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DA LÍNGUA
PORTUGUESA
Asafe Cortina
Comunicação,
linguagem e leitura
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre comunicação, linguagem e leitura.
Primeiramente, serão apresentados o conceito e as diferentes abordagens
sobre o que é a comunicação, levando em conta os tipos distintos de
comunicação e observando quais são os componentes que pertencem ao
processo comunicativo; sempre relacionando o tópico com a linguagem
e a língua; duas ideias que embora pareçam sinônimas, mas apresentam
significações diferentes.
Logo em seguida, as definições sobre a linguagem, suas diferentes
abordagens e perspectivas, tipos, funções e propósitos serão apresen-
tadas. Por fim, serão estudados o conceito de leitura e quais são os pro-
cessos que a envolvem, tanto pela perspectiva textual quanto pelas
perspectivas cognitivas, comunicacionais, culturais e etc.
2 Comunicação, linguagem e leitura
Comunicação
1. Informação; participação; aviso. 2. Transmissão. 3. Notícia. [...] 5. Ligação. [...]
7. Relações. [...] 9. Comunicação social: conjunto dos órgãos de difusão de notícias
(imprensa, rádio, televisão). 10. Prática ou campo de estudo que se debruça sobre
a informação, a sua transmissão, captação e impacto social (FERREIRA, 2014).
Comunicação
Comunicação, linguagem e leitura 3
Direta ou indireta
■ Direta é quando o emissor e o receptor trocam mensagens de forma
direta, sem nenhum intermediário.
Comunicação, linguagem e leitura 5
Com base nos exemplos citados acima, vamos, agora, abordar duas defi-
nições para linguagem:
Embora a leitura seja, na maioria das vezes, uma atividade individual e silenciosa; ela
pode cumprir outros propósitos e ser realizada de outras formas.
Podemos ler não necessariamente só um texto. Alguns teóricos consideram que
podemos “ler” um gesto, um sorriso, a alegria nos olhos de uma criança que acabou
de ganhar um cachorrinho, a sorte nas linhas da mão de alguém, o futuro em uma
bola de cristal, etc.
A leitura pode também ser compartilhada, ou seja, não individual. Imagine a leitura
de um livro em um grupo, em que cada pessoa é responsável por uma parte do
texto, como o ensaio para uma peça, ou a “contação” de histórias. Ela não precisa ser
silenciosa; ou seja, considere que um professor pode, por exemplo, ler um conto para
a sua turma de alunos.
Portanto, existem diversos tipos e níveis de leitura que devemos considerar.
A partir disso, temos uma ideia geral de que leitura é um processo com-
posto por subprocessos para a decodificação, identificação, interpretação
e manutenção de significados, com o objetivo de assimilar uma mensagem
transmitida por meio de um texto.
Essa definição aborda de forma geral (e um pouco superficial) o conceito
desse processo. Quando lemos, não acessamos a realidade diretamente; afinal,
se lemos a palavra casa, não estamos vendo diante dos nossos olhos uma casa,
mas um conjunto de letras que – de acordo com Saussure (1975) – formam
um signo que representa uma casa. Pela convenção do português, ao lermos
a palavra “casa”, essa combinação de quatro letras evoca à nossa mente uma
imagem mental e uma ideia do que é uma casa. Embora essa imagem mental
seja diferente para cada pessoa (para uma pessoa a imagem mental é uma casa
pequena amarela, enquanto para outra é uma casa grande e branca), podemos
concordar que existe uma convenção social e linguística de que casa nos
transmite a ideia de uma construção com a finalidade de moradia.
18 Comunicação, linguagem e leitura
Dessa forma, o processo de leitura – que envolve a visão – nos faz olhar
para uma palavra e “enxergar” uma ideia, um objeto, uma ação, um conceito,
etc. Por conseguinte, o texto (e todos os seus componentes) serve como uma
ponte de acesso entre a realidade e o leitor.
Se a leitura é, então, uma ponte entre o leitor e a realidade, é preciso que o
leitor tenha conhecimento prévio dessa realidade. Esse conhecimento envolve a
capacidade linguística de decodificar os signos escritos e a capacidade mental
de conectar esses signos com seus referenciais no mundo real.
Voltamos a mencionar o exemplo da linfologia. Um leitor que não conhece
o significado da palavra linfologia fará apenas uma leitura a nível lexical (e
talvez morfológico e fonológico). Ele pode chegar à conclusão que é um tipo de
estudo, por saber que o sufixo -logia se refere ao “estudo de” em substantivos
da língua portuguesa. Contudo, se lhe falta o conhecimento da realidade
representada pela palavra linfologia (que é o estudo do sistema linfático), a
leitura não será eficiente porque o leitor não tem capacidade de interpretar o
código, e esse código não servirá como ponte entre ele e a realidade porque
a realidade é inexistente na mente do leitor. Alguns teóricos consideraram
que nem sequer existiu a leitura – apenas uma decodificação de um código.
Além da noção geral sobre o que é leitura, teóricos sugerem duas definições
estritas sobre leitura, sendo elas: a extração de significado de um texto e a
atribuição de significado ao texto.
Quando consideramos a leitura como extração de significado de um texto,
afirmamos que o significado está contido no texto e que o leitor precisa ativar
sua habilidade de leitura e seus conhecimentos prévios da realidade para
conseguir decodificar, interpretar e assimilar o conteúdo lido, de forma que
ele possa extrair e armazenar a única significação presente em um texto.
Ao tratarmos de leitura como processo de atribuição de significado, con-
sideramos que o significado está na mente do leitor e que os componentes
textuais apenas ativam em seu cérebro as imagens mentais necessárias para
que elas façam sentido e que esse sentido e significação podem ser diferentes
de acordo com cada leitor – uma vez que a realidade é vista de forma diferente
por cada pessoa.
É por causa dessa dicotomia extrair/atribuir que a definição sobre o que é
a leitura é bastante ampla e nunca completamente fechada. Para que possa-
mos aprofundar as ideias estabelecidas por extrair e por atribuir, precisamos
entender o que é significado e como podemos acessar esse significado. Essa é
uma fundamentação teórica destinada à linguística e que pode ser encontrada
e estudada na obra de Saussure (1975) – Curso de linguística geral.
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Leituras recomendadas
BENVENISTE, E. Categorias de pensamento e categorias de língua. In: BENVENISTE, E.
Problemas de linguística geral I. Campinas: Pontes, 2005. p. 68-80.
WOLF, M. Teorias das comunicações de massa. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.