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O meio ambiente, assim entendido como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (artigo 3º, I, da Lei 6.938/81), foi
preocupação de nossos legisladores originários constitucionais, que dedicaram capítulo específico da CF/88 –
“Do Meio Ambiente” (artigos 225 e seguintes).
MANUAL CASEIRO
Direito Ambiental para
Delegado de Polícia Civil
Sumário
3
- Leitura da Legislação:
Prezado aluno, nas provas de Delegado a disciplina de Direito Ambiental, em regra, cobra o texto da
legislação. Dessa forma, reforçamos a importância da leitura da lei seca, bem como, o estudo atencioso de todos os4
artigos destacados neste material.
Certamente a disciplina de D. Ambiental não é a sua preferida, tudo bem, também não é a minha, mas
vamos estudar com afinco ainda maior, são as disciplinas denominadas de “secundárias” que tem separado os bons
candidatos dos bons candidatos aprovados.
Vamos Juntos!
Esquematizando
Fontes Materiais
5
Minamata – Japão: desastre ocorrido no início da década de 50, por volta de 1952, mas que teve grande
repercussão no ano de 1959. Na época não havia normas sobre Direito Ambiental e Proteção do Meio
Ambiente e, as empresas tinham como prática corriqueira descartar seus rejeitos diretamente no mar
(especificamente nesse caso, os rejeitos descartados eram de Mercúrio) e ‘caíam’ direto na Baía de
Minamata localizada no Japão. Consequentemente, devido ao descarte dos resíduos na Baía os peixes
daquela região foram os primeiros a serem contaminados, na sequência os gatos da região também
sofreram com a contaminação haja vista que se alimentavam dos peixes da Baía. Por fim, e
inevitavelmente a contaminação por Mercúrio chegou aos pescadores, causando muitas mortes assim como
ensejou vários nascimentos de crianças com má formação.
Essa grande e histórica contaminação de Minamata ganhou grande repercussão no mundo inteiro e no
influenciou as primeiras movimentações populares no sentido de clamar por normas de proteção ao Meio
Ambiente foi em decorrência desse desastre.
Torrey Canyon – Inglaterra: Torrey Canyon trata-se do nome do Petroleiro causador do grande
derramamento de petróleo na costa da Inglaterra nos ocorrido nos idos de 1967. Tal evento, além do grande
dano ambiental demostrou o quanto as autoridades dos países naquela época estavam despreparados para
situações como essa. Diante das circunstâncias e despreparo das autoridades públicas, além da falta de
boias que impedissem que o petróleo se espalhasse pelo mar, a opção encontrada na época foi o
bombardeiro dos navios para que os mesmo queimassem (já que estavam cheios de petróleo) e assim,
durante a combustão eliminassem também o petróleo derramado. Ocorre que, apesar de amenizar os
impactos causados nas aguas marítimas a prática causava uma poluição atmosférica devastadora.
Amoco Cadiz – França: Na década de 70, em meados de 1978 tivemos outro derramamento de petróleo.
Tratou-se de 240 mil toneladas de petróleo em contato direto como mar, o que resultou na enorme poluição
da costa francesa. O evento foi considerado como uma das maiores “marés negra” (expressão utilizada para
referir-se aos derramamentos de petróleo em mar) da história. Esse desastre também pôde comprovar o
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quão despreparado o governo francês estava para combater incidentes desse porte, tanto no que diz respeito
à prevenção quanto na solução de dano.
Chernobyl – Ucrânia: Acidente nuclear ocorrido em 1986 com grande repercussão diante dos inúmeros
impactos causados ao meio ambiente e a saúde humana. O desastre ocasionado pela explosão de um dos
reatores utilizados na indústria nuclear deu-se pela ausência de resfriamento deste, fator suficiente para
ocasionar um dos mais terríveis desastres ambientais que atingiu a Ucrânia, além de ocasionar
consequência em outros continentes, como as chuvas ácidas ocorridas no Canadá.
Nos casos apontados podemos perceber que não raras vezes as consequência e repercussão ambiental não se6
limitam ao país onde ocorreu o desastre, mas também atinge países fronteiriços, ou ainda, em casos mais graves
até outros continentes. Estudiosos apontaram que as datas desses desastres coincidem muito com algumas
descobertas cientificas sobre mudanças no Meio Ambiente, como por exemplo:
Exxon Valdez – Alasca: Navio Petroleiro que, após colisão com uma rocha submersa causou grande
derramamento de petróleo no mar que banha o Alasca, mais precisamente no Estreito Príncipe Willian no
ano de 1989. Foram nada mais, nada menos que 36 mil toneladas de petróleo bruto que escorreram pelo
porão do petroleiro se espalhando pelas águas do Alasca, tingindo a bela paisagem branca gela deixando-a
totalmente negra.
Sevesso – Itália: Mais precisamente em julho de 1976, ocorreu o rompimento dos tanques de
armazenagem da indústria química ICMESA, o que ocasionou a liberação de vários quilogramas de
dioxina TCDD na atmosfera que rapidamente se espalhou pela planície Lombrada, entre Milão e o Lago de
Como. Devido à contaminação, mais de 3 mil animais morreram e outros 7 mil tiveram que ser
sacrificados para evitar a entrada da Dioxina na cadeia alimentar. Acredita-se que não tenha havido mortes
de seres humanos, mas vários sintomas foram registrados em pessoas que tiveram contato diretamente com
o acidente.
Cubatão - Brasil: Como exemplo de desastre ambiental tivemos no ano de 1984 um grave problema de
poluição do ar em Cubatão, devido às indústrias de petróleo, fertilizantes e metais que, exalavam por suas
chaminés - dia e noite - fumaça altamente tóxica. O incidente causou o nascimento de muitas crianças com
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graves malformações nos membros e no Sistema Nervoso. Apontada na época pela ONU como a cidade
mais poluída do mundo Cubatão ficou conhecida como “Vale da Morte”.
Curiosidade – apenas 10 anos depois, no entanto, Cubatão foi reconhecida na Conferência sobre o Meio
Ambiente da ONU, ECco-92, como símbolo de recuperação ambiental. Vale mencionar que a recuperação se
deu graças à imposição de medidas de controle, como instalação de filtros nas chaminés que reduziram a
emissões de poluentes em 90%.
Fontes Formais
Conforme já mencionado, temos como fonte formal do Direito Ambiental os documentos oficiais e os grandes7
tratados internacionais, onde encontramos normas e princípios Ambientais.
Foi a primeira grande Conferência realizada para tratar de proteção ao Meio Ambiente.
A primeira coisa a mencionar é que a referida Conferência coincide justamente com das datas mencionadas nas
fontes materiais, momento no qual tivemos os grandes acidentes e as descobertas científicas, nas décadas de 50,
60, 70, 80. Os desastres, assim como as muitas descobertas científicas culminaram na grande pressão e
movimentação popular, o que fez com que esses países se reunissem na Suécia, mais especificamente em
Estocolmo para discutir normas de proteção ambiental. Era fundamental dar inicio à medidas que pudessem
preservar e manter o equilíbrio ambiental no mundo.
A Conferência de Estocolmo pretendeu marcar a inserção dos Estados no âmbito de um debate global sobre o
meio ambiente no mundo, e ao final dessa Conferência fora firmada a Declaração sobre o Meio Ambiente que
influenciou na elaboração de normas internas de cada país e, inclusive num capitulo exclusivo dedicado ao Meio
Ambiente na Constituição de 1988. Além da influência na inserção de capítulo em nossa CF/88, a Conferência
estimulou também a criação de órgãos ambientais em vários países, como por exemplo, a instituição da Secretaria
Especial do Meio Ambiente (SEMA) em 1973 que, atualmente é o Ministério do Meio Ambiente, exatamente em
resposta as grandes críticas sofridas pelo Brasil naquele período.
Vinte anos após a Conferência de Estocolmo tivemos outra grande Conferência relacionada ao Meio Ambiente
que foi a ECO 92, realizada na cidade do Rio de Janeiro, momento no qual ficou consolidado o objetivo de
incentivar o desenvolvimento econômico social em harmônica com a preservação do Meio Ambiente,
consagrando-se na época a expressão ‘desenvolvimento sustentável’. Vale mencionar que alguns princípios que
foram tratados em 1972 na Conferência de Estocolmo com o passar do tempo foram trabalhados e discutidos
sendo em 1992 reafirmados. Além da reafirmação desses princípios tivemos também nessa Conferência a
elaboração de 05 documentos, os quais consideramos como fontes formais de Direito Ambiental. São eles:
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Convenção sobre Diversidade Biológica;
Convenção sobre Mudanças do Clima;
Declaração de Princípios sobre o uso das Florestas;
Declaração do Rio;
Agenda 21;
Percebam que os 03 primeiros documentos são mais específicos, sendo direcionados a Diversidade, Mudança
do Clima e Uso das Florestas. Registra-se ainda que a Convenção sobre a mudança do clima, deu ensejo ao
embrião do Protocolo de Kyoto 1 de 1997 que será discutido no momento oportuno.
Sobre os documentos mencionados podemos ainda afirmar que, talvez o mais conhecido deles seja a Agenda
212, instrumento que trouxe uma série de ações voltadas para o século 21 e todas elas relacionadas com o
desenvolvimento sustentável.
A Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável ocorrida em 2012 também se realizou na cidade
do Rio de Janeiro, e ficou conhecida como RIO +20, fazendo referência a Conferência que havia ocorrido 20 anos
antes na mesma cidade brasileira.
1
Protocolo de Kyoto - Países se comprometeram a reduzir emissão de gases. O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional entre os
países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), firmado com o objetivo de se reduzir a emissão de gases causadores do
efeito estufa e o consequente aquecimento global.
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Agenda 21 é um plano de ação formulado internacionalmente para ser adotado em escala global, nacional e localmente por
organizações do sistema das Nações Unidas, pelos governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o
meio ambiente
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INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (ECONOMIA VERDE)
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A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, fruto da ECO-92, enuncia em seu
Princípio 16 que os Estados devem promover a adoção de instrumentos econômicos como iniciativa de proteção
à integridade do sistema ambiental global. Tais instrumentos podem envolver pagamento, compensação ou
concessão de benefícios fiscais entre outros e são considerados como uma alternativa eficiente em termos
econômicos e ambientais, indo além dos mecanismos já existentes na legislação ambiental brasileira. O objetivo
principal desses instrumentos é incentivar aqueles que ajudam a conservar ou produzir serviços ambientais a
conduzirem práticas cada vez mais adequadas e que assegurem a conservação e a restauração dos ecossistemas,
atribuindo à conservação obtida um valor monetário. Como exemplo, podemos citar a Servidão Ambiental; o
Pagamentos por serviços ambientais; o Seguro Ambiental e a Extrafiscalidade;
Imaginemos a área de uma propriedade rural, área “A” e que esta deva ter 20% (de vegetação nativa a ser
protegida) da sua extensão como área de reserva legal, e que seu proprietário além dos 20% deixou 10% a mais
com área protegida, ficando assim com 30% de sua propriedade com vegetação nativa. Imaginemos noutro
vértice a existência da propriedade “B” ao lado da propriedade “A”, mas que seu proprietário ao invés de ter
deixado os 20% de extensão para reserva legal, tenha deixado somente 10%.
O que a servidão ambiental tem haver com essa situação hipotética apresentada? O que o Código
Florestal fala a respeito?
Sobre esses 10% excedentes existentes na propriedade “A”, o proprietário pode instituir uma cota de reserva
ambiental, ou seja, o proprietário com extensões excedentes de reserva legal poderá deixar uma margem dessa área
como área de reserva legal negociável com outros proprietários rurais. Sendo assim, no caso dado como
exemplo o proprietário da área “B” poderá negociar com o proprietário da área “A” essa área de reserva legal
excedente, para que assim possa completar os 20 % de reserva legal em sua propriedade exigidos por lei.
Essa situação apresenta um claro exemplo de instrumento econômico de proteção ambiental, vez que faz com a
situação seja viável para ambas as partes (financeiramente para o proprietário da área “A” e legalmente para o
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proprietário da área “B”). Além dos benefícios econômico e legal - aproveitado pelos negociantes - temos o meio
ambiente sendo protegido que é o principal objetivo da medida realizada.
No que diz respeito ao pagamento por serviços ambientais, podemos citar a titulo de exemplo a cidade de
Extrema no sul de Minas Gerais, onde os proprietários de áreas rurais que protegem suas nascentes (além do que a
lei exige) são recompensados economicamente por isso.
Extrema – cidade mineira que contribui no abastecimento algumas cidades de São Paulo 10
Vejam que a ideia desse mecanismo se funda na simples dedução de que seria muito mais barato pagar aos
proprietários pela preservação na fonte de recursos naturais, ou seja, recursos hídricos, do que esperar que possível
problema de abastecimento se estenda a outras regiões como o Estado de São Paulo, que é abastecido por essas
nascentes do sul de Minas.
Vejam que o serviço ambiental de preservação que o produtor rural está prestando é a proteção de
vegetação, que por sua vez protege os rios (na quantidade e qualidade de água) e que gera ao mesmo tempo
benefícios econômicos.
Seguro ambiental
Seguro Ambiental é nada mais, nada menos que um seguro normal a ser pago para os casos de acidentes
ambientais ou valor garantido para a reparação do dano causado.
Extrafiscalidade
Outro mecanismo adotado e que vem sendo muito cobrado em provas de concursos públicos é a
Extrafiscalidade, composta pela relação de interdisciplinaridade do Direito Ambiental e Direito Tributário.
Sabemos que o tributo tem a função da fiscalidade, ou seja, arrecadação, contudo não é somente essa a
função existente. A Extrafiscalidade também pode estar presente no contexto do Direito Ambiental fundando-se
não ideia de arrecadar, mas sim de direcionar comportamentos. Vejamos:
O mesmo ocorre com o ITR (Imposto Territorial Rural). Nas propriedades rurais, as áreas destinadas à
reserva legal (áreas protegidas) não pagam ITR, fator que incentiva os donos de propriedades rurais a
regularizem suas propriedade e reservas legais.
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2. Princípios do Direito Ambiental
Antes de pontuarmos os princípios do Direito Ambiental é necessário que conceituemos o que seria Direito
Ambiental.
Poderíamos descrever Meio Ambiente como tudo àquilo que envolve e cerca os seres vivos por todos os
lados. Todavia, é importante que saibamos o conceito legal de Meio Ambiente e para isso apontamos o previsto no
art. 3º, I da Lei 6.938/81 – Lei de Política Ambiental de Meio Ambiente, lei esta recepcionada pela Constituição
Federal de 88 e que traz as seguintes considerações:
O conceito de Meio Ambiente, portanto, deve ser amplo, envolvendo e interconectando os aspectos
biológicos, físicos, econômicos, sociais e culturais, ou seja, os aspectos que conjuntamente formem o meio
ambiente.
Observe que a lei apesar de ser de 1981 é muito inovadora e traz conceituações interessantes, e isso se deve
as Conferências realizadas anteriormente como a de Estocolmo, que influenciou vários países inclusive o Brasil.
Correta – De forma sucinta os Bióticos seriam os elementos com vida e Abiótico seriam os
elementos sem vida e ambos formariam o Meio Ambiente.
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Além do conceito legal é interessante que saibamos que existe uma classificação do Meio Ambiente. Essa
classificação já vinha sendo trabalhada pela doutrina do Direito Ambiental, mas o STF em uma de suas decisões
veio reforçar a existência de diferentes tipos de meio ambiente.
Já CAIU. Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de São José dos Campos - SP Prova:
VUNESP - 2017 - Prefeitura de São José dos Campos - SP – Procurador. Para fins da Política Nacional do
Meio Ambiente, considera-se:
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A. Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente lancem
materiais ou energia em desacordo com os padrões sanitários estabelecidos pela lei da Política Nacional do Meio
Ambiente.
B. Poluidor, a pessoa física ou jurídica de direito privado, responsável diretamente por ato causador de degradação
ambiental que implique perda da biodiversidade.
C. Recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo,
excluídos os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
E. Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
Gabarito: E, Art. 3º, I da Lei 6.938/81 – Lei de Política Ambiental de Meio Ambiente.
Meio Ambiente natural: ou também chamado de físico constituído pelo solo, ar, água, fauna e flora, entre
outros.
O meio ambiente natural, ou físico, é constituído pelos recursos naturais, que são invariavelmente
encontrados na natureza e que podem ser considerados individualmente ou pela correlação recíproca de
cada um destes elementos com os demais. Por essa conceituação se compreende a atmosfera, as águas
interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora.
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Os recursos naturais também são classificados em elementos bióticos e abióticos, que são aqueles
sem vida, como o solo, o subsolo, os recursos hídricos e o ar, e em elementos bióticos, que são aqueles que
têm vida, a exemplo da fauna e da flora.
Corroborando ao exposto ainda, Celso Antônio Pacheco Fiorillo (Curso de direito ambiental
brasileiro) preleciona:
O meio ambiente natural ou físico é constituído pela atmosfera, pelos elementos da biosfera, pelas águas
(inclusive pelo mar territorial), pelo solo, pelo subsolo (inclusive recursos minerais), pela fauna e flora.
Concentra o fenômeno da homeostase, consistente no equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e meio em que
vivem. O meio ambiente natural é mediatamente tutelado pelo caput do art. 225 da Constituição Federal e
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imediatamente, v. g., pelo § 1º , I, III e VII, desse mesmo artigo.
(Art. 215 e 216 da CF) integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico e
turístico.
O meio ambiente cultural é o patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico e
se constitui tanto de bens de natureza material, a exemplo de construções, lugares, obras de arte, objetos e
documentos de importância para a cultura, quanto imaterial, a exemplo de idiomas, danças, mitos, cultos
religiosos e costumes de uma maneira geral. A razão dessa especial proteção é que o ser humano, ao interagir com
o meio onde vive, independentemente de se tratar de uma região antropizada*ou não, atribui um valor especial a
determinados locais ou bens, que passam a servir de referência à identidade de um povo ou até de toda a
humanidade.
O Meio Ambiente Cultural pode ser enquadrado como meio ambiente artificial, em se tratando de
edifícios urbanos e de equipamentos comunitários que são ou estão para ser tombados, também podendo ser
enquadrado como meio ambiente natural no caso de bens ou paisagens naturais a que se atribua um valor
diferenciado.
Embora tenha um objeto bastante amplo, o bem ambiental cultural se distingue por conter ou ser
necessariamente uma referência à identidade de um povo ou até de toda a humanidade.
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos
étnicos nacionais.
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
IV democratização do acesso aos bens de cultura;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos
quilombos.
§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco
décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais,
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vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)
I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada
e participativa, institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura,
democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo
promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.
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(Art. 182, 183 da CF) consubstanciado no conjunto de edificações (espaço urbano) e equipamentos públicos
(ruas, praças, áreas verdes, etc.).
Assim, temos que são bens criados pelo homem, mas que não integram o patrimônio cultural. Como
exemplo podemos mencionar os edifícios, as praças as ruas.
Observação:
Grande parte dos impactos ambientais que acontecem atualmente no planeta ocorrem nas cidades, ou seja,
nos espaços urbanos, e por esse motivo é muito importante que se considere esse espaço artificial como meio
ambiente.
Esquematizando
Constituído pelos recursos Patrimônio histórico, artístico, Constituído ou alterado pelo ser
naturais e pela correlação paisagístico, ecológico, científico e humano, é constituído pelos
recíproca de cada um desses turístico, constituindo-se tanto de bens edifícios urbanos e pelos
em relação aos demais. de natureza material quanto imaterial. equipamentos comunitários.
Atenção!
Uma observação deve ser feita e serve principalmente de alerta aos candidatos: não se pode confundir Meio
Ambiente com Biodiversidade. O Meio Ambiente é mais amplo, abrangendo mais elementos com vida e sem
vida, a Biodiversidade por sua vez está relacionada a elementos com vida.
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Conforme explica o ilustre autor Fabiano Melo (Professor e Doutrinador de Direito Ambiental), o Direito16
Ambiental possui princípios próprios, que norteiam tanto os intérpretes quanto os executores das normas
ambientais. Nas palavras de Geraldo Ataliba, os princípios são as linhas mestras, as diretrizes magnas, que
apontam os rumos a serem seguidos por toda a sociedade e perseguidos pelos poderes constituídos. Para Celso
Antônio Bandeira de Mello, os princípios são os mandamentos nucleares de determinado sistema, os alicerces;
conhecê-los é condição essencial para a logicidade e racionalidade do sistema normativo.
Com efeito, ainda não há uma sistematização principiológica uniforme no direito ambiental. De acordo
com o marco teórico, há algumas variações na extensão dos princípios, sejam eles explícitos ou implícitos na
legislação nacional, sejam oriundos de tratados e declarações internacionais. É possível afirmar que há, por vezes,
uma inflação de princípios, que em seu conjunto representam uma panaceia que mais obscurece do que contribui
para a consolidação do direito ambiental.
Nessa esteira, temos vários princípios relacionados ao Direito Ambiental, entretanto, todos eles estão
ligados a um princípio mais amplo, que os autores costumam chamar de prima princípio, que é o Princípio do
Desenvolvimento Sustentável.
A Lei 11.428/2006, que regula o Bioma Mata Atlântica, traz uma série de princípios: função
socioambiental da propriedade, da equidade intergeracional, da prevenção, da precaução, do usuário-pagador, da
transparência das informações e atos, da gestão democrática, da celeridade procedimental, da gratuidade dos
serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais e do respeito ao direito
de propriedade.
Outros princípios ambientais também podem ser encontrados no artigo 3.º, da Lei 12.187/2009, que
aprovou a Política Nacional sobre Mudança do Clima. São eles: princípios da precaução, da prevenção, da
participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e das responsabilidades comuns.
Posteriormente, o artigo 6.º, da Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, previu os seguintes princípios ambientais: prevenção, precaução, poluidor-pagador, protetor-recebedor, a
visão sistêmica (na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica,
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tecnológica e de saúde pública), desenvolvimento sustentável, ecoeficiência (mediante a compatibilização entre o
fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e
tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no
mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta), entre outros.
Dessa forma, temos que não existe um consenso na doutrina e na jurisprudência quanto aos princípios
gerais do Direito Ambiental, seja no que diz respeito ao conteúdo, ao número ou à terminologia adotada.
Por isso, foram selecionados os princípios com maior respaldo constitucional e universalidade, e mais
exigidos em concursos públicos.
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O que seria esse desenvolvimento sustentável tão falado nos dias atuais?
Tecnicamente dentro da leitura que deve ser feita da Constituição Federal de 1988, temos que desenvolvimento
sustentável é a ideia de harmonizar o desenvolvimento, normalmente ligada também àquela ideia de crescimento
econômico. Contudo, apesar de haver a necessidade do crescimento econômico e com isso a utilização de recursos
naturais, é fundamental que haja também um limite no impacto que essa utilização possa causar ao meio ambiente.
A ideia de desenvolvimento sustentável não é recente, ela vem sendo trabalhada desde a Conferência de
Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano realizada no ano de 1972, e visa harmonizar o crescimento
econômico inerente a nossa sociedade capitalista à sustentabilidade, além da proteção e preservação do meio
ambiente.
o crescimento econômico;
a preservação ambiental;
e a equidade social
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equidade
social
preservação
ambiental
crescimento
econômico
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Obs: para que possamos entender de forma prática a questão da Equidade Social mencionada acima como
um dos pilares do desenvolvimento sustentável, apresentamos o seguinte exemplo:
Exemplo:
Imaginemos uma siderúrgica funcionando a todo o vapor, desenvolvendo suas atividades, fomentando
o crescimento econômico da região onde se encontra instalada, mantendo práticas de preservação
ambiental. Contudo, temos dentro da referida empresa a presença de trabalho escravo e infantil.
Vejam então que, nos quesitos crescimento econômico e preservação ambiental a siderúrgica
apresenta-se de forma regular, porém, no que tange a equidade social, não vislumbramos a mesma
situação haja vista a verificação de trabalho escravo e infantil, o que vai contra a legislação pátria.
Sendo assim, diante da falta de um dos pilares do principio do desenvolvimento sustentável, não
podemos considerar que a empresa seja uma empresa que pratica o desenvolvimento sustentável. Não
há o que se falar no cumprimento ou existência de todos os pilares idealizados pelo desenvolvimento
sustentável.
Nesse sentido, para que haja o desenvolvimento sustentável, é necessária a presença cumulativa dos 03
pilares mencionados. A falta de qualquer um deles impede classificação de qualquer atividade como atividade
com desenvolvimento como sustentável. Assim, na interpretação do princípio do desenvolvimento sustentável é
necessário conjugar o Art. 170 com o art. 225, ambos da CF.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
IV - livre concorrência;
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V - defesa do consumidor;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que19
tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas; (Regulamento)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
(Regulamento)
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
(Regulamento)
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
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§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem
o que não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as20
práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º
do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do
patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017)
Não obstante, há uma constante tensão entre as atividades econômicas e as normas protetivas do meio
ambiente. Na impossibilidade de compatibilizá-los, há de se indagar sobre a prevalência das atividades
econômicas ou do meio ambiente. A resposta é que pela sistemática constitucional as atividades econômicas não
podem ser exercidas em desarmonia com os princípios destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente.
Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal (ADI nº 3.540), a saber:
“A atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com os princípios destinados a tornar efetiva a
proteção ao meio ambiente. A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses
empresariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver
presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada,
dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a ‘defesa do meio ambiente, inclusive mediante
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação’ (art. 170, VI, CF)” – Direito Ambiental (Fabiano Melo).
Curiosidade: O Brasil foi muito criticado quando da produção de etanol (álcool combustível), porque para
fins de efeito estufa essa produção era ótima, vez que não havia a emissão de gases de efeito estufa para a
atmosfera, sendo considerada uma excelente fonte de energia. Por outro lado, para a realização dessa
produção, estava ocorrendo grande supressão de vegetação nativa para a plantação da cana, o que feria uma
das vertentes.
Os defensores da Sustentabilidade do Etanol no Brasil alegam que o país possui grande área para a produção
de cana, ou seja, já possui um quantum ideal para as plantações da matéria prima, e com isso não
precisariam, para a manutenção da atividade, suprimir vegetação nativa.
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Dica de PROVA – Muito comum elaborarem questões falando da relação homem natureza.
E diante disso é importante que apresentemos as 03 principais correntes que tratam do tema.
Relação Homem/Natureza
Como anteriormente mencionado a temática Homem/Natureza possuem três vertentes que tentam delimitar
essa relação que ocorre entre o homem e a utilização dos recursos naturais.
b) Corrente Antropocêntrica protecionista: essa corrente também trabalha com a figura do homem no
centro da relação, contudo há mais proteção à natureza. Há então um equilíbrio maior, vez que se
trabalha com o uso racional dos recursos naturais. Essa corrente considera a natureza como um bem
coletivo essencial.
c) Corrente Ecocêntrica (Biocêntrica): trata-se da corrente mais cautelosa, vez que quem está no centro
da relação não é mais o homem e sim a natureza. Além disso, traz a ideia de que a natureza pertence a
todos os seres vivos e não apenas ao homem.
A alternativa a ser assinalada nesses casos é a que contenha texto similar a corrente “B”, ou
seja, “Antropocêntrica Protecionista”.
Obs.: Apesar de a Constituição Federal adotar a visão antropocêntrica, deve-se ressaltar que se trata de
ANTROPOCENTRISMO ALARGADO, pois se defende uma posição suficientemente abrangente, a ponto
de reconhecer a interdependência entre os seres humanos e a natureza.
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Aprofundamento: a corrente Antropocêntrica, fora uma corrente muito utilizada na época da Revolução
Industrial, momento que havia fartura de recursos e a pratica era o uso desenfreado dos mesmos. O pensamento
se voltava somente ao crescimento industrial e econômico da sociedade, não se pensando na proteção do meio
ambiente, além de não haver normas e leis sobre o uso.
Somente quando o uso excessivo dos recursos naturais começou a causar danos à saúde dos seres humanos é
que a sociedade se viu na necessidade de se elaborar medidas a respeito.
Já a corrente Ecocêntrica ou Biocêntrica é uma corrente de extrema cautela, sendo muito rigorosa para o
modelo econômico mundial que temos hoje, não se adequando então a realidade da sociedade. Seria na verdade
uma corrente utópica para os dias atuais.
22
Vejam que essa base teórica é muito importante inclusive para que se possa entender a Constituição de 1988,
quando esta fala em EQUILÍBRIO. A CF/88 não proíbe a utilização de recursos naturais, ao contrário autoriza,
contudo, seu uso deve ser feito com equilíbrio de modo a pensar nas gerações futuras. Nesse passo, é
importante que se observe que em momento algum a Carta Magna faz menção de que a natureza e seus recursos
sejam intocáveis, mas adverte que há limites para sua utilização.
Com efeito, o caput do art. 225 da Constituição Federal relaciona o dever de defender e preservar o meio
ambiente “para as presentes e futuras gerações”. Esse é um dos mais significativos conteúdos do texto
constitucional, pois estabelece uma responsabilidade ética intergeracional.
Seria o princípio vinculado à preocupação das gerações atuais com as gerações futuras, de modo que aquelas
atuem de forma a preservar o meio ambiente para as futuras gerações. Temos então uma relação que zela pela
manutenção do equilíbrio ambiental entre as gerações.
Compete à presente geração utilizar os recursos naturais disponíveis sem comprometer a capacidade de suporte
e sobrevivência das gerações futuras. Em outras palavras, devemos legar aos nossos descendentes um planeta com
recursos naturais suficientes para a manutenção e desenvolvimento da sua qualidade de vida. Para tanto, é
fundamental repensar os insustentáveis padrões de consumo e produção dos dias atuais. O acesso dessa geração
aos recursos naturais não pode representar um risco às gerações que estão por vir.
Não foi diferente com a Declaração do Rio (1992), que reconhece a relevância da solidariedade
intergeracional: “o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que responda equitativamente às
necessidades de desenvolvimento e ambientais das gerações presentes e futuras” (Princípio 3).
Trata-se de princípio previsto no caput do art. 225 da Constituição Federal, ao dispor que “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”.
O Supremo Tribunal Federal, na ADI nº 3.540, dispôs: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o
gênero humano. Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em
benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual”.
A Declaração do Rio (1992) contemplou-o no Princípio 1: “os seres humanos estão no centro das
preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com
a natureza”
Nesse princípio temos que o Meio Ambiente equilibrado está intimamente ligado a outros direitos
fundamentais, como direito à vida, à saúde, à dignidade da pessoa humana, etc. A partir da Constituição de 1988, o
meio ambiente equilibrado passa então a ser tratado como um direito fundamental.
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, que é um dos principais direitos fundamentais,
assente que só é possível efetivar os direitos de primeira dimensão (direitos civis e políticos) e de segunda
dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) com a existência de um meio ambiente ecologicamente
equilibrado (de terceira dimensão).
Segundo Paulo Affonso Leme Machado, o vocábulo prevenção, do verbo prevenir, significa agir
antecipadamente. Essa é, em essência, a conduta inescusável em qualquer política, programa ou atuação que
albergue as questões ambientais.
Não é possível conceber o direito ambiental sob uma ótica meramente reparadora, pois esta o tornaria inócuo,
já que os danos ambientais, em regra, são praticamente irreversíveis, como se vê no desmatamento de uma floresta
centenária ou na extinção de uma espécie da fauna ou da flora. Sem uma atuação antecipatória não há como evitar
a ocorrência de danos ambientais. Por essa razão, o Direito Ambiental é eminentemente preventivo.
Segundo Michel Prieur, “a prevenção consiste em impedir a superveniência de danos ao meio ambiente por
meio de medidas apropriadas, ditas preventivas, antes da elaboração de um plano ou da realização de uma obra ou
atividade”.
Risco conhecido
Entende-se por risco conhecido aquele identificado por meio de pesquisas, dados e informações ambientais
ou ainda porque os impactos são conhecidos em decorrência dos resultados de intervenções anteriores, por
exemplo, a degradação ambiental causada pela mineração, em que as consequências para o meio ambiente
são de conhecimento geral. É a partir do risco ou perigo conhecido que se procura adotar medidas
antecipatórias de mitigação dos possíveis impactos ambientais.
O princípio da prevenção baseia-se na tendência do Direito Ambiental Internacional em evitar que o dano
ambiental aconteça já que após sua ocorrência se torna muito difícil trazer o estado anterior que se encontrava a
vegetação, a flora, fauna, entre outros.
Dentro do tema temos como objetivo, um ponto em comum entre o princípio da prevenção e da precaução
que é o de evitar que o dano ambiental se concretize. No tocante a diferença existente entre tais princípios
mencionamos a questão temporal, ou seja, o momento em que eles devem ser aplicados.
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O principio da prevenção é aplicado quando conhecemos o impacto ambiental de determinada atividade,
quando já há uma certeza cientifica e Estudo Prévio de Impacto ambiental (E.P.I.A).
Vale mencionar que no estudo prévio de impacto ambiental, que ocorre no inicio do licenciamento de uma
atividade, ou seja, antes que ela comece a funcionar, o empreendedor entrega ao órgão ambiental estudo
delimitando e apontando quais impactos ambientais serão causados com a realização daquela determinada
atividade, mencionando ainda quais as medidas de proteção ambiental serão adotadas.
O estudo prévio de impacto ambiental passa a então a ter grande importância vez que propicia aos os órgãos
ambientais ao analisar o estudo prévio, a possibilidade de exigir de empreendedor a adoção de tecnologia mais
moderna e que cause menos impacto sobre o meio ambiente. 25
Esquematizando
parte da certeza, da convicção científica. É o trabalha com situações controversas, riscos incertos e
risco concreto, conhecido, certo. Trabalha com potenciais. São atividades que normalmente decorrem
a certeza do dano, de modo a minorá-lo ou de inovação tecnológica. A dúvida sempre deve militar
evitá-lo. em favor do meio-ambiente. In dubio pro natura.
Já CAIU. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado
de Polícia. Conforme previsto na CF, é necessária a realização de estudo prévio de impacto ambiental
antes da implantação de empreendimentos e de atividades consideradas efetiva ou potencialmente
causadoras de degradação ambiental, que constitui exigência que atende ao princípio do(a)
A. prevenção.
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B. poluidor-pagador.
D. participação comunitária.
E. usuário-pagador.
Gabarito: A. Conforme estudado, o princípio ambiental diretamente ligado ao Estudo Prévio de Impacto
Ambiental é o Princípio da Prevenção.
26
Já CAIU. Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: FUNIVERSA - 2015 - PC-DF
- Delegado de Polícia. Acerca dos princípios de direito ambiental, assinale a alternativa correta.
A. O princípio da prevenção é aplicável ao risco conhecido, ou seja, aquele que já ocorreu anteriormente ou
cuja identificação é possível por meio de pesquisas e informações ambientais.
C. O princípio do desenvolvimento sustentável não tem caráter constitucional, mas encontra assento em
normas infraconstitucionais que tratam da ocupação racional dos espaços públicos.
E. O princípio da precaução refere-se à necessidade de o poder público agir de forma a evitar os riscos que
são de conhecimento geral, adotando medidas de antecipação por meio de instrumentos como o estudo e o
relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA).
Gabarito: A. Conforme estudado, quando falamos de um risco já conhecido, ou seja, em que há certeza
cientifica, estamos diante do princípio da prevenção.
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Já CAIU. Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: MPE-RR Prova: CESPE - 2017 - MPE-RR -
Promotor de Justiça Substituto. Para a realização de determinada atividade econômica, a pessoa física
interessada solicitou ao órgão estadual ambiental competente a licença necessária. Entretanto, por ser a
atividade econômica considerada potencialmente causadora de degradação ao meio ambiente, o referido
ente público informou ao interessado da necessidade do prévio estudo de impacto ambiental.
27
A. do usuário-pagador.
B. da precaução.
C. da prevenção.
D. do poluidor-pagador.
Gabarito: C.
Princípio da Precaução
O objetivo do presente princípio acaba sendo o mesmo que o do principio anterior, ou seja, evitar que o dano
ambiental aconteça, mas como já foi visto a diferença entre ambos ocorre quando analisamos o momento em que
ele é aplicado. O princípio da precaução trabalha no “escuro”, vez que não possui a certeza científica sobre os
possíveis impactos e reais danos que serão ocasionados no meio ambiente em decorrência da atividade que será
desenvolvida. Isso ocorre porque a ciência e a tecnologia não conseguem ainda responder e prever em certas
situações como, por exemplo, qual será o impacto de determinada atividade no meio ambiente.
A discussão com relação aos transgênicos ocorre porque temos uma corrente cientifica que afirma que não
existe problema algum no consumo desses alimentos pelos seres humanos. Todavia, temos outra corrente
científica afirmando que o consumo desses alimentos resulta em danos ao organismo humano e que somente
daqui a alguns anos poderemos perceber as consequências do uso de tais produtos.
Sendo assim, quando estamos diante de correntes que afirmam e apontam dados divergentes de
determinado assunto podemos chegar à conclusão de que não há uma certeza cientifica a respeito do tema. Nesses
casos específicos, a ciência no atual estágio de desenvolvimento em que se encontra não consegue responder ainda
dos possíveis impactos que poderão ocorrer com a autorização da realização de atividade.
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Diante desse aspecto, quando houver a falta de certeza com relação aos dados, informações sobre os danos
que determinada atividade poderá causar ao Meio Ambiente deve-se aplicar o Princípio da Precaução, visando
assim desempenhar uma postura mais cautelosa e protegendo de forma mais segura o Meio Ambiente. Nesse
principio peca-se pelo excesso, e com isso na dúvida não se autoriza: a utilização determinado produto, a
realização de determinada atividade, isso porque não se sabe a ocorrência ou não de danos ambientais e possível
reparação.
Temos uma previsão do Princípio da Precaução no Princípio 15 da Declaração do Rio 923 (ECO 924).
28
Ainda como exemplo de Princípio da Precaução, podemos mencionar a radiofrequência de telefonia de
celular. Para alguns pesquisadores e estudiosos a radiofrequência emitida pelas diversas antenas espalhadas por
nossas cidades seriam cancerígenas e futuramente todos nós estaríamos enfrentando uma “epidemia” de doenças
dessa ordem. Noutro giro, outros pesquisadores afirmam que a exposição a tais radiofrequências (que são de níveis
baixos) não possuem elementos prejudiciais a ponto de gerar tamanha preocupação, não necessitando que o uso de
aparelhos e a instalação de antenas sejam suspensos. Diante do empasse, o Princípio da Precaução se faz presente
orientando que a utilização dos aparelhos seja realizada de forma cautelosa, sem exageros.
Exemplo: Podemos citar os casos da Itália e da Suíça, que possuem leis específicas determinando que
antenas de celular de radio frequência devam ser instaladas fora de área residência e hospitalar.
Percebam o uso não foi proibido, mas houve certa restrição/limitaçao e a inicitiva se deu com base na
aplicação do Princípio da Precaução.
Princípio da Precaução e ônus da prova: é importante mencionar a questão que envolve o ônus da prova.
É com base no princípio da precaução que parte da doutrina sustenta a possibilidade de inversão do ônus da
prova nas demandas ambientais, carreando ao réu (suposto poluidor) a obrigação de provar que a sua
atividade não é perigosa nem poluidora, em que pese inexistir regra expressa nesse sentido, ao contrário do
que acontece no Direito do Consumidor. Inclusive, esta tese foi recepcionada pelo STJ no segundo semestre
de 2009 (REsp 972.902-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 25.08.2009).
O STJ tem aplicado a inversão do ônus da prova com base no Princípio Ambiental da Precaução.
Resumidamente na dúvida, com base no Principio da Precaução devemos interromper determinada atividade,
visando proteger o meio ambiente, e para o STJ caso o empreendedor deseje a manutenção das atividades
realizadas, competirá a este comprovar que tais atividades não causam danos ao Meio Ambiente ou a saúde
humana. Caso não consiga comprovar que suas atividades não causam danos e impactos ao meio ambiente,
3
Princípio 15 - Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
“Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas
capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como
razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.”
4
http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/agenda21/Declaracao_Rio_Meio_Ambiente_Desenvolvimento.pdf (somente 04
laudas interessante que realizem a impressão e leitura).
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ainda estaremos diante de uma situação de incerteza, e diante do Principio da Precaução a atividade deverá
continuar paralisada. (na dúvida não se libera as atividades).
Atenção!
Por fim, especificamente diante dos pontos em comum dos Princípios de Prevenção e Precaução, os
candidatos devem tomar muito cuido para que não confundam os institutos, lembrando que no Princípio
da Prevenção estamos diante de certezas científicas e com isso iremos prevenir com a
obrigatoriedade do uso de medidas certas e determinadas para que a atividade possa ser realizadas
sem causar impactos ao Meio Ambiente, enquanto no Princípio da Precaução, medidas de limitação,29
suspensão e até restrição poderão ser adotadas justamente pela falta de certeza sobre possíveis
impactos e danos ambientais que poderão ser irreversíveis.
Já CAIU. Ano: 2018 Banca: MPE-MS Órgão: MPE-MS Prova: MPE-MS - 2018 - MPE-MS -
Promotor de Justiça Substituto. Considere as assertivas a seguir:
II. Para a maioria da doutrina que faz a diferenciação entre estes dois princípios, o princípio da precaução é
aplicável aos casos em que os impactos ambientais são conhecidos e devem ser evitados ou mitigados,
enquanto o princípio da prevenção é aplicável aos casos em que não há certeza científica sobre os riscos e os
impactos ambientais da atividade a ser exercida.
III. As Resoluções do CONAMA que tratam de padrões máximos de emissão de poluentes têm por
fundamento o princípio do limite ou controle.
IV. O princípio da Ubiquidade é aquele segundo o qual as presentes gerações não podem utilizar os recursos
ambientais de maneira irracional, de modo a privar as gerações futuras de um ambiente ecologicamente
equilibrado.
V. A cobrança pelo uso da água prevista na Lei de Recursos Hídricos e a compensação ambiental prevista na
Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação são exemplos de aplicação prática do princípio do
usuário-pagador.
Gabarito: B.
Já CAIU. Ano: 2014 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2014 - MPE-SC -
Promotor de Justiça – Vespertina. Texto associado: Admitindo-se a existência de distinção entre os30
princípios da precaução e da prevenção, pode-se afirmar que uma Ação Civil Pública visando a proibição do
comércio de determinado produto transgênico, sobre o qual ainda paira incerteza científica a respeito das
conseqüências de seu uso à saúde humana e ao equilíbrio do meio ambiente, estaria fundamentada no
princípio da prevenção.
CERTO
ERRADO
Gabarito: ERRADO, se há incerteza cientifica incide o princípio da precaução e não da prevenção. Vamos
recordar?
parte da certeza, da convicção científica. É o trabalha com situações controversas, riscos incertos e
risco concreto, conhecido, certo. Trabalha com potenciais. São atividades que normalmente decorrem
a certeza do dano, de modo a minorá-lo ou de inovação tecnológica. A dúvida sempre deve militar
evitá-lo. em favor do meio-ambiente. In dubio pro natura.
Já CAIU. Ano: 2012 Banca: MPE-MT Órgão: MPE-MT Prova: MPE-MT - 2012 - MPE-MT -
Promotor de Justiça. Qual princípio impõe ao autor potencial a obrigação de provar, com anterioridade,
mesmo diante da ausência de certeza científica do dano, que a sua ação não causará danos ao ambiente?
A. Da precaução
B. Do poluidor - pagador
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C. Da prevenção
D. Da equidade intergeracional
E. Da informação
Princípio do Poluidor-Pagador
31
Segundo Cristiane Derani, o princípio do poluidor-pagador “visa à internalização dos custos relativos
externos da deterioração ambiental (…). Pela aplicação desse princípio, impõe-se ao “sujeito econômico”
(produtor, consumidor, transportador), que nesta relação pode causar um problema ambiental, arcar com os custos
da diminuição ou afastamento do dano”.
Conforme o Princípio 16 da Declaração do Rio (1992), “as autoridades nacionais devem procurar
promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem
segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse
público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais”.
Na legislação infraconstitucional, o princípio está expresso no inciso VII do art. 4º da Lei nº 6.938/1981, ao
se afigurar na Política Nacional do Meio Ambiente como objetivo que vise “à imposição, ao poluidor e ao
predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados (…)”.
Sobre o presente princípio podemos fazer a seguinte leitura: quem polui deverá pagar, ou seja, aquele que
poluir deverá arcar com todos os danos causados e se possível a sua recuperação. Todavia, a leitura inversa (quem
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paga pode poluir) não deve prosperar, fez que poluir é um ilícito ambiental e, obviamente não podemos ter um
princípio jurídico autorizando a realização deu ilícito mediante pagamento.
a primeira é a ideia de reparação, que se funda na premissa de quem causa o dano tem a obrigação
de reparar.
a segunda ideia por sua vez é a de pagar para que seja evitado o dano. (aqui não se confunde com o
princípio da prevenção).
Veremos ainda no Direito Econômico Ambiental e até mesmo em provas de Direito Ambiental a seguinte
32
expressão “Internalizar as externalidades negativas”.
Mas o que seria isso? Visando facilitar o entendimento explicaremos a expressão através do seguinte
exemplo:
Utilizando o mesmo exemplo, imaginemos agora que nas proximidades da fábrica temos um bairro
residencial, e assim como ocorre na Lavandeira, toda a fumaça com fuligem liberadas pelas chaminés
chegam as residências dos moradores próximos, e inclusive na residência de uma criança que possui
sérios problemas respiratórios. Após a instalação da fabrica na região os problemas dessa criança
passam a se agravar ainda mais.
Observamos diante das situações apresentadas como exemplo que a empresa que está poluindo todo o
ambiente próximo a região (poluição esta que se dá devido à ausência de instalação de filtros em suas
chaminés) não está dividindo os lucros oriundos dos de sua produção, mas os prejuízos sim. Isso
ocorre quando verificamos que determinada empresa ou atividade socializa com todos aqueles que
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estão ao seu redor somente as despesas (prejuízos), quando na verdade deveria arcar com todos esses
gastos causados pela negligencia em não aderir medidas de proteção ambiental.
Vejam que diante do exemplo dado, foi possível se observar a SOCIALIZAÇÃO DE DESPESAS OU
PREJUÍZOS causados exclusivamente pela atividade empreendedora, com demais pessoas que não deveriam
33
suportar tais consequências.
Todos esses gastos e custos decorrentes da poluição - que o pai está tendo com seu filho, que a lavanderia
está tendo na nova lavagem das peças – denominamos de “Externalidades Negativas”. Trata-se de um prejuízo
sofrido e suportado por quem está fora do processo produtivo causador de prejuízos. Na contramão temos como
manobra de amenizar tais impactos a “Internalização das Externalidades Negativas” que é exatamente o fato da
empresa que está causando prejuízos ambientais e financeiros a outrem, internalizar no seu próprio custo de
produção as externalidades negativas.
Essa é a ideia do Principio Poluidor-Pagador, pagar para evitar que o dano aconteça (como por exemplo,
instalação de filtros na empresa), para evitar as externalidades negativas. E se por acaso a empresa não instalar os
filtros e com isso causar danos a terceiros deverá reparar tais danos.
(Temos com isso nesse princípio 02 (duas) acepções: prevenir e reparar, uma complementando a outra).
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados
Alternativa Falsa – não podemos relacionar ao Princípio do Poluidor-Pagador somente a reparação do dano,
mas também temos que o vincular a ideida de prevenção.
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A orientação do Princípio do Poluidor-Pagador é pela internalização das externalidades ambientais
negativas nas atividades potencialmente poluidoras buscando evitar a socialização do ônus e a
privatização dos bônus.
Princípio do Usuário-Pagador
Quem é o usuário?
34
Nesse princípio temos que quem irá realizar o pagamento será aquele que estiver utilizando recursos escassos.
O melhor exemplo que temos para esse princípio é a água.
Nós já temos em nossa lei de Politica Nacional de Recursos Hídricos Lei 9.433/97 (que será abordada
posteriormente) expressamente em seu artigo 1º, inciso II que a água é um recurso natural limitado, dotado de
valor econômico.
Vejam que a lei coloca expressamente que água possui valor econômico e, mais a frente em seus incisos
explica que o valor econômico inserido ocorre devido sua escassez, visando evitar o desperdício, deixando claro a
interpretação de que quanto se valorar a água, de forma mais racional iremos usá-la.
É importante sabermos que essa lei não é aplicada de forma individual, mas sim para grandes volumes de
água. Os Comitês de Bacias Hidrográficas previsto na lei 9.433/97 já cobram pelo uso da água para desvios de
grandes volumes, como por exemplo, nas empresas que usam grandes quantidades de água para resfriar caldeiras,
etc., e com isso, pelo fato de ter que pagar pelo uso água consumida, tais empresas se obrigam a reutilizar o
máximo que podem os recursos hídricos.
Saliente-se que é um dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente “a imposição, ao poluidor e ao
predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização
de recursos ambientais com fins econômicos”, nos moldes do inciso VII, do artigo 4.º, da Lei 6.938/1981.
Para compreender a dinâmica do princípio imaginemos a emissão de gases de efeito estufa pelo Brasil oriundos
da queima de madeira ilegal, entre outros.
Percebe-se que de nada adianta somente determinado país adotar medidas de proteção ambiental se o país
vizinho não os adotar. Por esse motivo existe a necessidade de que todos os povos atuem de forma a cooperar com
um meio ambiente equilibrado, estudando e aplicando medidas de prevenção e proteção.
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Princípio da Informação
O direito de acesso à informação é uma das principais prerrogativas para a efetivação do Estado Democrático
de Direito. No direito ambiental isso não seria diferente. A informação é essencial para a proteção do meio
ambiente e por zelar pela saúde da coletividade.
“(…) no nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de
que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em
suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar
e estimular a conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos (…)”.36
A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981), no inciso V do art. 4º, igualmente relaciona a
informação ambiental como um de seus objetivos, que visa “(…) à divulgação de dados e informações ambientais
e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do
equilíbrio ecológico”.
Nessa linha, destacamos o Princípio da Informação e sua base no art. 5º, XXXIII da CF/88:
Art.5º da CF/88
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei
nº 12.527, de 2011)
Temos mencionado na respectiva norma o direito à informação de interesse particular ou coletivo. Sendo
assim, o Meio Ambiente como se trata de Direito Difuso, entra nessa coletividade de forma mais ampla, a fim de
que todos tenham acesso às informações em matéria ambiental.
Devemos lembrar ainda que o art. 225, §1º, IV da CF, traz um exemplo recorrente em provas de Direito
Ambiental, que se trata do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (E.P.I.A).
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
Consagra-se na norma que coletividade tem direito ao acesso de informações de modo que possa conhecer o
impacto que determinado empreendimento irá causar. Para isso, quando o empreendedor apresenta o Estudo
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Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) ao órgão ambiental, dá-se a este a característica da publicidade, assim
qualquer pessoa que tiver interesse poderá ter acesso a esse documento, até mesmo para que possa participar do
processo de licenciamento, audiências públicas, etc.
O presente princípio possui correspondência com o art. 225, caput a CF/88, vez que este último menciona o
dever do Poder Público e da coletividade em defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras
gerações.
37
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
Verifica-se no artigo supra, a natureza indisponível do Meio Ambiente, na qual o Estado tem que atuar em
sua proteção, não cabendo a ele analisar discricionariamente quando e o que vai proteger.
Sobre as formas de defesa do meio ambiente o Poder Público possui vários instrumentos que viabilizam
essa proteção, como o Poder de Polícia e a Extrafiscalidade.
- Poder de Polícia – (Fiscalização, Multa, por exemplo, temos também o próprio procedimento de licenciamento
ambiental que seria um poder de policia preventivo, etc..);
- Extrafiscalidade – aumento e diminuição de tributos visando a preservação do Meio Ambiente;
O tema assim como principio anterior também vem trabalhado no art. 225, caput da CF/88, quando o artigo
este faz menção ao dever da coletividade em relação à proteção e defesa do Meio Ambiente.
MANUAL CASEIRO
Dica de PROVA – Muitas provas costumam colocar que é dever do Estado e faculdade da
coletividade a defesa e proteção do Meio Ambiente. CUIDADO! O candidato deve ser lembrar que
assim como o Estado a coletividade tem o dever de zelar pela Meio Ambiente, dever este previsto
expressamente na Constituição, sendo, portanto, uma obrigação e não uma faculdade.
Assim, como citamos, para o Estado podemos mencionar alguns instrumentos a serem utilizados pela
coletividade visando à proteção e preservação do Meio Ambiente:
- Ação Popular Ambiental – (art. 5º, LXXIII da CF/88) – qualquer cidadão pode ajuizar uma Ação
Popular em defesa do Meio Ambiente; 38
- Audiências Públicas (temos como uma das etapas do licenciamento ambiental). Momento no qual
a sociedade é chamada a participar, analisar o estudo prévio de impacto ambiental e levantar
questionamentos sobre o empreendimento, antes mesmo que ele começar a funcionar. São debates
muito importantes para que sejam ouvidas as manifestações e apresentações de dúvidas e sugestões
que podem a depender da pertinência até funcionar como condicionante para que o empreendimento
venha a se concretizar.
Vale lembrar que o principio da Participação Comunitária trabalha juntamente com o principio da
obrigatoriedade da atuação anteriormente mencionada. Na verdade os princípios se complementam, vez que o
Poder Público tem instrumentos de atuação em matéria ambiental e a sociedade também.
Esfera administrativa;
Esfera legislativa;
Esfera judicial.
Na esfera administrativa, o princípio se manifesta por meio de audiências e consultas públicas; com a
participação em órgãos colegiados (conselhos de meio ambiente); e no exercício do direito de petição aos órgãos
públicos ambientais.
A participação na esfera judicial, observada a legitimidade para a propositura, ocorre por meio das ações
constitucionais, tais como mandado de segurança individual ou coletivo, a ação popular, o mandado de injunção.
MANUAL CASEIRO
“(…) os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação
do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade” (art. 1º, Lei nº 9.795/1999). 39
Além disso, a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e
não formal.
O princípio em comento funciona na verdade como uma regra bem clara no art. 225 da CF/88, mas as provas
costumam cobrar como princípio, estando mais especificamente no art. 225, §1º,VI da CF/88.
Perceba-se que o Principio da Educação Ambiental funciona como base para o Princípio da Participação ou
Democrático. Só vai haver participação se primeiro houver a educação ambiental, nesse sentido, para que
possamos colocar em pratica e exercer o principio da participação é fundamental que a sociedade tenha acesso à
educação ambiental, educação esta que está expressamente prevista na Carta Magna e é dever do Estado.
Com base no presente princípio, o art. 170, III da CF/88, dispõe que a propriedade deve cumprir a sua função
social, juntamente com sua função socioambiental, ou seja, sendo produtiva, mas igualmente respeitando as áreas
ambientalmente protegidas.
Dessa forma, é necessário consignar que a função social não limita o direito de propriedade. Ao reverso, a
função social é elemento essencial interno da propriedade, um conteúdo do direito de propriedade. Só se deve falar
em propriedade no ordenamento jurídico como função social.
A expressão “função socioambiental” nada mais é que a função social da propriedade com ênfase em seu
aspecto ambiental.
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A função socioambiental da propriedade urbana, no bojo constitucional, assenta-se no § 2º do art. 182 da
CF, enquanto a função socioambiental da propriedade rural é estabelecida no art. 186 da CF.
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. (Regulamento) (Vide Lei nº 13.311, de 11 de julho de
2016)
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios
e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 40
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Em síntese, o uso da propriedade, urbana ou rural, somente se legitima com o cumprimento da função
socioambiental. Os critérios para o cumprimento da função social da propriedade urbana encontram-se no plano
diretor municipal (art. 182, § 2º) enquanto o da função social da propriedade rural está no art. 186 da
Constituição Federal.
O princípio da vedação ao retrocesso ambiental, que encontra fundamento na Declaração do Rio - quando
prescreve a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do meio ambiente - prevê que as normas
ambientais não devem ser flexibilizadas, sob pena de comprometer as conquistas até então alcançadas pela
legislação ambiental. Assim, tal princípio aponta que as leis ambientais deverão assumir caráter cada vez mais
protetivo.
Trata-se de um princípio que vem sendo muito debatido com relação à decisão do STF sobre Código Florestal
e sua constitucionalidade. O princípio como o próprio nome diz traz a ideia de que é vedada, ou seja, proibido a
diminuição da proteção ambiental, com isso seria impossível retroceder em matéria de direito ambiental.
Atualmente a lei 12.651/12 é o nosso atual Código Florestal e para tanto revogou expressamente a Lei
4.771/65 (Código Florestal anterior). Ocorre que, a lei nova datada de 2012 é menos protetiva do
Meio Ambiente em alguns de seus artigos. Nesse contexto, observando a situação o Ministério
Público ajuizou algumas ações baseando-se no princípio da vedação ao retrocesso ecológico, alegando
entre outros pontos que o nível de proteção ambiental conquistado desde 1965 deveria ser mantido,
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não podendo assim, lei nova diminuir essa proteção ambiental, devendo a norma posterior ser
considerada pela Suprema Corte como inconstitucional.
Todavia, o STF decidiu que em relação vigência e constitucionalidade do novo Código Florestal não seria
aplicado o princípio da vedação ao retrocesso ecológico, declarando ainda que todos os artigos pontuados pelas
ações seriam constitucionais, fundamentando sua decisão e alegando que, se o Poder Judiciário engessasse a
atuação do Poder Legislativo restaria caracterizada nítida invasão de um poder sobre o outro.
41
Princípio do Protetor-recebedor
O protetor-recebedor foi positivado com a Lei nº 12.305/2010, que o cristalizou como um dos princípios da
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Enquanto o princípio do usuário-pagador estabelece o pagamento pelo uso dos recursos naturais com fins
econômicos, o princípio do protetor-recebedor concede aos agentes que optam por medidas de proteção ao meio
ambiente benefícios econômicos, fiscais ou tributários.
Graças à adoção de práticas de preservação ambiental, esses agentes, sejam pessoas físicas ou jurídicas,
renunciam ao uso dos recursos naturais em benefício de toda a coletividade. Por essa razão, estabeleceu-se a
compensação econômica.
A Constituição de 1988 é a primeira a destinar um capítulo próprio ao meio ambiente (Título VIII, Capítulo42
VI). Contemplou um conjunto de comandos, obrigações e instrumentos para a efetivação do meio ambiente
ecologicamente equilibrado, como dever do Poder Público e da coletividade.
O Meio Ambiente é tratado em nossa Bíblia Política no capítulo que se inicia a partir do artigo 225 e é um
tema muito cobrado em provas.
Vejamos:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas; (Regulamento)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção; (Regulamento)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade; (Regulamento)
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)
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§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
43
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que
não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as
práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art.
215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais
envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017)
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
tópicos.
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)”
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Vejam que quando analisamos em conjunto a propriedade privada e a função social da propriedade os
autores de Constitucional e Ambiental falam que podemos perceber claramente a ideia do desenvolvimento
sustentável. (lembrar aqui dos 03 pilares mencionados anteriormente: econômico, ambiental e social).
Ao realizar a leitura atenta dos diapositivos legais verifica-se que o Código Florestal assim como as demais
leis ambientais não desapropriam os proprietários de suas propriedades, mas tão somente estabelecem limites a
utilização dessa área, limites estes que devem ser respeitados, sobre pena de sanção.
Com isso percebemos que o legislador constitucional e infraconstitucional, ao trazerem limitações aos
proprietários buscam proteger um bem que é de todos, e não somente daquele que tem a propriedade. Temos
44
configurado aqui a presença dos Direitos Difusos, ou seja, de toda a coletividade.
Além dos incisos II e III do art. 170 da CF/88, não podemos nos esquecer do inciso que trata da defesa do
meio ambiente. O mais interessante é que a Defesa do Meio Ambiente aparece como um dos princípios num
capítulo que trata da Ordem Econômica e Financeira. Diante dessa disposição estrutural da norma a leitura que
deve ser feita é que a Constituição vem a harmonizar esses valores e pilares do desenvolvimento sustentável,
visando desenvolvimento econômico, mas com sustentabilidade e proteção do meio ambiente.
Além do artigo 170, temos também o artigo 186 da CF/88 que trata da propriedade rural, mencionado a
questão inerente à função social.
Analisando o presente artigo, podemos perceber que em seu inciso I temos a vertente econômica, no inciso
II a vertente ambiental e no inciso III temos a vertente social. Nesse aspecto a propriedade somente cumpre sua
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função social quando atende a esses 03 requisitos: econômico, ambiental e social. (exatamente os três pilares do
desenvolvimento sustentável).
Analisados os artigos acima, podemos finalmente trabalhar com o art. 225 da CF/88:
Art. 225. Todos têm direito ao MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá- lo para AS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES.
Vejam que os pontos em destaque nos remetem novamente aos 03 pilares do desenvolvimento sustentável,
45
e que a expressão “presentes e futuras gerações” traz a ideia de equidade intergeracional, termo que vem sendo
muito utilizado pelo STF em alguns julgados, fazendo referência à equidade entre gerações.
Já CAIU. Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PC-GO Prova: CESPE - 2017 - PC-GO - Delegado de
Polícia Substituto. No que concerne à Constituição Federal de 1988 (CF) e ao meio ambiente, assinale a opção
correta.
A. Entende-se a previsão constitucional de um meio ambiente ecologicamente equilibrado tanto como um direito
fundamental quanto como um princípio jurídico fundamental que orienta a aplicação das regras legais.
B. O princípio da livre iniciativa impede que o poder público fiscalize entidades dedicadas à pesquisa e à
C. O estudo prévio de impacto ambiental será dispensado nos casos de obras públicas potencialmente causadoras
de significativa degradação ambiental quando elas forem declaradas de utilidade pública ou de interesse social.
D. Os espaços territoriais especialmente protegidos, definidos e criados por lei ambiental, poderão ser suprimidos
por meio de decreto do chefe do Poder Executivo municipal para permitir a moradia de população de baixa renda
em área urbana.
E. A competência para proteger o meio ambiente e combater a poluição em todas as suas formas é concorrente
entre a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios, de modo que a ação administrativa do órgão
Já CAIU. Ano: 2014 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2014 - MPE-SC - Promotor
de Justiça – Vespertina. Texto associado. Em caso de infração às normas ambientais, a Constituição Federal
Certo
Errado 46
Gabarito – C.
Já CAIU. Ano: 2006 Banca: FCC Órgão: DPE-SP Prova: FCC - 2006 - DPE-SP - Defensor Público. Na
Constituição Federal, em matéria ambiental, são expressamente previstos como patrimônio nacional, além da Serra
B. o Cerrado e a Caatinga.
E. o Cerrado e a Mata-Atlântica.
Entende-se por competência administrativa ou material aquela que determina o campo de atuação político-
administrativa de cada ente federativo. Em outras palavras, no Direito Ambiental a competência administrativa é
representada, por exemplo, pelo poder de polícia ambiental, pelo licenciamento ambiental etc.
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A competência legislativa, formal ou legiferante, exercida pelo Poder Legislativo, é a capacidade de editar
leis. No direito ambiental as discussões mais significativas versam sobre a competência material comum da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23) e a competência legislativa concorrente da União, Estados e
Distrito Federal (art. 24).
Observem que se trata de tema de grande importância, seja para a realização de provas e concursos públicos,
seja na prática. Em tempo mencionamos que caso haja a invasão de Ente Federado na competência de outro Ente
Federado em questão de matéria legislativa, estaremos diante de inconstitucionalidade. Já na parte de competência
material (ou Administrativa) teremos as questões ligadas à Licenciamento Ambiental, Poder de Polícia em matéria
ambiental, entre outros temas. 47
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 5, de 1995)
b) Privativa: quando caracterizada como própria de um Ente Federado, com possibilidade, no entanto,
exclusiva e privativa, se encontra na possibilidade de delegação da segunda, o que não ocorre com a
c) Concorrente: aqui dois elementos fundamentais: (I) possibilidade de disposição sobre o mesmo
assunto por mais de uma entidade federativa; (II) primazia da União no que tange à fixação de
normas gerais.
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Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre:
(...) inciso I ao XVI
Aprofundamento:
Se todos os Entes legislarem ao mesmo tempo como ficará a organização das leis? Como fica a
Sempre que falarmos sobre competência concorrente, é de suma importância lembrar que a União estabelece
Quando falamos no art. 24 da Constituição Federal é importante lembrar que a União estabelecerá normas
gerais. Os Estados por sua vez poderão complementar essa norma geral.
O que ocorre quando não houver norma geral da União sobre determinado tema?
Nesses casos de omissão legislativa da União, “Sim”, o Estado poderá legislar sobre o
tema e, isso ocorre devido à competência legislativa plena, conforme dispõe artigo 24,§3º
da CF/88:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE
sobre:
(...)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados EXERCERÃO A COMPETÊNCIA
LEGISLATIVA PLENA, para atender a suas peculiaridades.
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Se, posteriormente a norma Estadual, a União resolve legislar sobre o tema antes por
ela não tratado como fica a validade da norma estadual?
Aqui muito CUIDADO com pegadinha de prova. Muitas pessoas acham que a lei federal
posterior revoga a lei estadual sobre o mesmo tema, mas prestem atenção, não é isso o
previsto na Constituição.
O que temos na verdade é a suspensão da eficácia da norma estadual no que ela for49
contrária a lei federal posterior. (vejamos o §4º do art. 24 da CF/88).
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
Nesse sentido o que temos é a “suspensão da eficácia da lei anterior no que for contraria” e não a sua
revogação.
Mas qual seria a diferença entre Suspender a eficácia de uma norma e revogar?
Quando falamos em revogação a norma revogada sai do mundo jurídico, não existindo
mais. Quando falamos em suspensão ela ainda existe, contudo não produz efeito.
O que ocorre com a norma estadual que teve sua eficácia suspensa em decorrência de
norma federal posterior, quando esta ultima é revogada? Ela volta a ter sua eficácia,
voltaria a “valer”?
SIM. Ocorrendo a revogação da Lei Federal que suspendeu a eficácia da lei estadual
anterior, esta volta a ter sua eficácia.
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Após essa explanação sobre alguns conceitos e classificações relacionadas ao Direito Constitucional, é
necessário estudarmos aquilo que vem sendo cobrado com frequência em provas de Direito Ambiental: a
competência para legislar sobre proteção do Meio Ambiente.
50
No que tange a essa competência, podemos afirmar que, no âmbito de matéria afeta ao Direito Ambiental,
será aplicada a competência legislativa concorrente, conforme dispõe o art. 24, VI da CF/88:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(..)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
do meio ambiente e controle da poluição;
Dica de PROVA
Lembrar então que alguns dos Entes Federativos podem legislar sobre a proteção do Meio
Ambiente.
Observem que o Município não aparece no texto do art. 24, “caput” da CF/88, sendo somente
mencionado pelo constituinte, a União, os Estados e o Distrito Federal.
Mas ao analisarmos o caso concreto muito de vocês irão conhecer alguma lei municipal sobre o
meio ambiente, como por exemplo, o uso de sacolas plásticas, entre outros.
Mas como que o município legisla sobre tal matéria se ele não está elencado no caput do art.
24 da CF/88?
Contudo é importante o candidato verificar com cautela como o assunto está sendo cobrado em provas,
vejamos: 51
Veja que a afirmativa não faz menção expressa a nenhum tipo de competência e
nenhum artigo de lei. Nesse sentido pode ser considerada uma afirmativa verdadeira.
Assim como trabalhamos com a Competência Legislativa, vamos trabalhar agora com a Competência Material,
e para isso é necessário mencionar que no tocante a essa competência, temos 02 tipos a serem apresentados:
Aqui vale uma dica para prova: o que seria melhor ao Meio Ambiente? Que somente
um Ente legislasse sobre a proteção do Meio Ambiente (competência exclusiva), ou
que todos os Entes atuem fiscalizando, se fazendo valer do poder de polícia
(competência comum)?
Logicamente é mais favorável ao Meio Ambiente que todos possam atuar em sua proteção,
52
conforme está previsto no art. 23 da CF/88.
Esquematizando
Todos os Entes poderão legislar sobre a Todos os Entes poderão atuar em proteção do Meio
Exemplo:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
Vale mencionar ainda que quando o art. 23 da CF/88 fala da competência comum entre todos os Entes
Federados, mais especificamente em seu paragrafo único, ela está falando na verdade do federalismo
cooperativo, ou seja, da cooperação entre os entes federados para atuação em temas de competência comum. 53
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os
bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Trata-se de competência material comum repartida entre os entes da federação para o cumprimento de
tarefas em forma de cooperação. Na leitura podemos ver que leis complementares irão organizar a atuação dos
entes federados nos termos do artigo 23 da CF/88, e o Meio Ambiente consta do referido artigo como objeto de
competência comum. Há, portanto a necessidade (determinação constitucional,) de lei complementar ambiental
para organizar e definir a atuação dos entes federados, e essa lei existe, é a Lei Complementar 140 de 08 de
dezembro de 2011.
“Lei Complementar 140, de 08 de dezembro de 2011, que fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do
caput e do paragrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum
relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente e, ao combate a poluição
em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei n.º 6.938, de 31
de agosto de 1981”.
A presente lei é útil principalmente na questão referente ao Licenciamento Ambiental, para que possamos
saber qual órgão é responsável pelo processo de licenciamento ambiental de determinadas atividades.
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Observação: quando a Constituição Federal menciona que todos os entes podem atuar na competência
comum do art. 23 caput, isso não significa que eles irão atuar todos ao mesmo tempo. A atuação ocorrerá de
forma sistemática e organizada, sem que um interfira na competência do outro.
Exemplo: Quem poderá multar/autuar, uma empresa poluidora? A União, o Estado, ou o Município?
A resposta é depende. Tudo irá depender do caso concreto apresentado, podendo ser qualquer um dos entes o
competente para a autuação ou aplicação de multa. Entretanto, independentemente de qual seja ente
responsável pela aplicação de possível multa, não podemos admitir que uma empresa ou empreendimento
seja multado/autuado em decorrência do mesmo ilícito ambiental por entes federados de esferas diversas, se
assim fosse estaríamos diante de verdadeiro bis in idem. 54
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
É de se verificar que temos na CF/88 um capítulo específico tratando do Meio Ambiente, e esse capítulo se
resume exclusivamente ao artigo 225, contudo o mesmo possui vários incisos e parágrafos que carecem de leitura
atenta.
Importante ressaltar que o artigo faz menção à palavra “todos”, o que nos remete a natureza difusa do meio
ambiente, sendo este de interesse de toda a coletividade. Lembramos que a Constituição não proíbe o uso de
recursos naturais, conforme já mencionado, vez eles podem ser utilizados por todos, contudo de maneira
equilibrada.
Outro ponto interessante que o artigo nos traz é que, PRESERVAR E PROTEGER o Meio Ambiente é
dever do Estado (Princípio da Obrigatoriedade de intervenção estatal) e da coletividade (Princípio da Participação
ou Democrático).
No que tange expressão “presentes e futuras gerações” fazemos referencia à da equidade intergeracional,
que visa a qualidade ambiental não só para as presentes, mas também para as futuras gerações.
Cumpre ratificar que o Meio Ambiente é classificado como Direito Difuso e de 3ª Geração/Dimensão.
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É preciso nesse momento que analisemos as diferenças e semelhanças entre: interesse coletivo e interesse
difuso.
A semelhança entre eles decorre pelo fato de que ambos são interesses transindividuais e vão além do
interesse do indivíduo, nesse sentido, em um dos polos da relação jurídica temos mais de um interessado.
Analisando as diferenças entre os interesses, verifica-se que no interesse coletivo temos sujeitos
determinados ou determináveis, direitos que pertencem a grupo, categorias ou classes. (Ex: Sindicatos, etc).
Noutro vértice, quando falamos em interesse difuso temos sujeitos indeterminados ou indetermináveis, sendo
assim o interesse abrange número indeterminável de pessoas. (Ex: Meio Ambiente).
55
Sobre Geração, podemos alocar o Meio Ambiente como Direito de 3ª geração, onde temos a coletividade
em evidência e onde se destaca também os Direitos de Solidariedade e Fraternidade.
Passamos agora a analisar inciso por inciso do art. 225, contudo é importante que o candidato tenha
em mente que as normas positivadas na Carta Magna são amplas e muitas vezes serão complementadas por
legislação infraconstitucional, objetivando regulamentar situações mais especificas.
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
(Regulamento)
No tocante ao processo ecológico essencial, podemos dizer que este está relacionado com o conceito de meio
ambiente e a relação existente entre elementos Bióticos e Abióticos. Já o manejo nos remete a utilização racional e
adequada dos recursos naturais.
(OBS: No Código Florestal temos o Manejo Florestal Sustentável: que seria, por exemplo, a retirada de
vegetação de terminado local (que seria utilizado para outros fins), mas de forma organizada e não
simplesmente realizar o desmatamento de forma desordenada, com o “arrastão” de tratores e correntes, por
exemplo).
A par disso é essencial mencionar que a CF/88 não fala somente em manejo florestal sustentável, mas sim de
manejo ecológico, devendo então a prática da preservação e cuidado ser estendia a todas as áreas ligadas ao meio
ambiente.
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção; (Regulamento)
56
PONTO MUITO COBRADO EM PROVAS !
Trata o inciso, da obrigatoriedade de proteção especial de espaços que, pela sua relevância
ambiental deve ser protegido pelo Poder Público e pela legislação. Exemplos de leis que
detalham o inciso III do art. 225 da CF/88:
Obs: As áreas acima são as áreas ambientalmente protegidas mais cobradas nas
provas de Direito Ambiental, e serão analisadas mais profundamente quando do
estudo específico das leis mencionadas.
De acordo com o inciso II do art. 225 da CF/88, a redução do tamanho de uma área
ambientalmente protegida é possível, assim como a supressão, contudo, ambas as situações
deverão ser realizadas somente por meio de Lei, e com a condição de que seja vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção.
Lembrando ainda que essa LEI mencionada é a lei em sentido formal, não sendo apta para
essa supressão ou diminuição de área, medida provisória, decretos, etc.
MANUAL CASEIRO
Questionamento – A criação/instituição de uma área protegida, como se dá? Pode ser
realizada através de Decreto (Poder Executivo) ou somente por meio de Lei (Poder
Legislativo)?
Diante do seguinte questionamento, temos duas interpretações a serem dadas:
Obs 1: Todavia, uma vez criada uma Unidade de Conservação Ambiental por Decreto, no
momento que houver a necessidade de diminuir ou suprimir a respectiva área, deverá se
realizar através de Lei, vez que assim dispõe expressamente a CF/88 conforme visto.
Obs 2: temos na Lei SNUC a presença do termo “alterar” para representar a diminuição do
tamanho de uma unidade de conservação, e “suprimir” como desafetar. (ex: desafetação de
unidade de conservação).
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento)
Vejamos:
- Estudos Ambientais Simplificados;
- Plano de Recuperação de Área Degradada;
- Estudo Prévio de Impacto Ambiental;
- Etc...
(*observem que o EPIA é uma espécie do gênero Avaliação de Impacto Ambiental).
Curiosidade:
Porque o Estudo Prévio de Impacto Ambiental é o estudo de impacto mais cobrado em provas de
Direito Ambiental?
Essa frequente cobrança em certames a respeito do EPIA deriva da expressa previsão constitucional do
referido estudo, além disso, este é utilizado nos casos de atividades de significativo/grande impacto
ambiental. Vale ainda lembrar que o EPIA não é exigido para todos os tipos de atividades que pretendem ser
licenciadas, mas tão somente para as atividades de considerável impacto. (estudo mais complexo).
Curiosidade: Existem estudos de impacto ambiental que demoram mais de um ano para serem concluídos,
vez que não raras vezes dependem de análises climáticas, cheias de rios, chuvas, sol, etc., além de exigir
estudos de vários profissionais de diversas áreas. (ex: transposição do Rio São Francisco).
Outra informação de grande relevância ligada ao EPIA é a questão de sua PUBLICIDADE, fazendo valer o
Princípio da Informação já estudado, oportunizando que toda sociedade tenha participação. A sociedade só
poderá participar em matéria ambiental e proteção do meio ambiente se conhecer e tiver acesso às
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informações, com isso é imprescindível que se dê publicidade a esse estudo prévio de impacto ambiental a
todos, para possíveis questionamentos e sugestões da comunidade.
Ainda sobre EPIA, registramos que para que este possa ser compreendido e analisado de forma clara por
todos, é necessário que seja encaminhado conjuntamente o RIMA – Relatório de Impacto Ambiental, que é a
“tradução” do EPIA, ou seja, é a descrição simplificada explicativa do Estudo Prévio de Impacto Ambiental.
V - CONTROLAR a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento)
Muitos autores relacionam esse inciso com o Princípio do Limite. Nesse princípio temos que o Poder
Público coloca nas normas ambientais a partir de estudos técnicos (limites para poluição, para o impacto na água,
quantidade de partículas enviadas para o ar, etc..) definindo assim certos padrões de qualidade ambiental e, a partir
desses limites fiscaliza se as atividades estão dentro desse padrão, cumprindo fixado.
VI - promover a EDUCAÇÃO AMBIENTAL em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente;
Para que haja participação da sociedade no Meio Ambiente (aplicação do Princípio da Participação ou
Democrático), é necessário que se tenha conhecimento do tema, para tanto é fundamental o acesso à educação
ambiental em todos os níveis de ensino.
Vale mencionar ainda que a matéria de Meio Ambiente se aloca de maneira transversal dentro das grades
escolares, vez que não temos uma matéria especifica de sobre o tema, todavia é inserido dentro de outras matérias,
podendo aparecer como exemplos, ou como conteúdo específico.
VII - proteger a FAUNA E A FLORA, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)
Temos como exemplo de Lei que regulamenta e detalha o inciso VII, a lei de Crimes Ambientais – Lei
9.605/98, onde encontramos várias normas penais que dispões sobre crimes ambientais.
Exemplo: Art. 32 da Lei 9.605/98 – pontua muito bem a situação de vedação da pratica de
crueldade contra animais.
Art. 32. PRATICAR ATO DE ABUSO, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos: 60
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem REALIZA EXPERIÊNCIA DOLOROSA OU CRUEL EM ANIMAL
VIVO, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Além disso, temos também várias decisões do STF utilizando o inciso VII do art. 225 da CF/88 como
fundamento legal de suas decisões: declaração de inconstitucionalidade de lei que trata sobre a Briga de Galos;
famosa Farra do Boi; etc..
Posicionamentos divergentes
- a proteção e direito à cultura, previsto no art. 215 e 216 da CF/88 (para aqueles que
defendem as rinhas de galo, farra do boi e vaquejadas, etc..)
§ 2º Aquele que explorar RECURSOS MINERAIS fica obrigado a RECUPERAR O MEIO AMBIENTE DEGRADADO, de acordo
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Esse inciso está ligado ao principio do Poluidor-Pagador, já mencionado e fala da recuperação do meio
ambiente degradado e da obrigação daquele que causa o dano em reparar.
Importante ressaltar a menção expressa dos recursos minerais relativos às atividades de mineração,
reconhecendo então a Constituição o impacto negativo dessa atividade no Meio Ambiente. Por esse motivo no
momento do licenciamento ambiental de atividades desse tipo, exige-se do empreendimento minerário a
elaboração do PRAD, documento que traz o plano de recuperação da área degradada.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
PENAIS E ADMINISTRATIVAS, independentemente da obrigação de REPARAR OS DANOS CAUSADOS.
MANUAL CASEIRO
PONTO MUITO COBRADO EM PROVAS !
No §3º temos a chamada tríplice responsabilização ambiental, momento no qual temos a responsabilização
do autor dos danos sujeitando-o as sanções correspondentes na esfera Penal e Administrativa,
independentemente da reparação dos danos causados (Cível).
Nesse sentido, a mesma conduta praticada pelo agente infrator pode ser objeto de responsabilização nas três
esferas mencionadas, não sendo considerado como bis in idem. O que não poderia ocorrer seria a aplicação de
sanções da mesma esfera por órgãos com competências diferentes. (U, E, DF, ou M).
61
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
Temos destacados os 05 biomas (macrorregiões) previstas na CF/88 como patrimônio nacional. É importante
mentalizar todos esses 05 biomas, vez que o examinador quando traz questões relacionadas ao tema, sempre tenta
confundir acrescentando áreas que não fazem parte desse rol.
§ 5º São INDISPONÍVEIS AS TERRAS DEVOLUTAS ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
proteção dos ecossistemas naturais.
O parágrafo 5º carece de um pouco mais de cuidado ao ser analisado, vez que exige alguns domínios sobre
Direito Administrativo, no tocante as terras devolutas.
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Vamos no presente momento tecer algumas considerações e relembrar alguns ponto de Direito
Administrativo.
b) Bem de Uso Especial: prédio público, viatura policial, bens que a administração pública se utiliza
para alcançar seus objetivos.
Esses bens são afetados ou desafetados?
Tem função pública específica ou não?
São bens afetados, e assim sendo se tornam bens indisponíveis.
c) Bens Dominial ou Dominical: são aqueles bens que não classificamos nem como bem de uso
comum, nem como bem de uso especial, e que não possuem uma destinação publica específica. Ex:
sucata de viatura, prédio público abandonado.
Ainda dentro do Direito Administrativo nos interessa a questão e conceito de terras devolutas, que entram
justamente nessa ultima classificação de bens públicos (Bens Dominiais ou Dominicais).
- bens dominiais/dominicais;
- bens desafetados;
- disponíveis;
- (poderá pertencer a U, E, DF ou M, mas no caso é aos Estados)
MANUAL CASEIRO
A CF/88 menciona que algumas terras devolutas possuem função específica de proteção ambiental. Sendo
assim, quando a CF/88 mencionar que determinada área se classifica como terra devoluta e possui função
específica, essa passa a ser considerada como bem afetado de uso especial.
Terras devolutas com função de Proteção Ambiental são consideradas bens de uso especial e, portanto,
áreas afetadas, e indisponíveis. Vale ainda mencionar que essas terras de uso especial, afetadas e
indisponíveis são bens pertencentes à União.
§ 6º As USINAS que operem com reator NUCLEAR deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser
instaladas.
Uma dica dentro de Constitucional e Direito Ambiental é a de que sempre que ouvirmos falar de atividade
nuclear, lembrem-se do monopólio da União sobre essa atividade, que consta expressamente no art. 177 da CF/88:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos
incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos
no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de
qualquer origem;
Lembrando dessa dica fica fácil no momento da prova saber a quem compete definir a localização de reator
nuclear, ou seja, se compete a União, ao Estado ou ao Município. E, evidentemente estará correta a alternativa que
contiver a opção União, ou Lei Federal.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, NÃO SE CONSIDERAM CRUÉIS as práticas desportivas
que utilizem animais, desde que SEJAM MANIFESTAÇÕES CULTURAIS, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal,
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei
específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017).
MANUAL CASEIRO
A novidade no referido paragrafo é que o mesmo fora incluído no art. 225 recentemente através da
Emenda Constitucional 96 de 2017. Diante do novo dispositivo temos um novo paradigma e devemos aguardar
para ver como se posicionam os Tribunais Superiores a respeito do tema.
ambiental: Civil, Penal e Administrativa. (art. 225 da CF/88, §3º - mandado expresso de criminalização).
- Responsável: origina-se do latim responsus, do verbo respondere (responder, afiançar, prometer, pagar);
Tal conceituação nos transmite a ideia de reparar, recuperar, compensar ou pagar pelo que fez.
Nesse sentido na responsabilidade civil será analisado quem será responsabilizado pelo dano ambiental
causado.
Em virtude dessas considerações quando falamos em danos ambientais, temos a Lei 9.638/81 (Lei de
Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA), que foi recepcionada pela CF/88, fazendo em seu art. 4º, VII
menção a responsabilidade civil ambiental.
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao
usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
De acordo com a Lei qual seria a primeira opção para o poluidor em matéria de responsabilização
civil?
De acordo com a Lei de Politica Nacional de Meio Ambiente – PNMA, a primeira opção do infrator seria a
recuperação do meio ambiente degradado, vez que estamos diante de Direito Difuso que interessa a toda
coletividade.
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Ocorre que, em algumas situações de danos ambientais, o estado anterior do meio ambiente não pode ser
reestabelecido, sendo praticamente impossível recuperar a área degradada. Nesses casos, objetivando não deixar o
infrator sem nenhum tipo de responsabilização a lei traz como segunda opção, a obrigação de indenizar os danos
causados, que se resume ao pagamento em dinheiro.
Obs: caso o infrator consiga recuperar integralmente o meio ambiente degradado, não será necessária a
aplicação da segunda opção de sanção cível. Ou seja, a obrigação de indenizar. No entanto, caso o infrator
não consiga reparar na totalidade o dano causado, deverá lhe ser imposta a obrigação de indenizar, referente a
parte que não conseguir reparar.
Nesse sentido, é possível cumular a recuperação e a indenização, nos casos de recuperação parcial do
65
meio ambiente degradado?
A própria lei traz essa possibilidade quando diz: da obrigação de recuperar E/OU indenizar os danos causados.
O STJ em alguns de seus julgados confirma a possibilidade de cumulação e fala da reparação integral
(reparação “integrum”) do meio ambiente degradado. (REsp 1.114. 893 de 2010). Nesse julgado em específico, o
STJ afirma que para se alcançar a reparação integral do meio ambiente, justifica-se a cumulação dessas obrigações
(recuperar e indenizar), vez que estamos tratando de um bem indisponível.
DICA - Interessante dentro dessa temática fazer um “link” com Direito Civil no que tange as
responsabilidades: contratual e extracontratual.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Responsabilidade Extracontratual: disciplina que quem causa um dano à terceiro fica obrigado a repará-lo.
Art. 186 e 927 do CC .
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.
Questionamento – Das duas responsabilidades apresentadas, qual irá interessar mais ao Direito
Ambiental?
No caso de um dano ambiental a responsabilidade que mais irá interessar o Direito Ambiental, logicamente é a
responsabilidade extracontratual, vez que em Direito Ambiental o descumprimento de contrato nem sempre gera
um dano.
Quando falamos em ato ilícito, estamos diante de dolo (vontade de causar um dano à terceiro) ou culpa
(ato em decorrência de negligência, imprudência ou imperícia). Já o elemento dano é o elemento
central da Teoria da Responsabilidade Civil, sendo uma lesão a um bem jurídico protegido pelo
ordenamento civil constitucional. 66
Danos Patrimoniais: dever de INDENIZAR (IN DENE = SEM DANO), que nos remete a ideia de recompensar
pelo dano causado. Para tanto é necessário tanto em matéria ambiental, quanto em direito civil que reste
comprovado efetiva ocorrência do dano.
O terceiro pressuposto, nexo causal, é a relação de causa e efeito entre a conduta praticada (fato) do
agente e o dano, e este por sua vez admite algumas excludentes. São elas: Caso Fortuito/Força Maior
(art. 393, §único CC); Fato exclusivo da Vítima; Fato de Terceiro.
Tais situações como o próprio nome nos diz, exclui o nexo causal – exclui a relação existente o dano e
o ato - não sendo possível então responsabilizar o agente infrator, vez que para isso é necessário a
presença cumulativa dos pressupostos.
Vejam que na Teoria Objetiva não analisamos mais a questão relativa ao Dolo e Culpa, ficando a mesma
restrita ao Dano e ao Nexo Causal. Com isso, podemos ver que na Teoria Objetiva a responsabilização de
agente pelo ato praticado torna-se mais rápida já que temos um elemento a menos para se comprovar.
Nessa toada, temos que a presente teoria é aplicada aos casos em que há necessidade de que o dano seja
reparado de forma ágil, ocorrendo geralmente em situações que é muito difícil se comprovar dolo ou culpa.
Exemplo: Transporte Aéreo – Lei que regulamenta o transporte aéreo traz situações da Teoria Objetiva,
necessitando, portanto, somente de comprovação de Dano + Nexo Causal, podendo assim que comprovada
tais elementos já indenizar as vítimas.
A Teoria Objetiva surge então com o objetivo de agilizar a reparação dos danos em situações pontuais.
MANUAL CASEIRO
DICA - Antes de adentrar na responsabilidade ambiental propriamente dita, fica uma DICA para os
candidatos lembrarem na hora da prova:
Lei 6.938/1981 (LPNMA), Art. 14 paragrafo 1º - Lei de Política Nacional do Meio Ambiente.
Obs 1: o Código Civil em seu art. 927, paragrafo único nos diz que haverá a obrigação de reparar o dano
independentemente da existência de culpa nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar por sua natureza risco para os direitos de outrem.
Obs 2: a CC traz ainda referencia às duas Teorias (Subjetiva e Objetiva), sendo assim elas coexistem, sendo
aplicada como regra a Teoria Subjetiva, e em casos excepcionais a teoria objetiva. Com isso se a situação do
caso concreto não tiver lei especifica disciplinando de forma detalhada alguma situação de dano, a regra é a
aplicação da Teoria Subjetiva (Dolo/Culpa, Dano e Nexo Causal). Já para que se aplique a Teoria Objetiva, o
fato deve se encaixar em lei especifica e somente nesses casos a exceção é aplicada.
Outro ponto interessante da Responsabilidade Civil é o seguinte: a norma que irá ser preocupar em punir o
infrator é a prevista no Direito Penal. O Direito Civil por sua vez (responsabilidade civil) não visa a
aplicação de punição ao infrator, mas sim busca a reparação o dano. Na Teoria Objetiva essa ideia fica
ainda mais fácil de ser visualizada, vez que nela não se preocupa com o sujeito (em quem causou o dano)
ela reforça a ideia de reparação tão somente, o que justifica a desnecessidade de comprovação do elemento
subjetivo no momento da pratica da conduta.
Vejam então que para a aplicação da Teoria Objetiva em matéria de Direito Ambiental é necessário a
previsão em lei, sendo assim, resta perfeitamente correta a afirmativa de que nos casos da Lei 6.938/81
(LPNMA) devemos aplicar a Teoria Objetiva diante de expressa previsão legal. (“...independente da
existência de culpa, a indenizar e reparar...”).
Como consequência, na existência de ação de responsabilidade civil por dano ambiental, deverá o
advogado da empresa, alegar que não há dano (que o suposto dano, não é um dano em si, mas somente um
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impacto ambiental e que o mesmo estaria previsto no estudo prévio de impacto ambiental) ou ainda que
não há nexo causal (que o dano existente imputado a empresa não tem relação com as atividades
desenvolvidas por esta).
Sobre a afirmação acima é prudente recordar a existência de um liame entre o impacto ambiental e o efetivo
dano ambiental. Impactos ambientais muitas vezes estão previstos no EPIA ou na própria legislação e, não
são considerados como dano propriamente dito. A justificativa do entendimento se baseia no fato de que toda
atividade causa certo impacto, mas existe um limite que se pode suporta/tolerar.
Como se depreende na Teoria Objetiva não interessa ao Direito discutir dolo e culpa, licitude ou ilicitude da
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ação, regularidade ou não das obrigações administrativas da empresa, indústria ou empreendimento. De nada
adianta em discussão de responsabilidade civil por danos ambientais a parte realizar a comprovação de que a
empresa possuía licença ambiental regular. Não se discute nessa matéria licitude ou ilicitude da atividade. Se
houve um dano e há nexo de causalidade com as atividades desenvolvidas, a empresa RESPONDE, devendo
se limitar a discutir somente dano ou nexo.
Aprofundamento: Aprofundando um pouco mais, podemos citar algumas decisões do STJ nesse sentido,
que dizem respeito a duas teorias objetivas: Teoria do Risco Criado e Teoria do Risco Integral. (ambas
integram a Teoria Objetiva).
Teoria Objetiva
(Jurisprudência consolidada no STJ afirmando que a responsabilidade ambiental está baseada na Teoria do
Risco Integral- exemplo: REsp. 442586)
Imaginemos o rompimento de uma barragem com rejeitos que causou um grande acidente e impactos no
meio ambiente e nas cidades próximas. Os advogados alegaram logo após o rompimento da barragem que
houve um tremor de terra, fato que contribuiu para o rompimento ocorresse.
(vejam que os advogados da empresa utilizaram como defesa a Teoria do Risco Criado – que admitem as
excludentes do nexo causal).
MANUAL CASEIRO
Ocorre que no mesmo exemplo o membro do MP alegou para responsabilizar a Teoria do Risco Integral,
fundamentando que nas atividades desenvolvidas o risco é integral do empreendedor, não existindo, portanto,
excludente do nexo causal. Alegou ainda que mesmo havendo o tremor de terra, responde a empresa pelos
danos ambientais causados, vez que ao decidir instalar sua empresa em determinado ponto o empreendedor
assume todos os riscos pertinentes a essa escolha.
CORRETA
Responsabilidade Solidária
Convém mencionar que os Tribunais superiores vêm entendo pela aplicação da responsabilidade solidária,
sendo o poluidor, no conceito da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, o responsável direito ou
indireto pelo dano, fator que justifica tal responsabilidade.
- Resp 958766
No estudo desse entendimento todos os envolvidos com o dano ambiental respondem pelo dano causado,
inclusive o responsável indireto pelo dano, podendo a obrigação de reparar ser cobrada de 1, 2, 3,(...) ou de
todos ao mesmo tempo. A responsabilidade solidária é aplicada visando facilitar a reparação do meio
ambiente por aqueles que de alguma forma contribuíram para que o dano ocorresse. Lembrando mais uma
vez que estamos trabalhando com Direito Difuso, Direito este de interesse de toda a coletividade.
MANUAL CASEIRO
Exemplo de responsabilização Direta e Indireta:
Caso julgado pelo STJ em que determinada Unidade de Conservação da Natureza Estadual, foi invadida e teve
sua vegetação suprimida pelo agente infrator.
O STJ entendeu que o responsável direto pelo dano era o agente invasor que suprimiu a vegetação, mas o
Estado membro também era responsável solidariamente diante de sua inércia de fiscalização.
Vejam que para o Tribunal, a partir do momento que o Estado se fez omisso em seu dever de fiscalizar a área
ambientalmente protegida, ele também se torna responsável indireto, ou seja, se responsabiliza solidariamente.
O STJ determinou ainda que se aplicasse ao caso a solidariedade entre os envolvidos, e estaria esta vinculada à
reponsabilidade direta e indireta, mas a execução por sua vez seria subsidiária. (Responsabilidade Solidária de
Execução Subsidiária). Explicamos:
70
O agente infrator seria o primeiro a ser cobrado/executado (responsável direito, ou seja, daquele que suprimiu a
vegetação) e, apenas em segundo plano seria invocado a execução por parte de Estado (responsável indireto).
A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo
de causalidade o fator aglutinante que permite que o riso se integre na unidade do ato, sendo descabida a
invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para
afastar sua obrigação.
Admite-se a condenação simultânea e cumulativa das obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar na
reparação integral do meio ambiente.
Os responsáveis pela degradação ambiental são coobrigados solidários, formando-se, em regra, nas ações
civis públicas ou coletivas litisconsórcio facultativo.
Em matéria de proteção ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a omissão de
cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar for determinante para a concretização ou o
agravamento do dano causado.
Não há direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente, não existindo permissão ao proprietário
ou posseiro para a continuidade de práticas vedadas pelo legislador.
Lembrando-se da parte constitucional (não custa reforçar, vamos pecar pelo excesso) no art. 225, §3º da CF/88
temos a tríplice responsabilidade em matéria ambiental (Penal, Civil e Administrativa).
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
Vimos que a responsabilidade civil em matéria ambiental é objetiva, devendo somente se comprovar o dano e
o nexo causal, sendo dispensável a existência de dolo ou culpa.
*Obs: por alguns anos tivemos grandes divergências quanto a qual responsabilidade deveria ser adotada em
matéria de Direito Ambiental na esfera Administrativa. A celeuma fora resolvida no ano de 2016, quando o
STJ em uma de suas decisões consolidou que a responsabilidade administrativa deve ser subjetiva, e, o
argumento usado foi bem interessante. O tribunal considerando que a responsabilidade administrativa se
aproxima mais da responsabilidade penal que da civil, deveria igualmente ser SUBJETIVA.
Ressaltamos que em matéria ambiental temos a natureza indisponível do meio ambiente. (ligado ao
Princípio da Obrigatoriedade à ação/intervenção estatal), com isso salientamos que além das ações fiscalizadoras,
MANUAL CASEIRO
também decorrem do poder de polícia os consentimentos estatais, como licenciamento ambiental (Poder de Polícia
Preventivo).
As infrações ambientais e sanções administrativas estão previstas na Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais)
e no Decreto 6.514/08 que dispõe sobre as infrações administrativas ambientais em âmbito federal.
A infração ambiental de acordo com a Lei 9.605/98 em seu art. 70, caput, representa toda ação ou omissão que
viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. 72
Determinada conduta, mesmo que causadora de dano ambiental, caso não esteja tipificada nas normas
de proteção do meio ambiente, não ensejará responsabilidade administrativa ao poluidor. (deve haver
a tipificação, ou seja, a tipificação administrativa ambiental no Decreto).
Decreto 6.514/2008 apresenta nos seus artigos 24 a 93 um rol de infrações administrativas ambientais:
Obs: os artigos referentes às Infrações contra o Ordenamento Urbano e Patrimônio Cultural nos remete a
existência de Meio Ambiente: natural, artificial, cultural e do trabalho. (classificação trabalhada no inicio da
matéria).
Art. 72. As infrações administrativas SÃO PUNIDAS COM AS SEGUINTES SANÇÕES, observado o
disposto no art. 6º:
MANUAL CASEIRO
I - advertência;
II - multa simples;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos
ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos.
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e
para o meio ambiente;
Advertência
Trata-se de sanção administrativa repressiva aplicável mediante a lavratura de autor de infração, para as
infrações administrativas de menor lesividade ao meio ambiente, garantindo ampla defesa e o contraditório.
Multa Simples
A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:
I) Advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por
órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos do Ministério da Marinha.
II) Opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitalina dos Portos do Ministério da
Marinha (art. 72, parágrafo 3º da Lei 9.605/98).
MANUAL CASEIRO
Destinação dos valores arrecadados com as multas.
Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do
Meio Ambiente, instruído pela Lei n 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval criado pelo Decreto n 20.923, de
08 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão
arrecadador (art. 73 da Lei 9.605/98).
Cuidado! Não confundir Multa Ambiental (da Sanção Administrativa) com a Indenização (da
Responsabilidade Civil). Quando o Ministério Público ajuíza uma Ação Civil Pública Ambiental com
reparação de dano contra o poluidor, a indenização ocorrerá se este não conseguir reparar o dano. (observem74
que a prioridade é a reparação do dano).
Contudo, não havendo a possibilidade de recuperação do dano, o poluidor deverá pagar um valor a titulo de
indenização, isso na esfera cível. O valor arrecadado com Ação Civil Pública que envolve Direito Difuso é
destinado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos que depois será reinvestido em questões ambientais.
Aqui estamos falando de questões administrativas ambientais, de uma multa ambiental que é
DIFERENTE de indenização.
Multa Diária
A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo, até a sua cessação
ou até a celebração de termo de compromisso de reparação ou cessação dos danos.
Art. 25 da Lei de Crime Ambientais (Lei 9.605/98): os produtos e instrumentos serão apreendidos logo que
verificada a infração.
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos
autos.
Demolição de Obra
A sanção de demolição de obra poderá ser aplicada pela autoridade ambiental, após o contraditório e ampla
defesa, quando:
Exceção: Entretanto, em situações especialíssimas, a demolição pode ser efetivada no ato da fiscalização.
Trata-se de medida extremada, que só deve ser tomada em caso de irregularidade insanável, de grave risco
a saúde ou de agravamento de dano ambiental.
Restritiva de Direitos
De acordo com o §8º do artigo 72 da Lei 9.605/98, as sanções restritivas de direito são:
75
I – suspensão de registro, licença ou autorização;
IV – proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de ATÉ TRÊS anos. (aqui
CUIDADO, muitas provas costumam colocar mais de três anos)
Decai em 05 (cinco) anos a ação da administração objetivando apurar a pratica de infrações contra o meio
ambiente, contada da data da pratica do ato, ou, no caso de infração permanente ou continuada do dia em que esta
tiver cessado. (art. 21 do Decreto 6.514/08).
Para os fins de interrupção do prazo decadencial, considera-se iniciada a ação de apuração de infração
ambiental pela administração com a lavratura do auto de infração. Segundo o art. 22, interrompe-se a prescrição
(decadência):
- pelo recebimento do auto de infração ou pela cientificação do infrator por qualquer outro meio, inclusive edital;
Segundo a norma, incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de infração paralisado por mais
de 03 anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de oficio ou mediante
requerimento da parte interessada.
MANUAL CASEIRO
Importante não confundir a prescrição do prazo para a apuração da infração, com a pretensão da pretensão da
administração pública de promover a execução da multa por infração ambiental.
Uma vez apurada a infração ambiental e encerrado o processo administrativo de imposição da penalidade,
passa a fluir o prazo prescricional (também quinquenal) para a execução da multa aplicada ao infrator, uma vez
que a partir desse momento o crédito já está devidamente constituído. (órgão ambiental terá então até 05 anos para
executar aquele valor da multa).
De acordo com a Súmula 467 do STJ, “prescreve em cinco anos, contados do termino do processo
administrativo, a pretensão da administração pública de promover a execução da multa por infração ambiental”.
76
Resumindo os Prazos:
- 05 anos para apuração da pratica de infração ambiental;
- 03 anos para prescrição intercorrente;
- 05 aos para a execução do valor arbitrado como multa;
III – Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
Sendo assim compete ao Poder Publico criar esses espaços. Os espaços protegidos mais cobrados em
provas de concurso são:
Conceito: art. 2º, I da Lei 9.985/2000 – Lei do Sistema Nacional de Unidade de Conservação.
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção;
Necessidade da presença de riqueza em elementos naturais. Não é qualquer local que será considerado como
Unidade de Conservação (deverá ser comprovada a riqueza ambiental da área). Para tanto se faz necessário estudo
técnico da respectiva área, para a verificação da existência de características ambientalmente relevantes.
Quando o local estiver dentro de área particular o proprietário deverá respeitar todos os limites impostos pelo
Pode Publico, assim como manter todas as características e riquezas ambientais existentes na área, sob pena de
desapropriação.
Existência de meios legais para a realização da criação das Unidades de Conservação, que poderá ser o
Decreto (Poder Executivo) ou a Lei (Poder Legislativo).
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Limites definidos
Art. 7º As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características
específicas:
§ 1º O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o
uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.
§ 2º O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o
uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.
Veremos na sequencia que temos 05 tipos de Unidades de Proteção Integral e 07 tipos de Unidades de Uso
Sustentável, perfazendo os 12 tipos de Unidades de Conservação. Diante dessa divisão entre 02 grupos fica fácil
perceber o grau/intensidade de proteção.
As Unidades de Proteção Integral são mais protetivas, possuindo uma maior intensidade de proteção que o
segundo grupo que é composto pelas Unidades de Uso Sustentável.
Art. 8º O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de
conservação:
I - Estação Ecológica;
II - Reserva Biológica;
IV - Monumento Natural;
Art. 9º A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas
científicas.
§ 1o A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser
o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.
IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples
observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no
máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.
§ 1o A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com regulamento
específico.
Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande
relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a
natureza e de turismo ecológico.
MANUAL CASEIRO
§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às
normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.
§ 1o O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos
proprietários.
§ 3o A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade,
às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento.
Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram
condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente
ou migratória.
§ 1o O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos
proprietários.
MANUAL CASEIRO
§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo
aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade
para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada,
de acordo com o que dispõe a lei.
§ 3o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às
normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.
Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de unidade de
conservação:
IV - Reserva Extrativista;
V - Reserva de Fauna;
§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de
uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental.
§ 3o As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público
serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.
§ 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e
visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais.
MANUAL CASEIRO
§ 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da
população residente, conforme se dispuser no regulamento desta Lei.
§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de
82
uma propriedade privada localizada em uma Área de Relevante Interesse Ecológico.
§ 1o A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando
de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
§ 3o A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo
órgão responsável por sua administração.
§ 5o A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e,
quando for o caso, das populações tradicionais residentes.
§ 6o A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada,
respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal.
§ 2o A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por
sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e
das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da
unidade.
§ 3o A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o
disposto no Plano de Manejo da área.
MANUAL CASEIRO
§ 4o A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão
responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas
previstas em regulamento.
§ 1o A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de acordo
com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração.
§ 4o A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis
sobre fauna e regulamentos.
§ 1o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo
tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da
qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar,
conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas
populações.
§ 3o O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo com o disposto no
art. 23 desta Lei e em regulamentação específica.
§ 4o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de
organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em
regulamento e no ato de criação da unidade.
I - é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e de acordo
com o disposto no Plano de Manejo da área;
MANUAL CASEIRO
II - é permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor relação das
populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia autorização do órgão
responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas
previstas em regulamento;
III - deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação; e
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g) Reserva Particular – Art. 21 da Lei SNUC
Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com
o objetivo de conservar a diversidade biológica. (Regulamento)
§ 1o O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado perante o órgão
ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição no
Registro Público de Imóveis.
I - a pesquisa científica;
III - (VETADO)
§ 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação técnica e
científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a elaboração de um Plano de
Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade.
DICAS PARA FACILITAR A MEMORIZAÇÃO – vejam que as reservas são quase todas de uso
sustentável, temos 04 reservas dentro da Unidade de Uso Sustentável, e somente 01 reserva faz parte da
Unidade de Proteção Integral (Biológica).
DICAS PARA FACILITAR A MEMORIZAÇÃO – não confundam Floresta Nacional (Uso Sustentável)
com Parque Nacional (Proteção Integral), tentem lembrar que Parque é algo mais “formal”, e que floresta tem
em muitos locais já os parques nem tanto, assim fica mais fácil memorizar.
MANUAL CASEIRO
DICAS PARA FACILITAR A MEMORIZAÇÃO - outra dica que pode ajudar na hora da prova, é que as
duas primeiras unidades de proteção integral (Estação Ecológica e Reserva Biológica) são as mais protetivas
de todas.
QUADRO DE FIXAÇÃO
ERRADA – Alternativa está errada porque inseriu a Floresta Nacional e retirou o Parque
Nacional. Vejam que o examinador trocou as áreas visando confundir o candidato.
Outra questão relevante envolvendo as unidades são as “áreas públicas” e as “áreas particulares”.
Art. 9º A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas
científicas.
§ 1º A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites SERÃO DESAPROPRIADAS, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 3o A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade,
às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento.
86
Algumas das unidades dos 12 tipos exigem a desapropriação. A própria lei fala que
determinada unidade será constituída em área de posse e “domínio público” (ou seja, se
estiver em área de particular deverá ocorrer a desapropriação). Noutro vértice existem
algumas áreas que não necessitam que haja a desapropriação, podendo ser instituídas em
área particular.
Vejam então que no art. 9º da Lei do SNUC a própria lei traz a necessidade de
desapropriação, em contrapartida no caso do art. 12 da mesma Lei, haverá a necessidade de
desapropriação somente no caso de incompatibilidade de objetivos.
“As Unidades de proteção integral só podem ser criadas em áreas de posse e domínio público”.
ERRADO. Observe no exemplo dado acima que a Estação Ecológica – art. 9º da Lei SNUC (Unidade de
Proteção Integral) necessita de desapropriação, contudo o Monumento Natural (Unidade de Proteção
Integral) previsto no art. 12 da mesma lei, caso haja compatibilidade de objetivos não necessita de
desapropriação, podendo ser constituída em área particular.
Dessa forma, não há uma relação entre Unidade de Proteção Integral e desapropriação, deve ser
analisado cada tipo de unidade de conservação no caso concreto. O simples fato de ser Unidade de Proteção
Integral não tem o condão de autorizar procedimento de desapropriação.
Da mesma forma que fizemos com o raciocínio no inicio da matéria com as questões constitucionais, vamos
aplicar aqui. Vejamos:
CF/88 CF/88
87
- Art. 225 §1º, III da CF/88 - Art. 225, §1º, III da CF/88
- CF/88 nada fala, é silente. Com isso na parte - poderá ser realizada a supressão e alteração através de Lei
constitucional concluímos que poderá ser criada (Lei no sentido formal – Poder Legislativo)
então por:
- Art. 22, caput da Lei 9.985/2000 - SNUC - art. 22, §7º da Lei 9.985/2000 - SNUC
Art. 22. As unidades de conservação são criadas Art. 22, § 7º. A desafetação ou redução dos limites de uma
por ato do Poder Público. unidade de conservação só pode ser feita mediante lei
específica.
MANUAL CASEIRO
Obs: está de acordo com a CF/88 ou a Lei deve ser Obs: está de acordo com o texto constitucional também.
considerada inconstitucional?
§ 1º (VETADO)
§ 2º A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO deve ser precedida de ESTUDOS TÉCNICOS E DE CONSULTA
PÚBLICA que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em
regulamento.
Lembrando que as áreas devem ser criadas em local dotado de características ambientais relevantes, e para
isso estudos técnicos e Consulta Pública, é uma das formas de se comprovar essa existência.
Os estudos técnicos irão apontar todas as características da área, e qual tipo de unidade de conservação
poderá ser criada naquele local.
No tocante a consulta pública é praticamente permitir a participação da sociedade na criação das unidades
de conservação, momento no qual poderá ser aberta a palavra para que os membros daquela sociedade possam
expressar suas opiniões, assim como prestar informações relevantes já que habitam no referido espaço e possuem
certa familiaridade com os aspectos ambientais existentes.
§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o PODER PÚBLICO É OBRIGADO A FORNECER INFORMAÇÕES
ADEQUADAS e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas.
§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica NÃO É OBRIGATÓRIA A CONSULTA de que trata o § 2o deste artigo.
Aqui atenção para as provas, porque temos uma exceção à regra trazida pelo paragrafo 2º.
Verifica-se que não são todas as unidades de conservação que deverão, para a sua criação, serem
precedidas de consulta pública (02 das 12 unidades NÃO PRECISARÃO da consulta pública para que seja
MANUAL CASEIRO
realizada a sua criação). Lembramos ainda que, a Estação Ecológica e Reserva Biológica são duas reservas que
fazem parte da Unidade de Proteção Integral.
§ 5o As unidades de conservação do GRUPO DE USO SUSTENTÁVEL podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades
do grupo de Proteção Integral, por INSTRUMENTO NORMATIVO DO MESMO NÍVEL HIERÁRQUICO do que criou a unidade,
DESDE QUE OBEDECIDOS OS PROCEDIMENTOS DE CONSULTA ESTABELECIDOS no § 2o deste artigo.
§ 6o A AMPLIAÇÃO DOS LIMITES de uma unidade de conservação, SEM MODIFICAÇÃO DOS SEUS LIMITES ORIGINAIS, exceto
pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, DESDE QUE
OBEDECIDOS OS PROCEDIMENTOS DE CONSULTA estabelecidos no § 2o deste artigo.
Imaginemos que o Poder Público deseja diminuir uma parte de uma área, contudo deseja aumentar
outra ao lado daquela reduzida. Isso poderá ser feito mediante Decreto?
NÃO, somente por meio de Lei. A negativa justifica-se porque a Constituição determina que seja por Lei a
realização de supressão ou alteração de área.
(lembrar que diminuição somente através de lei, mesmo que haja ao mesmo tempo, no mesmo projeto um
grande aumento de Unidade de Conservação ao lado – uma coisa não compensa a outra).
Imaginemos agora a situação de uma Unidade de Conservação que será ampliada. Isso poderá ser
feito através de Decreto ou somente por Lei?
Quando estivermos diante de situação de aumento, devemos interpretar como criação e não como
alteração, podendo então ser realizado através de Decreto do Poder Executivo, seguindo então a linha de raciocínio
de que, se é para proteger, quanto mais instrumentos tivermos melhor.
Atentem-se que nesses casos não estaríamos mexendo no limite original da área, mas tão somente agregando
uma parte ao lado.
§ 7º A DESAFETAÇÃO OU REDUÇÃO DOS LIMITES de uma unidade de conservação só pode ser feita mediante lei específica.
O §7º dispensa maiores esclarecimentos, vez que já vimos que para a diminuição ou desafetação, por se
tratar de menor proteção, ou retirada de proteção ambiental, deve ser somente por meio de Lei.
MANUAL CASEIRO
Zona de Amortecimento
Em Direito Ambiental consideramos como Zona de Amortecimento de determinada área o SEU ENTORNO,
a área em volta de toda a Unidade de Conservação.
O conceito está previsto no art. 2º, XVIII da Lei do SNUC – Lei 9.985/2000.
Art. 2º, XVIII da Lei 9.985/2000 - Zona de Amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação,
onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar
os impactos negativos sobre a unidade; e
90
A finalidade do entorno é amortecer o impacto oriundo do meio externo, impedindo que este se estenda ao
meio interno da área de conservação. Diante dessa perspectiva visando proteger a Unidade de Conservação
algumas atividades não poderão ser desenvolvidas dentro dessa zona de amortecimento. Podemos com isso
afirmar que a zona de amortecimento é uma área que também sofre de certa forma limitação quanto ao uso.
§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas de que trata
o § 1o PODERÃO SER DEFINIDAS NO ATO DE CRIAÇÃO DA UNIDADE OU POSTERIORMENTE.
O ideal é que fossem elaborados os limites da Zona de Amortecimento no momento da criação da área de
proteção, contudo como prevê o disposto no §2º do Art. 25 esses limites poderão ser estabelecidos posteriormente
no plano de manejo.
Plano de Manejo deve ser criado juntamente com a criação da Unidade de Conservação,
mas como já mencionado poderá ser elaborado posteriormente, dentro do prazo de 05 anos
contados a partir da data da criação da Unidade de Conservação.
I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres; (Incluído pela Lei nº 11.460, de 2007)
III - o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos seus ancestrais
diretos e parentes silvestres; e (Incluído pela Lei nº 11.460, de 2007)
O conceito do Plano de Manejo vem previsto no art. 2º, XVII da Lei SNUC – Lei 9.985/2000.
Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...)
XVII - PLANO DE MANEJO: DOCUMENTO TÉCNICO mediante o qual, com fundamento nos
OBJETIVOS GERAIS de uma unidade de conservação, SE ESTABELECE O SEU ZONEAMENTO E AS
NORMAS QUE DEVEM PRESIDIR O USO DA ÁREA e o manejo dos recursos naturais, inclusive a
implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade;
Como o Plano de Manejo funciona como regras internas da Unidade de Conservação, toda Unidade de
Conservação que é criada dever ter seu Plano de Manejo.
MANUAL CASEIRO
Observação – Plano de Manejo x Zona de Amortecimento – CUIDADO !
(art. 27, §2º da Lei 9.985/2000)
Como mencionamos, a Zona de Amortecimento se encontra fora da Unidade de Conservação, e o Plano de
Manejo da Unidade tem que abordar a Zona de Amortecimento. Portanto, apesar da Zona de
Amortecimento estar localizada no lado externo da Unidade de Conservação, o Plano de Manejo deve
contemplar pontos sobre a mesma.
Compensação Ambiental
Trata-se de um tema importantíssimo a ser tratado e muito cobrado em provas de Direito Ambiental. 92
Significativo impacto ambiental – ou seja, não serão todos os empreendimentos que deverão pagar o valor a
titulo de compensação, SOMENTE - conforme dispõe em lei - os de significativo impacto.
Art. 36 (...) ... com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório...(...)
§ 1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade NÃO PODE SER
INFERIOR A MEIO POR CENTO DOS CUSTOS TOTAIS previstos para a implantação do
empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, DE ACORDO COM O
GRAU DE IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO PELO EMPREENDIMENTO. (Vide ADIN nº 3.378-6,
de 2008)
MANUAL CASEIRO
Valor determinado por Lei, e quanto mais impactante a atividade desenvolvida maior o
valor a ser pago, a título compensação ambiental.
§ 4º A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude do interesse público, ser cumprida em
unidades de conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável, especialmente as
93
localizadas na Amazônia Legal. (Incluído pela Lei nº 13.668, de 2018)
Vale lembrar ainda que o valor deve ser aplicado para a proteção e manutenção das Unidades de
Conservação de Proteção Integral, áreas de relevância ambiental. Sendo assim, a regra, é a aplicação desse
dinheiro para a manutenção ou criação de Unidade de Conservação de Proteção Integral.
Curiosidade: somente a título de informação o valor na prática que vem sendo cobrado à titulo de
compensação ambiental, vem variando de 0,2% a 1,1%.
Atenção: convém notar que essa Compensação Ambiental não tem ligação alguma com o
dano ambiental. Trata-se de uma compensação baseado no princípio do Usuário-Pagador.
No caso da existência concreta de dano esse deverá ser reparado e/ou indenizado,
independentemente do pagamento anterior de qualquer compensação ambiental.
Lembrem-se estamos diante de institutos diferentes.
6. Código Florestal
Outro ponto importantíssimo, e que não pode ser negligenciado pelos candidatos é a Legislação Brasileira
Florestal. Nessa perspectiva trataremos agora da Lei 12.651/2012, mais conhecida como Código Florestal.
A primeira coisa a ser mencionada aos candidatos é que o Código Florestal não trata apenas de proteção
ambiental, mas sim também da utilização racional das florestas (forma de utilização com proteção).
Outro ponto a ser destacado é que “Conservação” não quer dizer “imobilização”.
Diante da possibilidade de exploração, mas visando dar amparo ao Meio Ambiente, afirmamos que o Código
Florestal dispõe sobre conservação, utilização racional, manejo florestal sustentável, etc., ou seja, autoriza a
realização de exploração e em contrapartida também se preocupa com que a utilização das florestas ocorra de
maneira equilibrada e que se possa proteger áreas ambientalmente relevantes, como as APP’s e Reservas Legais.
MANUAL CASEIRO
Competências Constitucionais: material e legislativa:
Aqui relembramos aos candidatos que a competência para legislar (Competência Legislativa) sobre floresta é
concorrente (art. 24 da CF/88), estando, portanto, todos os entes U, E e DF autorizados a lançar mão de sua
competência legislativa sobre floresta. Os municípios por sua vez possuem essa autorização prevista no art. 30,
incisos I e II da CF/88.
Já, no tocante a competência material/administrativa sobre floresta, temos que esta é uma competência
comum, (art. 23, VI, VII da CF/88), momento no qual a Carta Magna traz que todos os entes federados podem
atuar administrativamente na proteção destas.
95
Um tema muito cobrado em provas de concursos sobre Direito Ambiental é o referente às limitações ao
Direito de Propriedade e sobre isso temos que o próprio Código em seu artigo 2ª traz que a Lei trará limitações ao
Direito de Propriedade, quando o assunto for áreas ambientalmente relevantes.
Vejam então que as propriedades submetidas a essa limitação imposta por lei, obrigam seus proprietários a
não exercerem em casos específicos seu direito de propriedade. Isso ocorre diante da necessidade de proteção da
referida área, sendo nesses casos o direito do proprietário preterido em favor do direito da coletividade*, já que
esta tem direito ao meio ambiente protegido e equilibrado. (Direito Difuso*)
Exemplo: imaginemos um fazendeiro que deseje criar gado em toda a sua propriedade. Esse proprietário
poderá explorar suas terras, contudo deverá poupar uma parte que será destinada a APP – Área de
Preservação Permanente.
Diante da impossibilidade do uso de suas terras na totalidade, não poderá mesmo que queira ajuizar qualquer
demanda contra o Estado pleiteando indenização pela restrição ao uso dessa área destinada à APP. Isso
porque, essa limitação de uso é determinação legal com base constitucional além de ir de encontro com o
Princípio da função sócio ambiental.
Esse proprietário, portanto, deverá manter o recurso hídrico protegido no percentual determinado em lei vez
que não se trata de interesse somente dele, mas de toda sociedade, coletividade.
MANUAL CASEIRO
Em suma não há o que se falar em indenização pela instituição de APP ou Reserva Legal.
Dica de PROVA - Obs: As áreas consideradas APP’s podem ser rurais e urbanas.
É interessante reforçar essa ideia, porque a área de Reserva Legal engloba somente em
propriedades rurais.
- APP – Propriedade rural ou urbana
- Reserva Legal – Somente propriedade rural
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
(...)
MANUAL CASEIRO
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda
da calha do leito regular, em largura mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
Vejam então que as margens dos rios devem ter vegetação nativa, exatamente para proteger o curso
d’agua assim como todo o recurso hídrico. Caso não houvesse essa vegetação poderíamos ter
assoreamento, erosão, etc. A vegetação que compõe as margens é o é conhecida também por mata
ciliar.
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa
marginal será de 50 (cinquenta) metros;
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento,
observado o disposto nos §§ 1o e 2o;
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos
d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento; (Incluído pela Lei nº
12.727, de 2012).
MANUAL CASEIRO
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água, qualquer que seja a sua situação topográfica, no raio mínimo
de 50 (cinquenta) metros;
IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio
mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no
raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior
declive;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem)
metros em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média
maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da
elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho
d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação;
XI - as veredas.
XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do
limite do espaço brejoso e encharcado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).
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XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do
espaço permanentemente brejoso e encharcado. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
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E a resposta é sim, MAS SOMENTE nos casos excepcionais previstos no art. 8º da Lei
12.651/2012. O Código autoriza a supressão em vegetação de APP, mas em casos
excepcionais (art. 8º do Código Florestal), como por exemplo, Utilidade Pública, Interesse
Social ou de Baixo Impacto Ambiental. (não são cumulativas).
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário,
inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento,
gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de
competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último
caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903) (Vide ADIN
4937)
d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais referidas no
inciso II deste artigo;
b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por
povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não
prejudique a função ambiental da área;
f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade
competente;
a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de
um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos
das atividades de manejo agroflorestal sustentável;
b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que
comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber;
g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na legislação
aplicável;
h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes,
castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos;
i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que
não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área;
MANUAL CASEIRO
j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de
produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem
prejudiquem a função ambiental da área;
Observação: existe uma CRÍTICA DA DOUTRINA e dos operadores do direito, com relação às exceções
existentes no art. 8º da Lei 12.651/2012. A crítica se faz devido à utilização pelo legislador da expressão
OUTRAS ATIVIDADES SIMILARES, conforme destacamos.
Vejam que as exceções deveriam ser um rol limitado, determinando casos específicos, todavia a expressão
outras atividades similares, abre o leque para outras possibilidades. Ou seja, uma lista que tinha que ser
101
fechada de exceções, tornou-se uma lista aberta.
O conceito de Reserva Legal vem disposto no artigo 3º, III da Lei 12.651/2012 – Código Florestal vejamos:
Outra diferença que pode ser apontada é a possibilidade de USO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL DOS
RECURSOS NATURAIS nas áreas de Reserva Legal, ou seja, existe a possibilidade de se explorar madeira, por
exemplo, quando existir autorização do órgão ambiental. Nesse sentido, a área continua sendo uma área
ambientalmente protegida (área de reserva legal), porém, pode haver exploração econômica dessa área,
diferentemente da APP que não admite a exploração econômica e a supressão de vegetação poderá ocorrer
somente nos casos excepcionais previstos no art. 8º da Lei 12.651/2012 (utilidade pública, interesse social e baixo102
impacto).
O conceito de Reserva Legal nos remete ao artigo 12 do Código Florestal (12.651/2012), e como podemos
perceber temos um percentual variável.
Art. 12. TODO IMÓVEL RURAL DEVE MANTER ÁREA COM COBERTURA DE VEGETAÇÃO
NATIVA, a título de RESERVA LEGAL, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de
Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel,
excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
2012).
§ 1o Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive para assentamentos pelo
Programa de Reforma Agrária, será considerada, para fins do disposto do caput, a área do imóvel antes do
fracionamento.
§ 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de floresta ou outras formas de vegetação
nativa apenas será autorizada pelo órgão ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel estiver
inserido no mencionado cadastro, ressalvado o previsto no art. 30.
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§ 4o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá reduzir a Reserva Legal para até 50%
(cinquenta por cento), para fins de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por
cento) da área ocupada por unidades de conservação da natureza de domínio público e por terras indígenas
homologadas.
§ 5o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o Conselho Estadual de Meio
Ambiente, poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver
Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu território
ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e por
terras indígenas homologadas.
§ 7o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de
concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais103
funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de
transmissão e de distribuição de energia elétrica.
§ 8o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de
implantação e ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias.
Outro ponto importante relacionado à área de reserva legal vem previsto no artigo 15 do Código Florestal
(12.651/2012). Trata-se de novidade em relação ao Código anterior.
O Código anterior dispunha que se a propriedade tivesse em sua área uma nascente deveria
ter ao seu redor área destinada à APP. Havendo mais nascentes outras APP’s deveriam ser
constituídas e, somado a elas o proprietário deveria ainda destinar mais 20% de área em
sua propriedade a titulo de reserva legal.
Observem que de acordo com o Código anterior, não interessava a quantidade de APP’s
que determinada área possuía, o seu proprietário sempre deveria manter essa vegetação
protegida e ainda deixar mais 20% a titulo de Reserva Legal.
Curiosidade: o artigo 15 da Lei 12.651/2012 foi objeto de Ação Civil Pública ajuizada
pelo Ministério Público, onde se discutiu a constitucionalidade deste sob a alegação de
violação ao Princípio da Vedação do Retrocesso.
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Todavia, o STF não aplicou o Princípio da Vedação ao Retrocesso, aos artigos do Código
Florestal quando provocado, pautando-se no entendimento de que caso se admitisse a
aplicação do principio, estaria havendo nítida interferência de um Poder sobre o outro.
I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo;
III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR,
nos termos desta Lei. 104
Sendo assim, temos que no tocante ao art. 15 da Lei 12.651/2012 tivemos nova intenção do legislador. O
STF quando provocado declinou pela constitucionalidade do dispositivo. (decisão de fevereiro de 2018
- ADC nº42 e ADIN nº4.901).
Dentro da propriedade rural, onde deverá ficar localizada a área de reserva legal?
Quem definirá a localização da área de reserva legal, será o órgão ambiental competente. O proprietário
poderá até sugerir local destinado à Reserva Legal, mas dependerá da anuência do órgão ambiental, vez que este é
o tecnicamente competente para localizar a área de reserva legal dentro de uma propriedade rural.
Vale lembrar ainda que a APP, vista anteriormente, está diretamente ligada à recursos naturais, sendo assim,
podemos dizer que existe certa rigidez locacional no que diz respeito a essa área ambientalmente protegida. Ou
seja, onde se encontra a margem do rio deverá consequentemente existir a APP, não podendo então haver uma
faculdade na escolha da área, diferentemente da área destinada à reserva legal que não está tão pressa a um recurso
especifico.
Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural DEVERÁ LEVAR EM CONSIDERAÇÃO
OS SEGUINTES ESTUDOS E CRITÉRIOS:
II - o Zoneamento Ecológico-Econômico
III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Permanente,
com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida;
Outro assunto importante a ser discutido em Direito Ambiental é o tema relacionada ao C.A.R.- Cadastro
Ambiental Rural, previsto no art. 29 da Lei 12.651/2012 – Código Florestal.
CAPÍTULO VI
Art. 29. É criado o CADASTRO AMBIENTAL RURAL - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de
Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, REGISTRO PÚBLICO ELETRÔNICO DE ÂMBITO
NACIONAL, OBRIGATÓRIO PARA TODOS OS IMÓVEIS RURAIS, com a finalidade de integrar as
informações ambientais das propriedades e posses rurais, COMPONDO BASE DE DADOS PARA
CONTROLE, MONITORAMENTO, PLANEJAMENTO AMBIENTAL E ECONÔMICO E COMBATE
AO DESMATAMENTO. 105
Igualmente ao art. 15 do Código Florestal, o art. 29 também é uma novidade legislativa com relação ao Código
Anterior. A ideia do C.A. R é que ele sirva como um registro público eletrônico de propriedades rurais, e
consequentemente, quando todas as propriedades rurais estiverem cadastradas possamos ter um acesso mais fácil à
fiscalização e acompanhamento das áreas ambientalmente protegidas.
Podemos de forma superficial afirmar que o Cadastro Ambiental Rural, C.A.R. funciona num sistema
declaratório, como ocorre com o Imposto de Renda – I.R., onde o próprio particular insere os dados pertinentes
solicitados.
(Caso o proprietário lance informações que não correspondam com a verdade, responderá as consequências
na esfera pertinente).
Uma questão que mudou com relação ao C.A.R. e a Reserva Legal vem prevista no art. 18 do Código
Florestal e trata da averbação. A norma nos traz que a inscrição da propriedade/imóvel no C.A.R. substitui a
averbação no registro de imóveis.
Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de
inscrição no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de
transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei.
(...)
§ 4º O REGISTRO DA RESERVA LEGAL NO CAR DESOBRIGA A AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE
REGISTRO DE IMÓVEIS, sendo que, no período entre a data da publicação desta Lei e o registro no
CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato.
(Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
Tínhamos na vigência do Código anterior, quando ainda não existia o Cadastro Ambiental Rural – C.A.R, que
proprietário deveria averbar a área correspondente à Reserva Legal na matricula do imóvel. Todavia, a partir de
2012, com o C.A.R. em funcionamento, o artigo 18, §4º do Código Florestal, dispõe que não há mais a
necessidade de averbação da área de reserva legal na matricula do imóvel, quando incluída no Cadastro Ambiental
Rural.
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Reserva Legal Condominial – art. 16 da Lei 12.651/2012
Art. 16. Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre propriedades
rurais, respeitado o percentual previsto no art. 12 em relação a cada imóvel. (Incluído pela Lei
nº 12.727, de 2012).
Parágrafo único. No parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Legal poderá ser agrupada em
regime de condomínio entre os adquirentes.
Exemplo: imaginemos que 02 proprietários rurais “A e B”. O proprietário “A” tem somente 5% de área de106
reserva legal, quando deveria ter 20%. O proprietário “B” por sua vez tem em sua propriedade 35 % de área
destinada como área de reserva legal. Vejam que, caso haja o acordo entre os proprietários, o quantum de
área que “sobra” na propriedade “B” poderá ser usada como área de reserva legal propriedade do proprietário
“A” por meio de condomínio. (Teríamos então a soma de 5% da propriedade “A” com 35% da propriedade
“B”, o que resultaria em 40% de área de reserva legal, que dividida por duas propriedades, daria a cada
propriedade o percentual de 20%, conforme exigido por lei).
Diante de disposição legal fica então autorizada a realização de compensação de áreas de reserva legal por
meio de condomínio, denominada Reserva Legal Condominial. Todavia, para que possa ser realizado o respectivo
condomínio as partes deverão cumprir alguns requisitos impostos por lei.
a) Necessidade de que as áreas envolvidas sejam vizinhas; (lembrando que o Código não traz
expressamente que as propriedades devam ser vizinhas, mas é o que se pressupõe).
b) Que o percentual legal em cada imóvel seja respeitado; (ou seja, no final das contas cada
propriedade deverá contar com 20% de área de reserva legal).
c) Reserva legal condominial deverá ser aprovada pelo órgão ambiental competente;
d) Que sejam comprovadas as inscrições no C.A.R. referente a todos os imóveis integrantes do
condomínio. (assim no C.A.R. deve ficar claro que, por exemplo, o proprietário “A” tem somente 5%
porque os outros 15% estão sendo compensados na propriedade de “B” localizada).
Observação: deixamos ainda registrado aos candidatos que em matéria ambiental e no Código Florestal é
muito comum a ocorrência do instituto da compensação.
No caso da reserva legal condominial nós temos um tipo de compensação de âmbito local, e o Código
Florestal fala inclusive na possibilidade de compensação de propriedades que não são vizinhas, todavia, a
denominação não é reserva legal condominial, mas sim compensação ambiental.
Nesse sentido, poderá sim haver compensação ambiental (e aqui não confundir com reserva condominial),
mesmo quando as propriedades não sejam vizinhas, DESDE possuam o mesmo bioma.
De acordo com o STF poderá haver a compensação em áreas com a mesma identidade ecológica.
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Um último ponto interessante a ser mencionado, é que as áreas ambientalmente protegidas seja APP, seja
Reserva Legal, NÃO SOFREM A INCIDÊNCIA DE ITR – Imposto Territorial Rural.
Essa isenção funciona como incentivo econômico para que o proprietário rural mantenha as áreas
ambientalmente protegidas contidas em sua propriedade, EFETIVAMENTE protegidas.
Ressaltamos ainda que, caso o proprietário tenha quantidade de área preservada “a mais” que a porcentagem de
área exigida, seja como APP ou Reserva Legal, esse proprietário terá a isenção do quantum (a mais) protegido e107
não de somente 20%.
(se a propriedade deveria ter 20% de área como reserva legal, mas possui 30%, terá a isenção em cima dos
30% e não dos 20% somente. Resumindo, quanto maior a área protegida, maior será a isenção).
7. Licenciamento Ambiental
O licenciamento Ambiental em linhas gerais seria o consentimento estatal para o exercício de atividades que
possam impactar o meio ambiente, na utilização de recursos naturais.
Para o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, de acordo com o artigo 1º, I, de sua Resolução n.
237/97 o “Licenciamento Ambiental: é procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente
licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma,
possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas
aplicáveis ao caso.”
Base Legal
Lei 6.938/81 – Lei de Política Nacional do Meio Ambiente – art. 9º, IV.
(A Lei de Politica Nacional do Meio Ambiente somente cria o Licenciamento Ambiental e não fala
mais nada sobre)
Art. 2, I da LC 140/2011.
Importante destacar que o Licenciamento Ambiental tem várias etapas dentro da Administração Pública,
sendo assim, o empreendedor deve solicitar no órgão ambiental competente a referida licença ambiental, e a partir
desse momento, abre-se um procedimento administrativo de várias fases. Completadas todas as fases e cumpridos
108
todos os requisitos tem-se a concessão do licenciamento.
Diante do apresentado, é evidente que devemos fazer uma distinção entre Licença Ambiental e
Licenciamento Ambiental. A Licença é documento autorizador para o exercício da atividade e o Licenciamento
Ambiental é o procedimento para se conseguir a autorização.
Licenciamento Ambiental
A Resolução CONAMA 237/97, no seu Anexo I, apresenta uma LISTA EXEMPLIFICATIVA (e não
taxativa) de atividades passíveis de licenciamento ambiental.
Exemplo:
Extração e tratamento de minerais;
Indústria de produtos minerais não metálicos;
Indústria metalúrgica;
Indústria mecânica;
Indústria de madeira;
Indústria de papel e celulose.
No tocante lista (exemplificativa e não taxativa), há de se ressaltar que o órgão ambiental competente poderá
pedir a licença de atividade a empreendimento que não conste na lista apresentada no Anexo I da Resolução do
CONAMA, até porque a lista é datada de 1997, e evidentemente na época não se imaginaria algumas atividades
hoje realizadas – em decorrência de avanços tecnológicos entre outros.
Ainda sobre Licenciamento temos abaixo um dos temas mais cobrados em concursos públicos, que são os
tipos de licença ambiental: Licença Prévia, Licença de Instalação, Licença Operação: – Art. 8º, Resolução
CONAMA 237/97.
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Licença Prévia (LP) – concedida na Fase Preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade,
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.
Condicionantes: nas licenças ambientais é muito comum a existência de condicionantes. Como o próprio
nome já nos diz tratam-se de condições colocadas pelo órgão ambiental que irá licenciar ao empreendedor no
caso concreto e de acordo com as características e necessidades. (objetivando que a atividade se torne mais109
adequada).
Quando o empreendedor cumpre as condicionantes impostas anteriormente em sede de licença prévia pelo
órgão ambiental competente, e consegue a licença de instalação, poderá realizar a instalação de seu
empreendimento, ou seja, a montar toda a estrutura física.
Vale lembrar que nessa fase o órgão ambiental poderá também impor condicionantes caso entenda
necessário.
Da mesma forma que nas fases anteriores a licença para a operação poderá ter imposições de condicionantes
vinculadas a sua concessão. Após a licença de operação ser concedida, as atividades poderão ser iniciadas.
Art.13 da LC 140/2011
Aqui é importante que nos lembremos das competências constitucionais mencionadas no inicio dos
estudos, onde tínhamos a competência material ou administrativa (Comum, nos termos do art. 23 da CF/88 –
U,E,DF e M) e a competência legislativa (concorrente).
110
Quando falamos em competência para licenciar, estamos trabalhando com uma competência
administrativa/material, sendo assim, o candidato deve esquecer a questão de criação de leis, a chamada
competência legislativa, vez que estamos diante de procedimentos administrativos e autorizadores que não se
confunde com processo legislativo.
Dica de PROVA
No que diz respeito à competência material/administrativa, todos os entes federativos a princípio tem
competência para licenciar.
Art.13 da LC 140/2011
A Constituição a principio dispõe que todos podem licenciar, mas no caso concreto temos somente a
atuação de um ente federado, ou seja, somente um dos entes federados é que realizará o licenciamento de
determinada atividade, não existindo, portanto, a um “duplo licenciamento”.
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A título de exemplo, podemos citar a transposição do Rio São Francisco, que se trata de uma atividade
impactante ao Meio Ambiente e, consequentemente carece de licença ambiental para sua realização.
Quem seria então o ente federativo competente para a realização da licença ambiental nesse caso?
O ente federado responsável pela concessão de licenciamento ambiental seria a União, tendo em vista que a
LC 140/2011 dispõe que quando um empreendimento passa por 02 ou mais estados quem será responsável
pelo licenciamento das atividades será a União.
Nesse sentido, a cada caso concreto teremos um ente federado competente para a concessão de licença
ambiental. 111
“Leis complementares fixarão normas para a COOPERAÇÃO entre a União e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
nacional.”
A par do federalismo cooperativo, Leis Complementares devem organizar a atuação dos entes federados,
nos termos do art. 23 da CF/88, paragrafo único e, em matéria ambiental temos a Lei Complementar
140/2011.
Art. 7º da LC 140/2011
“São ações administrativas da União:
XVI promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades
(...)
e) Localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;”
A LC 140/2011 em seu art. 7º nos traz as competências da União no que diz respeito à atuação
administrativa, no art. 8º as competências as dos Estados, e em seu art. 9º as competências dos municípios.
Vejam então que no caso de duvidas sobre qual o ente federado será o competente para a realização do
licenciamento ambiental e sua respectiva licença, deverá o candidato consultar os arts. 7º, 8º e 9º da LC
140/2011.
Vejam que às atividades atribuídas à União são bem específicas. Com isso o candidato
poderá ser valer do método de exclusão das competências da União e dos municípios
(interesse local geralmente), restando então a competência Estadual quando o caso não se
alocar nas demais.
Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um
empreendimento ou atividade, LAVRAR AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL E INSTAURAR PROCESSO
ADMINISTRATIVO PARA A APURAÇÃO DE INFRAÇÕES à legislação ambiental cometidas pelo
empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo que
tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la,
comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis.
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§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum
de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou
utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração
ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o
caput.
Em linhas gerais quem tem competência para licenciar é também o órgão que terá a competência e o dever
de lavrar o autor de infração ambiental cometido por empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.
Exemplo: imaginemos que ente (ESTADUAL) é o responsável pelo licenciamento de determinada atividade
ou empreendimento. Ocorre que as atividades desenvolvidas por esse referido empreendimento causa danos
ao meio ambiente e o Estado diante dos fatos nada fez, se mantendo INERTE. 113
Posteriormente ao realizar fiscalização na região, o IBAMA (órgão da União) verifica que a atividade estava
irregular e causando danos ambientais. Diante da constatação lavra auto de infração e aplica ao
empreendimento multa.
Dica de PROVA
SIM, primeiro porque de acordo com art. 23 da CF/88 temos uma competência
administrativa/material COMUM em matéria ambiental. Em segundo lugar, se o órgão
estadual que licenciou o referido empreendimento permaneceu inerte, não fiscalizando a
atividade desempenhada pelo empreendimento, o órgão ambiental da União poderá sem
problema algum lavrar auto de infração ambiental.
§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de
fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou
utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, PREVALECENDO O AUTO DE
INFRAÇÃO AMBIENTAL LAVRADO POR ÓRGÃO QUE DETENHA A ATRIBUIÇÃO DE
LICENCIAMENTO OU AUTORIZAÇÃO A QUE SE REFERE O CAPUT.
Dica de PROVA - SE LIGA! As licenças Ambientais não são perenes, ou seja, elas114
têm prazos de validade e precisam ser renovadas. Nesse sentido não existe licença
ambiental com prazo indeterminado.
Ainda sobre a renovação de licenças é importante o candidato se atentar ao prazo previsto no §4º do artigo
14 da LC 140/2011.
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação dos processos de
licenciamento.
(...)
§ 4º A RENOVAÇÃO DE LICENÇAS AMBIENTAIS DEVE SER REQUERIDA COM ANTECEDÊNCIA
MÍNIMA DE 120 (CENTO E VINTE) DIAS DA EXPIRAÇÃO DE SEU PRAZO DE VALIDADE, fixado
na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão
ambiental competente.
No tocante aos prazos é preciso atenção redobrada por parte do empreendedor no que diz respeito à
renovação de licença ambiental, já que, como dispõe a lei ela precisa ser requerida com antecedência. (120 dias
antes da expiração).
A antecedência do prazo é necessária para que o órgão ambiental tenha ciência, antes de conceder a
renovação, das condições reais e atuais do funcionamento da atividade, assim como de seus impactos no meio
ambiente, o que demanda de pesquisa in loco, e demais procedimentos.
A resolução CONAMA 237/97 prevê os prazos das Licenças Ambientais no artigo 18:
Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença,
especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos:
I - O prazo de validade da LICENÇA PRÉVIA (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma
de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, NÃO
PODENDO SER SUPERIOR A 5 (CINCO) ANOS.
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II - O prazo de validade da LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo
cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, NÃO PODENDO SER SUPERIOR A 6 (SEIS)
ANOS.
III - O prazo de validade DA LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO) deverá considerar os planos de controle
ambiental e será de, no mínimo, 4 (QUATRO) ANOS E, NO MÁXIMO, 10 (DEZ) ANOS.
O próximo tema a ser trabalhado envolve a questão dos crimes ambientais que estão previstos na Lei
9.605/98, contudo é necessário mencionar que temos também crimes ambientais relacionados a licenciamento
ambiental.
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional,
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, SEM LICENÇA OU AUTORIZAÇÃO DOS
ÓRGÃOS AMBIENTAIS COMPETENTES, OU CONTRARIANDO AS NORMAS LEGAIS E
REGULAMENTARES PERTINENTES:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
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Seção V
Dos Crimes contra a Administração Ambiental
Art. 66. FAZER O FUNCIONÁRIO PÚBLICO afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar
informações ou dados técnico-científicos em PROCEDIMENTOS DE AUTORIZAÇÃO OU DE
LICENCIAMENTO AMBIENTAL:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
8. Crimes Ambientais
O momento agora é de trabalharmos com a tutela penal do Meio Ambiente prevista na Lei 9.605/98. Todavia
é de suma importância que o candidato não se esqueça, em hipótese alguma: a base constitucional existente, tendo
em vista que a Constituição Federal nos traz expressamente a responsabilização penal ambiental.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a SANÇÕES PENAIS E ADMINISTRATIVAS, INDEPENDENTEMENTE DA
OBRIGAÇÃO DE REPARAR OS DANOS CAUSADOS.
Relembramos aqui o conteúdo estudado no início deste Manual, quando tratamos da tríplice
responsabilização ambiental, momento em que vimos que o infrator/poluidor poderá ser responsabilizado, na
esfera penal, civil e administrativa. Todavia, o que nos interessa nesse momento são as sanções penais.
Para isso temos a Lei 9.605/98 que regulamenta o artigo 225 da Constituição Federal.
Denunciado foi acusado de pescar em período de defeso. Entretanto, fora abordado pelos fiscais apenas com
“linha de mão” sem nenhum espécime da fauna aquática.
Para o STJ essa conduta não causou perturbação no ecossistema a ponto de reclamar a incidência do direito
penal, sendo imperioso, portanto, do reconhecimento da atipicidade da conduta perpetrada sendo o recorrente
tecnicamente primário.
Denunciado foi acusado de pescar em período de defeso utilizando-se de rede de pesca de aproximadamente
70 metros. Para o STF nesse caso, não há como afastar a tipicidade material da conduta tendo em vista que a
reprovabilidade que recai sobre ela está consubstanciada no fato de que o recorrente ter pescado em período
proibido, utilizando-se de método capaz de colocar em risco a reprodução de peixes que remonta
indiscutivelmente na preservação e equilíbrio do ecossistema aquático.
Percebam que a Lei 9.605/98 traz em seus tipos penais muitos “crimes de perigo”, onde a mera
probabilidade de dano já é considerada como crime ambiental. Com isso podemos perfeitamente relacionar os
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dispositivos que contenham tais crimes - considerados como de perigo - com o principio da prevenção, que visa
prevenir a ocorrência de danos ambientais.
Vejam que o tipo penal não exige “o uso” do instrumento, bastando somente a penetração do agente com
este (instrumento) em Unidade de Conservação para se caracterizar o crime ambiental. Sendo assim, esses crimes118
de perigo abstrato que encontramos na lei de crimes ambientais são importantíssimos e possuem ligação direta
com a aplicação do Princípio da Prevenção.
Art. 2º QUEM, DE QUALQUER FORMA, CONCORRE PARA a prática dos crimes previstos nesta Lei,
incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o
membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica,
que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para
evitá-la.
Sobre a responsabilização da Pessoa Física no caso de dano ambiental não há o que se falar muito a respeito.
Todavia, a grande celeuma gira em torno da Responsabilização (ou não responsabilização) Penal de Pessoa
Jurídica por dano ambiental.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto
nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual,
ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-
autoras ou partícipes do mesmo fato.
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Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica na DOUTRINA
Excelência, a Constituição Federal no art. 225, §3º, anuncia “As condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar
os danos causados”.
Logo, contemplamos que pessoa jurídica pode configurar como sujeito ativo de crime,
119
desde que referente à crimes ambientais.
Nessa esteira, seguindo o mandado constitucional de criminalização, nasceu a Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes
Ambientais). Reza seu art. 3º, caput: “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”.
Não obstante a previsão constitucional e legal acima, a referida indagação é objeto de discussão, suscitando
entendimentos divergentes entre os operadores do direito. Duas correntes que trabalham com tema.
1ª Corrente – Pessoa Jurídica não pode cometer crimes (“societas delinquere non potest”): baseada na
Teoria da Ficção. Para essa corrente a Pessoa Jurídica não poderia figurar no polo passivo de possível ação
penal. (Teoria da Ficção de Savigny). A presente corrente defende seu entendimento com base em 03
argumentos:
A pessoa jurídica é um ente fictício (criado pelo ser humano), sendo assim tal ente não possui vontade
própria e, não havendo vontade, não age com dolo ou culpa, não havendo, portanto a conduta que é
exigida no 1º substrato/elemento do crime. (Conduta/resultado/nexo causal e tipicidade);
(lembrando ainda que no Direito Penal Brasileiro não se admite a Responsabilidade Penal Objetiva).
As pessoas jurídicas como são fictícias, não possuem capacidade de ação, ou seja, não têm consciência e
vontade.
Pessoa jurídica não tem capacidade de culpabilidade e de sanção penal. (a culpabilidade aparece como um
juízo de censura pessoal que somente o indivíduo possui)
Pessoa jurídica não tem capacidade de pena. (Princípio da Personalidade da Pena – ao aplicar a pena a PJ
a pena estaria passando da pessoa do condenado, ferindo um principio constitucional).
Não há possibilidade física de aplicação de pena em pessoa jurídica, não há como aplicar, por exemplo,
uma pena privativa de liberdade.
MANUAL CASEIRO
2ª Corrente – Pessoa Jurídica pode cometer crimes: fundamentada na Teoria da Realidade, da
personalidade real ou orgânica.
As pessoas jurídicas cometem sim crime ambiental e, a sociedade clama para que ela responda, vez que
é causadora do dano. Quanto à alegação de ausência de vontade, ela representa a vontade dos
administradores e sócios.
As Pessoas Jurídicas são entes reais, com capacidade e vontade própria, agindo sim com dolo ou culpa. (sendo
assim poderá figurar no polo passivo de uma ação penal). – vontade relacionada aos administradores.
A Pessoa Jurídica tem capacidade de culpabilidade e de sanção penal. (os autores defendem que essas pessoas
jurídicas sofrem de culpabilidade social, também chamada de culpa coletiva). – culpa relacionada aos
120
administradores. (e a própria lei de crimes ambientais apresenta essas sanções penais para as pessoas jurídicas
– art. 21, 22,23 da Lei 9.605/98)
A pessoa jurídica tem sim capacidade de pena. (para a teoria da realidade, quando é atribuído um crime a
pessoa jurídica, a pena não está indo a pessoa do condenado, não ferindo assim o principio da personalidade da
pena).
No tocante a impossibilidade de aplicação de pena privativa de liberdade à pessoa jurídica, realmente não há
como realizar essa aplicação, todavia, há outras sanções penais que podem ser aplicadas.
Tanto o STF (STF. RE 548181/PR), quanto o STJ (Resp. 610114, de dez. 2005) admitem a
responsabilidade penal da Pessoa Jurídica. Nesse sentido, ambos admitem que a Pessoa Jurídica pode figurar
no polo passivo de uma ação penal, aplicando então a Teoria da Realidade.
Já foi editada a Lei 9.605/1998, no tocante aos crimes contra o meio ambiente, e o seu art.
3.º, parágrafo único, dispõe expressamente sobre a responsabilização penal da pessoa
jurídica. O posicionamento atual do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça é pela admissibilidade da responsabilidade penal da pessoa jurídica em todos os
crimes ambientais, dolosos ou culposos.
MANUAL CASEIRO
Aprofundamento
Em 2005 em sua decisão o STJ admitia a responsabilidade penal da pessoa jurídica desde que houvesse a
dupla imputação.
Teoria da Dupla Imputação – admitia a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais
desde que houvesse a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em
seu benefício.
Ocorre que em 2013 no Recurso Extraordinário 548181 o Supremo Tribunal Federal afirma que “é
admissível a condenação de pessoa jurídica pela pratica de crime ambiental, ainda que absolvidas as
121
pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela pratica criminosa”
Para o STF, a teoria da dupla imputação (antes defendida pelo STJ) afronta o parágrafo 3º do art. 225
da Constituição de 1988.
Em resumo, podemos entender que ambos os Tribunais admitem que a Pessoa Jurídica pode atuar no polo
passivo de uma ação penal no caso de crime ambiental, e não mais se aplica a Teoria da Dupla
Imputação, podendo então, aplicar a pena imposta em sentença condenatória diretamente a pessoa jurídica,
não sendo necessário aplicar conjuntamente a pessoa física.
A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma. RMS 39173-BA,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR,
Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714).
Admitindo-se a responsabilidade penal da PJ, a lei dos crimes ambientais exige 02 requisitos cumulativos (art. 3º
da Lei 9.605/98):
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto
nesta Lei, nos casos em que a INFRAÇÃO SEJA COMETIDA POR DECISÃO DE SEU
REPRESENTANTE LEGAL OU CONTRATUAL, ou DE SEU ÓRGÃO COLEGIADO, NO INTERESSE
OU BENEFÍCIO DA SUA ENTIDADE.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-
autoras ou partícipes do mesmo fato.
MANUAL CASEIRO
Ou seja, é necessário que CUMULATIVAMENTE:
Diante da entrada em vigor da Lei n.º 9.605, de 13/02/98 (Lei dos Crimes Ambientais), o Brasil deu um
grande passo legal na proteção do meio ambiente, pois a legislação traz inovações modernas e surpreendentes na
repreensão aos delitos ambientais. 122
Em seus 82 artigos, a referida lei atualiza a legislação esparsa, revogando muitos dispositivos, bem como
apresentando novas penalidades, reforçando outras existentes e impondo mais agilidade ao julgamento dos crimes,
com possibilidade de aplicação de institutos dos juizados especiais (art. 27 da Lei n.º 9605/98 c/c. Lei n.º
9.099/95).
Ademais, a Lei Ambiental possibilita a corresponsabilidade entre as diversas pessoas que tenham participado
do delito, sejam executores ou mandantes, o que inclui a pessoa física do diretor, administrador ou membro da
sociedade com poderes decisórios (art. 2º).
O art. 3o traz a maior novidade da lei, estabelecendo a responsabilização penal da pessoa jurídica
independente da pessoa física (“sistema da dupla imputação”). Para isso, é necessário que haja uma decisão
tomada no âmbito da empresa, e que esta decisão (cujo resultado represente o crime ambiental) tenha se dado no
interesse ou em benefício da pessoa jurídica.
Antes adentrarmos ao estudo pontual dos crimes ambientais, cumpre compreendermos o que são crimes
ambientais e qual o bem jurídico tutelado.
Nessa esteira, entende-se por crime ambiental qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que
compõem o meio ambiente, i.e., o conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, obriga e rege a vida em todas as suas formas, descritos na legislação pertinente.
O bem jurídico tutelado pelos crimes previstos na Lei nº 9.605/98 é tanto o meio ambiente como os bens
123
jurídicos correlatos a ele. Dada a sua importância, via de regra, não se admitia a incidência do princípio da
insignificância. Nesse sentido, havia vários julgados negando a possibilidade de incidência desse princípio, já que
os efeitos de uma determinada lesão ao meio ambiente poderiam vir a aparecer muitos anos depois. Todavia em
algumas situações os Tribunais conforme já mencionado vêm admitindo sua aplicação.
CAPÍTULO V
Seção I
Art. 29. MATAR, PERSEGUIR, CAÇAR, APANHAR, UTILIZAR espécimes da FAUNA SILVESTRE,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente,
ou em desacordo com a obtida:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou
transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e
objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou
autorização da autoridade competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz,
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
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§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e
quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro
dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;
V - em unidade de conservação;
124
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.
A primeira observação a ser feita é que o artigo traz em seu caput, menção especifica a fauna silvestre, sendo
este o bem jurídico protegido. É valido ressaltar que mais para frente o candidato poderá verificar que a lei em seu
artigo 32 traz a fauna de uma forma mais ampla, ficando então o artigo 29 da Lei 9.605/98 mais restrito à
determinadas espécimes.
Outra observação diz respeito ao §4º do mesmo artigo, onde o legislador elencou os casos em que haverá o
aumento de pena. Sobre as causas de aumento de pena são necessárias algumas considerações:
Na referida situação temos a existência de norma penal em branco que precisa ser complementada
por outra norma jurídica. Nesse caso em especial, temos listagens que são elaboradas pelo IBAMA,
contendo os animais em extinção, que são atualizadas periodicamente e que servem para nortear a
aplicação da lei.
Não raras vezes, veremos como estudado anteriormente, a ocorrência de crimes cometidos dentro
de áreas ambientalmente protegidas que resultarão em aumento de pena.
Em uma comparação novamente com o mencionado artigo 32 da mesma lei temos a seguinte
previsão legal:
Art. 32. Praticar ATO DE ABUSO, MAUS-TRATOS, FERIR OU MUTILAR ANIMAIS SILVESTRES,
DOMÉSTICOS OU DOMESTICADOS, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Observem que a lei não falou somente em animais silvestres, mas englobou também os animais
domésticos ou domesticados, o que tornou o um rol mais aberto (amplo).
Exclusão de Antijuridicidade/Ilicitude
Outro ponto recorrente em provas encontra-se no Art. 37 da Lei 9.605/98, que trata da exclusão da
antijuridicidade ou ilicitude nos crimes ambientais, onde condutas contrárias ao direito são justificadas pela125
própria lei excluindo o crime.
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que
legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III – (VETADO)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
Art. 40. Causar DANO DIRETO OU INDIRETO ÀS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO e às áreas de que
trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, INDEPENDENTEMENTE DE SUA
LOCALIZAÇÃO:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
No tocante ao art. 52 temos um crime de perigo abstrato (crime considerado consumado mesmo sem a ocorrência
dano), já que o no direito ambiental aplica-se o principio da prevenção.
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Poluição e outros crimes ambientais – arts. 54 a 61
Como exemplo de crime de poluição temos a conduta prevista no art. 55 da Lei 9.605/98, que trabalha com
as atividades de mineração.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos
termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.
126
Quando falamos em mineração, é muito importante lembrar que no tocante a esta atividade temos duas
situações distintas: a pesquisa e a lavra.
A pesquisa é aquela atividade inicial em que o empreendedor busca analisar se há recursos minerais, se há
jazida no subsolo, e se a atividade é viável economicamente. Normalmente o impacto ambiental da pesquisa
mineral é menor. Todavia se para a realização da pesquisa houver impacto no Meio Ambiente - a depender do grau
de impacto ambiental que a atividade vai causar - poderá o Público exigir licenciamento ambiental.
Uma vez localizada a jazida, conhecida a viabilidade econômica, e confirmado o interesse na exploração, o
interessado deverá solicitar a autorização de Lavra, para a Agência Nacional de Mineração.
- Consentimento Econômico: para que o particular possa explorar recursos minerais, que por sua vez é um Bem da União.
Nesses casos o interessado precisará do consentimento estatal da União, que está ligado ao âmbito econômico. (atualmente quem
emite a concessão de Lavra é a Agência Nacional de Mineração - ANM) (antes era o Departamento Nacional de Produção
Mineral - DNPM)
- Consentimento ambiental: como a mineração é uma atividade impactante do meio ambiente o particular empreendedor além
do consentimento econômico precisará da Licença Ambiental para que explore a área desejada, que será expedida pelo órgão
ambiental competente.
Sobre a mineração ainda registramos que o STJ possui decisão sobre esse tema, onde extraímos o seguinte
raciocínio:
Caso: Particular começou a explorar recursos minerais sem nenhum dos 02 consentimentos estatais, ou seja,
nem o consentimento da ANM e sem licença ambiental expedida pelo órgão ambiental competente.
Diante do caso houve a discussão envolvendo Direito Penal, sobre a existência ou não de concurso de crimes.
Analisando a celeuma, o STJ decidiu então no REsp. 942326 que tínhamos no caso em questão a
consumação de 02 crimes diferentes.
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A decisão fundou-se no fato de que o art. 2º da lei 8.176/91 configura Crime Contra A Ordem Econômica;
e que explorar recurso mineral sem a licença ambiental configura o crime previsto no art.55 da lei de
crimes ambientais (Lei 9.605/98).
Seguindo essa lógica, o STJ entendeu pela existência de concurso de crimes, vez que há violação a 02
bens jurídicos distintos, cometendo o agente infrator delito contra a ordem econômica E contra o meio
ambiente na forma da Lei 9.605/98 que dispõe sobre os crimes ambientais.
ART. 65. PICHAR OU POR OUTRO MEIO CONSPURCAR EDIFICAÇÃO OU MONUMENTO URBANO:127
(Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico
ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. (Renumerado do parágrafo
único pela Lei nº 12.408, de 2011)
§ 2º NÃO CONSTITUI CRIME A PRÁTICA DE GRAFITE realizada com o objetivo de valorizar o
patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, DESDE QUE CONSENTIDA PELO
PROPRIETÁRIO E, QUANDO COUBER, PELO LOCATÁRIO OU ARRENDATÁRIO DO BEM
PRIVADO E, NO CASO DE BEM PÚBLICO, COM A AUTORIZAÇÃO DO ÓRGÃO COMPETENTE e
a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis
pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei nº
12.408, de 2011)
O art. 65 da Lei 9.605/98 sofreu alteração no ano de 2011, e sua redação anterior previa como crime o ato
de pichar ou grafitar.
Analisando o panorama, a pichação e o grafite eram até 2011 considerados como Crimes contra o
Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural.
Após 2011 tivemos uma mudança de interpretação quanto ao tema, momento no qual o ato de grafitar
deixou de ser considerado como crime ambiental, tornando-se expressão de arte contemporânea, sendo, portanto,
retirado do caput do art. 65 da Lei 9.605/98 e incluído no §1º como expressão artística.
No tocante aos crimes contra a Administração Pública Ambiental, temos o art.67, como exemplo:
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
128
Regra geral a competência para processar e julgar é da Justiça Comum (Estadual), mas em alguns casos
específicos a competência será deslocada para a Justiça Federal seguindo o que prevê o disposto no art. 109 da
CF/88 (onde temos temas relacionados a interesses direitos da União). Segue abaixo alguns exemplos:
Crime Ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e
espécimes exóticas ou protegidas por Tratados e Convenções Internacionais (STF. RE 835558/SP) Rel.
Min. Luiz Fux. Publ. 08.08.2017). – Tráfico Internacional de Animais.
Pesca predatória no mar territorial ou no entorno de unidade de conservação da natureza;
Crime contra a Fauna perpetrado em parques nacionais, reservas ecológicas ou áreas sujeitas ao
domínio eminente da Nação.
Conduta que ultrapassa os limites de um único estado ou as fronteiras do país.
Crime de liberação ilegal de organismos geneticamente modificados – OGM no meio ambiente.
Crime Ambiental em áreas de Floresta Amazônica Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-grossense e
Zona Costeira. Art. 225, §4º da CF/88 - são áreas consideradas patrimônio Nacional, todavia não se trata de
Bens da União. Os crimes cometidos dentro dos limites dessas áreas são de competência da Justiça Estadual.
A denominação Patrimônio Nacional somente quer dizer que as áreas possuem grande relevância ambiental.
MANUAL CASEIRO
Crime Contra a Fauna
A Súmula 91 do STJ afirmava que crimes contra a fauna, eram de competência da Justiça Federal. Todavia
não havia lógica jurídica que justificasse que os crimes cometidos contra a fauna fossem julgados pela Justiça
Federal, já que não são bens da União.
Diante da contradição a Súmula 91 STJ fora cancelada, tornando então os crimes cometidos contra a fauna,
crimes de competência da Justiça Estadual.
ATENÇÃO: não raras vezes o examinador acaba mencionando a referida sumula, para
verificar se o candidato está atualizado e ciente de que a mesma foi cancelada.
129
Sobre a Lei 6.938/81 – ressaltamos que é anterior a Constituição Federal de 1988, contudo fora recepcionada
e traz instrumentos importantíssimos da Politica Nacional do Meio Ambiente, como por exemplo: licenciamento
ambiental, estudo de impacto ambiental, criação de áreas ambientalmente protegidas. (Lei recorrente em concursos
públicos).
Norma geral sobre proteção ambiental (competência legislativa concorrente: art. 24, VI e VII CF/88).
Objetivos específicos: 4º
Dica de PROVA - Como que uma lei de 1981, anterior a CF/88 já traz em seu
bojo princípios de Direito Ambiental tão atuais e que são aplicados até os dias de
hoje?
Dessa forma, influenciado pelas ideias de 1972, o Brasil tem em 1981 a Lei sobre Política
Nacional de Meio Ambiente, e depois em 1988, um capítulo da Constituição que trata da
preservação do Meio Ambiente.
Demais Objetivos:
Conceitos e Definições
131
Poluidor: Art. 3, IV
A lei 6.938/81 nos traz o conceito de quem é considerado poluidor do meio ambiente, e contra quem
podemos ajuizar ações por degradação e poluição ambiental.
Exemplos:
- Fazendeiro que causa dano ambiental em sua propriedade; (Pessoa Física de Direito Privado)
- Grande Empresa que joga rejeitos, descartando lixo de forma irregular num recursos hídrico, num rio, por
exemplo; (Pessoa Jurídica de Direito Privado);
- Município que tem o esgoto a céu aberto; (Pessoa Jurídica de Direito Público)
Possuem a finalidade que o próprio nome diz, de instrumentalizar, de fazer aplicar a legislação ambiental. A
lei traz em seus artigos os objetivos a serem alcançados: desenvolvimento sustentável, a reparação do dano, a
preservação e proteção do Meio Ambiente, etc.
Os do artigo 9º da Lei.
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e132
municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
(Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº
7.804, de 1989)
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos
ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros.
Observem que quando falamos no Licenciamento Ambiental (IV) como instrumento de política nacional
do meio ambiente, é exatamente no sentido de prevenir o dano ambiental. O órgão ambiental irá analisar
previamente o impacto da atividade, para somente depois licenciar o respectivo empreendimento. Temos o
exercício do Poder de Polícia Preventivo.
No inciso VI, verifica-se a ligação com o art. 225, §1º, III da CF/88, e no inciso XI a atuação do
Princípio da Informação garante que a sociedade e cidadãos tenham acesso às informações sobre o meio
ambiente e atividades relacionadas ao uso de recursos naturais. (Direito Difuso)
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Considerações de pontos relevantes:
Devemos lembrar que não existe uma atividade que tenha 0% de impacto ambiental, vez que todas causam
algum tipo de impacto. Os próprios cidadãos individualmente já causam impactos ambientais todos os dias, sendo
assim, é impossível se ter uma atividade de grande porte como em empresas, sem algum tipo impacto na natureza.
Não obstante a necessidade de prevenção e proteção do meio ambiente devemos registar que há de certa
forma uma tolerância quanto aos limites de eventuais impactos, justamente porque sabemos que toda a atividade133
causa mudança no meio. Sendo assim, visando equilibrar essa relação entre impacto e grau de tolerância é que o
legislador limita e gradua as situações envolvendo a atividade no meio ambiente.
Seguindo essa lógica, e diante da impossibilidade de se causar certos danos, alguns impactos ambientais são
tolerados, inclusive estando previstos na legislação ambiental – leia-se lícitos e permitidos. Todavia, quando
houver números acima dos limites determinados por lei ou contrários a esta, estaremos diante de dano ambiental, e
consequentemente quem o causar estará obrigado a repará-lo e/ou indenizá-lo.
A par disso, temos um marco orientado pela definição de padrão de qualidade que divide os limites entre o
impacto ambiental permitido e o dano ambiental. Sua previsão legal encontra-se no inciso I do art. 9º da LPNMA.
Trata-se de um estudo mais amplo para se conhecer a vocação AMBIENTAL e ECONÔMICA de uma área,
e com isso ter acesso se determinado estado da federação tem: recurso mineral, floresta com vegetação nativa a ser
protegida, recurso hídrico a ser protegido.
Observem que tais informações somente podem ser colhidas se houver estudo amplo e técnico de cada
região. É importantíssimo que se tenha esse zoneamento ambiental para subsidiar a decisão dos órgãos ambientais
no momento do procedimento de licenciamento, assim como na concessão de licença ambiental.
MANUAL CASEIRO
XIII – Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e
outros.
Esses instrumentos econômicos ganham muita força depois da Rio+20 ocorrida em 2012 na cidade do Rio
de Janeiro - evento que ocorreu para debater questões ambientais e deve como destaque o incentivo a chamada
“Economia Verde” - instrumentos econômicos de proteção ambiental.
Quando houver dificuldade de fiscalização e controle das atividades potencialmente degradadoras, verifica-
se a necessidade de implementação de mecanismos complementares aos tradicionais.
134
Utilização de instrumentos econômicos - Extrafiscalidade.
(além dos instrumentos comuns podemos utilizar de instrumentos relacionados à Tributação para proteção do
meio ambiente)
Exemplo de Extrafiscalidade: Governo lança campanha objetivando que população diminua o consumo de
cigarros, com isso além das campanhas de conscientização, aumenta também os tributos aplicáveis à venda,
produção e comercialização dos cigarros. Vejam o que aumento no tributo não tem como objetivo principal a
maior arrecadação de recursos financeiros por parte do Estado, mas sim fazer com que a “alta dos preços”
diminua o consumo do produto. O objetivo na Extrafiscalidade é incentivar ou desestimular determinados
comportamentos, conforme necessário.
Dica de PROVA
Fiscalidade – finalidade arrecadatória;
Extrafiscalidade – outras funções diversas da arrecadatória;
Essas medidas funcionam muito bem em matéria ambiental. Como exemplificação, imaginemos a redução
de tributos para as empresas que instalarem em suas estruturas filtros antipoluentes. A redução de tributo significa
sim um beneficio fiscal ao empresário, mas será aproveitada somente àquele empresário que protege, se preocupa
e realiza medidas voltadas à proteção, prevenção e manutenção do meio ambiente.
Vários são os instrumentos econômicos de proteção do meio ambiente, o próprio inciso XII traz em seu
corpo alguns exemplos: concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental, Extrafiscalidade, pagamento
por serviços ambientais, etc..
MANUAL CASEIRO
SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA
Finalidade: estabelecer uma rede de agências governamentais, nos diversos níveis da federação, visando a
assegurar mecanismos capazes de, eficientemente, implementar a política nacional do meio ambiente.
135
O SISNAMA é um conjunto de órgão ambientais, que se ramifica desde a Presidência da República, até
chegar aos municípios. Toda essa estrutura administrativa forma o SISMANA.
Dica de PROVA
ATENÇÃO: O SISNAMA não é um órgão ambiental, não tem como alguém, por exemplo,
falar que “vai ao SISNAMA” fazer uma denuncia de dano ambiental, não possui estrutura
física única, e definida, é tão somente o conjunto de todos os órgãos ambientais. Sua
estrutura está prevista no artigo 6º.
O Sistema Nacional do Meio Ambiente congrega órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis
pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, com a seguinte estrutura:
- Órgão Consultivo e Deliberativo – CONAMA – pode criar normas ambientais – competência normativa-
mas no sentido de detalhar o que uma lei em sentido formal determina. Não se trata de competência
legislativa (Poder Legislativo), mas tão somente regulamentar – portarias, decretos, resoluções.
Exemplo: Criação do Licenciamento – Lei 6.938/81, mas a Lei não trata dos prazos das licenças ambientais,
nem dos tipos de licenças. Quem vem detalhando todos esses pontos é a resolução do CONAMA 237/97 –
trata-se de norma administrativa que detalha a lei formal.
(Lembrar – CONAMA não legisla, cria normas que complementam o que a lei institui)
Temos 02 órgãos executores (IBAMA e ICMB), eles que aplicam e executam a lei
ambiental. A diferença entre os dois órgãos executores é a matéria de atuação.
(Isso no âmbito federal – IBAMA e Instituto Chico Mendes são autarquias federais).
136
Dica de PROVA: O IBAMA é órgão executor do SISNAMA.
CORRETO
- Órgãos Seccionais – Estaduais (Geralmente os Estados criam suas Secretarias Estaduais do Meio
Ambiente por Lei Estadual)
- Órgãos Locais – Municipais (quando o município cria por lei municipal – lembrando ainda que não são
todos os municípios que possuem órgão ambiental. Somente haverá órgão ambiental local se o município
por meio de lei municipal criar o órgão e ter estrutura de atuação de matéria ambiental).
A partir do momento que os Estados e Municípios criam suas estruturas ambientais por lei elas integram o
SISNAMA.
Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios,
bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade
ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade
de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio
ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;
(Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de
planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes
governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a
finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas
para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
MANUAL CASEIRO
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a
finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente, de acordo com as respectivas competências; (Redação dada pela Lei nº 12.856,
de 2013)
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas
atividades, nas suas respectivas jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
Mineração
Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à
União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput"
deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse
nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração
no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se
desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6,
de 1995)
§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que
dispuser a lei.
§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e concessões previstas
neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder
concedente.
Antes de trabalharmos os artigos de lei e os pontos mais cobrados em certames, é interessantes tecermos
alguns comentários sobre termos peculiares sobre atividade mineradora.
Jazida – Pode ser definida como um depósito natural de minerais concentrados, tanto na
superfície quanto no interior da terra. Trata-se de uma concentração local ou massa
individualizada de uma ou mais substâncias úteis que tenham valore econômico.
Art. 36. Entende-se por lavra o conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial
da jazida, desde a extração das substâncias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas.
138
Base Constitucional
A Constituição Federal define como privativa da União a competência para legislar sobre jazidas, minas,
outros recursos minerais e metalurgia (art. 22, XII).(Lembrando que recurso mineral é bem da União assim quem
legisla sobre é a União)
Fazendo uma relação com o Direito Ambiental, é importante lembrar que para legislar sobre proteção do
Meio Ambiente temos a competência concorrente, previsto no art. 24 da CF/88, podendo assim todos os entes
da federação legislar sobre o tema, (município apesar de não ser mencionado expressamente no art. 24, vem
previsto no art. 30 – não esquecer).
Não obstante a competência concorrente mencionada cumpre-se ressaltar que, como estamos diante de bem
de domínio da União, a competência no caso de matéria afeta a jazidas e minas é privativa da União.
Já quanto à competência material (ou administrativa) aquela para registrar, acompanhar e fiscalizar as
concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos naturais é comum entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios. (art. 23, XI).
Questionamento - Muitos poderiam questionar por que que a competência nesse caso
acima é comum se o recurso mineral é da União?
Lembrar: Os recursos minerais são bens da União (art. 20, IX da CF/88), ou seja, a
propriedade mineral submete-se ao regime de dominialidade pública federal. (STF: RE
140.254-AgR).
A titularidade dos bens da União não pressupõe monopólio desta para a exploração dos
recursos minerais. Isso porque, vigora no Brasil o sistema de concessão, segundo o qual
139
os bens minerais pertencem à União, que concede aos particulares a sua exploração e
aproveitamento.
ATENÇÃO – importante o candidato ficar atento e diferenciar questões que envolvem Direito Ambiental e
Direito Minerário.
Após o incidente de 2015 em Mariana, o Estado de Minas Gerais demonstrou a intenção de legislar sobre
matéria envolvendo mineração e meio ambiental, (inclusive algumas normas administrativas foram criadas).
Todavia, a intenção principal era de legislar sobre mineração no sentido de impor a proibição do alteamento
de barragens à montante. Ou seja, impossibilitar o uso o método de ampliar a capacidade de barragem de
rejeito no sentido “de fora para dentro”, cuja instabilidade é maior.
Diante da situação ilustrada poderia então o Estado de Minas Gerais legislar sobre o referido tema?
Estaria o Estado, nesse caso específico, legislando sobre a proteção do Meio Ambiente ou sobre
Mineração?
Quando o tema trata da atividade de Mineração temos competência privativa da União, não estando o Estado
de Minas Gerais legitimado para legislar sobre por meio de lei estadual. Todavia, quando falamos em uma
técnica específica, visando à proteção ambiental, o Estado pode perfeitamente exercer competência,
legislando sobre o assunto, vez que estaria atuando em beneficio do Meio Ambiente, não restringindo a
atividade de mineração em si.
Vejam que a vedação de uma técnica ou método específico não tem o condão de caracterizar a atuação
em matéria de mineração, mas tão somente de proteção ambiental.
MANUAL CASEIRO
Base Constitucional – art. 176 da CF/88
As jazidas, em lavras ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem
propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração e aproveitamento, e pertencem a União, garantida
ao concessionário e propriedade do produto da lavra.
140
A respeito do artigo podemos destacar 03 pontos importantes no §1º do art. 176 da CF/88:
Autorização de Pesquisa
A primeira etapa na exploração de recurso mineral é a realização de pesquisa mineral, a fim de se analisar
o subsolo e verificar ser há jazidas, verificando ainda se esta possui valor econômico, e se é viável a sua
exploração (viabilidade ambiental e econômica). Para que haja essa pesquisa - tendo em vista que esta
causa certo impacto – registramos que é necessário consentimento estatal para a sua realização. Geralmente
a pesquisa mineral é a menos impactante dentre as fases da mineração.
Com a autorização de pesquisa o particular poderá somente realizar pesquisa mineral, não podendo lavrar.
Como veremos abaixo, para a realização da lavra - atividade mais impactante - o interessado deverá ter em
mãos a Concessão de lavra. (trata-se de 02 consentimentos estatais distintos).
Concessão de Lavra
Após a autorização de pesquisa e já localizada a jazida com interesse econômico, o interessado deverá
solicitar ao órgão da União a Lavra. É na concessão de Lavra, ou seja, no momento da exploração do
subsolo, que temos maior impacto ambiental. Obviamente que essas autorizações de cunho econômico,
como o da ANM – Agência Nacional de Mineração devem caminhar lado a lado com os consentimentos
estatais voltados a proteção e interesse ambiental, que deverão da mesma forma que a ANM autorizar o
exercício da atividade.
MANUAL CASEIRO
Aprofundamento: a concessão de lavra depende de portaria de concessão do Ministro de Estado de Minas
e Energia e se configura como título minerário de outorga ao titular do direito de lavra. A concessão de
lavra depende da obtenção de licença de operação (LO)* expedida pelo órgão ambiental competente.
* Relação com o Direito Ambiental –(LO) – aproximação do Direito Minerário com o Direito Ambiental.
A concessão de lavra é no aspecto econômico para se explorar um bem da União, mas como essa lavra irá
consequentemente impactar o meio ambiente, o interessado deverá ter também um consentimento estatal de
ordem ambiental.
Compete a União gerir e fiscalizar as atividades de mineração em todo o território nacional, exercendo tais
funções através da Agência Nacional de Mineração- ANM (antigo Departamento Nacional de Produção Mineral -
DNPM).
Faz-se necessária a articulação dos procedimentos e licenciamentos ambientais fornecido pelos órgãos
ambientais competentes (órgãos federais, estaduais e municipais) e que estes tenham as outorgas de títulos
minerários concedidos pela ANM.
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos
termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.
MANUAL CASEIRO
STJ
1. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, nos arts. 55 da Lei 9.605/98 e 2º, caput, da
Lei 8.176/91 protegem bens jurídicos distintos, quais sejam, o meio ambiente e a ordem econômica, não
havendo falar em derrogação da segunda pela primeira, restando ausente o conflito aparente de normas.
2. Recurso especial conhecido e provido para determinar o prosseguimento da ação penal nos termos da
denuncia. (STJ, REsp 942326/MS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Dje 13/10/2009).
142
De acordo com o julgado do STJ podemos verificar que no caso em tela houve por parte do
agente a pratica de 02 crimes: um contra a Ordem Econômica e outro contra o Meio
Ambiente, haja vista a lesão a bens juridicamente distintos. Com isso temos reforçada a
ideia de que, no que diz respeito mineração, estamos diante de atividade que carece de 02
tipos de consentimento estatal: o econômico e o ambiental.
Art. 20 da CF/88: (lembrar ainda que o tema poderá ser cobrado dentro da matéria de Direito
Constitucional)
CAPÍTULO II
DA UNIÃO
Art. 20. São bens da União:
(...)
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos ESTADOS, AO DISTRITO FEDERAL E AOS MUNICÍPIOS,
bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo
ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de OUTROS RECURSOS
MINERAIS NO RESPECTIVO TERRITÓRIO, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
exclusiva, ou COMPENSAÇÃO FINANCEIRA POR ESSA EXPLORAÇÃO.
Estados, DF e Municípios recebem valores da CFEM, que são pagos pelos empreendimentos minerários, a
fim de compensá-los em decorrência dos impactos ambientais sobre seus territórios. Aqui, voltamos a explicar que
embora os recursos minerais sejam bens da União, os impactos causados pela exploração destes, se refletem nos
Estados, Distrito Federal e Municípios (no local) o que os legitimam a ter interesse pela fiscalização dessas
atividades exploradoras, assim como receber recursos para compensar os impactos ambientais e sociais sofridos.
MANUAL CASEIRO
Natureza Jurídica da CFEM
Julgado do STF
Para o STF a compensação financeira pela exploração de recursos minerais não tem natureza tributária, mas
sim de caráter indenizatório, vez que sua finalidade é indenizar Estados e Municípios pelos impactos ambientais e
sociais causados pela mineração.
Uma vez outorgado o título de “licenciamento”, a extração efetiva da substância mineral fica condicionada à
emissão e a vigência da licença ambiental de operação (LO).
Munido da Licença de Operação (LO), fica autorizado o empreendedor a efetivar a exploração das
substâncias minerais. (Lembrando que antes da LO, o interessado deve ter obtido a LP e LI – respectivamente
Licença Prévia e Licença de Instalação).
Quando falamos em meio ambiente e sua base constitucional, muitos candidatos e até operadores do Direito
se limitam a trabalhar somente com questões relacionadas ao art. 225 da CF/88. Ocorre que os artigos 231 e 232,
do mesmo texto legal, também contém pontos de grande relevância para os estudos afetos ao Direito Ambiental.
Art. 231. SÃO RECONHECIDOS AOS ÍNDIOS sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º São TERRAS TRADICIONALMENTE OCUPADAS PELOS ÍNDIOS as por eles habitadas em
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural,
segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua POSSE PERMANENTE, cabendo-
lhes o USUFRUTO EXCLUSIVO das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
MANUAL CASEIRO
Terras indígenas são bens da União, contudo os índios possuem sua posse permanente, e usufruto das
riquezas do solo, rios, lagos.
Possibilidade de mineração em terra indígena, DESDE que sejam cumpridos alguns requisitos:
Obs: “OUVIR” – esse ouvir seria somente dar ciências a comunidade indígena OU ter seu
consentimento para a realização da exploração? – (Convenção 169 da OIT – Organização Internacional
do Trabalho que dispõe sobre a participação das populações tradicionais indígenas).
§ 4º As terras de que trata este artigo são INALIENÁVEIS E INDISPONÍVEIS, e os direitos sobre elas,
IMPRESCRITÍVEIS.
§ 5º É VEDADA A REMOÇÃO DOS GRUPOS INDÍGENAS DE SUAS TERRAS, SALVO, "AD
REFERENDUM" DO CONGRESSO NACIONAL, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco
sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido,
em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
§ 6º SÃO NULOS E EXTINTOS, NÃO PRODUZINDO EFEITOS JURÍDICOS, os atos que tenham por
objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas
naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, RESSALVADO RELEVANTE INTERESSE
PÚBLICO DA UNIÃO, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção
direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da
ocupação de boa fé.
§ 7º NÃO SE APLICA às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.(“o Estado favorecerá a
organização da atividade garimpeira em cooperativas”)
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em
defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
A comunidade indígena está intimamente ligada ao meio ambiente e vemos isso claramente quando tratamos
das Unidades de Conservação. Muitas vezes dentro das Unidades de Conservação habitam grupos indígenas
tradicionais, contudo, a presença destes não deve ser restringida, pelo contrario, defende-se que se mantenha a
MANUAL CASEIRO
população tradicional nessas áreas de Unidade de Conservação, tendo em vista que a própria comunidade indígena
pode ajudar a proteger o meio ambiente.
Política Urbana – art. 182 e 183 da CF/88 – Ponto que vem sendo cobrado com frequências nas
provas.
145
Urbanização: fenômeno mundial atual.
Meio Ambiental Urbano: conceito legal de meio ambiente é apresentado no art. 3º, I da Lei 6.938/81:
“Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas.”. (Lei de Política Ambiental do Meio Ambiente).
A Resolução CONAMA 36/2002, norma posterior à Constituição de 1988, expressamente conceitua meio
ambiente como sendo o “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica,
social, cultural e URBANÍSTICA, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. (vejam então
como o conceito é bem mais amplo que o previsto na Lei 6.938/81).
a) Meio ambiente natural: constituído pelo solo, água, ar, flora, fauna;
b) Meio ambiente cultural: patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico e turístico;
c) Meio ambiente artificial: (arts. 182 e 183 da CF): consubstanciado no conjunto de condições
(espaço urbano) e equipamentos públicos (ruas, praças, área verdes, etc.).
d) Meio ambiente do trabalho: relacionado à proteção do homem em seu local de trabalho.
(arts. 182 e 183 da CF): consubstanciado no conjunto de condições (espaço urbano) e equipamentos públicos
(ruas, praças, área verdes, etc.).
A CF/88 dedica capitulo à politica urbana, onde o PLANO DIRETOR passa a ser o ELEMENTO essencial
de planejamento.
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CAPÍTULO II
DA POLÍTICA URBANA
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, TEM POR OBJETIVO ORDENAR O PLENO DESENVOLVIMENTO
DAS FUNÇÕES SOCIAIS DA CIDADE E GARANTIR O BEM- ESTAR de seus habitantes.
§ 1º O PLANO DIRETOR, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
146
mil habitantes, é o INSTRUMENTO BÁSICO DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO E DE EXPANSÃO
URBANA.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.
A Constituição traz no art. 182, §4º, instrumentos de “pressão” para que o proprietário urbano promova a
adequada utilização do seu imóvel, cumprindo assim sua função social. Caso o proprietário não cumpra a função
social de forma efetiva, esses três instrumentos previstos em lei poderão ser aplicados sucessivamente.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, ADQUIRIR-
LHE-Á O DOMÍNIO, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
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§ 3º Os IMÓVEIS PÚBLICOS NÃO SERÃO ADQUIRIDOS POR USUCAPIÃO.
Com relação à competência o candidato deve se lembrar que conforme dispõe o art. 24 da CF/88, a
competência é concorrente da União, Estados e DF para legislar sobre Direito Urbanístico.
Observação: quando falamos em competência concorrente, a União tem competência para estabelecer
normas gerais.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal LEGISLAR CONCORRENTEMENTE sobre:
147
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e URBANÍSTICO;
É o ESTATUTO DA CIDADE – Lei 10.257/2001 que regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição
Federal, estabelecendo diretrizes gerais da politica urbana.
Visando a aproximação entre o Direito Urbanístico e o Direito Ambiental, o Estatuto da Cidade em seu
artigo 2º, traz a seguinte norma:
Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
da propriedade urbana, mediante as seguintes DIRETRIZES GERAIS:
I – garantia do direito a CIDADES SUSTENTÁVEIS, entendido como o direito à terra urbana, à moradia,
ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao
lazer, para as presentes e futuras gerações;
Assim como no art. 225 caput da CF, o art. 2º, I do Estatuto da Cidade ao falar das cidades sustentáveis faz
menção a equidade intergeracional (presentes e futuras gerações).
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Art.2º da Lei 10.257/2001
(...)
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego,
sem a previsão da infra-estrutura correspondente;
148
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização;
h) a exposição da população a riscos de desastres. (Incluído dada pela Lei nº 12.608, de 2012)
(...)
CAPÍTULO III
DO PLANO DIRETOR
Art. 39. A propriedade urbana CUMPRE sua função social QUANDO ATENDE ÀS EXIGÊNCIAS
FUNDAMENTAIS DE ORDENAÇÃO DA CIDADE EXPRESSAS NO PLANO DIRETOR, assegurando
o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao
desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei.
O Plano diretor atua como grande instrumento dentro da política urbana. O art. 40 da Lei 10.257/2001 por
sua vez traz pontuações claras e autoexplicativas e que não demandam maiores explanações.
MANUAL CASEIRO
Art. 40. O PLANO DIRETOR, APROVADO POR LEI MUNICIPAL, É O INSTRUMENTO BÁSICO DA
POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO E EXPANSÃO URBANA.
§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual,
as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.
§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.
Muito se vem falando sobre o Protocolo de Kyoto, aquecimento global, Acordo de Paris, entre outros pactos.
Evidentemente há uma preocupação com o futuro do meio ambiente, contudo, o aumento da discussão sobre o
tema, reflete significativamente na inclusão destes em provas e concursos públicos. Sendo assim não podemos
negligenciar o referido assunto.
Aquecimento Global
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Como introdução é necessário destacar que o até o ano de 1850, o que nos remete a Revolução Industrial,
temos a emissão de gases poluentes na atmosfera, na quantidade de 280 ppm (partes por milhão) de CO2(um dos
gases do Efeito Estufa).
A partir de 1850, exatamente no período que envolveu a Revolução Industrial, temos o aumento
considerável da utilização de combustível fóssil (Derivados de Petróleo, Diesel, Carvão, etc..), e com isso grande a
emissão de gases de efeito estufa. (CO2 e Metano são os mais conhecidos).
Recentemente, dados levantados no ano de 2018 nos apontam que temos 370 ppm (partes por milhão) sendo
liberados na atmosfera, influenciando diretamente no efeito estufa, o que vem deixando a camada cada vez mais
150
espessa.
Importante mencionar que os gases de efeito estufa, a principio, são necessários para se manter o
aquecimento no planeta, no entanto, o excesso de sua emissão vem paulatinamente deixando a Terra mais quente o
que resulta em diversas mudanças climáticas.
Qual o primeiro efeito a ser causado com o aumento excessivo de temperatura no planeta?
O derretimento das calotas polares, que, segundo especialistas, influencia diretamente no aumento do nível
de água dos oceanos, o que deixa em estado de atenção as cidades litorâneas.
Tufões, furacões, eventos extremos que não ocorriam há anos atrás, mas que passam a ocorrer com maior
frequência em diversos países.
É preciso insistir no fato de que a concentração de gases de efeito estufa é maléfica. Com isso, diante desse
problema que vem ao longo dos anos aumentando, tivemos a criação de movimentos internacionais que visam
reduzir a emissão desses gases.
Quando falamos no Protocolo de Kyoto, no Acordo de Paris, a tentativa desses instrumentos é sempre de que
se possa reduzir a emissão de gases de efeito estufa - e ainda, quando possível, retira-lo da atmosfera.
(As florestas nesse momento desempenham um papel fundamental, vez que as arvores absorvem da
atmosfera os gases maléficos, retendo em seus troncos as toxinas e com isso liberando somente oxigênio.
Trabalham como verdadeiras renovadoras de gases).
Verificaremos mais a frente que o Protocolo de Kyoto, traz uma série de medidas e determinações aos países
desenvolvidos no sentido de evitar a emissão de gases poluentes na atmosfera, assim como a sua retirada.
MANUAL CASEIRO
Segue abaixo desenho gráfico que mostra exatamente que o fenômeno do aquecimento global e do efeito
estufa são causados quase que exclusivamente pelos seres humanos, em decorrência de suas atividades antrópicas.
(aquelas decorrentes de ações humanas).
151
Podemos observar que a temperatura vai aumentando gradualmente durantes os anos, e muitos estudiosos
fazem correlação desse aumento com a Revolução Industrial. Para esses cientistas, justamente após esse
período que envolveu a Revolução temos o aumento da temperatura do planeta, em decorrência o aumento da
emissão de CO2.
Não obstante aos estudos feitos, e a opinião de grande parte dos cientistas sobre as causas do aquecimento
global, existe uma minoria que defende que não há uma relação entre aquecimento global e ação humana,
havendo, portanto, uma variação natural da temperatura do planeta.
Analisando os estudos (e, apesar da divergência existente ocorrer devido o entendimento contrario de uma
parte minoritária dos cientistas) quando estamos diante de dúvidas no âmbito do Direito Ambiental, é fundamental
que se aplique do Princípio da Precaução.
Princípio da Precaução – Princípio 15 da Declaração do Rio 92 – com o fim de proteger o meio ambiente,
os Estados deverão aplicar amplamente o critério da precaução de acordo com suas capacidades. Quando haja
perigo de dano grave e irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como
razão para postergar à adoção de medidas eficazes para impedir a degradação do meio ambiente.
Vejam então que de acordo com o anteriormente explanado, na existência de dúvida no âmbito do meio
ambiente, é necessário aplicarmos o princípio da precaução, onde atividades poderão ser limitadas ou restringidas,
não sendo a dúvida motivo para não tomar medidas de prevenção e precaução.
Uma das medidas que vêm sendo adotada - inclusive mencionada no Acordo de Paris, e demais protocolos -
é a substituição da matriz energética, tema atualíssimo do Direito Ambiental.
Como substituição da matriz energética entendemos pela diminuição de combustíveis fósseis (Carvão,
Petróleo, Diesel, etc..) e o aumento da utilização de energia limpa, chamada “Energia renovável” (solar, eólica,
MANUAL CASEIRO
biocombustível – exemplo etanol), isso porque essas últimas não emitem o CO2 na atmosfera e com isso não
causam problemas como aquecimento global e efeito estufa.
É exatamente por esse motivo que veremos nos tratados e acordos internacionais, inclusive na legislação
nacional, o incentivo a substituição da matriz energética, visando evitar ou ao menos minimizar esse problema.
Para tanto é preciso que todos os países atuem em relação à mudança climática, pois se as medidas forem adotadas
por somente um grupo de nada adiantará. (relembramos aqui o importante princípio da cooperação entre os povos)
Seguindo a linha de raciocínio do principio 2 da Conferência do Rio/92 todos os países devem caminhar no
mesmo sentido, objetivando a proteção e manutenção do meio ambiente, adotando medidas que tornem essa meta
uma realidade.
Em 1996, com a realização da COP2 os países participantes reafirmam a ocorrência de emissão de GEE em
decorrência de ações humanas e a necessidade de se fixar objetivos para diminuir essa emissão de gases.
Posteriormente no ano de 1997, com o Protocolo de Kyoto, ocorrido no Japão tivemos a relação
153
(quantificada) de quanto cada país deveria reduzir na emissão de gases de efeito estufa.
Chega-se a conclusão com base no o principio da responsabilidade comum, que os países desenvolvidos
possuem responsabilidade maior relação à redução de emissão de gases de efeito estufa. Nesse sentido, todos
possuem a responsabilidade e obrigação de proteger o meio ambiente e consequentemente diminuir a emissão de
GEE, porém os países industrializados (os que mais contribuem para o aumento do efeito estufa entre outros)
possuem responsabilidade diferenciada. (Reconhecimento da responsabilidade maior dos países desenvolvidos).
Por essas razões o Protocolo de Kyoto é obrigatório para os países desenvolvidos (Países anexo I). Os
países em desenvolvimento por sua vez podem voluntariamente aderir os instrumentos previstos no
protocolo, porém não estão vinculados.
Obs: em nosso Código Florestal de 2012 já temos algumas referências ao Protocolo de Kyoto, ou seja, varias
expressões do Protocolo de Kyoto já foram inseridas em nosso Código Florestal.
No tocante à redução temos que os países desenvolvidos comprometem-se a igualar ao que emitiam em
1990, e ainda diminuir a uma média de 5% a emissão desses gases de efeitos estufa para a atmosfera. Para tanto
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cada país desenvolvido indicou voluntariamente seu percentual, havendo, portanto uma variação de percentual
entre os países.
Em que pese o comprometimento dos países do Anexo I, alguns cientistas e estudiosos julgam que tais
percentuais ainda são muito baixos tendo em vista a amplitude dos impactos causados pelas atividades industriais
e empreendedoras.
Sanção – Descumprimento
Muito se questiona se existe uma sanção a ser aplicada aos países que não cumprirem efetivamente o154
disposto no referido protocolo. Sobre, é válido ressaltar que é muito difícil uma sanção em âmbito internacional e
o Protocolo nada prevê sobre o assunto.
O que os países constantes do Anexo I do Protocolo de Kyoto devem fazer para reduzir as suas
emissões de gases poluentes e de efeito estufa?
155
A limitação e/ou redução de emissões de metano por meio da recuperação e
utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte e na
distribuição de energia. (os lixões causam muito esse problema de eliminação de gás
metano – os lixões não proibidos sendo a forma correta de descarte os aterros sanitários e
ainda o sistema de compostagem).
Art. 12. O objetivo do mecanismo de desenvolvimento limpo deve se assistir às Partes não incluídas no
Anexo I para que atinjam o desenvolvimento sustentável e contribuam par ao objetivo final da Convenção,
e assistir às Partes incluídas no Anexo I para que cumpram seus compromissos quantificados de limitação e
redução de emissões, assumidos no artigo 3.
Exemplo: No Triângulo Mineiro temos alguns exemplos de biodigestores - de projetos que entraram no
mercado de crédito de carbono.
(De forma atécnica e superficial vamos tentar explicar o que vem ocorrendo no Triângulo Mineiro de alguns
projetos bem sucedidos).
Assim, esse fazendeiro que comprovar que evitou a emissão de gás metano para a atmosfera correspondente
a uma quantidade considerável (1 tonelada equivalente – medida prevista no Protocolo de Kyoto), ganha um
crédito de carbono que poderá negociar com quem ele quiser. (por exemplo, França, que pode não estar
conseguindo bater sua meta de redução e visa comprar esse 01 credito de carbono, podendo assim chegar
mais próximo ao percentual que deve cumprir).
156
Vejam que no exemplo dado, todos os lados saem ganhando, o fazendeiro com um beneficio financeiro, a
França ou país que comprar o credito de carbono com o abatimento de suas meta de redução, e o meio
ambiente com a prevenção ao efeito estufa. (mecanismo econômico de compensação entre países para que
todos participem do MDL).
Logicamente, há críticas relacionadas à esses mecanismos, onde algumas pessoas alegam que a redução de
emissão de gases poluentes deveria ser realizada por todos os países, interpretando que o sistema apresentado é
uma falácia, vez que não seria o correto haver essa compensação e que ela estaria autorizando poluição do planeta
através do sistema de compensação.
Noutro giro, temos também posicionamentos que aprovam o sistema de compensação alegando que, embora
não seja o ideal é que o temos de mais viável no momento atual.
Entre críticas e elogios, fato é que com o MDL (mecanismo de flexibilização) os países em desenvolvimento
podem participar, podem implementar esses projetos inclusive negociando em bolsa de valores.
Dica de PROVA – o candidato deve se atentar para a lei que existe sobre Política
Nacional sobre Mudanças de clima. Lei 12.187/2009.
(Leitura imprescindível – vem sendo cobrada cada vez mais nos certames, e é uma lei curta, rápida de ler)
Parágrafo único. A projeção das emissões para 2020 assim como o detalhamento das ações para alcançar o157
objetivo expresso no caput serão dispostos por decreto, tendo por base o segundo Inventário Brasileiro de
Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal, a
ser concluído em 2010.
A gestão das águas limitava-se à gestão de sua quantidade, sem preocupação com sua qualidade, estava
basicamente condicionada às concessões para aproveitamento hidroelétrico, ou seja, mais voltada às questões
econômicas.
RECURSOS HÍDRICOS
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das
vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
158
III - os LAGOS, RIOS E QUAISQUER CORRENTES DE ÁGUA em terrenos de seu domínio, ou QUE
BANHEM MAIS DE UM ESTADO, SIRVAM DE LIMITES COM OUTROS PAÍSES, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
VI - o MAR TERRITORIAL;
Obs: onde quer que se situem: em águas da própria União ou em águas dos Estados. Vide ainda o art.
21, XII, “b”.
O potencial de energia é de interesse da União, sendo assim, mesmo se esse potencial se encontre em
aguas dos Estados será bem da União.
(atenção então para as possíveis pegadinhas de provas, inclusive em Direito Constitucional)
Fundamentos (Art. 1)
TÍTULO I
CAPÍTULO I
DOS FUNDAMENTOS
(lembrar aqui do principio do usuário-pagador, onde aquele que usa do recurso escasso paga.. Não confundir
portanto, com o poluidor-pagador). A ideia da lei 9.433/97 é evitar o desperdício, e o incentivo ao uso
racional.
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o CONSUMO HUMANO E A
DESSEDENTAÇÃO DE ANIMAIS;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o USO MÚLTIPLO DAS ÁGUAS; 159
V - a BACIA HIDROGRÁFICA É A UNIDADE TERRITORIAL para implementação da Política Nacional
de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
(Vejam então que não é o Município, não é o Estado, não é a União, mas sim a Bacia Hidrográfica –
cuidado nesse ponto porque os examinadores gostam de inserir como unidade territorial outras
expressões).
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser DESCENTRALIZADA e contar com A PARTICIPAÇÃO DO
PODER PÚBLICO, DOS USUÁRIOS E DAS COMUNIDADES.
(A gestão dos recursos hídricos não é somente do Poder Público, mas também dos usuários e das
comunidades).
CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
II - a UTILIZAÇÃO RACIONAL e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com
vistas ao desenvolvimento sustentável;
Princípio do Usuário-pagador.
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso
inadequado dos recursos naturais.
Princípio da Prevenção
IV - INCENTIVAR E PROMOVER A CAPTAÇÃO, A PRESERVAÇÃO E O APROVEITAMENTO de
ÁGUAS PLUVIAIS. (Incluído pela Lei nº 13.501, de 2017)
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Atenção que esse inciso foi inserido recentemente em 2017
CAPÍTULO III
I - a GESTÃO SISTEMÁTICA dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de QUANTIDADE E
QUALIDADE;
Ligação entre os temas água e o meio ambiente e devem ser analisados de forma integrada.
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos
REGIONAL, ESTADUAL E NACIONAL;
VI - a INTEGRAÇÃO da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.
É de suma importância deixar registrado no presente manual, que a ideia foi trazer os principais temas do
Direito Ambiental, desde sua base constitucional até a legislação específica.
Fundamental se faz ressaltar que não há no ordenamento brasileiro um Código Ambiental específico, com
toda a legislação concentrada, mas tão somente leis esparsas. Justamente por esse motivo é fundamental que o
candidato atente-se ao edital e verifique quais leis são pedidas e quais delas vêm sendo mais cobradas no certame
desejado. Não obstante as observações, a estrutura central do Direito Ambiental Brasileira é a que consta no
presente documento desenvolvido com dedicação e responsabilidade.
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1. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia.
Texto associado: Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que visava a
exploração da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em área rural de manguezais de um
estado federado. No referido ano, eles instalaram viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade
161
econômica muito lucrativa. Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença ambiental
para o exercício da atividade.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
Os sócios Renato e Gabriel responderão na esfera penal pelo crime de funcionamento sem licença ambiental,
podendo ser condenados a até seis meses de detenção.
Certo
Errado
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional,
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais
competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:
2. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia.
Texto associado. Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que visava a
exploração da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em área rural de manguezais de um
estado federado. No referido ano, eles instalaram viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade
econômica muito lucrativa. Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença ambiental
para o exercício da atividade.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
MANUAL CASEIRO
Conforme a jurisprudência do STF, a empresa em questão não responderá na esfera penal pelo crime de
funcionamento sem licença ambiental, caso seus sócios, pessoas físicas, sejam absolvidos do mesmo crime.
Certo
Errado
Candidato é possível a condenação da pessoa jurídica ainda que absolvida a pessoa física? SIM! O STF e o STJ
atualmente entendem ser possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais162
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Logo, nota-se que a
jurisprudência NÃO mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". Nesse sentido, STJ. 6ª Turma. RMS
39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566).
Cumpre recordarmos:
A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma.
RMS 39173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566).
STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714).
3. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia.
Texto associado. Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que visava a
exploração da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em área rural de manguezais de um
estado federado. No referido ano, eles instalaram viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade
econômica muito lucrativa. Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença ambiental
para o exercício da atividade.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A empresa Camarões do Mangue Ltda. e seus sócios responderão objetivamente pela reparação de eventuais danos
causados à área de manguezal no exercício irregular da atividade durante três anos.
Certo
Errado
MANUAL CASEIRO
Art. 14 da Lei n. 6.938/81 § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e
a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor
ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
4. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia. Texto
163
associado. Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que visava a exploração
da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em área rural de manguezais de um estado federado.
No referido ano, eles instalaram viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade econômica muito
lucrativa. Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença ambiental para o exercício
da atividade.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A atividade econômica exercida pela referida empresa é ilegal, sendo vedada pelo Código Florestal a exploração
econômica da área de manguezal que é uma área de reserva legal.
Certo
Errado
Art. 4. Código Florestal: Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas,
para os efeitos desta Lei: (...) VII - os manguezais, em toda a sua extensão. Assim, trata-se de área de
preservação permanente e não de reserva legal, como menciona a questão.
5. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal. Acerca de tráfico ilícito de entorpecentes, crimes contra o meio ambiente, crime de discriminação
e preconceito e crime contra o consumidor, julgue o próximo item.
Pessoa jurídica que praticar crime contra o meio ambiente por decisão do seu órgão colegiado e no interesse da
entidade poderá ser responsabilizada penalmente, embora não fique necessariamente sujeita às mesmas sanções
aplicadas às pessoas físicas.
MANUAL CASEIRO
Certo
Errado
C. Fundamento – Atualmente, o STJ e o STF adotam a seguinte idéia - É possível a responsabilização penal da
pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que
agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma. RMS
39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE
548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714).
164
FONTE: https://www.dizerodireito.com.br/2015/10/e-possivel-responsabilizacao-penal-da.html
6. Ano: 2018 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia. Diante de
comunicação apresentada perante a Delegacia de Polícia Civil, denunciando a realização de rinha de galos em
propriedade rural do município de Cromínia, se está diante de fato
A. típico e antijurídico, estando o Estado, entretanto, impedido de exercer o jus puniendi, em razão de a rinha de
galos ser reconhecida, no meio rural brasileiro, como uma prática costumeira.
B. típico, porém juridicamente válido, desde que haja norma municipal que reconheça a rinha de galos como
patrimônio cultural imaterial.
C. atípico, pois a Constituição Federal de 1988 protege expressamente as manifestações culturais que portem
referência à identidade dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
D. atípico, tendo em vista que, tanto a Constituição Federal quanto a Lei de Crimes Ambientais, protegem apenas
os animais integrantes da fauna silvestre brasileira.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados,
nativos ou exóticos:
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins
didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
Este é um crime muito comum e trata da prática de maus-tratos a animais. O tipo penal se divide em 4 condutas
reprimíveis: atos de abuso, maus-tratos (práticas cruéis), ferir e mutilar. Trata-se de crime comum que veio para
revogar o art. 64 da Lei de Contravenções Penais. A conduta, de acordo com o parágrafo primeiro, não é permitida165
em nenhuma hipótese, nem mesmo para fins didáticos ou científicos.
7.Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia.
Beltrano Benedito estava andando por uma estrada rural e encontrou um filhote de Jaguatirica ferido. Levou-o para
casa e, após cuidar dos ferimentos, passou a criá-lo como se fosse seu animal doméstico. Em conformidade com o
disposto na Lei no 9.605/1998, é correta a seguinte afirmação:
A. Como o animal iria morrer se não fosse socorrido, Beltrano pode ficar com ele sem necessidade de licença ou
autorização da autoridade ambiental.
B. Se Beltrano mantiver o animal sem licença ou autorização da autoridade ambiental, estará praticando crime
contra o meio ambiente, considerado inafiançável.
C. Por se tratar de filhote de espécime da fauna silvestre, se Beltrano ficar com o animal sem licença ou
autorização, terá a pena por crime ambiental aumentada de um sexto a um terço.
D. Beltrano deverá entregar o animal a uma autoridade ambiental, pois não é possível obter permissão, licença ou
autorização para ficar com o animal.
E. A ação de Beltrano se tipifica como crime contra a fauna, que o sujeita à pena de detenção e multa, mas o juiz,
considerando as circunstâncias, poderá deixar de aplicar a pena.
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem
a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
(...)
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§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz,
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
8. Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia. Nos
termos do disposto na Lei no 12.651/2012, assinale a alternativa correta.
A. Não é permitido, em qualquer hipótese, o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente.
B. Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções ou supressões de vegetação
nativa, além das previstas nesta Lei, nas Áreas de Preservação Permanente. 166
C. Não poderá ser autorizada, em qualquer hipótese, a supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas
e restingas, nas Áreas de Preservação Permanente.
E. Será exigida Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e
ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias.
Gabarito B.
§ 4º Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções ou supressões de vegetação
nativa, além das previstas nesta Lei.
9. Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia. No
que concerne à aplicação da Lei no 9.099/95 quanto às infrações penais ambientais previstas na Lei no 9.605/98, é
correto afirmar que
A. a legislação contempla crimes ambientais de ação penal pública condicionada e incondicionada, aplicando-se, a
todos os tipos penais, a suspensão condicional do processo e a transação penal.
B. nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo e de ação penal pública condicionada, a transação penal
poderá ser formulada independentemente de prévia composição do dano ambiental.
C. a legislação contempla apenas crimes ambientais de ação penal pública incondicionada, aplicando-se
integralmente as disposições da Lei no 9.099/95 no tocante à suspensão condicional do processo e à transação
penal.
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D. nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo e de ação penal pública incondicionada, a suspensão
condicional do processo poderá ser aplicada sem qualquer modificação.
E. nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a transação penal somente poderá ser formulada desde que
tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de
direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada167
desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso
de comprovada impossibilidade.
10. Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia. A
empresa ZZZ, produtora de fertilizantes, tendo sido autuada administrativamente pela emissão irregular de
partículas poluentes no ar, teve contra si instaurado inquérito policial, sob a imputação do crime de causar
poluição, art. 54 da Lei no 9.605/98. No curso da investigação, constatou-se que a poluição do ar decorreu da falta
de manutenção nos filtros da fábrica, verificando-se que as manutenções periódicas nos equipamentos passaram de
três para seis meses. Contudo, dada a complexa estrutura da empresa, não se logrou êxito em identificar o
responsável pela redução das manutenções. Encerrada a investigação policial, o Ministério Público denunciou a
empresa ZZZ, bem como Mévio, o presidente, afirmando que, na qualidade de representante máximo, competia a
ele impedir a poluição do ar. A denúncia formulada pelo Ministério Público é recebida apenas com relação à
empresa ZZZ. Quanto a Mévio, o Juiz rejeitou a exordial, por inépcia, destacando que a simples condição de
presidente da empresa não basta para fundamentar imputação.
Considerando o caso hipotético, a Lei no 9.605/98 e o entendimento dos Tribunais Superiores, assinale a
alternativa correta.
A. A autuação administrativa da empresa XXX inviabiliza a instauração de procedimento penal para apurar a
prática de crime de causar poluição, já que as responsabilidades administrativa e penal são excludentes.
B. Rejeitada a denúncia quanto à pessoa física de Mévio, haja vista a exigência legal da dupla imputação, a
empresa XXX não poderá ser criminalmente processada.
C. Há previsão de causa de aumento, quanto ao crime de poluição (art. 54 da Lei no 9.605/98), se, da poluição
hídrica resulta interrupção do abastecimento público de água em comunidade.
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D. A pena de interdição temporária de direito, consistente na proibição de contratar com o Poder Público, não
poderá ter prazo superior a 03 (três) anos, no caso de crimes dolosos.
E. A pena de multa, calculada segundo os critérios do Código Penal, poderá ser aumentada em até três vezes, se
revelar-se ineficaz.
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no
valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.
168
11. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil.
No que tange à tutela penal do meio ambiente e às disposições da Lei n.º 9.605/1998, que trata das sanções penais
e administrativas aplicáveis a condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, assinale a opção correta.
A. Em regra, em se tratando de crimes ambientais de menor potencial ofensivo, é possível a transação penal sem a
prévia composição do dano ambiental.
B. É circunstância agravante, quando não constitui ou qualifica o crime, a prática de crimes ambientais em
domingos, feriados ou à noite.
C. Caracteriza crime ambiental a conduta daquele que produz sons e ruídos em quaisquer atividades,
desrespeitando as normas de silêncio.
D. É cabível o perdão judicial em caso de guarda doméstica de animal silvestre, mesmo tratando-se de espécie
ameaçada de extinção.
E. Conforme a referida lei, a tipificação da prática de maus tratos contra animais restringe-se aos animais
silvestres.
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos
fiscais;
12. Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado de Polícia Civil.
Acerca da Lei dos Crimes Ambientais e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, pode-se afirmar que:
A. Constituição Federal condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à
simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa.
E. não se aplica o principio da insignificância quanto aos crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais,
considerando que o bem jurídico tutelado é o meio ambiente, indispensável à sobrevivência da sociedade.
Gabarito C.
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13. Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PC-GO Prova: CESPE - 2017 - PC-GO - Delegado de Polícia
Substituto. No que concerne à Constituição Federal de 1988 (CF) e ao meio ambiente, assinale a opção correta.
A. Entende-se a previsão constitucional de um meio ambiente ecologicamente equilibrado tanto como um direito
fundamental quanto como um princípio jurídico fundamental que orienta a aplicação das regras legais.
B. O princípio da livre iniciativa impede que o poder público fiscalize entidades dedicadas à pesquisa e à
manipulação de material genético.
C. O estudo prévio de impacto ambiental será dispensado nos casos de obras públicas potencialmente causadoras170
de significativa degradação ambiental quando elas forem declaradas de utilidade pública ou de interesse social.
D. Os espaços territoriais especialmente protegidos, definidos e criados por lei ambiental, poderão ser suprimidos
por meio de decreto do chefe do Poder Executivo municipal para permitir a moradia de população de baixa renda
em área urbana.
E. A competência para proteger o meio ambiente e combater a poluição em todas as suas formas é concorrente
entre a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios, de modo que a ação administrativa do órgão
ambiental da União prevalece sobre a ação dos demais entes federativos.
Gabarito A.
14. Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
- Prova Anulada. Acerca dos crimes ambientais, é correto afirmar que:
A. comete crime aquele que provoca dano ambiental ínfimo, pois é vedada a aplicação do princípio da
insignificância.
B. a Lei de Crimes Ambientais prevê como hipótese de estado de necessidade o abate de animal feroz que esteja
atacando terceiros.
C. o art 54 da Lei nº 9.605, de 1998, contempla apenas a poluição hídrica, existindo outros dispositivos
incriminando as demais espécies de poluição.
D. a Lei nº 9.605 de 1998, contém exemplos daquilo que se convencionou chamar “administrativização do direito
penal".
E. a extração de recursos minerais sem autorização, permissão, concessão, licença ou concessão do órgão
competente restou alijada da Lei n° 9.605, de 1998, pois já é prevista no Código Penal.
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Gabarito D.
15. Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
- Prova Anulada. Considerando os entendimentos do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça, assim como a disciplina constitucional e legal, assinale a alternativa correta quanto à responsabilização
criminal da pessoa jurídica por crimes ambientais.
A. O Supremo Tribunal Federal, por meio de julgado da 1ª Turma, entendeu que a Constituição Federal de 1988171
não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal
da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. Em outras palavras, a norma constitucional não impõe
a necessária dupla imputação.
B. A Lei nº 9.605/1998 veda, expressamente, a liquidação forçada de pessoa jurídica constituída ou utilizada,
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime ambiental.
C. É pacífico, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, que a responsabilização penal da pessoa jurídica por
delitos ambientais não dispensa a imputação concomitante da pessoa física que age em seu nome ou em seu
benefício. Em outras palavras, a teoria da dupla imputação necessária prevalece, atualmente, no Superior Tribunal
de Justiça.
D. Para que as pessoas jurídicas sejam responsabilizadas penalmente nos termos da Lei n° 9.605/1998, exige-se
apenas que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão
colegiado.
E. O Superior Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, com fulcro em vedação constitucional, não
admitem a responsabilização criminal da pessoa jurídica por crimes ambientais.
Gabarito A.
A. A inscrição do imóvel rural no CAR, que é obrigatória para todas as propriedades e posses rurais, deverá ser
feita, preferencialmente, no órgão ambiental municipal ou estadual, e o cadastramento será considerado título para
fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse.
B. Conforme a Política Nacional de Recursos Hídricos, a água é um recurso natural limitado e bem de domínio
público, contudo, desprovido de valor econômico.
172
C. Caso ocorra supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área,
possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos
autorizados previstos na Lei n° 12.651/2012, e esta obrigação não tem natureza real, mas sim pessoal.
D. A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas
hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas na Lei n° 12.651/2012.
Já a supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em
caso de utilidade pública.
E. A vegetação primária ou a vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata Atlântica
não perderão esta classificação nos casos de incêndio, desmatamento ou qualquer outro tipo de intervenção não
autorizada ou não licenciada, salvo nos casos constantes do rol taxativo previsto na Lei n° 11.428/2006.
Art 8°. A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá
nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.
§1°. A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em
caso de utilidade pública.
17. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia. A
responsabilidade civil por grave acidente ambiental ocorrido em uma região de determinado estado da Federação
será
Gabarito C.
A responsabilidade civil em matéria ambiental é objetiva desde a edição da Lei nº 6.938/1981, conforme o § 1º do
art. 14, in verbis: “(…) é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.
173
18. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia. As
unidades de conservação
A. devem possuir um plano de manejo, com exceção das reservas particulares do patrimônio natural.
B. são constituídas de espaços territoriais e seus recursos naturais, com exceção das águas jurisdicionais.
E. devem possuir zonas de amortecimento, com exceção das áreas de proteção ambiental e das reservas
particulares do patrimônio natural.
Gabarito E.
19. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia. O
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Instituto Chico Mendes) é uma
C.autarquia federal.
Gabarito C.
20. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia. A
concessão florestal, prevista na Lei n.º 11.284/2006, é
A. uma delegação, a pessoas físicas ou jurídicas, do direito de praticar manejo florestal sustentável.
Gabarito B.
21. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia. Conforme
previsto na CF, é necessária a realização de estudo prévio de impacto ambiental antes da implantação de
empreendimentos e de atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de degradação ambiental, que
constitui exigência que atende ao princípio do(a)
A. prevenção.
B. poluidor-pagador.
D. participação comunitária.
E. usuário-pagador.
Gabarito A.
22. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia.
Determinada sociedade empresária pretende realizar, no mar territorial que banha o município de Recife – PE,
atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. Nessa situação, de acordo com a Lei
Complementar n.º 140/2011, o licenciamento ambiental dessa atividade será promovido pelo(a)
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A. município de Recife ou, caso ele não possua órgão ambiental capacitado para promover esse licenciamento,
pelo estado de Pernambuco.
B. União.
C. município de Recife.
D. estado de Pernambuco.
E. estado de Pernambuco ou, caso ele não possua conselho de meio ambiente, pela União.
175
Gabarito B.
23. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia. Considere
que, em 1999, a União tenha criado, por decreto presidencial, determinada unidade de conservação. Nessa
situação, de acordo com a CF, a União
E. terá cometido ato nulo, já que o ato de criação dessa unidade deveria ter sido a lei.
Gabarito C.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo
para as presentes e futuras gerações.
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento)
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24. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia. O órgão
consultivo e deliberativo responsável pelo SISNAMA e pelo SNUC é o
D. IBAMA.
E. Conselho de Governo.
176
Gabarito B.
25. Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: FUNIVERSA - 2015 - PC-DF - Delegado de
Polícia. No que diz respeito à responsabilidade ambiental, assinale a alternativa correta.
A. As concessionárias prestadoras de serviços públicos, tanto quanto as pessoas jurídicas de direito público, estão
sujeitas à responsabilidade civil objetiva por danos ambientais.
B. São penas restritivas de direitos da pessoa jurídica, entre outras, a prestação pecuniária e a interdição temporária
de direitos.
C. Diferentemente do que ocorre com as pessoas físicas, não se aplica às pessoas jurídicas, no que tange à
responsabilidade penal ambiental, a prestação de serviços à comunidade, mas apenas a pena de multa e as penas
restritivas de direitos.
D. No que se refere às pessoas físicas, as penas restritivas de direitos podem substituir as penas privativas de
liberdade, mas apenas quando se tratar de crime culposo ou for aplicada pena privativa de liberdade inferior a
quatro anos.
E. De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, a competência para julgamento do crime ambiental será da
justiça federal quando atingir, ainda que de forma indireta e genérica, interesse da União ou de suas autarquias e
empresas públicas.
Gabarito A.
26. Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: FUNIVERSA - 2015 - PC-DF - Delegado de
Polícia. A respeito do licenciamento ambiental, é correto afirmar que
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A. o licenciamento ambiental, como um dos instrumentos da política nacional do meio ambiente, consiste em
procedimento administrativo decorrente do poder de polícia ambiental, destinado a licenciar atividades ou
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob
qualquer forma, de causar degradação ambiental.
B. compete exclusivamente à União, no âmbito das ações administrativas, promover e orientar a educação
ambiental, em todos os níveis de ensino, e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente.
C. o licenciamento ambiental em áreas de proteção ambiental seguirá o critério do ente federativo instituidor da
unidade de conservação.
177
D. se considera atuação supletiva a ação do ente da federação que vise a auxiliar no desempenho das atribuições
decorrentes das competências comuns quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das
atribuições definidas em lei.
E. compete à União desempenhar as ações administrativas municipais até a criação de órgão ambiental capacitado
ou conselho de meio ambiente no município.
Gabarito A.
Súmula 629-STJ
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não
fazer cumulada com a de indenizar. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018.
Súmula 623-STJ
Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do
proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. Importante. Aprovada em 12/12/2018.
Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental. STJ. Corte Especial.
Aprovada em 24/10/2018, DJe 30/10/2018.
Compete à Justiça Federal julgar crime ambiental praticado dentro de unidade de conservação criada por
decreto federal
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Se o crime ambiental for cometido em unidade de conservação criada por decreto federal, a competência para
julgamento será da Justiça Federal tendo em vista que existe interesse federal na manutenção e preservação da
região. Logo, este delito gera possível lesão a bens, serviços ou interesses da União, atraindo a regra do art. 109,
IV, da Constituição Federal. STJ. 3ª Seção. CC 142.016/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
26/08/2015. Por outro lado, não haverá competência da Justiça Federal se o crime foi praticado dentro de área de
proteção ambiental criada por decreto federal, mas cuja fiscalização e administração foi delegada para outro ente
federativo: No caso, embora o local do dano ambiental esteja inserido na Área de Proteção Ambiental da Bacia do
Rio São Bartolomeu, criada pelo Decreto Federal n. 88.940/1993, não há falar em interesse da União no crime
ambiental sob apuração, já que lei federal subsequente delegou a fiscalização e administração da APA para o
178
Distrito Federal (art. 1º da Lei n. 9.262/1996). 3. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de
Direito da Vara Criminal e Tribunal do Júri de São Sebastião/DF, o suscitado. STJ. 3ª Seção. CC 158.747/DF, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/06/2018.
A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não impede a instauração de ação penal.
Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da independência das instâncias penal e
administrativa. STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/05/2018 (Info 625).
O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98 possui natureza formal, sendo suficiente a
potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva, não se exigindo, portanto, a
realização de perícia. Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Pena
— reclusão, de um a quatro anos, e multa. STJ. 3ª Seção. EREsp 1417279-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 11/04/2018 (Info 624).
O crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de perigo abstrato, sendo dispensável a produção de prova
pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos produtos transportados, bastando que estes estejam
elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT. Art. 56.Produzir, processar, embalar, importar, exportar,
comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica,
perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis
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ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. STJ. 6ª Turma.REsp 1439150-RS, Rel.
Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 05/10/2017 (Info 613).
Pesca de um único peixe que é devolvido, ainda vivo, ao rio em que foi pescado: princípio da
insignificância
Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese em que há a devolução do único peixe
– ainda vivo – ao rio em que foi pescado. STJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 20/4/2017 (Info 602).
179
O crime de edificação proibida (art. 64 da Lei 9.605/98) absorve o crime de destruição de vegetação (art. 48 da
mesma lei) quando a conduta do agente se realiza com o único intento de construir em local não edificável. STJ. 6ª
Turma. REsp 1639723-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 7/2/2017 (Info 597).
Pessoa presa sem peixes, mas com equipamentos, em local onde a pesca é proibida comete crime?
A Lei de Crimes Ambientais tipifica a pesca ilegal, nos seguintes termos: "Art. 34. Pescar em período no qual a
pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:" Se a pessoa é flagrada sem nenhum peixe,
mas portando consigo equipamentos de pesca, em um local onde esta atividade é proibida, ela poderá ser absolvida
do delito do art. 34 da Lei de Crimes com base no princípio da insignificância? A 2ª Turma do STF possui
decisões conflitantes sobre o tema: SIM. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).
NÃO. RHC 125566/PR e HC 127926/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016 (Info 845). STF. 2ª
Turma. RHC 125566/PR e HC 127926/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016 (Info 845).
A tipificação da conduta descrita no art. 48 da Lei 9.605/98 prescinde de a área ser de preservação permanente.
Isso porque o referido tipo penal descreve como conduta criminosa o simples fato de "impedir ou dificultar a
regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação". STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1498059-RS, Rel.
Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado em 17/9/2015 (Info 570).
Viola a CF/88 lei municipal que proíbe o transporte de animais vivos no Município
Viola a Constituição Federal lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, sejam eles motorizados ou não,
180
transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana do Município. Essa lei municipal invade a
competência da União. O Município, ao inviabilizar o transporte de gado vivo na área urbana e de expansão
urbana de seu território, transgrediu a competência da União, que já estabeleceu, à exaustão, diretrizes para a
política agropecuária, o que inclui o transporte de animais vivos e sua fiscalização. Além disso, sob a justificativa
de criar mecanismo legislativo de proteção aos animais, o legislador municipal impôs restrição desproporcional.
Esta desproporcionalidade fica evidente quando se verifica que a legislação federal já prevê uma série de
instrumentos para garantir, de um lado, a qualidade dos produtos destinados ao consumo pela população e, de
outro, a existência digna e a ausência de sofrimento dos animais, tanto no transporte quanto no seu abate. STF.
Plenário. ADPF 514 e ADPF 516 MC-REF/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 11/10/2018 (Info 919).
É inconstitucional lei estadual que exige prévia autorização da ALE para que os órgãos do SISNAMA
possam celebrar instrumentos de cooperação no Estado
É inconstitucional, por violar o princípio da separação dos poderes, lei estadual que exige autorização prévia do
Poder Legislativo estadual (Assembleia Legislativa) para que sejam firmados instrumentos de cooperação pelos
órgãos componentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Também é inconstitucional lei
estadual que afirme que Fundação estadual de proteção do meio ambiente só poderá transferir responsabilidades
ou atribuições para outros órgãos componentes do SISNAMA se houver aprovação prévia da Assembleia
Legislativa. STF. Plenário. ADI 4348/RR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/10/2018 (Info 919).
É inconstitucional lei estadual que prevê a supressão de vegetal em APP para a realização de atividades
exclusivamente de lazer
É inconstitucional lei estadual prevendo que é possível a supressão de vegetal em Área de Preservação Permanente
(APP) para a realização de “pequenas construções com área máxima de 190 metros quadrados, utilizadas
exclusivamente para lazer”. Essa lei possui vícios de inconstitucionalidade formal e material. Há
inconstitucionalidade formal porque o Código Florestal (lei federal que prevê as normas gerais sobre o tema, nos
termos do art. 24, § 1º, da CF/88) não permite a instalação em APP de qualquer tipo de edificação com finalidade
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meramente recreativa. Existe também inconstitucionalidade material porque houve um excesso e abuso da lei
estadual ao relativizar a proteção constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, cujo titular é a
coletividade, em face do direito de lazer individual. STF. Plenário. ADI 4988/TO, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 19/9/2018 (Info 916).
É inconstitucional lei estadual que remete o regramento do cultivo comercial e das atividades com
organismos geneticamente modificados à regência da legislação federal
A competência para legislar sobre as atividades que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) é
181
concorrente (art. 24, V, VIII e XII, da CF/88). No âmbito das competências concorrentes, cabe à União estabelecer
normas gerais e aos Estados-membros editar leis para suplementar essas normas gerais (art. 24, §§ 1º e 2º).
Determinado Estado-membro editou lei estabelecendo que toda e qualquer atividade relacionada com os OGMs
naquele Estado deveria observar “estritamente à legislação federal específica”. O STF entendeu que essa lei
estadual é inconstitucional porque significou uma verdadeira “renúncia” ao exercício da competência legislativa
concorrente prevista no art. 24, V, VIII e XII, da CF/88. Em outras palavras, o Estado abriu mão de sua
competência suplementar prevista no art. 24, § 2º da CF/88. Essa norma estadual remissiva fragiliza a estrutura
federativa descentralizada, e consagra o monopólio da União, sem atentar para nuances locais. STF. Plenário. ADI
2303/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/9/2018 (Info 914).
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. STJ. 1ª
Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Info 624).
É inconstitucional a redução ou a supressão de espaços territoriais especialmente protegidos, como é o caso das
unidades de conservação, por meio de medida provisória. Isso viola o art. 225, § 1º, III, da CF/88. Assim, a
redução ou supressão de unidade de conservação somente é permitida mediante lei em sentido formal. A medida
provisória possui força de lei, mas o art. 225, § 1º, III, da CF/88 exige lei em sentido estrito. A proteção ao meio
ambiente é um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste expressamente do
elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88. STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 5/4/2018 (Info 896).
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Análise da constitucionalidade do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012)
As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são constitucionais. O art. 2º da Lei federal nº 9.055/95, que
autorizava a utilização da crisotila (espécie de amianto), é inconstitucional. Houve a inconstitucionalidade
superveniente (sob a óptica material) da Lei nº 9.055/95, por ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao
dever estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º,
inciso XXII, CF/88); e à proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88). Com isso, é proibida a utilização de
qualquer forma de amianto. STF. Plenário.ADI 3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias
Toffoli, julgado em 24/8/2017 (Info 874). STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber,
julgados em 29/11/2017 (Info 886).
As empresas adquirentes da carga transportada pelo navio Vicuña no momento de sua explosão, no Porto de
Paranaguá/PR, em 15/11/2004, não respondem pela reparação dos danos alegadamente suportados por pescadores
da região atingida, haja vista a ausência de nexo causal a ligar tais prejuízos (proibição temporária da pesca) à
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conduta por elas perpetrada (mera aquisição pretérita do metanol transportado). Situação concreta: três indústrias
químicas adquiriam uma grande quantidade de “metanol”, substância utilizada como matéria-prima para a
produção de alguns medicamentos.Elas adquiriram o metanol da METHANEX CHILE LIMITED, empresa
chilena que ficou responsável tanto pela contratação quanto pelo pagamento do frete marítimo. O navio contratado
pela empresa chilena para o transporte foi o “BTG Vicuña”, de bandeira do Chile.Ocorre quequando já estava
atracado no porto de Paranaguá/PR, o navio explodiu. Isso provocou uma tragédia ambiental porque houve o
vazamento de milhões de litros de óleo e de metanol. Em razão do derramamento, a pesca na região ficou
temporariamente proibida. STJ. 2ª Seção. REsp 1602106-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
25/10/2017 (Info 615).
183
Não é razoável a conduta do órgão ambiental que apreende um papagaio que era criado há 15 anos como
animal doméstico, sem qualquer indício de maus-tratos ou risco de extinção
Não é razoável a conduta do órgão ambiental que apreende uma ave (ex: papagaio) que já estava sendo criada por
longo período de tempo em ambiente doméstico, sem qualquer indício de maus-tratos ou risco de extinção. Em
casos como esse, não se mostra plausível que a apreensão do animal ocorra exclusivamente sobre a ótica da estrita
legalidade. É preciso se examinar as peculiaridades do caso sob a luz da finalidade da Lei Ambiental que,
sabidamente, é voltada à melhor proteção do animal. Desse modo, com base nas peculiaridades do caso concreto, e
em atenção ao princípio da razoabilidade, é possível autorizar que a ave permaneça no ambiente doméstico do qual
jamais se afastou por longos anos. STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1457447/CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 16/12/2014. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1389418/PB, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/09/2017.
As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são constitucionais. O art. 2º da Lei federal nº 9.055/95, que
autorizava a utilização da crisotila (espécie de amianto), é inconstitucional. Houve a inconstitucionalidade
superveniente (sob a óptica material) da Lei nº 9.055/95, por ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao
dever estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º,
inciso XXII, CF/88); e à proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88). STF. Plenário.ADI 3937/SP, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/8/2017 (Info 874).
Estado-membro pode legislar sobre controle de resíduos de embarcações, oleodutos e instalações costeiras
Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de resíduos de embarcações, oleodutos
e instalações costeiras. Isso porque o objeto dessa lei é a tutela ao meio ambiente, sendo essa matéria de
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competência concorrente, nos termos do art. 24, VI e VIII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
Normas municipais podem prever multas para os proprietários de veículos que emitem fumaça acima dos
padrões aceitáveis
É constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de multas para os proprietários
de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis. O Município tem
competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de interesse local. STF.
184
Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/6/2017
(Info 870).
A responsabilidade administrativa ambiental, como regra, apresenta caráter subjetivo, exigindo dolo ou culpa para
sua configuração. STJ. 2ª Turma. REsp 1640243/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 07/03/2017.
É inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. Segundo decidiu o STF, os animais
envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual esta atividade contraria o art. 225, § 1º, VII, da
CF/88. A crueldade provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade cultural, não possa
ser permitida. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a
valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto no inciso VII do § 1º do art.
225 da CF/88, que veda práticas que submetam os animais à crueldade. STF. Plenário. ADI 4983/CE, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016 (Info 842).
Princípio da precaução, campo eletromagnético e legitimidade dos limites fixados pela Lei 11.934/2009
No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da exposição
ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de
energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009. STF. Plenário. RE 627189/SP,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/6/2016 (repercussão geral) (Info 829).
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Construção de hidrelétrica e prejuízo aos pescadores artesanais do local
João é pescador artesanal e vive da pesca que realiza no rio Paranapanema, que faz a divisa dos Estados de São
Paulo e Paraná. A empresa "XXX", após vencer a licitação, iniciou a construção de uma usina hidrelétrica neste
rio. Ocorre que, após a construção da usina, houve uma grande redução na quantidade de alguns peixes existentes
no rio, em especial "pintados", "jaú" e "dourados". Vale ressaltar que estes peixes eram os mais procurados pela
população e os que davam maior renda aos pescadores do local. Diante deste fato, João ajuizou ação de
indenização por danos morais e materiais contra a empresa (concessionária de serviço público) sustentando que a
construção da usina lhe causou negativo impacto econômico e sofrimento moral, já que ele não mais poderia
exercer sua profissão de pescador. O pescador terá direito à indenização em decorrência deste fato? Danos185
materiais: SIM. Danos morais: NÃO. STJ. 4ª Turma. REsp 1371834-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 5/11/2015 (Info 574).
18. Bibliografia
Oliveira, Fabiano Melo Gonçalves de Direito ambiental / Fabiano Melo Gonçalves de Oliveira. – 2. ed.
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Anotações pessoais de Aula;
https://www.buscadordizerodireito.com.br/
https://www.qconcursos.com/
O presente material foi produzido com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de
doutrina, artigos de lei, anotações oriundas de questões. Caso verifique algum equivoco ou possua sugestão
de aperfeiçoamento, permanecemos à disposição.
Att., Natália Oliveira
Idealizadora do @manualcaseiro