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AÇÃO CIVIL PÚBLICA VISANDO A PERDA DE MANDATO DE

CONSELHEIRO TUTELAR – publicada nos Cadernos do Ministério


Público de fevereiro de 2000 – pág. 33

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


INFÂNCIA E JUVENTUDE

O REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PUBLICO,


no uso de suas atribuições legais, vem perante Vossa
Excelência com maior respeito e acatamento, com
fundamento no art. 129, I, lIl da Constituição Federal,
art. 12, IV, b, da Lei n. 8.625/93, arts. 139 e 201, V,
do Estatuto da Criança e do Adolescente, aforar a
presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE PERDA DE
MANDATO DE CONSELHEIRO TUTELAR, com
pedido de liminar, contra o Conselheiro Tutelar ...
brasileiro, separado judicialmente, domiciliado e
residente na Rua ..., nesta cidade e Comarca, o
fazendo com base nos seguintes fundamentos fáticos e
jurídicos:
Importante ressaltar, ab initio que, conforme se vê da leitura dos artigos 133
e 135 do Estatuto da Criança e do Adolescente, tanto a candidatura como o
exercício da função de Conselheiro do Conselho Tutelar, pressupõe
idoneidade moral daquele que irá exercer ou exerce a função.
Ainda, colhe-se do mesmo diploma legal, que o Conselho Tutelar, é órgão
permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
Infelizmente, o Requerido não tem primado, no exercício de sua função,
pelos princípios e deveres inerentes ao cargo ao qual foi eleito pela
comunidade. Vejamos.
No dia 18 do corrente mês, compareceu perante esta Curadoria a adolescente
com 14 anos de idade, filha de ... e residente no ...., nesta cidade, noticiando,
em síntese, que na madrugada do dia anterior, por se encontrar sozinha
andando pelas ruas da cidade foi, por policiais militares, encaminhada à
Delegacia da Mulher, Criança e Adolescente que, por sua vez, acionou o
Conselho Tutelar local. Em nome deste último, lá compareceu o Requerido
com a missão de dar o atendimento ao caso.
O Requerido, então, ao invés de dar o encaminhamento que o caso requeria,
qual seja, o de conduzir a nominada adolescente à sua família ou a um dos
abrigos do Município, com ela deslocou-se até a festa da "Marejada". Ali
chegando, deparou-se com seus colegas de Conselho que estavam de plantão
na mencionada festa, apresentando aos mesmos, a adolescente, como sua
sobrinha, ao tempo em que ali permaneceu até às 02:00 horas, ingerindo
bebida alcoólica.
Na seqüência, o Requerido, passou a circular, com seu próprio veículo, pelas
ruas desta cidade, na companhia da adolescente, oportunidade em que
assediou-a, fazendo a ela propostas indecorosas, conforme assim assentado
nas declarações desta última:" ... que após sair da Marejada, dirigindo seu
carro particular o Conselheiro parou em frente ao hospital Maneta; que ...
disse que se quisesse alguma coisa com ele, este iria lhe dar um apartamento
e um sacolão; que compraria roupa; que poderia inclusive morar no
apartamento com seu namorado; que perguntou ainda se queria dormir em
sua casa, ou no abrigo, ou ainda num motel; que iria ficar com a declarante
na condição de amante; que ... por último pediu que a mesma fizesse um
carinho neste e lhe desse um beijo;..."
Ora, manteve ele conduta totalmente incompatível com sua função de
Conselheiro Tutelar, pois, na condição desta, lhe competia zelar e proteger
os direitos da adolescente, e não se constituir num violador destes.
Vale observar, que as declarações da infante foram, perante esta Curadoria,
integralmente confirmadas pelo próprio Requerido, embora o tenha feito de
forma informal.
Ainda, conforme se vislumbra da informação acostada, trazida a esta
Curadoria pelos demais membros do Conselho Tutelar, o Requerido tem se
mostrado negligente no exercício da sua função, eis que nos atendimentos e
denúncias de violação dos direitos da criança e do adolescente, que ficam ao
seu encargo, se mostra moroso na solução e pouco diligente nas
investigações que teria que empreender, a fim de verificar da veracidade ou
não, da denúncia feita ao órgão.
Percebe-se, também, do mencionado documento, que o Requerido, embora
orientado em diversas oportunidades, além de ter participado de
treinamentos específicos, não assimilou sua verdadeira missão como
conselheiro, ao ponto de prometer fornecimento de sacolões a pessoas
carentes, através do Conselho Tutelar, quando, tal procedimento, discrepa
dos objetivos reais e legais do órgão. Tal postura vem causando enormes
transtornos quanto ao regular e normal funcionamento do Conselho Tutelar,
já que as pessoas, a quem o Requerido prometera o fornecimento do sacolão,
lá comparecem e exigem o cumprimento da promessa por ele feita.
Não cumpre ele, com regularidade, o horário de trabalho, deixando de
comparecer sem motivo justificável, posto que nessas ocasiões, se atém a
interesses particulares, cuja ausência não é comunicada previamente aos
demais conselheiros, causando prejuízo ao atendimento daquelas pessoas
que por ele foram notificadas a comparecer, naquele dia, junto ao Conselho
Tutelar.
Ademais, costuma exercer sua função de forma individualizada, dando
encaminhamento aos casos que Ihe são apresentados, sem que a decisão
tenha sido tomada pelo colegiado.
Percebe-se, assim, mais uma vez, que o Requerido mantém conduta
totalmente incompatível com a função que desempenha .
Acerca da matéria, nossos tribunais, assim têm decidido:
"CONSELHEIRO TUTELAR. DESTITUIÇAO DA FUNÇÃO. AÇÃO
CIVIL PÚBLICA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. INIDONEIDADE
MORAL. Sendo o Conselho Tutelar o órgão encarregado de zelar
pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente (art. 131
do ECA), através de conselheiros que apresentem idoneidade moral
(art. 135 do ECA), o não preenchimento deste requisito, compromete
o cumprimento das atribuições do próprio Conselho. Aí nasce o
direito a defesa e proteção do bom funcionamento do Conselho,
através da ação civil pública, intentada pelo Ministério Público. Não
apresentando o Conselheiro idoneidade moral para o exercício da
função, deve ser dela destituído. Apelo improvido."(Apelação n.
594143422/ TJRS).
Pelo exposto, provado o "fumus boni iuris" e o "periculum in mora", requer
o Ministério Público o afastamento liminar de suas funções, até final
julgamento.
Requer, ainda:
a) a procedência da presente ação, com a conseqüente declaração de
inidoneidade do Requerido para exercer o cargo de Conselheiro Tutelar de
Itajai, e a decorrente perda de seu mandato;
b) a citação do senhor Prefeito Municipal e do Presidente do Conselho
Municipal de Direitos deste Município; e
c) o processamento do presente feito pelo rito ordinário, de acordo com o art.
17 da Lei 8.429/92, e a oitiva das testemunhas abaixo arroladas, bem como
depoimento pessoal do Requerido;
Dá à causa, para efeitos meramente fiscais, o valor de R$ 2.000,00 (dois mil
reais).
Itajai, 29 de outubro de 1999
NORIVAL ACÁCIO ENGEL
PROMOTOR DE JUSTIÇA

ROL DE TESTEMUNHAS:
1)
2)
3)

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO

Vistos, etc...
Trata, a espécie, de Ação Civil Pública intentada pelo Ministério Público da
Infância e Juventude desta Comarca, objetivando seja decretada a perda do
mandato de ..., Conselheiro Tutelar deste Município, com pleito liminar.
Para alcançar seu desiderato, alega que referido Conselheiro não preenche os
requisitos necessários ao desempenho das funções, já que revelou conduta
incompatível com as mesmas, tendo em vista que, quando em diligência,
além de conduzir uma adolescente de apenas 14 anos de idade para os
Pavilhões da Marejada, e, em companhia desta ingerir bebida alcoólica,
apresentando-a aos colegas conselheiros como se sobrinha dele fosse, ao
invés de encaminhá-la à sua família, ou, então, a um dos abrigos do
município, passou a circular com seu veículo, pelas ruas da cidade, na
companhia da adolescente, fazendo a esta propostas indecorosas.
Os fatos articulados na inicial, se mostram satisfatoriamente comprovados
através da documentação que a acompanha. A conduta do Requerido, em
tese, efetivamente, é incompatível com a função que está a desempenhar.
Presentes pois, o "periculum in mora" e o "fumus boni iuris".
Pelo exposto, defiro a liminar determinando o afastamento do requerido das
funções de Conselheiro Tutelar que exerce neste munícipio, até final
julgamento, expedindo-se o respectivo mandado, ao tempo que também
deverá ser citado para, querendo, contestar a ação.
Determino ainda a citação do Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de
Itajaí, bem como do Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente, para se manifestarem, em havendo interesse.
P.R.I.
Cumpra-se.
Itajai, 29 de outubro de 1999

PAULO AFONSO SANDRI


JUIZ DE DIREITO

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