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FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso.

Aula inaugural no Collège de France,


pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São
Paulo: Loyola, 1999. 79p. Tradução de: Lóndre du discours. Leçon inaugurale au College de
France.

Resenhado por Leila Patrícia de Sousa Rosa1

Michel Foucault (1926-1984), natural da França, foi um filósofo que inspirou, e até hoje
inspira, grandes intelectuais. Foucault dedicou-se a reflexões entre o conhecimento e o poder,
pesquisou vários problemas sociais, como a instituição escolar, a sexualidade, o sistema
penitenciário, a psiquiatria e a psicanálise praticadas de forma tradicional. Escreveu para
diversos jornais e publicou vários livros, como Vigiar e Punir (1975), História da
Sexualidade (1976).
O autor dá início apresentando a hipótese que irá nortear todas as discussões do seu
trabalho propondo que se pensarmos que em uma dada “sociedade a produção do discurso é
ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de
procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu
acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade” (FOUCAULT, 1999,
p.8-9). Logo, entende-se que o discurso é um veículo de poder e objeto de desejo, ou seja, o
sujeito que o detêm, também é possuidor de poder.
Partindo dessa hipótese, Foucault assinala três procedimentos de exclusão: a interdição,
segregação da loucura e a vontade de verdade. A interdição coloca que o sujeito, em
determinadas situações, não pode proferir determinadas palavras (e/ou temas). Há três tipos:
tabu do objeto, ritual a circunstância e direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala.
Foucault esclarece que essas interdições se cruzam, reforçando e/ou compensando umas às
outras. A segregação da loucura, aponta que a sociedade não permite que um sujeito
reproduza determinado comportamento em dado lugar.
A vontade de verdade, estabelece que quem tem a verdade tem um poder muito grande,
é o procedimento mais forte, pois atravessa os dois anteriores, de maneira a retomá-los,
modificá-los e fundamentá-los, tornando-os mais incertos. Foucault (1999, p.19) coloca que
apesar da vontade de verdade ser o procedimento que menos se fala, esse “não cessa de se
reforçar, de se tornar mais profunda e mais incontornável”, pois se pensarmos que um
indivíduo chegue a determinado nível de complexidade cognitiva, a regressão é algo pouco
provável.
Conhecidos os procedimentos da exclusão (ou externos), o autor apresenta os
procedimentos internos: comentário, autor e disciplina. O comentário é o ato de reproduzir
discursos, ocorre quando um sujeito captura um discurso e utiliza como se fosse novo,
havendo um resgate do discurso. Em suma, Foucault (1999, p. 22) coloca que “pode-se supor

1
Graduanda do 7° período do curso de Licenciatura Plena em Letras/Português da Universidade Estadual do
Piauí. E-mail: leilapsr@hotmail.com
que há, muito regulamente nas sociedades, uma espécie de desnivelamentos entre os
discursos”, ou seja, discursos desnivelados, são discursos que foram reformulados, são
discursos que já existem há muito tempo e são apresentados como novos.
O autor é a origem de determinado discurso, é o primeiro que disse. Logo, como
apresenta Foucault (1999, p. 26) “o autor, não é entendido, é claro, como o indivíduo falante
que pronunciou ou escreveu o texto, mas o autor como princípio de agrupamento do discurso,
como unidade e origem de suas significações, como foco de sua coerência”. A disciplina, rege
as ações, é um conjunto de regras que orientam determinado discurso, ou seja, é uma forma de
pensar, de agir, são construções de novos enunciados que formam discursos e que formam
uma disciplina, isto é, “para que haja disciplina é preciso, pois, que haja possibilidade de
formular, e de formular indefinidamente, proposições novas” (FOUCAULT, 1999, p.30).
Há ainda o terceiro grupo, esse irá fazer o controle dos discursos, “trata-se de
determinar as condições de seu funcionamento, de impor aos indivíduos que os pronunciam
certo número de regras e assim de não permitir que todo mundo tenha acesso a eles”
(FOUCAULT, 1999, p.36-37). São quatro os procedimentos de controle dos sujeitos: ritual,
sociedade do discurso, doutrina e a apropriação social dos discursos. O ritual, são
procedimentos que são permitidos somente há alguns sujeitos, temos os discursos religiosos,
judiciários, terapêuticos e políticos que não podem ser isolados de um ritual que determina
para os sujeitos que falam, concomitantemente, propriedades particulares e papéis
preestabelecidos. (FOUCAULT, 1999).
A sociedade do discurso, são conhecimentos restritos a determinados grupos, pois como
aponta Foucault (1999) as sociedades de discurso tem como função conservar ou produzir
discursos, e é preciso fazê-los circular em um espaço fechado onde o compartilhamento deve
seguir regras estritas, sem que seus detentores sejam despossuídos por essa distribuição, já a
doutrina promulga ideias contrárias as sociedades do discurso, pois essa quer divulgar
conhecimentos, “a única condição requerida é o reconhecimento das mesmas verdades e a
aceitação de certa regra - mais ou menos flexível - de conformidade com os discursos
validados” (FOUCAULT, 1999, p. 42). E, por fim, temos a apropriação social dos discursos
que caracteriza-se por sobrepor-se as anteriores, em que o autor explica ao dizer que “todo
sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos
discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo” (FOUCAULT, 1999, p. 44).
Foucault (1999, p. 50) alerta para uma sentimento de temor perante a essa “massa de
coisas ditas, do surgir de todos esses enunciados, de tudo o que possa haver aí de violento, de
descontínuo, de combativo, de desordem, também, e de perigoso, desse grande zumbido
incessante e desordenado do discurso” e se aspiramos por mais entendimento é preciso aceitar
três decisões, ao qual nosso pensamento contrapõe algumas vezes: questionar a vontade de
verdade, restituir ao discurso seu caráter de acontecimento e suspender a soberania do
significante. Portanto, o livro ‘A Ordem do Discurso’ torna-se um guia para estudantes e
profissionais da educação, jornalismo e outras áreas afins, pois possibilita uma ressignificação
de conceitos, colabora no entendimento das estruturas ideológicas as quais a sociedade está
inserida, proporcionando esclarecimentos dos discursos, que de forma “imaginária” nos
moldam.

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