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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano


COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

Reavaliação de Método Semi-Empírico para Previsão de


Capacidade de Carga em Estacas Tipo Hélice Contínua, para
Perfis de Solo Predominantemente Arenosos da Cidade de
Aracaju/SE.
Letícia Menezes Santos Sá
Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Brasil, leticiamenezes0512@gmail.com

Carlos Rezende Cardoso Júnior


Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Brasil, eng.carlos.rezende@gmail.com

Demóstenes de Araújo Cavalcanti Júnior


Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Brasil, demostenes-jr@uol.com.br

RESUMO: O presente estudo propõe-se a aperfeiçoar a metodologia empregada por Aoki e Velloso
(1975), e reavaliar os fatores de escala e de forma de execução, F1 e F2, propostos por Monteiro
(1997) para estacas do tipo hélice contínua. Para isso, foi feita uma retroanálise dos resultados de
quatorze ensaios de prova de carga estática à compressão, realizados no município de Aracaju (SE),
em estacas do tipo hélice contínua de pequeno diâmetro (500 mm), localizadas em regiões com perfis
de solo predominantemente arenosos. Dessa forma, foram obtidos novos fatores, constatando-se que,
para esse tipo de estacas, em áreas com predomínio de solos arenosos, F1 igual a 4,80 e F2 igual a
5,88, conduziam a melhores resultados de capacidade de carga prevista pelo método de Aoki e
Velloso (1975), quando comparados aos anteriormente propostos por Monteiro (1997), que
superestimavam a capacidade de carga do terreno.

PALAVRAS-CHAVE: Capacidade de Carga, Estacas Hélice Contínua, Prova de Carga Estática.

1 INTRODUÇÃO de carga de fundações, os dados disponíveis no


dia a dia se resumem basicamente às
A previsão de capacidade de carga é de extrema informações fornecidas pelos ensaios de
importância para o dimensionamento de sondagem à percussão (SPT), especialmente no
fundações profundas, afinal, o solo costuma ser Brasil.
o elo mais frágil da associação solo-elemento Por isso, faz-se necessário aprimorar os
estrutural. métodos semi-empíricos para o cálculo de
Devido a isso, há, atualmente, uma capacidade de carga de fundações profundas
necessidade de calibrar os métodos existentes em com base no NSPT existentes na literatura e
função de cada região, de modo a permitir uma desenvolver novas metodologias que utilizem
boa estimativa da carga de ruptura do terreno e a este dado como entrada.
fim de evitar que os elementos de fundação O presente estudo possui como objetivo geral
sejam dimensionados de maneira incorreta. o aperfeiçoamento do método de Aoki e Velloso
Existe, no entanto, uma barreira que impede (1975), com fatores de escala e forma de
avanços significativos nesse aspecto: o reduzido execução, F1 e F2, propostos por Monteiro
número de informações que a prática diária (1997), através da retroanálise de resultados de
disponibiliza para a realização dessas previsões. ensaios de provas de carga estática para estacas
Muito embora existam, nos dias de hoje, do tipo hélice contínua, executadas na cidade de
diversos métodos para o cálculo da capacidade
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Aracaju, estado de Sergipe, em solos com perfis tensão resistente de ponta (rp) e a área da seção
predominantemente arenosos. transversal da ponta da estaca (Ap), (equação 2):

R p = rp . Ap (2)
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Já a resistência devido ao atrito lateral (Rl),
2.1 Capacidade de Carga de Fundações por pode ser expressa pelo produto entre o perímetro
Estacas do fuste da estaca (U) e o somatório das tensões
resistentes cisalhantes atuando em cada
Segundo Hachich et al. (1998), a determinação segmento da estaca (Σrl.ΔL), conforme equação
da capacidade de carga de uma estaca ocorre por 3:
meio da análise das solicitações impostas ao
terreno quando este elemento é submetido a um R l = U. ∑(rl . ΔL) (3)
carregamento vertical. A aplicação gradativa
deste carregamento conduz à mobilização das Para o cálculo da capacidade de carga última
tensões resistentes cisalhantes no contato entre o de estacas, podem ser utilizados métodos
solo e o fuste da estaca (atrito lateral) e das estáticos ou métodos dinâmicos. Neste trabalho,
tensões resistentes normais na base da estaca o enfoque será dado aos métodos estáticos.
(resistência de ponta).
De acordo com Cintra e Aoki (2010), como 2.1.1 O Método de Aoki e Velloso
hipótese simplificadora, admite-se que a
resistência de ponta da estaca só será mobilizada Em 1975, Aoki e Velloso desenvolveram uma
quando a resistência por atrito lateral for levada metodologia para o cálculo de capacidade de
ao seu limite máximo. carga de fundações que faz uma correlação direta
Sendo assim, a capacidade de carga de um entre a capacidade de carga da ponta da estaca
elemento de fundação por estaca pode ser com o número de golpes obtido no ensaio SPT
definida como o valor da carga correspondente à (N), bem como entre a capacidade de carga
máxima resistência oferecida pelo sistema ou, lateral e o valor de N.
ainda, o valor que representa a condição de Conforme apresentado por Velloso e Lopes
ruptura do terreno, em termos geotécnicos, (2010), o método de Aoki e Velloso, como é
conforme Cintra e Aoki (2010). conhecido, foi desenvolvido por meio de um
A equação 1 ilustra as parcelas constituintes estudo comparativo entre resultados de provas de
da capacidade de carga para este tipo de carga em estacas e resultados de ensaios
fundação: utilizados para investigações geotécnicas, como
o ensaio de cone (CPT) e o SPT.
R = Rl + Rp (1) No Brasil, devido à restrita utilização de
ensaios do tipo CPT, as correlações empregadas,
Em que: de modo geral, tomam como base os ensaios
R = capacidade de carga total da estaca; SPT, obrigatórios por norma para obras de
Rl = carga máxima suportada pelo atrito fundação.
lateral; Para tanto, foram desenvolvidas correlações,
Rp = carga máxima suportada pela ponta da de modo que fosse possível obter a capacidade
estaca. de carga das estacas (Qu) utilizando como dados
de entrada parâmetros obtidos no ensaio SPT.
Analisando-se cada parcela da equação 1 Isso pode ser ilustrado pela equação 4:
separadamente, percebe-se que a resistência de
ponta (Rp) pode ser obtida pelo produto entre a K∙N α∙K∙N
Q U = Ap ∙ +U∙∑ ∙ ∆L (4)
F1 F2
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Onde: pela NBR 12131 (ABNT, 2006), consiste


N = número de golpes fornecido pelo ensaio basicamente na aplicação de carregamentos
SPT; estáticos crescentes à estaca, registrando-se os
K = coeficiente que depende do tipo de solo; deslocamentos correspondentes. Por meio desse
α = razão de atrito que depende do tipo de ensaio, podem ser aplicados esforços axiais, de
solo; tração ou compressão, ou esforços transversais.
F1 = fator de correção devido à escala; De acordo com Velloso e Lopes (2010), o
F2 = fator de correção devido à forma de principal objetivo desse ensaio é a obtenção de
execução. resultados que permitam avaliar o
Aoki e Velloso (1975), adotaram valores para comportamento carga-deslocamento da estaca,
K e α de acordo com o tipo de solo. Já os fatores de modo a verificar se as condições previstas em
F1 e F2, foram estimados por meio da projeto estão sendo atendidas.
retroanálise dos resultados de provas de carga
em diversos tipos de estacas, supondo-se F2 = 2.2.1 Métodos de Carregamento
2 ∙ F1.
Sabendo-se que o método de Aoki e Velloso A NBR 12131 (ABNT, 2006) descreve quatro
(1975) foi desenvolvido há mais de 30 anos e foi tipos de carregamento possíveis para a execução
elaborado para uma determinada área do ensaio. A escolha deve ser feita à critério do
geotécnica, Mantuano (2013) recomenda que se projetista, dentre as seguintes possibilidades:
tenha cautela ao aplicá-lo em outras regiões, de
modo que os resultados finais sejam confiáveis. a) com carregamento lento;
As dissertações de mestrado de Laprovitera b) com carregamento rápido;
(1988) e Benegas (1993) permitiram a obtenção c) com carregamento misto (lento seguido de
de novos valores para K, α, F1 e F2, contribuindo rápido);
assim para o aprimoramento do método de Aoki d) com carregamento cíclico, lento ou rápido,
e Velloso (1975). Já Monteiro (1997), utilizou- para estacas submetidas a esforços axiais de
se de sua experiência na firma Estacas Franki compressão.
Ltda para propor novos valores para esses
parâmetros. Conforme mencionado por Querelli (2012), a
Os valores de F1 e F2 para estacas do tipo depender do tipo de carregamento empregado,
hélice contínua e outras famílias de estacas podem ser obtidos diferentes resultados de
podem ser visualizados na Tabela 1. deslocamento e esse aspecto deve ser
considerado para a interpretação dos resultados.
Tabela 1. Valores de F1 e F2 propostos por Monteiro De modo geral, o que diferencia as categorias
(1997), (Velloso e Lopes, 2010).
entre si é o número de estágios de carregamento
Tipo de estaca F1 F2
Franki de fuste apiloado 2,3 3,0 e o tempo necessário para a estabilização dos
Franki de fuste vibrado 2,3 3,2 recalques até a medição.
Metálica 1,75 3,5
Pré-moldada de concreto cravada à 2.2.2 Critérios para Interpretação da Curva
2,5 3,5
percussão Carga-Recalque
Pré-moldada de concreto cravada por
1,2 2,3
prensagem
Estaca escavada com lama bentonítica 2,2 2,4 Os resultados da prova de carga estática podem
Raiz 2,2 2,4 ser extraídos de uma curva carga versus recalque
Strauss 4,2 3,9 obtida ao final do ensaio. Por meio da
Hélice contínua 3,0 3,8 interpretação desta curva, é possível definir a
carga de ruptura da estaca.
2.2 Ensaio de Prova de Carga Estática Entretanto, nem sempre é fácil identificar a
capacidade de carga do elemento de fundação
O ensaio de prova de carga estática, normatizado
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através da análise da curva carga-recalque. É b) quando a estaca é carregada até que apresente
necessário, portanto, definir um critério objetivo níveis de recalque elevados, mas que não
para a determinação do valor da carga de ruptura. caracterizam ruptura nítida.
No Brasil, o método mais utilizado no meio
geotécnico para a extrapolação da curva carga- Nesses dois casos, é possível extrapolar a
recalque é o Método de Van der Veen (1953). curva carga-recalque obtida no ensaio, a fim de
Segundo Van der Veen (1953), a carga de definir a carga de ruptura da estaca. Assim, esta
ruptura pode ser definida como: “a carga cujo carga é convencionada como aquela que
aumento infinitesimal corresponde a um corresponde ao recalque encontrado a partir da
recalque infinito na curva carga-recalque”, ou equação 6:
seja, a carga de ruptura corresponde ao ponto
onde a curva se torna uma assíntota vertical. P∙L D
∆r = A∙E + 30 (6)
De acordo com Plantema apud Benegas
(1993), a curva carga-recalque pode ser
Em que:
apresentada com a carga Q sendo uma
Δr = recalque de ruptura convencional;
porcentagem da carga máxima aplicada total
P = carga de ruptura convencional;
versus recalque do elemento de fundação, em
L = comprimento da estaca;
qualquer unidade. A curva de Plantema (1948)
A = área de seção transversal da estaca
foi, portanto, transformada em equação por Van
(estrutural);
der Veen em 1953 e, em 1976, foi proposta uma
E = módulo de elasticidade do material da
correção por Aoki, prevendo uma coordenada β
estaca;
passando pela origem. Dessa maneira, foi
D = diâmetro do círculo circunscrito à estaca.
possível obter a equação 5:
2.3 Estacas Tipo Hélice Contínua
Q = Qult ∙ (1 − e−(α∙w+β) ) (5)
Segundo Hachich et. al. (1998), as estacas do
Em que: tipo hélice contínua de concreto moldadas in
Q = carga de ensaio na estaca; loco, são executadas com o auxílio de um trado
Qult = carga de ruptura da estaca; contínuo helicoidal que permite a escavação do
α = coeficiente que depende das terreno, seguida de injeção de concreto sob
características de interação solo-estaca; pressão controlada por meio da haste central do
w = recalque devido à aplicação da carga Q. trado, de modo concomitante à retirada deste.
Ainda de acordo com Hachich et. al. (1998),
Além do método proposto por Van der Veen uma característica marcante deste tipo de estaca
(1953), também é possível determinar a carga de é a inserção da armadura posterior à
ruptura através da curva carga-recalque pelo concretagem. Isso exige que o concreto utilizado
critério da NBR 6122 (ABNT, 2010). Segundo esteja de acordo com as especificações previstas
esse critério, existem duas situações em que o em norma, de modo a permitir a penetração da
comportamento da estaca pode não apresentar armadura sem grandes dificuldades.
ruptura nítida ao ser submetida ao ensaio de Este tipo de solução tem sido utilizado em
prova de carga: larga escala para obras em fundação profunda,
principalmente em construções de médio a
a) quando a estaca possui capacidade de carga grande porte, devido à velocidade de execução e
superior à carga que se pretende aplicar no à pequena ou nula geração de vibrações e ruídos,
ensaio (por limitação da reação, por o que reduz os impactos à vizinhança, tornando-
exemplo); se assim uma alternativa viável nos grandes
centros urbanos.
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3 METODOLOGIA APLICADA Plotou-se, para cada ensaio, um gráfico com a


curva carga-recalque obtida através da carga
Inicialmente, foi elaborado um banco de dados extrapolada e a curva carga-recalque encontrada
composto por 14 resultados de ensaios de prova com o uso da carga de ensaio, a fim de facilitar a
de carga estática com carregamento lento, comparação e permitir a verificação da qualidade
referentes a empreendimentos residenciais da extrapolação.
localizados na cidade de Aracaju, estado de O método de Aoki e Velloso (1975) foi
Sergipe. utilizado para a determinação da capacidade de
Todas as provas de carga armazenadas no carga dos elementos de fundação
banco de dados referem-se a estacas do tipo correspondentes às provas de carga cadastradas
hélice contínua de pequeno diâmetro, mais no banco de dados. Isso foi feito para que,
precisamente, diâmetro de 500 mm. posteriormente, fosse possível ajustar os fatores
De modo geral, as obras que forneceram os F1 e F2 com base na carga de ruptura obtida
dados para o estudo estão localizadas em regiões nesses ensaios.
com perfis de solo predominantemente arenosos, Inicialmente, com base nas sondagens de
e podem ser divididas por bairro conforme a referência, obtiveram-se os valores de NSPT a
Tabela 2. cada metro ao longo da profundidade das
estacas, para que fosse aplicado o método de
Tabela 2. Número de provas de carga por bairro. cálculo.
Bairro Número de Provas de Carga Em seguida, foram calculados os valores da
Atalaia 09 resistência lateral (Rl) ao longo do fuste da
Luzia 01
estaca, bem como a resistência em sua ponta
(Rp), sem considerar os fatores de escala e forma
Jardins 02
de execução, F1 e F2.
Farolândia 02 As correlações adotadas neste trabalho foram
as propostas por Monteiro (1997), considerando
A análise desses dados permitiu a comparação estacas do tipo hélice contínua para a
entre os valores de capacidade de carga determinação de F1 e F2. De acordo com a
fornecidos pelo método de Aoki e Velloso proposição de Monteiro (1997), o valor limite de
(1975) e os resultados obtidos na prática através NSPT adotado foi de 40 golpes.
do ensaio de prova de carga. O cálculo da resistência de ponta das estacas
Os valores de K e 𝛼 foram extraídos da tabela foi realizado adotando-se como valor de NSPT o
proposta por Monteiro (1997), que divide o solo menor entre a média numa faixa de até um
em quinze diferentes categorias. diâmetro da estaca para cima e para baixo e o
As quatorze provas de carga estática presentes menor valor numa faixa de até duas vezes o
no banco de dados não atingiram a ruptura diâmetro da estaca para baixo.
durante o ensaio e, portanto, fez-se necessário Aplicando-se os fatores F1 e F2 propostos por
extrapolar sua carga última através do método de Monteiro (1997), para estacas do tipo hélice
Van der Veen (1953). contínua, ao método de Aoki e Velloso (1975),
Os dados de entrada foram os valores da carga obtiveram-se os resultados previstos para a
(em tonelada-força) aplicada em cada estágio de capacidade de carga do terreno. Dessa forma, foi
carregamento do ensaio e a respectiva média dos possível comparar esses dados com os valores
recalques (em milímetros), correspondentes à encontrados através do ensaio de prova de carga
leitura dos 30 minutos finais daquele estágio. estática.
Assim, para as quatorze provas de carga, Por fim, o ajuste dos fatores de escala e
aplicou-se aos dados de entrada o método de Van execução, F1 e F2, foi realizado com o auxílio do
der Veen (1953) e obteve-se como saída a curva software Microsoft Excel (2013), por meio dos
carga-recalque, traçada com base na carga última comandos Análise de Dados e Regressão.
extrapolada por este método.
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Através desses comandos, fez-se uma análise de valores de capacidade de carga obtidos com os
regressão linear múltipla dos dados de entrada. fatores propostos por Monteiro (1997) estão
Obteve-se então, como saída, uma planilha superestimados em relação aos resultados
contendo uma série de resultados estatísticos que fornecidos pelos ensaios de prova de carga
precisam ser avaliados e interpretados. estática.
Dessa forma, o dimensionamento de
elementos de fundação em estaca utilizando esta
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES metodologia, conduz a resultados contrários à
segurança, já que é admitida uma capacidade de
Por meio da comparação entre as curvas carga- carga para o terreno superior à que este
recalque encontradas através da carga realmente possui.
extrapolada e com uso da carga de ensaio, a Parte-se então para o ajuste dos fatores de
extrapolação mostrou-se coerente. escala e execução, F1 e F2, através de uma
A tabela 3 permite comparar os valores de análise de regressão linear múltipla da equação
capacidade de carga obtidos através do método 7.
de Aoki e Velloso (1975) – com fatores F1 e F2
propostos por Monteiro (1997) - com os valores 1 1
Qu = F1 ∙ R p + F2 ∙ R l (7)
encontrados através do ensaio de prova de carga
estática.
Sabendo-se que o melhor ajuste possível seria
A situação ideal seria que os valores de carga
aquele que conduzisse a valores de carga de
última encontrados com o uso do método semi-
ruptura calculados pelo método, idênticos ou
empírico fossem equivalentes ou muito
muito próximos aos resultados da prova de carga
próximos aos resultados do ensaio de prova de
estática, propõe-se admitir como valores de
carga estática. Entretanto, através dos dados
carga última da equação 7 os resultados dos
presentes na Tabela 3 percebe-se que há uma
ensaios de prova de carga presentes na tabela 3.
divergência significativa entre os resultados
A equação 7 é uma equação linear com duas
previstos e os obtidos nas provas de carga.
variáveis independentes (Rp e Rl) e uma variável
dependente (Qu). Como estes valores são
Tabela 3. Comparativo entre os resultados obtidos através conhecidos para todas as obras, é possível obter
1 1
do ensaio de prova de carga e por meio do método de Aoki os coeficientes da equação 7, a saber, F1 e F2,
e Velloso (1975), com os fatores F1 e F2 corrigidos por
Monteiro (1997). através de uma análise de regressão linear
Prova de Carga Qu – Monteiro Qu – Prova de múltipla. Como dados de entrada, foram
Estática (1997) (kN) Carga (kN) utilizados os valores presentes na Tabela 4.
01 4021 2550
02 3615 1980
03 3604 2450 Tabela 4. Dados de entrada para a análise de regressão
04 2897 2850 linear múltipla.
05 3842 2400
Qu Rp
06 3586 2170 Prova de Carga Estática ∑ Rl (kN)
(KN) (kN)
07 3296 2260
08 3880 2280 01 2550 5733 8018
09 3467 2400 02 1980 5733 6476
10 3158 3000
11 3570 1950 03 2450 4940 7439
12 3673 2120
04 2850 2803 7459
13 4699 2700
14 4777 2600 05 2400 5073 8173
06 2170 5733 6364
Plotando-se um gráfico com os dados
presentes na Tabela 3, é fácil visualizar que os 07 2260 5733 5264
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08 2280 5733 7484


Por fim, foi possível calcular os valores de F1
e F2, com base nos coeficientes β1 e β2,
09 2400 5733 5911 provenientes da análise de regressão linear
10 3000 4968 5707 múltipla, sabendo-se que:
11 1950 4895 7367 1
F1 = β1 = 4,80 (10)
12 2120 5733 6695
13 2700 5398 11017 1
F2 = β = 5,88 (11)
14 2600 5733 10889 2

Com o auxílio do software Microsoft Excel A Tabela 5 traz um comparativo entre os


(2013), essa análise foi realizada. Os resultados resultados obtidos através do ensaio de prova de
fornecidos pelo programa permitem verificar a carga e por meio do método de Aoki e Velloso
qualidade do ajustamento através da estatística (1975), com os fatores F1 e F2 corrigidos através
de regressão. da presente análise.
Obteve-se assim, um valor R múltiplo
equivalente a 98,4%; um coeficiente de Tabela 5. Comparativo entre os resultados obtidos através
determinação (R²) igual a 96,8% e um valor de do ensaio de prova de carga e por meio do método de Aoki
R² ajustado 88,2%, o que indica um bom ajuste e Velloso (1975), com os fatores F1 e F2 corrigidos no
do modelo. presente trabalho.
Verificou-se também que a razão F resultou Qu
Qu
Prova de Carga Análise de
no valor 179,74, com F de significação de Prova de
Estática Regressão
3,98.10-09, o que significa que as variáveis (kN)
Carga (kN)
independentes Rp e Rl são significativas para 01 2558 2550
explicar a variância de Qu. 02 2295 1980
O teste Stat t apresentou para a variável Rp o 03 2294 2450
valor de 2,294 e para Rl, de 2,678. Devido a isso, 04 1852 2850
05 2447 2400
podemos concluir que elas possuem influência 06 2276 2170
significativa sobre Qu. 07 2089 2260
O teste do valor P resultou em Rl igual a 08 2467 2280
0,04061 e Rp de 0,02013, o que indica que ambas 09 2199 2400
as variáveis possuem influência significativa 10 2005 3000
11 2272 1950
sobre Qu. 12 2333 2120
A análise estatística também forneceu como 13 2998 2700
resultados as estimativas dos coeficientes β1 e β2, 14 3046, 2600
admitindo-se β0 igual a zero (equações 8 e 9):
Com os dados da Tabela 5, traçou-se um
β1 = 0,20817 (8) gráfico de carga última obtida no ensaio de prova
de carga estática versus carga última calculada
β2 = 0,16995 (9) pelo método de Aoki e Velloso (1975), com os
novos valores de F1 e F2 fornecidos por este
Quanto ao teste do Intervalo de Confiança, o modelo (Figura 1).
nível de significância adotado para esta análise
de regressão foi de 95%.
Além disso, a matriz de correlação apontou
que o grau de correlação entre Rp e Rl é muito
baixo, -1,7%, não havendo problema de
multicolinearidade.
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4000
Onde:
3500
I: número de identificação da prova de carga;
Qu (kN) - Prova de Carga

10
3000
4 13
II: resultado do ensaio de prova de carga;
2500 9 3 1 14 III: método de Décourt e Quaresma (1978);
7 6 58
2000 12 IV: método de Alonso (1996);
2
1 V: método de Antunes Cabral (1996);
1500
VI: método de Aoki e Velloso (1975) - com
1000 fatores corrigidos por Monteiro (1997).
500

0
Percebe-se que os resultados fornecidos pelos
0 1000 2000 3000 4000 métodos semi-empíricos, foram semelhantes
Qu (kN) - Valores Ajustados
entre si, porém bastante diferentes dos valores
encontrados através dos ensaios de prova de
Figura 1. Comparativo entre os valores de carga última
obtidos através do ensaio de prova de carga e os calculados carga. É evidente a discrepância entre esses
através do método de Aoki e Velloso (1975), com correção resultados.
dos fatores através da análise dos dados. Mais uma vez, fica claro que os dados de
capacidade de carga obtidos através desses
A fim de melhor ilustrar a condição atual de métodos foram superestimados, o que pode
alguns métodos disponíveis na literatura para conduzir a um subdimensionamento dos
cálculo da capacidade de carga de fundações elementos de fundação.
profundas com base no NSPT, realizou-se uma Com os valores da tabela 6, foi possível traçar
comparação entre os resultados obtidos nos um gráfico (Figura 2) para facilitar a
ensaios de prova de carga estática e o valor da visualização dessa comparação.
capacidade de carga estimado por meio dos
métodos de Décourt e Quaresma (1978); Alonso
(1996); Antunes Cabral (1996) e o método de 5000
Monteiro (1998)
Aoki e Velloso (1975) - com fatores corrigidos 4500
Decourt (1978)
Qu (kN) - Prova de carga

4000
por Monteiro (1997), como pode ser observado Alonso (1996)
3500 Antunes Cabral (1996)
na Tabela 6. 3000
2500
2000
Tabela 6. Valores de capacidade de carga estimados 1500
através dos métodos diversospara as provas de carga que 1000
compõem o Banco de Dados. 500
0
I II III IV V VI 0 1000 2000 3000 4000 5000

1 2550 3457 3686 3614 4021 Qu (kN) - Valores Previstos

02 1980 3013 3109 3010 3615 Figura 2. Comparação entre valores de carga de ruptura
03 2450 2838 2936 3076 3604 obtidos através do ensaio de prova de carga estática e
04 2850 2851 2888 3374 2898 capacidade de carga encontrada através de métodos
05 2400 3275 3441 3602 3842 diversos, para todas as obras.
06 2170 3167 3246 3106 3586
07 2260 2685 2684 2547 3297 Por fim, fez-se uma comparação entre os
08 2280 3268 3437 3353 3881 resultados obtidos através de alguns métodos
09 2400 2694 2765 2795 3467 existentes na literatura e do método de Aoki e
10 3000 2543 2576 2823 3158 Velloso (1975) com fatores F1 e F2 corrigidos
11 1950 2693 2842 2977 3570 pela análise de regressão múltipla realizada no
12 2120 2818 2978 2935 3673
13 2700 4131 4576 4465 4699
14 2600 4299 4598 4499 4776
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

presente trabalho (Figura 3). Isso permitiu estáticas presentes no banco de dados utilizado
identificar que, após o ajuste dos fatores, os nesse estudo.
valores previstos se aproximam mais dos valores A avaliação dos valores de R múltiplo, do
obtidos nos ensaios de prova de carga. coeficiente de determinação e do coeficiente de
determinação ajustado, bem como da matriz de
5000 correlação, demonstra que o uso da análise de
Monteiro (1997)
4500 Decourt (1978) regressão linear múltipla é eficiente para a
4000
Alonso (1996) determinação de valores aproximados de F1 e
Antunes Cabral (1996)
3500 Análise de regressão linear múltipla F2, e conduz a um ajuste de qualidade.
3000 10 Ainda é importante destacar que o método
4
Qu (kN) - Prova de carga

5 13
2500 9 3 1 14 executivo para estacas do tipo hélice contínua
7 61 8 possui influência direta do operador,
2000
12
1500 especialmente no que diz respeito à pressão de
1000 injeção do concreto, à velocidade de rotação do
500 trado bem como à sua velocidade de subida e
0 descida. Estes fatores externos também
0 1000 2000 3000 4000 5000 interferem na capacidade de carga das
Qu (kN) - Valores Previstos fundações, à exemplo das baixas velocidades de
Figura 3. Comparação entre os resultados obtidos através avanço do trado em relação à rotação que podem
de diversos métodos e os encontrados por meio da análise
de regressão linear múltipla.
conduzir a um desconfinamento do terreno.
Por ser complexa a quantificação destas
5 CONCLUSÕES variáveis, há um aumento das divergências entre
os valores previstos através de métodos semi-
A utilização do método de Aoki e Velloso empíricos e a real capacidade de carga dos
(1975), com fatores F1 e F2 corrigidos por elementos de fundação, obtida através dos
Monteiro (1997) para estacas do tipo hélice ensaios de prova de carga estática.
contínua executadas em regiões semelhantes à Por fim, é possível constatar que, para estacas
do presente estudo, conduz a valores do tipo hélice contínua executadas na cidade de
superestimados de capacidade de carga de Aracaju (SE), em regiões com perfis de solos
fundações profundas. predominantemente arenosos, os fatores F1 igual
Quando comparados aos resultados 4,80 e F2 igual a 5,88 conduzem a melhores
provenientes de ensaios de prova de carga resultados da capacidade de carga prevista
estática para este tipo de estaca, realizados na através do método de Aoki e Velloso (1975),
cidade de Aracaju (SE), percebe-se que, ao se quando comparados aos encontrados utilizando-
utilizar os fatores propostos por Monteiro se as correções para F1 e F2 propostas por
(1997), há um subdimensionamento dos Monteiro (1997).
elementos de fundação, que passam a trabalhar
de forma contrária à segurança. AGRADECIMENTOS
A análise dos resultados de capacidade de
carga fornecidos pelos métodos de Décourt e Agradeço a Deus por me guiar ao longo dessa
Quaresma (1978); Alonso (1996) e Antunes jornada. Aos meus familiares e amigos, pelo
Cabral (1996) permite inferir que estes, apesar de carinho e compreensão. Ao meu professor
apresentarem resultados semelhantes entre si e orientador e à Universidade Federal de Sergipe,
aos obtidos com a correção proposta por por contribuírem para a minha formação, e à
Monteiro (1997) para o método de Aoki e empresa que disponibilizou os dados que
Velloso (1975), também conduzem a valores possibilitaram a realização desse trabalho.
superestimados de capacidade de carga quando
comparados aos resultados das provas de carga REFERÊNCIAS
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
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