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FAMA & ANONIMATO

GAY TALESE

PREFÁCIO

Gay Talese é um dos grandes expoentes do chamado Novo Jornalismo, movimento que
incorpora características da literatura ao jornalismo. Ele se tornou referência ao romper com as
estruturas do texto jornalístico tradicional, utilizando da narrativa poética para contar histórias
reais na década de 1960, sendo um dos contribuidores para a criação do jornalismo literário.
A obra que você segura em mãos, "Fama & Anonimato", é um dos grandes exemplares
desse movimento que revolucionou o jornalismo. Publicado pela primeira vez no Brasil em 1973
sob o título "Aos olhos da multidão", o livro se tornou referência entre jornalistas e escritores.
Mas vai além disso. Essa obra serve para inspirar ou até aguçar a curiosidade de todos os leitores
interessados na vida cotidiana do mundo que nos cerca. E o mundo que cerca Gay Talese é a
cidade de Nova York, aqui retratada de tal maneira que faz o leitor se transportar.
E nada de utilizar os clichês impostos pelas redações de jornais, com as famosas
perguntas "O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?". Talese, escritor do ​The New York
Times​, foi para as ruas na década de 60 para descobrir acontecimentos e fatos que normalmente
não resultariam em matérias. E assim descobriu uma segunda Estátua da Liberdade; descobriu
que as faxineiras do Empire State encontravam cerca de 5 mil dólares por ano nas 3 mil salas do
edifício; que os nova-iorquinos piscavam, em média, 28 vezes por minuto; que quando chove o
movimento do comércio cai de 15 a 20%; e assim vai.
A obra está dividida em três partes. A primeira parte, intitulada ​“Nova York: a jornada de
um serendipitoso”, relata exatamente isso: pequenas curiosidades da vida mundana, o universo
urbano e as pessoas comuns de Nova York. ​Ainda conta algumas profissões peculiares, como um
psicólogo de gatos que mora na Lexington Avenue ou um passeador de cães que mora nas
imediações da East Seventies Street.
Na segunda parte, "A Ponte", Talese narra a saga da construção da ponte
Verrazzano-Narrows, que liga Staten Island ao Brooklyn. E não só fala da construção em si,
como também da realidade do grupo de homens anônimos encarregados da obra, que
acompanhou de 1961 a 1964. E ainda ​relata acidentes e mortes que ocorreram durante, como a
de Gerard Mckee, um dos ​boomers (termo utilizado para descrever os responsáveis pela explosão
da cidade), e protestos que aconteceram durante a construção.
A terceira parte, "Excursão ao Interior", contém um dos textos mais famosos do Novo
Jornalismo, "Frank Sinatra está resfriado", publicado pela primeira vez em 1966 na revista
Esquire.​ Nele, Talese faz um retrato do famoso cantor norte-americano sem nunca sequer ter
trocado uma palavra com ele. Isso porque Sinatra esteve sempre cercado de capangas da máfia e
até mesmo da má vontade de conversar com o escritor. O jornalista, então, optou por contar a
história sem ouvir o personagem principal. Além de Frank Sinatra, a terceira parte mostra ainda
perfis de Joe Louis, Peter O'Toole, Frank Costello e Joe DiMaggio.
A mais nova edição, publicada em 2004, traz ainda dois textos inéditos, que narram a
elaboração dos textos do Sinatra e da ponte, bem como um texto sobre a destruição das torres
gêmeas em 11 de setembro de 2001.
Enfim, o feito de "Fama & Anonimato" está justamente na sua intemporalidade.
Abandonando as definições de praxe que conhecemos há muito tempo, as histórias não
envelhecem e podem (e devem) ser lidas por pessoas de qualquer área. O livro contém apenas
formas de se contar uma história, transformando tópicos banais e informações aparentemente
inúteis, em ouro jornalístico e literário.
 
 

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