Sie sind auf Seite 1von 41

D E P A R TA M E N T O D E Q U IM IC A

Cidade Universitária “Prof. José Aloísio de Campos”, s/n – Jd. Rosa Elze
CEP. 49.100-000 São Cristóvão/SE Fone: 0xx.79.2105.6650 Fax. 0xx.79.2105.6651

QUÍMICA EXPERIMENTAL II
(QUI0068)

MANUAL DE INSTRUÇÕES E ROTEIROS DE EXPERIMENTOS

Prof. Lisiane dos Santos Freitas

2019

1
APRESENTAÇÃO

A Química é uma ciência que está no centro de várias outras atividades científicas e,

portanto, como base para diversos cursos profissionalizantes, como licenciaturas,

bacharelados, engenharias etc.

A disciplina Química Experimental II atende a diversos cursos e, consequentemente,

deve ser vista como formadora para as atividades laboratoriais, sobretudo para as

técnicas analíticas tradicionais de volumetria e gravimetria.

Como se trata de uma disciplina eminentemente prática, deve-se ter o cuidado não só

com as boas práticas de laboratório, como também com o registro dos dados que são

obtidos. É bom que o aluno tenha sempre presente que o erro não deve ser colocado

embaixo do tapete ou ser motivo de desestímulo, inaptidão ou qualquer outra causa

infundada. O erro deve ser valorizado como crescimento. Esse é o momento de errar,

porque o erro traz conhecimento.

Para tornar a disciplina ainda mais atraente, as práticas são executadas com amostras

reais, fazendo com que, dessa maneira, seja despertado no aluno o interesse para a

importância do resultado analítico, objetivos maior da química analítica.

2
Sumário

1. Calibração de instrumentação analítica para medição de volume, massa e temperatura


...........................................................................................................................................4
2. Titrimetria de neutralização (Alcalimetria) - Determinação de acidez em bebidas......7
3. Titrimetria Direta e Indireta ou de Retorno - Determinação de ácido acetilsalicílico
(AAS) em comprimidos..................................................................................................11
4. Titrimetria de Neutralização em Ácidos Polipróticos.................................................15
5. Determinação da Alcalinidade Total em Barrilha por Acidimetria.............................17
6. Gravimetria – Determinação de zinco e sílica.............................................................19
7. Titrimetria de precipitação – Determinação de cloreto por Argentimetria.................23
8. Titrimetria de complexação com EDTA – Determinação de cálcio e magnésio........27
9. Titrimetria de Oxirredução – Iodimetria.....................................................................31
10. Titrimetria de oxirredução – Permanganometria.......................................................36
11. Teste de Precisão...................................................................................................39

3
1. CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTAÇÃO ANALÍTICA PARA MEDIÇÃO DE
VOLUME, MASSA E TEMPERATURA

1. Introdução

Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação


entre os valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição ou
valores representados por uma medida materializada ou um material de referência, e os
valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões.
Observações:

1) O resultado de uma calibração permite tanto o estabelecimento dos valores do


mensurando para as indicações fornecidas, como a determinação das correções a
serem aplicadas.

2) Uma calibração pode, também, determinar outras propriedades metrológicas,


como o efeito das grandezas de influência.

3) O resultado de uma calibração pode ser registrado como documento, algumas


vezes denominado de certificado de calibração ou relatório de calibração.

Sistemas lineares são extremamente úteis na representação de dados


experimentais e as curvas de calibração são os mais conhecidos. Nestes casos, os
desvios da linearidade são geralmente atribuídos a efeitos químicos e físicos que não
foram preliminarmente levados em conta e que tornam-se agentes complicadores na
análise matemática dos dados. A técnica numérica utilizada para avaliar o
comportamento de sistemas lineares e estabelecer a faixa linear é o Método dos
Mínimos Quadrados:

 Parâmetro de uma calibração linear;


Equação de reta: y = a x + b;

 Uso da regressão linear;


Coeficiente linear (b), Coeficiente angular (m) e Coeficiente de correlação
(r);

Portanto, esse experimento tem como objetivo calibrar os instrumentos termômetro,


bureta e pipeta. Esses dois últimos pelo método gravimétrico e o termômetro pelo
método comparativo e analisar os dados obtidos a fim de apresentar os erros e a
confiabilidade do método em relação aos padrões existentes.

2. Procedimento

2.1. Verificação do volume de uma pipeta (método gravimétrico).

Pegue uma pipeta volumétrica de 5 mL, previamente limpa e seca.


Em uma balança analítica coloque um béquer com capacidade para 100 mL e
anote o seu peso (não zere ou tare a balança).
Verifique e anote a temperatura da água a ser usada no experimento.

4
Faça uma pipetagem usando H2O destilada e descarte essa primeira pipetagem,
para que a vidraria adquira a temperatura da água.
Faça uma nova pipetagem e transfira para o béquer que está na balança (tome
cuidado para que todo o material seja transferido e que nada caia fora do béquer).
Transferir a água deixando escoar livremente enquanto a pipeta é mantida em posição
vertical e a ponta em contato com as paredes do béquer. Ao cessar o escoamento,
permaneça por 5 segundos com a pipeta na mesma posição para drenagem total. Não
soprar o líquido remanescente ou fazer qualquer outra manipulação.
Anote a massa indicada pela balança (peso do recipiente + água).
Repita este procedimento mais 9 vezes acrescentando a H 2O pipetada sempre
sobre a massa anterior medida, sendo que ao fim deve-se ter 10 medidas de massa e um
volume de 50 mL dentro do béquer.

2.2. Calibração de um termômetro (método comparativo).

Utilize um termômetro calibrado com certificação RBC como referência.


Anote os números de registro dos termômetros de referência e do que será
calibrado.
Coloque em um béquer H2O e gelo até atingir a temperatura de 5 ºC. Coloque o
termômetro de referência e o termômetro a ser calibrado dentro do béquer. Anote a
temperatura indicada em ambos os termômetros.
Com o auxílio de um banho-maria, aqueça gradualmente o béquer fazendo
anotações da temperatura de 10 em 10 ºC desde a temperatura ambiente até atingir 60
ºC. Compare cada medida do termômetro de referência com o termômetro a ser
calibrado.

2.3. Verificação do volume de uma bureta (método gravimétrico).

Ligue a balança com pelo menos 30 minutos de antecedência para a mesma atingir
o equilíbrio.
Coloque sobre o prato da balança um béquer com capacidade para 50 mL. Com o
auxílio de um suporte universal e de garras apropriadas, monte sobre o béquer que está
no prato da balança um sistema com uma bureta com capacidade de 25 mL.
Retire a bureta do suporte, ambientalize com água destilada e preencha a bureta
com até a marca do zero da bureta. Em seguida, retorne a bureta ao suporte.
Anote a massa do béquer vazio (não zere ou tare a balança).
Libere então 2,5 mL de H2O da bureta recebendo no béquer sobre a balança.
Anote a massa obtida. Libere mais 2,5 mL recebendo no mesmo béquer e anote a massa
obtida. Repita este procedimento até atingir a capacidade total da bureta.

3. Atividades Pós-Experimento

Item 2.1 - Calcular a média das leituras, o desvio padrão, desvio padrão relativo, o
erro absoluto, o erro relativo e o intervalo de confiança para 90%.

Item 2.2 - Construir um gráfico entre a Temperatura do termômetro referência


versus o termômetro a ser verificado. Encontre o valor do coeficiente linear, coeficiente
angular, r2 e demonstre a equação da reta. Calcule o erro absoluto e relativo para cada
ponto registrado.

5
Item 2.3 - Construir um gráfico do volume real versus o volume obtido. Encontre
o valor do coeficiente linear, coeficiente angular, r2 e demonstre a equação da reta.
Calcule o erro absoluto e relativo para cada ponto registrado e fazer um gráfico de
barras expressando esses erros para cada intervalo da bureta.

4. Questionário

1. O que é Coeficiente Angular e Linear?


2. Quais as principais variáveis na verificação volumétrica pelo método
gravimétrico?
3. Qual a diferença entre Calibração e Verificação?
4. O que é erro aleatório e sistemático?
5. Qual a importância do erro na confiabilidade de um resultado?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

“Procedimentos Operacionais da REBLAS”, Gerência Geral de Laboratórios de Saúde


Pública. – 2. ed. Brasília: ANVISA 2002.

http://www.chemkeys.com/bra/ag/tda_8/tda_8.htm acessada em 01/08/2006.

INMETRO. “Vocabulário internacional de termos fundamentais e gerais de


metrologia”. 3. ed. Rio de Janeiro, 2003. 75p.

Ellison, S.L.R.; Rosslein, M.; Williams, A. “EURACHEM/CITAC Guide Quantifying


Uncertainty in Analytical Measurement”, Second Edition.

Barros Neto, B.; Pimentel, M.F.; Araújo, M.C.U.; “Química Nova”, Vol. 25, No. 5,
856-865, 2002.

Rocha Filho, R.C. ; Silva, R.R.. “Cálculos Básicos da Química”. 1ª ed. São Carlos - SP:
EdUFSCar - Editora da Universidade Federal de São Carlos, 2006. v. 1. 277 p.

6
2. TITRIMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO (ALCALIMETRIA) -
DETERMINAÇÃO DE ACIDEZ EM BEBIDAS

1. INTRODUÇÃO

A técnica também é chamada de titulometria ácido-base, pois todas as


determinações estão baseadas na reação:

H3O+ + OH-  2 H2O

Por esta técnica é possível determinar ácidos e bases (fortes e fracos) e sais
derivados de ácidos polipróticos (p. ex.: NaHCO3, NaH2PO4, Na2HPO4, Na2CO3,
Na2B4O7.10 H2O etc.).

Todas as reações envolvidas são reações sem transferência de elétrons onde um


dos reagentes (H3O+ ou OH-) deve ser padronizado. Em função do padrão empregado,
pode-se fazer uma distinção na técnica de titulometria:

a) ACIDIMETRIA - emprega um H3O+ padrão e titulam-se soluções de OH-;

b) ALCALIMETRIA - emprega um OH- padrão e titulam-se soluções de H3O+.

As reações entre quantidades equivalentes de H3O+ e OH- nem sempre resultam


em soluções exatamente neutras (pH = 7) como se espera em função da reação de
neutralização acima apresentada. Em todos os casos de titulometria de neutralização, a
reação termina a distintos valores de pH que depende da natureza do H 3O+ e OH-
reagentes, bem como das suas concentrações. O ponto final da titrimetria (PFT) -
diferente do Ponto de Equivalência (PEq) -, é estabelecido por indicadores próprios
chamados indicadores ácido - base.

O indicador ácido - base é uma substância que muda de cor em função do pH da


solução em um certo intervalo bastante restrito chamado de zona de viragem. Este
intervalo depende exclusivamente das propriedades do indicador e não depende em
absoluto da natureza do H3O+ ou OH- reagentes.

Tabela 1. Características dos principais indicadores ácido-base.


Indicador Zona de viragem (pH) Coloração
Fenolftaleína 8,2 – 10,0 Incolor – rosa
Vermelho de fenol 6,8 – 8,0 Amarelo – vermelho
Vermelho de metila 4,4 – 6,2 Vermelho – amarelo
Alaranjado de metila 3,0 – 4,4 Rosa – amarelo

O indicador adequado em cada titrimetria é aquele que permite obter o PFT de


maneira que o pH do PEq da reação de neutralização esteja incluído na sua zona de
viragem.

1.1 OBEJTIVOS

7
 Preparação e Padronização da solução de NaOH 0,05 mol L-1;
 Determinação da acidez no vinagre;
 Determinação da acidez no vinho;

1.2 ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO

Determine a massa de NaOH necessária para o preparo de 500 mL de solução


com concentração de 0,05 mol L-1.
Descreva as propriedades de um padrão primário.
Determine a massa de biftalato de potássio (KHC 8H4O4) necessária para
neutralizar aproximadamente 15 mL de uma solução de NaOH 0,05 mol L-1.
Informe qual o melhor indicador para a titrimetria de KHC8H4O4 com NaOH.

1.3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1.3.1. Preparo da solução de NaOH 0,05 mol L-1.

Para o preparo da solução de NaOH 0,05 mol L -1 siga o procedimento


abaixo:

- Em um béquer com capacidade para 50 mL, limpo e seco, meça a massa


calculada de NaOH com a maior brevidade possível (lembre-se o NaOH é
extremamente higroscópico!);
- Com o auxílio de uma pisseta, utilizando pequenas porções de água destilada,
transfira todo o conteúdo para um balão volumétrico de 500 mL, contendo previamente
100 mL de água destilada fervida e fria;
- Certifique-se de que todo o NaOH foi transferido para o balão, então
acrescente água destilada, recém fervida e fria, até completar 2/3 da capacidade do
balão. Tampe e agite bem;
- Esfrie a solução se necessário e complete o volume com água destilada recém
fervida e fria. Agite o conteúdo do balão por inversão e reserve esta solução para sua
padronização.

1.3.2. Padronização da solução de NaOH 0,05 mol L-1.

- Nesta padronização empregaremos o padrão primário biftalato de potássio


(M.M.KHC8H4O4 = 204 g moL-1), previamente seco em estufa a 120 oC durante 30 minutos,
hermeticamente fechado e acondicionado em dessecador;
- Em um béquer com capacidade para 50 mL, meça em balança analítica a massa
de KHC8H4O4 previamente determinada para consumir aproximadamente 15 mL de
solução de NaOH 0,05 mol L-1 e transferira quantitativamente para um erlenmeyer de
100 mL com água destilada com o auxílio de uma pisseta. Garanta que todo o
KHC8H4O4 foi transferido. Cuidado nesta etapa;
- Acrescente água destilada ao erlenmeyer até o volume aproximado de 25 mL e
adicione 2 a 3 gotas do indicador.
- Lave uma bureta de 25 mL com a solução de NaOH preparada. Para isso,
coloque 50 mL da solução em um béquer limpo e seco, e transfira aproximadamente 5
mL para a bureta com a torneira fechada. Com a bureta nas mãos movimente a solução
de forma que entre em contato com a maior área de parede interna da bureta possível.
Deixe a bureta na vertical e descarte a solução abrindo a torneira. Torne a fechar e repita

8
este procedimento mais 2 vezes, descartando a solução em recipiente adequado. Por
fim, encha a bureta 1 a 2 cm acima do zero e afira o volume a 0 mL, garantindo que não
haja bolha de ar no bico da bureta;
- Titule o KHC8H4O4 com a solução de NaOH 0,05 mol L -1 até viragem do
indicador. Repita a padronização com outras duas porções de KHC8H4O4;
- Determine a concentração molar real da solução de NaOH informando a
incerteza para um intervalo de confiança de 95%.

Observação:
As determinações devem ser efetuadas em triplicata. A titrimetria deve ser
conduzida lentamente, controlando o fluxo do titulante (solução de NaOH) contido na
bureta com a mão esquerda.

1.3.3. Determinação da acidez total no vinagre.

A acidez total em um vinagre é convenientemente determinada mediante


titrimetria com uma solução padrão alcalina em presença do indicador fenolftaleína. A
acidez total é predominantemente devida à presença de ácido acético. Embora o vinagre
contenha ainda outros ácidos orgânicos, o resultado é expresso em termos de ácido
acético. Os vinagres contêm de 4 a 5% (m/v) de ácido acético (MMCH3COOH= 60 g/mol).

- Pipetar 5,00 mL da amostra de vinagre para um balão volumétrico de 50,00 mL


e aferir com água destilada fervida e fria;
- Homogeneizar a solução e pipetar uma alíquota de 5,00 mL e transferir para
um erlenmeyer de 100 mL. Adicionar ± 20 mL de água e 2 gotas de fenolftaleína;
- Titule com a solução padrão de NaOH até a primeira leve coloração rósea
persistente;
- As determinações são efetuadas em triplicata, por isso, repetir a titrimetria com
mais duas alíquotas de 5,00 mL;
- Determine a porcentagem de ácido acético no vinagre expressando em g/100
mL informando a incerteza para um intervalo de confiança de 95%.

Observação:
Considere a densidade da amostra 1,004 g mL-1.

1.3.4. Determinação da acidez total no vinho.

Similarmente, a acidez total em um vinho é expressa em termos de porcentagem


de ácido tartárico, embora exista a presença de outros ácidos na amostra. Os vinhos
contêm em torno de 1% (m/v) de ácido tartárico (C2H4O2(COOH)2).

- Pipetar 5,00 mL da amostra de vinho e transferir para um erlenmeyer de 100


mL. Adicionar ± 20 mL de água e 2 gotas de fenolftaleína;
- Titule com a solução padrão de NaOH até a primeira leve coloração rósea
persistente;
- As determinações são efetuadas em triplicata, por isso, repetir a titrimetria com
mais duas alíquotas de 5,00 mL;
- Determine a porcentagem de C2H4O2(COOH)2 no vinho expressando em g/100
mL informando a incerteza para um intervalo de confiança de 95%.

9
Observação:
Considere a densidade da amostra 1,004 g mL-1.

NOTA 1- A acidez do vinagre tende a diminuir quando exposto ao ar. É recomendado


que o vinagre seja estocado em garrafinhas individuais, com invólucro de proteção.

NOTA 2- No caso de amostras coloridas a quantidade do indicador pode ser aumentada,


para garantir uma mudança de coloração nítida no ponto final da titulação.

NOTA 3- As bebidas que contêm coloração (p.e., tinto) são de difícil visualização do
ponto final, freqüentemente a cor não é mudada para rosa.

1.4. PÓS-LABORATÓRIO

Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O


relatório teve contemplar:
a) Cálculo da concentração da solução NaOH utilizada nos experimentos com o
seu fator de correção a partir da padronização com biftalato de potássio.
Expressar os resultados em termos de molaridade média da solução, intervalo de
confiança (95%).
b) Calor real da acidez da amostra, apresentando a média, desvio padrão e desvio
padrão relativo.
c) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

1.5. BIBLIOGRAFIA

BRASIL; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA; Manual de


Métodos de Análises de Bebidas e Vinagres; Acidez Total Titulável; Método 10;
2012.
SKOOG, D. A, et al, Fundamentos de Química Analítica, Editora Pioneira Thomson
Learning: São Paulo, 2006.

10
3. TITRIMETRIA DIRETA E INDIRETA OU DE RETORNO -
DETERMINAÇÃO DE ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS) EM
COMPRIMIDOS.

2.1. INTRODUÇÃO

Algumas titulações não podem ser executadas diretamente. Há várias razões para isso,
entre elas, a falta de indicador adequado, a formação de um precipitado ou a forma em
que se encontra o analito a ser determinado na amostra. Em alguns casos faz-se uso da
titulação de retorno para contorna algum destes problemas. Nesta titulação utiliza-se o
excesso de reagente para a determinação de forma indireta, titulando a quantidade que
não reagiu, ou seja a concentração do analito é calculada voltando para trás, através da
determinação molar de um dos reagentes iniciais e não diretamente do próprio analito.
O ácido acetil salicílico (AAS) é empregado como analgésico e antipirético. Permanece
inalterado no estômago (suco gástrico tem o pH muito ácido), mas ao passar pelo
duodeno (alcalino) é hidrolisado. Como o AAS é facilmente hidrolisado e forma ácido
acético e ácido salicílico, a titulação em meio aquoso produziria resultados elevados
devido à titulação desses dois ácidos produzidos. A mudança para um solvente orgânico
e em temperatura baixa torna essa reação de hidrólise mais lenta, mesmo sendo usado
um titulante em meio aquoso. O valor da constante de dissociação ácida do AAS será
menor em etanol do que em água.

Reações envolvidas na titulação de retorno:

2.2. OBJETIVO

Determinar o teor de ácido acetilsalicílico em comprimido.

2.3. ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO

11
Apresente a estrutura do ácido acetilsalicílico.
Apresente o valor de ácido acetil salicílico em um comprimido.

2.4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

2.4.1. Preparo da solução de H2SO4 0,5 mol L-1.


a) Calcule o volume de ácido sulfúrico necessário para obter 500mL de solução 0,5 mol
L-1.
b) Coloque cerca de 250 mL de água destilada no balão volumétrico;
c) Meça o volume de H2SO4 – 98% através de uma pipeta ;
b) Transfira vagarosamente o H2SO4 para um balão volumétrico de 500 mL que já
contém água.
c) Complete o volume do balão com água destilada até o traço de referência. Tampar o
balão e agitá-lo para homogeneização.
a) Guarde a solução em frasco rotulado (H2SO40,5mol/L)

2.4.2. Preparo da solução de H2SO4 0,05 mol L-1.

a) Calcule o volume da solução de ácido sulfúrico 0,5 mol L -1 necessário para obter 250
mL de solução 0,05 mol L-1.

b) Coloque cerca de 50 mL de água destilada no balão volumétrico;


b) Transfira vagarosamente a solução de ácido sulfúrico 0,5 mol L -1 para um balão
volumétrico de 100 mL que já contém água.
c) Complete o volume do balão com água destilada até o traço de referência. Tampar o
balão e agitá-lo para homogeneização.
b) Guarde a solução em frasco rotulado (H2SO40,05 mol L-1)

2.4.3. Padronização da solução de H2SO4 0,05 mol L-1.


a) Nesta padronização empregaremos uma solução de padrão secundário hidróxido de
sódio, previamente padronizado;
b) Em um erlenmeyer com capacidade para 125 mL, coloque 15,00 mL de solução de
H2SO4 0,05 mol L-1;
c) Acrescente cerca de 15 mL de água destilada ao erlenmeyer e adicione 2 a 3 gotas
do indicador fenolftaleína 0,1%;

12
d) Em uma bureta de 50 mL coloque a solução de NaOH 0,05 mol L-1 previamente
padronizada.
e) Titule a solução de H2SO4 com a solução de NaOH 0,05 mol L -1 até viragem do
indicador. Repita a padronização mais duas vezes;
f) Determine a concentração molar real da solução de H2SO4 em mol L-1, a estimativa
do desvio padrão, o coeficiente de variação e o intervalo de confiança (95% de
confiança).

2.4.4. Determinação de ácido acetilsalicílico (AAS) em comprimidos –


Método Direto
a) Pesar 2 comprimidos em balança analítica e anotar o peso médio.
b) Transferir os 2 comprimidos para um almofariz e triturar com o auxílio de um pistilo;
c) Pesar 100 mg do triturado em uma balança analítica e transferir quantitativamente
para um erlenmeyer, adicionando 20 mL de etanol comercial. Após a dissolução da
amostra, acrescente 2 ou 3 gotas do indicador fenolftaleína.
d) Titular com solução padronizada de NaOH 0,05 mol L-1 . Anote o valor de pH no
ponto final da titulação, utilizando papel indicador de pH;
e) Repetir o procedimento por mais 2 vezes;
f) Determinar a massa de AAS por comprimido, a percentagem em massa (m/m),
expressando os resultados com a estimativa do desvio padrão, coeficiente de variação
e intervalo de confiança (95% de confiança).

2.4.5. Determinação de ácido acetilsalicílico (AAS) em comprimidos -


Método Indireto
a) Pesar 100 mg de comprimido em balança analítica e transferir quantitativamente para
um erlenmeyer de 125 mL;
b) Acrescentar 25,00 mL de uma solução padronizada de NaOH 0,08 mol L-1;
c) Aquecer a solução do erlenmeyer até à ebulição;
d) Retirar do aquecimento, deixar esfriar e acrescente 3 gotas de fenolftaleína para
obter a cor rosa;
e) Titular o excesso de NaOH 0,08 mol L -1 com a solução de ácido sulfúrico 0,05 mol
L-1 já padronizada;
f) Repetir o procedimento por mais 2 vezes;

13
g) Determinar a massa de AAS por comprimido, a percentagem em massa (m/m),
expressando os resultados com a estimativa do desvio padrão, coeficiente de variação
e intervalo de confiança (95% de confiança).

- NOTA 1 – “Coristina D” e “AAS Infantil” devem ser evitados devido a coloração


formada na solução do titulado.
- NOTA 2 – Quanto melhor a trituração, melhor a dissolução em etanol.

2.5. PÓS-LABORATÓRIO
Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O
relatório teve contemplar:
a) Cálculos envolvidos, reações e expressar os resultados em termos de molaridade
média, desvio padrão, desvio padrão relativo e intervalo de confiança (95%).
b) Resultados das amostras;
c) Compare o resultado do método direto e de retorno;
d) Compare os resultados com comprimidos das várias marcas e de prazos de
validade diferentes;
e) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

2.6. BIBLIOGRAFIA

ATKINS, P. W.; JONES, Loretta. Princípios de química: questionando a vida moderna


e o meio ambiente. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 965p.
BACCAN, J.C., BARONE, J.S., GODINHO, O. E. S. de Andrade, Analítica
Quantitativa Elementar. 3ª Ed. São Paulo: Edgard Blucher.
HARRIS, C. D. Análise Química Quantitativa, LTC Editora, Rio de Janeiro, Tradução:
Bonapace, J. A. P. e Barcia, O. E. 2005.
Higson, S.P.J. Química Analítica, Mc Graw Hill. Tradução Mauro Silva. 2009.

14
4. TITRIMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO EM ÁCIDOS POLIPRÓTICOS

3.1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da curva de titulação de um ácido poliprótico com uma base


forte inclui etapas distintas de acordo com a variação de pH. O ácido fosfórico (H 3PO4,
ácido triprótico) está presente em diferentes formulações, incluindo refrigerantes
carbonatados (contendo CO2). A determinação da acidez do refrigerante é feita por
titrimetria com uma base forte (NaOH), numa reação de neutralização. Nas soluções de
ácido fosfórico é possível avaliar dois pontos de equivalência com uso de indicadores
apropriados, devido à força de dissociação dos hidrogênios ionizáveis presentes no
ácido.

O ácido fosfórico (H3PO4) possui três etapas de dissociação que são


neutralizados com NaOH:

H3PO4 + NaOH  NaH2PO3


NaH2PO3 + NaOH  Na2HPO3
Na2HPO3 + NaOH  Na3PO4

Figura 3.1. Etapas da neutralização em cada pH. Em pH = 12 a neutralização foi


concluída.
Fonte: Modelo gerado pelo programa CurTiPot.

3.2. OBJETIVO

Determinar a concentração de Ácido Fosfórico em amostras sólidas.

3.3. ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO

15
Diferencie entre Titrimetria de neutralização e Titrimetria Potenciométrica.
Explique quando é aconselhável utilizar uma em detrimento da outra.
Quais os indicadores utilizados para esta determinação e explique a sua resposta
com base nos valores de Ka.

3.4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.4.1 Determinação de ácido fosfórico

a) Pesar aproximadamente 0,5g de ácido fosfórico (MM=98g mol -1) em béquer de


50 mL e transferir quantitativamente para um para um balão volumétrico de
50,00 mL e aferir com água destilada fervida e fria;
b) Homogeneizar a solução e pipetar uma alíquota de 5,00 mL. Transferir para um
erlenmeyer de 125 mL. Adicionar ± 20 mL de água e 3 gotas de alaranjado de
metila como indicador;
c) Titule com a solução de NaOH 0,05 mol L -1 previamente padronizada até a
mudança de coloração de rosa avermelhado para amarelo;
d) Após a viragem com o primeiro indicador, acrescente 3 gotas do indicador
timolftaleína e continue a titulação até observar o segundo ponto de viragem
para a coloração verde;
e) Caso necessário, para melhor visualização do ponto final, fazer ensaio em
branco usando dihidrogeno fosfato de sódio (0,2 g/25mL) dissolvido em água
com mesma quantidade de gotas do alaranjado de metila para avaliar os pontos
de viragem.
f) Repetir o procedimento mais 2 vezes.

3.5. PÓS-LABORATÓRIO

Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O


relatório teve contemplar:
a) Cálculos envolvidos, reações e expressar os resultados em termos de molaridade
média, estimativa do desvio padrão, desvio padrão relativo e intervalo de
confiança (95%).
b) Resultados das amostras;
c) Determinar as concentrações (mol L-1) de ácido fosfórico no balão volumétrico
nos dois pontos finais;
d) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

3.6. BIBLIOGRAFIA

SKOOG, D. A, et al, Fundamentos de Química Analítica, Editora Pioneira Thomson


Learning: São Paulo, 2006.
BACCAN, J.C., BARONE, J.S., GODINHO, O. E. S. de Andrade, Analítica
Quantitativa Elementar. 3ª Ed. São Paulo: Edgard Blucher.

16
5. DETERMINAÇÃO DA ALCALINIDADE TOTAL EM BARRILHA POR
ACIDIMETRIA

4.1. INTRODUÇÃO

O carbonato de sódio ou carbonato sódico é um sal branco e translúcido de


fórmula química Na2CO3, usado entre outras coisas na fabricação de sabão, vidro e
tintas. O carbonato de sódio é conhecido comumente de "barrilha" ou "soda" (não
confundir com a soda cáustica que é o hidróxido de sódio). Este produto contém
carbonato de sódio (Na2CO3), bicarbonato de sódio (NaHCO3) e contaminantes inertes.
A alcalinidade total de carbonato de sódio comercial (barrilha) é determinada através da
acidimetria, usando uma solução padrão de HCl.
O ácido clorídrico não é um padrão primário e por isso torna-se necessário
padronizá-lo. Ácidos fortes podem ser padronizados com carbonato de sódio ou
tetraborato de sódio. O primeiro apresenta o inconveniente de formação de CO2 durante
a titulação, que acaba interferindo no ponto final da titulação (mudança de coloração do
indicador). No primeiro ponto de equivalência (pH 8,3) observa-se a formação de
bicarbonato (HCO3-) tendo como indicador a fenolftaleína. A concentração de CO2 neste
ponto é mínima com relação no segundo ponto (pH 3,8), que envolve a formação de
ácido carbônico (H2CO3 e a transformação em CO2 + H2O). Portanto, é preciso eliminar
essa presença de CO2 por aquecimento da solução quando estiver próximo ao segundo
ponto de equivalência para eliminar o tampão H2CO3/HCO3-,

4.2. OBJETIVO

Preparar e padronizar uma solução de HCl 0,05 mol L -1 para determinar a


alcalinidade total em barrilha em termos de Na2CO3.

4.3. ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO


Determine o volume de HCl concentrado para o preparo de 250 mL de solução
0,05 mol L-1.
Determine a massa de Na2CO3 necessária para ser empregada na padronização
da solução de HCl prevendo um consumo de 15 mL.
Sugira qual é o indicador apropriado para a titrimetria de carbonato de sódio por
ácido clorídrico, informando a faixa de viragem.

4.4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.4.1. Preparo da solução de HCl 0,05 mol L-1.


a) Uma solução saturada do gás HCl fornece uma solução a 35,6% em peso,
com densidade d = 1,18 g mL-1. Contudo, verifique no rótulo do frasco de HCl p.a. qual
a densidade e a porcentagem em peso do HCl concentrado que será utilizado.
b) Determine o volume do ácido para preparar 250 mL da solução 0,05 mol L-1
c) Meça o volume em vidraria graduada apropriada e transfira para um balão
volumétrico de 250 mL contendo 100 mL de água destilada. Faça algumas lavagens
com água destilada para garantir a transferência e complete o volume a 250 mL do
balão volumétrico. Homogeneíze a solução com movimentos de inversão do balão;

17
d) Transfira a solução para um frasco de vidro limpo e seco. Rotule
identificando o produto.

4.4.2. Padronização da solução de HCl 0,05 mol L-1.

a) Meça com precisão uma massa (0,04g) de Na2CO3, seco em estufa a 270-300
o
C durante 30 minutos, acondicionado hermeticamente em dessecador, e transferira para
um erlenmeyer de 250 mL.
b) Dissolva em aproximadamente 25 mL de água destilada e adicione 2 a 3 gotas
do indicador Alaranjado de Metila 0,1%;
c) Titule com a solução de HCl 0,05 mol L-1. Ferva a solução por 1 ou 2 minutos
quando estiver próximo ao ponto final, resfrie a solução e finalize a titrimetria até
viragem do indicador de amarelo para alaranjado;
d) Repetir a padronização com outras 2 porções de Na2CO3;

4.4.3. Determinação da alcalinidade em barrilha comercial.


a) Pese com precisão uma amostra de aproximadamente 0,05 g de barrilha
comercial e transferira para um erlenmeyer de 250 mL;
b) Dissolva a amostra usando 25 mL de água destilada e adicione 2 gotas do
indicador Alaranjado de Metila;
c) Titule com a solução padronizada de HCl 0,05 mol L -1 até que ocorra a
mudança de coloração;
d) Ferva a solução por 1 ou 2 minutos quando estiver próximo ao ponto final,
resfrie a solução e finalize a titrimetria;
e) Se o titulante não é requerido após a fervura, o titulado já contém um excesso
do ácido padronizado. Titule o excesso de ácido por retrotitrimetria, fazendo uso de uma
solução padrão de uma base (NaOH) e 2 a 3 gotas de fenolftaleína;;
f) Repita a titrimetria com mais duas amostras.

4.5. PÓS-LABORATÓRIO

Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O


relatório teve contemplar:
a) Cálculos envolvidos, reações e expressar os resultados em termos de molaridade
média, estimativa do desvio padrão, desvio padrão relativo e intervalo de
confiança (95%).
b) Determine a porcentagem de Na2CO3 na amostra;
c) Determine a concentração da solução de HCl padronizada (mol L-1);
d) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

4.6. BIBLIOGRAFIA

BACCAN, J.C., BARONE, J.S., GODINHO, O. E. S. de Andrade, Analítica


Quantitativa Elementar. 3ª Ed. São Paulo: Edgard Blucher.
SKOOG, D. A, et al, Fundamentos de Química Analítica, Editora Pioneira Thomson
Learning: São Paulo, 2006.

18
19
6. GRAVIMETRIA – DETERMINAÇÃO DE ZINCO E SÍLICA.

5.1. INTRODUÇÃO

A análise gravimétrica é um método analítico quantitativo que está


baseado na medida da massa de um composto puro quimicamente relacionado ao
analito. O processo, em linhas gerais, envolve cinco etapas: precipitação, filtração,
lavagem, secagem ou calcinação e pesagem do precipitado.
Na precipitação, o analito a ser dosado reage com um agente precipitante, sendo
convertido em um composto pouco solúvel que se separa da solução através da
formação de um precipitado. A técnica de precipitação utilizada em laboratório, de
modo geral, é feita pela adição do agente precipitante à solução contendo o analito, de
forma lenta e sob agitação constante.
Na filtração o precipitado é separado do meio em que foi formado. Os meios de
filtração são: filtro de papel e cadinhos de filtração. A filtração com papel ocorre pela
ação da gravidade. Um filtro de papel circular é dobrado e inserido num funil de vidro,
como está ilustrado na Figura 5.1, tomando-se o cuidado de umedecê-lo após sua
inserção no funil, de modo a se obter uma boa aderência. O diâmetro do papel-filtro
utilizado deve ser tal que sua parte superior deve estar de 1 a 2 cm abaixo da borda do
funil de vidro.

Figura 5.1. Preparo de filtro de papel.

Os cadinhos de filtração são frascos que podem ser de vidro, quartzo, porcelana
ou óxido de alumínio, com diversas porosidades. Os cadinhos mais comuns são os de
placa com vidro sinterizado e os cadinhos de Gooch (tem o fundo perfurado que suporta
uma camada filtrante fibrosa). Com estes cadinhos usa-se vácuo para acelerar a
filtração. Um exemplo de montagem para filtração a vácuo é mostrada na Figura 5.2.

Figura 5.2. Filtração a vácuo.

As etapas envolvidas na filtração de um precipitado incluem decantação,


transferência e lavagem do precipitado, como mostrado na Figura 5.2. Após a
decantação, o líquido sobrenadante é transferido primeiro e em seguida o precipitado,
deve-se verter a maior quantidade possível do líquido sobrenadante sem movimentar o

20
precipitado contido no béquer. A transferência é feita com o auxílio de um bastão de
vidro e o filtrado é recolhido em um béquer. A extremidade inferior da haste do funil
deve ser encostada na parede interna do béquer usado no recolhimento do filtrado.

Figura 5.3. Sequência de operações utilizadas na transferência e lavagem de um


precipitado.

Ao precipitado (ainda retido no frasco de precipitação) é adicionado o líquido de


lavagem, sendo vigorosamente misturado. O precipitado é decantado e o líquido
sobrenadante transferido para o funil. Repete-se este procedimento algumas vezes e, por
fim, transfere-se a totalidade do precipitado para o funil e continua-se a lavagem
diretamente no filtro, do qual se remove parte da água-mãe que ficou nele retida e
eliminam-se as impurezas solúveis e não voláteis na temperatura de secagem ou
calcinação a que o precipitado será submetido.
O líquido de lavagem deve ser usado em pequenas porções, obtendo-se assim uma
eficiência maior do que seria obtida se fosse utilizado um pequeno número de grandes
porções de líquido (considerando-se o mesmo volume total de líquido de lavagem nos
dois casos).
Após a filtração e lavagem, o precipitado deve ser submetido a um processo de
secagem a baixa temperatura para retirada de umidade (em estufas, por exemplo) ou a
calcinação, processo no qual o precipitado é aquecido a temperaturas elevadas (em
muflas, por exemplo), sendo convertido em um composto mais adequado para a
determinação do analito.
Na gravimetria por precipitação do ZnSO4 7H2O temos inicialmente a formação
do precipitado, carbonato de zinco (ZnCO3), através da adição de íons carbonatos
(CO32-) como mostrado na reação (I):

Zn2+ + CO32- ⇌ ZnCO3(s)

Após a filtração e consequentemente a separação do precipitado da solução


aquosa é necessário decompor o ZnCO3 através da calcinação.

21
ZnCO3(s) ∆

ZnO(s) + CO2 (g)

A sílica pode estar presente no calcário como impureza (areia, fragmentos de


quartzo e, em estado combinado, como feldspato, mica etc), provocando efeitos
nocivos. A impureza mais comum é a argila, que pode estar na rocha como
argilomineral, com a sílica combinada com a alumina. Devido a isso, a determinação de
sílica no mesmo é tão importante. No processo de gravimetria de precipitação podemos
observar a reação que corresponde a formação do precipitado e a reação que
corresponde a calcinação do precipitado.

CaCO3(s) + impurezas(s) + HCl(aq)  H2CO3(aq) + H2SiO3(s) + Cl- +impurezas(s)

H2CO3(aq) + H2SiO3(s) + impurezas (s) ∆



SiO2(s) + H2O(v) + CO2(g)

5.2. OBJETIVO

Determinar a pureza (% m/m) de uma amostra de ZnSO4.7H2O e o teor de sílica


em amostra de calcário.

5.3. ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO

Pesquise qual a concentração de sílica em giz e determine quanto de Zn teríamos


em 1g de amostra de ZnSO4 7 H2O (MM = 287,46 g mol-1)

5.4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

5.4.1. Determinação da pureza (%m/m) de ZnSO4 7 H2O.


a) Meça 300 mg de ZnSO4 7 H2O, e transfira para um béquer de 100 mL contendo
30 mL de água para dissolver o sal;
b) Adicione gota a gota, solução de Na2CO3 0,1 mol L-1 a fim de precipitar o zinco;
c) Verifique se a precipitação está completa e envelheça o precipitado aguardando
por 10 a 15 min;
d) Filtre a solução em papel-filtro quantitativo e lave o precipitado com pequena
porção de água destilada;
e) Queime o papel filtro contendo o precipitado em cadinho de porcelana tarado
(nas mesmas condições. Anotar e identificar o cadinho);
f) Leve o cadinho para calcinação em mufla a 700 oC por 20 min;
g) Retire e deixe atingir a temperatura ambiente em dessecador;
h) Medir a massa até massa constante;
i) Determine a pureza do sal em % (m/m).

5.4.2. Determinação do teor de sílica em calcário.


a) Pese 0,5000 g de uma amostra de calcário, e transfira para um béquer de 100
mL;
b) Adicione 10 mL de solução de HCl 0,05 mol L -1 a fim de decompor e dissolver a
amostra. Adicionar 50 mL de água;
c) Verifique se o pH está próximo de 4;

22
d) Filtre a solução em papel filtro quantitativo e lave o precipitado com pequena
porção de água destilada.
e) Queime o papel-filtro contendo o precipitado em cadinho de porcelana tarado;
f) Leve o cadinho a calcinação em mufla a 700 oC por 20 min;
g) Retire e deixe atingir a temperatura ambiente em dessecador;
h) Medir a massa até massa constante;
i) Determine o % (m/m) de sílica no calcário.

5.5. PÓS - LABORATÓRIO


Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O
relatório teve contemplar:
a) Cálculos envolvidos, reações e expressar os resultados em termos de molaridade
média, estimativa do desvio padrão, desvio padrão relativo e intervalo de
confiança (95%).
b) Determine a concentração do analito na amostra;
c) Porque é necessário lavar o precipitado?
d) Quais as reações que ocorrem nas etapas de precipitação e calcinação?
e) Porque o cadinho deve aguardar para atingir a temperatura ambiente em
dessecador?
f) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

5.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BROWN, T.L. et al. Química a ciência central. Editora Pearson.: São Paulo, 2005.
SKOOG, D. A, et al, Fundamentos de Química Analítica, Editora Pioneira Thomson
Learning: São Paulo, 2006.

23
7. TITRIMETRIA DE PRECIPITAÇÃO – DETERMINAÇÃO DE CLORETO
POR ARGENTIMETRIA.

6.1. INTRODUÇÃO

A técnica também é chamada de titulometria de formação de precipitados.


Baseia-se na formação de compostos pouco solúveis (precipitados), cujas reações
devem ser rápidas, quantitativas e oferecer condições para a determinação do ponto de
equivalência.
O ponto final é determinado visualmente ou por meio de equipamentos
(potenciometria, condutometria, amperometria ou fotometria). Quando visualmente,
conduz-se a reação até que não ocorra mais a formação de precipitados usando
indicadores de adsorção ou a precipitação de um 2° composto (caso da argentimetria).
A argentimetria emprega uma solução padrão de AgNO3 para determinar os íons
Cl , Br , I e CN-.
- - -

Algumas técnicas são usadas para a determinação do ponto final e estão


baseadas na escolha dos indicadores:

a) Argentimetria pela técnica de MOHR: usada para determinar Cl- e Br- com
uma solução padrão de AgNO3, em meio neutro ou levemente alcalino, usando K2CrO4
como indicador. O ponto final da titrimetria é acusado pela formação de Ag 2CrO4
(precipitado vermelho tijolo). A técnica baseia-se na precipitação fracionada dos sais
pouco solúveis (AgCl ou AgBr, de cor branca) que são menos solúveis que o Ag2CrO4.
Portanto, AgCl ou AgBr precipitam primeiro e somente quando um excesso de Ag + está
presente haverá formação do Ag2CrO4. A titrimetria deve ser feita nas seguintes
condições:
1) pH do titulado entre 6,5 - 10,5;
2) na ausência de CN-, S2O32-, SO32- e S2-, pois reagem com Ag+;
3) solução da amostra deve ser incolor.
Se a solução a ser titulada estiver ácida, esta pode ser convenientemente
neutralizada mediante adição de hidrogeno-carbonato de sódio. Ácidos minerais podem
ser eliminados por meio da neutralização da maior parte com hidróxido de amônio,
seguida da adição de acetato de amônio.
Se a solução a ser titulada estiver alcalina, esta pode ser neutralizadas com ácido
nítrico em presença de fenolftaleína. No caso de cloreto de amônio, o pH deve ser
ajustado entre 6,5 e 7,2; para valores mais altos de pH, forma-se amônia livre, que
aumenta a solubilidade do cloreto de prata e do cromato de prata, e ocasiona uma
mudança de coloração do indicador além do ponto de equivalência.

b) Argentimetria pela técnica de FAJANS: Uso de indicadores de adsorção. Esse


método usa os indicadores de adsorção para sinalizar o ponto final da titulação. Na
aplicação desses indicadores à argentimetria é preciso considerar que a sensibilidade do
haleto de prata à luz é aumentada pelos corantes. Em vista disso, a titulação deve ser
efetuada rapidamente e sob luz difusa.
O mecanismo de atuação desses indicadores foi explicado por Fajans e pode ser
exemplificado considerando-se a titulação direta de íons cloreto com solução padrão de
nitrato de prata. Antes do ponto de equivalência, partículas coloidais de AgCl são
carregadas negativamente devido à adsorção dos íons pré-existentes na solução.

24
A fluoresceína é um ácido orgânico fraco que pode ser representado por HFI.
Quando a fluoresceína é adicionada no frasco da titulação, o ânion FI - não é adsorvido
pelo AgCl coloidal, uma vez que o meio tem íons Cl - em excesso. Contudo, quando os
íons Ag+ estão em excesso, os íons FI- são atraídos para a superfície das partículas
positivamente carregadas.

c) Argentimetria pela técnica de VOLHARD: o íon Ag+ é titulado, em meio


ácido, com uma solução de NH4SCN ou KSCN em presença de Fe3+ (indicador). O
AgSCN é um precipitado pouco solúvel e o indicador acusa o ponto final da titrimetria
com a formação do complexo Fe(SCN)2+ de cor vermelha.
Ag+ + SCN-  AgSCN
SCN- + Fe3+  [Fe(SCN)]2+

A principal aplicação é na determinação de Cl-, Br- ou I- onde se adiciona um


excesso de Ag+ na solução amostra. Após a precipitação do halogeneto de prata, o Ag +
excedente é titulado com solução padrão de SCN-.

Tabela 6.1 - Alguns indicadores de adsorção.

Indicador Íon titulado Titulante Condições


Diclorofluoresceína Cl- Ag+ pH 4
Fluoresceína Cl- Ag+ pH 7 – 8
Eosina Br-, I-, SCN- Ag+ pH 2
Torin SO42- Ba2+ pH 1,5 – 3,5
Verde de bromocresol SCN- Ag+ pH 4 – 5
Violeta de metila Ag+ Cl- solução ácida
Rodamina 6 G Ag+ Br- HNO3 até 0,3 mol L-1
Ortocromo T Pb2+ CrO42- solução neutra 0,02 mol L-1
Azul de bromofenol Hg22+ Cl- solução 0,1 mol L-1

6.2. OBJETIVOS

Preparar e padronizar uma solução de nitrato de prata (AgNO 3) 0,05 mol L-1 e
determinar o teor de cloretos em soro fisiológico e em sal dietético através dos métodos
de Mohr e Fajans.

6.3. ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO

a) Determine a massa de AgNO3 (MM=107 g mol-1) necessária para preparar


500 mL de uma solução 0,05 mol L-1;
b) Determine a massa de NaCl necessária para ser empregada na padronização
da solução de AgNO3 prevendo um consumo de aproximadamente 15 mL.
c) Descreva em que se caracteriza a titrimetria de precipitação pelo método de
Fajans.

25
6.4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

6.4.1. Preparo da solução de AgNO3 0,05 mol L-1.

a) Pese em um béquer a massa de AgNO3 p.a. previamente determinada e


transfira quantitativamente com água destilada livre de cloreto para um balão
volumétrico com capacidade para 500 mL;
b) Afira o volume com água destilada. Tampe e homogeneíze a solução com
movimentos de inversão do balão;
c) Guarde a solução em frasco âmbar, limpo e seco, e rotule.

6.4.2. Padronização da solução de AgNO3 0,05 mol L-1 pelo Método de


Fajans.

a) Meça com precisão em um béquer a massa do padrão primário NaCl


previamente determinada, confirmando que o mesmo foi seco em estufa a 250-300 oC
durante 30 minutos, que está hermeticamente fechado e em dessecador, e transfira
quantitativamente para um erlenmeyer;
b) Dissolva em aproximadamente 25 mL de água destilada e verifique o pH com
papel indicador de pH. Caso necessário, adicione 0,5 g de CaCO 3. Acrescente 10 gotas
do indicador fluoresceína a 0,1% em etanol a 70%;
c) Condicione uma bureta de 25 mL pelo menos 3 vezes com porções de 2 mL
da solução de AgNO3 padronizada, descartando de forma correta. Encha e ajuste o
volume da bureta para 0 mL; Certifique-se de que não há vazamento na torneira da
bureta e nem a formação de bolhas. Substitua-a, caso necessário. O contato com solução
de AgNO3 deixa manchas escuras na pele e na roupa, cuidado!
d) Titule com a solução de AgNO3 0,05 mol L-1. O cloreto de prata flocula cerca
de 1% antes do ponto de equivalência. Recomenda-se a adição de 1,5 mL de dextrina
1% para evitar a coagulação do cloreto de prata. Continue a titulação até que se observe
a alteração de cor do precipitado para vermelho.
e) Repita a titrimetria com outras duas massas de NaCl.

6.4.3. Determinação de cloreto em sal dietético.

6.4.3.1. Método de Mohr.


a) Meça com precisão a massa de aproximadamente 0,5000 g da amostra de sal
dietético;
b) Dissolva em água destilada e transfira quantitativamente para um balão
volumétrico de 100 mL e afira o volume com água destilada;
c) Pipete uma alíquota de 10,00 mL da solução do balão, transfira para um
erlenmeyer de 125 mL, adicione 10 mL de água e 1 mL da solução de K2CrO4 a 5 %;
d) Titule com a solução padrão de AgNO 3 até que se inicie a precipitação do
Ag2CrO4, vermelho tijolo;
e) Repetir a titrimetria com outras 2 alíquotas da solução da amostra.

6.4.3.2. Método de Fajans.


a) Pipete uma alíquota de 10 mL da amostra de sal dietético, preparada
anteriormente (Mohr, 6.4.3.1.) e transfira para um erlenmeyer de 125 mL;

26
b) Adicione 10 mL de água e verifique o valor do pH. Caso necessário, adicione
0,5 g de CaCO3. Adicione 10 gotas do indicador fluoresceína a 0,1% em etanol a 70%;
c) Titule com a solução padrão de AgNO3 até que o precipitado subitamente
adquira coloração vermelha. Recomenda-se a adição de 1,5 mL de dextrina 1% para
evitar a coagulação do cloreto de prata cerca de 1% antes do ponto de equivalência;
d) Repetir a titrimetria com outras 2 alíquotas da amostra.

6.4.4. Determinação de cloreto em soro fisiológico.

6.4.4.1. Método de Mohr.


a) Pipete uma alíquota de 5 mL da amostra de soro fisiológico;
b) Transfira quantitativamente para um erlenmeyer de 125 mL, adicione 20 mL
de água e verifique o valor do pH. Adicione 1 mL da solução de K2CrO4 a 5 %;
c) Titule com a solução padrão de AgNO 3 até que se inicie a precipitação do
Ag2CrO4, vermelho tijolo;
d) Repetir a titrimetria com outras 2 alíquotas da solução da amostra.

6.4.4.2. Método de Fajans.


a) Pipete uma alíquota de 5 mL da amostra de soro fisiológico;
b) Transfira quantitativamente para um erlenmeyer de 125 mL, adicione 20 mL
de água e verifique o valor do pH. Adicione 10 gotas do indicador fluoresceína a 0,1%
em etanol a 70%;
c) Titule com a solução padrão de AgNO3 até que o precipitado subitamente
adquira coloração vermelha. Recomenda-se a adição de 1,5 mL de dextrina 1% para
evitar a coagulação do cloreto de prata cerca de 1% antes do ponto de equivalência;
d) Repetir a titrimetria com outras 2 alíquotas da solução da amostra.

6.5. ATIVIDADES PÓS-LABORATÓRIO

Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O


relatório teve contemplar:
a) Cálculos envolvidos, reações e expressar os resultados em termos de molaridade
média, estimativa do desvio padrão, desvio padrão relativo e intervalo de
confiança (95%).
b) Determine a concentração molar da solução padronizada de AgNO3;
c) Determine a % (m/m) de cloreto nas amostras de sal dietético e soro fisiológico;
d) Discutir sobre os valores encontrados pelas duas técnicas;
e) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

6.6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BACCAN, J.C., BARONE, J.S., GODINHO, O. E. S. de Andrade, Analítica


Quantitativa Elementar. 3ª Ed. São Paulo: Edgard Blucher.
HARRIS, C. D. Análise Química Quantitativa, LTC Editora, Rio de Janeiro, Tradução:
Bonapace, J. A. P. e Barcia, O. E. 2005.

27
8. TITRIMETRIA DE COMPLEXAÇÃO COM EDTA – DETERMINAÇÃO DE
CÁLCIO E MAGNÉSIO.

7.1. INTRODUÇÃO

A titulometria de formação de complexos, ou simplesmente complexometria,


baseia-se em reações envolvendo um íon metálico M+ e um agente ligante L, com
formação de complexos estáveis de baixo grau de dissociação.
Um dos reagentes mais empregadas é o EDTA (do acrônimo em inglês:
EthyleneDiamineTetrAcetic acid. É um composto orgânico que surgiu em 1945 e age
como ligante polidentado, formando complexos muito estáveis com diversos íons
metálicos. Alcalinos e alcalinos-terrosos devem ter pH alcalino na reação de
complexação para que o α4 seja elevado. A escolha do pH deve recair também na
eliminação da possibilidade de formação de precipitados com hidróxidos metálicos.
Em determinações complexométricas onde se emprega o Na2.EDTA como
titulante, os indicadores utilizados são diversos compostos orgânicos, que formam
complexos fortemente coloridos com os cátions onde a cor difere daquela do indicador
livre. O complexo cátion-indicador deve ser estável, porém com valor de Kf menor do
que o da reação principal com o analito (cátion-EDTA) para que se possa observar uma
mudança de cor devido ao deslocamento do cátion no complexo cátion-indicador pelo
Na2.EDTA.
Originalmente, a dureza total de uma água (DT) foi entendida como sendo a
medida da capacidade de uma água em precipitar o sabão. Os sabões são precipitados
principalmente por Ca2+ e Mg2+ e também por Al3+, Fe3+, Mn2+, Sr2+, Ba2+ e Zn2+. Como
normalmente estão presentes nas águas grandes quantidades de Ca 2+ e Mg2+, a DT
representa a concentração total de Ca2+ e Mg2+ e é expressa em termos de CaCO3.
A DT é a soma das seguintes durezas:
a) dureza permanente ou dureza de não carbonatos: é devida aos sulfatos,
cloretos e nitratos de Ca2+ e Mg2+.
b) dureza temporária ou dureza de carbonatos: é devida aos carbonatos e
bicarbonatos de Ca2+ e Mg2+ podendo ser removida pela ebulição.
As duas são expressas também em termos de CaCO3.
O padrão de potabilidade definido pelo ministério da saúde (portaria Nº 2.914,
de 12 de dezembro de 2011) tem limite de 500 mg L-1 CaCO3.

Tabela 7.1. Dureza Total da água.


Classificação mg L-1 CaCO3 mmol L-1
Mole 0 – 50 0 – 0,5
Dureza Moderada 50 – 150 0,5 – 1,5
Dura 150 – 300 1,5 – 30
Muito Dura >300 >30
Fonte: VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 3 a Ed. Belo
Horizonte: Departamento de Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Minas Gerais; 2005.

O indicador Negro de Eriocromo T (NET), em presença de Ca 2+ e Mg2+, forma


com o Mg2+ um complexo de cor vermelha-lilás. Após a reação de todo o Ca 2+ com o
EDTA, este passa a reagir com o Mg2+ do complexo Mg-NET, indicando o ponto final
quando pela liberação do indicador NET (azul).

28
7.2. OBJETIVO

Preparar e padronizar uma solução de EDTA (Na2H2Y.2H2O) 0,005 mol L-1 para
fazer as determinações da dureza total em água, o teor de cálcio em leite em pó e o teor
de magnésio em leite de magnésia.

7.3. ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO

Determine a massa de EDTA necessária para preparar 500 mL de solução 0,005


mol L-1.
Determinar a massa de CaCO3 (padrão primário) necessária para o preparo de
uma solução que contenha 0,005 mol L-1 em 100 mL.

7.4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

7.4.1. Preparo da solução de EDTA 0,005 mol L-1.

a) Pesar em um béquer a massa de EDTA, previamente determinada para o


preparo de 500 mL de solução a uma concentração de 0,005 mol L -1, e dissolva com 50
mL de água destilada previamente fervida;
b) Transfira quantitativamente para um balão volumétrico com capacidade para
500 mL. Afira o volume com água destilada fervida e fria. Tampe e homogeneíze com
movimentos de inversão do balão;
c) Transfira a solução para um frasco plástico limpo e rotule.

7.4.2. Padronização da solução de EDTA 0,005 mol L-1.

a) Após o padrão primário (CaCO 3) ser seco a 110 oC por 1 hora e atingir a
temperatura ambiente em dessecador, pese com precisão a massa previamente
determinada e transfira quantitativamente para um balão volumétrico de 100 mL com
auxílio de água destilada;
b) Cuidadosamente, adicione a quantidade mínima de HCl concentrado para
dissolver o Carbonato de Cálcio. Completar até o menisco com água destilada (realizar
essa etapa em capela);
c) Transfira quantitativamente uma alíquota de 25 mL para um erlenmeyer de
125 mL.
d) Adicione 5 mL de tampão amoniacal pH 10 (12,8 g NH 4Cl+114 mL NH4OH
e aferi para 200 mL) e 3 gotas de indicador Negro de Eriocromo T 0,1%;
e) Titule com a solução de EDTA até mudança de cor (viragem de vermelho
vinho para azul);
f) Repita o procedimento com mais 2 alíquotas da solução do padrão primário.

7.4.3. Determinação da dureza total da água.

a) Transfira quantitativamente uma alíquota de 50 mL de amostra para um


erlenmeyer de 125 mL;

29
b) Adicione pequena quantidade de cloridrato de hidroxilamina, 5 mL de tampão
amoniacal pH 10 e 5 gotas de indicador Negro de Ériocromo T;
c) Titule com a solução padrão de EDTA até mudança de cor;
d) Repita este procedimento com outras 2 alíquotas da amostra.

7.4.4. Determinação de cálcio em leite em pó.

a) Meça com precisão uma amostra de 0,30 g de leite em pó (anotar a marca) e


transfira quantitativamente para um erlenmeyer;
b) Dissolva a amostra com 25 mL de água destilada;
c) Adicione 5 mL de tampão amoniacal pH 10, 1,5 mL de solução Mg-EDTA
(1:1, 0,2 mol L-1) e 5 gotas do indicador NET;
d) Titule com solução padrão de EDTA 0,005 mol L -1 até o ponto de viragem
(púrpura – azul);
e) Repita este procedimento com outras 2 massas de amostra.

7.4.5. Determinação de magnésio em leite de magnésia

a) Agitar vigorosamente o frasco de leite de magnésia. Anotar a marca;


b) Pesar imediatamente, com o auxílio de um conta-gotas, cerca de 0,05-0,1 g da
amostra em um béquer;
c) Adicionar algumas gotas de HCl concentrado (apenas o necessário para
completa dissolução da amostra. ATENÇÃO: utilizar a capela e cobrir o béquer com
vidro de relógio);
d) Transferir quantitativamente a amostra para um erlenmeyer de 125 mL com
25 mL de água. Lavar bem o béquer com água;
e) Adicionar 2 mL de solução tampão amoniacal a pH 10 e 3 gotas do indicador
Negro de Eriocromo T;
f) Titular com a solução de EDTA 0,005 mol/L até que a cor da solução mude
de vinho para azul;
g) Repetir o procedimento mais duas vezes.

7.5. PÓS-LABORATÓRIO

Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O


relatório teve contemplar:
a) Cálculos envolvidos, reações e expressar os resultados em termos de molaridade
média, estimativa do desvio padrão, desvio padrão relativo e intervalo de
confiança (95%).
b) Determine a concentração molar da solução padronizada de EDTA;
c) Determine a dureza total da amostra expressando o resultado em mg de CaCO 3
L-1;
d) Determine o conteúdo de cálcio no leite em pó e expresse o resultado em mg de
Ca2+/100 g de leite;
e) Calcular a porcentagem de hidróxido de magnésio no leite de magnésia;
f) Por que titulações complexométricas com EDTA devem ser realizadas em
sistemas tamponados?

30
g) Como o teor de magnésio é obtido por diferença entre titulações, o que
caracteriza este procedimento?
h) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

7.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HARRIS, D. C. QuímicaAnalítica Quantitativa. Rio de Janeiro: LCT, 2002.


BROWN, LEMAY E BURSTEN. Química: A Ciência Central. 7ª ed. Rio de Janeiro:
LTC, 1997.
VOGEL, A. Análise Inorgânica Quantitativa, 4ª edição, Rio de Janeiro, Editora
Guanabara, 1981.

31
9. TITRIMETRIA DE OXIRREDUÇÃO – IODIMETRIA.

8.1. INTRODUÇÃO

O equilíbrio de Oxirredução é o processo no qual há transferência de elétrons de


uma substância (oxidada) para outra (reduzida). Os principais métodos da titrimetria de
Oxirredução são: iodimetria (iodo), iodometria (iodeto + tiossulfato de sódio),
iodatimetria (iodato de potássio), permanganometria (permanganato de potássio),
cerimetria (sulfato de cério IV) e dicromatometria (dicromato de potássio).

A técnica da iodometria se baseia em processos de oxirredução envolvendo o


iodo, cuja semi-reação é:

I2(aq) + 2 ē => 2 I- Eo = 0,615 V

A solubilidade do iodo em água é baixa (0,335 g L -1) e a pressão de vapor é


muito elevada, o que provoca a diminuição da concentração nas suas soluções aquosas.
Esses inconvenientes são evitados dissolvendo o I 2 em uma solução aquosa de KI para
formar o íon triiodeto, mais solúvel e com potencial padrão próximo ao iodo. Portanto,
o íon triiodeto é a espécie reativa:
I2 + I- => I3 -
I3 - + 2 ē => 3I- Eo = 0,536 V

Devido ao potencial padrão, a iodometria compreende 2 técnicas titulométricas:

a) Técnica direta ou IODIMETRIA consiste em titular diretamente um redutor (E o <


0,536 V) com o íon I3 -;

b) Técnica indireta ou IODOMETRIA que consiste em tratar um oxidante (Eo > 0,536
V) com excesso de KI e titular o I2 liberado com Na2S2O3 padronizado.

IO3- + 5I- + 6H+ => 3I2 + 3H2O Eo = 0,660 V

2S2O3-2 + I2 => S4O6-2 + 2I- Eo = 0,456 V


(tetrationato)

A padronização do tiossulfato pode ser realizada com o padrão primário KIO 3 ou


com K2Cr2O7.

Cr2O7-2 + 6I- + 14H+ = 2Cr+3 + 3I2 + 7 H2O Eo = 0,794 V

As técnicas apresentam potencialmente duas fontes de erro que são a perda de


iodo devido a sua volatilidade e a oxidação do I - pelo O2 do ar em soluções ácidas. Para
evitar a ação destas fontes de erros deve-se observar:

a) a solução de I2 deve conter excesso de KI para diminuir a volatilidade do I 2 devido a


formação de I3 -;

32
b) realizar titulações a frio e sempre em erlenmeyer;
c) conservar as soluções de I3 - e S2O32- em frasco escuro e ao abrigo da luz solar direta;
d) usar erlenmeyer tampado na iodometria durante a titulação (liberação de I2);
e) evitar agitações vigorosas;
f) manter o pH < 9 para evitar a hidrólise do I3 -

I3 - + H2O => HIO + 2 I- + H+

O ponto final da titrimetria de oxirredução pode ser determinado de 3 formas


distintas:
a) por mudança de cor de um indicador ao receber ou doar elétrons;
b) por mudança de cor devido à adsorção do iodo pelo amido;
c) por excesso do titulante que torna a solução levemente corada.

As soluções de I3- são de cor amarela intensa a castanha. Embora 1 gota de


solução 0,1 mol L-1 transmita uma cor amarela-pálida perceptível em 100 mL de água,
usa-se como indicador o amido.
O amido reage com I3- formando um complexo de cor azul que é visível em
concentrações mínimas de I3-. A sensibilidade é tal que a cor azul é visível quando a
concentração de I2 é 2x10-5 mol L-1 e a de I- maior que 4x10-4 mol L-1 a 20 oC na solução
de I3-, e esta sensibilidade decresce com o aumento da temperatura. O amido é composto
de:

a) Amilose - de cadeia simples que forma um complexo azul (β-amilose + I 3-) onde a
cadeia se torna espiralada.

b) Amilopectina - de cadeia ramificada que forma um complexo de adsorção de cor


violácea (α-amilose + I3-).

O indicador, embora possua sensibilidade, apresenta as seguintes desvantagens:

a) insolubilidade em água fria;


b) instabilidade em suspensões aquosas;
c) forma complexos insolúveis com I3- o que impede a sua adição no início da titulação.

O hipoclorito de sódio (NaOCl) é um oxidante forte usado como alvejante ou


como agente bactericida. Normalmente determina-se o Cloro Ativo que representa a
quantidade de Cl2 liberado do produto após a sua acidificação com HCl segundo a
equação:

2NaOCl + 4HCl => 2NaCl + 2H2O + 2Cl2

A determinação fundamenta-se na reação do OCI- com I- em meio ácido que


produz uma quantidade equivalente de I2 que é titulada com Na2S2O3.

OCl- + 2I- + 2H+  Cl- + I2 + H2O

O produto comercial concentrado contém 12% de cloro ativo.

33
A vitamina C ou ácido ascórbico (C 6H8O6) é um importante antioxidante
biológico. O ácido ascórbico é um pó cristalino, branco ou ligeiramente amarelo,
inodoro e de sabor ácido agradável. Quando exposto à luz escurece gradualmente. No
estado seco é razoavelmente estável ao ar, mas em solução oxida-se rapidamente.

Como agente redutor, mantém o átomo de ferro presente na enzima


prolylhiroxilase sob forma de (Fe2+). Ajudando a manter a atividade desta enzima que é
essencial, entre outras coisas, para a síntese de colágeno. Uma dose mínima diária de 30
mg de vitamina C previne doenças como o escorbuto. A determinação quantitativa de
ácido ascórbico (vitamina C) contida em suco de fruta ou solução é feita por titulação
com solução aquosa de I2/KI usando como indicador a solução aquosa de amido 1%.

O ácido ascórbico é oxidado pelo I2 (na forma de I3-). Conforme o ácido


ascórbico vai sendo oxidado, o I2 vai se reduzindo a I-. No ponto final da titulação o
primeiro excesso de I2 irá formar com o amido um complexo de cor azul. Como a
solução é facilmente oxidada pelo oxigênio do ar essa determinação deve ser feita com
rapidez e agitação moderada.

A solubilidade do ácido ascórbico é de aproximadamente 28 g / 100 mL de água


(1 g de ácido ascórbico dissolve-se em 3,5 mL de água) e cerca de 3,3 g por 100 mL de
álcool. É solúvel em acetona, mas insolúvel em éter, clorofórmio, em éter de petróleo e
em benzeno. A categoria da vitamina C está em Antiescorbútica.

Reação da titulação iodimétrica:

C6H8O6 + I2 => C6H6O6 + 2 HI

Fórmulas Estruturais:

H OH OH
O H
C O O O + 2HI
+ I2 Amido C
HOH 2 C
HOH 2C
OH OH O O
8.2. OBJETIVO:

Preparar e padronizar uma solução de tiossulfato de sódio (Na2S2O3) e uma


solução de I2 para determinar o teor de NaOCl em água sanitária e o teor de vitamina C
em comprimido.

8.3. ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO

a) Determine a massa de Na2S2O3 (MM = 248 g mol-1) necessária para o preparo


de 500 mL de uma solução 0,01 mol L-1.
b) Determine a massa de K2Cr2O7 (MM K2Cr2O7 =294 g mol-1) prevista para
consumir um volume aproximado de 20 mL da solução de Na2S2O3.

8.4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

34
8.4.1. Preparo da solução de Na2S2O3 0,01 mol L-1.

a) Pesar em balança analítica a massa de Na 2S2O3.5H2O previamente


determinada para contemplar 500 mL de uma solução 0,01 mol L-1;
b) Dissolva o sal em cerca de 100 mL de água destilada fria, previamente
fervida e adicione 0,5 mL de clorofórmio;
c) Completar e aferir o volume para 500 mL com água destilada fervida e fria;
d) Guarde a solução em frasco escuro e limpo e rotule.

8.4.2. Padronização da solução de Na2S2O3 0,01 mol L-1.

a) Pesar com precisão a massa de K2Cr2O7 previamente dessecado em estufa a


200-250oC durante 30 minutos
b) Transferir para erlenmeyer de 125 mL e dissolver em 10 mL de água
destilada
c) Adicionar 0,2 g de iodeto de potássio e dissolver na solução com o dicromato;
d) Adicionar 1 mL de HCl conc. e homogeneizar
e) Titular o iodo liberado com a solução de Na2S2O3 até mudar a cor da solução
de marrom escuro para amarelo-esverdeado
f) Repetir mais duas vezes a titulação.

8.4.3. Preparo de uma solução 0,0075 mol L-1 de I2.

a) Pesar em balança analítica a massa 5 g de iodeto de potássio (KI) e dilua em


cerca de 50 mL;
b) Pese cerca de 1 g de iodo puro (I2) em um vidro de relógio e transfira para o
béquer que contém o KI;
c) Transfira quantitativamente todo o conteúdo do béquer para um balão
volumétrico de 500 mL;
d) Complete com água e afira. Tampe o balão, homogeneíze a solução com
movimentos invertidos e transfira para um frasco âmbar.

8.4.4. Padronização de uma solução 0,0075 mol L-1 de I2.

a) Transfira com exatidão 10,00 mL da solução de I2 para um erlenmeyer;


b) Titule com uma solução padronizada de Na2S2O3 0,01 mol L-1;
c) Próximo ao final da titulação, quando a coloração da solução mudar de
vermelho para levemente amarelada, adicione 2 mL de solução de amido 1%. Continue
a titulação até a cor da solução titulada mudar de azul escuro para incolor;
d) Repita o procedimento com mais duas alíquotas.

8.4.5. Determinação de cloro ativo em hipoclorito de sódio comercial.

a) Diluir 5,0 mL da solução concentrada em um balão volumétrico de 100 mL;


b) Transfira quantitativamente 5,0 mL da solução amostra para erlenmeyer de
125 mL com tampa;
c) Acrescente 30 mL de água destilada e adicione 0,25 g de KI e 2,5 mL de
H2SO4 1 mol L-1, agitando suavemente;

35
d) Tampe o erlenmeyer e deixe repousar a solução por 5 minutos ao abrigo da
luz;
e) Titule o iodo liberado com solução de Na2S2O3 0,01 mol L-1 até a cor amarela
clara;
f) Adicione 1 mL de amido 1% e continue a titulação até desaparecimento da
cor azul;
g) Repita a titulação mais duas vezes com outras alíquotas da amostra.

8.4.6. Determinação do teor de ácido ascórbico (vitamina C) em


comprimido.

a) Pesar em balança analítica a massa de 1 comprimido. Pulverize o comprimido


e pese 0,1000 g em vidro de relógio;
b) Transfira quantitativamente para um béquer e dissolva em água. Transfira
quantitativamente para um balão volumétrico de 100 mL contendo 10 mL de água.
Agite para dissolver ao máximo. Em alguns casos o excipiente q.s.p pode permanecer
insolúvel. Afira o volume;
c) Transfira quantitativamente uma alíquota de 20 mL desta solução para
erlenmeyer e adicione 1 mL do indicador amido;
d) Titular com solução padrão de I2 até o aparecimento de cor azul;
e) Repita o procedimento utilizando 2 novas alíquotas da solução da amostra.

Observação: No caso de determinações em sucos de fruta, filtre e transfira diretamente


uma alíquota de 20 mL para o erlenmeyer. Adicifique com 3 gotas de HCl 3 mol L -1 e
titule com solução padrão de I2 na presença de amido.

8.5. ATIVIDADES PÓS-LABORATÓRIO

Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O


relatório teve contemplar:
a) Cálculos envolvidos, reações e expressar os resultados em termos de molaridade
média, estimativa do desvio padrão, desvio padrão relativo e intervalo de
confiança (95%).
b) Determine a concentração molar das soluções de tiossulfato e de iodo;
c) Determine o teor de Cloro Ativo expressando em termos de % (m/v) de NaOCl;
d) Determine o teor de vitamina C no comprimido expressando em termos
percentual e em mg de vitamina C por comprimido;
e) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

8.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACCAN, J.C., BARONE, J.S., GODINHO, O. E. S. de Andrade, Analítica


Quantitativa Elementar. 3ª Ed. São Paulo: Edgard Blucher.
HARRIS, C. D. Análise Química Quantitativa, LTC Editora, Rio de Janeiro,
Tradução: Bonapace, J. A. P. e Barcia, O. E. 2005.

36
10. TITRIMETRIA DE OXIRREDUÇÃO – PERMANGANOMETRIA.

9.1. INTRODUÇÃO

A técnica é baseada em reações de oxidação com o agente oxidante MnO 4-, que
podem ocorrer em meio ácido ou neutro-alcalino. Semi-reações envolvidas:
Meio ácido:
MnO4- + 8 H+ + 5 ē  Mn2+ + 4 H2O Eo = +1,51 V

Meio neutro-alcalino:
MnO4- + 3 H2O + 3 ē  MnO(OH)2 + 4 OH- Eo = + 0,59 V

As titulações em meio H+ são mais vantajosas devido a:


a) maior poder de oxidação;
b) o Mn2+ é incolor enquanto que o Mn4+ é um precipitado castanho escuro o que
impede a boa visualização do ponto final da titulação;
c) maior campo de aplicação.

Uma solução neutra de KMnO4 se decompõe lentamente segundo a equação:


4 MnO4- + 2 H2O  4 MnO2 + 3 O2 + 4 OH-

e as soluções ácidas são mais instáveis.


O MnO2 autocatalisa a reação de decomposição. O MnO 2 pode ser introduzido
na solução pelo próprio reagente sólido, pela água destilada que pode apresentar traços
de substâncias redutoras (pó, NH3, compostos orgânicos) e pela exposição do reagente à
luz que reduzem Mn7+ a Mn4+.
O aquecimento da solução acelera a formação de MnO 2; após o aquecimento e
repouso da solução, a mesma deve ser filtrada por cadinho de Gooch com amianto
(calcinado previamente) ou por cadinho de vidro com placa porosa G3. Não se usa
papel filtro porque este reage com o MnO4- e reintroduz o MnO2.
Na padronização do KMnO4 usa-se o Na2C2O4 como padrão primário:

2CO2 + 2H+ + 2ē  H2C2O4 Eo = -0,49 V

2MnO4- + 5H2C2O4 + 6H+  2Mn2+ + 10CO2 + 8H2O Eo = +2,0 V

Nas reações permanganimétricas o KMnO4 atua como autoindicador e o ácido a


ser utilizado é o H2SO4 porque não é redutor nem oxidante. O HNO 3 é oxidante e o HCl
é redutor frente ao KMnO4.
A água oxigenada é utilizada devido ao seu poder oxidante e é encontrada
usualmente sob a forma de 3% (10 volumes), 6% (20 volumes), 12% (40 volumes) e
30% (100 volumes). A concentração expressa em "volumes" significa o volume de
O2 liberado quando a solução é decomposta por aquecimento. Por exemplo: 1 mL de
H2O2 100 volumes produz 100 mL de O2 nas CNTP.
O H2O2 reage com MnO4- em meio ácido segundo a equação:

2MnO4- + 5H2O2 + 6H+ => 2Mn2+ + 5O2 + 8H2O

9.2. OBJETIVOS

37
Preparar e padronizar uma solução de KMnO4 e determinar o teor de peróxido de
hidrogênio em água oxigenada.

9.3. ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO

Determine a massa de KMnO4 necessária para preparar 500 mL de uma solução


0,02 mol L-1.
Determine a massa de oxalato de sódio (Na 2C2O4) necessária para consumir
aproximadamente 15 mL de uma solução 0,02 mol L-1 de KMnO4.

9.4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

9.4.1. Preparação de uma solução 0,02 mol L-1 de KMnO4.

a) Meça em um béquer a massa de KMnO4 previamente determinada;


b) Transfira para um béquer com 500 mL de água destilada;
c) Cubra o béquer com um vidro de relógio e ferva a solução por 15 minutos;
d) Deixar esfriar, filtre em funil com lã de vidro e guarde a solução em frasco
escuro.

9.4.2. Padronização de uma solução 0,02 mol L-1 de KMnO4.

a) Seque o oxalato de sódio numa estufa a 105-110 oC por 1 hora, retire da


estufa e deixar em dessecador;
b) Meça com precisão a massa de oxalato previamente determinada e transfira
quantitativamente para um erlenmeyer de 250 mL;
c) Dissolva o oxalato em 20 mL de água destilada e adicione 10 mL de H 2SO4 6
mol L-1;
d) Aqueça a solução a 90 oC;
e) Resfrie e titule gota a gota (reação é lenta no início) com a solução de KMnO 4
até permanência da coloração rósea durante 30 segundos.
f) Repita este procedimento com mais 2 titulações com o oxalato de sódio;

9.4.3. Determinação do teor de peróxido de hidrogênio em água oxigenada.

a) Retirar uma amostra 10 mL de água oxigenada (supostamente 10 volumes),


transferir quantitativamente para um balão volumétrico de 100 mL e aferir com água
destilada;
b) Transferir uma alíquota de 10 mL da solução do balão para um erlenmeyer de
125 mL, adicione 10 mL de água destilada e acidifique com 10 mL de H2SO4 6 mol L-1;
c) Titule com a solução padrão de KMnO 4 0,02 mol L-1 até surgimento da
coloração rósea persistente por 30 segundos;
d) Repetir a titulação com mais 2 alíquotas da amostra diluída;

Observação: Para amostras de água oxigenada cremosa (20 volumes), a solução da


amostra é preparada a partir de 4 g de amostra diluída para 100 mL.

9.5. ATIVIDADES PÓS-LABORATÓRIO

38
Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O
relatório teve contemplar:
a) Cálculos envolvidos, reações e expressar os resultados em termos de molaridade
média, estimativa do desvio padrão, desvio padrão relativo e intervalo de
confiança (95%).
b) Determine a concentração molar da solução padronizada de KMnO4;
c) Determine o teor de H2O2 e expresse o resultado em % (m/v);
d) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

9.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

N. BACCAN, J. C. DE ANDRADE, O. E. S. GODINHO E J. S. BARONE, Química


Analítica Quantitativa Elementar, 2a edição, Editora da UNICAMP, Campinas,
1995.
G. H. JEFFREY, J. BASSET, J. MEDHAM, R.C. DENNEY, Vogel Análise Química
Quantitativa, 5a edição, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1992
D. A. SKOOG, D. M. WEST, F. J. HOLLER AND S. R. CROUCH, Fundamentos de
Química Analítica, Tradução da 8a edição americana, Thomson, São Paulo, 2006.

39
11. TESTE DE PRECISÃO

10.1. INTRODUÇÃO

Um resultado analítico não tem confiabilidade se for apresentado apenas como


um dado absoluto. A precisão fornece a medida da incerteza daquela medição e,
portanto, deve ser expressa como repetitividade e/ou reprodutibilidade.

Repetitividade: resultados obtidos usando mesmo procedimento de medição,


mesmo observador, mesmo instrumento sob as mesmas condições, mesmo local e
repetições em curto espaço de tempo.

Precisão Intermediária: precisão avaliada sobre a mesma amostra, amostras


idênticas ou padrões, utilizando o mesmo método, no mesmo laboratório ou em
laboratórios diferentes, mas definindo exatamente quais as condições a variar. Pode-se
variar uma ou mais das condições, como, por exemplo, analista, equipamento, tempo,
instrumento.

Para um método absoluto, como a titrimetria, não é necessário o uso de curva


analítica, que é apropriada para métodos relativos, onde o padrão é utilizado como meio
para a determinação de um analito na amostra. No entanto, a fim de estudar o uso da
curva de calibração, o gráfico volume x concentração pode ser construído e a equação
da reta pode ser obtida e os resultados têm proporção direta com as concentrações das
substâncias em estudo.

Equação da reta : y = ax + b

Onde: a - coeficiente angular (inclinação)


b - coeficiente linear (Intersecção da curva)
y - variável dependente
x - variável independente
r - coeficiente de correlação

10.2. OBJETIVOS
]
Determinar a repetitividade e a precisão intermediária para a dureza da água com
uma solução padrão de EDTA e determinar a acidez em vinagre através da curva
analítica com a solução padrão de NaOH.

10.3. ATIVIDADES PRÉ-LABORATÓRIO

a) Calcule o volume necessário de ácido acético para preparar a solução com a


concentração 0,2 mol L-1;
b) Simule a curva analítica que será obtida na prática com os dados do
procedimento 10.4.2.

10.4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

10.4.1. Determinação da precisão para a dureza total da água.

40
a) Transfira quantitativamente uma alíquota de 50 mL de amostra para um
erlenmeyer de 125 mL;
b) Adicione pequena quantidade de cloridrato de hidroxilamina, 5 mL de tampão
amoniacal pH 10 e 5 gotas de indicador Negro de Eriocromo T;
c) Titule com a solução padrão de EDTA 0,005 mol L -1, comum a todos, até
mudança de cor;
d) Repita este procedimento com outras 4 alíquotas da amostra;
e) Obter os resultados das outras determinações realizadas.

10.4.2. Construção da curva analítica na determinação da acidez em


vinagre.

a) Preparar a solução padrão de ácido acético 0,2 mol L-1;


b) Retirar um alíquota de 1,00 mL da solução padrão de ácido acético (ponto 1),
transferir para um erlenmeyer de 125 mL, adicionar ± 10 mL de água fervida e fria, 2
gotas de fenolftaleína e titular com a solução padrão de NaOH 0,05 mol L -1 em uma
bureta de 50 mL até a primeira leve coloração rósea persistente;
c) Repetir o procedimento acima (b) com alíquotas de 2,00 mL (ponto 2), 5,00
mL (ponto 3) e 10,00 mL (ponto 4). Fazer uma determinação para cada ponto;
d) Pipetar 1,00 mL da amostra de vinagre e transferir para um erlenmeyer de
125 mL, adicionar ± 10 mL de água fervida e fria, 2 gotas de fenolftaleína e titular com
a solução padrão de NaOH 0,05 mol L-1 em uma bureta de 50 mL até a primeira leve
coloração rósea persistente;
e) Repetir o procedimento do item d mais uma vez.

10.5. ATIVIDADES PÓS-LABORATÓRIO


Elaborar o relatório apresentando os resultados e as identificações das amostras. O
relatório teve contemplar:
a) Determine a dureza total da amostra expressando o resultado em mg de CaCO 3
L-1 e a precisão em termos de repetitividade e precisão intermediária,
informando através da estimativa do desvio padrão (s), a porcentagem do
coeficiente de variação (CV%) e a incerteza para um intervalo de confiança de
95%;
b) Calcular a percentagem de ácido acético no vinagre expressando em g/100 mL
através da curva analítica entre o volume do titulante NaOH (x) e a massa (g) da
solução padrão de ácido acético (y);
c) Questões referentes ao tema suscitados pelo professor.

10.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

G. H. JEFFREY, J. BASSET, J. MEDHAM, R.C. DENNEY, Vogel Análise Química


Quantitativa, 5a edição, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1992
D. A. SKOOG, D. M. WEST, F. J. HOLLER AND S. R. CROUCH, Fundamentos de
Química Analítica, Tradução da 8a edição americana, Thomson, São Paulo, 2006.
LEITE, F. – Validação em Análise Química, 5ª ed., Editora Átomo, 2008, 357p.

41

Das könnte Ihnen auch gefallen