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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

Análises Organizacionais sobre a Eleição de 2019 para


Reitoria na Universidade Federal do Espírito Santo

Raphael P. Calmon

2019
1. Apresentação
As Universidades Federais costumam escolher seu Reitor através de uma consulta à
comunidade universitária, que conta com a participação de professores, técnicos e
estudantes e visa definir através do voto direto o melhor nome para representar a
instituição por quatro anos. Na prática, a consulta é informal, e a nomeação é
realizada pelo Presidente da República, que costuma escolher entre candidatos de
uma lista tríplice confeccionada pelo Conselho Universitário. Essa lista, por sua vez,
costuma refletir o resultado da consulta realizada. Na Universidade Federal do
Espírito Santo (Ufes), excepcionalmente em 2019, a consulta foi realizada por
organizações sindicais, sendo que nos anos anteriores foi realizada pela própria
universidade. O voto de cada categoria possui peso diferente no resultado final,
sendo docente (70%), técnico (20%) e estudante (10%). A disputa ocorreu entre as
professoras Ethel Maciel e Gláucia de Abreu e o resultado da consulta realizada em
novembro de 2019 encontra-se nas tabelas 1 e 2, na qual a chapa 2 foi considerada
vencedora.
Tabela 1: Resultado percentual por segmento
Contagem Professor T.A.E. Estudante

  Ch. 1 Ch. 2 B+N Ch. 1 Ch. 2 B+N Ch. 1 Ch. 2 B+N

% Votos 32,8% 65,9% 1,3% 52,1% 45,4% 2,5% 15,5% 83,7% 0,8%

% V. Válidos 33,2% 66,8%   53,4% 46,6%   15,6% 84,4%  

Fonte: CIPI – Portal da Ufes (confecção própria).


Tabela 2: Resultado por setor / categoria
Professor T.A.E. Estudante
Setor
Ch.1 Ch.2 B+N P Ch.1 Ch.2 B+N T Ch.1 Ch.2 B+N E

Reitoria 2 19 0 21 113 196 10 319 0 0 0 0

CArt 14 80 3 97 22 11 0 33 37 670 2 709

CCE 14 67 3 84 14 29 0 43 19 219 1 220

CCHN 17 105 0 122 17 41 2 60 42 865 5 912

CCJE 34 103 1 138 5 23 1 29 130 648 2 780

CE 2 69 3 74 9 11 0 20 18 339 10 367

CEFD 15 28 0 43 17 22 0 39 54 155 0 209

CT 36 54 0 90 104 46 6 156 103 201 1 305

CCS 187 47 4 238 71 25 3 99 314 377 6 697

Hucam 0 0 0 0 215 52 7 274 0 0 0 0

CEUNES 32 91 1 124 8 46 1 55 27 442 1 470

CCA 28 111 1 140 29 42 1 72 62 577 13 652

Voto Separado 9 10 0 19 12 10 0 22 35 49 0 84

Total 390 784 16 1190 636 554 31 1221 841 4542 41 5405

Fonte: CIPI – Portal da Ufes (confecção própria).


Fazendo uma análise superficial dos números, podemos identificar algumas
características dessa consulta: 1º) O baixo número de votantes, uma vez que, de
acordo com dados do portal da Ufes, existem aproximadamente 1800 professores
(66% votaram), 2.000 técnicos (61% votaram) e 23.000 estudantes (23,5% votaram)
na Universidade, números que demonstram que mais de 1/3 da população
acadêmica não participou da consulta. 2º) A vitória da chapa 2 foi mais expressiva
entre os estudantes, justamente a categoria que teve o menor nível de participação,
enquanto na categoria professores, a diferença foi menor. 3º) Entre os técnicos, a
chapa 1 recebeu a maioria dos votos. 4º) No Centro de Ciências da Saúde (CCS) e
no HUCAM a Chapa 1 venceu nas categorias professor e técnico, perdendo na
categoria estudantes por poucos votos. Cabe salientar que o CCS é o centro oriundo
das duas professoras concorrentes ao cargo de Reitora, e o HUCAM é administrado
atualmente pela representante da chapa 1.
Tabela 3: Resultado da lista tríplice
Candidato Origem Votos
Ethel Maciel Chapa 2 26
Paulo Sérgio Não concorreu 16
Rogério Faleiros Não concorreu 16
Reitor

Gláucia de Abreu Chapa 1 12


Surama Azevedo Não concorreu 1
Brancos/nulos 0
Total 71
Roney Pignaton Chapa 2 30
Gustavo Henrique Não concorreu 16
Vice-Reitor

Claudia Contijo Não concorreu 13


Alvim Borges Chapa 1 9
Marcelo Suzart Não concorreu 0
Brancos/nulos 3
Total 71

Fonte: Portal da Ufes (confecção própria).


Podemos afirmar que, nos últimos 20 anos, a Universidade Federal do Espírito
Santo elegeu Reitores pertencentes ao mesmo grupo, uma vez que Reinaldo
Centoducatte, atual reitor no segundo mandato, era vice-reitor de Rubens Rasseli
que também ficou por dois mandatos, e Ethel Maciel é a atual vice-reitora de
Reinaldo. Sendo assim, sua sucessão no cargo representa a continuidade de um
projeto em andamento.
Na história da Universidade Federal do Espírito Santo, a nomeação do Reitor
sempre ocorreu conforme a lista tríplice formulada no Conselho Superior, tendo sido
acatada a indicação do primeiro colocado da lista enviada, mas dessa vez, devido
ao acirramento de questões políticas, existem rumores de que a nomeação poderá
surpreender, considerando a possibilidade da nomeação de pessoas posicionadas
além da primeira colocação na lista, ou até mesmo, a nomeação de um nome que
não esteja na lista tríplice enviada. O Ministério Público Estadual do Espírito Santo e
membros de sindicatos defendem a inconstitucionalidade do ato, alegando que tal
ação fere a autonomia universitária garantida pela Constituição.
O caso apresentado pode ser analisado por diferentes lentes, o que nos permite
enxergar a situação por diversos ângulos, proporcionando uma reflexão mais
completa e consequentemente mais próxima da realidade sobre o caso em questão.

2. Racionalidade
Primeiramente proponho uma análise sob a ótica da racionalidade, na qual devemos
considerar que a instituição funciona com base nos Princípios Mecanicistas da
Organização, que são planejamento, organização, comando, coordenação e
controle. Através destes princípios, a organização busca esquematizar seu
funcionamento, aplicando um esquema de metas e controles de produtividade
impostos de cima para baixo, garantindo que esforços e resultados estejam
alinhados com as diretrizes definidas pelo alto escalão da organização.
Sob tais condições, cada membro da comunidade acadêmica teria as capacidades
necessárias para analisar o sistema proposto pela organização e seu esquema de
metas, comparando-os com seus interesses individuais. Assim, cada membro da
Universidade poderia avaliar a gestão da instituição, identificando erros e acertos da
Reitoria. Sendo assim, a pessoa faria a escolha do próximo Reitor a partir de
elementos racionais, que levam em consideração os custos e benefícios esperados
em cada provável escolha, tanto para si, quanto para a organização. Ainda assim, a
aplicação prática desses conceitos ocorre de forma dinâmica devido ao conceito de
racionalidade limitada, que impacta diretamente na construção e no entendimento
dos processos decisórios.
Para Motta e Vasconcelos (2004), a racionalidade limitada impõe a convivência com
um nível limitado de informações ocasionando a adoção de soluções satisfatórias
para cada problema, o que na prática pode ser representado pelo melhor possível
para o momento, levando em consideração as alternativas disponíveis e possíveis.
Essa estrutura decisória é compatível com o caso analisado, pois no processo de
escolha de um candidato para o cargo maior da instituição, cada membro escolhe a
melhor opção entre aquelas disponíveis e baseia sua escolha nas informações que
lhe são acessíveis no momento da decisão.
Outra categoria teórica compatível com o caso analisado são as formações de
coalisão, que ocorrem no intuito de reduzir a incerteza envolvida nas decisões. Para
os autores citados, “os critérios [...] e os procedimentos decisórios [...] são alvo de
negociação política e mudam de acordo com as alterações na estrutura de poder
[...]” (MOTTA e VASCONCELOS, 2004, p.108). Assim, a escolha individual leva em
consideração dois efeitos importantes: efeito de posição, que representa a posição
que o indivíduo ocupa na organização e que condiciona seu acesso às informações
relevantes no processo decisório; efeito de disposição, que leva em consideração as
características mentais, cognitivas e afetivas do indivíduo que toma a decisão. Tais
efeitos diferenciam as participações e decisões de cada membro da comunidade
universitária, tornando o processo decisório complexo e dinâmico.
A partir disso, os autores admitem que a maioria dos atores sociais de uma
organização pode deter informações importantes que podem influenciar no processo
decisório, fazendo da ação humana um movimento indeterminado, variado e
dependente das condições organizacionais no momento da escolha. O modelo
racional ora apresentado explica as diferentes participações de cada membro no
processo eleitoral tratado nesse texto, uma vez que, dependendo do nível de acesso
à informação disponível, pode-se fazer uma análise mais criteriosa do candidato e
de suas propostas, revelando possibilidades diferentes de participação e influência
no pleito.
Assim, a decisão tomada por cada indivíduo passa pelas condições organizacionais
existentes, e a divisão de trabalho estabelecida na organização pode influenciar as
diferentes formas de atuação e decisão de cada ator social. Essa afirmação pode
ser verificada ao analisarmos a diferença de resultados entre as categorias, uma vez
que entre os técnicos, a chapa perdedora (chapa 1) recebeu mais votos que a chapa
vencedora (chapa 2), demonstrando uma clara diferença entre o pensamento dessa
categoria. Aparentemente, por se tratar de função específica, os técnicos possuem
acesso a informações que, provavelmente, tiveram peso considerável nas decisões
individuais dessa categoria. O resultado aponta para a existência de problemas na
organização que não são percebidos, ou ao menos priorizados, pelas categorias de
professores e de estudantes.
Outro fenômeno interessante é o fato da chapa vencedora ter sido derrotada no
Centro de Ciências da Saúde (CCS) nas categorias professor e técnico,
demonstrando uma coalisão dos membros desse centro em torno da chapa 1. Esse
fenômeno pode estar relacionado ao acesso diferenciado à determinadas
informações que provavelmente reforçam valores e práticas preteridas pelos
membros desse centro.
Finalizando esta análise, lembramos que, mesmo em ambientes de decisões
apoiadas em processos racionais, não estão eliminadas as complexidades que
envolvem os processos decisórios. Isso faz com que as organizações apliquem um
modelo incrementalista de tomada de decisões que busca mudanças sem rupturas
(MOTTA e VASCONCELOS, 2004, p.119). Essa característica dos processos
decisórios pode ser verificada quando analisamos os resultados dos últimos 20 anos
que ratificaram a escolha no membro representante do mesmo grupo. Baseando-se
na corrente racionalista, a explicação para esse fenômeno reside na ausência de
conhecimentos profundos sobre os possíveis impactos da renovação no quadro
diretor da universidade, criando receios e medos que favorecem o grupo que já está
no controle da instituição. É possível que existam, entre os membros não votantes,
pessoas que poderiam mudar o resultado da eleição, mas é provável também que o
receio em torno da mudança os mantenha estáticos frente à oportunidade da
mudança através do voto, evidenciando possíveis dificuldades para se adaptar a
mudanças, aspecto típico de organizações mecanicistas.

3. Cultura
A ótica da cultura é amplamente amparada pela metáfora dos jogos de guerra, no
entanto, sem levar em consideração a agressividade presente nesses ambientes.
Trata-se de considerar a existência de uma disputa pela dominação intelectual,
através do controle das ideias e pensamentos construídos e moldados a partir de
uma cultura pré-determinada, protagonizando uma guerra cultural. No caso do
espaço universitário, local de produção de conhecimento, a cultura organizacional é
significativamente influenciada pela área científica na qual os membros daquela
instituição estão inseridos. Em locais de pesquisas das chamadas ciências hard ou
ciências duras, reinam valores e culturas mais próximas do positivismo metodológico
e do espectro acadêmico ortodoxo, enquanto em outros locais de pesquisas
costumam prosperar valores e culturas alternativas, baseadas em análises
interpretativas, pluralistas ou críticas, que para os fins desse trabalho,
classificaremos como heterodoxas. Os diferentes espectros acadêmicos criam
formas diferentes de se enxergar o mundo, fortalecendo culturas e comportamentos
diferentes.
Na Universidade Federal do Espírito Santo não é diferente. Nota-se uma grande
influência de costumes e normas sociais presentes na instituição como um todo, e
também em cada centro de ensino, além das áreas técnicas. No caso generalizado,
o fato das eleições internas manterem por 20 anos o mesmo grupo no comando da
instituição pode refletir costumes e comportamentos construídos ao longo do tempo
na instituição. Temas relacionados ao modelo nacional de educação, políticas
públicas federais, e planos de carreira de servidores públicos federais são tratados
pela comunidade acadêmica desde a sua criação, e a cultura da Universidade reflete
pautas e bandeiras que caracterizam essa instituição aos olhos do cidadão
capixaba. Um exemplo pode ser encontrado no antigo slogan “educação pública,
gratuita e de qualidade”, que foi modificado recentemente para “educação pública,
gratuita, de qualidade e socialmente referenciada”, o qual reflete uma marca da
cultura organizacional da Ufes e, de certa forma, dos valores impregnados na
universidade oriundos do movimento social pela educação no Brasil. Quando a
comunidade universitária decide pela manutenção de um determinado grupo no
controle da instituição, ela revela a força dessa cultura de militância nos seus
processos decisórios.
Morgan (2002) afirma que as subculturas existentes em uma organização podem
gerar uma estrutura fragmentada, que enxerga o mundo de maneiras diferentes.
Verificamos a existência dessas subculturas ao compararmos os resultados da
votação entre os centros, na qual podemos perceber que no Centro Tecnológico
(CT) e no CCS a diferença de votos entre as chapas concorrentes foi menor tanto na
categoria “professor” como na “estudante”. Essas diferenças podem refletir as
diferentes culturais dos Centros, uma vez que o CT e o CCS são centros de alto
desempenho na pesquisa científica, e atualmente sofrem relativamente mais que os
outros centros com a falta de recursos financeiros, que impactam na pesquisa e na
graduação, uma vez que os cursos dependem de laboratórios e equipamentos de
alto custo. Nesses ambientes, a cultura do investimento privado na pesquisa é mais
aceita, e por vezes, essa diferença impacta na decisão de seus membros na escolha
do Reitor, a depender da forma como o mesmo pretende conduzir essa aproximação
entre universidade e empresariado. Além disso, a escassez de recursos pode ser
relacionada com uma gestão ineficiente, impactando na decisão dos membros das
três categorias que vivenciam as realidades de cada centro.
Outro elemento importante para a formação da cultura organizacional é a influência
do contexto situacional, que influencia de diferentes maneiras o ambiente de acordo
com o impacto desse contexto na realidade organizacional. No caso da Ufes, o
contexto de acirramento político impactou na construção e execução do processo
eleitoral em si, que foi realizado excepcionalmente por entidades sindicais e não
pela Universidade, situação que supervaloriza, aos olhos de determinados grupos, a
importância política da consulta na esfera federal, enquanto outros grupos diminuem
a importância da consulta devido a seu caráter informal, acirrando ainda mais as
diferentes subculturas existentes na instituição. A existência de diferentes subgrupos
fica exposta quando analisamos a tabela 3, que apresenta a lista tríplice formada
pelo Conselho Superior. Na tabela, percebemos a presença de nomes que não
participaram da consulta realizada pelos sindicatos, reforçando o argumento de
existência de subculturas diferentes que estariam representadas nos diversos
nomes presentes no pleito considerado oficial.

4. Poder
É muito intuitivo relacionar eleições para Reitoria de uma Universidade e a relação
de poder que existe nessa disputa. Isso porque, sobre a ótica do poder, a
organização é vista como um sistema político que busca criar arranjos para resolver
conflitos de interesses entre seus membros, no intuito de criar ordem na diversidade
e ainda evitar formas de dominação totalitária. Os arranjos e suas formas de
construção podem variar de acordo com a natureza do poder e da autoridade
existente na organização. Dentre os tipos de poder apresentados por Morgan
(2002), podemos considerar que, na Ufes existem: a) o poder burocrático, no qual a
autoridade utiliza da palavra escrita para demandar ações à burocratas que detém o
conhecimento sobre determinado tema; b) o poder tecnocrata, no qual o
conhecimento técnico assume maior importância nos processos influenciadores e
decisórios; e c) o poder democrático, que dilui o poder decisório entre outros
membros da organização. Tais poderes podem ser facilmente verificados na Ufes
quando observamos: a) as normas impostas pelos gestores com regras diversas
para o trabalho os servidores; b) a exigência de cargo docente para ocupação de
cargos de ato escalão na Universidade como Reitor e Pró Reitores; e c) na formação
dos Conselhos Superiores que definem as diretrizes e regras de funcionamento da
universidade.
Para Morgan (2002), são os interesses de cada membro da organização que
definem a formas de atuação de uma pessoa na organização, e esses interesses
podem estar relacionados com a própria tarefa que o indivíduo realiza, a sua carreira
dentro da organização, ou ainda a aspectos de sua vida pessoal. Quando
verificamos o caso das eleições para a Reitoria da Ufes, verificamos a importância
do interesse em questões ligadas à carreira, uma vez que docentes e técnicos
possuem interesses de carreira distintos e essa diferença ficou evidenciada no
resultado do pleito.
Na visão do autor citado, diferente do modelo racional, a organização é formada por
redes soltas de pessoas, que formam coalisões quando grupos de indivíduos
reúnem-se, em grupos formais ou informais. Mesmo que cada um possua um
objetivo específico, a coalizão busca estabelecer certo equilíbrio entre as
recompensas e as contribuições necessárias para sustentar a participação de cada
membro nessa coalizão. Observando a totalidade organizacional, Hardy e Clegg
(1999, p. 271) afirmam que “[...] os sistemas e estruturas organizacionais existentes
não são neutros ou apolíticos, mas, basicamente, fenômenos estruturalmente
sedimentados por uma história de conflitos já incrustrada na organização”.
No caso da Ufes e seu processo eleitoral, objetos desta análise, as possíveis
coalisões visam o controle do poder burocrático na instituição, que pode se
materializar de maneiras distintas. Uma dessas formas é o controle dos recursos
escassos, situação clássica de poder dentro da organização, que impacta
diretamente nas ações dos membros da organização, afinal, sem recursos
financeiros, as ações individuais ou coletivas podem ser enfraquecidas ou até
eliminadas. O grupo que detém o controle dos recursos financeiros pode preterir
cursos, departamentos, centros e campus, a depender dos interesses existentes e
as coalizões formadas no processo eleitoral, e ao longo das diversas eleições
ocorridas no passado, a forma de aplicação dos recursos financeiros ao longo dos
tempos construiu uma história de conflitos em torno da disputa pelos recursos
disponíveis.
De forma complementar, quando afirmamos que a Ufes elege o mesmo grupo de
poder há 20 anos, estamos afirmando que a mesma coalisão de pessoas possui
controle sobre os recursos financeiros na Ufes durante todo esse período,
produzindo uma significativa fonte de poder oriunda da dependência dos outros
grupos para o grupo dominante. Essa dependência é a materialização do poder
burocrático instaurado, com potencial para abrir portas e oportunidades para o grupo
detentor desse poder.
Outra análise interessante está relacionada com a lista tríplice formulada pelo
Conselho superior, a qual apresenta nomes que não participaram da consulta
informal realizada. Isso porque, na prática, o fato da chapa 2 ter vencido a eleição,
dá ao grupo que formou a coalisão vencedora o direito a indicação do Reitor,
fazendo com que os três primeiros nomes indicados na lista tríplice sejam
pertencentes à mesma coalisão. Esse mecanismo é utilizado para reduzir incertezas
quanto à nomeação realizada pelo Presidente da República, pois caso não seja
nomeado o primeiro colocado, os demais indicados pertencem ao mesmo grupo de
coalizão, garantindo a chancela do poder e do controle dos recursos escassos entre
os membros do mesmo grupo.

5. Referências
Comissão Independente de Pesquisa Informal (CIPI). Planilhas com resultado final
da apuração. Disponível em <http://pesquisareitor.ufes.br/lista-dos-participantes-da-
pesquisa-ufes>. Acesso em 08 dez. 2019.
HARDY, Cynthia; CLEGG, Stewart R. Alguns ousam chamá-lo de poder. In:
CLEGG, Stewart; HARDY, Cynthia.; NORD, Walter R. (Orgs.). Handbook de estudos
organizacionais. v. 2. São Paulo: Atlas, 1999.
MORGAN, G. Imagens da organização: edição executiva. São Paulo: Atlas, 2002.
MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria geral da administração. São
Paulo: Thomson Learning, 2004.
Portal da Ufes. Sobre a Ufes / A Instituição. 2019. Disponível em
<http://www.ufes.br/institui%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em 08 dez. 2019.
Portal da Ufes. Com 26 votos, Ethel Maciel lidera a lista tríplice definida pelo
Colégio Eleitoral da Ufes. 05 dez. 2019. Disponível em
<http://www.ufes.br/conteudo/com-26-votos-ethel-maciel-lidera-lista-triplice-definida-
pelo-colegio-eleitoral-da-ufes>. Acesso em 08 dez. 2019.

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