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L I

D E

R A R

ADMA GARZERI
SILVIO URBANO
A HISTÓRIA DA LIDERANÇA

COPYLEFT © 2017 DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DO


ALTRUÍSMO
COPYLEFT © 2017 TEXTO DE AUTORIA DE ADMA
GARZERI E SILVIO URBANO

ESCOLA DO ALTRUISMO
ESCOLADOALTRUISMO.COM.BR

FOTOS:PIXABAY, CIUDAD DE LA PINTURA

L I D E R A R
I N T R O

D U Ç Ã O
Há milhares de anos atrás
houve um momento,
impossível de ser precisado,
no qual a humanidade
passou a se perceber como
INTRODU tal.  Não mais como um
outro componente do reino
ÇÃO animal, mas como uma
espécie à parte de tudo o
que lhe cercava.  Nesse
"A História contribui, sim, momento nascia a
para a auto compreensão autoconsciência do ser
do homem. Contudo, isso humano atual.  Nesse
só tem sentido se momento, a humanidade
enfocarmos a nós mesmos “comeu a maçã” e se
como um eu, uma percebeu diferente do
personalidade. (...) A restante da natureza e sobre
compreensão de nós ela passou a atuar buscando
mesmos mediante a dominá-la cada vez mais.
compreensão do passado
deve capacitar-nos a agir, a Desde então o ser humano
atuar sobre o mundo e passou a ser uma entidade
fixar metas – e também a que sempre viveria em
planejar nosso futuro grupo.  No decorrer da
pessoal. Dela decorre história esses grupos
também, em última receberam diversos nomes,
análise, o estabelecimento tais como: tribos, clãs, reino,
de regras morais, de estado, família, empresa,
conceitos jurídicos e de organização e outros tantos.
tudo o mais.”    Uma coisa todos esses
Rudolf Lanz   grupos tiveram em comum:
a presença de uma
liderança. Suas
características e habilidades
foram se adaptando às
necessidades e à
consciência humana da
época.
P R É

H I S T Ó R I A
as espécies de plantas
disponíveis para a sua
alimentação.  Não era um
trabalho fácil.  Os animais
PRÉ menores tinham de ser
caçados em grande número
HISTÓRIA para suprir as necessidades
dos grupos e as plantas
tinham que ser coletadas
O surgimento da cada vez mais longe de
autoconsciência humana onde o grupo antes se
se deu de forma lenta e reunia.  Já os animais
paulatina e, no início, ela maiores, embora
permitiu apenas a demandassem um menor
percepção de que os seres número de caçadas, exigiam
humanos eram um reino à um esforço maior do grupo
parte da natureza, mas de para trabalhar em sincronia
forma alguma um e representavam extremo
indivíduo se via separado perigo para seus membros.
dos outros membros do  Além disso, caça e coleta
seu grupo.  Ele dependia deveriam ser feitas na
do grupo e o grupo, dele. medida exata para
 Os talentos individuais alimentar o grupo: se o
eram somados para a resultado fosse menor que o
preservação e o sucesso do necessário, a energia gasta
grupo.  De certa forma, pelo grupo não seria reposta
todos os indivíduos e a sobrevivência do grupo
conheciam seu papel estaria ameaçada; se fosse
específico dentro daquele maior, o alimento se
grupo e dele não tinham estragaria e o suprimento na
como se distanciar, já que natureza diminuiria
isso poderia colocar a consideravelmente forçando
preservação individual e do o grupo a antecipar uma
grupo em risco. longa peregrinação em
Os homens ainda busca de um sítio mais
moravam dentro da favorável a novas caças e
natureza, vivendo em coletas.
pequenos grupos que
caçavam os animais à sua
volta e coletavam
Os primeiros grupos mas não era o único.
humanos viviam  Também eram necessários
entrelaçados ao meio um conhecimento da área a
ambiente que os ser explorada e agilidade
circundavam.  Fenômenos para não se tornar a caça,
naturais não podiam ainda além disso a liderança era
ser explicados e, reconhecida por todo o
justamente por isso,  eram grupo não havendo
admirados e, disposição interna e nem
principalmente, temidos. espaço para deposições e
 A “idéia” de que algo maior trocas sucessivas de líderes
e superior comandava as em um ambiente hostil e
forças naturais não sobre o qual os homens
demorou para tomar conta ainda exerciam
da consciência de toda a pouquíssimo controle.
humanidade pré-histórica
e esse algo não residia em
outro lugar senão nos
próprios fenômenos
observados.  Toda a
natureza era vista como
uma expressão daquilo
que mais tarde veio a se
configurar sob o nome de
“Deus”.  O comportamento
da natureza revelava aos
grupos humanos o
contentamento, ou não,
dessa força com os feitos
de seus membros.  Ritos de
agradecimento e de
Arte Rupestre do período
sacrifício aos poucos foram
paleolítico
sendo criados e praticados.
Nesse estágio do
desenvolvimento da
autoconsciência podemos
supor que o grande
balizador para o posto de
liderança era a força física,
A

Í N D I A
com o divino lembrada e

ÍNDIA passada de geração em


geração por uma tradição
c. 6000 a.C. a 3000 a.C. oral, através dos contos
védicos.  Imagens
esplendorosas desse
A humanidade começa
passado era o que habitava
agora a se fixar em
o interior dos homens
pequenos povoados,
gerando representações de
normalmente margeando
deuses magníficos que
os grandes rios da
misturavam o reino animal
península indiana, e
(elefantes e pavões, por
vivendo de pequenas
exemplo) e o vegetal
culturas de subsistência.
(deuses com inúmeros
 Uma ordem político-social
braços como galhos de
estruturada ainda não
árvores) a formas humanas.
existe, embora os
Para ajudar as pessoas nesse
indivíduos sejam
retorno ao paraíso as
classificados por castas –
lideranças eram pessoas
entidades com maior ou
reconhecidas como
menor grau de evolução
extremamente iluminadas
dentro de um plano
pelo divino e que sabiam os
cósmico imaginado para a
meios de se alcançar esse
humanidade.
contato tão almejado com o
Uma das principais
passado.  Aliás, futuro e
características da
presente eram conceitos
humanidade nessa época
pouco importantes nesse
era uma profunda
estágio de autoconsciência,
“saudade” do paraíso
talvez até inexistentes.  A
perdido.  Tudo o que
saudade do passado
existia sobre a Terra era
suplantava as
considerada apenas uma
mesquinharias do dia-a-dia
aparência, uma ilusão –
e as preocupações com o
maia – que escondia o que
futuro.  A vida ainda não era
realmente importava: a
percebida como algo que
realidade do mundo
tem uma trajetória, com
espiritual Os homens de
começo, meio e fim – isso só
então almejavam apenas
viria a acontecer muito mais
um retorno a esse paraíso e
tarde, com a cultura judaica.
a essa comunhão
E G I T O

B A B I L Ô N I A

C U L T U R A
J U D A I C A
comandados por seres
EGITO, espirituais ou divinos. A
própria organização social

BABILÔNIA era uma contra-imagem da


ordem divina.  Cabia ao

E CULTURA faraó e aos sacerdotes a


manutenção da ordem
cósmica sobre a Terra.  O
JUDAICA Faraó não era um
representante de Deus, mas
c. 4000 a.C. a 800 a.C. o próprio Deus – subia ao
trono como Hórus e, ao
Egito – O que morrer, transformava-se em
normalmente é conhecido Osíris. Ele era o dono de
por História começa aqui, todas a terras, bem como o
no chamado berço da juiz supremo que a todos
civilização.  O que controlava e, quando morria,
diferencia esse novo levava consigo tudo e todos
estágio da humanidade é que poderia precisar na vida
que a saudade do paraíso após a morte.  O faraó, os
já não mais existe e uma sacerdotes e os escribas
profunda observação dos eram a representação de
fenômenos e uma hierarquia celeste e,
possibilidades da Terra como o divino tem um
começa a fazer parte da caráter de imutabilidade,
realidade humana.  Ainda essa mesma rigidez foi
não é um pensar expressa em um sistema
intelectualizado, mas uma social que permaneceu
tentativa de encontrar na inalterado por mais de 3000
Terra a mesma organização anos – é  como se nada
e padrão antes tivesse mudado no mundo
reconhecidos no mundo desde a fundação de Roma
espiritual.  Tanto que a até os dias de hoje.  Revoltas
ciência da época tinha um e revoluções também não
caráter profundamente são encontradas no Egito, já
religioso e todos os que a ordem divina não
fenômenos e ritmos devia ser questionada e, sim,
percebidos na natureza mantida. .
eram vistos como uma
réplica dos processos
cósmicos e eram 
Os egípcios buscavam a
compreensão de presente
pelo passado e não tinham
o impulso de uma ação
transformadora que visasse
a transformação do ser
humano e, com isso, a
mudança do mundo.  A
arte egípcia também
representa essa
imutabilidade através de
suas formas rígidas e
angulosas e quanto mais
alta a hierarquia da pessoa,
menos realista era a sua
representação.  E a
importância da
manutenção do presente
pode ser percebida nos
desenhos sempre
representados com a
frontalidade, como se só
houvesse uma dimensão
de tempo para se cultuar.
Apesar dessa extrema
 manutenção do presente,
os homens também
começam a sentir uma
vaga sensação de antes e
depois.  A ordem divina na
Terra já existia hoje, mas
como garantir que isso
acontecesse depois?  A
invenção da escrita veio
suprir essa lacuna e, para
um povo que ainda vivia
mergulhado nas visões de
um ideal divino, ela se deu Pintura egípcia e o retrato de
na forma de imagens que Hesire
representavam idéias
inteiras. 
Babilônia – Diferente do O rei não era considerado
Egito, protegido pelo mar e Deus, mas um
pelo deserto, a Babilônia representante de um
era uma terra de fácil determinado deus que o
acesso para povos inspiraria para representá-lo
exploradores e possuíam, na Terra.  Desse modo, a
por isso, uma cultura um hierarquia não tinha um
pouco diversa da egípcia. caráter religioso e os méritos
 Da mistura de vários povos e defeitos do líder
que assolaram a região começaram a ter uma
continuamente, surgiu importância cada vez maior,
uma cultura mais e isso possibilitava lutas,
expansionista e agressiva variações e inovações
com líderes que pudessem impensáveis em um sistema
guiar a população local a como o existente ao longo
se impor contra os do Rio Nilo.
inimigos invasores. Essa
insegurança gerou nos
babilônicos, não um
sentido de veneração
perante seus deuses, mas
de medo.  A morte não era
apenas uma passagem
para uma outra vida, mas
uma ameaçadora
incógnita.  Isso levava a um
profundo escrutínio dos
fenômenos externos
buscando entender e
antecipar os desígnios
divinos e, assim, aplacar a
ira dos deuses causadores.
 O resultado desse
processo foi não apenas
um maior conhecimento
dos fenômenos naturais, Porta de Ishtar
mas o nascimento de um
espírito de cooperação
para superar desafios que
não havia no reino egípcio. 
A cultura judaica – No Os judeus trouxeram ao
coração da cultura egípcia, mundo as fundações para
em meio a um povo que um pensar interno e
ainda vivia em um mundo individual que só seria
de imagens e sensações verdadeiramente
divinas, com um impulso conceituado na Grécia.
para conhecer e entender  Além disso, o povo judaico
o mundo externo, surge desenvolveu uma
agora uma outra cultura, cosmovisão com começo,
mais interiorizada.  Os meio e fim – criação, Paraíso,
egípcios eram politeístas e possibilidade de opção,
viviam num estado de expulsão, caminhada de
consciência para a qual a volta à Terra Prometida,
imagem era juízo final – vislumbrando
imprescindível, fosse para uma linearidade da história
representar os desígnios humana que trazia implícita
divinos ou para reproduzir um sentido para a
na Terra os esquemas existência.  A existência de
cósmicos desvendados um objetivo para a vida e a
pelo faraó e os sacerdotes. possibilidade de cada um
 Os judeus, embora chegar ao final da jornada
contassem em sua trouxe a necessidade de
mitologia com vários seres regras e critérios que
espirituais distintos – anjos, permitissem uma conduta
arcanjos, serafins, aceita aos olhos de Deus. 
querubins – colocaram
toda a divindade em um
único ser, abstrato embora
antropomórfico, e o qual
não se podia representar
através de imagem, apenas
conceituar internamente
sem buscar auxílio em
referências externas.
 Monoteísmo e
conceituação interna são
dois dos principais fatores
que possibilitaram a esse
povo a antecipação de um Arte na parede da Sinagoga
de Dura-Europos 300 a.c.
impulso que não mais seria
refreado: a individuação. 
O arquétipo maior de liderança para a personalidade
individual que começa a despontar aqui é encontrado na
figura de Moisés.  Um líder que sabe e quer guiar o seu povo
através do deserto, alerta-o constantemente para o caminho
de desenvolvimento que os seus seguidores estão traçando,
aponta as regras de conduta, pratica o que prega, e entende
que a realização de suas obras acabarão repousando nas
mãos de outras pessoas.  Após a longa jornada através do
deserto, Moisés não vai até Canaã, o objetivo da viagem, e
morre no deserto, deixando a Terra Prometida para os que
vêm depois dele.

Arte na parede da Sinagoga de Dura-Europos 300 a.c.


G R E C I A

R O M A
Abertos a tantos perigos
GRÉCIA E que vinham pelo mar, os
gregos precisavam de uma

ROMA forma menos centralizada


de poder, mais autonomia
para decisões rápidas e mais
c. 800 a.C. a 400 d.C. possibilidades para fixar
seus cidadãos e não se
O mundo grego – Nos
tornarem alvos fáceis de
primórdios da cultura
inimigos externos.  O termo
grega o homem se sentia
pólis referia-se tanto à
como uma parte de uma
cidade quanto aos seus
trama que se desenrolava
habitantes, bem como à
nos mundos superiores.
área externa que circundava
 Pouco a pouco, os gregos
e alimentava a cidade.  Ela
perceberam que por trás
deveria ser uma unidade
dos fenômenos havia um
auto-suficiente e não
princípio, uma lei e que
poderia ser grande ao ponto
para se compreender isso
de não permitir que todos
corretamente era
os seus cidadãos
necessário haver algo
participassem da sua
congênere dentro do
administração.  Também
próprio homem.  O ser
fornecia todo o necessário a
humano, então, passou a
uma existência confortável
sentir-se como uma
graças à ação conjunta de
unidade – embora parte
todos os seus membros.
indissolúvel da pólis – e o
A liderança grega já era
reflexo interior de suas
dividida entre o rei da pólis
experiências externas
e os membros que a
tornou-se mais importante
formavam.  O papel do rei
que essas. A própria
era, além de guiar as lutas
geografia da Grécia
contra os inimigos externos,
colaborou para o
principalmente o de
surgimento e a
mantenedor da
permanência da pólis.  
possibilidade de governança
da pólis pelos seus próprios
membros
Ou seja, garantir uma Em Ésquilo o conteúdo era
participação individual místico e a trama se passava
mais ativa na entre os deuses, sendo o
administração, o acesso às homem um mero apêndice;
informações e o direito de em Sófocles já existe um
se expressar livremente em equilíbrio entre a realidade
qualquer ocasião.  A pólis, divina e terrestre, o homem
então, era resultado de um era consciente da vontade
consenso geral de seus divina e se submetia a ela;
membros, era uma obra em Eurípedes as tragédias
humana e não a imitação eram motivadas por
de uma ordem superior, impulsos e vícios humanos.
espiritual. O caminho A possibilidade de
percorrido para a expressão individual não
individuação e a tirou do povo grego traços
autopercepção esteve de uma sociedade
presente em toda a corporativa.  Sobreviventes
produção artística grega. de guerra eram
 Enquanto os templos impiedosamente reduzidos
egípcios eram cavidades ao papel de escravos e a
em pedras que se mulher sempre ocupou
afunilavam cada vez mais, uma posição muito inferior
como que mostrando o do que se poderia esperar
caminho místico para o em uma sociedade tão
espiritual, na Grécia os refinada.  Nem mesmo os
templos podiam ser vistos filósofos mais moralistas ou
por completo em sua humanitários puseram em
tridimensionalidade.  A dúvida esses aspectos da
escultura grega mostra que sociedade grega. 
os indivíduos da pólis e
mesmo os seus deuses já
são representados como
seres humanos.  Na
literatura trágica – Ésquilo,
Sófocles e Eurípedes – essa
transformação é ainda
mais aparente.  
O mundo romano – a A administração do império
História atual é impensável e a estrutura de seu poderio
sem a existência de Roma militar foram obras
e de seu legado para a admiráveis e imitadas por
humanidade, goste-se dele mais de dois milênios.  A
ou não.  Roma criou dois rotatividade anual dos
conceitos que funcionaram cônsules, a instituição do
como um grande Senado, a hierarquização
catalisador de impulsos da civil e militar, o mandato de
Humanidade, tirando-os do um ano dos designados, a
campo teórico e trazendo- tributação, a separação
os para a prática: a entre os poderes político e
universalidade e a espiritual, a divisão do
personalidade humana.  O Império em províncias e
primeiro tez surgir os dessas em unidades
impérios e reinos; o menores, o
segundo, o cidadão aperfeiçoamento das vias de
possuidor de direitos e comunicação, a
deveres inatos.  Na história uniformização da
romana isso possibilitou jurisprudência, o estímulo
um tratamento igual para oficial à cultura, tudo isso
todas as partes do império testemunhava um profundo
(a Pax Romana).  No senso prático.  O Estado
campo individual, Roma tornou-se, então, uma
favorecia a libertação de máquina bem construída e
escravos e estendia a todos lubrificada, criada pelo
os seus súditos os direitos homem mas funcionando
sagrados do cidadão sozinha. O tamanho e o
romano.  Os romanos não anonimato da máquina
eram pensadores abstratos estatal romana tornaram-se
e nem artistas.  Eram hostis ao povo e aos seus
homens de vontade e interesses.  Se na Grécia, a
conferiram realidade participação dos membros
terrena às suas próprias da pequena pólis era efetiva,
idéias e, também, àquelas em Roma ela é apenas
que ainda estavam no ar nominal.
em outras culturas.
Logo surgiram as massas A recusa dos judeus e dos
de eleitores a as promessas primeiros cristãos em
vazias para se conquistar os prestar honras divinas ao
seus votos.  Ou seja, a César, como era exigido de
época de maior todos os cidadãos romanos,
desenvolvimento da obrigou-os a entrar para a
inteligência e da clandestinidade.  Quando,
consciência terrenas foi, após um sonho, o
também, o momento de imperador Constantino
seu esvaziamento com a ganhou uma batalha sob a
manipulação e a insígnia cristã, a prática da
massificação. Esse revés nova religião foi
trouxe para Roma ecos de oficialmente autorizada.
culturas já superadas pela  Ocorreu, então, uma fusão
história e pelo dos conteúdos cristãos com
desenvolvimento da a prática romana.  Roma
autopercepção.  Tal e qual tornou-se cristã e a Igreja
os faraós egípcios, os nascente tornou-se romana:
imperadores romanos um espírito prático, lógico e
iniciaram construções autoritário passou a
gigantescas que ficaram prevalecer na
ligadas a seus nomes, e hierarquização da Igreja e
não demorou muito para na elaboração e fixação de
que eles exigissem de seus novos dogmas.  Questões
cidadãos uma adoração religiosas, doravante, seriam
comparável àquela dirigida tratadas por sínodos e
aos deuses locais e aos concílios extremamente
familiares mortos. formalistas e jurídicos, sem
Em geral, a Pax Romana conexão com a
permitia uma tolerância espiritualidade do impulso
dos romanos com as outras original. A partir dos séculos
religiões, desde que essas II e III, o exército romano
não atentassem contra a começou a contratar um
ordem pública  número cada vez maior de
povos bárbaros nos confins
do Império para promover
ocupação e defesa de seus
territórios.
Para custear os altos custos
de manutenção dessa
estratégia, o Império
começou a taxar
pesadamente a classe
média, que rapidamente
empobreceu e passou a
temer e odiar os coletores
de impostos. Esses
bárbaros eram povos
germanos, caçadores e
guerreiros treinados e em
movimento constante.
 Uma das características
mais desenvolvidas desses
povos era a fidelidade a
uma pessoa (que podia ser
o seu comandante, romano
ou não), mas nunca a uma
instituição ou idéia.  Essa
fidelidade indiscutível foi,
mais tarde, o
impulsionador e
mantenedor do sistema
feudal. 
A I G R E J A

M I L I T A N T E
Numa época em que o
A IGREJA impulso grego de
autoconhecimento e

MILITANTE desenvolvimento interno


abarcava um número bem
c. 400 d.C. a 1400 d.C. maior de seres humanos, a
Igreja decretou no Concílio
Ecumênico de
O declínio do Império
Constantinopla (867 d.C.)
Romano e a posterior
que o homem não possuía
invasão da Itália por povos
espírito, apenas corpo e
germanos fez com que o
alma, cessando assim
Papa fosse a figura mais
qualquer tentativa de
importante da Cristandade
expressão da identidade
por cerca de mil anos.  A
humana.  Quem insistisse
crença de que os bispos da
em pensar diferente do que
Igreja eram continuadores
era dito por ela era julgado e
da missão do apóstolo
considerado herege, sendo
Pedro deram ao Papa o
levado à prisão ou à morte.
direito de manter os
Com o poder espiritual já
homens extremamente
consolidado faltava ao Papa
ligados a Roma sem que
o poder político para, entre
tivessem a possibilidade de
outras coisas, levar a
se afastarem dos dogmas.
mensagem da Igreja para
 Para cumprir tal missão, a
povos que ainda não
Igreja passou a perseguir
conheciam o Cristianismo.
qualquer expressão de fé
 Por outro lado, Carlos
que contrariasse o que ela
Magno, rei dos francos,
dizia e ao dizimar os
queria ver o seu poder
membros dessas seitas
consolidado pela autoridade
passou a acumular seus
papal, estava formada a
bens, edificando um reino
perfeita aliança que deu
terrestre de extraordinários
surgimento ao Sacro
poder e riqueza.  
Império Romano.  Um
Império consagrado ao
Papa, ou autoridade
espiritual concedido a um
rei: estava de volta o tipo de
liderança que fora comum,
de novo, na época egípcia.  
Que chances de A resposta encontrada pela
desenvolvimento individual Igreja e pelo Império Sacro
restaria ao ser humano? Santo foi a instituição das
Essa aliança, de qualquer ordens monásticas, para
forma, foi crucial para não melhorar sua imagem
permitir que a invasão perante a população, e a
árabe tomasse toda a Inquisição, para erradicar os
Europa.  Vencidos por heréticos e eliminar
Carlos Magno (732 d.C.), os qualquer pensamento
muçulmanos se fixaram na contrário aos dogmas
Espanha e de lá só sairiam estabelecidos. Uma dessas
700 anos depois.  Porém, ordens monásticas que
em outros lugares os nasceu dentro da própria
árabes haviam construído Igreja e que ameaçou
uma cultura que em suplantá-la foi a Ordem dos
muitos aspectos Templários.  Nascida para
superavam as conquistas proteger os peregrinos à
artísticas e intelectuais Terra Santa e baseada nos
alcançados pelos povos princípios da pobreza,
bárbaros da Europa. Com obediência e castidade, os
os árabes fora de sua zona Templários logo ganharam a
de influência, a Igreja confiança e a lealdade dos
continuou sua militância. fiéis, algo que a própria
 Por volta do século XI, Igreja perdia a olhos vistos.
tornava-se cada vez mais  Muitos fiéis confiavam as
urgente a possibilidade de suas posses aos Templários
os homens expressarem quando havia a eminência
livremente suas idéias, não de uma guerra ou quando
aceitando passivamente partiam para a
que a Igreja lhes dissesse o Peregrinação, certos de que
que era certo, ou não. seriam restituídos.  
 Desse impasse surgiram
movimentos como o dos
Cátaros que contestavam
abertamente a Igreja e
ganhavam mais e mais
adeptos entre as classes
mais pobres do Império.
 Logo, outros movimentos
similares surgiram e
uniram-se aos Cátaros.
Quando não havia pedido de restituição, os bens
automaticamente ficavam em poder dos Templários que
administravam-nos habilmente.  Essa riqueza atiçou a cobiça
dos reis e do Papa e, numa aliança deste com o Rei Felipe, o
Belo, da França, a ordem foi exterminada e seus membros
dizimados através de toda a Europa, menos em Portugal,
onde seus remanescentes fundariam mais tarde a Ordem de
Cristo que daria início a grande era das descobertas. 
R E N A S C I M E N T O

R E F O R M A
O ser humano passou a
sentir-se diferente de tudo o
O RENASCI que estava a sua volta.  O
que contava agora era o seu
MENTO E A ponto-de-vista, a sua idéia e
a sua existência.  Como
REFORMA conseqüência desse novo
modo de ver o mundo, a
séc. XIV a XVIII
unidade espiritual da Igreja
se quebrou e vários
A pergunta que havia
acontecimentos
guiado o desenvolvimento
impensáveis passaram a
humano até o século XIV
fazer parte da realidade da
fora “O que é o ser
instituição: a tomada de
humano?”.  A pergunta que
Constantinopla pelos turcos,
agora surge e que guiará o
a mudança do Papa para
homem até os dias atuais é
fora de Roma; dois ou três
“Quem sou eu?”  Mais e
papas disputando entre si o
mais pessoas levantaram-
poder sobre a Igreja (o
se contra as autoridades e
Grande Cisma).  Dessa
o dogmatismo; queriam
forma, não havendo um
pensar e acreditar
centro geográfico claro para
livremente no que
a instituição, o centro
quisessem; libertaram-se
passou a ser cada homem e
de tradições, instituições e
suas próprias idéias. No
credos estabelecidos; e
auge da crise e precisando
opuseram-se a eles
manter sua incrível
abertamente, ou no fundo
máquina, a Igreja lança
da alma. Renascimento é o
então a indulgência.  
período de maior embate
entre o que já era
estabelecido e o que se
queria pensar ou expressar.
 Mas, renascer para quê?
 Afinal o que estava
despertando não era, como
antes, o homem genérico,
mas a personalidade única
e auto-consciente, o eu. 
Como os seres humanos Porém a ostentação não era
viviam aterrorizados com a recomendada, e o trabalho
idéia da passagem pelo social era incentivado.  Não
purgatório (local inventado podendo ostentar a riqueza,
pela Igreja e que não existe o que fazer com o dinheiro?
nos escritos bíblicos) antes  Investi-lo.  Nascia então os
de alcançar o paraíso, ficou rudimentos do capitalismo.
instituído que o cristão Do novo posicionamento do
estaria livre desse tormento indivíduo surgiram novos
ao se arrepender de seus ideais a serem alcançados,
pecados e pagar uma taxa tais como a alegria e o
à Igreja.  Não demorou prazer de viver.  Mais do que
para que essa prática tudo, porém, o que o
ganhasse inúmeros homem do Renascimento
inimigos e revoltas.  Surge queria era conhecer o
então a Reforma.  No bojo mundo e conquistá-lo,
da Reforma, surgiram os alcançar a perfeição na
primeiros movimentos Terra e torná-la eterna.  E
protestantes, entre eles o para isso os líderes da
Luteranismo e o humanidade precisaram
Calvinismo.  Mas eles desenvolver a técnica e a
pouco permitiram uma vontade de transformar o
liberdade de expressão mundo.  Todos os passos,
maior do que havia na entretanto, deveriam ser
Igreja.  Sob o comando de possíveis de medição,
um Deus severo e rígido cálculos e processos que
como o dos israelitas o pudessem ser reproduzidos.
homem era visto como um Talvez o movimento mais
ser desprezível e expressivo dessa nova
depravado. Mas uma ordem mundial surgida
diferença era muito com o Renascimento foi o
importante.  Os escolhidos período das Grandes
por Deus não podiam ser Descobertas.  A Terra já não
conhecidos, mas o era o centro do universo e
progresso material era um aquele mundo seguro,
bom sinal de que se estava tranqüilo e tão de acordo
agindo corretamente aos com a percepção sensorial
olhos de Deus, senão o já não existia
castigo já seria visível aqui
nessa vida mesmo.  
O centro do universo foi deslocado para o próprio homem
e esse ainda não conhecia a contento sua própria casa e
tampouco a dominava.  As Descobertas, capitaneadas por
Portugal e seguidas de perto pela Espanha, mostraram ao
homem não somente novos continentes, mas também a
realidade de que a Terra era redonda.  Isso veio fortalecer a
idéia de que somente aquilo observado como fato deveria
ser tomado como verdadeiro.
A E R A

M O D E R N A
Surgem, no final do século
A ERA XIX e início do século XX, as
primeiras “linhas de
MODERNA produção” e fábricas, e junto
com elas as correntes da
Com os descobrimentos  administração científica de
pelos europeus das novas Taylor, com a medição dos
terras na América e na Ásia tempos de produção, e a
no final da Idade Média, abordagem administrativa
intensificou-se nos séculos de Fayol.  No entanto, o
que se seguiram a prática modelo de liderança ainda
do comércio.  O século era o militar e as pessoas
XVIII vive uma explosão de eram consideradas apenas
consumo, e surge na como recursos, como força
Inglaterra a especialização de trabalho animal e quase
de funções, com a teoria escrava.  Encontramos
de Adam Smith, buscando inúmeros exemplos dessa
aumento de produtividade época, seja na Inglaterra nos
e relações de trabalho romances de Dickens, ou na
fundamentadas em recente história da
recompensa e castigo.  O imigração italiana no Brasil
trabalho braçal era com o trabalho nas
considerado indigno pela tecelagens.   Na década de
nobreza, que era a classe 30, o filme Tempos
dominante.  Apenas os Modernos de Charles
pobres e escravos deviam Chaplin traz de forma
se dedicar a ele.  Podemos magistral a relação do
olhar o modelo de homem com o trabalho
liderança daquela época nessa época. Podemos
como autoritário e considerar que o inicio da
conservador das leis e mudança do olhar da
regras vigentes, exigente e liderança aconteceu na
punitivo, inspirado na década de 20, com a
Igreja Católica e nas descoberta do efeito
organizações militares. Hawthorne.
Nessa fábrica inglesa, onde Na mesma década, surge
eram feitos experimentos com McGregor a Teoria X e
para comprovar o aumento Teoria Y, e é publicado seu
de produtividade nas primeiro e único livro “O
linhas de produção com o lado humano da Empresa”,
aumento da iluminação considerado por muitos um
através de lâmpadas da marco na teoria da
General Eletric americana, administração e no papel da
descobriu-se que a liderança, por mudar todo
produtividade continuava um conceito do homem
alta após o término da organizacional e substituí-lo
experiência e retorno aos por um novo paradigma,
índices anteriores de que salientava os potenciais
iluminação.  Aquela linha humanos e enfatizava o
de produção escolhida desenvolvimento humano.
para o experimento O princípio fundamental de
simplesmente aumentara organização derivado da
sua produção porque Teoria X é o da direção e
estava sendo valorizada auto controle através do
(pela escolha para o exercício da autoridade,
experimento).  A partir daí enquanto na Teoria Y é o da
“descobriu-se” que o integração: a criação de
homem produzia não só condições que permitam
porque era ordenado ou aos membros da
contratado para tal, mas a organização alcançar
capacidade e qualidade da melhor os seus próprios
produção estavam objetivos dirigindo seus
diretamente ligados ao esforços para o sucesso da
quanto ele era valorizado, e empresa.
as atitudes e habilidades É de McGregor o seguinte
dos empregados passaram trecho: “quando não
a ser considerados.  alcançamos os resultados
desejados, tendemos a
procurar as causas do
fracasso por toda a parte,
menos onde ela
normalmente está.  
O engenheiro não põe a Peter Senge :  A Quinta
culpa na água, por correr Disciplina – Organizações
para baixo ao invés de que Aprendem
correr para cima, nem Stephen Covey :  Os Sete
acusa os gases por se Hábitos das Pessoas
expandirem em vez de se Eficientes
contraírem quando Peter Drucker :  várias obras
aquecidos.  No entanto, sobre Liderança
quando as pessoas reagem Daniel Goleman:  A
às decisões administrativas Inteligência Emocional 
de maneira não desejada, a
resposta normal é acusá- O que percebemos de
las. “  Apesar de todo nosso comum entre essas
estudo e aumento da abordagens?  Que respostas
capacidade de buscam dar para os
compreensão da natureza problemas e desafios atuais
humana, será que os das lideranças?  Qual o novo
líderes pensam de forma papel da liderança para o
diferente nos dias atuais?  É nosso século, o século XXI?
só olhar atentamente para  Quais as características dos
a implementação dos líderes que as organizações
grandes projetos nas estão buscando?
empresas para termos a
resposta. Na década de 90, Podemos encontrar em
surge o desenvolvimento todos esses autores e em
do que podemos chamar suas abordagens uma
de “talento gerencial “, com inspiração comum, uma
autores e obras que obra de 1977, chamada
trouxeram significativas “Servant Leadership”, escrita
mudanças para o papel da por Robert K. Greenleaf,
liderança: falecido em 1990. Ele
desenvolveu sua teoria
quando era um executivo
da AT&T, e depois
palestrante do MIT e
Harvard, entre outras
universidades  
Segundo Greenleaf, a idéia A serviço de quem estamos?
de escrever “The Servant as Liderar é inspirar pessoas a
Leader”, veio após a leitura atingir um objetivo que elas
da obra de Hermann Hesse não imaginam serem
(prêmio Nobel de literatura capazes de atingir.  
em 1946): “Viagem ao
Oriente”, apontada pela Ao estudar essas novas
crítica mundial como uma abordagens sobre a
das obras mais elevadas da liderança, podemos
cultura ocidental, e de rara também perceber cinco
grandeza ética, espiritual e características comuns dos
literária.  Nessa obra, lideres carismáticos,
publicada na Alemanha apoiadas no conceito da
em 1959, o autor percorre “liderança servidora”:
no tempo e no espaço uma
longa viagem em busca da  • Auto-desenvolvimento
verdade, acompanhado de contínuo
uma confraria, onde o • Perspectiva do tempo
servo do grupo, Leo, é (passado, presente, futuro)
reconhecido mais tarde  • Aproveitamento contínuo
como o líder nobre e das experiências (percepção
supremo dessa do bem no mal)
comunidade. Greenleaf • Profundo interesse pelas
enxergou uma clara pessoas (pelo
mensagem de Hesse nesse desenvolvimento das
livro: que “um grande líder pessoas)
é visto primeiramente • Aceitação e busca da
como um servidor, e esse diversidade (social,
simples fato é a chave para econômica e cultural) 
sua grandeza”. Refletindo
sobre esse conceito, talvez
a pergunta mais
importante que os líderes
das organizações do século
XXI devem fazer
continuamente a si
próprios seja: 
Segundo Rudolf Steiner, filósofo alemão que nos trouxe a
Antroposofia, é preciso romper a janela dos cinco sentidos
para poder analisar, julgar e tomar decisões.  É preciso
desenvolver o “pensar imaginativo” ou “pensar do coração”.
 Para isso, o caminho de auto-desenvolvimento desse novo
líder precisa ser trimembrado. (vide figura abaixo)
Como no livro de Hermann Hesse, que descreve sua viagem
em busca da verdade, o líder de hoje também é instigado a
fazer essa viagem interior. É preciso despertar e trazer para a
consciência os processos sutis de natureza espiritual que
estão por trás da liderança servidora capaz de efetivamente
mobilizar pessoas na busca para cumprirem seu destino
maior, no nível pessoal e no desenvolvimento da organização
para a qual trabalham (e servem), a qual também tem seu
destino e missão a cumprir.

esperança

senso de coragem
realidade moral
C O N S I D E

R A Ç Õ E S
1. O Egotismo: A consciência
do próprio eu e sua
supervalorização.  Isso
trouxe o desejo de assumir
novos poderes e de mandar,
No Egito dos regimes
bem como o desejo de
teocráticos havia uma
trabalhar em benefício
unidade social.  As vidas
próprio, fazendo
política e cultural não
empalidecer as
estavam separadas e a
necessidades da sociedade
economia rudimentar era
perante aquelas vivenciadas
ainda “doméstica”.  Já na
pelo indivíduo.
idade média, a cultura e a
2. O Racionalismo e o
política começaram a
Mecanicismo: Antigamente
andar em ruas separadas
a máquina estatal ainda
sem que, no entanto,
levava a marca do soberano,
houvesse uma economia e
hoje reina o anonimato
lhes dar respaldo.  Aos
absoluto e o cidadão
poucos, a economia foi
transformou-se em um
tomando forma e passou a
número a ser computado.
ser a maior potência entre
3. A Economia: Era preciso
os três campos de atuação
sustentar todo o aparato
do homem na sociedade.
administrativo e militar.  Os
 Além disso, os Estados
governos e os grupos mais
medievais, e mesmo
próximos destes passaram a
aqueles do Renascimento,
influenciar e tomar medidas
tinham um caráter de
pelas quais pudessem
organismo e eram
angariar alguma vantagem
permeados por um
da economia do Estado.  O
elemento religioso.  Os
fator econômico-financeiro
Estados modernos
passou a dominar as
cortaram toda e qualquer
relações e os interesse
relação com o espiritual e
humanos sucumbiram à
vivem sob o mote lançado
pressão daquele.  Os ideais
por Lutero de obediência
mais elevados de cultura e
ao “Príncipe” e aos poderes
desenvolvimento tiveram
públicos.  Pode-se
que se retirar da vida
enumerar três
pública e se refugiar na
características básicas
esfera íntima de cada
desses Estados:
indivíduo. 
Como sempre houve a perguntar “Quem sou eu?”
necessidades humanas a e encontrar suas próprias
serem supridas e bens respostas, o ser humano não
materiais apropriados para foi educado para a visão de
satisfazê-las, pode-se dizer “Ali está o outro; tenho que
que sempre houve uma respeitar a esfera da sua
economia.  Mas somente personalidade!”. Desse erro
com o surgimento das de leitura nasceu uma crise
cidades e da produção em existencial na humanidade
escala industrial é que a que se arrasta desde então.
economia tomou o vulto  Essa crise pode ser
que hoje percebemos no percebida nos seguintes
mundo moderno.  Diluído aspectos:
nas aglomerações urbanas  • A autoconsciência trouxe
e sem os vínculos mais para o indivíduo um
tradicionais, o ser humano sentimento do que seja a
moderno se viu obrigado a dignidade humana.  O que
uma vida mais interior e a antes era aceito como uma
sua própria personalidade provação de Deus para se
ocupou um lugar cada vez alcançar melhores
maior na sua existência. A condições na vida do Além,
Revolução Francesa, com o já não faz mais sentido para
seu ideal de Liberdade, o homem moderno,
Igualdade e Fraternidade, principalmente depois de os
foi a primeira tentativa de filósofos e políticos
encontrar uma cantarem em alto e bom
configuração social mais som a necessidade da
adequada à  consciência Igualdade; 
individual adquirida pelo • Mesmo sem ter acesso
homem moderno. pleno à cultura, seja por
 Infelizmente o conceito de preconceito das classes
Liberdade foi visto como a dominantes ou pelos preços
possibilidade exterior de se proibitivos, alguns
fazer o que quer, e não indivíduos da classe
como a possibilidade de trabalhadora conseguiram
uma educação interior que conhecimentos suficientes
resultasse no para perceber que haviam
desenvolvimento de um sido mantidos numa 
livre arbítrio responsável.
 Afinal, depois de aprender 
classe inferior e começaram Observando as lideranças
a passar essas informações atuantes no século XXI, é
para outros, sendo que a possível perceber como os
argumentação deles nada arquétipos construídos ao
tinha de emocional, sendo longo da história da
altamente estruturada e humanidade ainda resistem.
lógica;   Pode-se facilmente
Mal percebendo o que se reconhecer o faraó que tudo
passava na cabeça dos controla e tudo leva consigo
outros e vivendo num em sua queda; o imperador
mundo de sonhos e ilusões, que tem ao seu dispor os
a burguesia reinante destinos e vidas daqueles
prosseguiu proclamando que lhe servem; o guerreiro
seus valores altamente que enxerga todos como
humanos e cristãos.  Isso foi inimigos potenciais e
imediatamente visto como a marcha demarcando seu
mais pura hipocrisia; território; o rei que é muito
• De uma condição de ser respeitado mas é facilmente
único e especial que surgiu dominado por interesses
dentro do ser humano, aos outros que não os de seus
poucos ele foi jogado para a súditos.  Seriam esses tipos
vala dos anônimos.  Passou a de liderança adequados aos
ser um vendedor de horas dias de hoje?  O que o novo
de trabalho anônimo, estágio de consciência da
substituível por qualquer humanidade requer de seus
outra pessoa da mesma líderes?  Quais são os
categoria;  anseios humanos que a
• O trabalho faz parte da nova liderança tem que
esfera espiritual do ser responder?
humano.  É lá que ele se
realiza e o que produz é
visto por ele como sua
própria obra.  Ao
transformar o trabalho em
mero artigo de compra e de
barganha, a dignidade
humana que começava a ser
pressentida e desejada foi
esquecida.
B I B L I O

G R A F I A
COVEY, Stephen, Os 7 Hábitos das Pessoas muito Eficientes,
Ed. Best Seller
DRUCKER, Peter, Liderança para o Século XXI, Ed. Futura
GREENLEAF, Robert K., Servant Leadership, Paulist Press
HERSEY & BLANCHARD, Psicologia para Administradores, Ed.
Pedagógica e Universitária
HESSE, Hermann, Viagem ao Oriente, Ed. Civilização Brasileira
LANZ, Rudolf, Passeios através da História à Luz da
Antroposofia, Ed. Antropósofica
LASZLO, Ervin, Macrotransição – Desafios para o Terceiro
Milênio, Ed. Axis Mundi
McGREGOR, Douglas, O Lado Humano da Empresa, Ed.
Martins Fontes MOGGI,
Jair / BURKHARD Daniel, Como integrar liderança e
espiritualidade, Ed. Negócio
SENGE, Peter, A Quinta Disciplina
SENGE, Peter, e outros, A Dança das Mudanças, Ed. Campus 

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