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OPOSIÇÃO À PENHORA
O incidente da oposição à penhora, previsto nos arts 784.º e 785.º constitui um meio de reação à
penhora ilegal privativo do executado. Com efeito, só o executado (e o seu cônjuge quando tenha o
estatuto processual conferido pelo art. 787.º/1) pode deduzir oposição à penhora e só o pode fazer
quando sejam penhorados bens seus.
Para o caso de a penhora recair sobre bens de terceiro, está consagrado na lei um meio de reação
específico: os embargos de terceiro previstos nos arts 342.º e ss, que no caso de serem deduzidos
correm por apenso ao processo de execução (art. 344.º/1)
O juiz deve julgar o incidente de oposição à penhora no prazo de três meses (art. 723.º/1/b).
São três as situações que, segundo o art. 784.º/1 podem fundar a oposição à penhora:
a) Inadmissibilidade da penhora dos bens concretamente apreendidos ou da extensão com que ela foi
realizada (ex. penhora de bens absoluta ou totalmente impenhoráveis, penhora efetuada com extensão
excessiva: foram penhorados bens parcialmente penhoráveis, abrangendo a penhora a parte
impenhorável de tais bens).
b) Imediata penhora de bens que só subsidiariamente respondam pela dívida exequenda (ex. penhora,
antes de excutido o património do devedor principal, de bens do devedor subsidiário que goza do
benefício da excussão prévia e o invocou).
c) Incidência da penhora sobre bens que, não respondendo, nos termos do direito substantivo, pela dívida
exequenda, não deviam ter sido atingidos pela diligência (ex. penhora de bens do herdeiro habilitado
como sucessor do devedor, que aquele não tenha adquirido por sucessão deste, por dívidas do
primitivo devedor, desde que o herdeiro tenha aceite a herança a benefício de inventário – art. 2071.º
CC).
Fundando-se a oposição na existência de patrimónios separados, deve o executado indicar logo (com a
dedução da oposição à penhora) os bens penhoráveis que tenha em seu poder e se integrem no
património autónomo que responde pela dívida exequenda (art. 784.º/2).
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Lurdes Mesquita/Diana Leiras 19/12/2013
Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Mesmo quando o recebimento da oposição à penhora não suspenda a execução, ou seja, a execução
prossegue, nem o exequente nem qualquer outro credor pode ser pago, sem prestar caução (art.
785.º/5).
A procedência da oposição à penhora determina o levantamento da penhora e o cancelamento de
eventuais registo (art. 785.º/6).
No caso de ter havido venda dos bens penhorados, tendo sido deduzida oposição à penhora
relativamente mesmos bens, e tendo esta sido julgada procedente, a venda fica sem efeito (art.
839.º/1/a), se for requerida a restituição dos bens pelo executado, nos termos do art. 839.º/3. Tal
apenas não sucederá se a procedência da oposição à penhora for parcial e a subsistência da venda for
compatível com a decisão tomada (art. 839.º/1/a).
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Concluída a fase da penhora e apurada, pelo agente de execução, a situação registral dos bens
penhorados, são convocados/citados para a execução o cônjuge do executado (apenas em certos
casos) e os credores com garantia real sobre os bens penhorados.
Através destas convocações, dá-se a possibilidade de intervenção, na ação executiva, a outros credores
para além do exequente.
Sendo chamadas pela primeira vez ao processo, a sua convocação faz-se sob a forma de citação (art.
219.º/1), cuja falta ou nulidade tem o mesmo efeito que a falta ou nulidade da citação do réu (arts
187.º a 191.º), mas com restrições quanto à anulação derivada de atos posteriores (art. 786.º/6).
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
A citação do cônjuge, nos termos do art. 786.º/1/a/1.ª parte, destina-se a que o mesmo possa (art.
787.º/1):
Deduzir oposição à penhora, no prazo de 20 dias a contar da citação;
Exercer nas fases da execução posteriores à citação todos os direitos que a lei processual confere ao
executado, como por exemplo,
- deduzir embargos de executado, podendo cumular eventuais fundamentos;
- pronunciar-se quanto à forma e condições de alineação dos bens penhorados (art. 812.º/1);
- impugnar os créditos dos credores reclamantes com garantia real sobre os bens penhorados (art. 789.º/2);
- requerer a sustação da venda dos bens penhorados nos termos do art. 813.º/1.
Nos casos especialmente regulados nos arts 740.º a 742.º, o cônjuge do executado é admitido a
exercer as faculdades aí previstas (art. 787.º/2).
No esquema da nossa lei processual civil, só são convocados os credores que gozam de direito real de
garantia, registado ou conhecido, sobre os bens penhorados para reclamarem o pagamento dos seus
créditos (art. 786.º/1/b e 788.º/1).
Com a venda executiva os bens são transmitidos livres dos direitos de garantia que os oneram por
força do art. 824.º/2 CC.
Para que os credores preferencialmente garantidos pelos bens penhorados ao executado não percam,
com a venda executiva, a garantia dos respetivos créditos e, consequentemente, os respetivos direitos
se transfiram, nos termos do art. 824.º/3, para o produto da venda dos bens penhorados é necessário
que, em momento processualmente oportuno, vão à ação executiva reclamar os seus créditos.
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Os credores a favor de quem exista o registo de algum direito real de garantia sobre os bens
penhorados são citados no domicílio que conste do registo, salvo se tiverem outro domicílio
conhecido (art. 786.º/3).
Os titulares de direito real de garantia sobre bem não sujeito a registo são citados no domicílio que
tenha sido indicado no ato da penhora ou que seja indicado pelo executado (art. 786.º/4).
É ainda citada a Fazenda Nacional, com vista à defesa dos seus possíveis interesses e o Instituto de
Gestão Financeira da Segurança Social, I.P., com vista à defesa dos direitos da Segurança Social. Estas
citações têm lugar exclusivamente por meios eletrónicos nos termos da Portaria 331-A/2009, de 30
de março) - art. 786.º/2.
Realizam-se no prazo de cinco dias a contar do termo do prazo da oposição à penhora (art. 786.º/9).
CONCURSO DE CREDORES
Para que o credor possa reclamar os seus créditos, para além de ter uma garantia real sobre os bens
penhorados, têm de estar reunidos todos os pressupostos necessários à propositura de uma ação
executiva, com exceção da exigibilidade (o credor é admitido à execução ainda que o seu crédito não
esteja vencido) – art. 788.º/7.
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Garantia real
Só o credor com garantia real sobre os bens penhorados tem o ónus de reclamar o seu crédito na
execução, a fim de concorrer à distribuição do produto da venda (art. 788.º/
Título executivo
A reclamação tem por base um título exequível (art. 788.º/2), Aplica-se aqui tudo quanto se disse
sobre o título executivo enquanto pressuposto da ação executiva.
Admite-se que um credor com garantia real sobre o bem penhorado não disponha ainda de título
executivo no termo do prazo para a reclamação (15 dias a contar da citação – art. 788.º/2), sendo-lhe
facultado requerer, dentro desse mesmo prazo, que a graduação de créditos aguarde a sua obtenção
(art. 792.º/1).
Está prevista a possibilidade de formação de um título judicial impróprio que evitará a propositura da ação
com vista à obtenção de um título executivo pelo credor reclamante: o executado é notificado para, no
prazo de 10 dias, se pronunciar sobre a existência do direito invocado (art. 792.º/2) e, se reconhecer ou
nada disser (a menos que neste caso esteja pendente ação declarativa de apreciação) considera-se
formado o título executivo, sem prejuízo de o crédito ser impugnado pelo exequente ou restantes
credores (art. 792.º/3).
Quando o executado negue a existência do título, o credor reclamante tem de propor ação com vista à
obtenção do título e de seguida reclama o crédito na execução (art. 792.º/4).
Os efeitos do requerimento caducam se dentro de 20 dias a contar da notificação de que o executado
negou a existência do crédito, não for apresentada certidão comprovativa da pendência da ação (art.
792.º/7/a).
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Se a ação com vista à obtenção do título executivo já estava pendente à data do requerimento do credor
reclamante no sentido da graduação de créditos aguardar a obtenção de título executivo, o credor tem de provar
a intervenção principal, nos termos dos arts 316.º e ss, do exequente e dos credores reclamantes com garantia
real sobre o mesmo bem (litisconsórcio necessário) – art. 792.º/5. Isto sob pena de os efeitos do requerimento do
credor reclamante caducarem se o exequente provar que não se verificou esta intervenção (art. 792.º/7/b).
Igualmente caducam os efeitos do requerimento se dentro de 15 dias a contar do trânsito em julgado da decisão,
dela não for apresentada certidão (Art. 792.º/7/c).
O requerimento não obsta à venda ou adjudicação dos bens, nem à verificação dos créditos reclamados, mas o
requerente é admitido a exercer no processo os mesmos direitos que competem ao credor cuja reclamação
tenha sido admitida (art. 792.º/6).
Quanto ao prazo de que o credor dispõe para reclamar os seus créditos, importa distinguir
duas situações:
Quando o credor tenha sido citado, é de 15 dias a contar da citação (art. 788.º/2);
Não tendo sido citado pode reclamar espontaneamente o seu crédito até à transmissão dos bens
penhorados sobre que incide a garantia (art. 788.º/3).
Restrições
Não é admitida a reclamação de credor com privilégio creditório geral, mobiliário ou imobiliário, nas
situações previstas mo art. 788.º/4.
Não se aplicam estas restrições quando estejam em causa privilégios creditórios de trabalhadores (art.
788.º/6).
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
1. OS ARTICULADOS
Citados os credores, estes poderão reclamar os seus créditos, mediante a apresentação de uma petição
inicial articulada (art. 147.º/2)
Terminado o prazo para a sua apresentação ou apresentada reclamação nos termos do n.º 3 do art. 788.º,
a secretaria do tribunal procede à notificação da reclamação apresentada ao exequente, executado, ao
cônjuge do executado, credores reclamantes e agente de execução. A notificação do executado deve
respeitar o disposto no art. 227.º que prevê os elementos que lhe devem ser transmitidos, podendo a
notificação deste ser feita na pessoa do mandatário quando constituído.
No prazo de 15 dias a contar da respetiva notificação, o exequente, o executado, o seu cônjuge (que
tenha o estatuto processual que lhe é conferido pelo art. 787.º/1) e os demais credores reclamantes
cujos créditos estejam garantidos pelos mesmos bens, podem impugnar os créditos reclamados. Note-se
que é permitido aos credores reclamantes impugnar também o crédito exequendo, bem como as
garantias reais invocadas, quer pelo exequente, quer pelos outros credores (art. 789.º/2 e 3).
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
1. OS ARTICULADOS
A impugnação dos créditos reclamados pode ter como fundamento qualquer das causas que extinguem
ou modificam a obrigação ou que impedem a sua existência, nos termos do disposto no art. 789.º/4.
No entanto, se o crédito estiver reconhecido por sentença que tenha força de caso julgado em relação
ao impugnante, a impugnação só pode basear-se em algum dos fundamentos mencionados nos arts 729.º
e 730.º, na parte em que forem aplicáveis.
Nos termos do art. 790.º, o credor reclamante que veja os seus créditos impugnados poderá deduzir um
terceiro articulado, respondendo à impugnação verificada (no prazo de 10 dias a contar da notificação).
Se nenhum crédito tiver sido impugnado ou, tendo havido impugnação, não houver prova a produzir, o
juiz proferirá sentença de verificação e graduação dos créditos reclamado com o crédito do exequente,
acabando aí o processo (art. 791.º/2).
São havidos como reconhecidos os créditos e as respetivas garantias que não forem impugnados, sem
prejuízo das exceções ao efeito cominatório da revelia, vigentes em processo declarativo, ou do
conhecimento das questões que deviam ter implicado rejeição liminar da reclamação (art. 791.º/4).
Se, pelo contrário, a verificação de algum dos créditos reclamados estiver dependente de produção de
prova, seguir-se-ão os termos do processo comum de declaração, posteriores aos articulados, sem
prejuízo de, no despacho saneador, o juiz julgar verificados os créditos cujo reconhecimento não estiver
dependente de produção de prova. Contudo, a graduação de todos fica para a sentença final (art.
791.º/1).
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Logo que estejam verificados todos os créditos reclamados, o juiz gradua-os, isto é, estabelece a ordem
pela qual devem ser satisfeitos, incluindo o crédito do exequente, de acordo com os preceitos aplicáveis
de direito substantivo:
No caso de ser graduado crédito que não esteja vencido, a sentença de graduação determina que, na
conta final de pagamento, se efetue o desconto correspondente ao benefício de antecipação (art. 791.º/3).
No caso do n.º 2 do art. 788.º, ou seja, de ser apresentada reclamação de créditos por titulares de
direitos reais de garantia que não tenham sido citados, que pode ocorrer até à transmissão dos bens
penhorados, a graduação de créditos se já estiver feita é refeita (art. 791.º/6).
Em caso de concurso sobre a mesma coisa móvel prevalece o direito real de garantia que mais cedo tiver
sido constituído, salvo disposição em contrário e com a exceção do privilégio mobiliário geral, que é
graduado em último lugar (arts 749.º e 750.º do CC);
Em caso de concurso sobre a mesma coisa imóvel, o privilégio imobiliário é graduado em primeiro lugar,
seguido do direito de retenção e a seguir da hipoteca e da consignação de rendimentos, prevalecendo entre
as duas ultimas a que for registada em primeiro lugar (arts. 751.º CC, 759.º/2 CC e 6.º/1 CRP);
Concorrendo entre si vários privilégios creditórios, a ordem de prevalência é, em geral, a dos arts 745.º CC a
748.º CC, mas há várias disposições avulsas, designadamente no domínio do direito fiscal e para-fiscal, que
estabelecem o lugar em que são graduados determinados privilégios;
O crédito exequendo, se for apenas for garantido pela penhora, será graduado depois destes créditos, mas
antes dos credores que, por segunda penhora, arresto ou hipoteca judicial, constituam garantia real
posteriormente à penhora.
Se o exequente tiver direito real de garantia, deve atender-se à natureza e à data de constituição deste.
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Estando pendentes duas ou mais execuções sobre os mesmos bens, o agente de execução deve sustar a
execução quanto aos bens penhorados se estes já se encontrarem onerados com penhora anterior a favor
de outra execução. O exequente pode reclamar o respetivo crédito nessa execução (art. 794.º/1).
Não tendo ainda o exequente sido citado no processo em que a penhora seja mais antiga/anterior, pode
reclamar o seu crédito no prazo de 15 dias a contar da notificação de sustação (art. 794.º/2/1.ª parte).
A reclamação suspende os efeitos da graduação de créditos já fixada e, se for atendida, provoca nova
sentença de graduação, na qual se inclui o crédito do reclamante (art. 794.º/2/2.ª parte).
Na execução sustada, o exequente pode desistir da penhora relativa aos bens apreendidos no outro
processo e indicar outros em sua substituição (art. 794.º/3 e 754.º/4/e).
A sustação integral determina a extinção da execução, sem prejuízo de o exequente requerer a renovação da
execução extinta indicando os concretos bens a penhorar (art. 794.º/4 e 850.º/5).
PAGAMENTO
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
PAGAMENTO
De qualquer modo, o AE não poderá entregar ao exequente a totalidade das importâncias em cada
momento penhoradas, devendo sempre, aquando de cada entrega, reter a quantia fixada a título de
despesas de execução prevista no art. 735.º/3.
No caso de se tratar da penhora de rendas/abonos/vencimentos ou salários e não tendo sido
identificados outros bens penhoráveis, deve ser também ser assegurado o pagamento das quantias
devidas ao AE a título de honorários e despesas, porque a execução vai ser extinta).
O AE deverá ter presente que, sendo a execução baseada em sentença ainda em recurso ou estando
pendentes os embargos de executado e/ou a oposição à penhora, não poderá proceder a pagamentos
(ao exequente ou a qualquer outro credor) sem que seja prestada caução (704.º/3, 733.º/4, 785.º/5).
MODOS DE PAGAMENTO
É admitido o pagamento em prestações e acordo global (arts 806.º a 810.º), devendo em qualquer caso
prever-se o pagamento dos honorários e despesas do AE (n.º 2 do art. 795.º).
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Lurdes Mesquita/Diana Leiras 19/12/2013
Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
A lei consagra um prazo de 3 meses a contar da penhora para serem efetuadas as diligências necessárias à realização
do pagamento, independentemente do prosseguimento do apenso da verificação e graduação de créditos. Mas as
diligências só podem ser efetuadas depois de terminado o prazo da reclamação de créditos (art. 796.º/1/1.ª parte).
A consignação de rendimentos pode ser requerida pelo exequente logo a seguir à penhora (art. 796.º/1/2.ª parte).
O credor reclamante só pode receber pelo valor dos bens penhorados sobre os quais tem garantia (art. 796.º/2) e, se
esse valor não chegar para o pagamento integral do crédito, resta-lhe propor uma ação executiva com vista à
satisfação do valor restante (art. 796.º/2)
Para além das restrições à reclamação de créditos por credores com privilégio creditório geral, mobiliário ou
imobiliário previstas no art. 788.º/4, estes credores estão sujeitos a uma forte restrição no âmbito do pagamento, que à
semelhança daquela não se aplica aos privilégios creditórios dos trabalhadores (art. 788.º/6 e 796.º/4).
A quantia a receber por credor com privilégio creditório geral, mobiliário ou imobiliário, é reduzida até 50% do
remanescente do produto da venda, deduzidas as custas da execução e as quantias a pagar aos credores que devam ser
graduados antes do exequente, na medida do necessário ao pagamento de 50% do crédito do exequente, até que este
receba o valor correspondente a 250UC (art. 796.º/3).
Consiste na possibilidade que o exequente tem de pedir que os bens penhorados lhe sejam
adjudicados como pagamento completo ou parcial do seu crédito. Dá-se por pago o crédito do
requerente (total ou parcialmente) o qual é compensado com o preço da aquisição.
Esta faculdade está prevista também para qualquer credor reclamante, em relação aos bens sobre os
quais tenha invocado garantia; mas se já tiver sido proferida sentença de graduação de créditos, a
pretensão do requerente só é atendida quando o seu crédito haja sido reconhecido e graduado.
Todos os bens penhorados, imóveis, móveis ou direitos, podem ser objeto de adjudicação, à exceção
dos que, de acordo com o disposto nos arts 830.º e 831.º, devam ser vendidos em mercados
regulamentados ou a certas entidades (art. 799.º, n.º 1).
O requerente deve indicar o preço em que assenta a sua oferta, o qual não poderá ser inferior a 85%
do valor base dos bens (art. 799.º, n.º 2).
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Aceite a sua proposta, deve o proponente depositar à ordem do AE o preço devido – art. 824.º/2, sob pena de se lhe
aplicar as cominações previstas no art. 825.º/1 e 2 (aplicáveis ex vi art. 802.º).
O exequente/credor reclamante sobre os bens a adquirir é tem de depositar a parte do preço que seja necessária para
pagar a credores graduados antes dele e exceda a importância que tem direito a receber (art. 815.º/1 ex vi 802.º).
Se os créditos ainda não estiverem graduados, o preço só é depositado na medida em que exceder o valor do seu
crédito ou que lhe caiba receber (art. 815.º/2 ex vi 802.º; ver também n.ºs 3 e 4 do art. 815.º também aplicáveis ex vi
802.º).
A adjudicação é feita nos mesmos termos que a venda mediante propostas em carta fechada – arts 827.º e 828.º ex vi
802.º.
A invalidade da adjudicação verifica-se também nos mesmos termos que a venda mediante propostas em carta fechada
(arts 838.º a 841.º ex vi 802.º).
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Lurdes Mesquita/Diana Leiras 19/12/2013
Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Consiste na afetação, com eficácia real, dos rendimentos dos bens penhorados ao pagamento
do crédito do exequente (art. 656.º, do CC).
Requisitos:
O objeto da penhora ser bem imóvel ou móvel sujeito a registo (art. 803.º/1) ou título de
crédito nominativo (803.º/1 805.º/3).
Ser requerida pelo exequente ao AE (art. 803.º/1)
Requerimento deve ser apresentado entre o momento da realização da penhora e o da venda
ou adjudicação dos bens penhorados (art. 803.º/1).
O executado manifestar o seu acordo expresso ou tácito, do executado (se ele não requerer
que se proceda à venda de tais bens) - art. 803.º/2.
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Lurdes Mesquita/Diana Leiras 19/12/2013
Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
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Lurdes Mesquita/Diana Leiras 19/12/2013
Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Se o bem penhorado não estiver locado ou tiver de se celebrar novo contrato (art. 804.º/2):
- Procede-se à respetiva locação;
- Legitimidade é do AE;
- Locação é feita mediante propostas em carta fechada ou por negociação particular, observando-se, com as
modificações necessárias, as formalidades prescritas para a venda de bens penhorados.
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
VENDA EXECUTIVA
As modalidades da venda constam do art. 811.º/1:
Modalidade preferencial:
- Venda em leilão eletrónico (bens imóveis e móveis – art. 837.º).
Modalidades normais:
- Venda por proposta em carta fechada (bens imóveis e estabelecimento comercial de valor superior a 500
UC, sob proposta do exequente, do executado ou de um credor com garantia real – (arts. 816.º/1 e
829.º/1);
- Venda em depósito público ou equiparado (bens móveis - arts 764.º/1 e 836.º).
Modalidades excecionais:
- Venda em mercados regulamentados (art. 830.º); carácter imperativo
- Venda direta (art. 831.º);
- Venda por negociação particular (art. 832.º); tem carácter imperativo quando o bem tem um valor inferior a 4 UC (al. g)
- Venda em estabelecimento de leilão (art. 834.º).
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
Quando a lei não disponha diversamente, cabe ao AE decidir sobre a modalidade da venda,
depois de ouvidos os interessados – exequente, executado e os credores com garantia sobre
os bens a vender (art. 812.º/1 e 2/a).
A decisão tem também de ter por objeto o valor base dos bens a vender a eventual
formação de lotes, com vista à venda em conjunto dos bens penhorados (art. 812.º/2/b e c).
O valor base é determinado nos termos do art. 812.º/3/4 e 5.
O AE notifica os interessados da decisão, os quais poderão manifestar a sua discordância
perante o juiz, que apreciará por decisão insuscetível de recurso (art. 812.º/6 e 7)
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Processo Executivo Sol 3.º Ano ESG - IPCA
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