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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

Biossegurança em
Laboratório de
Análises Clínicas
Ms. Eloisa Campana

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

Biossegurança 4
Principais Causas de Acidentes 4
PCMSO: Programa de Controle de Medicina E SaúdeOcupacional 5
PPRA: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 5
CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 5
Histórico 5
Planta e Instalação do Laboratório 6
Detalhes da Planta 7
Risco 7
SUMÁRIO Agente de Risco 7
Risco Ocupacional 7
Risco Ocupacional na Saúde 8
Níveis de Contenção Física para Riscos Biológicos 9
Mapa de Riscos 10
Prevenção 13
Princípios para o controle de risco 13
Barreiras Primárias 13
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 13
Máscara N95 14
Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) 14
Cabines de Segurança 15
Equipamentos de Segurança 15
Barreiras Secundárias 16
Simbologia 16
Sinais para Equipamento de Combate a Incêndios 16
Sinais de Emergência 16
Sinais de Aviso 16
Sinais de Obrigação 16
Sinais de Proibição 17
Procedimentos para Descarte dos Resíduos Gerados em Laboratório de Análises Clínicas
17
Rotinas de Esterilização 18
Limpeza 20
Limpeza Manual 20
Limpeza Automatizada 21
Desinfecção 21
Esterilização 22
Embalagem 22
Higienização das Mãos 22
Uso de Água e Sabão 24
Uso de Preparação Alcóolica 24
Uso de Anti-Sépticos 24
O Ambiente Laboratorial e a Infecção por Exposição 25
Exposição ao HIV 25
Exposição ao vírus da Hepatite B 26
Exposição ao virus da Hepatite C 27
Infecção por Neisseira meningitidis 27

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

Mycobacterium tuberculosis 27
Referências
28

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

Nenhum trabalho é tão importante é tão urgente, que processos e vai desde a aquisição de produtos e materiais
não possa ser planejado e executado com segurança. laboratoriais de qualidade até a prevenção de doenças
contagiosas.

BIOSSEGURANÇA
PRINCIPAIS CAUSAS DE ACIDENTES
O material apresentado nesta disciplina trata da bios-
segurança em Laboratório de Análises Clínicas, sendo dire- • Falta de treinamento, conhecimento ou experiên-
cionado aos profissionais da área da saúde. A constatação cia;
de que os serviços de saúde necessitam de procedimen- • Falta de cuidado, distração;
tos específicos para minimizar os riscos de acidentes pes- • Fadiga, uso de remédios;
soais e de contaminação ambiental gera a necessidade da • Opção pelo caminho “mais curto” ou mais “rápi-
implantação de regras e normas específicas pertinentes. do” ou “mais fácil”;
Em um laboratório de Análises Clínicas, a segurança é de • Tentativa de “ganhar tempo”, pressa na execução;
responsabilidade tanto da direção, no sentido de evitar, • Auto confiança em excesso;
ao máximo, riscos aos seus empregados, como de cada • Teoria do “comigo isso não acontece”
trabalhador, visando a execução dentro dos parâmetros
de segurança.
SITUANDO...
O Laboratório de Análises Clínicas é um lugar de traba-
lho que necessariamente não é perigoso, desde que me- O trabalho vai surgir basicamente junto com o primei-
didas de precauções sejam tomadas. Todos aqueles que ro ser humano e com ele a necessidade de um trabalho
trabalham neste ambiente devem ter responsabilidade e decente, no qual se deve ter a oportunidade de:
evitar atitudes que possam acarretar acidentes, levando
a danos para si e para os demais trabalhadores. Atenção
e cuidados devem ser tomados em todos os ambientes
de um laboratório de Análises Clínicas. Nos últimos anos
avanços consideráveis ocorreram nos trabalhos do labora-
tório de Análises Clínicas, gerando um aumento do núme-
ro de amostras analisadas e o incremento da demanda,
com isso, se fez necessário cuidados mais criteriosos e
uma crescente preocupação com os níveis de segurança. ▪▪ Trabalho produtivo com remuneração justa;
▪▪ Melhores perspectivas para o desenvolvimento
A biossegurança é uma área de conhecimento relativa-
pessoal e integração social;
mente nova, que estabelece desafios e é de fundamental
▪▪ Liberdade de manifestação, organização e partici-
importância em serviços de saúde. Esta área de conheci-
pação nas decisões de suas vidas;
mento aborda medidas para proteção de toda a equipe de
▪▪ Igualdade de oportunidade e de trato para mu-
trabalho e mesmo aos pacientes, e tem um papel funda-
lheres e homens;
mental na promoção da consciência sanitária. É um tema
▪▪ Segurança e saúde no local de trabalho;
de grande importância e vem despertando cada vez mais
▪▪ Proteção social para as famílias.
o interesse dos profissionais comprometidos com um
serviço de qualidade. A biossegurança abrange diversos

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

A Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde PPRA: Programa de Prevenção de Riscos
Pública que tem como objeto de estudo e intervenção das
relações entre o trabalho e a saúde e tem como objetivos
Ambientais
a proteção e promoção da saúde do trabalhador. Alguns
fatores podem influenciar a saúde do trabalhador, como:
O PPRA tem como objetivo identificar riscos potenciais
fatores sociais, econômicos, tecnológicos e organizacio-
à saúde do trabalhador no seu ambiente de trabalho e
nais responsáveis pelas condições de vida.
definir medidas de eliminação e/ou controle dos mesmos.
As ações devem ser desenvolvidas no âmbito de cada es-
No Brasil um dos instrumentos de gestão da segurança
tabelecimento da empresa e este programa é regido pela
do trabalho é o Serviço Especializado em Engenharia de
NR-9. Um dos aspectos mais importantes deste programa
Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), este tem
é o levantamento do mapa de riscos do ambiente do tra-
por finalidade zelar pela segurança e saúde do trabalha-
balho, através da antecipação, reconhecimento e avalia-
dor e, por consequência, influenciar na produtividade da
ção e consequente controle da ocorrência de riscos am-
empresa. Entre as estratégias usadas para a promoção e
bientais, existentes ou futuros no ambiente de trabalho.
prevenção da saúde do trabalhador está a implementação
O PPRA deve estar articulado com o disposto nas demais
do Sistema Integrado de Prevenção de Riscos do Traba-
NR, em especial com o PCMSO (NR 7).
lho (SPRT). Este sistema consiste no conjunto permanente
de ações, medidas e programas, previstos em normas e
regulamentos, além daqueles desenvolvidos por livre ini-
ciativa da empresa. Juntamente com o SPRT, é de respon-
sabilidade do empregador a implantação do Programa de
CIPA: Comissão Interna de Prevenção de
Controle de Medicina e Saúde Ocupacional (PCMSO) e
Acidentes
do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA),
além da formação da Comissão Interna de Prevenção de
A CIPA é uma comissão formada por representantes
Acidentes (CIPA).
indicados pelo empregador e membros eleitos pelos tra-
balhadores e que tem por finalidade, prevenir acidentes e
doenças decorrentes do trabalho.

PCMSO: Programa de Controle de A legislação brasileira, por meio da Portaria n. 2.616,


Medicina E SaúdeOcupacional de 12 de maio de 1998, e da RDC n. 50, de 21 de fevereiro
2002, estabelece, respectivamente, as ações mínimas a
O PCMSO é regido pela Norma Reguladora (NR)-7. E serem desenvolvidas com vistas à redução da incidência
tem como objetivo rastrear e diagnosticar precocemente das infecções relacionadas à assistência à saúde e as nor-
agravos à saúde relacionados ao trabalho, além da cons- mas e projetos físicos de estabelecimentos assistenciais
tatação da existência de casos de doenças profissionais ou de saúde.
danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. Destacan-
do o caráter preventivo. As empresas, instituições públi-
cas e privadas são obrigadas a elaborar e a implementar
o PCMSO, com o objetivo de promover e preservar a saú- HISTÓRICO
de dos trabalhadores, utilizando como recurso os exames
médicos (ocupacionais e complementares), programas de
prevenção e atividades de educação e treinamento. A Biossegurança é uma ciência emergente e engloba
um “conjunto de medidas voltadas para prevenção, mini-
mização ou eliminação de riscos inerentes às atividades

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnoló- 2001 – Programa de Indução de ações em biosse-
gico e prestação de serviços que podem comprometer a gurança pelo CNPq.
saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a 2005 – Regulamentação da lei brasileira de Biosse-
qualidade dos trabalhos desenvolvidos”. A biossegurança gurança Lei n°8974/95.
deve estar presente em Hospitais, Indústrias, Veteriná-
rias, Laboratórios, Hemocentros e Universidades.
As normas de biossegurança englobam as medidas
Em 1941, Meyer e Eddie publicaram uma pesquisa com que visam evitar os riscos e no ambiente do Laboratório
74 casos de brucelose associados a laboratório nos Esta- de Análises Clínicas encontram-se exemplos de todos os
dos Unidos da América. Neste estudo os autores notaram tipos de riscos ocupacionais para o trabalhador de saúde.
que a manipulação de culturas ou a inalação de poeira Com isso existe a necessidade que os laboratórios este-
(aerossol) contendo a bactéria Brucella spp. era eminen- jam perfeitamente adequados e permitam a eliminação
temente perigosa para os trabalhadores do laboratório. ou minimização desses riscos para o trabalhador e para o
Vários dos casos foram relacionados com falta de cuida- ambiente, sob o ponto de vista das instalações, da capa-
do ou manuseio incorreto dos materiais infectados. Em citação dos recursos humanos e da dinâmica de trabalho.
1949 Sulkin e Pike publicaram o primeiro dos seus estu- Cada Laboratório de Análises Clínicas deverá desenvolver
dos sobre infecções associadas a laboratórios. Os autores um manual de biossegurança, onde deverão ser identifi-
constataram 222 infecções virais, sendo 21 destas, fatais. cados os possíveis riscos encontrados. Este manual deve-
Em pelo menos um terço dos casos a provável fonte de rá conter também os procedimentos e práticas para mini-
infecção estava relacionada ao manuseio de animais e te- mizar ou eliminar as exposições a estes riscos.
cidos contaminados. Estes e outros estudos ditavam a ne-
cessidade da implantação de regras para a diminuição de
acidentes relacionados ao trabalho em laboratórios. Com
isso a história da Biossegurança começa a se estruturar PLANTA E INSTALAÇÃO DO
nas décadas de 1970 e 1980. LABORATÓRIO
1974 – Classificação de Risco dos Agentes Etiológi-
cos - CDC- US Centers for Disease Control. A implantação de um Laboratório de Análises Clínicas
1980 – Precauções universais na manipulação de deve ser feita de maneira planejada, e sempre respeitan-
fluídos corpóreos. do as Normas Operacionais ditadas por órgão que regu-
1984 – Primeiro Workshop Brasileiro de Biossegu- lam esse setor. São eles:
rança – Fiocruz.
1986 – Primeiro levantamento de riscos em labora- • Agência de Vigilância Sanitária – ANVISA;
tório na Fiocruz – INCQS. • Ministério da Saúde;
1995 – Lei Brasileira de Biossegurança – Lei • Secretarias Estaduais de Saúde;
n°8974/95. • Órgãos de classe;
1995 – Decreto n°1752 – Formaliza a Comissão Téc- • Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
nica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
1999 – Fundação da Associação Nacional de Biosse-
gurança (ANBio). (www.anbio.org.br) A implantação de um Laboratório de Análises Clínicas
1999 – Primeiro Congresso Brasileiro de Biossegu- deve estar em conformidade com a RDC nº 302/2005 que
rança. define as condições gerais de funcionamento e também
2000 – Biossegurança como disciplina científica os requisitos relacionados aos recursos humanos e infra-
universitária. estrutura. Já a RDC nº 50/2002 dispõe sobre o regulamen-

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

to técnico para planejamento, programação, elaboração e E imprescindível que existam instalações, fora da área
avaliação dos projetos físicos de estabelecimentos assis- de trabalho do laboratório, para guardar os objetos pes-
tenciais de saúde. soais e para alimentação e descanso dos funcionários.

Devemos lembrar que o Laboratório de Análises Clíni- Os laboratórios podem estar localizados em um úni-
cas deve ser projetado para assegurar que os riscos (bio- co salão, dependendo do nível de biossegurança exigido
lógicos, químicos, físicos, ergonômicos e de acidentes) pelos procedimentos realizados em cada um dos labora-
sejam minimizados ou totalmente evitados, provendo as- tórios.
sim, um ambiente de trabalho seguro.

Algumas condições que sabidamente podem causar


problemas na instalação do Laboratório de Análises Clí- RISCO
nicas devem ser avaliadas com maior atenção. São elas:
Como dito anteriormente: “Biossegurança é um con-
• Formação de aerossóis; junto de medidas voltadas para a prevenção de riscos...”,
• Número de pessoal e de equipamentos; mas o que é risco?
• A infestação por roedores e artrópodes;
• A entrada de indivíduos sem autorização. Risco é definido como um perigo mediado pelo conhe-
cimento. Onde temos perigo ou a possibilidade de perigo.
E perigo, entendemos que é um estado ou situação que
Detalhes da Planta inspira cuidado.

Deve haver espaço suficiente para a execução segu-


ra do trabalho, assim como para limpeza e manutenção. Agente de Risco
Sendo que para uma estrutura mínima, estima-se ser ne-
cessária uma área de 80 m2, com flexibilidade para am-
pliação. O agente de risco é qualquer componente de natureza
FÍSICA, QUÍMICA ou BIOLÓGICA que possa “comprometer
As paredes, o forro e os pisos devem ser lisos, fáceis de a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a
limpar, impermeáveis aos líquidos e de maneira geral, re- qualidade dos trabalhos desenvolvidos”.
sistentes aos produtos químicos e aos desinfetantes usa-
dos no laboratório. Os pisos não devem ser escorregadios. Para que tenhamos ação em Biossegurança, é impres-
Quando visíveis, os canos e tubos não devem aderir às cindível realizar uma AVALIAÇÃO DE RISCOS.
paredes. A iluminação precisa ser adequada para todas as
atividades. Convém evitar os reflexos indesejáveis e a luz
ofuscante. A superfície das mesas e/ ou bancadas de tra-
balho deve estar colada à parede, além de ser imperme- Risco Ocupacional
ável à água e resistente à ação de desinfetantes, ácidos,
álcalis, solventes orgânicos e ao calor moderado. Todos
os espaços abertos existentes no laboratório deverão ser É o risco relacionado aos procedimentos específicos à
acessíveis à limpeza. profissão desempenhada (acidente de trabalho).

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

Risco Ocupacional na Saúde conforto. Portanto, são todos os elementos físicos e orga-
nizacionais que interferem no conforto e saúde.
Os profissionais da área da saúde estão constantemen-
te expostos aos mais diversos grupos de riscos ocupacio- Temos como exemplo: a postura inadequada no tra-
nais, como BIOLÓGICOS (agentes infecciosos), QUÍMICOS balho, o levantamento e transporte manual de peso, ilu-
(substâncias tóxicas), FÍSICOS (radiação ou temperatura), minação e ventilação inadequadas, jornada de trabalho
ERGONÔMICOS (posturais) e PSICOSSOCIAIS (estresse). prolongada, monotonia, esforços físicos intensos e repeti-
tivos, a responsabilidade excessiva, entre outros.
Segundo a Portaria do Ministério do Trabalho n°. 3214
os riscos são classificados em:

1. Riscos de Acidentes 3) Riscos Físicos


2. Riscos Ergonômicos
3. Riscos Físicos Os riscos físicos são provocados por alguma forma de
4. Riscos Químicos energia a que possam estar expostos os trabalhadores.
5. Riscos Biológicos São aqueles gerados por máquinas e condições físicas ca-
racterísticas do local de trabalho, que podem causar da-
nos à saúde do trabalhador.
1) Risco de Acidentes
Entre as formas de energias temos: temperaturas ex-
Risco de acidente é qualquer fator que coloque o tra- tremas, ruído, vibrações, umidade, pressões anormais,
balhador em situação de perigo e possa afetar sua integri- campos elétricos, radiações, entre outros.
dade, seu bem estar físico e moral. Os riscos de acidentes
podem ser divididos em:

• Primário: é a própria fonte de risco, quando por si 4) Riscos Químicos


só já é um risco.
Ex. frasco de éter, material pérfuro-cortante Consideram-se agentes de risco químico as substân-
• Secundário: é a própria fonte de riscos, somado cias químicas que se encontram nas formas líquida, só-
a condição insegura ligada ao humano. lida e gasosa, e quando absorvidas pelo organismo, po-
Ex. frasco de éter colocado próximo à fonte de ca- dem produzir reações tóxicas e algum dano à saúde. Estas
lor. substâncias podem penetrar no organismo por via respi-
ratória, ser absorvido pelo organismo através da pele ou
por ingestão.
Alguns exemplos são: probabilidade de incêndio e ex-
plosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inade- Alguns exemplos são: poeira, fumos, névoas, neblinas,
quado, entre outros. gases, vapores, substâncias tóxicas, explosivas, inflamá-
veis, corrosivas, oxidantes, entre outros.

2) Riscos Ergonômicos
5) Riscos Biológicos
Os riscos ergonômicos são aqueles que podem inter-
ferir nas características psicofisiológicas do trabalhador Consideram-se agentes de risco biológico os micror-
afetando a sua saúde ou até mesmo causando algum des- ganismos como bactérias, fungos, parasitas, vírus, entre

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

outros. São capazes de desencadear doenças devido à Ex: Escherichia coli, Pseudomonas spp., Acinetobacter
contaminação e pela própria natureza do trabalho. spp, Vírus da dengue, adenovirus, HbC, HIV, Toxoplas-
ma spp., Schistosoma mansoni...
Alguns exemplos são: Hepatite A, B, C, D, E; HIV/AIDS;
Cytomegalovirus; Herpes Simples; Influenza; Rubéola; Classe III (Risco 3): Muito patogênicos para o homem,
Difteria; Mycobacterium tuberculosis; Sarampo; SARS; potencialmente letais, no entanto existem medidas
Staphylococcus aureus; Streptococcus spp., entre outros. terapêuticas e/ou profiláticas eficazes (elevado risco
individual para o trabalhador e probabilidade de dis-
Os agentes de risco biológico podem ser distribuídos seminação para a comunidade e meio ambiente).
em 4 classes por ordem crescente de risco, segundo os
seguintes critérios: Ex: Flavivírus, Influenza Aviária, Mycobacterium tuber-
culosis, Bacillus anthracis, Burkholderia mallei, Clostri-
• Patogenicidade; dium botulinum...
• Virulência;
• Transmissibilidade; Classe IV (Risco 4): São extremamente patogênicos
• Disponibilidade de medidas profiláticas eficazes; para o homem e/ou para animas e não existem me-
• Disponibilidade de tratamento eficaz; didas terapêuticas e profiláticas são eficazes (elevado
• Endemicidade. risco individual para o trabalhador e elevada probabi-
lidade de disseminação comunitária).

Classe I (Risco 1): Dificilmente são patogênicos para o Ex: Vírus Ebola, Febres hemorrágicas, Vírus da Aftosa...
homem, animais ou plantas (escasso risco individual
para o trabalhador e comunitário). Em laboratórios de análises clínicas, onde o trabalho
envolve sangue humano, líquidos corporais, tecidos ou
Ex: Lactobacillus, Bacillus cereus, Bacillus subtilis... linhas de células humanas, aplica-se a classe de risco 2.
Geralmente a presença do agente infeccioso é desconhe-
Classe II (Risco 2): São patogênicos para o homem mas, cida, mas estes apresentam um espectro de gravidade
medidas terapêuticas e profiláticas são eficazes (mo- moderada para a comunidade.
derado risco individual para o trabalhador e limitada
probabilidade de disseminação para a comunidade).

Níveis de Contenção Física para Riscos Biológicos


Alguns requisitos de segurança devem ser atendidos para a manipulação dos microrganismos pertencentes a cada
uma das classes de risco (Classe I a IV), conforme o nível de contenção necessário.

NB-1 - Nível de Biossegurança 1: O nível 1 de contenção representa um nível básico que se baseia nas práticas
padrões (adoção de boas práticas laboratoriais). Não são necessárias barreiras primárias ou secundárias, com
exceção de uma pia para a higienização das mãos. Aplica-se aos laboratórios de ensino básico, nos quais são ma-
nipulados os microrganismos pertencentes a classe de risco I. Pode ser utilizado também em laboratórios onde
é realizado o trabalho, com cepas definidas e caracterizadas de microrganismos conhecidos por não causarem
doenças em homens adultos e sadios.

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

NB-2 - Nível de Biossegurança 2: O nível de Biossegurança 2 é destinado ao trabalho com microrganismos da


classe de risco II. É adequado para qualquer trabalho onde a presença de um agente infeccioso pode ser desco-
nhecida. São necessárias barreiras primárias (Cabine de Segurança Biológica e equipamentos de proteção indi-
vidual) e secundárias (desenho e organização do laboratório). Aplica-se aos laboratórios clínicos ou hospitalares
de níveis primários de diagnóstico, laboratórios-escolas e outros laboratórios onde o trabalho é realizado com
um maior espectro de agentes de risco moderado.

NB-3 - Nível de Biossegurança 3: No Nível de Biossegurança 3, a manipulação de microrganismos da classe de


risco III ou grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de risco II, torna necessário a
utilização de barreiras primárias e secundárias (acesso controlado ao laboratório e sistemas de ventilação que
minimizam a liberação de aerossóis), devendo todas as manipulações serem realizadas em cabine de segurança
biológica (CSB), além de um controle rígido quanto às operações. O pessoal técnico deve receber treinamento
específico sobre procedimentos de segurança. Aplica-se a laboratórios clínicos, de diagnóstico, laboratório-esco-
la, de pesquisa ou de produções.

NB-4 - Nível de Biossegurança 4: O Nível de Biossegurança 4 é o nível de contenção máxima e destina-se a mani-
pulação de microrganismos da classe de risco IV. Geralmente é construído em uma unidade geográfica separada
ou em uma zona completamente isolada. Além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis de biossegurança
1, 2 e 3, esses laboratórios requerem barreiras de contenção (instalações, equipamentos de proteção) e pro-
cedimentos especiais de segurança. O trabalho é realizado primariamente em cabines de segurança biológica
Classe III ou com um macacão individual suprido com pressão de ar positivo. Aplica-se a laboratórios onde se
trabalha com agentes exóticos perigosos que representam um alto risco por provocarem doenças fatais em
indivíduos.

MAPA DE RISCOS

Conceito: É a expressão gráfica da distribuição do con-


junto de riscos envolvidos em um processo de trabalho
realizado em um ponto específico.

Por que devemos fazer o mapa de riscos? Estes riscos


podem prejudicar a saúde do trabalhador e o bom anda-
mento do serviço, portanto, devem ser identificados, ava-
liados e controlados de forma correta.

A partir de 1992 o Departamento Nacional de Segu-


*Requisitos de Segurança rança e Saúde do Trabalhador (DNSST) implantou a obri-
gatoriedade da elaboração de mapas de riscos pelas Co-
missões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA) nas
Os requisitos recomendados e indispensáveis de acor- empresas.
do com o nível de biossegurança são classificados em bar-
reiras de contenção primárias e secundárias.

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

A execução do Mapa de riscos deve seguir algumas e) Analisar os levantamentos ambientais já realiza-
atribuições, entre elas: dos no local de trabalho;
f) Elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da em-
• Conhecer os tipos de Riscos presa, indicando através de círculo:
• Conhecer seu local de trabalho • o grupo a que pertence o risco, de acordo
• Representar graficamente com a cor padronizada;
• o número de trabalhadores expostos ao
risco, o qual deve ser anotado dentro do cír-
Segundo a NR-5 a CIPA terá por atribuição: culo;
• a especificação do agente que deve ser
a) identificar os riscos do processo de trabalho, e ela-
anotada também dentro do círculo;
borar o mapa de riscos, com a participação do maior nú-
• a intensidade do risco, de acordo com a
mero de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde
percepção dos trabalhadores, que deve ser
houver;
representada por tamanhos proporcional-
mente diferentes de círculos.
Algumas etapas para elaboração de um mapa de riscos
são necessárias:
Após a sua elaboração, discussão e aprovação pela
a) Reconhecer e avaliar o processo de trabalho no
CIPA, o Mapa de Riscos, deverá ser afixado em cada lo-
local analisado (trabalhadores, instrumentos e ma-
cal analisado, de forma que os trabalhadores tenham fácil
teriais de trabalho; atividades exercidas; ambiente);
acesso ao mesmo e possam ser alertados sobre os perigos
b) Identificar os riscos existentes no local de traba-
existentes no local de trabalho.
lho analisado;
c) Identificar as medidas preventivas existentes e
Os riscos ambientais são agrupados em cinco grupos
sua eficácia (EPI; EPC; organização do trabalho; hi-
e classificados por cores correspondentes a cada tipo de
giene e conforto);
agente, sendo eles:
d) Detectar os indicadores de saúde;

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

Tais riscos têm origem nos diversos elementos do processo de trabalho, como: materiais; equipamentos; instala-
ções e na forma de organização do trabalho. Então, este mapa trata de identificar situações e locais potencialmente
perigosos. Alguns exemplos de riscos estão descritos na tabela a seguir.

Riscos Físicos Riscos Químicos Ríscos Biológicos Riscos Ergonômi- Riscos de Aciden-
cos tes
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso Arranjo físico inadequado
Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e transpor- Máquinas e equipamen-
te manual de peso tos sem proteção
Radiações ionizantes Névoas Protozoários Exigência de postura Ferramentas inadequadas
inadequada ou defeituosas

Radiações não ionizantes Neblinas Fungos Controle rígido de produ- Iluminação inadequada
tividade
Frio Gases Parasitas Imposição de ritmos Eletricidade
excessivos
Calor Vapores Insetos Trabalho em turno e Probabilidade de incêndio
noturno ou explosão
Pressões anormais Substâncias, compostos Jornadas de trabalho Armazenamento inade-
ou produtos químicos em prolongadas quado
geral
Monotonia e repetitivi- Animais peçonhentos
dade
Outras situações causa- Outras situações de risco
doras de stress físico e/ou que poderão contribuir
psíquico para a ocorrência de
acidentes

No mapa de riscos, os riscos são representados por círculos de três tamanhos diferentes (pequeno, médio e grande)
de acordo com o grau de gravidade. O círculo será colorido de acordo com o tipo de risco a que está associado.

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

PREVENÇÃO

Prevenção é o conjunto de medidas e recomendações que visam evitar e/ou diminuir a transmissão direta ou indire-
ta de microrganismos de importância epidemiológica entre pacientes, profissionais de saúde ou visitantes dentro dos
serviços de saúde, evitando assim, as consequências das doenças. A prevenção pode ser a inespecífica ou específica.

• Medidas inespecíficas – São medidas gerais, com o objetivo de promover o bem-estar das pessoas.
• Medidas específicas – São medidas restritas, incluem as técnicas próprias para lidar com cada agravo em par-
ticular.

Princípios para o controle de risco

Princípios Precaução Padrão


Imunização

Individual e equipe Medidas de quimioprofilaxia (acidentes ocupacionais)

Anti-sepsia das mãos


Evitar contato com matéria orgânica EPI
Tornar seguro o uso de artigos Esterilização e desinfecção dos artigos
Uso de barreiras

Tratamento das superfícies


Limitar propagação de microrganismos no ambiente
Controle da qualidade do ar e da água

Gerenciamento de resíduos

BARREIRAS PRIMÁRIAS Equipamentos de Proteção Individual


(EPI)
O uso de equipamentos de proteção (individual e co-
letivo) fornece à proteção necessária a equipe do Labo- A função principal do EPI é proteger o trabalhador do
ratório de Análises Clínicas e do meio ambiente. As subs- contato com:
tâncias manipuladas e os equipamentos operados podem
resultar numa série de acidentes (intoxicações, envenena- • Agentes infecciosos
mentos, queimaduras térmicas e químicas, contágio por • Materiais perfurocortantes
agentes biológicos, incêndios, explosões). Esses acidentes • Substâncias químicas e /ou toxicas
podem ser evitados ou minimizados pelo uso de equipa-
mentos de proteção individual e coletivos de forma cor-
reta. Entre outros agentes e situações nocivas à saúde.

Ou seja, o EPI é um dispositivo destinado a proteger


a integridade física e a saúde do trabalhador. Lembrando

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

que o EPI deve proporcionar o mínimo e desconforto e radiações. Precisam proporcionar ao trabalhador visão
nunca tirar a liberdade de movimentos do trabalhador. transparente e sem distorções.

É obrigação do empregador fornecer o EPI adequado Os protetores faciais protegem a face contra riscos de
ao trabalho, instruir e treinar o funcionário quanto ao uso, impactos (partículas sólidas, quentes ou frias), substân-
repor os EPIs danificados e também exigir a correta utili- cias nocivas (poeira, líquidos e vapores), radiações (raios
zação. Os EPIs devem ser de boa qualidade e certificados infravermelho, ultravioleta) Oferecem uma proteção adi-
perante o Ministério do Trabalho e Emprego. cional à face do trabalhador sem necessitar do uso de
óculos de segurança.
A classificação do EPI pode ser feita segundo a parte
do corpo que se protege: proteção para a cabeça, prote- Lembrar ainda que os pés devem estar protegidos. O
ção do corpo, dos membros superiores e dos membros uso de sandálias ou sapatos de pano acarretam proble-
inferiores. mas sérios e podem gerar situações perigosas. O sapato
deverá ser compatível com o tipo de atividade desenvol-
Os principais EPIs que devem estar disponíveis para vida.
todos os profissionais que trabalham em Laboratórios de
Análises Clínicas são: aventais, luvas, máscaras, óculos e Máscara N95
protetores faciais.
Segundo o CDC (Centro para Prevenção e Controle de
O avental protege as roupas contra borrifos químicos Doenças – EUA) é utilizada para o controle da exposição
ou biológicos e ainda fornece uma proteção adicional ao ocupacional ao Mycobacterium tuberculosis. Sendo reco-
corpo. A melhor opção é a seleção de aventais de puro mendada também para redução da exposição a aerossóis
algodão, material não reativo a produtos químicos e resis- contendo outros agentes biológicos potencialmente pato-
tente a chamas. Os aventais devem, de preferência, cobrir gênicos e/ou infecciosos, tais como:
completamente as vestimentas, ser fechados nas costas e
ter mangas compridas. • Agentes etiológicos da Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SARS);
As luvas atuam contra riscos biológicos, queimaduras • Influenza Aviária Altamente Patogênica (A/H5N1);
químicas, calor ou frio excessivo, choques elétricos e ou- • Influenza A/H1N1;
tros riscos físicos. Também fornecem elevado grau de pro- • Varicela;
teção contra dermatites. Lembrar que as luvas precisam • Entre outros.
ser de material resistente, ter baixa permeabilidade e boa
flexibilidade além de serem compatíveis com as substân-
cias que serão manuseadas. Equipamentos de Proteção Coletiva
(EPC)
As máscaras vão proteger o aparelho respiratório e
podem ser: respiradores com filtros mecânicos para pro-
teção contra partículas suspensas no ar, respiradores com Os EPCs são equipamentos que servem para minimizar
filtros químicos que protegem contra gases e vapores or- a exposição dos grupos de trabalhadores aos riscos. Estes
gânicos e respiradores com filtros combinados (mecâni- equipamentos irão possibilitar a proteção da equipe do
cos e químicos). laboratório e do meio ambiente.

Os óculos de segurança oferecem amparo aos olhos


contra riscos de impactos, de substâncias nocivas ou de

14
Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

Cabines de Segurança

As Cabines de Segurança Biológica (CSB) são o principal exemplo de EPC e tem por finalidade evitar a fuga de ae-
rossóis (infecciosos, gases tóxicos e/ou corrosivos) para o ambiente. As cabines de segurança são indispensáveis em
qualquer laboratório. Há três tipos de cabines de segurança biológica usadas em laboratórios:

• Classe I
• Classe II – A, B1, B2, B3.
• Classe III

Velocidade Padrões de Radionucleí- Níveis de Bios- Proteção do


Tipo Frontal Fluxo de Ar deos segurança Produto
Subs. Químicas
Frontal: atrás e acima
Classe I (frente
75 através de filtro Não 2e3 Não
aberta)
HEPA.
70% de ar recirculado
Classe II – A 75 e exaustão através de Não 2e3 Sim
filtro HEPA.
30% de ar recirculado
Sim (Níveis baixos/
Classe II – B1 100 e exaustão através de 2e3 Sim
volatividade)
filtro HEPA e dutos
Nenhum ar recircula-
Classe II – B2 100 do. Total exaustão de Sim 2e3 Sim
ar via HEPA e dutos.
Idêntica às cabines
Classe II – B3 100 II-A. Ventilação plena Sim 2e3 Sim
sob pressão negativa.
Entrada e saída do
Classe III Não Aplicável ar através de filtro Sim 3e4 Sim
HEPA 2.
Fonte: CDC (1999)

Essas cabines de segurança biológica podem ter fluxo equipamentos devem estar instalados em locais de rápido
horizontal ou vertical. A CSB de Fluxo Laminar Horizontal e fácil acesso de qualquer ponto do laboratório. O chuvei-
é utilizada para trabalhar com produtos estéreis não pa- ro e a área próxima devem estar desimpedidos e prontos
togênicos. Já a CSB de Fluxo Laminar Vertical destina-se para a utilização a qualquer momento.
a trabalhos com amostras ou produtos patogênicos, em
que há necessidade absoluta de segurança para o traba- Em Laboratórios de Análises Clínicas a manipulação
lhador. de amostras biológicas podem produzir partículas que
podem entrar pelas vias aéreas, contaminar roupas, ban-
cadas e equipamentos, sendo assim, é de extrema impor-
tância que o trabalhador utilize o EPI e EPC corretamente.
Equipamentos de Segurança

Os equipamentos de segurança necessários são os


chuveiros de emergência e o lavador de olhos. Estes

15
Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

BARREIRAS SECUNDÁRIAS rança e prevenção de incêndio. Alguns exemplos de sinais


podem ser vistos abaixo:

As barreiras secundárias nada mais são que as solu-


ções físicas presentes no ambiente de trabalho que pro-
porcionam uma proteção do meio ambiente externo ao Sinais para Equipamento de Combate a
laboratório contra exposição aos materiais infecciosos. As Incêndios
barreiras recomendadas dependerão do risco de trans-
missão de cada laboratório. Algumas soluções físicas são:
Estes sinais identificam os equipamentos de combate
• Sistemas de ventilação especializados (fluxo de ar a incêndio de acordo com o pictograma inserido no sinal.
unidirecionado); São utilizados junto a equipamentos de combate a incên-
• Sistemas de tratamento de ar (descontaminação dio.
e/ou remoção do ar liberado);
• Acesso controlado;
• Câmaras pressurizadas com entradas separadas.
Sinais de Emergência
Outro elemento básico para a contenção de agentes
de risco é a BOA PRÁTICA DE LABORATÓRIO – BPL. Estas De acordo com o pictograma inserido no sinal eles for-
podem ser seguidas quando temo as praticas e técnicas necem informações de salvamento. São utilizados em ins-
microbiológicas padronizadas, quando se tem um conhe- talações, acessos e equipamentos.
cimento prévio dos riscos a que se está exposto, quando
se tem um treinamento de segurança efetivo e acima de
tudo, com a implantação do manual de biossegurança.
Sinais de Aviso

SIMBOLOGIA Estes sinais indicam situações de atenção, precaução


ou verificação de acordo com o pictograma inserido no
A sinalização é uma ação muito importante e deve ser sinal. São utilizados em instalações, acessos, aparelhos,
uma das primeiras ações a serem desenvolvidas pelos instruções e procedimentos, dentre outros.
profissionais responsáveis pelo programa de Biossegu-
rança de uma instituição, já que os profissionais da área
da saúde que exercem suas atividades em laboratórios,
estão sujeitos a diversos tipos de riscos. Produtos e áreas Sinais de Obrigação
que oferecem riscos devem ser marcados com os devidos
símbolos internacionais em etiquetas auto-adesivas pa-
drão. De acordo com o pictograma inserido no sinal eles in-
dicam comportamentos ou ações específicas. São utiliza-
No Brasil, a simbologia de risco está normatizada pela dos em instalações, acessos, aparelhos, instruções e pro-
ABNT, NBR 7.500, e é a mesma adotada pela ONU. Estes cedimentos, dentre outros.
símbolos apresentam formas e cores diferenciados que
indicam sinalização de: aviso, interdição, obrigação, segu-

16
Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

Sinais de Proibição Os resíduos de saúde são classificados:

• Grupo A: Resíduos biológicos ou a possibilida-


Estes sinais indicam atitudes perigosas de acordo com de da presença de agentes biológicos, que podem
o pictograma inserido no sinal. São utilizados em insta- apresentar riscos de infecção;
lações, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, • Grupo B: Resíduos químicos ou contaminados
dentre outros. por produtos químicos perigosos que podem apre-
sentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente;
Em laboratórios onde são manipulados agentes bioló- • Grupo C: Rejeitos radioativos resultantes de ativi-
gicos o emblema internacional indicando risco biológico dades humanas;
deve ser afixado nas portas de acesso. Esta atitude deve • Grupo D: Resíduos comuns. Resíduos que não
ser tomada a fim de restringir o acesso ao laboratório e apresentam riscos biológicos, químico ou radioló-
deve informar o tipo de risco a que estão expostos os tra- gico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser
balhadores. comparados aos resíduos domiciliares;
• Grupo E: Materiais perfurocortantes ou escarifi-
cantes.

PROCEDIMENTOS PARA DESCARTE


DOS RESÍDUOS GERADOS EM Lembre-se que nenhum material deve sair do labora-
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS tório sem que esteja adequadamente embalado.

Os resíduos do Grupo A, estão sub-dividos em A1 a


O Laboratório de Análises Clínicas tem uma enorme A5. Sendo de importância para Laboratórios de Análises
responsabilidade com a qualidade dos serviços prestados, Clínicas os sub-grupos A1 (Culturas e instrumentos utiliza-
com a saúde dos seus funcionários e o meio ambiente. dos para transferência, inoculação ou mistura de cultura)
Portanto, o descarte de resíduos deve seguir normas e e A4 (Sobras de amostras de laboratório e seus recipien-
condutas em conformidade com as exigências legais esta- tes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de
belecidas pelos órgãos fiscalizadores competentes. pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de
conter agentes Classe de Risco 4).
A RDC 306 (publicada em 07 de dezembro de 2004)
dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamen- Os resíduos do Grupo A devem ser submetidos a tra-
to de resíduos de serviços de saúde (RSS). E afirma que tamento antes de serem descartados. O método mais co-
são geradores de RSS todos os serviços relacionados com mum utilizado é o processo físico (calor ou radiações ioni-
o atendimento à saúde humana ou animal. Os serviços de zantes), sendo que outros processos, que sejam validados,
saúde também se baseiam nas classificações adotadas na podem ser utilizados para que se obtenha a redução ou
Resolução nº 5 do Conselho Nacional do Meio Ambiente eliminação da carga microbiana. Após o tratamento, estes
(CONAMA). resíduos podem ser tratados como resíduos comuns. No
entanto, não havendo a possibilidade de tratamento pré-
O gerenciamento dos RSS tem por objetivo minimizar a vio, os resíduos devem ser acondicionados em saco bran-
produção de resíduos e proporcionar um descarte seguro co leitoso e propriamente identificados.
e eficiente. Todo Laboratório de Análises Clínicas deverá
elaborar e implementar o Plano de Gerenciamento de Re- Os resíduos do Grupo B devem ser descartados de
síduos de Serviços de Saúde (PGRSS). acordo com as características químicas e propriedades
específicas de cada classe de substância (corrosivos e to-

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

xicológicos). Estes resíduos são geralmente oriundos dos É importante seguir a recomendação de autoclavagem
equipamentos automatizados e dos reagentes de labora- ou incineração para tratamento de descartes infeccio-
tórios. Para a realização dos procedimentos adequados sos. E recomenda-se identificar de forma clara e de fácil
de descarte, é importante que se observe o grau de to- visualização os sacos de acondicionamento, recipientes
xicidade e lembrar que não se deve misturar substâncias de coleta interna e externa, os recipientes de transporte
químicas de diferentes naturezas e composições. É neces- interno e externo e os locais de armazenamento. A coleta
sário que a coleta desses tipos de resíduos seja periódica. do material deve ser realizada por funcionário treinado
do serviço de limpeza, em carrinhos fechados e laváveis,
Os procedimentos estabelecidos para a eliminação de sempre que necessário. Quando o transporte for manual,
rejeitos radioativos (Grupo C) foram padronizados pela este deve ser realizado de maneira que nenhuma parte do
Norma Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)- corpo do funcionário responsável entre em contato com
-NE-6.05 (CNEN, 1985). É importante que os rejeitos ra- o resíduo.
dioativos líquidos e sólidos não sejam misturados. Os
containers de descarte devem ser identificados com: Isó-
topo presente, tipo de produto químico e concentração,
volume do conteúdo, laboratório de origem, técnico res- ROTINAS DE ESTERILIZAÇÃO
ponsável pelo descarte e a data do descarte. Os rejeitos
radioativos devem ser armazenados em local separado do
laboratório, previamente adaptado, até o seu recolhimen- A limpeza das áreas físicas do Laboratório de Análises
to. Clínicas deve ser realizada com o intuito de desinfecção, e
deve acontecer regularmente. Para pisos, paredes, vidra-
Os resíduos do Grupo D não se enquadram em nenhu- ças, bancadas e superfícies não metálicas a limpeza deve
ma das outras categorias e podem ser descartados como ser feita com hipoclorito de sódio 0,5% e para superfícies
resíduos domésticos. Quando destinados à reciclagem ou metálicas, álcool etílico 70%.
reutilização, a identificação deve ser feita nos recipientes
e nos abrigos de guarda recipientes, utilizando-se o códi- A desinfecção do ambiente é empregada antes e após
go de cores. a atividade laboratorial para prevenir contaminação do
ambiente com materiais ou produtos biológicos que ofe-
Os resíduos do Grupo E devem ser descartados sepa- reçam risco, sendo esta tarefa extremamente essencial
radamente e imediatamente após o uso, em recipientes para reduzir os riscos de contaminação acidental pelo la-
rígidos, resistentes à perfuração, ruptura e vazamentos e boratorista ou por outro indivíduo presente no local.
com tampa.

18
Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

• Esterilização é o processo físico e/ou químico que


A limpeza, descontaminação e/ou esterilização de vi-
tem por finalidade destruir todas as formas de mi-
drarias ou equipamentos devem ser realizadas regular-
crorganismos, inclusive os esporos de microrganis-
mente e imediatamente após o uso de produtos quími-
mos.
cos, radioativos ou biológicos.
• Descontaminação é o termo utilizado para a de-
sinfecção e/ou esterilização terminal de superfícies,
Alguns conceitos importantes estão listados abaixo:
equipamentos ou instrumentos contaminados.
• Limpeza é a remoção de materiais não desejáveis, • Anti-sepsia é o procedimento pelo qual microrga-
como sujeira orgânica e/ou inorgânica de superfí- nismos presentes na pele ou mucosas são elimina-
cies e objetos. A limpeza comumente se faz com dos. Na anti-sepsia utiliza-se substâncias microbici-
água, detergente e ação mecânica. das ou microbiostáticas.
• Desinfecção é o processo físico e/ou químico que • Assepsia é o procedimento pelo qual microrga-
irá destruir os microrganismos presentes em ob- nismos presentes em superfícies, equipamentos ou
jetos inanimados. Na desinfecção não necessaria- instrumentos são eliminados, com o uso de subs-
mente os esporos dos microrganismos são destruí- tâncias microbicidas ou microbiostáticas.
dos.

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

Através dos processos citados acima, é possível controlar a contaminação por produtos biológicos.

Na tabela a seguir podemos ver a sobrevivência de alguns microrganismos em diversos tipos de superfícies:

Microrganismo Superfície Tempo


S. aureus Plástico 11 dias
Adenovírus Úmida 8 semanas
Candida Seca 24 horas

V. influenza Roupa, papel 8-12 horas


Mãos 5 minutos
Rinovírus Metálica 14 horas
HSV Pele 2 horas
HVA Mãos 4 horas
HBV Seringas 8 meses
HCV Seringas 8 meses
HIV Seringas 7-21 dias

ARTIGOS: Compreendem instrumentos de naturezas • Remoção e/ou redução de microrganismos;


diversas utilizados na assistência médico hospitalar e la- • Remoção de resíduos químicos, orgânicos e endo-
boratorial. São classificados de acordo com sua natureza, toxinas;
risco para o paciente e aplicação em. • Remoção e/ou redução de substâncias pirogêni-
cas;
• Crítico: penetra na pele e nas mucosas dos pa- • Preservar o material.
cientes, atingindo tecidos sub-epiteliais e sistema
vascular (instrumentos perfuro-cortantes que tem
contato com sangue); Limpeza Manual
Requer esterilização
• Semi-crítico: entra em contato com a pele não
íntegra ou mucosa íntegras; É todo procedimento de limpeza realizado manual-
Requer desinfecção mente por meio de ação física. Utilizando-se água, deter-
• Não-crítico: entra em contato com a pele íntegra; gente, escovas de cerdas macias e esponjas.
Requer limpeza
Durante o processo de limpeza é necessário à utiliza-
ção de EPI apropriado (luva grossa de borracha antiderra-
LIMPEZA pante de cano longo, avental, bota, gorro, protetor facial,
máscara e óculos de proteção) e sempre friccionar os arti-
gos sob a água para evitar a formação de aerossóis.
A limpeza é o processo que irá preceder as ações de
desinfecção e/ou esterilização e é importante lembrar- Detergentes: “Soluções que têm a capacidade de tor-
mos que quanto mais limpo estiver o artigo, menores as nar solúvel em água sujidades aderidas e de difícil remo-
chances de ocorrerem falhas na esterilização do mesmo. ção.”
A limpeza pode ser desenvolvida de forma manual ou au-
tomatizada. E tem por finalidade: • Tradicionais - umectar; dispersar e suspender su-
jeira.
• Remoção da sujidade;

20
Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

• Enzimáticos - protease, lipase e amilase (comu- • LAVADORA ESTERILIZADORA – realiza ciclos de


mente em instrumentos de difícil acesso e lumens pré-limpeza, limpeza com detergente, enxágue e
estreitos). esterilização.

Limpeza Automatizada DESINFECÇÃO

É o procedimento de limpeza realizado por máquinas Na desinfecção podemos ter níveis diferentes, sendo
automatizadas, que irão remover a sujidade por meio de eles:
ação física e química. Os equipamentos comumente utili-
zados na limpeza automatizada são: • ALTO NÍVEL - Elimina todos os microrganismos na
forma vegetativa, e alguns esporos de microrganis-
• LAVADORA ULTRA-SÔNICA – utiliza a ação com- mos. Requer enxágue do material com água estéril
binada da energia mecânica (vibração sonora), tér- e manipulação com técnica asséptica.
mica (temperatura entre 50º e 55ºC) e química (de- • NÍVEL INTERMEDIÁRIO - Elimina os microrganis-
tergentes). mos na forma vegetativa, a maioria dos fungos e
• LAVADORA DESCONTAMINADORA – utiliza jatos vírus, inclusive o bacilo da tuberculose, porém não
de água associadas a detergentes, com ação de bra- elimina nenhum esporo de microrganismos.
ços rotativos e bicos direcionados sob pressão. • NÍVEL BAIXO - Elimina a maioria dos microrganis-
• LAVADORA TERMO-DESINFECTADORA – utiliza mos na forma vegetativa, alguns fungos e vírus, no
jatos de água e turbilhonamento, associados à ação entanto não elimina o bacilo da tuberculose, nem
de detergentes. Nesta lavadora a desinfecção ocor- esporos de microrganismos.
re por meio de ação térmica ou termoquímica.

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

A desinfecção pode ocorrer por processos físicos, onde Todo processo de esterilização deve ser monitorado
temos um alto nível de desinfecção, como a Pasteurização para se ter a certeza da eficácia do processo. Alguns indi-
(água 75ºC por 30 minutos) e pela utilização da Lavadora cadores podem ser utilizados para este fim, são eles:
Termo-desinfectadora (60 a 95ºC).
• Indicadores Mecânicos - Medição de tempo,
A seleção dos desinfetantes deve ser feita levando-se temperatura e pressão;
em conta que este componente deve ter um amplo espec- • Indicadores Químicos - Mudança de cor (quando
tro de ação antimicrobiana; não deve danificar os artigos; parâmetros físicos são alcançados);
deve sofrer pouca e/ou nenhuma interferência da matéria • Indicadores Biológicos - Esporos biológicos.
orgânica; não ser corrosivo e possuir baixa toxicidade e
ser estável.
Embalagem

ESTERILIZAÇÃO A embalagem dos artigos a serem esterilizados deve


ser selecionada de modo que o processo de esterilização
ocorra devidamente e que sua esterilidade seja mantida
A esterilização pode ocorrer por métodos Físicos (calor até a sua utilização.
seco, calor úmido e radiações), Químicos (glutaraldeído,
formaldeído, acido peracético, peróxido de hidrogênio • Ser permeável ao ar;
estabilizado, compostos de ácido peracético/peróxido de • Ser permeável ao agente esterilizante,
hidrogênio) ou Físico-químico (óxido de etileno, formal- • Permitir a entrada do agente esterilizante;
deído e plasma de peróxido de hidrogênio). • Permitir a secagem do artigo;
• Ser uma barreira à passagem de microrganismos.
Esterilização a base de calor

• Calor seco – estufa; HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS


• Vapor sob pressão – autoclave.

Colocar em prática a higienização das mãos em ser-


Esterilização Físico-Química viços de saúde é uma tarefa difícil e complexa, mesmo
esta prática sendo conhecida como uma das medidas
• Utiliza a ação combinada de um agente químico e
mais importantes na prevenção e controle de infecções.
um meio físico, gerando vapor de gases.
Atualmente existem diversos programas que enfocam a
importância da higienização das mãos e tentam com isso,
Alguns fatores podem afetar a eficácia da esterili-
mudar a adesão dos profissionais da área da saúde.
zação:
• Quantidade e localização dos microrganismos; A primeira vez que a higienização das mãos foi dada
• Resistência inata dos microrganismos; como importante para o controle de infecções foi em
• Concentração e potência do agente químico; 1846, quando o médico húngaro, Ignaz Semmelweis, re-
• Presença de matéria orgânica; portou a diminuição no número de mortes maternas por
• Duração da exposição. infecção puerperal após a implantação da prática de higie-
nização das mãos em um hospital em Viena. No entanto,
apesar das evidencias da importância da higienização das

22
Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

mãos a maioria dos profissionais da saúde ainda não se- As mãos constituem a principal via de transmissão de
guem estas recomendações. microrganismos, pois a pele é um reservatório de diversos
microrganismos. A transmissão desses microrganismos
Alguns motivos relacionados para a não adesão da hi- pode ocorrer de uma superfície para outra, seja por meio
gienização das mãos são: de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do
contato com objetos e superfícies contaminados.
▪▪ Muito ocupados;
▪▪ As mãos se ressecam; Microbiota da pele normal é composta principalmente
▪▪ As mãos não parecem sujas; por dois tipos de população de microrganismos:
▪▪ As pias não estão próximas;
▪▪ Falta papel-toalha; ▪▪ Residente – Coloniza as camadas mais internas da
▪▪ A prioridade é o trabalho; pele, sendo mais difícil de ser removida pela higie-
▪▪ Leva muito tempo. nização das mãos com água e sabão. É constituída
por microrganismos de baixa virulência, pouco as-
sociados às infecções veiculadas pelas mãos (Sta-
A higienização das mãos é, sem dúvida, a rotina mais phylococcus spp., Corynebacterium spp., e Micro-
simples, menos dispendiosa, mais eficaz, e de maior im- coccus spp.).
portância na prevenção e controle da disseminação de in- ▪▪ Transitória – Coloniza a camada mais superficial
fecções, devendo ser praticada por toda equipe, sempre da pele, sendo assim, pode ser removida pela ação
ao inicio e ao término de qualquer tarefa. Lavar as mãos mecânica da higienização das mãos com água e
corretamente, além de prevenir uma série de doenças sabão. Quando se utiliza solução anti-séptica esta
transmissíveis é considerado um princípio básico da higie- microbiota é eliminada com mais facilidade. É cons-
ne pessoal. tituída, basicamente, por bactérias Gram-negativas
(Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa) e cocos
O termo “lavagem das mãos”, utilizado corriqueira- Gram-positivos (Staphylococcus spp.), além de fun-
mente foi substituído recentemente por “higienização gos e vírus.
das mãos” devido à maior abrangência deste processo.
O termo engloba a higienização simples, a higienização
anti-séptica, a fricção anti-séptica e a anti-sepsia cirúr- Diferentes contagens de microrganismos em diferen-
gica das mãos. Os tipos de higienização das mãos podem tes áreas:
ser vistos no vídeo.
• 1 x 106 UFC/cm2 – couro cabeludo
A higienização das mãos tem por finalidade a remoção • 1 x 104 UFC/cm2 – antebraço
mecânica das sujidades, suor, pelos, células descamativas, • 4 x 104 UFC/cm2 – abdomen
oleosidade e a redução da microbiota transitória da pele. • 5 x 105 UFC/cm2 – axila
Com isso, prevenimos e diminuímos a transmissão das
infecções veiculadas pelo contato (transmissão cruzada).
Já a Anti-sepsia ou Degermação de Mãos tem por finali- Nos profissionais de saúde essa contagem varia de 3,9
dade a redução da microbiota residente e a eliminação x 104 a 4,6 x 106 UFC/cm2.
da microbiota transitória. Será utilizada uma solução com
propriedade germicida denominada anti-séptico. Todos os profissionais da área da saúde devem hi-
gienizar as mãos e existem diversos momentos em que
este procedimento está indicado. Devemos nos lembrar
de que mesmo que as luvas sejam utilizadas durante os

23
Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

procedimentos, após a sua retirada, as mãos devem ser • Entre procedimentos num mesmo paciente;
higienizadas. Os profissionais que atuam na área da saú- • Antes de realizar procedimentos assistenciais e
de podem higienizar suas mãos utilizando água e sabão, utilizar dispositivos invasivos;
preparação alcoólica ou anti-séptico. Variando de acordo • Antes e após o uso de luvas;
com as indicações. • Após risco de exposição a fluidos corporais;
• Após contato com objetos inanimados e superfí-
cies imediatamente próximas ao paciente ou com
contato de fluidos.
Uso de Água e Sabão
Uso de Anti-Sépticos
• Mãos visivelmente sujas ou contaminadas com
sangue e outros fluidos corporais;
• No inicio do turno de trabalho; Higienização anti-séptica das mãos
• Antes e após ir ao banheiro; • Precaução de contato para pacientes portadores
• Antes e depois de comer, beber; de microrganismos multirresistentes;
• Depois de manusear material infectante. • Em casos de surtos.
Degermação da pele
• Pré-operatório, antes de qualquer procedimento
Uso de Preparação Alcóolica cirúrgico;
• Antes da realização de procedimentos invasivos.

Serve para higienizar as mãos quando estas não estive-


rem visivelmente sujas. Entre os principais anti-sépticos utilizados para a hi-
gienização das mãos, destacam-se: Álcoois, Clorexidina,
• Antes e após contato com o paciente; Compostos de iodo, Iodóforos e Triclosan.

Bactérias Microbacte- Velocidade


Anti-séptico ria Fungos Vírus de Ação
Gram-positivas Gram-negativas
Alcoóis Excelente Excelente Excelente Excelente Excelente Rápida
Clorexidina (2%
Excelente Bom Regular Regular Excelente Intermediária
a 4%)
Compostos de
Excelente Excelente Excelente Bom Excelente Intermediária
Iodo
Iodóforos Excelente Excelente Regular Bom Bom Intermediária
Triclosan Excelente Bom Regular - Excelente Intermediária

Para a realização da higienização das mãos os profis- Os lavatórios ou pias devem, preferencialmente pos-
sionais da área da saúde necessitam das seguintes insta- suir torneiras com comandos que dispensem o contato
lações: das mãos.

• Lavatórios ou pias; Os dispensadores de sabão e anti-sépticos devem pos-


• Dispensadores de sabão e anti-sépticos; suir dispositivos que facilitem seu esvaziamento e preen-
• Toalheiro com papel-toalha; chimento, afim de evitar sua contaminação. Deve-se op-
• Lixeira.

24
Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

tar por dispensadores que evitem o contato direto com a Lavar com água e sabão durante 5 minutos, secar e
mão dos profissionais da área da saúde e de fácil limpeza. aplicar álcool a 70%.
• Mucosas
O papel-toalha deve possuir boa propriedade de se- Lavar abundantemente com água ou soro fisiológi-
cagem e deve-se dar preferência aos papéis em bloco. O co durante 5 minutos.
toalheiro deve ser de fácil limpeza e a sua instalação deve • Lesão pérfuro-cortante
ser de tal forma que não receba respingos de água e sa- Deixar sangrar alguns segundos.
bão. Lavar com água e sabão por 5 minutos.

A lixeira deve se encontrar junto aos lavatórios ou pias.


No caso de lixeira com tampa, sua abertura deve ser sem Não é recomendada a utilização a injeção de anti-sép-
a utilização das mãos. ticos nos ferimentos, nem mesmo se recomenda “espre-
mer” o ferimento.

Para qualquer exposição a exposição ocupacional a


O AMBIENTE LABORATORIAL E A materiais biológicos deve ser disponibilizado o aconselha-
INFECÇÃO POR EXPOSIÇÃO mento e o seguimento clínico e sorológico, sendo este:

• Sorologias: Paciente – fonte


Indivíduos que trabalham em Laboratórios de Análises - anti-HIV Elisa e Teste rápido
Clínicas estão frequentemente expostos a diversos agen- - HbsAg
tes biológicos prejudiciais à saúde e correm o risco de ad- - anti-HVC
quirir uma infecção por exposição ocupacional. Segundo • Sorologias: Acidentado
o CDC, em um estudo intitulado National Surveillance Sys- - anti-HIV Elisa, anti-HBs
tem for Healthcare Workers, ocorreram 236.000 aciden- Se anti-HBs negativo:
tes percutâneos por ano e destes, 75% eram preveníveis. - HBsAg, anti-HBc
Em um estudo do grupo Italiano, Italian Study on Occupa- - anti-HCV
tional Exposure to HIV, em um ano ocorreram 439 aciden-
tes percutâneos e destes, 74% eram preveníveis apenas
com alteração do comportamento do funcionário. Exposição ao HIV

Os trabalhadores devem ser avaliados na admissão, in- A probabilidade de infecção por HIV após acidentes
cluindo a história das imunizações e exposições anteriores percutâneos é de 0,3% por acidente. Na exposição de mu-
a doenças transmissíveis e o status imunológico. Em cada cosas é de 0,09% por acidente.
laboratório devem ser definidas políticas específicas e de
pós-exposição de: HIV, vírus de hepatite A, B, C, Neisseria A quimioprofilaxia após exposição ocupacional ao HIV
meningitidis, Mycobacterium tuberculosis, vírus varicela- é permeada por questões, no entanto as novas recomen-
-zoster, hepatite E, Corynebacterium diphteriae, Borde- dações do CDC e do Ministério da saúde preconizam que
tella pertussis, e raiva. se deve considerar a exposição e o status do HIV para a
definição da quimioprofilaxia.
Alguns cuidados locais imediatos devem ser seguidos
após a exposição ocupacional a materiais biológicos: É recomendada a quimioprofilaxia após acidentes com
pérfuro-cortantes:
• Pele
• Injúria profunda

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

• Agulha oca
• Sangue visível
• Paciente com alta viremia

E se oferece a quimioprofilaxia após acidentes em mucosas ou pele lesada:

• Com risco aumentado


• Com sangue visível

Fonte Tipo de Exposição Densidade Quimioprofilaxia Regime Antiretro-


viral
+ Grave Recomendado

Percutânea
- Grave Recomendado
HIV+, assintomático, ZDV + 3TC + NFV/LPV
carga viral baixa Membrana, mucosa ou
Grande volume Recomendado
pele íntegra ZDV + 3TC
Pequeno volume Recomendado
ZDV + 3TC
+ Grave Recomendado

Percutânea ZDV + 3TC


- Grave Recomendado
HIV+, sintomático, AIDS
ou carga viral elevada Membrana, mucosa ou ZDV + 3TC + NFV/LPV
Grande volume Recomendado
pele íntegra
ZDV + 3TC + NFV/LPV
Pequeno Volume Recomendado
Percutânea ZDV + 3TC + NFV/LPV
Fonte ou sorologia anti- Em geral não se reco-
-HIV desconhecidas Membrana, mucosa ou menda
ZDV + 3TC
pele íntegra
Percutânea
Em geral não se reco-
HIV negativo
Membrana, mucosa ou menda
pele íntegra
ZDV – Zidovudina; 3TC – Lamivudina; NFV – Nelfinavir; LPV – Lopinavir.

O início da quimioprofilaxia deve ser precoce, em até Exposição ao vírus da Hepatite B


duas horas após a exposição. E a duração varia de acordo
com o resultado da sorologia do paciente fonte, sendo: As estimativas da probabilidade de infecção por HBV
após acidente por pérfuro-cortantes varia de acordo com
• HIV negativo - Suspender medicação o paciente fonte:
• HIV positive - 4 semanas
• Fonte com estado viral desconhecido e de risco - • HBsAg e HBeAg positivos:
4 semanas hepatite clínica: 22 a 31%
conversão sorológica: 37 a 62%
• HBsAg positivo e HBeAg negativo:
O trabalhador acidentado deve repetir os testes soro- hepatite clínica: 1 a 6%
lógicos por até um ano após a exposição ao HIV. conversão sorológica: 23 a 37%

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

O ideal é que todos os profissionais da área da saúde estejam previamente vacinados. Após uma exposição ao HBV,
o trabalhador que estiver com a vacinação completa não necessita de nenhuma medida adicional. No entanto, aqueles
não vacinados, deverão iniciar vacinação e as medidas específicas. Os trabalhadores que estiverem com o esquema de
vacinação incompleto deverão completar o esquema e iniciar as medidas específicas. A medida mais eficaz é a utiliza-
ção de Gamaglobulina Hiperimune, no entanto este tratamento é extremamente caro.

Trabalhador Fonte Fonte Fonte desconhecida ou


Exposto HBsAg+ HBsAg- não testada
Não vacinado HBIG e iniciar vacinação Iniciar vacinação Iniciar vacinação
Vacinado com resposta Sem terapia Sem terapia Sem terapia
Vacinado sem resposta HBIG e reiniciar vacinação Reiniciar vacinação Se alto risco, tratar como HBsAg+
Testar para anti-HBs:
Testar para anti-HBs: Testar para anti-HBs:

Se adequada, sem terapia;


Resposta desconhecida Se adequada, sem terapia; Se adequada, sem terapia;

Se inadequada e alto risco, HBIG


Se inadequada, HBIG e vacina Se inadequada, vacina
e vacina

Exposição ao virus da Hepatite C (≥10mm de induração). A profilaxia será feita com isonia-
zida, mas pode variar dependendo das recomendações
O risco de infecção pelo HCV após acidentes percutâ- locais.
neos com agulhas com lúmen varia de 0 a 7% e após ex-
posição de mucosas é menor que 1%. Não existe qualquer Outras infecções (varicela, hepatite A e E, difteria e
intervenção terapêutica profilática especifica pós-exposi- raiva)
ção para a hepatite C. No entanto, o paciente fonte deve
ser testado para a infecção por HCV. A transmissão destes microrganismos é rara, no en-
tanto recomenda-se a vacinação dos profissionais contra
Infecção por Neisseira meningitidis a varicela e a hepatite A. A vacina da gripe deve ser ad-
ministrada anualmente. A vacina contra a raiva pode ser
As infecções ocupacionais por N. meningitidis são ra- recomendada dependendo da prevalência da doença na
ras, mas dada a gravidade da doença, justifica-se a qui- região.
mioprofilaxia apropriada quando tiver havido suspeita de
infecção. A profilaxia recomendada inclui uma das seguin- É importante lembrar que uma exposição ocupacional
tes: pode ocorrer a qualquer hora do dia, portanto, o acon-
selhamento, testes e tratamento devem estar disponíveis
• rifampicina (600 mg, duas vezes ao dia, durante durante as 24 horas do dia.
dois dias);
• dose única de ciprofloxacina (500 mg);
• dose única de ceftriaxona (250 mg) IM.

Mycobacterium tuberculosis

No caso de exposição do trabalhador, a profilaxia será


instituída após a verificação da conversão do Mantoux

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Biossegurança em Laboratório de Análises Clínicas

REFERÊNCIAS CENTERS FOR DISEASE CONTROL. Recommended Infec-


tion-Control Practices for Dentistry. Reprinted from
Morbidity and Mortality Weekly Report, Recom-
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2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o 1993.
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Diário Oficial da União, Brasília, 10 de dezembro de FONTES, E.; VARELLA, M.D.; ASSAD, A .L.D. Biosafety in
2004. Disponível em: http://elegis.bvs.br/leisref/ Brazil and its interfaces with other laws. http://
public/home.php www.bdt.org.br/bdt/oeaproj/biosseguranca.htm

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tion. 4. ed. Philadelphia, Lea & Febiger, 1991. ed. São Paulo: Manole, 2002.

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BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. COORDENACÃO NACIO-


NAL DE DST E AIDS. Manual de condutas - expo-
sição ocupacional a material biológico: hepatite e
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BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria nº 485 de 11 de


novembro de 2005. Aprova as Normas Regulamen-
tadoras – NR-32 - (Segurança e Saúde no Trabalho
em Estabelecimentos de Saúde). Diário Oficial da
União, Brasília, 16 de novembro de 2005.

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