O metabolismo dos ácidos graxos no TAM é um tema de amplo debate e interesse no
meio cientifico. Como vimos anteriormente, os ácidos graxos são fundamentais durante o processo de desacoplamento mitocondrial mediado por UCP1 (CANNON; NEDERGAARD, 2018). Contudo, a manutenção da termogênese sem tremores requer a presença extra de lipídeos advindos de outras fontes além dos estoques intracelulares armazenados nas gotículas lipídicas. Neste caso, o TAM apresenta dois principais mecanismos para obter lipídeos: a captação de ácidos graxos livres circulantes ou derivados de lipoproteínas ricas em triglicerídeos; e a síntese de triglicerídeos a partir de intermediários metabólicos como a glicose (lipogênese de novo) (BARTELT et al., 2011; TOWNSEND; TSENG, 2014; HANKER; KLINGENSPOR, 2019).
Após a ingestão alimentar, a maioria dos lipídeos dietéticos sofrem lipogênese de
novo ou são sintetizados como triglicerídeos no fígado, e transportados na circulação sanguínea por quilomícrons e lipoproteínas de muita baixa densidade (VLDL) até os tecidos periféricos como o TAB e TAM (GESTA; KAHN, 2017). Em ordem para serem utilizados pelo TAM, triglicerídeos a partir de lipoproteínas devem ser primeiros processados no espaço intracelular pela enzima lipase lipoproteica (LPL) (GESTA; KHAN; 2017). Esta enzima é produzida por vários tecidos, incluindo o TAM (BARTELT et al., 2011).
No tecido adiposo, a LPL é secretada pelos adipócitos e lançada para dentro do
lúmem capilar, onde se ancora as células endoteliais. Neste local, esta enzima interage com as lipoproteínas ricas em TG (quilomícrons e VLDL) liberando ácidos graxos livres e monoacilglicerol e facilitando a captação de ambos pelo TAM (CALDERON-DOMINGUEZ et al., 2016; SEO et al., 2000). Assim, por ser uma enzima limitante da taxa de lipose extracelular e modular a taxa de captação de trigliceriodes e outros lipídeos circulantes, a LPL acaba sendo uma das principais reguladoras dos niveis de triglicerídeos circulantes (BARTELT et al., 2011; CALDERON-DOMINGUEZ et al., 2016).
Enquanto outros estudos têm demonstrado que a termogênese no TAM pode ser ativada através de vias alternativas ao invés da lipólise dos triglicerídeos (SCHREIBER et al., 2017; SHIN et al., 2017).