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tinacionais, P6S:MODERNISMO E POLITICA MAPEANDO O POS—MODERNO* Andreas Huyssen Uma hist6ria No verdo de 1982, visitei a sétima Documenta, em Kessel em que se represen ‘contemporénea a cada ricianum, 0 muscu que abrigava a exposi¢go, vimos um grande longo muro de pedras, aparentemente empilhadas ao acaso, a0 lado do museu, Era um trabalho de Joseph Beuys, uma das principais figuras do cendrio pés-moderno hé pelo menos uma formago triangular, Arvore recentemente plantada — tu tura comparada na Universidade de Colimbia e autor divide, 6 Pés-MODERNISMO E POLITICA ceitos que eu buscava transmitihe sobre como se faz arte, sobre a escultura como monumento ou antimonumento, sobre MAPEANDO © P6S-X0DERNO 7 modemnista, ago © vidro, com outros mais flexiveis e “natu- rais”, no caso o arenito e madeira. Havia conotagdes* de Stonchenge ¢ ritual, obviamente’ domesticados e trazidos para as proporgdes de uma sala de visitas. Eu estava tentando asso- iar em minha mente o ecletismo dos materisis usados por Merz com 0 ecletismo nostélgico da arquitetura pés-moderna ou o pastiche de expressionismo na pintura dos neuen Wilden, exibida com destaque em outro prédio da mostra, Em outras palavras, estava tentando fiar uma linha vermelha através do Iabirinto do pés-modemno. Entéo, num estalo, 0 padrio se escla- receu. Quando Daniel tentava sentir as superficies e fissuras do trabalho de Merz, passando os dedos a0 longo das cas de pedra e sobre o vidro, um guarda aproximou-se rapi- damente gritando: “Nicht berithren! Das ist Kunst!” (*Nao te, Daniel sentavase nos sélidos blocos de cedro de Carl André, apenas para ser expulso dali com a admoestagio de que arte ado servia para sentar. se. O museu como templo, a obra como reliquia e objeto de ci De repente o privilégio dado a0 o ss0u a fazer muito sentido. Os guardas, evidentemente, apenas executavam o que Rudi Fuchs, 0 organizador da Do- cumenta, tio bem informado das tendéncias atuais, tinha em mente o tempo todo: “Desvencilhar a arte das diversas pres- s®es e perversdes sociais que ela tem enfrentado."' Os debates dos tltimos 15 ou 20 anos sobre 0 modo de ver © experi- mentar a arte contemporinea, sobre imaginagéo e produgio de imagens, sobre as ligagées entre arte de vanguarda, icono- grafia dos meios de comunicacdo e publicidade pareciam abo- idos, deixando 0 quadro limpo para um novo romantismo. Me encaixa perfeitamente bem, por exemplo, com as celebragSes da palavra profética nos escritos mais recentes de’ * Catélogo Documenta 7 (Kassel, Paul Dicrichs, sd. (1982, pég. XV). 18 6s MODERNISMO E Peter Handke, com a aura do-“pésmodemno” no cenério artis- tivo de Nova York, com a auto-stilizacio do cinegsty como cogitado pelos raonatoes da Documenta como titulo para a exposigio. Mas, enquanto o velho barco a vapor de Herzog era realmente um bateau ivre — a 6pera na selva, um navio carregado por sobre uma montanha —, voltou a icados amigos acreditou em @ sua prova, perguntaram. Minha prova, disse ele, € que eu as vi."? Cataratas do Niégara e Documenta 7 — jé vimos tudo isso antes. Arte como natureza, natureza como arte. O halo que Baudelaire certa vez perdeu num movimentado bulevar de Paris esti de volta, a aura restaurada, Baudelaire, Marx ¢ Benjamin esquecidos. © gesto em tudo isso € patentemente antimoderno ¢ antivanguardista. Decerto alguém poderia argu- mentar que, com sua referéncia a Holderlin, Coleridge ¢ Eliot, Fuchs tenta reviver o préprio dogma modernista outra fiostalgia pés-moderna, outro retomo sentiment tempo em que a arte ainda era arte. Mas 0 que ironia, reflexio ¢ divida iasmado abandono de uma dentro do Fridericianum) de que deve haver um dominio de 2 Ibidem, MAPEANDO © P65 MODERNO 19 mas se apresenta como um retomno a tra / 6 antivanguarda por simplesmente escother ismo originalmente su pésmoderna, em seus melhores : ecletismo facil combinado com amn grandeza, Ela representa tipo de pésmodema de um modemismo domesticado que parece estar O problema Se isso fosse tudo 0 que pudesse ser dito sobre o pés-moder- rnismo, ndo valeria a pena retomar o assunto. Eu poderia muito 20 ésMoDERNISMO E POLITICA ‘bem parar por aqui e me juntar a0 formidével coro daqueles que Jamentam a perda de qualidade ¢ proclamam o declinio das artes desde os anos 60. Meu argumento, contudo, seré diferente. A recente re © pés-modernismo em que tem colocado 0 dendo @ obscurecer Boa parte de minha © que aparece em um auge publicitatio © espetéculo vazio, & parte de uma transfor- mente adequado. A formagio podem até ser disc cao. Eu nfo quero ser mal e ‘uma total modificagdo no pa al e econémica;* qualquer pretenséo artes ou se ela predominantemente recicla técnicas € estratégias do proprio modernismo, reinscrevendo-as num con- | texto cultural modificado. Evidentemente, hé boas rezSes para tamanha resisténcia frente a qualquer tentativa de levar a sério 0 pbs: fem seus proprios termos. F realmente tentador desqualificar muites das manifestagées correntes do ps-modernismo como uma fraude perpetrada contra um piblico crédulo pelo mer- © Sobre essa questio, consultar o artigo de Fredetic Jameson, ‘um novo estigio na capital, a meu ver, exagera, a. MAPEANDO 0 P65:MODERNO a cado de arte de Nova York, no qual reputagée: dase en; se banalizando, como se saboreasse a eterna tigfo do déja vu. Com boa razio, devemos per céticos em relagéo. ao renascimentno da Gesamtk ada fusio entre a mega- omania, do Péemodemo © do préamodemo no d uma das mais inte- Tigentes condenagées do pés-modernismo, acusado de ter aban- donado a postura ct do modernismo. Con- muito de sua forsa exg fae norinativa. Esse € precisa: ‘mente 0 dilema da arte numa era pés-moderna, Em todo caso, P65-MODERNISMO E POLITICA convencional tem se rnismo esté em cont se diz que o modernismo, ca: dicotomia de “ou isso ou dade desse padrto de onda metafisica de Platéo a Heidegger ou a dernité de meados do século passado até 0 presente. O pro- blema destes mactoesquemas histéricos com relago a0 pés- Tomarei, portanto, um caminho diferente. Nao tentarei definir aqui o que & pésmodernismo. O préprio termo “pés- modernismo” deve prevenir-nos contra: tal abordagem, jé que ‘estabelece o fenémeno como relacional. O ‘© pésmodernismo se separa permanece palavra com a qual descrevemos nossa MAPEANDO 0 é=:§M0DERNO 2 do pés-moderno, do modo como ele tem dado forma a vé- ismo € 20 p6s- 10. Cada uma dessas constelagdes representa uma espécie de camada do pés-moderno e dessa forma ser ‘um conjunto debates sobre 0 hist6rica* A meu ver, tr, como, por exempla, ‘Schorske © Robert Waissenberger sobre Viena no 4 P65 MODERNISMO E POLITICA uma questio fundamental € até que ponto modernismo e van- « sguarda, como formas de uma cultura de oposicao, estiveram, to, conceitual e praticamente ligadas & modernizagao 1a c/ou a0 ‘vanguardismo comunista, esse irmao ge meo da modernizagio. Como espero que este ensaio venha ‘a mostrar, a dimensio critica do pés-modernismo reside pre- ccisamente em seu radical questionamento daquelas pressupo- sig6es que ligaram 0 modernismo © a vanguarda aos propési- tog da modernizagio. ‘A exaustio do movimento modernista Para comecar, alguns breves comentarios sobre a traje e as migragdes do termo “pés-modernismo”. Em cr riria, a expressio remonta, 20 fim da década de 50, quando © termo foi usado por Irving Howe e Harry Levin para la- mentar a queda de nivel do movimento modernista. Howe ¢ Levin olhavam nostalgicamente para 0 que jé parecia um pas- sico era razoavelmente visivel na arquitetura e nas artes vi+ sunis, a nogio de uma ruptura pér-moderna na literatura tem il de determinar. Em algum mo- mento no fim da década de 70, a expresso “p6s-modernismo”, io sem 0 encorajamento norte-americano, migrou para a Eu- lo passado, 0 de Peter Gay e John Willett sobre a Rey para uma discussto do antimodernismo norte-americano| século, T. J. Jackson, No place of grace (Nova York, Pantheon, 1981). ee MAPEANDO © P6S-MODERNO 25 ropa via Paris ¢ Frankfurt. Kristeva e Lyotard a adot na Franca; Habermas, na criticos norte-americanos haviam comegado a di Feno comum a0 pés-modernismo e a0 pés-estrut cés em sua peculiar adaptacio norte-amer ‘mente pressupondo que a vanguarda na ico guma mancira, ser homéloga a vanguarda na literatura e nas guards estava em apesar de seus muitos inimigos, parece nunca ter sido seria- mente questionada. Para alguns, na verdade, era como se as que, nos anos 60, haviam abastecido os mo- icos se dirigissem, na década de 70, para o corpo da teori, abandonando o empreendimento artistico ‘na melhor das hipsteses, esta observacio tenha mente de uma, impressio € no faga a pormodene tomou-se ainda mais impenetrével. No anos 80, (elagio. modernismo/p6s-modernismo nas artes jo. modernidade/pés-modernidade na teorii se transformado em um dos mais mais do que si Em nenhum outro lugar a ruptura com 0 modernismo parece mais Sbvia do que na recente arquitetura norte-ameri- cana, Nada pode estar mais distante do funcionalismo das paredes de vidro de Mies van der Rohe do que o gesto de aleatéria citaglo hist6rica que prevalece em fachadas pos-modernas. Tomese, por exemplo, o arranhecéu de Phi Johnson para a AT&T, adequadamente rompido por uma me- tade neoelissica, com colunatas romanas no térreo © um fron- ‘Go triangular de estilo Chippendale no topo. Na verdade, uma’ crescente nostalgia pelas vérias formas de vida do passado parece ser uma forte tendéncia subjacente & cultura dos anos 70 © 80. E € temtador desqualificar esse ecletismo histérico, GEMODERNISMO £ POLITICA radigo? Nao estou argumentando que todas as da recuperagao pés-moderna do passado devam do alto modernismo ¢ seu enfado com as proposigées de Mi © Freud, Picasso ¢ Brecht; Katka e Joyce, Schénberg © vinsky so de algun ‘modo sintomas de um grande av: simplesmente descarta 0 MAPEANDO © P65 MODERNO a 7 A meu ver, 0 problema maior que po- ‘demos reconheceeatualmente€ & pronimidade, em seu préprio tempo, das vérias formas de mod trato neste ‘mente era, que saber e cionou ideok imagem deve ser recor blemtica relagéo do nista, bem como sua ‘A arquitetura nos os POSMODERNISMO POLfTICA astada segundo a imagem do novo e de fazer da construgio Ye ‘edificios uma parte vital da sonhada renovagdo da socie- dade. Um novo Tu fo que € mais importante, na i Mies e outros foram forgados a se exilar, Albert Speer tomou seu lugar na Alemanha. Depois de 1945, a arquitetura mo- dernista foi p de sua visio social € tomouse cada ver a arquitetura de poder e representagao. Em vez de yepresentarem prenincios € promessas da nova vida, os pto- jetos habitacionais modernistas tornaram-se simbolos de alie- ‘ago € desumanizacio, um destino compartilhado com @ jinha de montagem, outro agente do novo saud: perante entusiasmo nos anos 20 tanto pelos Jeni pelos fordistas. Charles Jencks, um dos mais conhecidos cronistas ¢ di- yulgadores da agonia do movimento moderno € porta-voz prquitetura pés-modern: ‘@ morte simbolica da arquite- qura modema de 15 de julho de 1972 as 15:32h. Naquele snomento, foram fonjunto hat Minotu Yamas mente exibido pelos telejornais. A mode como Le Corbusier, com a euforia teen nos 20, havia denominado estas construc wnado inabitével; a experiéncia modernista, obsol , ou assim 7 Para uma excelente ge Weimar, vejose 0 Kunst und Geselschaft in de Gesellschaft fr bildende Kus Robert ow (Nova York, Alfred A. Knopf, 19 sio da politica arquitetOnice ne Repiblice igs. 16421 MAPEANDO © P65-MODERNO . 2 arecia. Jencks mostra certa dificuldade para distinguir a vi- ial do movimento modernista dos pecados posterior- mente cometidos em seu nome. No entanto, ele concorda com aqueles que, desde os anos 60, tém criticado a velada depen- déncia do modernismo para com a metéfora maquinica e 0 paradigma da\producdo, bem como o fatot de 0 movimento ter tomado a fabrica como modelo bésico para todos os edi- jos. Vem se tomando lugar-comum, em cfrculos pés-moder- nists, a defesa da reintrodusdo de dimensdcs simbélicas poli- valentes na arqui mutagao dos significados Ginicos partculares a uma comunidads na diesio dos ef ito bem perguntar se issp nio se aplica & cultura con- temporénea como um todo, que cada ver mais parece egiar 0 que Bloch chamou de Ungleichzeitigkeiten nias),!? em vez de favorecer somente 0 que Adorno, o tedrico i ia, descreveu como der fortges- para debate. Néo devemos esquecer de que « mistura de cé- digos, a apropriagdo de tradic6es regionais e os usos de di- The language of postmodern architecture (Nova 977, pés. 97). Em ras wo mmavera de 1977. -POs.MoDERNIsMO E POLITICA as outras que nfo a da méquina sio orien- sagem de Las Vegas foi para Venturi e seu grupo o mesmo Madison Avenue foi- para Andy Warhol, ou o que as de faroeste foram para from Las Vegas & ba- noses ¢ do mau gosto 3s palavras de Kenneth ra de Las Vegas como pintura, da historia e da representagZo no cinema, do corpo 1 Robert. Venturi, Denise ScottBrown & Steven Izenour, Learning tical history (Nova 4 Kenifeth’ Frampton, Modern . pig. 290), York © Toronto, Oxford University Press, MAPEANDO © F63-MODERNO a dade do modernismo para com a cultura de massas, P6s-modernismo nos anos 60: uma vanguarda norte-americana? Passo agora a apresentar uma distingfo hist6rica entre 0 pés- ‘modernismo dos anos 60 € 0 dos anos 70 e do inicio dos 80. Em linhas gerais, meu argumento € o seguinte: tanto 0 pés- ‘modernismo dos anos 60 quanto o dos anos 70 rejeitaram ou criticaram uma certa versio do modernism. Contra 0 codi- ficado alto modernismo das décadas precedentes, 0 pés-mo- dernismo dos anos 60 tentou revitalizar a heranga da van- ‘guarda européia ¢ darthe uma forma norte-americana ao longo do que pode ser resumidamente chamado de eixo Duchamp- Cage-Warhol. Na década de 70, esse p6smodernismo van- guardista dos anos 60 havia esgotado seu potencial, embora algumas de suas manifestagées tenham sobrevivido na nova década. O que havia de novo nos anos 70 era, de um lado, ‘2 emergéncia de uma cultura do ecletismo, um pés-modernismo amplamente afirmativo que abandonara qualquer reivindicagao im redefinidas em termos nio-va ue se adequavam mais efetiv Itura contemporénea do que as ras do modernismo. Permitam-me desenvolver 0 1: Quais eram as conotagbes do termo pés-moderni anos 60? Em termos gerais, desde meados dos anos 50, a lite- ram A rebelio de uma nova geragio as, como Rauschenberg ¢ Jasper Johns, Kerouac, Gins- 32 P65-MODERNISMO E POLfTICA Ime, contra 0 predominio € do modernismo logo aderiram criti- hab Hassan, que berg e os beats, Burroughs © Ba do expressionismo abst literério classico.® A p6smoderno. Sontag defendeu o camp € bilidade. Fiedler louvou a literatura popular ismo genital. Mais préximo dos modernos do que Hassan propos uma literatura do siléncio, tentando cestabelecer uma mediago entre a “tradigfo do novo” e os desenvolvimentos literérios do pés-guerra. Por essa époce, evi- em canon na este céinon, academia, nos museus ¢ nas redes de gales escola nova-iorquina do expressionismo abst fa sintese da longa trajetéria do modemo que, iniciada em Paris entre 1850 € 1860, havia inexoravelmente conduzido a‘Nova York — a,vitéria cultural norte-americana sucedia a vit6ria nos campos de batatha da Segunda Guerra Mundial. Durante 05 anos 60, artistas e criticos compartilhavam a visio de uma situag3o fundamentalmente nova. A pretendida rup- ‘tura pés-moderna com 0 passado era sentida como perda: as pretensdes da arte ¢ da literatura em relagéo & verdade © aos valores humanos pareciam esgotedas, e a crenca na forga cons- titutiva da imaginagio modema era apenas outra ilus se fazia sentir como um atalho para umé do instinto e da consciéncia, na aldeia © novo Eden da perversidade polimérfica, Paradise now como © Living Theater proclamou no palco. Assim, os criticos do pés-modernismo, como Gerald Graff, tém identificado correta- mente’ duas vertentes da cultura pés-moderna dos anos 60: a vertenté apocaliptica desesperada ¢ a vertente visionéria fes- 5 Estou preocupado aqui sobretudo com o que se denomina Selbstver- 3 esquece-se um aspecto no era dirigida contra de John Barth, Em uma Atlantic ¢ intitulada “The as. Mas a minha questio aqui € precisamente a de que, em primeiro lugar, 0 alto: modernismo nao foi feito it Bs ruas, que seu inegivel papel contestatétio anterior slantado, nos anos 60, por uma cultura de confrontagao Basic Books, 1976, pég. 51). K 3 P6SMODERNISMO PoLfTICA ais © modernismo jé havia aquela ¢ anérquica tendéncia modernista anterior; em ver. de a per- -berem como uma revolta pés-moderna contra 0 modernismo i como uma irrupgio de impulsos ina. E, de certo modo, estavam ab- dos anos 60 nunca foi mas uma revolta contra fo domesticada nos anos conservador da época e 50, incorporada pelo consenso insformada em arma de propaganda no arsenal cultural e politico da guerra fria anticomunista, O modernismo como dominante ¢ a sua visio de mundo, nem havia preservado sua pureza_ program do da indistri tural. Em outras palavras, a revolta surgiu precisamente a par- tir do sucesso do modernismo, do fato de nos Estados Uni- dos, como na Alemanhe Ocidental e na Franga, 0 modernismo lo pervertido, convertendo-se em uma forma de cultura afirmativa. Nesse sentido, levo adiante meu argumento afirmando que a visio global que trata os anos 60 como parte de um movi- mento moderno que se estende desde Manet e Baudelaire, se ‘no do romantismo, & atualidade no € capaz de dar conta do caréter especificamente norte-americano do pés-modernismo. Afinal, © termo acumulou suas enfdticas conotagées nos Es- tados Unidos ¢ no na Europa. Sustento mesmo que ele nio poderia ter sido inventado na Europa naquela época. Por vérias razbes, ele nfo teria feito qualquer sentido 14. A Alemanha Oci- dental estava ainda ocupada com a redescoberta de seus pré- ptios modernos que haviam sido queimados e banidos durante © Terceiro Reich. Mais do que qualquer outra coisa, os anos 60 na Alemanha Ocidental produziram uma grande reorienta- sfo em termos de valorizagao ¢ de interesse, que tenderam a assar de um grupo de modernos para outro: de Benn, Kafka MAPEANDO © P6S-MODERNO 3 e Thomas Mann para Brecht, para os expressionistas de esquer- dda e para os esctitores politicos dos anos 20, de Heidegger ¢ Jaspers para Adorno e Benjamin, de Schdnberg e Webern para Eisler, de Kirchner € Beckmann para Grosz e Heartfield, Era uma procura de tradigdes culturais alternativas dentro da mo- ida contra a politica de uma versio Durante os anos 50, os mitos dos “dourados anos’ 20’ volugéo conservadora” ¢ a universal Angst existenci daram bastante a bloqucar ou a suprimir as realidades do pas- sado fascista. Das profundezas da barbérie ¢ dos destrocos de suas cidades, a Alemanha Ocidental tentava rei ¢ paria do mundo moderno, Nesse contexto, nem as variagées sobre 0 modernismo dos anos 50 nem a luta dos anos 60 por Pre o pismoders ne Almnahess cb de tmann Das Untier. Konturen einer Philosophie der Menschenflucht 12 € Berlim, Medusa, 1983). % POS-MODERNISMO E POLITICA Também na Franca observou-se, nos anos 60, antes um agora de esbocar. quatro grandes caracterfs- do pésmodernismo, todas as quai ine que mostrava um forte , de ruptura e de des- geragdes, uma imagi- do futuro e de povas le, de crise e de nagGo tributéria mais de ant movimentos europeus de vanguarda, como o Dadé € 0 sutrealismo, do que do alto mo- demnismo. Assim, 0 ressurgimento de Marcel Duchamp como dos anos 60 nfo € um aci- dente histérico. No entanto, @ constelaglo histérica em que o sew vocabulério de ‘mente novo, Em segundo lugar, a fase inicial do pés-modernismo en- volveu um ataque iconocléstico contra o que tentado definir teoricamente como a “art inyerno de 1981, pégs. 25 LMAPEANDO 0 P65-MODERNO 37 + modos pelos quais 0 papel da arte na sociedade € percebido lugar, a0 modo como a arte € produ- Jucionéria)** foi A abordagem de Birger igo na sociedade burguesa ‘vanguarda norte-americana nos anos Birger, a vanguarda europtia cons ‘argumenta que a vanguarda tentou para usar sua formula hegeliano- doa para a vida, ¢ ele vé essa ‘meu ver corretamente, como a pt sffo esteticista do final do sée Contrariamente & intengéo da vanguarda de fundir arte e vida, ‘© modernismo sempre permaneceu preso & nogio mais tradicio- nal de obra de arte attiénoma, a construggo de forma ¢ con- tetido (a despeito de quio estranho ou ambiguo, deslocado ou indecifravel esse contetido possa ser) ¢ a0 estatuto especiali- 38 Pés-MODERNISMO E POLITICA zado da estética™ © aspecto amente importante da ané- noclasta das vanguardas hi contra instituigées culturais ¢ modos tradicionais tagéo pressupunha uma sociedade na qual a grande arte tinha tum papel essencial na legitimago da hegemonia, ou, em ter- ‘mos mais neutros, na sustentacéo de um establishment cultu- ral € de suas pretensdes a0 conhecimento estético. © feito da vanguarda hist6rica foi desmistficar e solapar o discurso legi- tico uma revolta vanguardista contra uma tradigéo de grande arte © 0 que era percebido como seu papel hegeménico. A “grande arte havia florescido e se institucionalizado na cultura burguesa dos museus, galerias, concertos, discos e livros de bol- 50 dos anos 50. O préprio modernismo havia ficado em evi- déncia gragas & reprodugdo em massa ¢ a indéstria cultural. Durante os anos de Kennedy, a grande arte comecou mesmo fa ter fungées de representagdo politica, com Robert Frost © Pablo Casals, Malraux ¢ Stravinsky na Casa Branca. A ironia ‘a meu ver, equivocada) apropriapio de Benjamin, nos Estados Unidos, como um ertico posmoderno avant la lettre LMAPEANDO © F6S-MODERNO psicodélica, do acid rock, do teatro alternativo ¢ de pés-modernismo dos anos 60 procurava, a seu modo, recaptu- rar 0 ethos de amtagonismo que havia nutrido a arte moderna como a absorveu numa indistria cultural que aquela com a qual a vanguard tivera de se confrontar. Apesar dessa cooptagio decorrente de sua transformagdo em mercadoria, a vanguarda pop conservou, porém, uma certe agudeza por sua aproximago com a cultura de contestagio dos anos 60° Nio 5 dos anos 60 sobre a I lugar, muitos dos pésmodernismo partilhavam 0 otimismo tecnolbgico de seg- mentos da vanguarda dos anos 20: 0 que a fotografia e 0 cine- am sido para Vertov ¢ Tretiakov, Brecht, Heartfield ¢ » 0 video € 0 computador tecnolégica dos anos 0 Fés-mopERNISMO E POLITICA tecnol6gico dos an ‘mente a maneira amunicagéo © 0 paradigma cibernético anos 60 tanto por conservadores quanto distas>* © entusiasmo pelos novos dos meios de co- Jo critica norte-americana em relagéo & moderna cultura de massas. © encantamento do prefixo “pés", feito por Leslie Fiedler em seu ensaio “The new mu- ceber como todos tre o dogma mode lishment cultural aesthetic) de Susan Sontag. Embora menos popul mente hostil ao alto modernismo. Hé uma cu dda esquerda pelos meios de comunicasio -manha do. que , A Fiedler reader (Nova -MAPEANDO 0 P6S-MODERNO a ‘em tudo isso. © populismo de Fiedler reitera precisamente a relagio antagénica entre a grande arte © 2 que, stgundo Clement Greenberg ¢ Theodor W. mava um dos pilares do dogma modemnista que Fiedler propu- tha solapar. S6 que Fiedler assume sua posigZo noutro campo, eenberg ¢ Adomo, para valorizar o popular € numa relagio nova e criativa entre a grande arte € certas for- mas de cultura de massas. E é precisamente a recente auto-* afirmagio de culturas minoritérias e sua emergéncia na cons- ciéncia pili a alta cultura e as , eu diria que, de uma perspectiva norte- -modernismo dos anos 60 teve alguns tragos de um genufno movimento de vanguarda, ainda que a situago politica norte-americana na década de 1960 no possa de forma na sociedade moderna, como tentativa de forjar uma outra vida, nfo estava culturalmente tio exaurido nos Estados Uni- dos dos anos 60 quanto na Europa da mesma époce. De uma perspectiva européia, portanto, tudo isso parecia mais o epflogo da vanguarda bandeira do americano dos 60 foi ambas as coisas: uma vanguarda 2 PésmopeRNISMo E POLfTICA norte-americana e 0 epflogo do vanguardismo internacional. Penso também que indo-se, no espago © no tempo, da Paris de fim do século para Berlim e Moscou nos anos 20 ¢ para Nova York nos anos 40 — esté presa a ‘uma teleologia da arte moderna cujo subtexto latente 6 -modema, talvez no icadora de eventos pas- sados, mas certamente por suas pretenses normativas. P6s-modernismo nos anos 70 e 80 ‘Num certo sentido, posso afirmar que até aqui mapeei a pré- hhist6ria do pés-modernismo. Afinal, s6 nos anos 70 0 termo pésmodernismo comesou a ser utilizado, a0 passo que boa parte da linguagem usada para falar de arte, de arquitetura € de literatura nos anos 60 ainda provinha da retérica do vanguardismo e do que denominei ideologia da modernizagéo. Os avangos culturais dos anos 70, contudo, séo suficientemen- iferentes para merecer um tratamento em separado. Uma das maiores diferengas,.na verdade, parece ser que a retérica do vanguardismo extinguiu-se to rapidamente nos anos 70 que 86 entio talvez se possa falar de uma cultura genuinamente pésmoderna © pés-vanguardista. Mesmo que, com 0 beneficio da mirada retrospectiva, os futuros historiadores da cultura te uso do termo, eu continuo afirmando © de oposigo na nogio de pés-moder- nnismo s6 pode ser inteiramente compreendido se considerarmos © fim dos anos 50 como 0 ponto de partida de um mapea- MAPEANDO 0 P63-MODERNO, 4“ ‘mento do pés-moderno. Se focalizéssemos somente 0s anos 70, determinar © momento de oposigio do pés-moderno, precisamente em razio da mudanga na tra jetdria do p6s-modernismo, que ocorre em algum ponto da imprecisa linha que separa os anos 60 dos 70. hhaviam desaparecido ou sido transfor- ia o sentido de uma “revolta futurista” frida agonia da Guerra do Vietna, tr6leo e das terriveis previstes do Clube de Ro- ‘manter a confianga e a exuberdncia dos anos imentos da contracultura, da Nova Esquerda e dos ram freqiientemente denunciados: como aberragies in ‘05 anos 60 tinham acabado. Mas é mais nério cultural emergent fo e disperso do que ¢80 nos anos 70 parece caracterizarse por uma seminago cada vez mais amplas das praticas todas operando a partir das ruinas do edificio moder- a . am “desfrutando uma espécie de semivida na xivel de uma segregacio entre formas superiores arte ¢ cultura, talvez -MAPEANDO © P63-MODERNO 45 ‘em unfssono, mas em oposigo a0 dogma do realismo socialista de Idanoy ¢,a sua letal prética da censura. frontagéo entre o “mau” real do mundo livre comegou a pe era da détente, todo o relacionamento entre modernismo ¢ cul- sim como 0 problema do realismo, puderam rados em termos menos reificados. Embora 0 ivesse sido proposto nos anos 60, por exemplo na German Critique, 0. 29, primavera-verio de 1985, pégs. £58). “6 PésmopERNISMO E PoLirice arte pop e em vérias formas de literatura documental, foi nner Fassbinder, cujo sucesso nos déncia que 2 cultura de massas seja agora reconhecida e ana- la por eriticos que comesam a se liberar do dogma moder- de que toda a cultura de massas € monoliticamente psicologicamente regressi iidora de mentes. As estéticos, mas, afinal, o proprio modernismo néo conseguiu produzir unicamente trabalhos de mestre. Foram especialmente as artes , a literatura, © ei nema e a critica produzidos por mulheres i com sua recuperagio de tradigdes enterradas e mutiladas, rodugdes ou experiéncias esté- ages € obsessOes masculinas do futurismo italiano, do Vorti- cism, do construtivismo russo, da Neue Sachlichkeit ou do a MAPEANDO © F6S-MODERNO 0s escritos de Marie bem como as pinturas ingos € surpreendente que a cri- tenha permanecido alheia ao debate pés-moder- . que no & considerado pertinente as preocupagées femi- Contudo, 0 fato de que ‘> problema da modernidade/ discutido somente fica que ele nao diga Craig Owens Theres sio parte importante da certamente apontam nessa diregio. E é rnesse contexto que a questiio do neoconservadorismo torna-se politicamente central para 0 debate sobre 0 pés-moderno. Habermas ¢ a questio do neoconservadorismo Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, 0 anos 60 foi acompanhado pela ascensfio do neoconservadoris- Owens, “The discourse of others”, in Hal Foster (org.), The etic, pigs. 65-90. “6 POs MODERNISMO E POLITICA mo, e prontamente emergiu uma nova constelagio caracterizada pelos termos pésmodernismo ¢ nedconservador Embora ionamento entre estes dois termos nunca tenha sido su- esquerda decidiu que eles eram com- argumentando que 0 pésmoder- nismo era 0 tipo de arte afirmativa qi - gremente com o neoconservadorismo muito recentemente a questo do pés- simp! nfo foi tratada com setiedade pela esquerda,” sem Bl tradicio ndo hé nada de novo (e ‘um passatempo da esquerda quanto uma espécie de evangelho. Nao hé dividas de que muito do que apareceu nos a 70 com o rétulo pésmodernismo € realmente acritico por natureza e, quase sempre, sobretudo em ra, impressionantemente semelhante a tendéncias do plesmente afirmativo, © 0 conjunto de textos que véem no pésmodernismo ut a da cultura capitalista decadente 6 reducionista, nacrhist6rico © bastante reminiscente dos ata- ques de Lukécs 20 modernismo nos possivel estabelecer distingSes go de que o modernismo, “realism” no século XX," uma arte adequa ‘moderne, enquanto simultaneamente se reservs ® As coisas tém comecado a mudar com a recente publicagdo de textos de Fred Jameson ¢ do The antiaesthetic de Hal Foster. % Bridentemente, aqueles que tustentam essa perspectiva nko utilizaréo 4 palavea “reallsmo", jé que ela esté marcada por sist asocapies tra © poder persuasive da doutrina de que apenas arte ¢ literatura adequadas 20 nosso tempo. Em vez disso eu transformarmos numa espécie de Lukées do pés-moderno, opon- do hoje um “bom” modernismo a um “mau” pésmodernismo, devemos, na medida do possivel, resge pés-modertio de Si sugiro também tadora tanto de progresso forma a cultura da pés-mo Para uma erica de Bathrick’ publicado em New German 176s MODERNISMO E POLITICA Habermas, que identificou 0 pés-moderno com varias formas distas em vez de questioné-los. Em sua conferéncia de 1980, pronunciada por ocasiéo da entrega do Prémio Adorno.” con- proprio moder- amente, a nogéo de modernidade de Haber- dernismo, assim como a idéia de uma est de seus oponentes, p.ex. a de Lyotard.” liquidar qualqu do século XVIII, que fundamenta a nogéo de cultura moderna de Habermas. Em vez de continuar enumerando as diferencas te6ricas entre Habermas e Ly: refa de que Martin Jay 6 deu conta admiravelmente em um recente ensaio sobre “Ha- bermas ¢ 0 modernismo”* prefiro assinalar o contexto alemio das reflexes de Habermas, tio prontamente esquecido nos de- bates norte-americanos, uma vez que 0 préprio Habermas 56 se refere a ele marginalmente. (© ataque de Habermas sos conservadorismos pés-moder- nos ocorreu logo depois de Tendenzwende (mudanca de ten- déncia) politica de meados da década de 1970, a reagio con- servadora que afetou vérios paises ocidentais. Habermas po- deria analisar 0 neoconservadorismo norteamericano sem ter sequer a necessidade de enfatizar as semelhancas entre as es- tratégias neoconservadoras norte-americanas e germano-ociden- MAPEANDO © P65-MODERNO a fais para recuperar a hegemonia cultural ¢ eliminar 0 efeito dos anos 60 na vida politica e cultural. Mas as contingén da argumentacao de Habermas sio igualmente im- Ele estava escrevendo no final de um perfodo de westimento na modernizagéo da vida politica e cul- tural alema, que parece ter fracassado década de 1970, produzindo grandes d perancas ut6picas ¢ das promessas pragméticas de 1968/1969. Contra o crescente cinismo — brithantemente diagnosti titicado em Kritik der zynischen Ve : 'e qua non da democracia poli tica, Habermas defende uma nogio subst de recionali- dade comunicativa, especialmente contra aqueles que entendem 4 razo apenas como dominacGo, acreditando que, ao abandona- rem a razio, libertam-se da dominagao. Decerto todo o projeto de uma teoria social critica de Habermas gira em torno de lade esclarecida, que ndo é (neo ou antigo) © contra o que este percebe, de modo nfo muito di dade cultural de um esteticismo pés-nieteschiano corporificado no surrealismo e, posteriormente, esa contempordnea. A defesa do € permanece como uma tentativa de Durante os anos 70, Habermas péde observar como ir a reagdo da direita. POs.MoDERNISMO E POLITICA ow pluralismo dade se int -MAPEANDO 0 P6s-MODERNO 53 Tluminismo, ¢ em que ponto tais revoltas tornam-se reacioné- rias (uma questo profaindlam histéria alemé)? Compara nas do pés-modernismo com ia se limitam a questées de estilo estético ou de pottica; as ocasionais referencias a teorias de umia sociedade pésindustrial so incorporadas ape- nas para lembrar que qualquer forma de pensemento marxista ‘ou neomarxista é simplesmente obsoleta. No debate norte-ame- ricano, trés posigées podem ser esquematicamente delineadas. Ou 0 pésmodernismo é sumariamente rejeitado como fraude, © © modernismo elevado & condigéo de verdade universal, mo- do de ver que reflete o pensamento dos anos 50. Ou o mo- dernismo € condenado como elitista, e o pés-modernismo lou- vado como populista, perspectiva que reflete 0 pensamento dos anos.60. Finalmente, segundo a proposta tipica dos anos 70, “vale tudo", que € a versio cinica do capitalismo consumista do “nada adianta”, mas que, pelo menos, reconhece a inutili- dade das velhas dicotomias. & desnecessério dizer que nenhuma dessas posigdes jamais atingiu o nivel de questionamento de Habermas. Houve, contudo, problemas, nfo tanto com as questtes levantadas por Habermas, mas com algumas das respostas por ele sugeridas, Seu ataque a Foucault e a Derrida, chamando- (0s. novos “conservadores, provocou uma’ reaco imediata por Parte dos setores pésestruturalistas, que inverteram a acusa- 80, recaindo sobre 0 proprio Habermas o rétulo de conser- vador. Nesse ponto, o debate rapidamente reduziu-se & tola ‘questfio: “Espelho, espelho meu, qual de nés é menos con- servador?” Além disso, a batalha entre “salsichas & Frankfurt ¢ batatas & francesa”, como Rainer Nagele a-denominou, é instrutiva porque evidencia duas visbes fundamentalmente dife- rentes da modernidade. A visio francesa da modernidade co- mega com Nietasche ¢ Mallarmé ¢ esté, muito préxima do que «8 critica literéria descreve como modernismo. Modernidade ara os franceses € principalmente — ainda que nio exclusi-, ‘vamente — uma questéo estética ligada as energias liberadas ela destruicio proposital da linguagem e de outras formas de Tepresentacfo. Para Habermas,*por outro lado, a modernidade Tetoma as melhores tradigdes do Iluminismo, que ele tenta res- 4 POs MODERNISMO E FoLiTIcA gatar ¢ reinscrever, de uma nova forma, no atual discurso filo- sibilidade parece estar do que de Habermas. hheimer apresentam do Iuminismo fosse muito mais pessimiste do que a de Habermas.» eles também sustentaram uma nosio do discurso da teoria francest icado com uma histéria ‘uma nogdo demasiado limitada da modernidade, pelo menos fem relago & modernidade estética, Na polémica criada com o ataque de Habermas eos pés- ‘estruturalistas franceses, os neoconservedores norte-americanos ¢ europeus foram quase esquecidos, mas acho que deviamos pelo menos tomar conhecimento do que os neoconservadores emente citado por defensores do pésmodernismo como evidéncia sociolégica, na verdade rejeita maveraverso de 1982, pgs. 15-30). dernismo de um Kafk: De qualquer form: de depésito de lixo quimico de uma sociedade anterior que, dura 60, comecou a vazar tuma sociedade que, dentro do quadro tragado por Bel que ser denominada pés-moderna. Mas qualquer reflexao sobre 10, nenhum neocon i © projeto neoconservador Pelo contrério, os neoconservadores no campo geralmente aparecem como defenso las do moder de The New 56 POs MODERNISMO E de qualidade. eas entre as explicagdes de Bell e Kramer, suas avalia- ¢6es do pés-modernismo so idénticas. Na cultura dos anos 70, eles 56 que a sustent a que, a seu ver, os anos 70 herdaram dos anos 60, aquele mao desse impulso de esquerda de teria de aparecer jo de antimoderna. A questo nao €, absolutamente, se 0s cléssicos do modernis- mo so ou nio grandes obras de arte. S6 um tolo poderia iS of capitalism, ple. 54, .MAPEANDO © P65:MODERNO 57 demo, uma figura de discurso que tem uma longa histéria nas miltiplas querelles des anciens et des modernes. © ‘nico ponto em que Habermas podia ter certeza do aplauso dos neoconservadores € em seu ataque a Foucault & 4 Derrida, Este aplauso, ia a condigao de que nem Foucault nem no. mesmo saco como zadas por subverter a vida via académica. Relendo Kramer, o apocalipse no sentido amplo. A queixa neoconser- iso da cultura desde os anos 60 ¢ de POS MODERNISMO E POLITICA ica neste contexto, ja que eles mesmos tém ‘a da cultura, Emetescei (os neoconservadores tm razio a0 afirmarem que hé cor dades entre a cultura de contestacéo dos anos 60 e a dos anos 70. Mas sua obsessio com os anos 60, que eles tentam purgar dos livros de hist é ia, torna-os cegos para o que é diferente € novo nas transformagces culturais dos anos 70. Em quarto lugar, 0 ataque de Habermas € dos neoconservadores norte americanos a0 pésestruturalismo coloca a questo do que fazer com o fascinante entrecruzamento do pésestruturalismo com © pos:modernismo, fendmeno muito mais relevante nos Esta- dos Unidos do que-na Franca. Essa questio centalizaré daqui por diante minha discussao do discurso critico do pés-moder- nnismo norte-americano nos anos 70 e 80. Pés-estruturalismo: moderno ou pés-moderno? A hostilidade neoconservadora contra ambos no basta para que se estabelega um vinculo substantive entre 0 pés-moder- nismo © 0 pés-estruturalismo; i seja mais diffcil de estabelecer do que poderia parecer mente. Decerto, desde 05 anos 70 temos assistido & emergén- cia, nos Estados Unidos, de um consenso segundo 0 qual, se © p6smodernismo representa a vanguarda nas artes, 0 pés- estruturalismo deve ser seu equi contudo, a tear cola de Frankfurt € apenas parte de um vasto campo de teorias critica, © que pode beneficar sua reinscrigio no discurso critic contemporine. | MAPEANDO © P65-MODERNO 39 ‘maitres penseurs franceses aparecam com tanta regularidade no discurso sobre 0 pés-mode! 1 superf paralelo parece até Sbvio. Assim como a atte e a pés-modernas tém tomado o lugar de um moder como a tendéncia mais expressiva de nossa_ pos-estrutur: decidi de seu mo — uma das maiores forgas da — deve, de alguma forma, ser aliado @ arte ¢ a literatura de seu proprio tempo, isto é, a0 pés-modernismo.® Na realidade este modo de pensar, que prevalece na prética sempre seja explicitado, nos dé uma prim como o pésmodernismo norte-americano ainda dos modernos, jé que nio hé qualquer razo te6rica ou histé- rica para elevar 0 sincronismo da Nova Critica com o modernismo & categoria de norma ou dogma. A mera simul- taneidade de formagées discursivas criticas e artisticas no sig- ica per se que elas se devam sobrepor, a menos, é claro, ‘que suas fronteiras sejam intencionalmente desmanteladas, como sucede na literatura modemnista e pés-modernista e no dis- curso pés-strutuyalista. ‘Sem embargo, embora em grande medida pés-modernismo © pésestruturalismo se possam sobrepor € misturar nos Esta- Contudo, 0 inverso nem sempre & verdadciro. Os norteamericanos 18 desconstrugfo geralmente no estio muito intertssados do pésmodernismo. Na verdade, a desconstruglo norte- 1 do falecido Paul de Man, smo" ¢ abrange uma Para os propés im, as diferengas podem set temporariamer bordagem de certas semelhancas entre of esta mais préximo do mo- demnismo do que geralmente supdem os defensores do pés- a Theory of the avanigarde, MAPEANDO 0 P6S:MODERNO 6 mente do autor-sujeito, mas do text realidade, a histéria e a sociedade quanto costumava ser no modernismo e & até muit ‘Muitos escritos recentes tém criticado a domes norteamericana do pés-estruturalismo francés.” Mas isso no afirmagio de que, ao ser transferida para os Estados teoria francesa perdeu sua eficécia politics, O fato Franga as implicagées politicas de certas for- que mes que tém despolitizado a teoria ista dentro do proprio pés-estrutu- peculiar recepeio norteamericana. As- ancesa (Derrida ¢ Barthes) tenha sido privilegiado entos de literatura norte-americanos, em detrimen- jetos com um: io mais politica, como os de Baudrillard, Kristeva e Lyotard. Mas, mesmo nos than Arac, Wlad Godzich & Wallace Martin (orgs), The Yale struction in America (Minneapolis, University of Minnesota © artigo de Nancy Fraser publicado em New German Cri- tique, a. 35, outono de 1984, « POSMODERNISMO POLITICA tos tebricos franceses mai icos, a tradigdo do estet diada por uma leitura extremamente sel € uma presenga tdo forte que a nogio dk tido. £, além disso, impressionante que, apesar das considerdveis entre os varios pr ‘assim por diante ad mo € representacio, tica, comunicagio & 860s homogeneizadoras do ‘Acho que devemos comegar a considerar que, mais do que oferecer uma teoria da pds-modernidade e desenvolver uma teoria francesa nos for- jia da modernidade, uma de sua exaustio. & como tivessem migrado para ia de si no texto pos indo suas ases 20 anoi- do moder- ‘no sentido estruturalista, a coruja de Minervé tecer. O pésestruturalismo propor nismo caracterizada pela Nacht psicanalitico quanto no sentido gagbes com as tradigbes do est uma leitura do modernismo que difeie substancialmente da Feitura dos Novos Criticos, de Adorno ou de Greenberg. Ji MAPEANDO © P6s:éMODERNO 6 do modernismo da “era da ansiedade”, 0 moder- niismo ascético € torturado de um Kafka; um modernismo de fidade e alienagéo, ambigiiidade e abstrago, 0 moder- da obra de arte fechada e acabada. Em ver dis de um modernismo da plena transgressio, de ut ‘ado urdimento de textualidade, um modernismo int representagio e da res dade, em sua recusa do sujeito, da histéria ; um modernismo extremamente dogmético em jo da presenca ¢ em seu Touvor as faltas e au séncias, delongas ¢ tracos que presumivelmente produzem néo ansiedade, mas, nos termos de Roland Barthes, jouissance (feli- cidade) Mas, se o pésestruturalismo pode ser visto como 0 re- venant do modernismo sob o disfarce da teoria, € justamente isso que 0 faz pésmoderno, £ um pés-modernismo que opera ‘nfo como rejeigio do modernismo, mas como leitura retros- iva que, em alguns casos, est plenamente consciente das agdes ¢ fracassadas ambigSes politicas do modernismo. O ilema do modernismo havia sido sua inabilidade, apesar das melhores intengées, em montar uma critica eficaz da moder nnidade e da modernizacéo burguesas. O destino da vanguarda hist6rica havia. provado como a arte moderna se restringia basicamente a0 tco, mesmo quando se aventurava além da arte pel im, 0 gesto do pésestruturalismo -dida em que abandona toda a além dos jogos de Ii sociedade, mudar 0 mundo — que levou rica 20 naufrégio © que sobreviveu na Franga durante as décadas de 1950 ¢ 1960 corporificada na figura de Jean-Paul Sartre. Visto dessa mancira, o pés-estruturalismo parece selar a sorte do projeto modemista, que, mesmo quando lugio inadequada de conotagSes corporais no original) € uma o ‘P6s-MODERMISMO POLITICA | limitado & esfera est dengdo da vida moderna cional, 0 tipo de pos ‘empenhado em crit nuam denominando realidade. MAPEANDO 0-P65-MODERNO 6 Roland Barthes.” _Tomemos a tltima produsio le que substituisse 0 insosso © opressi académica. Quaisquer que sejam as di de Barthes ¢ a erética de Sontag (figurando os rigores da Nova Critica ¢ do estruturalismo como seus srepetioe Fed. bilder), gesto de Sontag, fuga dos da alta cultura para os paises baixos do pop e do camp. Barthes, por outro lado, instalase comodamente na alta querda chate, que privilegia 0 conhecimento, 0 compromisso, © combate, e desdenha o hedonismo. A esquerda pode mesmo ter esquecido, como aponta Barthes, os charutos de Marx e Brecht. Mas, por mais convincentes que charutos possam ser ras popular e de massas. A disigso nfobrechtiana de Bar- thes entre plaisir © jouissance — que ele simultaneamente faz © desfaz® — reitera um dos freqiientes Iugares-comuns da esté- Intenso no & reduzir Barthes as posigSet que assumiu em trabalho. Porém, o aucesso norte-americano desta obra. per a ocorréncia como um sintoma ou, caso prefira, como uma od Barthes, The pleasure ofthe text (Nova York, Hil & Wang, 22. (O prazer do texto foi langado no Brasil pela Editora 2, Colegio Elos.) éncia sobre cultura de massas. Center for Twentieth Century Studies, University of Wisconsin-Milwaukee, abril de 1984, a és: mopenNisMo & PoLiTica tica modernista ¢ da cultura burguesa em geral: hé os pra- também a nouvelle cuisine do prazer do texto, tura de massas moderna, nos termos mais simplistas, como equeno-burguesa. Assim, sua apologia da jouissance envolve tradicional da cultura de massas ha décadas pela direita ¢ peia esquerda, as quais ele tio enfaticamente recta, smo. Ou seria? Dado o voraz ecletismo do pés- ‘modernismo, recentemente surgiu a moda de incluir até ‘Adorno ¢ Benjamin no canon de pés-modernistas avant hewn AL estética modernista poderia tomar plau- aproximagio. Mas entio seria possivel deixar de vez de pésmodernismo ¢ tomar os escritos de Barthes a ralé, isto é, a cultura de massas, ¢ hé , MAPEANDO 0 P65-MODERNO porcionado pelo "texto que contém, preenche, prové dos fundos, a mesma 6 dessa depravago para sua reprodusao. 40 norte-americana da jouissance de Bar- ‘do do problema do pés-moderno, ‘Assim como as distingdes tebricas de Barthes entre © jouissarce, entre textos pera I sir cy 6s MODERNISMO = POL‘rICA teram proposigées conhecidas desde © modernismo. Alguns comentérios breves athesccreve: “Els [Flaubert] terrompe 0 jogo de cédigos (ou s6 0 interrompe pa » de modo que (€ isto é ubivelmente @ prove da sabe se ele é urgatério moderno, sobre a “morte do vem sendo cada vez tao histérica. A questéo da subjetividade perdeu o estigma € if nao implica cair na armadilha da ideologia burguesa ou pequeno-burgues ide foi liberado de Resumindo, deparamos com 0 de teorias do modernismo ¢ da modernidade, desenvolvido na Franga desde os anos 60, ido interpretado no Unidos como a corporificagéo tedrica do pés-mod 0 P6s:MODERNISMO E POLITICA certo modo, esse desenlace é perfeitamente légico. As leituras ses raramente falam do pés-modemno. Devemos recordar que La condition postmoderne, de Lyotard, € a excegdo, no a regra” O que os franceses explicitam refletem eat Quando falam e! que 0 pésmodernismo & reve com a intengio mais ou -MAPEANDO © P6S.¥0DERNO n Tinguagem”.® A abordagem de Kristeva 6 fascinante ¢ inova- dora para a questo da literatura modernista ¢ eritende a si mesma como intervengio a volta a Kant parece la autonomia de Kant teressado” se mantém articulagio crucial Pressa precisamente o mesmo desejo de totalidade e represen- ago que Lyotard tanto abomina e critica no trabalho de Habermas Talvez 2 obra de Lyotard dign mais ebro este ollie Go: Mumia corpoifeda pera Lye tard, na obra de Jirgen Habermas. n P65: MODERNISMO E POLITICA fico © © mundo, nas quais, afinal de contas, Ki De qualquer forma, nao é coincidéncia alguma que ros modernos alemies, os roménticos de Yena, tenham cons- truido suas estratégias estéticas fragmento precisamente em rejeigio ao sublime que, para eles, havia se tornado um signo da falsid . suas presumfveis conseqiiéncias so langadas contra o modernismo estético. A ironia nisso tudo, como observou Fred Jameson,°’€ que o compromisso de Lyo- tard com # experimentago radical esté politicamente “muito préximo da concepcio da natureza revolucionéria do alto mo- demismo herdada por Habermas da Escola de Frankfurt”. Sem diivida, hé razdes histéricas ¢ intelectuais especificas para a resisténcia francesa a reconhecer o problema do pés- moderno como problema histérico do final do sfculo XX. Ao € ela mesma moldada por presses dos anos 60 ¢ 70, e tem levantado muitas das principais quest6es da cultura de nossa €poca. Mas o fato € que tem feito pouco para iluminar uma @ Frederic Jameson, “Foreword” de Lyotard, The postmodern condition, pg. XVI. canto de cisne.”° Canto de cisne do modernis tal, j4 um momento do pésmoderno. A meu ver, a viséo de Foucault do movimento intelectual dos anos 60 como um canto do cisne esté mais préxima da verdade do que sua rees- critura norteamericana, durante os anos 70, como a éitima vanguarda, Para onde vai o pés-modernismo? Eu diria que as amplo possivel, quer power”, in M. Foucault, Power know- discourse of others", in 6598. 4 P65:MODERNISMO E PoLiTiCA 1860 ¢ que mantiveram vivo um ethos de progresso cultural © vanguardismo até a década de 1960. Nesse nivel, 0 pés- mod no pode ser considerado simples seqiiela do. mo- fével revolta do moder- ide pésmoderna do nosso de contestagdo, mas a verdade é que hau- iam sua energia, tal como o Man of the crowd de Poe, da proximidade que sempre guardaram com as crises geradas pelo progresso € pela modern @ renga amplament admiréveis por certo, mas fora de sintonia com MAPEANDO © P65:éODERNO % lidades atuais, exceto talvez com uma emergente sensibilidade ise da cultura mod iva para a moderni € muito diferente da Repit Somente nos anos 70 fica do modernismo, da_moderni anto de que néo estamos d 10 da modernidade (a frase é de gica do pr 5 ficagbes normativas ¢ geralmente redutivas tém preparado 0 que leva o nome de 16 PéS-MODERNISMO E FOLITICA do modernismo e do pés-moder- € como a histéria do porco-spinho ¢ da lebre: a lebre conseguia ganhar porque sempre havia mais de um porco- espinho. Mas a lebre continuava sendo o melhor corredor. .. AA crise do modemnismo € mais do que uma crise das tendénc ista que parece abandonar a preacupagéo com io social continua a ela preso em virtude de em si mesma, As anélises cléssicas do alto modernismo ates- tam esse fato. Admitir que essas eram ilusdes hersicas — talvez inclusive necessérias na luta da arte por uma sobre- vivencia digna na sociedade capitalista — nao significa negar a importincia da arte na vida social, Tecentes tentativas conservadoras, para restaurar a dignidade dos -MAPEANDO © P65:¢MODERNO n léssicos da civilizagio ocidental, de Plato, passando por Adam Smith, a0 alto modernismo, ¢ de mandar os estudantes, de volta as nogées bésicas. Nao quero dizer que o pedestal’ da grande arte deixou de existir. E claro que © € 0 mesmo de antes. Desde 0s anos 60, ticas tém se’tornado muito mais difusas“e fem categorias seguras ou em instituigdes estéveis como a aca demia, 0 museu ou a rede oficial de galerias. Para alguns, essa dispersio de priticas © atividades artisticas, e culturais ‘implica uma sensagio de perda ¢ desorientacio; outros a expe- rimentam como uma nova liberdade, uma liberagio cultural. vemos reconhecer que nfo foram somente a teoria ou tica reventes que privaram de seu papel hegeménico as lentes, exclusivas e totalizadoras do modernismo. les de artistas, escritores, cineastas, arquite- tos e performéticos que nos levaram para além de uma visio estreita do modernismo ¢ nos deram uma nova leva de mo- dernismo, Em termos politicos, a erosio do triplo dogma moder- nismo/modernidade/vanguardismo pode ser contextualmente relacionada & emergéncia da problemética da “alteridade”, que cem se afirmado tanto na esfera socio quanto na cul- tural. Néo posso discutir aqui as vérias e méltiplas formas de alteridade tal como emergem de diferencas de subjetivi- dade, géneto ¢ sexualidade, raga ¢ classe, Ungleichzeitigkeiten temporal ¢ localizagSes © deslocamentos espaciais © geogré- ficos. Mas quero pelo menos mencionar quatro fenémenos recentes que, a meu ver, so ¢ permanecerdo por algum tempo constitutivos da cultura pés-moderna. Apesar de todas as suas nobres aspiragSes ¢ realizagées, temos de reconhecér que a cultura da modernidade esclare- ida tem sido também (ainda que nfo exclusivamente) uma cultura de imperialismo interno e externo, leitura j& proposta ¢ Horkheimer nos anos 40 e uma percepsio bas- ppara os nossos predecessores que se envolveram cro € macro, € agora contestado politica, econdmica e cult 8 P6sMODERNISMO E POLITICA ralmente. Ainda no sabemos se estas contestagées levaréo a tura social e das atitudes culturais que devem set mantidas mesmo frente ao recente © grotesco substancialmente para as revises da hist niio apenas por desenterrarem artistas polémica do feminismo de tipo norte-americano Durante os anos 70, as questées evolbgicas ¢ do meio Cf. Elaine Marks e Isabelle de Courtvron (orgs) New French femi- noms: (Amber, Uni ‘verdo de 1982, pigs. 5465). MAPEANDO 0 F6s-MODERNO ~ formas a arte e a literatura: 0 trabalho de Joseph Beyus, te fulos entre certas formas de modernisme ¢ a moderizagio que no os da conquista ¢ da dominacéo, com: Ricoeur hé mais de 20 anos, e de que a fa da modernidade pode propor- de estarmos fechados em nos- ‘a0 mesmo tempo que reco- 80 PésmopERNISMo E PoLfTICA aberto A experiéncia, 20 erro ¢ a0 debate. Mas € hora de simultaneamente delimita amplia nossos horizontes: € nosso problema ¢ nossa esperanca, PERIODIZANDO OS ANOS 60* Frederic Jameson ‘A comemoracio nostélgica das glérias dos anos 60 ou a de- gradante confissio pablica dos muitos fracassos € oportuni- proporcionadas por deter- I pretendo apresentar um histéricos € trabalhar com ica que, no presente momento, , fora de moda. Mesmo dei- cial de que os veteranos da década, que viram tantas mudarem drasticamente de ano pensam mais historicamente do que seus pr sificago por geragdes tomou-se téo significativa era para os russos do final do século XIX,

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