
espessuras relativamente grandes das paredes e as formas em arco na
tentativa de alcançar maiores vãos.
A Alvenaria Estrutural substituí dois principais sistemas de uma
construção: a estrutura de concreto armado e os fechamentos de alvenaria.
Logo as paredes da edificação são também a estrutura que suporta todas as
cargas, semelhante ao sistema Parede de Concreto, além do peso próprio,
também o peso de lajes, coberturas, cargas e fatores externos como o vento.
Este tipo de construção, simples, evoluiu bastante, atualmente é possível
construir edifícios de vários pavimentos com o mesmo princípio de
funcionamento estrutural (CAMPOS, 2012).

16
2.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho encontra-se dividido em cinco capítulos.


O capítulo I apresenta a introdução deste trabalho, descreve o objetivo
principal deste estudo e justificativa.
No capítulo II é apresentada uma revisão bibliográfica com breve
descrição dos sistemas construtivos mais conhecidos e usados no Brasil. Logo
após, sobre o sistema Parede de Concreto, apresentando conceitos técnicos e
estruturais básicos para entendimento de sua execução.
O capítulo III aborda a metodologia utilizada, através do estudo de
caso, com detalhes da execução e características do sistema Parede de
Concreto.
O IV capítulo reúne informações sobre a análise e discussão do
sistema em estudo. Descreve as vantagens e desvantagens, em comparação a
alguns outros sistemas.
No último capítulo encontra-se as conclusões deste trabalho, obtidas
através do relato da execução de uma obra usada como exemplo, sem
alteração da autora nos dados fornecidos.

17
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 PANORAMA GERAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Conforme o professor Sabbatini (2003), a realidade até o início deste


século era a alvenaria, o mais utilizado, seguro e durável material estrutural e o
único aceito na estruturação de edificações de grande porte. Como exemplo, o
mais destacado desta utilização, temos em São Paulo o Teatro Municipal,
inaugurado em 1911 e totalmente estruturado em paredes de alvenaria
resistente.
Em Alvenaria Estrutural, os primeiros prédios foram construídos no
Brasil em 1966, com 4 pavimentos em alvenaria armada de blocos de concreto,
como exemplo o Conjunto Habitacional “Central Parque da Lapa”. Seu auge no
Brasil foi na década de 80, foi divulgada com a construção dos conjuntos
habitacionais, assim ficou marcada como um sistema para baixa renda
(LEGGERINI; KALIL, 2015).
Também confirmam, Fazinga e Saffaro (2012), que a construção civil
no Brasil tem sido caracterizada por seu foco em sistemas convencionais. Até o
início da expansão da construção habitacional em 2005, a predominância
estava sendo absoluta do concreto moldado in loco e da alvenaria de tijolos.
Por meio de uma organização temporária se estruturava a produção, com
grande diversidade de insumos e de fornecedores, além de fazer uso intensivo
de mão de obra.
Sobre a construção habitacional, foi em 1996 que surgiu o Banco
Nacional de Habitação (BNH), o qual ainda no início da década de 70
desencadeou programas habitacionais. Verificou-se o interesse gradativo dos
fabricantes e das construtoras a aderirem cada vez mais as tecnologias não
convencionais. Dentre eles destaca-se o sistema Outinord de formas metálicas
e o sistema de formas metálicas e de madeira: Geo-sistem e Preford, para a
produção de paredes maciças moldadas no local (COHABS, 1977).
Entre as décadas de 70 e 80, que surgiu a inspiração para o sistema
de Parede de Concreto através de experiências bem-sucedidas18
e consagradas
da construção industrializada em concreto celular e em concreto convencional,
além de diversas obras com painéis de fôrmas deslizantes ou trepantes
conforme Coletânea de Ativos, formada pela união de algumas instituições de
grande respeito no meio técnico, como a Associação Brasileira de Cimento
Portland (ABCP), a Associação Brasileira de Serviços de Concretagem
(ABESC) e o Instituto Brasileiro de Telas Soldadas (IBTS), para esclarecimento
do Sistema de Parede de Concreto (ABCP, 2008).
Tais experiências bem-sucedidas vieram de países parecidos com o
Brasil, como a Colômbia e o México, além de outras nações da América
Central. No Brasil, algumas construtoras, como Inpar, Sergus e Gethal, já
utilizaram esse sistema construtivo em seus empreendimentos (ABCP, 2008).
Observou-se neste sistema também, a extrema importância que o
construtor interessado em utilizar o sistema Parede de Concreto tenha
consciência de que o projeto é individualizado e que qualquer tentativa de
adaptação com projetos procedentes de outros sistemas construtivos tenderá à
improdutividade da obra (CONSTRUÇÃO, 2011).
Conforme o Manual Técnico para Implementação (ABCP, 2002), no
Brasil, a construção de edificações com paredes de concreto celular moldadas
no local começou na década de 80, com a execução de casas populares nas
cidades de Natal (RN) e Manaus (AM). Até hoje temos aproximadamente
40.000 casas construídas no Brasil, sendo que um dos fatores altamente
elogiáveis é justamente o grau de conforto térmico oferecido pelos ambientes
internos.
Logo com o crescimento do mercado imobiliário brasileiro e as
contínuas medidas públicas para ampliar a oferta de moradias, o sistema
Parede de Concreto representa uma solução possível para produção em
escala (MISURELLI; MASSUDA, 2009).

3.2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS HABITUAIS NO BRASIL

Atualmente no Brasil é possível encontrar uma vasta quantidade de


19
sistemas construtivos, para esse estudo foi selecionado três tipos, o sistema
Alvenaria Convencional, Alvenaria Estrutural e o Light Steel Framing, sendo
estes os quais mais apresentam similaridade com o sistema Parede de
Concreto.

3.2.1 Alvenaria Convencional

Segundo Araújo (1995), a alvenaria comum é um conjunto de blocos


artificiais ou componentes naturais, ordenadamente dispostos que são unidos
por uma argamassa ou não, formando-se um maciço que deve apresentar
resistência, durabilidade e impenetrabilidade.
Para Campos (2012), a função básica desta alvenaria convencional é
ter sua estrutura formada em concreto armado e vedação, a qual também é
chamada de fechamentos de alvenaria FIGURA 1.

FIGURA 1 – EDIFICAÇÃO EM ALVENARIA CONVENCIONAL


FONTE: CAMPOS (2012)

Após conclusão da estrutura de concreto armado de uma obra,


segundo Bauer (1994), inicia-se a execução de sua alvenaria. Nas obras de
menor porte, as paredes são assentadas diretamente a partir das fundações.
Para execução das alvenarias deve-se dispor do projeto arquitetônico
completo. Depois de executada a alvenaria, as paredes recebem chapisco e
depois emboço com argamassa de cimento, cal e areia,20trabalho este
considerado artesanal, pois, o prumo da parede depende muito da habilidade
do operário, oferecendo baixa produtividade.
As instalações são embutidas na parede após execução da alvenaria,
onde o operário com uma talhadeira e uma marreta, precisa quebrar a parede
formando rasgos para a passagem da tubulação, trabalho este que gera muito
resíduos e desperdício de material (BAUER, 1994).
Verifica-se que no Brasil, tradicionalmente que o uso de alvenaria para
construção de unidades habitacionais é muito comum, sendo que as
construções se constituem basicamente de cimento e tijolos cerâmicos.
Entretanto essa técnica tem um custo associado muito alto (IMED, 2012). Para
Santiago (2008), processos convencionais onde foca-se a produção, tornam
marcantes o desperdício e a baixa produtividade.

3.2.2 Alvenaria Estrutural

A alvenaria estrutural surgiu como complemento da alvenaria


convencional. Seu princípio básico é a substituição das vigas e pilares por
paredes estruturais, as quais devem suportar toda a carga da edificação,
trabalha-se de modo que se consiga uma forma mais homogênea, aliviando
assim a concentração de esforços em pontos específicos, como ocorre na
alvenaria convencional. Utiliza-se peças pré-moldadas, para facilitar e
dinamizar as construções, além de proporcionarem economia de tempo,
recursos financeiros e mão-de-obra, comparada a alvenaria convencional
(BAUER, 1994).
Segundo Cichinelli (2014), a alvenaria estrutural é apontada por
construtores como um dos sistemas construtivos mais competitivos para obras
residenciais. E Campos (2012) menciona que ela já está em uso há mais de
um século. Sendo que aqui no Brasil, existem edifícios com mais de 30 anos
cuja estrutura foi executada usando blocos de concreto (FIGURA 2).

21
FIGURA 2 – DESENHO ESQUEMÁTICO DE ALVENARIA ESTRUTURAL
FONTE: SALEMA (2014)

3.2.3 Light Steel Framing

O sistema Light Steel Framing (LSF) não se consiste em uma única


estrutura apenas, e sim em um composto de subsistemas. O qual segundo
Freitas e Crasto (2006) tem como principal definição uma estrutura constituída
por perfis de aço galvanizado formados a frio que são utilizados para a
composição de painéis estruturais e não estruturais, sendo um “esqueleto”
formado por diversos elementos individuais ligados entre si, passando estes a
funcionar em conjunto para resistir as cargas da edificação dando forma à
mesma (FIGURA 3).

22
FIGURA 3 – DESENHO ESQUEMÁTICO DE RESIDÊNCIA EM LIGHT STEEL FRAMING
FONTE: IMED (2012)

Santiago (2008) descreve o conceito estrutural do LSF como a divisão


das cargas da edificação em um maior número de elementos estruturais, onde
cada um é projetado para receber uma parcela pequena da carga.
O sistema busca aumentar a produtividade, diminuir o desperdício,
minimizar perdas e prazos durante a obra, sendo a melhor forma de permitir a
industrialização e racionalização nos processos. Sua parte principal é a
estrutura, sendo um sistema muito mais complexo, integrando todos os
sistemas necessários para a construção de uma edificação (FREITAS;
CRASTO, 2006).
Porém, no Brasil, onde ainda prevalece o método artesanal, o sistema
LSF ainda é pouco conhecido, visto que é bastante utilizado em países em que
a construção civil é predominantemente industrializada (SANTIAGO; FREITAS;
CRASTO, 2012).

23
3.3 SISTEMA DE PAREDE DE CONCRETO

Conforme Pinho (2010), o sistema de Parede de Concreto é


recomendado para empreendimentos que têm alta repetitividade e podem ser
utilizadas em obras de pequeno, médio e alto padrão, devido a sua grande
versatilidade. A escolha é definida basicamente com base nos custos. Podem
ser utilizados em vários tipos de edificações, em casas térreas, sobrados,
edifícios de até seis pavimentos, edifícios de até nove pavimentos com apenas
esforços de compressão, e tendo inclusive exemplos de utilização em edifícios
de até 30 pavimentos.
Segundo a Coletânea de Ativos (ABCP, 2008), o sistema Parede de
Concreto demandou das empresas e instituições interessadas em seu
crescimento um intenso trabalho de pesquisa, para que o seu modelo de
cálculo estrutural pudesse se adequar às normas técnicas existentes ou se
transformar em uma nova norma técnica para esse sistema.
Na busca de conhecimentos sobre esse sistema, a norma norte-
americana ACI 318 (1999) revelou uma metodologia de cálculo bastante
adequada às condições brasileiras, principalmente para estruturas de múltiplos
pavimentos. Outra referência considerada foi a DTU 23.1 (França, 1993).
Calculistas renomados, apoiados também por normas técnicas colombianas,
país onde o sistema encontra-se desenvolvido e consolidado, também
contribuindo para o estudo de modelo de cálculo do sistema (ABCP, 2008).
Atualmente, segundo Nunes (2011), tem-se códigos internacionais de
práticas de concreto armado, como o American Concrete Institute Code (ACI-
318, 1999), citado acima, e a Australian Concrete Standard (AS-3600, 2001),
que destinam capítulos específicos para projetos de parede de concreto
armado.
Brito (2013) afirma, que em maio de 2012 entrou em vigor no Brasil a
NBR 16055 (ABNT, 2012) “Parede de concreto moldada no local para a
construção de edificações – Requisitos e procedimentos”, onde se apoiam
todos os projetos de dimensionamento e execução que utilizam o sistema de
Parede de Concreto.
24
A intenção de moldar in loco é de evitar o duplo trabalho. No caso do
pré-moldado, existem as fôrmas externas ao local definitivo, que são utilizados
em um processo de repetição e padronização de concretagem controlada, que
posterior à cura, a peça é transportada até seu local apropriado para ser fixada
e travada. Quando a moldagem é feita já no próprio local definitivo e
permanente, como o sistema parede de concreto, evita-se uma série de gastos
e mão-de-obra, além do que, a estrutura monolítica pode se tornar mais
resistente, pois todas as paredes formam um único elemento estrutural,
fazendo com que as tensões sejam distribuídas e absorvidas de maneira
sistêmica (BAUER, 2012).
As etapas para execução do sistema serão descritas nos próximos
itens.

3.3.1 Fundação

Segundo Misurelli e Massuda (2009), a escolha do tipo de fundação


depende do local do empreendimento, de acordo com o clima, solo e geografia.
A seleção deve considerar segurança, estabilidade e durabilidade, além do
alinhamento necessário para a produção das paredes.
A locação das fundações, rasas ou profundas, deve ser feita através de
um gabarito, realizado por uma equipe de colaboradores, junto com um
topógrafo, conferindo e garantindo posicionamento perfeito dos mesmos, diz
Góes (2013).
Segundo o Manual Técnico para Implementação (ABNT, 2002), nesse
sistema construtivo a fundação é concretada no local, e tem a vantagem de
proporcionar uma base de trabalho apropriada para as ações das equipes de
montagem das fôrmas e instalações, além de permitir o posicionamento das
instalações de entrada e saída pelo piso, tais como as redes de esgoto.
Conforme artigo da revista Techné, por Corsini (2012), a fundação
comumente mais usada é do tipo radier (FIGURA 4), por oferecer mais
facilidade na montagem das fôrmas ao deixar nivelada a base de montagem.
25
FIGURA 4 - FUNDAÇÃO TIPO RADIER
FONTE: ABCP (2008)

A fôrma pode ser de madeira ou de aço, esta última tem a vantagem da


durabilidade e precisão, necessária para a reprodutibilidade em projetos de
grande escala. A equipe de montagem neste caso fica capacitada a realizar
com precisão a montagem da fôrma e com velocidade compatível com o ritmo
da obra (ABCP, 2002).

3.3.2 Armaduras

As paredes de concreto são armadas com telas metálicas


centralizadas, diz Silva (2011a), em barras de aço soldadas e identificadas por
"Q138" (malha quadrada de 100 mm e fios com diâmetro de 4,2 mm).
A tela soldada é posicionada no eixo vertical da parede (FIGURA 5). As
bordas, vãos de portas e janelas recebem reforços de telas ou barras de
armadura convencional. Em edifícios mais altos, as paredes devem receber
duas camadas de telas soldadas, posicionadas verticalmente, e reforços
verticais nas extremidades das paredes, segundo Missureli e Massuda (2009).

26
FIGURA 5 - MONTAGEM DA TELAS
FONTE: AUTORA (2015)

As armaduras têm a função de resistir às tensões iniciais geradas pela


retração do concreto, provocada pela perda de água nas primeiras idades.
Para estas tensões também é recomendado o uso de fibras, adicionadas ao
concreto na mistura. As armaduras servem também para resistir a esforços
ocasionais de flexo-torção nas paredes por ações externas e esforços devidos
à variação da temperatura externa. O uso de espaçadores industrializados é
fundamental para garantia de posicionamento das armaduras e também da
geometria dos painéis em obediência ao projeto, especialmente alinhamentos e
espessura de paredes (ABCP, 2002).
Os espaçadores (FIGURA 6), são colocados a cada 50 cm, tanto na
horizontal quanto na vertical, de forma a possibilitar o cobrimento de concreto
definido em projeto (SILVA, 2011a).

27
FIGURA 6 - ESPAÇADOR
FONTE: AUTORA (2015)

3.3.3 Instalações

É importante se ter um menor número possível de eletrodutos nas lajes


para que esta tarefa seja agilizada, pois nelas os eletrodutos devem ser
posicionados logo após a montagem das fôrmas de lajes e antes da
concretagem. No posicionamento dos eletrodutos nas paredes (FIGURA 7) não
há este problema, pois não interfere na montagem das fôrmas das paredes e é
feito por equipes independentes, antes do início desta operação (ABCP, 2010).

FIGURA 7 - TELA COM ESPAÇADORES E ELETRODUTOS


FONTE: SILVA (2013)

Nas instalações hidrossanitárias, agrupa-se nas áreas molhadas para


reduzir a quantidade de tubulações que necessitam “correr” pelos forros até os
shafts. Também visando aumentar a velocidade, entre a montagem e
concretagem das lajes, construtoras estão optando por não deixar tubos ou
inserts para tubulações nas lajes, deixa-se para furá-las no momento da
montagem dessas tubulações: atividades independentes que proporcionam
maior produtividade e qualidade (ABCP, 2010).

28
3.3.4 Superestrutura e Vedação

De acordo com Misurelli e Massuda (2009), no sistema construtivo de


Parede de Concreto, a vedação e a estrutura são compostas por esse único
elemento.
As fôrmas são constituídas por painéis de chapas metálicas tanto para
estruturação de seus painéis como para dar acabamento à peça concretada.
As aberturas de portas são mantidas para permitir a circulação dos operários
durante a execução. O conjunto das fôrmas desenha a configuração das
paredes conforme o projeto e, após a concretagem, as paredes terão perfeito
acabamento e alinhamento (ABCP, 2002).
A FIGURA 8 apresenta exemplos das etapas da montagem das
paredes, que constituem a superestrutura e ao mesmo tempo a vedação deste
sistema construtivo.

FIGURA 8 - MONTAGEM DAS PAREDES


FONTE: TÉCHNE, V.167 (2011)

O cuidado na limpeza e a manutenção dos painéis são fundamentais


para garantir a vida útil do sistema de fôrmas. E a utilização do desmoldante
adequado é importante para a manutenção da superfície dos 29
painéis, para o
acabamento superficial da peça a ser concretada e também para não
comprometer a aderência do revestimento final. Cada sistema de fôrmas
(metálica, madeira ou plástica) requer um tipo de agente desmoldante
específico e a sua escolha deve ser criteriosa (ABCP, 2010).
A TABELA 1, apresenta alguns tipos de desmoldantes de diversos
fornecedores, para cada tipo de superfície da fôrma.

TABELA 1 - DESMOLDANTES PARA FÔRMAS DE PAREDES DE CONCRETO


FABRICANTE FORMA AGENTE CONSUMO OBSERVAÇÕES
Madeira
BASF Plástica Reofinish FR 350 90 a 100 m²/litro -
Metálica
Madeira Ortolan 710 Varia em função
MC – da temperatura,
Plástica Ortolan 711 50 m²/litro
BAUCHEMIE não do tipo de
Metálica Ortolan 712 superfície
Desmol CD ou 100 a 200 m²/litro
Madeira
Desmol ou 100 m²/litro
Otto Baumgart -
Plástica Desmol CD 100 a 200 m²/litro
Metálica Desmol betoneira 200 ml/m²
Madeira Desmoldante 5000 20 m²/litro
Rheotec Plástica - - -
Metálica Desmoldante 5000 40 m²/litro
Madeira Separol Top 150 m²/litro
Sika Plástica Separol Metal 50 a 100 m²/litro -
Metálica Separol Metal 50 a 100 m²/litro
FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND (2010)

2.1.5 ESQUADRIAS
30
Ao especificar as esquadrias do projeto de Parede de Concreto,
devemos ter em mente a coordenação modular, segundo a Coletânia de Ativos
(ABCP, 2010), evitando interferências entre os demais subsistemas (fôrmas,
por exemplo). Sendo as paredes moldadas in loco, pode-se ter embutidas as
instalações elétricas, hidráulicas e as esquadrias, conforme Misureli e Massuda
(2009).
Antes do fechamento das fôrmas (SILVA, 2011a), são colocados os
gabaritos de portas e janelas (FIGURA 9), para garantir o vão previsto em
projeto.

FIGURA 9 – GABARITO DA JANELA, APÓS CONCRETAGEM


FONTE: AUTORA (2015)

3.3.5 Concretagem

Segundo entrevista ao engenheiro Ary Fonseca, por Mello (2010), no


Brasil são definidos quatro tipos específicos de concreto para esse sistema,
são eles:

• Concreto celular (Tipo L1) – Preparado com agregados convencionais


(areia e brita), cimento Portland, água e possui minúsculas bolhas de ar
distribuídas em sua massa. Tem característica de baixa massa31específica e o
bom desempenho térmico e acústico. Usualmente utilizado para estruturas de
até dois pavimentos, quando a resistência especificada for igual a resistência
mínima de 4 MPa (ABCP, 2007);
• Concreto com elevado teor de ar incorporado – até 9% (Tipo M) –
Possui características térmicas, acústicas e mecânicas parecidas com as do
concreto tipo L1, usualmente utilizado em casas térreas ou até dois
pavimentos, desde que a resistência especificada seja igual a resistência
mínima de 6 MPa (ABCP, 2007);
• Concreto com baixa massa específica (Tipo L2) – Composto com
agregados leves, tem a característica como bom desempenho acústico e
térmico, mas levemente inferior aos concretos M e L1. Usado em qualquer
estrutura que necessite de resistência de até 25 MPa (ABCP, 2007); e
• Concreto auto-adensável (Tipo N) – Com duas principais
características, sua aplicação é muito rápida, realizada por bombeamento e
possui mistura extremamente plástica, dispensando o uso de vibradores
(ABCP, 2007).

Antes da desenforma das paredes de concreto, segundo Coletânea de


Ativos (ABCP, 2013), há necessidade de se ter conhecimento do resultado dos
ensaios do concreto para comprovar que atingiu a resistência mínima de
desenforma definido em projeto e então proceder à retirada das fôrmas das
paredes com total segurança.
A resistência característica à compressão do concreto, aos 28 dias, é
de 25 MPa e a resistência mínima do concreto na desenforma, a 15 horas, é de
1,8 MPa, segundo Silva (2011a). Por isso a desforma ocorre logo no dia
seguinte.
À semelhança de um líquido enchendo um recipiente, o sistema
Parede de Concreto utiliza concreto com alta fluidez para preencher os vazios
das fôrmas. O lançamento desses concretos deve ser planejado e obedecer a
um critério de escolha de pontos, de modo que a massa fluida possa caminhar
homogeneamente pelas fôrmas e preencher todos os vazios sem quaisquer
dificuldades (ABCP, 2010).

32
3.3.6 Revestimentos

Sobre o sistema parede de concreto, Justus (2009) relata que após a


concretagem, com a desforma, as paredes estão prontas para receberem o
acabamento, dependendo do acabamento final do concreto, sendo diferente do
sistema de parede de alvenaria convencional, no qual é necessário receber
chapisco e emboço para depois o acabamento (FIGURA 10).

FIGURA 10 – COMPARAÇÃO DO ACABAMENTO ENTRE SISTEMAS


FONTE: COSTA (2013)

Nas paredes internas de áreas molháveis são aplicadas placas


cerâmicas, aplicadas com argamassa colante sobre o concreto. O revestimento
de piso é em placas cerâmicas nas áreas molháveis, sendo que nas áreas
secas são aplicadas placas cerâmicas ou acabamento em cimentado liso. Nas
paredes e tetos de áreas secas é aplicada camada de revestimento calfinado
ou de gesso e pintura. As paredes externas são revestidas com textura (SILVA,
2011a).

3.3.7 Mão-de-obra

33
Uma das principais características deste sistema é a racionalização
dos serviços. Os operários são multifuncionais e atuam como montadores
especializados, executando todas as tarefas necessárias desde a armação, as
instalações elétricas e hidráulicas, realizam a montagem das fôrmas, controlam
e acompanham a concretagem e realizam a desforma (ABCP, 2008).
Conforme Misurelli e Massuda (2009), para o sistema não existe a
necessidade de mão-de-obra com experiência, facilita-se assim a execução de
projetos em todo o País. A produtividade da mão de obra é potencializada pelo
treinamento direcionado ao sistema.
Dependendo da complexidade do projeto e da equipe disponível, é
comum haver ciclos de produção de paredes (montagem de fôrmas,
armaduras, instalações e concretagem) de apenas um dia de trabalho (ABCP,
2002).

3.3.8 Controle de Obra – Cronograma

Menciona Silva (2011a) que a empresa faz o acompanhamento diário


da produção, em razão da importância do planejamento executivo para o
sistema construtivo.
Também é importante saber que o indicador de ciclo de produção é
fundamentado na proporção entre quantidade de fôrmas e a equipe de
montagem disponíveis. A seguir verifica-se a sequência de execução básica
que pode ser retratada no cronograma de atividades (FIGURA 11), exemplo
para edifício de térreo e quatro pavimentos, com quatro unidades de 45 m² por
andar (SILVA, 2011b).
Observa-se que a mão de obra era dividida em equipes, possuía-se
equipe de armação, equipe de instalações elétricas e equipe de montagem de
fôrmas. Estas equipes trabalhavam paralelamente, de modo que enquanto era
feita a montagem das fôrmas em um andar, no outro estavam sendo armadas
as telas e fixados os eletrodutos. Logo a estrutura de concreto estaria sendo
executada após dois dias da execução da estrutura de armação.
34
FIGURA 11 – CRONOGRAMA EXECUTIVO
FONTE: SILVA (2011b)

eia Mai

35
4 METODOLOGIA

A metodologia desta pesquisa consiste em um estudo de caso,


realizado com uma obra em andamento, possibilitando assim uma maior
compreensão do sistema construtivo de Parede de Concreto.
Juntamente com a exposição do estudo de caso são levantadas as
características desse sistema que se diferenciam em relação a outros sistemas
construtivos.

4.1 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

O estudo de caso foi realizado na Obra Residencial Bosques de Ipê II,


da construtora Trocon Engenharia.
A obra encontrava-se em fase de execução, porém foi separada em
duas etapas (FIGURA 12). A primeira etapa teria o prazo de conclusão em
dezembro de 2015, abrangendo 15 blocos; e a segunda etapa prazo para
2016, abrangendo 14 blocos. No término da construção teriam-se 29 blocos.

36
FIGURA 12 – CROQUI DAS ETAPAS DA OBRA NA PRIMEIRA SEMANA DE NOVEMBRO DE 2015
FONTE: AUTORA (2015)
38

Ao total são 232 apartamentos distribuídos em dois pavimentos


(FIGURA 13), com 4 unidades por andar, cada uma com aproximadamente
45,00 m² de área. Ao todo este empreendimento possui três tipos de planta dos
apartamentos, a diferença se encontra no posicionamento das sacadas do
pavimento térreo (FIGURA 14) e pavimento tipo (FIGURA 15), e no pavimento
térreo dos blocos adaptados para portadores de necessidades especiais (PNE)
(FIGURA 16).

FIGURA 13 – ELEVAÇÃO FRONTAL


FONTE: AUTORA (2015)

FIGURA 14 – PLANTA PAVIMENTO TÉRREO, POSICIONAMENTO DAS SACADAS


FONTE: AUTORA (2015)
39

FIGURA 15 – PLANTA PAVIMENTO TIPO, POSICIONAMENTO DAS SACADAS


FONTE: AUTORA (2015)

FIGURA 16 – PLANTA PAVIMENTO TÉRREO PNE


FONTE: AUTORA (2015)
40

A entrega final do empreendimento é prevista para metade do ano de


2016, porém para o acabamento interno dos blocos verifica-se abaixo a
divisão:

 ETAPA - I: conclusão em dezembro de 2015;


 ETAPA – II: conclusão em maio de 2016.

Estas etapas foram determinadas pensando na segurança do


empreendimento, a obra possui uma área muito extensa e inevitavelmente
ocorrem furtos. Pensando na paralisação do final de ano, optou-se por
organizar a obra nestas duas etapas, facilitando também o controle de
funcionários e de material no canteiro.

4.2 PROJETOS

O sistema Parede de Concreto possui como mais atrativa vantagem o


aumento da produtividade e maior velocidade para a construção de grandes e
médios conjuntos habitacionais. Porém, para obtenção do máximo
desempenho, é fundamental que o produto seja concebido tendo como base as
variáveis e condições específicas do sistema construtivo.
No projeto arquitetônico, foi necessário manter o conceito de
padronização, utilizando da coordenação modular e organização da produção.
Para obter o máximo aproveitamento do sistema, com as unidades
padronizadas, otimizou-se a modulação dos painéis utilizados na montagem da
estrutura, estes modulados e assim podem ser reutilizados em diversos tipos
de projetos.
Além de padronizar, foi importante usar simetria nas unidades, para
construção dos conjuntos habitacionais, observou-se que os apartamentos são
simétricos nos dois eixos (FIGURA 17), tanto nos longitudinais quanto nos
transversais. Assim, gerou-se maior aproveitamento da modularidade das
fôrmas e tal simetria do projeto possibilitou o “giro” das fôrmas durante a
41

execução, sem a necessidade de retirarmos painéis de fôrmas, maximizando a


produtividade e garantindo o ciclo.

FIGURA 17 – APARTAMENTO DO PAVIMENTO TIPO – SIMÉTRICO NOS DOIS EIXOS


FONTE: AUTORA (2015)

Os projetos mais específicos são os voltados diretamente à produção,


como exemplo o projeto estrutural, onde contempla-se os tipos de fôrmas
definidos e suas modulações para a implantação desejada e os da armação,
que fazem parte da estrutura. Estes devem possuir alto grau de detalhamento,
de forma simplificada que facilitem o entendimento nas frentes de trabalho e
serão abordados adiante.

4.3 EXECUÇÃO

Quanto à execução, todas as etapas após a fundação, foram baseadas


na NBR 16.055 - Parede de Concreto Moldada no Local para a Construção de
42

Edificações (ABNT, 2012), esta norma trata desde a especificação dos


materiais até os procedimentos a serem realizados.

4.3.1 Fundação

Na fundação desta obra foi utilizado um misto de viga baldrame com


radier, já que foi executado uma laje de piso com 5 cm de espessura, com
malha de 4,2 mm de diâmetro espaçadas a cada 10 cm nos dois sentidos
(FIGURA 18), não foi utilizado aço de reforço no comprimento transversal ao
comprimento das paredes, pois não eram necessários, visto que a viga
baldrame foi feita sobre estacas, do tipo perfuradas e concretadas in loco,
conforme projeto de fundação.

FIGURA 18 – CONCRETAGEM DA LAJE DE PISO


FONTE: AUTORA (2015)

Notou-se também que a viga baldrame foi superdimensionada para


este tipo de estrutura, pois além das cargas de todo o empreendimento, deve-
se levar em conta que durante a execução das paredes de concreto, são
utilizadas fôrmas de alumínio, neste estudo de caso, e estas possuem peso
elevado, o qual não devem ser esquecidos nos cálculos de fundação.
Os requisitos para a escolha do tipo de fundação não são diferentes
dos demais tipos de construções. A diferença se verifica no dimensionamento
43

das peças de fundação e nos detalhes desse tipo de sistema que não devem
ser deixados de lado, assim como respeitar a NBR 6122 – Projeto de Execução
de Fundações (ABNT, 2010) e a NBR 6118 – Projeto de Execução de Obras de
Concreto Armado (ABNT, 2004).

4.3.2 Armaduras

Concluída a etapa da fundação, iniciou-se a etapa de marcação do


piso, para locação da armação assim como das fôrmas metálicas
posteriormente. Nesta etapa foi feito o posicionamento da armação, o
travamento executado manualmente durante a montagem e em seguida foram
colocadas treliças de reforço nos locais indicados em projeto.
A armação nas paredes de concreto, foi de telas soldadas utilizados
conforme NBR 7481 (ABNT,1990) distribuídas em todas as paredes, essa é
uma característica do projeto deste tipo de construção e as armaduras mínimas
a serem usadas, assim como o seu dimensionamento são indicados na NBR
16.055 - Parede de Concreto Moldada no Local para a Construção de
Edificações (ABNT, 2012). As bitolas e quantidade de aço utilizados para um
pavimento da obra em estudo são descritas na TABELA 2.

TABELA 2 - PAREDES – RESUMO DAS BARRAS DE FERRO


BITOLA COMPRIMENTO TOTAL PESO (kg/m) PESO TOTAL
(m) (kg)
10 14,60 0,63 9,20
8 661,20 0,40 264,48
FONTE: AUTORA (2015)

As paredes foram armadas com telas soldadas de aço CA60 com bitola
de 3,4 mm e vergalhões em reforços específicos (FIGURA 19), previamente
montadas em “painel gabarito” para facilitar os cortes do posicionamento de
vãos. Para as lajes empregou-se armaduras em tela soldada de aço CA60 com
arame recozido para amarração das telas.
44

As ligações das paredes (FIGURA 19) foram executadas com a tela de


aço CA60, bitola de 3,4 mm, e vergalhão de aço CA50, sendo o seu
comprimento de 245 cm, o transpasse de 30 cm e bitola de 8,0 mm.

FIGURA 19 – REFORÇOS NAS JANELAS E LIGAÇÃO ENTRE PAREDES


FONTE: SILVA (2011b) Modificada pela autora (2015)

As ligações entre parede e laje foram feitas com tela de aço CA60 e
bitola de 3,4 mm, com dobras da tela principal (FIGURA 20).

FIGURA 20 – LIGAÇÃO ENTRE PAREDE E LAJE


FONTE: AUTORA (2015)
45

Após concluída montagem das telas das paredes, posicionou-se


espaçadores (FIGURA 21), com distribuição uniforme para garantia da
centralização da tela, de forma que se evitou falhas no cobrimento da
armadura. O espaçamento mínimo foi de 50 cm entre os espaçadores,
descontados os vãos e ainda assegurando a espessura projetada para as
paredes.

FIGURA 21 – TELA COM ESPAÇADORES, NA ETAPA DE MONTAGEM DAS FÔRMAS


FONTE: AUTORA (2015)

Todo o projeto estrutural da obra estudada, foi realizado pela empresa


projetista Wendler Projetos, empresa especializada em desenvolvimento de
projetos estruturais utilizando concreto armado, alvenaria estrutural e paredes
de concreto.

4.3.3 Instalações

No geral o sistema construtivo de Parede de Concreto possui as


instalações tanto hidráulicas quanto elétricas embutidas na parede, geralmente
fixadas as armaduras. Nesta obra foram fixadas apenas as instalações
elétricas e utilizados moldes de nylon para posteriormente a passagem das
instalações hidráulicas horizontais, assim como os ramais horizontais
46

posicionados entre forro e laje, ambos localizados no banheiro e sendo


utilizados shafts para as instalações hidrossanitárias verticais (FIGURA 22).

FIGURA 22 – INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS: (A) ANTES DO ACABAMENTO; (B)


DEPOIS DO ACABAMENTO COM SHAFT DRYWALL
FONTE: AUTORA (2015)

Neste tipo de sistema, não se admitem tubulações horizontais, a não


ser trechos de até um terço do comprimento da parede, não ultrapassando 1 m
e desde que este trecho seja considerado não estrutural. Também não são
permitidas tubulações, verticais ou horizontais, nos encontros de paredes.
Nas instalações dos ramais de alimentação dos fogões deixou-se uma
espera nas fôrmas, assim como os moldes de nylon nas hidrossanitárias,
visando a passagem da tubulação de gás, que é utilizada somente para o
fogão (FIGURA 23).
47

FIGURA 23 – (A) ADAPTAÇÃO NA FÔRMA PARA TUBULAÇÃO DE GÁS; (B) INSTALAÇÕES


HIDROSSANITÁRIAS HORIZONTAIS E TUBULAÇÃO DE GÁS EXECUTADAS
FONTE: AUTORA (2015)

Para as prumadas de gás, deixou-se na fôrma da parede externa uma


adaptação, para depois de concretado evitar quebras desnecessárias na
estrutura e já deixar o espaço necessário para a prumada. Foi feita então a
instalação dos tubos das prumadas nas respectivas fachadas, bem como seus
testes contra vazamentos.

4.3.4 Superestrutura e Vedação

Este sistema, assim como o de alvenaria estrutural, substitui os


convencionais estruturais (pilares e vigas) e as de vedações verticais
(alvenarias, drywalls e outras). Pois toda sua estrutura, no caso as paredes de
concreto, funcionam como estrutura e vedação.
Foram usados na obra as fôrmas de alumínio para formar o molde das
paredes de concreto, pois apresentavam os melhores resultados com relação a
superfície acabada, sendo necessário muito pouco reparo antes de receberem
a pintura.
A montagem das fôrmas iniciou-se após o término da execução das
telas e instalações elétricas. Primeiro foi montando toda a estrutura interna das
unidades (FIGURA 24A), sendo colocado o gabarito das portas e janelas, após
montaram-se as lajes e por último as paredes externas (FIGURA 24B).
Conforme foram montando-se as fôrmas, passou-se desmoldante nos painéis,
para que obtivessem garantia na desforma evitando danificar as fôrmas e para
obter a superfície do concreto a mais perfeita possível.
48

FIGURA 24 – MONTAGEM DAS FÔRMAS: (A) PAREDES INTERNAS; (B) PAREDES


EXTERNAS
FONTE: AUTORA (2015)

Para a fixação entre os painéis foi utilizado um molde vazado em nylon,


no qual inseriram a barra de ancoragem (FIGURA 25), através de furos que os
painéis possuiam, estes que devem ter sido alinhados de modo que a barra
pudesse ter sido inserida no painel interno, passando na parte interna do molde
(também serviu como espaçador para as fôrmas) e saindo no painel externo
sem dificuldades.
Concluído as montagens, verificou-se o prumo, esquadro e planicidade
das fôrmas, quando retiradas, as paredes já estão prontas para receber o
acabamento. Confere-se também o nível das lajes.

FIGURA 25 – PEÇAS PARA ANCORAGEM DA FÔRMA


FONTE: AUTORA (2015)
49

A disposição dos painéis foi montada conforme projeto (FIGURA 26),


com simplicidade considerada, o cuidado maior foi durante o processo de
montagem, onde os funcionários deviam estar atentos às medidas de cada
placa colocando-as no local correto. O projeto também informava os detalhes
necessários para a montagem das fôrmas, tais como:

 Todas as fôrmas devem ser fixas com acessórios para garantia


da rigidez da estrutura;
 Durante a montagem das fôrmas de parede, posicionar os
negativos de portas e janelas entre as fôrmas;
 Após a montagem das fôrmas das paredes, devem montar as
transições e as fôrmas da laje.

Observou-se durante a execução, que a equipe já possuía experiência


e não encontraram muita dificuldade na montagem das fôrmas, sendo a
dimensões destas pequenas devido ao peso e fáceis para transportarem.

FIGURA 26 – PROJETO DAS FÔRMAS DO PAVIMENTO TÉRREO


FONTE: AUTORA (2015)

As fôrmas foram encaixadas uma a uma, lado a lado como se fossem


peças de um encaixe, enquanto um funcionário colocava a peça no local, o
50

outro unia as peças que formariam um molde para a parede a ser preenchida
com o concreto.
Entre o curto prazo da desenforma (FIGURA 27) e montagem no
próximo bloco, era feita sempre uma limpeza nas faces internas das fôrmas. As
peças foram içadas para o pavimento a serem montadas, e na própria laje
antes do início desta montagem, os ajudantes com o auxílio de ferramentas
retiravam os possíveis encrostamentos que podiam ter se acumulado nas
juntas.

FIGURA 27 – DESENFORMA DO PAVIMENTO TIPO


FONTE: AUTORA (2015)

Notou-se que após a desenforma, foram deixadas escoras


permanentes (FIGURA 28), as quais só foram retiradas após a resistência do
concreto das paredes atingirem 20 MPa, contando 24 horas após concretagem
do pavimento tipo.

FIGURA 28 – ESCORAS PERMANENTES DEIXADAS APÓS DESENFORMA


51

FONTE: AUTORA (2015)


4.3.5 Esquadrias

As esquadrias de alumínio são utilizadas para as portas da sacada e


para as janelas (FIGURA 29), estas foram fixadas com adesivo
monocomponente multifuncional à base de resinas acrílicas elastoméricas na
interface do vão da parede e nas laterais do caixilho. Também foram utilizados
parafusos para garantir a estabilidade da instalação.

FIGURA 29 – ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO, JANELA DO DORMITÓRIO E DO BANHEIRO


FONTE: AUTORA (2015)

Para fixação das esquadrias de madeiras, todas as portas internas, tipo


"porta pronta" foi utilizada espuma de poliuretano e parafusos.

4.3.6 Concretagem

O projeto especifica o tipo de concreto que deve ser utilizado tanto nas
fôrmas como nas lajes:

 Classe de agressividade II;


52

 Resistência característica fck = 25 MPa;


 Módulo de deformação Ec (tangente) >= 28 GPa;
 Coeficiente de retração menor que 0,035% curado nas mesmas
condições da obra, segundo a norma ASTM C157 (ASTM,
1991);
 Resistência de desforma fck = 3 MPa;
 Flow 600 + 50 mm;
 Fator água cimento a/c <= 0,60;
 Consumo mínimo de cimento + filler inerte: 370 Kg/m³, sendo
filler o material inerte com fissura entre 0,075 mm (peneira 200)
e 0,106 mm (peneira 150);
 Utilizar fibras têxteis para evitar retração (min.300g/m³), material:
polipropileno - tipo: multifilamento, massa específica: 0,90+-0,05
g/cm³, comprimento mínimo: 20 mm;
 ∅ máximo do agregado 12,5 mm.

Para a determinação das cargas de projeto, utilizaram-se:

 Esforços de vento de acordo com a NBR 6123 (ABNT, 1988);


 Cargas permanentes e acidentais segundo NBR 6120 (ABNT,
1980), conforme especificações do projeto executivo de
arquitetura;
 Peso especifico do concreto armado = 2.500 kgf/m³.

Com o objetivo de evitar a aparição de manifestações patológicas, o


projeto apresentou um esquema de desforma, apresentado a seguir:

 Colocar escoras permanentes de maneira a ter vãos máximos


escorados de 1,30 m;
 A retirada das escoras permanentes deverá ser de baixo para
cima;
 Retirada das escoras permanentes do térreo: as paredes devem
ter atingido 20 MPa, sendo no mínimo de 24 horas após a
53

concretagem da última laje (cobertura); na sequência pode


retirar um andar por dia, sempre de baixo para cima.

As concretagens foram realizadas através do uso de caminhão


betoneira e bomba, utilizou-se concreto do tipo auto-adensável dosado na
central da concreteira, sendo complementado na obra com aditivo
superplastificante para uso nas paredes e fibras, para evitarem a retração.
Nesta obra foi utilizado concreto com resistências diferentes conforme
local de aplicação, vistos na TABELA 3.

TABELA 3 – RESISTÊNCIAS DOS CONCRETOS UTILIZADOS E LOCAL DE APLICAÇÃO


Resistência Concreto
Local Parâmetros de Recebimento
(MPa)
Estacas 20 Slump 5 a 12 cm
Flow
Baldrame 25 550 a 750 cm
(Flow ótimo 680 a 700 cm)
Piso/Radier 20 Slump 19 a 25 cm
Flow
Paredes 25 550 a 750 cm
(Flow ótimo 680 a 700 cm)
Laje 25 Slump 19 a 25 cm
FONTE: AUTORA (2015)

Na própria obra foi realizado todo o controle tecnológico do concreto, o


canteiro possuía uma equipe especializada que fez o recebimento do concreto,
verificavam a nota fiscal, conferiam as informações necessárias como a
resistência e local de aplicação, realizando o teste de slump ou de flow
(FIGURA 30), de acordo com o tipo de concreto, para poderem liberar seu uso.
Durante a aplicação do concreto, foi feita a rastreabilidade utilizando um mapa
de concretagem, sempre com acompanhamento de um técnico responsável e
do mestre de obra.
54

FIGURA 30 – EXECUÇÃO DO FLOW DO CONCRETO DESTINADO AO USO NA PAREDE


FONTE: AUTORA (2015)

Na sequência do recebimento e aceite do caminhão de concreto, para


a execução das paredes (FIGURA 31), foi lançado o concreto auto-adensável,
permitindo que o mesmo fluísse pelas paredes, seguindo a sequência de
lançamento do concreto.

FIGURA 31 – LANÇAMENTO DO CONCRETO NA EXECUÇÃO DAS PAREDES


FONTE: AUTORA (2015)

Não deveria-se encher as paredes de uma só vez A bomba iniciava


preenchendo até a altura próximo da metade das paredes (FIGURA 32) e
55

sempre observando se houvesse vazamentos e com cuidado para que o


concreto fluísse para baixo das janelas e gabaritos.

FIGURA 32 – CONCRETO ATÉ MEIA ALTURA DA PAREDE DURANTE CONCRETAGEM


FONTE: AUTORA (2015)

Em seguida enchia-se as paredes uniformemente até o final. Após


concretagem das paredes, procediam-se a concretagem da laje (FIGURA 33).
Era feito o nivelamento do piso utilizando réguas, niveladas com espaçadores
previamente regulados.

FIGURA 33 – LANÇAMENTO DO CONCRETO NA EXECUÇÃO DA LAJE


FONTE: AUTORA (2015)
56

Na concretagem da laje, a fim de melhorar o acabamento, foi utilizado,


ao invés do mesmo concreto das paredes, um concreto especial fluido, com
brita 0, Slump de 19 a 25 cm também com 25 MPa de resistência.

4.3.7 Revestimentos

Após a desenforma realizou-se o tamponamento das paredes para


prepará-las para o revestimento (FIGURA 34). Porém foi verificado, após
experiência com as primeiras unidades, que a deformação natural das fôrmas
metálicas pode causar desalinhamento, ou deformações nas paredes. Então
logo após a desforma, foi feita uma verificação visual, com o auxílio de régua
de alumínio de 2,50 m, posicionada horizontalmente na parede. No caso de ter
havido diferença medida na régua ou visualmente, foram marcados pontos
para ser efetuada uma quebra superficial (descascamento), posterior à quebra,
um lixamento de ressaltos ou rebarbas de concreto que permanecem entre as
placas.

FIGURA 34 – PAREDE COM TAPONAMENTO REALIZADO


FONTE: AUTORA (2015)

Logo após a quebra, encheu-se com massa os espaços incorretos das


paredes. Esta massa de enchimento para reparo dos pontos quebrados era
uma combinação de argamassa múltiplo-uso (1 saco de 50 kg), com
57

argamassa colante ACII (1 saco de 25 kg) com cimento, assim regularizou-se


os planos para uma aparência mais uniforme (FIGURA 35).

FIGURA 35 – PAREDE APÓS QUEBRA E REGULARIZAÇÃO COM MASSA DE


ENCHIMENTO, PRONTA PARA RECEBER ACABAMENTO DE PINTURA
FONTE: AUTORA (2015)

Em áreas não molháveis foi aplicada massa niveladora para que


ficassem uniformes visualmente e acabamento final foi em microtextura
decorativa. Nas áreas molháveis foi assentado revestimento cerâmico
(FIGURA 36) aplicado com argamassa colante, até altura de 1,3 m, sendo o
restante igual as áreas secas. Os tetos receberam o mesmo acabamento, e os
pisos internos das áreas não molháveis foram entregues com concreto nivelado
e acabado.

FIGURA 36 – CERÂMICA NAS ÁREAS MOLHÁVEIS DO APARTAMENTO


58

FONTE: AUTORA (2015)


Nas paredes externas foi realizado o mesmo procedimento que o
interno, para reparo das irregularidades, logo após foi aplicado uma massa
niveladora externa para melhoria da correção do substrato, passando selador e
o término foi com acabamento em textura.

4.4 CRONOGRAMA DE OBRA

O planejamento da supra estrutura, fôrmas de paredes, baseou-se no


cronograma semanal ou quinzenal, nesta obra foram feitos ciclos de montagem
de fôrmas e concretagem devido a irregularidade do terreno, para não perder a
produtividade da equipe. Para análise do cronograma executivo escolheu-se o
ciclo do bloco 23 ao 26 (FIGURA 37).

FIGURA 37 – CRONOGRAMA EXECUTIVO SUPERESTRUTURA DE 4 BLOCOS


FONTE: AUTORA (2015)
59

Pode-se perceber a rapidez na execução da estrutura quando utilizado


este tipo de sistema, pois ao total foram 21 dias para execução da
superestrutura completa de quatro blocos, com pouca mão de obra, o mesmo
não é possível com o sistema de alvenaria convencional, ou até mesmo
alvenaria estrutural.
A sequência da fôrma era sempre dependente da desforma da
concretagem anterior, salvo que nesta obra existiam três jogos de fôrmas (três
fases), eram separados em fases, considerou-se que um pavimento inteiro era
composto por duas fases, sendo fase 1 e fase 2 para o pavimento térreo, e
fase 3 e fase 4 para o pavimento tipo. Logo estando na concretagem de duas
fases da obra (um pavimento inteiro) metade da equipe de montagem das
fôrmas estava acompanhando, caso acontecesse algum problema durante a
concretagem, a fôrma podia vir a abrir, ou estourar alguma peça, pois a
pressão gerada pelo concreto era muito alta. Enquanto a outra metade utilizava
a outra fase para ir adiantando a montagem do próximo bloco a ser concretado.
Para uma análise do tempo de execução total, desde fundação até
conclusão do acabamento deste estudo de caso, utilizou-se os três blocos que
já estão concluídos (FIGURA 38).

FIGURA 38 – BLOCOS CONCLUÍDOS – BLOCO 27, BLOCO 28 E BLOCO 29


FONTE: AUTORA (2015)

Através do cronograma representado por um gráfico de Gantt (FIGURA


39), verifica-se o prazo total de execução das três unidades, blocos 27, 28 e
29. Com descrição do tempo necessário para execução de cada etapa,
60

mostrado em dias. No total foram 77 dias para execução de três unidades


habitacionais.
FIGURA 39 – CRONOGRAMA EXECUTIVO GERAL - BLOCOS 27,28 E 29
FONTE: AUTORA (2015)
62

5 ANÁLISES E DISCUSSÃO

Através do estudo de caso do sistema construtivo Parede de Concreto,


realizado na obra Residencial Bosques de Ipê II, verificou-se alguns pontos
importantes que merecem ser destacados e serão descritos na sequência.
Inicialmente, como em qualquer sistema, é importante a realização do
estudo de viabilidade levando em conta parâmetros como:

 Localização da obra;
 Fornecedores (materiais, serviços e equipamentos);
 Tipologia do projeto arquitetônico;
 Número de unidades habitacionais;
 Compatibilização dos projetos;
 Logística da obra, materiais, serviços e equipamentos;
 Comparativo com outros sistemas construtivos para avaliação
da vantagem no uso deste sistema e verificação da
disponibilidade de mão de obra.

A programação da compra de suprimentos e verificação do acesso à


obra são importantes, visto que a etapa da estrutura deste sistema é muito
rápida, sendo imprescindível a programação do fornecimento do material,
assim como manter um cronograma de fornecimento para acompanhamento da
necessidade de suprimento, qualquer falha nos pedidos pode causar custo
elevado e desorganizar todo o andamento das atividades, gerando também
atrasos.
Verificou-se que a necessidade do desenvolvimento e compatibilização
entre os projetos, assim como nos demais sistemas construtivos, foi de
extrema importância para seu desenvolvimento, evitando contratempos
indesejados entre as características do sistema Parede de Concreto, como: a
verificação do comprimento máximo dos painéis, pé-direito e adequação das
instalações, entre outras. Exigiu-se grande integração entre os projetistas de
arquitetura, das fôrmas, da estrutura e das instalações elétricas e hidráulicas.
63

A ideia básica e principal foi enxergar o sistema como a linha de


montagem de uma indústria, pois quanto maior fosse o nível de industrialização
no canteiro de obra, maior seria o nível de controle.
O planejamento de todas as etapas do processo foi feito
minuciosamente, porque isto para este tipo de sistema garantia o sucesso, logo
devia ser bem estruturado. O cronograma da obra deveria conter no mínimo: a
sequência de execução, definições prévias de fundação, instalações, tipo dos
acabamentos.
Com o cronograma definido, foi importante retroalimentar o sistema,
continuamente, com as novas informações geradas durante a execução de
qualquer etapa da obra. Realizando o acompanhamento quinzenal ou semanal,
devido às etapas deste sistema possuírem velocidade rápida de execução.
Sendo assim a melhor forma de realmente fazer com que esse sistema
se torne competitivo e otimizado, é mantendo o foco no planejamento, pois
qualquer contratempo que ocorra em alguma das etapas executivas afetará
diretamente todo o ciclo e, consequentemente, o custo geral do
empreendimento.
Outro aspecto importante é programar a logística da obra, para haver
um equilíbrio no ciclo das atividades. Pois tem-se um canteiro gigante para o
conjunto de unidades habitacionais, logo custos elevados, como exemplo deve-
se aplicar a logística para recebimento de material, no caso das fôrmas que
são peças muito caras, para não haver perda ou deterioração das peças, pois
qualquer amassado pode comprometer o resultado final das paredes e
gerariam muitos gastos, além do custo do material que foi perdido não podendo
ser reaproveitado.
A capacitação da mão-de-obra tem seu valor no todo, pois toda a
produtividade do sistema é obtida através do treinamento direcionado a ele
mesmo, assim como a multifuncionalidade dos operários que podem executar
todas as tarefas necessárias, desde armação, instalações elétricas e
hidráulicas, montagem das fôrmas, concretagem e desforma. Tornando-se de
suma importância a capacitação da mão-de-obra. Notou-se, porém, não haver
necessidade de o funcionário ter experiência ou especialização neste tipo de
sistema para trabalhar, desde que seja realizado seu treinamento com foco no
sistema Parede de Concreto.
64

Deve-se sempre realizar um estudo para cada caso de projeto, como


exemplo na Tabela 4, compara-se a construção de uma unidade habitacional
(UH) de Alvenaria Convencional, de blocos cerâmicos, com uma de Parede de
Concreto (PC), sendo uma das características do sistema a utilização em um
número alto de unidades.

TABELA 4 - CUSTO DE UMA UH EM ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS E PC


PREÇO
MÉTODO EXECUTIVO PREÇO/UH M²
TOTAL/M²
UH em alvenaria de blocos cerâmicos 51.571,45 40,79 1.264,31
UH em paredes de concreto 212.977,28 40,79 5.221,31
FONTE: SANTOS (2013), Modificada pela autora (2015)

Verificou-se que a diferença nos preços se destacou em quatro vezes


maior que o outro, isso devido a um dos pontos negativos destas fôrmas de
alumínio, o alto custo, sendo mais caras que as de plástico ou de madeira, mas
como ofereciam o melhor acabamento e sendo utilizadas em escala pela
construtora, acabaram oferecendo mais lucro.
Notou-se que este processo foi muito rápido, a equipe montou todo o
pavimento em um dia de trabalho. Em dias de concretagens no turno matutino,
enquanto parte da equipe acompanha a concretagem, a outra parte trabalhava
desenformando o bloco antecessor concretado e iniciando a montagem do
próximo bloco, no turno da tarde toda a equipe já estava completa e continuam
montando o bloco iniciado, pois no dia seguinte realizaram a concretagem
deste bloco que foi montado e o ciclo retorna na desenforma do bloco
antecessor concretado.
Santos (2013), fez uma comparação com o sistema de Alvenaria e
mostra o alto custo do sistema de Parede de Concreto, devido ao uso das
fôrmas de alumínio, diferença que neste exemplo foi de R$ 165.452,00, sendo
que para esse empreendimento foi necessários três jogos de fôrmas, no valor
total de R$ 1.500.000,00 compradas em 2012. Porém ressalta-se que nesta
obra, de cada jogo de fôrmas, obtém-se duas unidades e a área comum.
Nota-se ainda, no GRÁFICO 1, o número mínimo de unidades
habitacionais, para ser viável a utilização deste sistema, exemplificando que
para obtenção de lucro na adoção do sistema é necessária a construção em
escala, com um número alto de unidades, conforme citado diversas vezes.
65

GRÁFICO 1 – APARTAMENTO DO PAVIMENTO TIPO – SIMÉTRICO NOS DOIS EIXOS


FONTE: SANTOS (2013)

No estudo realizado por Santos (2013), verificou-se que o sistema


Parede de Concreto passou a ser vantajoso a partir de 123 unidades
habitacionais em comparação com o sistema de Alvenaria Convencional. Fato
já observado na obra estudada, pois a empresa vem realizando o quinto
condomínio residencial neste ramo, utilizando ainda as mesmas fôrmas. Porém
sempre realizando as manutenções preventivas e cuidados de limpeza e
conservação.
Em resumo, destacam-se as principais vantagens deste sistema:

 Industrialização do processo, para obter maior controle da


qualidade e maior controle de impacto ambiental da obra;
 Garantia de cumprimento de prazos, existe uma sequência
ordenada de trabalhos que simplificam as tarefas e a rapidez do
sistema;
 Velocidade de execução, a etapa de superestrutura e vedação
são partes do mesmo elemento, possibilitando a execução de
uma unidade em apenas 24 horas;
66

 Maior controle de qualidade, com etapas padronizadas tem-se


aumento da qualidade, tanto nas etapas executivas quanto no
acabamento superficial das paredes;
 Qualificação da mão de obra, após treinamento direcionado ao
sistema o funcionário já possui qualificação, não sendo
necessária experiência anterior;
 Eliminação do chapisco e reboco, ganho no tempo de execução
e eliminação de processos artesanais, que dependiam muito da
mão-de-obra qualificada;
 Abertura exata de vãos, evita-se quebras após estrutura
executada e gera-se menos resíduos de construção;
 Conforto térmico e acústico, graças ao concreto auto-adensável,
mesmo com pequenas espessuras.

Da mesma forma, também apresentou algumas desvantagens:

 O conjunto de fôrmas é pré-determinado de acordo com o


projeto arquitetônico, não possibilitando eventuais modificações,
assim como na maioria das construções de padrão popular;
 A viabilidade se dá apenas na produção repetitiva e em grande
escala, pois para poucas unidades o custo se torna elevado e
não viável, quando comparado aos outros processos, assim é
necessário ter uma demanda constante e uma tipologia
habitacional definida;
 As fôrmas possuem alto custo, o que pode inviabilizar o
processo, por isso a necessidade de utilizar esse sistema para
construções de grande repetitividade;
 Impacto ambiental gerado, pelo uso de concreto e dos bens
minerais que não são renováveis e um dia se tornarão escassos
na natureza;
 Dificuldade na realização de ampliação e reformas, as paredes
possuem função estrutural, não podendo ser modificadas
posteriormente.
67
68

6 CONCLUSÃO

Este trabalho de conclusão de curso abordou o sistema construtivo


Parede de Concreto. O tema apresenta grande relevância tendo em vista os
lucros que pode oferecer na construção de habitações populares, atividade que
é pouco rentável, normalmente possui longos prazos de execução, alta
demanda de mão-de-obra e elevados índices de desperdício que vão sendo
acarretados ao longo da obra. Todos estes fatores se tornam ganhos com o
sistema Parede de Concreto, pois ele fornece aumento na produtividade e
consequentemente menor tempo de execução.
Com a análise da obra em execução, pode-se descrever todas as
etapas deste sistema construtivo, mostrando as vantagens sobre os demais.
Um exemplo disto é a eliminação do chapisco, emboço e reboco e a eliminação
assentamento da alvenaria, um dos fatores que mais chamou atenção neste
sistema. Exemplificando o ganho na produtividade, o aumento da velocidade
de execução, com consequente diminuição no cronograma e assim
indiretamente com os custos de mão-de-obra e aluguel de equipamentos, os
quais costumam agregar valores altos no custo total de um empreendimento.
Observado também que uma das desvantagens do sistema Parede de
Concreto é que para se tornar viável, deve ser realizado a partir de um elevado
número de repetições e com características arquitetônicas idênticas, pois as
fôrmas metálicas são adaptadas para cada projeto e possuem alto custo, não
sendo vantajosas para execução de poucas unidades.
Ainda assim, Pimenta (2011) explica que o sistema só não decolou no
passado em função da ausência de escala. Hoje, com os números atuais do
setor altamente aquecidos, o sistema parede de concreto apresenta-se como
boa alternativa do ponto de vista da forte necessidade de aumento de
produtividade através da industrialização dos processos e redução da mão de
obra.
Por muitos anos, os engenheiros civis se questionavam se era possível
que a construção civil no Brasil deixasse de seu modo artesanal para seguir o
caminho da industrialização nos canteiros de obra, proporcionando maior
produtividade e economia de mão-de-obra (FARIA, 2008). Conforme este
69

comentário de Faria, conclui-se que o sistema Parede de Concreto pode ser


mais um dos sistemas que seguem o caminho da industrialização, deixando do
modo artesanal e melhorando as condições de trabalho, assim como a
economia e os atrativos para as obras de interesse social.
Mesmo com a crescente melhoria na adoção de novos sistemas
construtivos dentro da construção civil, ainda falta muito treinamento e prática
para que a aplicação de Paredes de Concreto seja difundida e se torne um
método convencional, sendo esta a causa de poucas construtoras se
arriscarem neste novo segmento. Torna-se assim importante a sugestão da
elaboração de mais trabalhos sobre o sistema Parede de Concreto, com a
intenção de ampliar o acervo existente, visto que no decorrer da pesquisa
notou-se dificuldade em encontrar literaturas, relacionadas a execução do
sistema.

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