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Um mundo totalmente novo

O Evangelho de acordo com Apocalipse

Greg Uttinger
O livro de Greg Uttinger é refrescante por sua brevidade; ele não confunde o leitor na
minúcia da exposição. O livro desmistifica o Apocalipse expondo ao leitor o grande
cenário. Não concordo com tudo o que o autor diz, mas encorajaria qualquer um a ler o
livro. Eis o porquê. Há várias visões sobre Apocalipse que creio serem fiéis à sua
mensagem. Preteristas parciais, como Uttinger, creem que grande parte do livro foi
cumprida por volta do ano 70 d.C. Historicistas creem que o livro representa a batalha
entre Cristo e Satanás no período inter-advento inteiro descrito sequencialmente. Eu
sigo a visão idealista, que também vê o livro como uma descrição de todo o período
inter-advento, embora não visto sequencialmente. Todas essas posições concordam em
ver Jesus Cristo como sendo já hoje “o príncipe dos reis da terra” (1.4). A benção
sobre aqueles que leem, ouvem e guardam a mensagem de Apocalipse (1.3) não está se
referindo à interpretação acadêmica ou técnica dos detalhes do livro, mas à sua
mensagem central — que servimos ao ressurreto e vitorioso Senhor do tempo e da
eternidade. O livro de Uttinger é fiel a essa “Revelação de Jesus Cristo” (1.1).

—Mark R. Rushdoony
Presidente, Chalcedon Foundation

Eu li “Um mundo totalmente novo”, e considero o livro um tratamento excelente do


livro de Apocalipse. Depois dei para minha esposa ler, e disse que ela conseguiria ali
um panorama excelente do Apocalipse de João. Greg Uttinger fez um grande trabalho
pintando o grande cenário usando o Antigo Testamento como o pano de fundo para o
nosso entendimento.

—Patch Blakey
Diretor Executivo, Association of Classical & Christian Schools

Após 46 anos de imersão dispensacionalista, fui exposto a uma interpretação mais


racional e satisfatória do Apocalipse por meio de homens como Hank Hanegraaff, Dr.
Kenneth Gentry, Gary DeMar, e agora Greg Uttinger. O livro de Greg é um guia
maravilhoso para qualquer dispensacionalista que esteja cético quanto ao método de
interpretação do Apocalipse que eles têm usado. Recomendo altamente este livro, pois
trata-se de um recurso valioso.

— Dan Jensen
Título do original: A Whole New World: The Gospel According to Revelation
Edição publicada pela
Nordskog Publishing, Inc.
(Ventura, Califórnia, EUA)

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por


EDITORA MONERGISM O
Caixa Postal 2416
Brasília, DF, Brasil - CEP 70.842-970
Telefone: (61) 8116-7481 - Sítio: www.editoramonergismo.com.br

1a edição, 2009

1000 exemplares

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto


Revisão: Túlio César Costa Leite
Capa: Raniere Maciel Menezes
Gravura da capa: Paul Gustave Doré (1832-1883).

P ROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER M EIOS,


SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE.

Todas as citações bíblicas foram extraídas da


versão Almeida Corrigida e Fiel (ACF),
salvo indicação em contrário.
Para David e Wendy
SUMÁRIO

PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA


PREFÁCIO À EDIÇÃO AMERICANA
PRÓLOGO
PREFÁCIO
A IMAGEM DO APOCALIPSE
QUANDO SERÃO ESSAS COISAS?
MISTÉRIO: BABILÔNIA, A GRANDE
A FORMAÇÃO DE UMA PROSTITUTA
AS SETE IGREJAS
O LIVRO ABERTO
A MULHER RADIANTE E A BESTA
A MARCA DA BESTA
SANGUE E VINHO
O REINO MILENAR
UM MUNDO TOTALMENTE NOVO
A NOVA JERUSALÉM
CONCLUSÃO
UM PANORAMA DE APOCALIPSE
LEITURA RECOMENDADA
SOBRE O AUTOR
Prefácio à edição brasileira

É comum encontrar entre cristãos recém-convertidos uma avidez por ler e compreender
o livro do Apocalipse.[1] Todos parecem querer saber sobre os “últimos dias”.
Contudo, isso pode gerar confusão por pelo menos dois motivos:
(a) Requer-se um conhecimento razoável do Novo e principalmente
Antigo Testamento para se entender o livro do Apocalipse.
(b) A maioria dos comentários sobre Apocalipse não passa de produto
da mente dos seus autores, e o risco de um neófito ser influenciado pelos
“métodos interpretativos” destes é muito grande.[2]
Este pequeno e despretensioso livro ajuda o leitor que tiver carência de (a),
direcionando-o ao estudo, para que possa comparar Escritura com Escritura, e não
padece da mazela de (b), pois não lança mão de jornais ou noticiários de TV para
interpretar a Bíblia. Greg permanece tão fiel à Escritura, e evita de tal forma
conjecturas, que o seu livro às vezes nem parece um comentário, mas uma recitação da
Escritura.
No estudo da Escritura, sempre devemos lembrar, especialmente em passagens
ou livros altamente simbólicos, como é o caso do livro do Apocalipse, que “o padrão
bíblico para a interpretação é a própria Bíblia”. [3]
Que Deus nos ajude!

— Felipe Sabino de Araújo Neto


Brasília-DF, 24 de maio de 2009
Prefácio à edição americana

Quando meu editor de teologia sugeriu que publicássemos o livro do Sr. Uttinger sobre
Apocalipse, eu titubeei, pensando: “Já não existem tantos livros escritos sobre
escatologia?” Mas visto que o livro veio de um amigo meu, Rev. Christopher Hoops, e
era breve, mergulhei nele perguntando se haveria algo mais que pudesse ser dito sobre
esse tópico vital.
Para minha surpresa, Um mundo totalmente novo de fato captura a essência e a
verdade do livro de Apocalipse dados a João na Ilha de Patmos, algum tempo antes da
destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Este breve livro esclarece muita da confusão
que existe sobre profecia. É uma leitura rápida e fácil para suplementar a própria
Palavra de Deus. É com alegria que publicamos essa obra que revela a bendita
esperança que nos espera.
Eu também fui influenciado há três décadas pelas visões teológicas de Hal
Lindsey no livro A agonia do grande planeta Terra, uma estranha versão do ponto de
vista futurista dos últimos tempos. Em Um mundo totalmente novo: O Evangelho de
acordo com Apocalipse, Greg Uttinger vê muito do livro do Apocalipse cumprido nos
atos pactuais de Deus no primeiro século, mas também reconhece que suas profecias
apresentam um futuro glorioso para o reino de Cristo antes dele retornar em glória.
O autor apresenta de forma clara e simples uma interpretação racional e
realista, tomada da Escritura como um todo, comparando Escritura com Escritura (e
Antigo Testamento com Novo Testamento). Ele decifra sinais e simbolismo a partir da
Palavra de Deus e explica de modo conciso e simples o futuro glorioso a que todos os
crentes aspiram, à medida que andamos e trabalhamos no Reino de Deus sobre a Terra
agora, em antecipação do Reino Celestial e do ordenado “Mundo totalmente novo” de
Deus.

— Gerald Christian Nordskog


Editor
Prólogo

Não muitos anos após minha conversão, determinei dominar o livro de Apocalipse!
Pensei comigo mesmo que a melhor forma de compreender este livro misterioso era
permanecer não afetado por todas as publicações e ideias bizarras então em voga. Se
abordasse Apocalipse com uma mente sem preconceito e o lesse em várias sessões,
então suas verdades começariam a surgir. Eu desenvolveria um entendimento imaculado
e puro. Assim, eu o li repetidamente, pensando que a repetição me levaria à iluminação.
Mas após terminar meu plano, achei-me tão frustrado como anteriormente. Minha real
necessidade era dupla: um professor cristocêntrico e uma ferramenta interpretativa para
ajudar escavar algumas pepitas de ouro desta mina de verdades do reino. Essa
ferramenta não precisaria ser um aparelho de um mineiro milionário — apenas uma
picareta barata que servisse ao propósito de achar um filão de ouro, obrigado.
Neste pequeno volume, Um mundo totalmente novo, o estudioso independente
Sr. Greg Uttinger fornece a ferramenta necessária para o cristão perplexo, intimidado
ou iniciante que pensa que o Apocalipse está limitado aos eruditos em grego ou que
estejam esperando até os seus oitenta anos antes de se devotarem ao seu estudo.
Embora seja bem mais que uma mera tabela, o livro do Sr. Uttinger fornece uma
estrutura pela qual podemos ler todo o Apocalipse com proveito. Por exemplo, um
entendimento dos eventos, metáforas e símbolos do Antigo Testamento são ferramentas
interpretativas chave. Uma pessoa não instruída no Antigo Testamento e alheia mesmo a
uns poucos capítulos importantes no Novo Testamento (i.e., Mateus 24, Marcos 13,
Lucas 21, etc.) terá que se esforçar muito. Contudo, usando a tabela que este livro
fornece, o entendimento do intérprete será grandemente aprimorado. A razão é que a
tabela é derivada do próprio livro de Apocalipse, e não de algum preconceito ou
modelo interpretativo externo.
George Santayana uma vez disse que brevidade é “quase uma condição de ser
inspirado”. A brevidade pode ser um soco mais forte que um tomo literário. Antes de
podermos ter a última palavra, devemos primeiro ouvir a primeira palavra. Este
pequeno livro é essa primeira palavra. Isso significa que ele pode ser colocado com
segurança nas mãos de qualquer cristão, a despeito de sua idade ou maturidade
espiritual. Ele dá a cada cristão uma partida inicial, reduzindo significantemente o risco
de uma leitura procrastinada. O livro de Apocalipse é de fato uma revelação, uma
revelação para todos do povo de Deus. Um mundo totalmente novo mostra como isso é
verdade.

– Jim West
Professor Associado, City Seminary
Sacramento, Califórnia
Prefácio

Este é um livro sobre o Apocalipsis, o livro do Apocalipse. Isso pode não significar o
que você pensa. Você não achará nada nessas páginas sobre a Terceira Guerra
Mundial, abelhas assassinas, helicópteros Cobra, ou Conspirações da Nova Era. Não
há tabelas de tempo nem quadros mirabolantes. Nem há predições sobre os próximos
dez anos.
Pois embora o Apocalipse seja profecia, ele é profecia no sentido bíblico. É
uma proclamação inspirada do pacto eterno de Deus em Cristo; em outras palavras, é
uma pregação do Evangelho.
Sem dúvida, o Apocalipse tem seus elementos preditivos. Mas o foco dessas
predições é o que Deus já fez por nós em seu Filho. O testemunho de Jesus é o espírito
de profecia (Ap 19.10). O livro do Apocalipse é, como ele afirma, uma revelação de
Jesus Cristo (Apocalipse 1.1).
Se você quiser ler sobre catástrofes dos últimos dias, este livro lhe
desapontará. Mas se desejar saber mais sobre o Evangelho glorioso de Jesus Cristo e
as riquezas da nossa herança nele, leia-o. Você pode ser agradavelmente surpreendido.

– Greg Uttinger
Páscoa de 2007
A imagem do Apocalipse

Ninguém interpreta o Apocalipse literalmente. Ninguém com algum traço de sanidade


pensa que Cristo parece um Cordeiro de sete olhos ou que Satanás tenha realmente sete
cabeças. Ninguém crê seriamente que uma mulher possa vestir o Sol como um vestido
ou que a morte cavalgue um cavalo amarelo. O Apocalipse é um livro de imagens e
símbolos.
João nos diz claramente que a revelação recebida foi “significada” (Apocalipse
1.1, KJV); isto é, representada por meio de sinais. E, a medida que as visões se
desdobram, o texto regularmente nos diz que essa ou aquela imagem na verdade
representa algo totalmente diferente. Por exemplo:
1.20 Estrelas são anjos (mensageiros). Castiçais são igrejas.
4.5 Lâmpadas são “os sete Espíritos de Deus” (o Espírito
Santo em sua plenitude).
5.8 Incenso são orações.
11.8 Jerusalém é “espiritualmente” chamada de Sodoma e
Egito.
17.9ss Cabeças são montes e reis.
17.12 Chifres são reis.
17.15 Águas são “povos, e multidões, e nações”.
17.18 Uma mulher é uma cidade.
19.8 Linho fino é “a justiça dos santos”.

O livro de Apocalipse não explica todas as suas imagens, mas isso não significa
que fomos deixados às nossas próprias imaginações. Apocalipse assume que temos lido
o restante da Bíblia e prestado atenção. Isto é, elas já foram introduzidas e
desenvolvidas em algum outro lugar na Escritura, provavelmente no Antigo Testamento.
Se conhecemos nossas Bíblias bem, as visões de João deveriam ser familiares para
nós.
Tome, por exemplo, a mulher com um filho em Apocalipse 12. As raízes dessa
imagem encontram-se lá atrás, na primeira promessa do Evangelho:
E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua
semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gênesis
3.15)
As histórias de Sara, Rebeca, Raquel e Ana adicionam algo à imagem. Assim o
fazem todas as profecias que retratam Israel como a esposa de Jeová (e.g., Isaías 54;
Ezequiel 16; Oseias 1-3).
O sol, a luz e as estrelas que adornam a mulher identificam-na adicionalmente
com Israel (Gênesis 37.9-10). Mais do que isso, elas sugerem sua autoridade, glória e
caráter celestial. Pois essa mulher é uma figura cósmica. Salomão descreve a Noiva de
uma forma muito semelhante:
Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua,
brilhante como o sol, terrível como um exército com bandeiras?
(Cantares de Salomão 6.10)
Mas quando João vê a Noiva transformada em Apocalipse 21, as luzes criadas
desaparecem (Apocalipse 21.23). A Noiva brilha com a glória do próprio Deus. Sua
nova vida ultrapassa em muito a velha. Sim, supõe-se que captemos essas coisas.
Obviamente, o simbolismo bíblico não é o tipo de código “isso-significa-
aquilo”.[4] Ele é mais parecido com a poesia. É uma grande metáfora, não criptograma;
revelação, não ciframento.
Se Deus quisesse dizer meramente “Israel” em Apocalipse 12, ele poderia ter
dito. Ao nos mostrar em vez disso a mulher radiante, ele nos diz vários tipos de coisas
ao mesmo tempo. Ele reuniu dezenas de elementos diferentes da Escritura e colocou-os
em nossas mãos. É suposto que saibamos para onde eles conduzem. Na ausência,
supõe-se que descubramos. E é assim que devemos ler todo o Apocalipse.
Quando serão essas coisas?

O livro do Apocalipse nos diz continuamente quando suas profecias seriam


cumpridas:
1) As profecias concernem a coisas “que brevemente devem acontecer”
(Apocalipse 1.1).
2) O tempo estava “próximo” (1.3)
3) O livro é endereçado a sete igrejas na Ásia Menor do primeiro século
(1.11), igrejas que realmente experimentaram ou escaparam
providencialmente dos julgamentos preditos (Apocalipse 2.10, 16, 22, 26-
27; 3.3, 10, 21). Não há nada a sugerir que essas igrejas representavam
épocas na História da Igreja.
4) As seções principais, Apocalipse capítulos 4-11 e 12-22, começam cada
uma delas com o advento de Cristo, sua primeira vinda. E não há nenhuma
sugestão, até o capítulo 20, que grandes quantidades de tempo estão
passando nas visões.
5) Os 144.000 redimidos da terra (ou, da nação)[5] são “os que dentre os
homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro”
(Apocalipse 7.4; 14.1-5). Isto é, eles eram cristãos judeus do primeiro
século, os crentes a quem Tiago escreveu sua epístola (cf. Tiago 1.1, 18).
6) João escreve como se Jerusalém e o seu Templo ainda estivessem de pé,
mas perto de serem destruídos (e.g., Apocalipse 11.1-3).
7) Em Apocalipse 17, as sete cabeças da besta representam sete reis. Mas
cinco já caíram, e “um existe” (observe o tempo presente), e um ainda virá.
A besta era uma realidade presente nos dias de João (cf. 17.8).
8) Babilônia “é a grande cidade” (tempo presente) “que reina” (tempo
presente) sobre os reis da terra (Apocalipse 17.18). Babilônia já reinava
quando João estava escrevendo.
9) Diferente de Daniel (Dn 12.4), ordena-se que João não sele sua profecia,
pois, novamente, “próximo está o tempo” (Apocalipse 22.10).
10) Jesus promete continuamente vir “sem demora” (e.g., Apocalipse
22.7, 12, 20, ARA). Deus pode chamar todos os tempos de “breve”,[6] mas
nós não; e foi para nós que Deus escreveu. Se “venho sem demora” significa
algo, ele quer dizer “sem demora”, “rapidamente” ou “em breve”
considerando-se a audiência original do livro, isto é, os leitores de João do
primeiro século. Sem dúvida, isso significa que a “vinda” em questão não é
a Segunda Vinda visível de Cristo no final da História. Mas a Bíblia fala de
outras vindas:
Porque eis que o SENHOR está para sair do seu lugar, e descerá, e
andará sobre as alturas da terra… Tudo isto por causa da transgressão
de Jacó, e dos pecados da casa de Israel (Miquéias 1.3, 5a).
Peso do Egito. Eis que o SENHOR vem cavalgando numa nuvem ligeira,
e entrará no Egito; e os ídolos do Egito estremecerão diante dele, e o
coração dos egípcios se derreterá no meio deles. (Isaías 19.1).
Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles
batalharei com a espada da minha boca (Apocalipse 2.16).
Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o
Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens
do céu (Mateus 26.64).

Na era da Nova Aliança, como na Antiga, Deus visita o seu povo em julgamento
e misericórdia. Cristo veio “sobre as nuvens do céu” várias vezes durante a História
deste mundo.[7] Porém, mais especialmente, ele veio com nuvens de glória e ira contra
a Jerusalém apóstata no ano 70 d.C. Ele destruiu a ordem da Antiga Aliança e revelou o
esplendor do seu reino.
Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o
traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim.
Amém (Apocalipse 1.7).
E então verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande
glória. Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima
e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima…
Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça
(Lucas 21.27-28, 32).
Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não
provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino
(Mateus 16.28).
Observe em cada uma dessas passagens os parâmetros do primeiro século.
Quando Jesus prometeu vir rapidamente, ele quis dizer isso.
A evidência interna, então, aponta para um cumprimento no primeiro século da
parte principal da profecia.[8] Somente após Apocalipse 19 existem alguns vislumbres
do então distante futuro.
Mistério: Babilônia, a grande

A natureza e cumprimento do Apocalipse se tornam mais claros ainda quando


identificamos a prostituta, Babilônia a grande (Apocalipse 17-18). Escritores sobre
profecia têm sugerido várias interpretações: a Roma pagã, a Roma papal, uma futura
igreja apóstata, o sistema mundial, a religião de mistério pagã, uma Babilônia
reconstruída, e assim por diante. Contudo, considere esses pontos:
1) João chama Babilônia a grande de uma cidade (17.18). Mesmo como
um símbolo, cidade sugere uma comunidade de algum tipo, não a religião ou
a mundaneidade considerada de forma abstrata.
2) De fato, considerando 17.18, é difícil ver como a audiência original de
João poderia ter interpretado Babilônia como algo diferente de uma então
existente cidade que reinava “sobre os reis da terra [nação]”.
3) Além do mais, a prostituta Babilônia cavalga uma besta escarlate, um
símbolo de um reino cujos reis já começaram o seu reinado (Apocalipse
17.10). Em outras palavras, Babilônia a grande era apoiada pelo Império
Romano.
4) Babilônia embriaga-se com o sangue dos mártires (17.6). Ela tinha
perseguido a Igreja. Mais do que isso, ela é considerada culpada pelo
“sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra”
(18.24). Mas a Escritura já mencionou a cidade que Deus culpou por esse
sangue: a Jerusalém do primeiro século.
Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles
matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas
e os perseguireis de cidade em cidade; para que sobre vós caia todo o
sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o
justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o
santuário e o altar. Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de
vir sobre esta geração. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e
apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus
filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não
quiseste! (Mateus 23.34-37).
Jerusalém é preeminentemente a cidade que matou os profetas. De fato,
Jesus disse que um profeta não poderia morrer “fora de Jerusalém” (Lucas
13.33b).
5) Babilônia é chamada de “a grande cidade” (Apocalipse 17.18). Fora a
Nova Jerusalém, a Noiva fiel de Cristo, somente outra cidade recebe esse
título em Apocalipse: a Jerusalém terrena, a cidade “onde o nosso Senhor
também foi crucificado” (Apocalipse 11.8c). A mesma passagem chama
Jerusalém de “Sodoma e Egito”. Que ela deveria ser chamada também de
Babilônia não é surpreendente. Mas não foi Roma quem crucificou a Cristo?
As autoridades romanas estavam, sem dúvida, envolvidas, mas o próprio
Cristo apontou para Jerusalém como a cidade onde ele morreria: “Importa,
porém, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte, para que não suceda que
morra um profeta fora de Jerusalém” (Lucas 13.33).
6) Além do mais, Babilônia a grande é chamada de a “grande prostituta” e
a “mãe das prostituições” (Apocalipse 17.1, 5). Mas a Escritura nunca acusa
as cidades pagãs de prostituição. Ela reserva essa acusação para Jerusalém,
Samaria e as duas cidades gentílicas que professavam fé no Deus de Israel,
Tiro (Isaías 23.15ss) e Nínive (Naum 3.4).[9] E isso porque prostituição e
idolatria são símbolos de infidelidade pactual. Somente cidades que
estiveram uma vez em aliança com Deus poderiam comportar-se como uma
prostituta para com ele. Se Babilônia é uma prostituta, então ela deve ter
estado em aliança com Deus. Isso deixa a Roma pagã de fora; antes, aponta
para Jerusalém, a cidade que trocou Cristo por César (João 19.15).
7) Em oposição à Babilônia prostituta está a Noiva casta, a Nova
Jerusalém (Apocalipse 21.9-10). Esse contraste entre duas cidades aparece
no começo de Gálatas 4.21-31. E ali Paulo claramente menciona a rival da
Noiva: a cidade mundana é a “Jerusalém que agora existe, pois é escrava
com seus filhos.” (Gálatas 4.25).
8) Zacarias também associa o pecado de Israel com Babilônia. Ele vê a
impiedade de Israel personificada como uma mulher que é levada para a
terra de Sinar; isto é, para Babilônia (Zacarias 5.5-11).
9) Durante os julgamentos das taças, João distingue Babilônia das “cidades
das nações” (Apocalipse 16.19). Babilônia não era uma cidade gentílica.
10) Babilônia é distinta da besta (o Império Romano).[10] Pois no final,
os dez reis associados com o Império se voltam contra a prostituta e
destroem-na (Apocalipse 17.12-17). Eles fazem isso como parte do seu
ataque contra o Cordeiro (17.14). Se Babilônia fosse a cidade de Roma,
isso não faria nenhum sentido. Mas um ataque sobre Jerusalém poderia
facilmente ter sido um ataque sobre o Cristianismo também.[11]
11) Os julgamentos de Deus contra Babilônia vingam tanto os apóstolos
como os profetas (Apocalipse 18.20, 23). Novamente, isso aponta para o
primeiro século, quando esses ofícios especiais ainda existiam.
12) Embora a Versão Almeida Fiel nos diga que Babilônia reinava sobre
“os reis da terra” (Apocalipse 17.18), isso não precisa nos distanciar de
Jerusalém. A palavra traduzida como “terra” significa “nação” (cf. Lucas
21.23; Atos 7.3-4; 13.19; etc.). Jerusalém reinava sobre os reis da nação.
Ela era a cidade mais importante e influente na Palestina. E mais, ela era a
cidade mais importante sobre a Terra em termos do pacto de Deus. Ela era a
cidade do grande Rei (Mateus 5.35). Ela exercia um ministério sacerdotal
para as outras nações da Terra (Êxodo 19.6). Embora seu reinado não fosse
político, ele era na verdade mais importante que aquele da Roma
imperial.[12]
13) A queda de Babilônia introduz as bodas do Cordeiro (Apocalipse
19.7-9). Isso forma um paralelo claro com a parábola de Cristo em Mateus.
Considere esses três versículos:
E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos,
destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos
servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não
eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas
a todos os que encontrardes (Mateus 22.7-9).
A destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. revelou a Igreja como a
verdadeira Noiva de Cristo e abriu a ceia do Evangelho a todas as nações.
14) Após a queda da misteriosa Babilônia, a Palavra de Deus faz guerra
contra a besta e os seus exércitos (Apocalipse 19-11-21). O Evangelho, a
“espada” da boca de Cristo (v. 15), conquistou o Império após a queda de
Jerusalém, mas bem antes da queda de Roma. A sequência em Apocalipse
19 argumenta que Babilônia é Jerusalém, não Roma.

Babilônia a grande, então, é Jerusalém, a Jerusalém que matou os profetas e


crucificou a Cristo. No ano 70 d.C., a ira de Deus veio sobre ela “até ao fim” (1
Tessalonicenses 2.14-16). Cristo destruiu a prostituta, varreu as relíquias da economia
da Antiga Aliança, e revelou sua Noiva da Nova Aliança como a herdeira de todas as
coisas. Esses temas simples ajudam em muito no entendimento de todo o livro de
Apocalipse.
A formação de uma prostituta

Para entender a apostasia de Jerusalém apropriadamente, devemos entender primeiro a


condição natural do homem desde a Queda – o que a Escritura frequentemente chama de
“a carne”.
O homem natural, o homem “na carne”, está alienado de Deus e em inimizade
com Deus (Efésios 4.17-19; Romanos 8.7). Ele não pode agradar a Deus e não busca a
Deus (Romanos 8.8.; 3.11). Sua justiça é como trapos de imundícia (Isaías 64.6). Ele
está morto em delitos e pecados (Efésios 2.1-5).
E, todavia, o homem natural é religioso e, por seus próprios padrões, talvez
muito moral. Mas ele não é piedoso. Ele não conhece a Cristo. Não crê no Evangelho.
Nunca foi justificado pela fé. Sua religião consiste somente em justiça e aprovação
própria. Ele crê ser fundamentalmente bom – ou pelo menos relativamente bom – e
digno da aprovação de Deus, se é que deus existe. Afinal, ele tem feito a, b e c. Crê em
x, y e z. Tem guardado esse rito ou aquele ritual. Ele tem evitado todos os vícios
tradicionais. Tem se preocupado profundamente com as coisas que realmente importam.
Falhando em tudo o mais, ele pelo menos nasceu na família certa.
Os pagãos têm inventado incontáveis religiões e filosofias sobre tal justiça
própria, e condenado suas almas no processo. E, todavia, mais mortífera é a justiça
própria que se mascara de fé bíblica. Os maiores inimigos da graça sempre vieram de
dentro do campo dos fiéis.
Assim se deu em Israel e Jerusalém quando Cristo apareceu. A fé comum era um
entrelaçado de tradição, hipocrisia e legalismo. Israel confiava em suas próprias obras,
na circuncisão e na descendência natural. Jerusalém reconhecia a si mesma como a
Cidade de Deus, mas ela estava em escravidão juntamente com seus filhos (Gálatas
4.25). Seus líderes zombavam do arrependimento e rejeitavam o testemunho de Deus.
Israel estava pronto para um messias político, mas não para um Salvador. Ele
queria mudança exterior, mas não transformação interior. Jerusalém, fiel ao seu
passado, preferiu a aliança estranha em vez do temor a Deus. E assim, os seus
sacerdotes trocaram Cristo por César, o Cordeiro pela besta. Eles conspiravam com os
oficiais romanos assassinar o Filho de Deus, o Noivo divino. Dessa forma, a Cidade
Santa tornou-se uma prostituta.
Jerusalém, contudo, continuou a alegar as prerrogativas de uma esposa casta.
Fingia que sua prostituição era fidelidade; que sua justiça própria era piedade. Ela
estava envolta na religião da carne e imaginava ser a graça do Espírito.[13] Matava os
servos de Jesus e afirmava fazer o serviço de Deus.
Porque ainda aderia às formas da Antiga Aliança, suas mentiras eram ainda
mais perigosas, suas feitiçarias ainda mais enganosas. Dessa forma, a advertência do
Espírito:
Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e
para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se
acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniquidades dela
(Apocalipse 18.4b-5).
O livro do Apocalipse, então, é mais que uma série de profecias. É uma
denúncia da religião da carne; é uma proclamação do Evangelho de Jesus Cristo.
As sete Igrejas

O livro de Apocalipse é endereçado à Igreja, mais particularmente às sete igrejas na


Ásia Menor. O apóstolo João recebeu e registrou as visões contidas no livro no Dia do
Senhor (Apocalipse 1.10), o dia da adoração cristã; e toda a revelação é entrelaçada
com um culto de adoração celestial. O próprio livro deve ser lido na adoração pública
da Igreja (Apocalipse 1.3).
Apocalipse, então, é um livro para a Igreja – e para a Igreja como a Igreja,
como aquele povo redimido e santificado que adora em conjunto na presença de Deus.
Apocalipse fala ao próprio cerne da vida pactual, nossa comunhão com Deus em e por
meio de Jesus Cristo. E, portanto, como tudo da Escritura, é uma pregação do
Evangelho. É uma mensagem de graça – dessa forma, as palavras “graça e paz seja
convosco…” (Apocalipse 1.4).
João tinha sido exilado à ilha de Patmos pelo testemunho de Jesus, pelo
Evangelho. Ele está em Espírito no Dia do Senhor. Ele ouve uma voz como trovão, e se
volta para ver o Filho do homem glorificado andando no meio dos sete castiçais de
ouro.
O cenário é levítico em sua imagem. Os sete castiçais pertencem ao Lugar Santo
no Tabernáculo ou Templo. Cristo está vestido como o Sumo Sacerdote, e brilha e
troveja como a nuvem de glória. Ele é o xequiná encarnado.
Mas então vem a mudança da Nova Aliança. Jesus diz que os sete castiçais são
as sete igrejas. Não são as tribos de Israel. Nem as sinagogas judaicas. Igrejas! É o Dia
do Senhor, e o Deus de Israel está presente na Igreja, nas congregações cristãs. O
mundo mudou. O que o Templo era, a Igreja se tornou. Os cristãos são sacerdotes que
servem na presença de Deus (Apocalipse 1.6). A Igreja é um novo Israel, uma luz para
o mundo gentio (Mateus 5.14-16).
As sete cartas que seguem nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse falam sobre esse
tema. Por meio de João, Jesus se dirige a cada uma das igrejas uma após outra. Ele
descreve suas lutas e vitórias em linguagem e imagens extraídas dos antigos pactos.
Essas igrejas devem batalhar com os seus próprios Balaão e Balaque, suas próprias
Jezabel (Apocalipse 2.14, 20). Vencendo eles receberão a Árvore da Vida, o maná
escondido, uma vara de ferro. Eles comerão e beberão na presença de Deus e reinarão
com o Messias a partir do seu trono:
Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a
porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que
vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como
eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono (Apocalipse 3.20-21).
Não existem promessas maiores em nenhum lugar na Escritura, e, todavia, o
Messias judaico entrega essas à Igreja – e à menor das sete igrejas nesse ponto, a
indiferente e complacente Laodiceia.
Por outro lado, Cristo fala duas vezes daqueles que alegam ser judeus, mas não
são (Apocalipse 2.9; 3.9). Eles são inimigos da fé; suas assembleias são “sinagogas de
Satanás”. Ele está falando sobre o Israel apóstata (cf. João 8.44; Mateus 23.33).
O ponto não é que os cristãos são boas pessoas e os judeus maus. Ambos são
por natureza filhos de Adão e merecedores do inferno (Efésios 2.1-3; Romanos 3.9-19).
Mas a graça soberana de Deus pode re-escrever a natureza; e a graça de Deus é
manifesta na pessoa de Jesus Cristo.
E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu
poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a
perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória
nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, os quais
somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas
também dentre os gentios? Como também diz em Oseias: Chamarei meu
povo ao que não era meu povo; E amada à que não era amada. E
sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; Aí
serão chamados filhos do Deus vivo… Que diremos pois? Que os
gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a
justiça que é pela fé. Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou
à lei da justiça. Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas
obras da lei; tropeçaram na pedra de tropeço; como está escrito: Eis que
eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E
todo aquele que crer nela não será confundido (Romanos 9.22-26, 30-
33).
Israel, como uma nação, rejeitou o seu Messias e com ele as promessas. Mas
Deus produziu uma nova coisa na Terra. De Israel e das outras nações, Deus chamou
um povo à fé em seu Filho; e deles ele fez uma nova nação, um novo sacerdócio, um
novo Israel (1 Pedro 2.9-10).[14] Esse Israel é a luz do mundo.
O livro aberto

Em Apocalipse 4, João é levado ao trono e santuário celestial. Ali, no meio de um culto


de adoração celestial, ele vê o drama da redenção desdobrado.
Deus está sobre o trono da criação. Em sua mão João vê umlivro, selado com
sete selos. O livro é um testamento, um documento de herança. É a Nova Aliança de
Deus, ainda não executada (cf. Hebreus 9). Ninguém na criação é digno de abrir o livro
e anunciar suas previsões; isto é, servir como executor. O problema é a dívida do
pecado. O pecado do homem é uma barreira para a sua comunhão com Deus e o reino
eterno de Deus. João chora, conhecendo muito bem a natureza do impasse.
Mas então Jesus Cristo se aproxima como o Redentor-Parente (Levítico 25.47-
49; Deuteronômio 25.5-10), o Cordeiro que foi morto, mas está vivo, que pagou a
dívida do pecado com o seu próprio sangue. Ele é digno de abrir o livro, executar suas
provisões, e restaurar a Noiva à sua justa herança (cf. Rute 4). Toda a criação irrompe
em hinos de louvor.
Assim o drama começa. A questão é herança: Quem herdará o reino prometido?
Quem tem o direito de ter comunhão com Deus? Quem é a Noiva verdadeira?
Apocalipse dá a resposta do Evangelho: aqueles a quem Cristo redimiu; aqueles
que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro; aqueles que foram chamados, e
escolhidos, e fiéis (Apocalipse 5.9-10; 7.14; 17.14).
Mas existem falsos herdeiros, uma noiva falsa. Eles devem ser deserdados e
expulsos. O Israel apóstata deve abrir caminho para o verdadeiro Israel de Deus, a
Igreja de Jesus Cristo. A escrava e seus filhos devem ser lançados fora, para que a
livre possa herdar as promessas (Gálatas 4.30). Esse é o ponto dos setes selos e, mais
particularmente, das setes trombetas que seguem.
Quando o Cordeiro abre o primeiro selo, o conflito começa. Cristo cavalga
para a batalha com os seus inimigos (Apocalipse 6.2; cf. 19.11ss; Salmos 45). Guerra,
fome e morte seguem o seu caminho. Os mártires clamam por justiça. O céu e a terra da
Antiga Aliança se passam, à medida que Deus retira os ornamentos com os quais Israel
vestiu sua rebelião auto-justificada. Os apóstatas clamam para que as rochas e
montanhas caiam sobre eles à medida que o Cordeiro executa sua vingança (cf. Lucas
21.22ss; 23.28-31). Eles não têm nenhuma defesa.
Mas no meio da mudança e reviravolta cósmica, Deus se lembra do seu povo
(Apocalipse 7). Um anjo sela 144.000 dos da tribo de Israel. Esses são os redimidos da
própria nação, os primogênitos do Israel da Nova Aliança de Deus (cf. Apocalipse
14.3; Tiago 1.18). Seus corações foram selados com o Espírito da promessa, e eles
estão a salvo na mão de Deus (Efésios 1.13-14). O inimigo não pode tocá-los.
Com eles permanece uma multidão inumerável, proveniente de todas as nações.
Esses, também, estão a salvo sob o sangue do Cordeiro (Apocalipse 7.14). E embora
sejam gentios, eles servem a Deus como sacerdotes (v. 15). Eles, também, pertencem
ao sacerdócio real de Deus, o verdadeiro Israel (cf. 1 Pedro 2.9-10).
Com a Igreja segura, o Cordeiro abre o sétimo selo (Apocalipse 8.1). Segue o
silêncio, até que o povo de Deus ora. Então o céu age. Sete anjos tocam sete trombetas
para chamar os julgamentos de Deus sobre a terra [nação] e os seus habitantes.
As quatro primeiras trombetas destroem um terço da terra [nação], do mar e do
céu. A fração é simbólica, e relaciona-se à herança. Em Israel o primogênito de dois
filhos recebia a porção dupla, e o outro filho herdava a terceira parte restante. Esaú
seria um bom exemplo.
Agora o Israel apóstata permanece nos passos de Esaú (cf. Hebreus 12.16-17).
Ele não é o primogênito de Deus; ele não herdará as promessas. O que Israel tem será
destruído.
A quinta trombeta lança uma ordem de demônios contra Israel (cf. Mateus
12.43-45); a sexta trombeta lança um exército destruidor.[15]
Então a Igreja, com um pé na terra de Israel e o outro no Mar gentio, declara um
fim ao mistério de Deus (Apocalipse 10; cf. Efésios 3.3-6; Colossenses 1.25-28;
Romanos 16.25-26). As sombras da Antiga Aliança que ocultaram a Igreja de vista
chegaram ao fim. O tempo acabou para os inimigos de Deus; não haverá mais nenhuma
demora (cf. Apocalipse 10.6 com 6.10-11). Jerusalém e seu Templo caem, e a sétima
trombeta anuncia a revelação plena do reino messiânico. Os reinos deste mundo
tornaram-se os reinos do nosso Senhor e do seu Cristo e ele reinará para sempre e
sempre (Apocalipse 11.15). Seus santos martirizados foram julgados (vingados), e um
céu aberto revela a Arca da Aliança: a verdadeira religião de agora em diante será
centrada no céu (João 4.21-24). Os homens devem buscar a Deus em Jesus Cristo, que
se assenta à mão direita de Deus.[16]
A mulher radiante e a besta

Em Apocalipse 12 somos levados de volta ao nascimento de Cristo e ao seu pano de


fundo no Antigo Testamento. João vê uma mulher vestida com o sol. A luz está debaixo
dos seus pés; sua cabeça está coberta com doze estrelas. Ela está grávida de um filho.
Diante dela está um dragão, pronto para devorar o seu filho tão logo ele nasça.
Aqui vemos a mulher, a serpente e a semente de Gênesis 3.15. Essa é toda a
história do Antigo Testamento em cena. A mulher é a igreja do Antigo Testamento,
esperando e sofrendo como uma mulher em dores de parto pela vinda da semente, o
Messias prometido. O dragão é Satanás, pronto a cada instante para destruir a semente,
e a cada instante fracassando.
A mulher dá à luz o Messias, o filho do homem nascido para governar todas as
nações com uma vara de ferro (cf. Salmo 2). Ele é levado ao céu. Herodes não pode
matá-lo; a sepultura não pode detê-lo. Ele triunfa sobre todos os assaltos do diabo e é
elevado ao trono da criação.
Imediatamente há guerra no céu. Miguel e seus anjos tiram Satanás da sala do
trono. O acusador é expulso e lançado na terra. Ali ele explode em fúria, sabendo que
o seu tempo é breve.
Com a ascensão de Jesus Cristo, nosso sacerdote-rei, à presença de Deus, todas
as acusações de Satanás caem por terra. Deus é justo; seu povo está justificado (cf.
Romanos 3.24-26). O reino de Cristo chega por meio do sangue do Cordeiro.
O dragão ataca a mulher, a igreja do Antigo Testamento. Ele fracassa. Ele se
volta, portanto, contra a sua semente, aqueles que são de Cristo pela fé, quer judeus ou
gentios. Ele instiga uma besta que sai do Mar e outra que sai da terra [nação] para que
façam guerra contra os santos (Apocalipse 13).
A besta do Mar é o Império Romano. Ele procede do agitado mundo gentio (cf.
Daniel 7.2ss; Isaías 57.20-21). Uma vez apontado por Deus como um guardião do povo
do pacto, ele se torna agora demonizado, monstruoso e abominável. Seus Césares
alegam ser filhos de Deus, a esperança do mundo. “César é o senhor”, o Império
confessava. Assim fazia o povo da terra [nação] (Apocalipse 13.8, 12ss). A Igreja
confessa que Jesus é Senhor. O conflito é inevitável.
O imperador Nero começou as perseguições imperiais. Elas continuaram desde
novembro de 64 d.C. até junho de 69 d.C., aproximadamente quarenta e dois meses (cf.
Apocalipse 13.5). Então Nero morreu, e o Império passou por convulsões. Ele,
também, logo morreu (talvez Apocalipse 13.3).[17] Mas sua ferida mortal foi curada.
A besta da terra [nação] representa aqueles poderes dentro de Israel que agiam
como oficias e profetas para a besta de Roma. Sem dúvida, é a dinastia herodiana que
está em vista. Mas as autoridades do Templo, também, tinham jurado fidelidade a César
(João 19.15). Confiando em sua própria justiça, tinham pactuado com Roma por meio
do sangue inocente do seu Messias assassinado. Dali em diante sua adoração não
poderia ser nada senão idolatria e bestialidade. E assim, o julgamento de Deus caiu
sobre eles.
A marca da besta

A marca da besta merece umas poucas palavras, no mínimo por causa dos volumes de
absurdos que têm sido escritos sobre ela. Para entender apropriadamente a marca,
contudo, devemos esquecer as tatuagens a laser e os implantes de microchips, e pensar
em termos de imagens e precedentes bíblicos.
Adão carregou a marca do seu pecado em sua fronte, o suor do seu rosto
(Gênesis 3.19). O sumo sacerdote de Israel carregava um tipo de sinal diferente em sua
fronte, uma lâmina de ouro com as palavras SANTIDADE AO SENHOR gravadas nela (Êxodo
28.36-38). Em ambos os casos, a marca na testa simbolizava o relacionamento do
homem com Deus e o seu Pacto.
Outras passagens do Antigo Testamento unem a mão marcada com a fronte
marcada. Moisés ordenou que Israel carregasse os mandamentos de Deus como um
sinal sobre a mão e como frontais entre os olhos (Deuteronômio 6.8). Os fariseus
tomavam isso literalmente. Eles pegavam trechos da Escritura e escreviam em tiras de
couro chamadas filactérios, e as amarravam em suas testas e mãos.
Deus, contudo, tinha algo mais profundo em mente. Pois ele já tinha usado uma
expressão similar – um sinal sobre a mão, um memorial entre os olhos – concernente à
celebração da Páscoa (Êxodo 13.9). Você não pode dar uma festa em sua testa. A
referência em ambas as passagens é a pensamento e ato. Deus queria que todo israelita
fosse marcado em seus pensamentos e atos pelo sangue do Cordeiro e os mandamentos
da Lei. Seu povo deveria manifestar fé e obediência. Isso, sem dúvida, ainda é verdade.
Apocalipse apropria-se desse tema e adiciona uma mudança. No capítulo 7
Deus sela os seus servos em suas testas. Esse selo é o seu nome (Apocalipse 14.1;
22.4). Mas a besta copia o selo de Deus. No capítulo 13 ela marca os seus servos na
cabeça ou mão com o seu próprio nome, ou com o número 666 (Apocalipse 13.16-18).
Em outras palavras, a besta de Roma também exige fé e obediência. Um Estado
messiânico sempre faz isso.
Por que 666? As raízes desse número são profundas na Escritura. Algumas
desde Gênesis.
O homem foi criado no sexto dia; assim também as bestas (Gênesis 1.24ss).
Mas seis fica aquém do sete completo, a perfeita plenitude. A humanidade do homem
não é o todo nem a consumação da criação, embora a serpente, a mais astuta das
bestas, tenha prometido outra coisa (Gênesis 3.1-5). Três seis pode até indicar
pretensões de divindade, o homem personificando a Trindade. A besta do Apocalipse
sem dúvida tinha delírios sobre ser deus (13.4ss).
Em todo caso, seiscentos e sessenta e seis aparece de fato no Antigo
Testamento. O Primeiro livro de Reis diz que o Rei Salomão recebia 666 talentos de
ouro todo ano (1 Reis 10.14). A Lei, contudo, proibia os reis de Israel de multiplicarem
ouro e prata para si (Deuteronômio 17.17). O número 666, portanto, marca os
princípios do abuso de poder por Salomão e sua descida à idolatria. Considerando só
isso, esse já não é um número feliz.
Mas o Evangelho de João associa mais particularmente uma multiplicidade de
seis com a rejeição de Cristo por Israel.[18] Quando Jesus permaneceu diante de
Pilatos (João 18-19), os líderes judeus o renunciaram e pediram sua morte seis vezes.
A última dessas veio quase à hora sexta. Com as palavras idólatras “não temos rei,
senão César” (João 19.15), eles negaram seu Messias e o seu Deus, jurando fidelidade
à besta de Roma. E assim, Jesus morreu na sexta-feira santa, o sexto dia da semana.
666 é, então, um símbolo apropriado para a fé idólatra de Israel num rei pagão.
Se há um significado mais específico para o número da besta, um nome
codificado, então o número aponta para Nero, o imperador bestial que começou a
guerra de Roma contra a Igreja. Em hebraico as letras do seu nome (Neron Kesar), têm
valores numéricos que somados dão seiscentos e sessenta e seis. Embora milhares de
nomes sem dúvida tenham o mesmo valor, nenhum outro tem a mesma relevância
contextual. A besta era um inimigo do primeiro século.
Sangue e vinho

Em Apocalipse 13 a besta de Roma começou sua guerra contra os santos. A guerra foi
selvagem, intensa.[19] Não houve nenhum arrebatamento, nenhum escape miraculoso
para os crentes do primeiro século. Muitos sofreram horrivelmente; muitos morreram.
No capítulo 14, portanto, Deus fornece ao seu povo forte encorajamento e
conforto. O próprio Cordeiro está no meio deles. Sua vitória é certa. Seu Evangelho
alcançará todas as nações. A Jerusalém prostituta está condenada. Os apóstatas e
traidores têm sua parte no lago de fogo. Mas aqueles que morrem no SENHOR são
benditos para sempre.
Cristo vem nas nuvens do céu (cf. Mateus 26.64) para ceifar os primogênitos da
terra [nação], seus santos martirizados. Muitos morreram. Mas a foice de ceifar é sua.
O sangue dos mártires é precioso à sua vista: provoca-o à vingança. De fato, esse
sangue se torna o vinho da ira de Deus, seu instrumento de julgamento. Babilônia se
embriagou com o sangue dos santos (Apocalipse 17.6), e Deus retribui na mesma
moeda (16.3-7).[20]
Sete anjos derramam a ira (Apocalipse 16). Praga segue praga em rápida
sucessão. A terra [nação] é destruída. Babilônia cai (Apocalipse 18). E Deus chama
seu povo para sair das ruínas infestadas de demônios (18.1-6). O céu se regozija
(Apocalipse 19.1ss). Deus vingou o sangue dos seus servos. A questão da herança é
resolvida. A justiça própria não merece nada; as obras da Lei não merecem nada. A
justiça está em Cristo somente. A destruição da prostituta é a vindicação da Noiva.[21]
A prostituta não tinha nada senão justiça simulada. Suas vestes eram sujas e
imundas. Seu zelo era nascido da carne e produzia somente corrupção e morte
(Romanos 10.2-3; Gálatas 6.8).
Mas a Noiva é adornada em verdadeira justiça, um dom do seu Noivo
(Apocalipse 19.8). Ela é justificada pela fé, santificada pelo Espírito. Ela se deleita
nos mandamentos de Deus, e suas obras são aceitas por causa de Jesus. Assim, ela tem
comunhão com Deus. E esse é o seu verdadeiro tesouro.
A justiça não é um fim em si mesma. Nem é, em si mesma, um caminho para o
poder ou prazer. A justiça é a entrada para a comunhão e amizade com Deus. Andamos
na luz para que possamos ter comunhão com ele. Mas nessa comunhão nos encontramos
como reis e sacerdotes, e herdeiros de todas as coisas. Jesus discutiu isso com certa
extensão.
Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele
vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o
Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê
nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará
em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. Ainda um pouco, e o
mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós
vivereis. Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim,
e eu em vós. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o
que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei,
e me manifestarei a ele… Se alguém me ama, guardará a minha palavra,
e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada. Quem
não me ama não guarda as minhas palavras … Estai em mim, e eu em
vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na
videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira,
vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque
sem mim nada podeis fazer… Se vós estiverdes em mim, e as minhas
palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será
feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis
meus discípulos. Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós;
permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os
mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. Tenho-vos dito isto,
para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo. O
meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu
vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua
vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu
vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que
faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto
ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a
mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis
fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome
pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda (João 14.15-16, 23b-24a; 15.4-5, 7-
16).
Não servos, diz Jesus, mas amigos.
Isso é maravilhoso. Somos amigos do Rei. Somos seus confidentes, seus
conselheiros. Ele nos diz os seus planos; ele ouvirá nossas orações. Sentamo-nos com
ele em sua mesa e compartilhamos do seu reino (Apocalipse 3.10-21; cf. Lucas 22.29-
30).
Como um casamento, a ceia ou banquete é uma imagem de amizade íntima, ou de
comunhão e comunidade alegre. Apocalipse 19 combina essas duas imagens em uma:
“Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”
(Apocalipse 19.9).
O Evangelho é uma festa.[22] Cristo mesmo é o anfitrião e o pão celestial (João
6.51). Ele nos alimenta com sua carne e sangue (João 6.53-63) Ele nos comunica sua
nova humanidade, e somos refeitos à sua imagem.[23] A Ceia do Senhor é um sinal e
um selo dessa comunhão espiritual (1 Coríntios 10.16ss).[24] As bodas do Cordeiro é,
portanto, uma realidade presente bem como a consumação apropriada de todas as
coisas. A Noiva e o Noivo viverão felizes para sempre.
Quando as bodas são proclamadas, João vê o céu aberto (Apocalipse 19.11).
Cristo aparece montado num cavalo branco como a mui coroada Palavra de Deus (cf.
Apocalipse 6.2; Salmo 45.3ss). Conduzindo os exércitos do céu (a Igreja que
testemunha), ele desce para batalhar com a besta e sua legião. Sua vitória é total. Ele
destrói a besta e mata o seu exército com a espada da sua boca (o Evangelho).[25] As
aves devoram a carne dos seus inimigos. A Roma Pagã vira isca para falcão.
O reino milenar

Com a destruição da besta, Satanás é preso, e o seu poder sobre as nações arruinado.
Os mártires e os fiéis reinam com Cristo na vida da ressurreição. Eles são sacerdotes e
reis para Deus por “mil anos” – isto é, por um período de tempo muito, muito
longo.[26] E então vem o Fim.
Jesus derrotou Satanás na cruz. Por sua morte e ressurreição, ele satisfez as
demandas da Lei de Deus e rompeu o poder do pecado e da morte. Ele balançou o reino
de Satanás em seus próprios fundamentos.
Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim (João 12.31-
32).
… E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e
deles triunfou em si mesmo (Colossenses 2.15).
E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele
participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que
tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com
medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão (Hebreus
2.14-15).
Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o
princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as
obras do diabo (1 João 3.8).
E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e
a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o
acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os
acusava de dia e de noite (Apocalipse 12.10).
Sua vitória consumada, Jesus Cristo ascendeu às alturas para reinar desde o céu
no poder e glória da ressurreição (Efésios 1.20-23). Mas essa vitória foi pactual e
representativa. Jesus morreu por sua Igreja (Efésios 5.25): sua morte foi nossa; sua vida
é nossa. Vivemos e reinamos nele.
Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos
batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo
batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os
mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de
vida (Romanos 6.3-4).
…Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no
poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. E, quando vós
estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos
vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas…
(Colossenses 2.12-13).
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com
que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou
juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou
juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo
Jesus… (Efésios 2.4-6).
Essa é a primeira ressurreição, operada pelo Espírito de Deus, e sinalizada e
selada em nós no santo batismo. Jesus falou dela nesses termos:
Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação,
mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que
vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus,
e os que a ouvirem viverão (João 5.24-25).
Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda
que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca
morrerá. Crês tu isto? (João 11.25-26).
Os cristãos, então, estão vivos para Deus, vivos em Cristo. Fomos entronizados
nos lugares celestiais, e o reino de Deus é nosso (Efésios 2.6; Hebreus 12.28). Na vida
e na morte, reinamos com Cristo (Romanos 5.17; Apocalipse 2.10).
Mas enquanto as sombras da Antiga Aliança permaneceram no lugar, o reino de
Cristo e sua Igreja estavam cobertos, ocultos por detrás da armação, por assim dizer. O
templo, os sacrifícios e o sacerdócio em Jerusalém falavam contra o evangelho. Israel
reivindicava o pacto, as promessas e a terra. Roma governava o mundo – ou assim
parecia.
A destruição de Jerusalém mudou tudo isso. Deus destruiu as formas decadentes
da antiga ordem (cf. Hebreus 8.13). Ele destruiu a meretriz e espalhou os seus filhos.
Os reinos do mundo tornaram-se agora de Cristo (Apocalipse 11.15). O reino de Deus
chegou com poder (Marcos 9.1). Conforme a promessa de Deus, a Igreja herdou o
mundo.
Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o
reino (Lucas 12.32).
E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de
abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste
para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; e para o
nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra
(Apocalipse 5.9-10).
Eu olhava, e eis que este chifre fazia guerra contra os santos, e
prevaleceu contra eles. Até que veio o ancião de dias, e fez justiça aos
santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o
reino.… E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de
todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino
será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão
(Daniel 7.21-22, 27).
O reinado dos santos é uma realidade presente. Mas ele se manifesta, em
primeiro lugar, em nossa vitória sobre o mundo, a carne e o diabo (1 João 1.7; 2.13-14,
17; 3.9; 4.4; 5.4-5, 18). Pois no reino de Cristo, o domínio espiritual deve preceder o
domínio cultural. Afinal, o homem caído não perdeu a capacidade de construir pontes,
desenvolver governos e contar histórias. O que ele perdeu foi a capacidade de fazer
essas coisas para a glória de Deus e em obediência à sua Palavra. O homem precisa
mais de graça e justiça do que de um “curso introdutório em Literatura”. Por outro lado,
o homem que conhece a Deus desejará contar histórias bem, pois está contando-as para
a glória de Deus. O domínio da graça vai bem além do coração humano ou das paredes
do santuário.[27]
Que a Igreja verá o desenvolvimento gradual, mas progressivo, desse domínio
sobre a Terra e na história é a suposição da Escritura em todos os lugares:
Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens
do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o
fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino,
para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é
um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será
destruído (Daniel 7.13-14).
Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de
Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça,
desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto
(Isaías 9.7).
Dominará de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da terra.
Aqueles que habitam no deserto se inclinarão ante ele, e os seus inimigos
lamberão o pó. Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes; os reis de
Sabá e de Seba oferecerão dons. E todos os reis se prostrarão perante
ele; todas as nações o servirão (Salmo 72.8-11).
Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao
grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; o
qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a
maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu,
e se aninham nos seus ramos. Outra parábola lhes disse: O reino dos
céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três
medidas de farinha, até que tudo esteja levedado (Mateus 13.31-33).
E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no
céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis
que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
Amém (Mateus 28.18-20).
Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo
de seus pés (1 Coríntios 15.25).
Dessa forma, o reino já chegou; e o reino continua a chegar. E um dia, quando
Jesus retornar, o reino chegará em toda a sua glória e plenitude eterna (1 Coríntios
15.23-28).
Um mundo totalmente novo

O Pacto de Deus com o seu povo abrange o céu e a terra. Ele estrutura nosso
relacionamento com Deus e com tudo da sua criação. Modela a nossa adoração, nosso
domínio e nosso serviço. Qualquer re-estruturação desse Pacto deve, portanto, envolver
uma re-estruturação de todo o mundo e nossa relação com ele.[28]
Por todo o Antigo Testamento, Deus renovou o seu Pacto novamente e
novamente, cada vez alterando em alguma medida suas formas exteriores e avançando-
as em glória.[29] O altar se tornou tabernáculo, e o tabernáculo tornou-se templo. Uma
única família abriu caminho para doze tribos, e essas tribos ao reino davídico. Cada
renovação pactual (ou, novo pacto) produziu, em algum sentido, um céu e terra
renovado. Mas as formas desses pactos antigos eram de muitas maneiras típicas e
temporárias: elas apontavam para além de si mesmas, para Jesus Cristo e o
definitivamente novo céu e terra que Deus criaria por meio dele (veja Isaías 65.17-25
no contexto).
Jesus Cristo é o Pacto de Deus tornado carne (Isaías 42.6; 49.8). Ele é o
Tabernáculo e o Templo de Deus (João 1.14; 2.19-22). Ele é o Sumo Sacerdote e o
Sacrifício (Hebreus 9.11-28). Ele é o Último Adão (1 Coríntios 15.45), nosso Fiador e
Mediador (Hebreus 7.22; 12.24). Nele o Pacto morreu e ressuscitou, transfigurado
(Efésios 2.13-22; Colossenses 2.10-17). Nele o mundo nasceu de novo.
Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, e que,
havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra,
como as que estão nos céus (Colossenses 1.19-20).
Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue
de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os
povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio,
na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que
consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo
homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um
corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a
vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por ele ambos
temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois
estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família
de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de
que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício,
bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós
juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito (Efésios
2.13-18).
Os céus e terra dos antigos pactos passaram (Atos 2.14-21; Apocalipse 6.12-
14).[30] Cristo cumpriu os tipos, rasgou o véu do templo, e abriu um novo e vivo
caminho à presença de Deus (Hebreus 10.1-22). Ele subiu ao trono do céu e
reivindicou o universo todo como seu (Efésios 1.20-23; Mateus 28.18-20). Ele nos deu
o seu Espírito (Atos 2.33, 38) e nos fez herdeiros de todas as coisas (1 Coríntios 3.21-
22; Romanos 8.17, 28). Ele está em nós, e nós estamos nele (Efésios 1; João 14-15), e
estamos entronizados nos lugares celestiais com Cristo (Efésios 2.6).
Isso é exatamente o que João vê em Apocalipse 21 e 22. Seu Novo Céu e Terra
são a nova criação que é nossa em Jesus Cristo. Embora sua plenitude resida após a
Segunda Vinda e a Ressurreição (Romanos 8.18-23), sua realidade está aqui,
agora.[31] E assim, Paulo pode escrever,
Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura [criação] é; as coisas
velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (2 Coríntios 5.17).
Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem
virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura [criação]. E a todos
quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e
sobre o Israel de Deus (Gálatas 6.15-16).
Paulo começa com o novo homem, João com o novo mundo. Mas a mensagem é
a mesma; e essa mensagem é o Evangelho. Isaías disse isso da seguinte forma:
Assim diz o SENHOR: Como quando se acha mosto num cacho de uvas,
dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de
meus servos, que não os destrua a todos, e produzirei descendência a
Jacó, e a Judá um herdeiro que possua os meus montes; e os meus eleitos
herdarão a terra e os meus servos habitarão ali. E Sarom servirá de
curral de rebanhos, e o vale de Acor lugar de repouso de gados, para o
meu povo, que me buscou… E deixareis o vosso nome aos meus eleitos
por maldição; e o Senhor DEUS vos matará; e a seus servos chamará por
outro nome. Assim que aquele que se bendisser na terra, se bendirá no
Deus da verdade; e aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da
verdade; porque já estão esquecidas as angústias passadas, e estão
escondidas dos meus olhos. Porque, eis que eu crio novos céus e nova
terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se
recordarão. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio;
porque eis que crio para Jerusalém uma alegria, e para o seu povo gozo.
E exultarei em Jerusalém, e me alegrarei no meu povo; e nunca mais se
ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela
criança de poucos dias, nem velho que não cumpra os seus dias; porque
o menino morrerá de cem anos; porém o pecador de cem anos será
amaldiçoado. E edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e
comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não
plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão
como os dias da árvore, e os meus eleitos gozarão das obras das suas
mãos. Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a perturbação;
porque são a posteridade bendita do SENHOR, e os seus descendentes
estarão com eles. E será que antes que clamem eu responderei; estando
eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro se apascentarão
juntos, e o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da
serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz
o SENHOR (Isaías 65.8-10, 15-25).
A nova Jerusalém

No centro do novo mundo, João vê a Cidade Santa, a Nova Jerusalém. Ela é “a Noiva, a
mulher do Cordeiro” (Apocalipse 21.9). Isto é, ela é a Igreja de Jesus Cristo, aquele
povo eleito por quem ele morreu (Efésios 5.25). E embora a plenitude da sua glória
esteja além da História, ela já é uma comunidade celestial e o templo vivo de Deus. O
escritor de Hebreus diz exatamente isso:
Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém
celestial, e aos muitos milhares de anjos; à universal assembleia e igreja
dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos,
e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o Mediador de uma
nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel
(Hebreus 12.22-24).
Observe o tempo presente: “Chegastes…”. Jerusalém é uma realidade presente.
Compare as palavras de Paulo em Efésios 2:
Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos
dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da
esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo
no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada
de Deus em Espírito (Efésios 2.19-22).
Há, então, muito mais para a Igreja do que o olho pode ver. Assim, andamos
pela fé.
A Cidade Santa desce do céu (Apocalipse 21.2). Ela nasce do alto, um produto
da graça divina. Em Cristo ela já está entronizada nos lugares celestiais (Efésios 2.4-
7). Dessa forma, Paulo a chama de a “Jerusalém que é de cima” (Gálatas 4.26).[32] Ela
é o tabernáculo de Deus com os homens (Apocalipse 21.3). Deus e o Cordeiro estão
com ela: eles são seu Templo (Apocalipse 21.22). Ela brilha com a glória de Deus
(Apocalipse 21.11). Porque Cristo está nela, ela é a luz do mundo (Mateus 5.14-16). O
povo de Deus em seu testemunho e obras se tornou a nuvem de glória, o xequiná do
Novo Pacto (Filipenses 2.14-16; Mateus 5.16).
A Cidade é cercada por paredes colossais e imune aos assaltos dos inimigos.
Deus mesmo se acampa ao redor dela, defendendo-a de todos os lados (Zacarias 2.5;
Isaías 26.1). E, todavia, suas portas estão sempre abertas (Apocalipse 21.25; Isaías
26.2). Ela chama as nações para que entrem e bebam das águas do Evangelho
(Apocalipse 22.17; cf. Isaías 55.1-5). Os reis da Terra trazem seu tributo e tesouro. As
nações dos salvos andam em sua luz. Por sua verdade, ela guia e ilumina as ordens
políticas, as sociedades e as culturas do mundo todo (Apocalipse 21.24-26; Isaías 60).
A Cidade é construída sobre o fundamento dos apóstolos, sobre sua doutrina e
escritos (Apocalipse 21.14; Efésios 2.19-22). As pedras do fundamento são coloridas e
gloriosas, como o arco-íris do Pacto, e correspondem em linhas gerais às pedras
preciosas sobre o peitoral do sumo sacerdote (Êxodo 28.15ss). A Cidade é um povo
celestial e sacerdotal, o novo Israel de Deus (1 Pedro 2.5-10).
A Nova Jerusalém é imensa, 2.413 quilômetros de cada lado e o mesmo de
altura (Apocalipse 21.16).[33] Se ela fosse uma cidade física de pedra e aço, um lado
poderia se estender desde São Paulo até Recife e seus arranha-céu tocariam as orlas do
espaço. Se todo cidadão tivesse 1600 metros cúbicos para si, a Cidade ainda poderia
ter mais de três bilhões de pessoas. O ponto é que Deus tem um número muito grande de
pessoas. O número dos eleitos é astronômico – tanto quanto “as estrelas dos céus”
(Gênesis 22.17).
A Cidade é um monte santo, como o Éden (cf. Ezequiel 28.13-14), e em suas
dimensões um cubo perfeito, um novo santo dos santos (cf. 1 Reis 6.20). Pois Deus está
ali. A espada flamejante e o véu respingado de sangue já se foram. Seus servos têm
comunhão aberta com ele e livre acesso ao seu trono (Hebreus 4.16; 10.19-22).
Desse trono flui um Rio da Vida (Apocalipse 22.1), uma imagem do Espírito
Santo operando por meio do Evangelho (João 7.37-39; Tito 3.5-6). O rio e as ruas da
Cidade estão cercados com a Árvore da Vida. Seu fruto é sustento; suas folhas são
remédio (Apocalipse 22.2). Pela virtude da cruz de Cristo, o povo de Deus pode comer
e beber em sua presença.[34] Além do mais, o povo de Deus é o canal através do qual
a graça curadora de Cristo flui para as nações.
Dentro da Cidade Santa, a maldição não existe (Apocalipse 22.3). Jesus a
removeu (Gálatas 3.13-14). Nós somos totalmente abençoados (Efésios 1.3). Cada
espinho, cada lágrima, cada cruz, é nada senão outro passo para a glória (2 Coríntios
4.17). Todas as coisas são para o nosso bem (Romanos 8.28-29). Mesmo a morte é
ganho (Filipenses 1.21). Todas as coisas são nossas (1 Coríntios 3.21-23). Em Cristo,
o Paraíso é verdadeiramente restaurado.
Conclusão

Quando João foi elevado ao céu em Apocalipse 4, ele encontrou a Igreja, representada
pelos vinte e quatro anciãos,[35] já ali, adorando. Sem dúvida, era o Dia do Senhor
(Apocalipse 1.10). Onde mais a Igreja deveria estar, senão na presença de Deus? Mas
Deus está no céu. Na adoração, então, a Igreja sobe ao céu até o próprio trono da graça
(Hebreus 4.16; 10.19-25). Entramos pelos portões do céu com ações de graça, em suas
cortes com louvor (Salmo 100.4).
Ora, tudo isso é uma questão de fé. Não vemos o céu com os nossos olhos
físicos. Não ouvimos o cântico celestial com os nossos ouvidos.[36] Nenhuma
tecnologia pode detectar a sobreposição das dimensões. Todavia, nosso acesso ao céu
não é menos real por causa disso. É tão real quanto a promessa de Deus
Em todo Dia do Senhor nós realmente nos encontramos com o nosso Rei
celestial. Oferecemos nosso louvor e fazemos nossas petições. Ouvimos sua Palavra e
prestamos nosso tributo. Comemos em sua mesa como seus amigos, seus conselheiros,
seus filhos. E então ele nos despede com sua benção e nos envia de volta ao mundo
para cumprirmos sua comissão.
E assim, a Igreja governa o mundo. Não pela política, mas pela adoração. Não
pela espada, mas pelo Evangelho. Não por força ou poder, mas pela fé.
Isso não é rejeitar a ação política ou reforma social. Essas são importantes e
uma aplicação lógica e apropriada de uma fé consistentemente bíblica.[37] Mas
devemos manter tais coisas na perspectiva apropriada.[38] Nossas armas mais
importantes são de outro tipo; nossas batalhas mais importantes residem em outro lugar.
Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus
para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez
que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o
entendimento à obediência de Cristo… (2 Coríntios 10.3-5).
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste
século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia
mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo
cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da
justiça; e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando
sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos
inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a
espada do Espírito, que é a palavra de Deus; 18 Orando em todo o tempo
com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a
perseverança e súplica por todos os santos… (Efésios 6.12-18).
À medida que andamos na luz do Evangelho, temos comunhão com Deus e
vitória sobre os nossos inimigos (1 João 1.6-10). Mesmo os demônios estão sujeitos a
nós através do nome de Jesus (Lucas 10.17-20). Mas nosso domínio é por meio da
comunhão com Deus. Nossa vitória é pela fé (1 João 5.4). Os santos reinam em Cristo,
não de outra forma. Mas em Cristo todas as coisas realmente são nossas. O que
carecemos com muita frequência é a fé que faz uso da nossa herança.
Um panorama de Apocalipse
APOCALIPSE
CAPÍTULO Nº

1. O Senhor ressurreto anda entre as suas igrejas, que permanecem como luzes
no mundo.
2. Cristo adverte suas igrejas contra a ortodoxia sem amor e a concessão
moral; ele conforta-as em seu sofrimento, e encoraja-as à superação.
3. Cristo adverte suas igrejas contra a hipocrisia e a complacência; ele elogia
os fiéis e encoraja seu povo à superação.
4. O trono de Deus é estabelecido nos céus e reina sobre tudo.
5. Deus estende seu Testamento (a Nova Aliança) para com o seu povo, mas
nenhuma criatura encontra-se digna de servir como executor. O problema é a
dívida do pecado. Então, Cristo se apresenta como o Cordeiro que foi morto
mas ressuscitou, o Redentor-Parente cujo sangue resgatou seu povo e sua
herança. Todo céu e terra irrompem em hinos de louvor.
6. Quando Cristo abre o Testamento, vemos o que há de vir: as conquistas de
Cristo, Guerra, Fome, Morte, martírio, e a dissolução final da economia do
Antigo Testamento.
7. Antes da tribulação começar, a igreja do Antigo Testamento é selada para
que o inimigo não possa causar dano a ela.
8. Cristo julga o Israel apóstata, mas deixa a herança do seu povo – a dupla
porção – intocada.
9. Cristo livra o Israel apóstata de Satanás e os seus demônios.
10. Cristo reivindica domínio sobre as nações e anuncia o fim da
economia do Antigo Testamento.
11. Apoiados pelo poder de Deus, seus servos testemunham de Cristo. A
besta (Roma ou seus agentes) tenta silenciar o testemunho deles. Jerusalém
cai, mas Cristo eleva seu povo a um poder ainda maior. A destruição de
Jerusalém e seu Templo revela o reino redentor de Cristo em todo o seu
poder.
12. A ira de Satanás é impotente contra Cristo, a semente da mulher, que
sobe ao trono do céu. Seu sacrifício e intercessão destroem o poder de
Satanás. Em desespero, o diabo ataca a Igreja, mas Cristo protege-a da sua
ira.
13. Satanás instiga o Império Romano e forças ímpias com a terra de
Israel contra a Igreja, mas seu tempo é curto.
14. Cristo assegura a Igreja de sua presença, chama-a ao serviço fiel, e
vem nas nuvens do céu para colher os mártires.
15. Os mártires permanecem diante de Deus e cantam o cântico de
vitória, o cântico de Moisés e o Cordeiro.
16. Cristo derrama sua derradeira ira sobre Israel e o Império.
17. A Jerusalém apóstata aparece como uma prostituta assassina,
embriagada com o sangue dos mártires. Embora a princípio sustentada pelo
Império, ela é eventualmente destruída por seus reis quando estes fazem
guerra contra o Cordeiro.
18. Cristo chama seu povo para fora da Jerusalém apóstata (e do
Judaísmo, a salvação pelas obras). Quando Jerusalém cai, Cristo ordena que
seu povo se regozije.
19. Cristo chama seu povo à comunhão com ele e uns com os outros,
enquanto o poder de sua palavra destrói o Império e a religião falsa de
Israel.
20. Com a vitória de Cristo, Satanás é preso, seu poder arruinado. Por
toda a era, o povo de Deus reina com Cristo na vida da ressurreição.
21. Deus renova todas as promessas da Antiga Aliança à Igreja da Nova
Aliança. Cristo mostra à Igreja o que ela deveria ser, e o que ela já é nele.
22. A Igreja se torna o canal através do qual a vida espiritual flui para o
mundo. O Paraíso é restaurado.
Leitura recomendada

Buis, Harry. The Book of Revelation: A Simplified Commentary. Philadelphia:


Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1974.
Caird, G. B. A Commentary on the Revelation of St. John the Divine. New York:
Harper & Row, Publishers, 1966.
Campbell, Roderick. Israel and the New Covenant. Philadelphia: Presbyterian and
Reformed Publishing Company, 1954.
Chilton, David. The Days of Vengeance: An Exposition of the Book of Revelation. Ft.
Worth, TX: Dominion Press, 1987.
Chilton, David. The Great Tribulation. Ft. Worth, TX: Dominion Press, 1987.
Chilton, David. Paradise Restored. Ft. Worth, TX: Dominion Press, 1985.
Clark, David S. The Message from Patmos: A Postmillennial Commentary on the
Book of Revelation. Grand Rapids: Baker Book House, reimpressão de 1989.
DeMar, Gary. Last Days Madness: The Folly of Trying to Predict When Christ Will
Return. Brentwood, TN: Wolgemuth & Hyatt, Publishers, Inc., 1991.
Gentry, Kenneth L. The Beast of Revelation. Tyler, TX: Institute for Christian
Economics, 1989.
Gentry, Kenneth L. Before Jerusalem Fell: Dating the Book of Revelation. Tyler, TX:
Institute for Christian Economics, 1989.
Kik, J. Marcellus. An Eschatology of Victory. Philadelphia: Presbyterian and Reformed
Publishing Company, 1974.
Rushdoony, Rousas John. Thy Kingdom Come: Studies in Daniel and Revelation.
Philadelphia: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1971.
Sobre o autor

Greg Uttinger tem ensinado teologia sistemática e teologia bíblica aos estudantes de
escola secundária por vinte e cinco anos. Ele já escreveu vários artigos para a
Chalcedon Foundation e vários manuais sobre teologia, história e literatura.
Atualmente ele ensina no Cornerstone Christian School em Roseville, Califórnia.
Greg, sua esposa Kate, e suas três filhas pequenas vivem nas imediações de
Sacramento, Califórnia.

[1] Isso é em certo sentido louvável, pois Pedro diz em 1Pe 2.2-3 que devemos desejar “afetuosamente, como
meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”. A referência é ao
leite espiritual e racional da Palavra, ou seja o ensino bíblico puro e não adulterado. Contudo, devemos tomar cuidado
para que este interesse não seja limitado somente a alguns livros da Bíblia, e para que não terminemos com uma
compreensão que esteja longe de ser racional e fiel a todo o conselho de Deus.
[2] E muitos já parecem vir com a tendência de querer interpretar Apocalipse à luz dos filmes “apocalípticos” de
Hollywood.
[3] David Chilton. Paradise Restored (Ft. Worth, TX: Dominion Press, 1985), p. 151.
[4] David Chilton. The Days of Vengeance: An Exposition of the Book of Revelation (Ft. Worth, TX: Dominion
Press, 1987). Veja tambem James B. Jordan, Through New Eyes: Developing a Biblical View of the World
(Brentwood, TN: Wolgemuth & Hyatt, Publishers, Inc.), 13-17. E, indo além da literatura teológica, veja Laurence
P errine, Sound and Sense: An Introduction to Poetry (San Diego: Harcourt Brace Jovanovich, Publishers, 1987),
79-80ss.
[5]A palavra grega pode significar Terra ou terra [nação], dependendo do contexto. No Apocalipse ela geralmente
tem referência à Nação de Israel em contraste ao mundo gentio, o “Mar”. Dessa forma, no capítulo 13 temos duas
bestas, uma do Mar e outra da Nação.
[6] Veja C. S. Lewis, The Voyage of the Dawn Treader (New York: Collier Books, 1975 [1952]), 138: “ ‘Para mim,
todo o tempo é breve’, disse Aslan…”.
[7] Veja “Coming in the Clouds” em Roderick Campbell, Israel and New Covenant (Philadelphia: Presbyterian and
Reformed Publishing Company, 1954), 64-80. Veja também “Coming on the Clouds” em David Chilton,Paradise
Restored, A Biblical Theology of Dominion (Tyler, TX: Reconstruction Press, 1985), 97-105.
[8] Para argumentos mais detalhados sobre isso, veja Kenneth L. Gentry,Before Jerusalem Fell: Dating the Book
of Revelation. Tyler, TX: Institute for Christian Economics, 1989).
[9] O pacto (aliança) de Tiro com Israel e o Deus de Israel está registrado em 1 Reis 5. O arrependimento de Nínive
é descrito em Jonas 3. Cristo mesmo testifica sua natureza genuína (Mateus 12.41).
[10] Os sete montes em 17.9 pertencem à besta, não à prostituta. Que a prostituta se senta sobre eles significa
que ela é apoiada por eles, e talvez que ela exerça algum controle ou influência sobre eles. Embora possa parecer
tentador ver esses montes como os sete montes de Roma com a cidade de Roma residindo sobre eles, a inferência não
é necessária.
[11] Veja o material e as referências em Chilton, Days of Vengeance, 440. Aparentemente, Tito pensou que poderia
destruir tanto o Judaísmo como o Cristianismo ao derrubar o Templo.
[12] O próprio fato de Babilônia ser chamada de MISTÉRIO a associa com o pacto de Deus e dessa forma, com o
Evangelho. Nem a Roma pagã nem a Roma papal satisfazem esse papel.
[13] Para um estudo esplêndido da carne e Espírito, veja Frederick Dale Bruner,Teologia do Espírito Santo, A
Experiência Pentecostal e o Testemunho do Novo Testamento (São Paulo: Edições Vida Nova,1983).
[14] Para um estudo detalhado da Igreja como o novo Israel, veja Roderick Campbell,Israel and New Covenant.
Veja também O. Palmer Robertson, O Cristo dos Pactos (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002).
[15] James Jordan sugere que isso é na verdade a Igreja na batalha espiritual (“The Kings from the East”,Biblical
Horizons, nº 65, Set. 1994). Mas muitos comentaristas que veem isso como algo passado, entendem-no ser um
exército humano, ou o símbolo de um. A imagem certamente parece satânica. Se neste caso a guerra é realmente
infernal, o inferno estava para atacar os portões de Jerusalém.
[16] Eu omiti deliberadamente as duas Testemunhas. Esta é para mim uma seção particularmente difícil, mas
algumas coisas parecem claras: Há duas Testemunhas, pois Deus requer pelo menos duas testemunhas para
estabelecer a verdade de uma questão (Mateus 18.16, 20). As Testemunhas são oliveiras e castiçais (v. 4); isto é,
elas são a Igreja ou uma igreja, considerada particularmente em seus papéis sacerdotal e real (cf. Zacarias 4,
especialmente v. 14). Seu ministério ecoa a obra de Elias e de Moisés; seu destino lembra aquele do seu Senhor –
morte, e ressurreição em Jerusalém. Essas Testemunhas podem ser a igreja que testemunha em Jerusalém em seus
últimos dias – antes do Cristianismo finalmente fugir definitivamente da Judeia e Jerusalém (cf. Lucas 21.20-24). Se
sim, então as duas Testemunhas são mais ou menos idênticas aos 144.000 nos capítulos 7 e 14. Ou eles podem
representar o poder visível da Igreja, que parece perecer com a saga de Jerusalém. Seja o que for que o Espírito Santo
pretendia especificamente, as Duas Testemunhas são partes de um tema ou padrão que percorre toda a Escritura:
para um começo, veja Gênesis 2.9; Êxodo 13.21-22; 17.12; 1 Reis 7.15-22 com 2 Crônicas 23.13 [“coluna”]; e
Zacarias 4.
[17] Ou talvez a ferida de morte é melhor associada com a morte e ressurreição de Jesus Cristo, que certamente
desferiu um golpe fatal ao reino de Satanás. Veja o capítulo 10 abaixo.
[18] Jesus passou por seis julgamentos antes da sua crucificação, três judeus e três romanos. Isso é claro a partir da
evidência dos outros Evangelhos.
[19] Veja, por exemplo, Atos e Monumentos de Fox [Livro dos Mártires].
[20] Veja G. B. Caird, A Commentary on the Revelation of St. John the Divine. (New York: Harper & Row,
Publishers, 1966), 189-195. Veja também James Jordan, “The Grape Harvest of Revelation 14:17-20”,Biblical
Horizons, nº 64, Ago. 1994.
[21] Isso devido ao fato que a profecia da destruição da prostituta é parte da mensagem do Evangelho. Veja nota 9
acima.
[22] Veja Peter J. Leithart, The Kingdom and the Power, Rediscovering the Centrality of the Church
(Phillipsburh, NJ: P & R Publishing, 1993), cap. 6: “The King’s Table”.
[23] De acordo com o Catecismo de Heidelberg (P 76), nossa salvação envolve não somente perdão de pecados,
mas também ser “unido cada vez mais ao santo corpo de Cristo, pelo Espírito Santo que habita tanto nele como em
nós. Assim somos carne de sua carne e osso de seus ossos mesmo que Cristo esteja no céu e nós na terra; e vivemos
eternamente e somos governados por um só Espírito, como os membros do nosso corpo o são por uma só alma”.
[24] Sobre a presença espiritual de Cristo na Ceia, veja o Catecismo de Heidelberg (P 75-80). Para um resumo da
doutrina de Calvino sobre a Ceia, veja “Short Treatise on the Lord’s Supper”, “Confession of Faith Concerning the
Eucharist” e “The Clear Explanation of Sound Doctrine Concerning the True Partaking of the Flesh and Blood of
Christ in the Holy Supper” em Calvin: Theological Treatises (Philadelphia: The Westminster Press, 1954).
[25] Compare 2 Tessalonicenses no contexto. Em nenhuma das passagens a Segunda Vinda está em foco. Veja
também Isaías 11.4; Hebreus 4.12; e Efésios 6.17.
[26] O número 1.000 frequentemente tem um significado simbólico na Escritura. Veja, por exemplo, Salmo 50.10;
68.17; 84.10; e 90.4. Quando Deus diz que ele possui o gado em mil colinas, ele quer dizer que possui todo o gado
(muito mais que mil). Dado a natureza simbólica da profecia de Apocalipse, podemos tomar com segurança os 1.000
anos do capítulo 20 como um símbolo também. Esse período milenar começa com a queda de Jerusalém ou, talvez, a
conversão do Império Romano e vai quase até o final da era.
[27] Veja Kenneth L. Gentry, The Greatness of the Great Commission, The Christian Enterprise in a Fallen
World (Tyler, TX: Institute for Christian Economics, 1990).
[28] Tal re-estruturação pode residir largamente no invisível e intangível, embora geralmente inclua alterações nos
ritos e formas de adoração. Por outro lado, pode envolver algo tão fisicamente dramático quanto a expulsão do
Paraíso, o Dilúvio nos tempos de Noé, ou a glória xequiná enchendo o Templo.
[29] Veja James B. Jordan, Through New Eyes (Brentwood, TN: Wolgemuth & Hyatt, Publishers, Inc., 1988) e O.
Palmer Robertson, O Cristo dos Pactos (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002).
[30] Comentando sobre Hebreus 12.26, o puritano John Owen escreve: “São, portanto, os céus da adoração
mosaica, e a igreja-estado judaica, com a terra do seu estado político sendo parte disso, que estão aqui em vista. Essas
coisas que foram abaladas na vinda de Cristo, e tão abaladas, que logo após foram removidas e deixadas de lado, pela
introdução da adoração mais celestial do Evangelho, e a igreja-estado evangélica inamovível. Essa é a grande
comoção e alteração que Deus fez nos céus e na terra.” VII, 366.
[31] Calvino escreve sobre Hebreus 2.7: “Para deixar isso claro, suponhamos dois mundos, – o primeiro e antigo,
corrompido pelo pecado de Adão; o outro, posterior no tempo, como renovado por Cristo… Dessa forma, agora
parece que aqui o mundo por vir não é aquele que esperamos após a ressurreição, mas aquele que começou no
princípio do reino de Cristo; mas sem dúvida ele terá sua consumação plena em nossa redenção final”.
[32] Veja Lutero sobre Gálatas 4.26: “Ora, essa Jerusalém celestial que é de cima é a Igreja, isto é, os fiéis dispersos
por todo o mundo…”.
[33] As medidas da Cidade são múltiplos de 12 e 10. Devemos pensar nela como um novo Israel.
[34] A cruz é chamada de árvore em Atos 5.30; 10.39; 13.29; Gálatas 3.13 e 1 Pedro 2.24.
[35] Sobre a identidade dos anciãos, veja Apocalipse 5.8-10 e lembre-se que os anciãos são, por sua própria
natureza, representantes da Igreja. Veja também Chilton, Days of Vengeance, 15ss.
[36] Sobre a presença de anjos na adoração cristã, veja 1 Coríntios 1.10 e Hebreus 12.22-23.
[37] Veja, por exemplo, Kenneth L. Gentry, The Greatness of the Great Commission, The Christian Enterprise in
a Fallen World (Tyler, TX: Institute for Christian Economics, 1990); Gary DeMar e Peter J. Leithart,The Reduction
of Christianity, A Biblical Response to David Hunt (Ft. Worth: Dominion Press; Atlanta: American Vision Press,
1988); e Gary North e Gary DeMar,Christian Reconstruction, What It is, What It Isn’t (Tyler, TX: Institute for
Christian Economics, 1991). Veja também Biblical Blueprints, editada por Gary North.
[38] Veja Peter J. Leithart, The Kingdom and the Power, 13, 21, 167-210.

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