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ELAS NA BIBLIA
ESPÔSAS E MÃES NO ANTIGO TESTAMENTO
EDIÇõES PAULINAS
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Imprimi potest: São Paulo, H de maio de 1967 Pe. José Ribollo CSSR. Superior Provincial
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A graça é falaz e um sôpro a formosura; a mulher que
teme a Deus, essa há de ser louvada.
PROVÉRBIOS 30,31
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EIS A BÍBLIA
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B
JBLIA significa "o Livro" por excelência, o livro dos
livros. Nome bem merecido por causa do cetro que leva
entre os produtos literários do mundo inteir� Consta
ao todo de 73 livros, repartidos pelo Antigo e Nôvo Testamento.
A palavra "testamento" denota o "testemunho de Deus, a carta
da sua aliança com os homens" Ambos compõem-se dos mes
mos elementos : história, que conta o passado; profecia, que
antecipa o futuro; teologia, que une o passado e o futuro no
seio da Verdade eterna. ( Fillion) - Hoje diríamos Kerigma.
Diz o Vaticano li: "Deus, pois, inspirador e autor dos
livros de ambos os Testamentos, de tal modo dispôs sàbiamen
te que o Nôvo estivesse latente ao Antigo e o Antigo no Nôvo
se aclarasse" Antigo e Nôvo formam uma montanha encimada
por uma Luz que é Cristo. São duas vertentes dessa montanha.
Uma anuncia a vinda do Redentor. A outra adora o Verbo
Encarnado, o Homem-Deus, que "levantou sua tenda entre
nós". A Bíblia abrange um espaço de 1.300 anos, na sua língua
hebraica, isto é antes de Cristo.
Consta de Livros históricos (21), Livros poéticos ( 7),
Livros proféticos ( 18 ). Tudo no Antigo Testamento. No Nôvo
Testamento enumera Livros históricos ( 5), Livros didáticos
(21) que são cartas dos Apóstolos, Livro profético ( 1), Apo
calipse.
Os nomes da Bíblia variam. Ora é chamada de Lei. Ora
Livro santo, santas Letras. Cristo Senhor usava o têrmo "Es
critura".
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Deus é o autor dos livros, fala o Vaticano li, confirman
do antiga doutrina da Igreja: "Ele utilizou-se dos homens
escolhidos, sem tirar-lhes o uso das próprias capacidades. E
isso a fim de que agindo êle próprio nêles e por êles, consig
nassem por escrito como verdadeiros autores tudo e só aquilo
que êle próprio quisesse". O Concílio vê nisso uma condes
cendência da eterna S abedo ria . Pois as palavras de Deus, ex
pressas por línguas humanas, se fizeram semelhantes à lingua
gem humana. Tal como outrora o Verbo do Pai Eterno, haven
do assumido a carne da fraqueza humana, se fêz seme lhan te
aos homens.
A par com tal grandeza caminha o lado humano. Vive
ram com diferenças de tempo e espaço seus escritores, assis
tidos por Deus. Escreveram sem errar, poré m , guardando os
matizes individuais de caráter, de estilo, de cultura, de região
e de época. Daí a encantadora variedade da Bíblia na sua uni
dade, na sua inerrância.
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A es tima da Igreja é estimulante. Sem receio afirma no
Vaticano li que sempre venerou as divinas Escrituras, como
ao próprio corpo do Senhor. Sob retudo, na Sagrada Liturgia,
toma sem cessar da mesa da palavra de Deus e do Corpo de
Cristo o pão da vida e o serve aos filhos. Nos Livros Santos,
com efeito, o Pai que está nos céus vem carinhosamente ao
encontro de seus filhos e com êles conversa.
Em tempos antigos o mesmo sacrário guardava o pão
eucarístico e os livros santos. Hoje ainda a Igreja fala da dupla
mesa "com a qual os fiéis se nutrem do Verbo de Deus com
a Sagrada Escritura e com a Eucaristia", como vimos acima.
A história eclesiástica está provando a afirmação. Os que difi
cu1tavam a recepção da comunhão, dificultavam também a
leitura da Bíblia. O rigorf usado para com a recepção da pri
meira vigorava também contra a segunda. Hoje a Igreja acen
tua o princípio, a afirmação antiga: "Ignorar as Escrituras é
ignorar a Cristo".
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a vida, homens autênticos. Previno já para a leitora não se
desorientar com tais encontros.
Mas a presença central é a de Cristo Redentor. E a do
Messias prometido, esperado, convidado de geração em gera
ção. Diz Charlier: "Nos dois planos, horizontal e vertical, lógi
co ou histórico, estável ou evolutivo, todos os temas dou
trinais da Bíblia se orientam para um só ponto: Cristo. Êle
é o centro da Bíblia no plano da encarnação da Palavra. Para
o homem chegar a Deus precisa juntar-se a Cristo. A Bíblia
é a Palavra de Deus que se faz audível. Cristo é a Palavra de
Deus que se faz visível. Deus só tem palavra. Pronuncia-a
sàmente para dá-la. Só a pré-encarna na Bíb lia, para encar
ná-la no seio da Virgem"
Santo Agostinho usa uma comparação que agradará à
leitora que já foi mãe ou está "esperando" Diz êle que "a Lei
é grávida de Cristo" O filho esperado já é uma presença para
a mãe. Entre êle e ela pode até haver um diálogo, fantasiado
pelo encantamento e preocupação da espera. E o qLtC acon
tece na Bíblia que espera e acolhe a C risto. Falando do Antigo
Testamento nosso mesmo doutor compara-o a uma lira. Sono
ras por natureza são sàmente as suas cordas. Entretanto a
caixa que as sustentam dá-lhes ressonância. O Antigo Testa
mento dá sonoridade ao nome e ao reino de Cristo.
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lugares. As normas absolutas e universais de moralidade são
certamente as mesmas, para todos os homens. Tais como o
são as normas da verdade. Todavia só lentamente se vão elas
impondo. E sempre parcialmente, graças aos esforços con
tínuos do cristianismo.
A moral semítica traz o colorido do deserto, onde a
vida individual não é possível senão integrada num corpo co
munitário, firme. Os atos dos indivíduos são julgados confor
me a repercussão sôbre a vida do clã. Aprova-se o que lhe
ajuda o desenvolvimento. Assim a destruição dos inimigos
da nacionalidade, a duplicidade para com êles, as leis sexuais
com vistas a evitar a extinção da família, etc. Nesta perspec
tiva comunitária os direitos dos indivíduos passam para se
gundo plano. Dêles abdicar em favor do grupo, parece normal.
Mesmo em circunstâncias que nos parecem heróicas, ou tal
vez repreensíveis.
De Abraão a Cristo podemos distinguir uma lenta e
ampla evolução moral, nem sempre retilínea, sofrendo recuos,
retrocessos temporários. Para nós é bom seguir-lhes a rota
na Bíblia. Apreciaremos melhor o tranqüilo pôrto da moral
cristã para a qual ela nos encaminhou. É bom a gente sentir
a servidão do jugo do pecado. A Bíblia acalca-o sôbre nossos
ombros. Então será mais compreendida a libertação que Cris
to nos adquiriu.
E. a vez dêste livro, em suas mãos, leitora. A vez, agora
que é extenso e intenso o interêsse pela Bíblia.· Vivo e atuali
zado pelo Concílio Vaticano /I, com a Liturgia da Palavra,
nas Missas .
Quero, com êle, a liturgia de sua vida sacramental de
casada, na Palavra. Por isso desfilam espôsas, mães e donas
de casa da Bíblia, aos olhos de suas companheiras de hoje.
Elas foram de ontem, mas humanas com nomes, qualidades
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e defeitos. Tumultuam na Bíblia com nossas aspirações, nos
sas fraquezas·, nossa vocação. E até com as baixezas de nossas
quedas, como alguém observou muito bem.
Língua, bôca, coração de Deus é nome dado por Santos
Padres à Bíblia. Logo as mulheres, boas e más nas suas voca
çõesi são contadas por Deus às suas irmãs de hoje. Pensadas
como modêlo e reprovação, como exemplares ou escândalos.
Mas sempre para instrução de boas vontades atentas.
Por isso o livro tem sua vez na atual época, no atual
interêsse com suas atuais leitoras.
O Autor
São Paulo, 20 de fevereiro de 1 968
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EVA
A MAE DOS VIVENTES
DEPOIS DISSE O SENHOR DEUS: NÃO É BOM QUE O HOMEM ESTEJA SÓ;
FAR-LHE-EI UM AUXILIAR IGUAL A ÊLE". DEPOIS DA COSTELA DO
HOMEM, O SENHOR DEUS FORMOU UMA MULHER E APRESENTOU-A
AO HOMEM E O HOMEM DISSE: DESTA VEZ É A CARNE DE MINHA
CARNE E O OSSO DE MEUS OSSOS; ELA CHAMAR-SE-Á MULHER POROUE
FOI TIRADA DO HOMEM". POR ISSO, O HOMEM DEIXA O PAI E A MÃE E
SE UNE A SUA MULHER E FORMAM UMA SÓ CARNE
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is aí o primeiro casamento no mundo. Mas que noiva
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leigos" . Em ambos os capítulos torna-se evidente o caráter
especial de " sinal" que cabe a êss<: estado, que é válido para
todos os fiéis. Em ver�ade do sacramento os cônjuges pos
suem, primeiramente um para o outro, uma função especial
de sinal e de atuação para o matrimônio, na verdade sempre
de Deus para criatura ( relativamente ) como Cristo para Igre
ja. E isso numa doação mútua e recíproca, dentro do matri
mônio : um pelo outro e um para o outro.
Em segundo lugar, a tarefa característica no matrimô
nio - como sinal e atuação - recai sôbre os filhos, consi
derando-se os laços da família que constituem a "ecclesia do
mest4;a". Neste, têm os pais o encargo especial de anunciar
o Reino de Deus, pelo exemplo e pela palàvra.
No matrimônio, como tal, a mútua reciprocidade é de
"um para o outro num duplo sentido : o de doar ( repre
sentando Cristo, a cabeça ) e o outro de r:eceber (represen
tando a Igreja ) . De fato, ambos juntamente no mesmo ato :
cada um é todo o amor ( gra-ça ) para o outro, enquanto ao
mesmo tempo recebe do outro todo amor ( e graça ) " ( Schulte,
no Vaticano 11 ) .
Em resumo, ajudam-se os cônjuges a santificar um ao
outro, de um duplo modo : na vida conjugal e na aceitação
e educação dos filhos. Por isso, no seu estado e função, têm
um dom especial dentro do Povo de Deus.
Falo linguagem do Vaticano 11, que abriu largos e lu
minosos horizontes . Não podem os casados de hoje viver
mirando os pequenos horizontes de suas casas. Quer o refe
rido Concílio que os pais sejam para os filhos, pela palavra
e pelo exemplo, os primeiros mestres da fé. Como vê a leitora,
trata-se da "presença da Igreja no mundo" por meio da vida
conjugal, da família na sociedade.
- Meu Deus, meu marido, meus filhos ! - a contínua
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presença do plano de Deus, falado no paraíso e continuado,
atualizado hoje, pelos fulgores do Vaticano 11. Falharia a
espôsa solícita pelas roupas, pelas d0enças e preferências do
marido, como única tarefa. Sem dúvida sobejam maridos
bem trajados, bem alimentados, bem saciados e acalmados
nos seus sentidos . Mas suas almas ? a vida divina nêles ? Não
compensa andar êle correto apenas na vida pr0fissional, so
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cial, mas ser um omisso na vida religiosa.
Sempre valerá a afirmação que reclama sejam marido
e mulher duas mãos postas, louvando a Deus. Pois haverá,
caso de um desinterêsse pelas almas, dois punhos acorren
tados na desgraça. Log0 a leitora será companheira e auxiliar
de seu marido, para êste mundo e para o outro . Nunca a
queixa de Adão se deve repetir :
" Senhor, a mulher que tu me deste, deu-me do fruto
proibido e eu comi"
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SARAI E AGAR
RELí\ÇÕES PATROA- EMPREGADA
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arai era espôsa dedicada, muito bonita e fiel compa
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Por que riu Sara, dizendo: "Possível
que eu dê à luz, agora que estou ve
lha?" Há, porventura, algo difícil pa
ra Deus? Voltarei a ti no momento
vital, e Sara terá um filho
(Gên 18,13-14)
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No deserto o anjo do Senhor encontrou a perseguida,
junto a uma fonte. Aconselhou-a que voltasse para junto da
sua senhora. Indicou o nome a ser dado ao filho que espe
rava: Ismael. Descreveu o gênio de Ismael e a enorme des
cendência dêle. O menino seria como um jumento bravo.
Sua mão se levantaria contra todos e a mão de todos con
tra êle .
Sarai, portanto, j ogou ·nos braços do marido outra
mulher. Já viu a leitora . quais 0s motivos que teve para usar
dessa tolerância. Hoj e são condenáveis as espôsas que ati
ram outras mulheres nos braços de seus maridos . São as
difíceis, as saudosas, as ausentes, as ultra-sociais esvaziando
o lar. São as desleixadas nos seus arranj os e vestidos. Lá
fora o marido encontra garridas e perfumadas primaveras.
Trazem o coração nos lábios e as promessas nos olhos. Por
instinto descobrem os maridos "viúvos", que têm espôsas vi
vas. Elas hoje são tantas e tais, como dizia nosso padre
Vieira!
Querem os Provérbios· "que os encantos da espôsa se
j am o recreio do marido, em todo o temp0 e no seu amor
busque êle as delícias" ( 5,9 ) .
Sarai é interessante sob mais um aspeto. Era de rara
formosura. Por duas vêzes foi tirada de Abrão e dada a sobe
ranos de duas terras . Dava-se como irmã de Abrão, a C0n
selho dêle. De fato o pai era comum, dela e dêle. Não, porém,
a mãe. Não ponha reparo nisso, leitora. Tudo tolerância do
Senhor, num povo de moral incipiente. Mas nada aconteceu
a Sarai. Os senhores que a tomaram foram avisados por Deus
e respeitaram-na. Abrão usou dêsse expediente para não ser
maltratado ou liquidado, se dissesse que era marido. O último
rqpt0r de Sarai deu-lhe um conselho : que tomasse cuidado
com sua beleza, para não ser "apanhada mais uma vez"
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Se você foi prendada com beleza, leitora, lembre-se da
função vocacional desta prenda. Destina-se ao marido, aos
filhos, aos planos de Deus. Não pode servir para exibição,
provocação e rivalidades . Nesse caso os Provérbios usam de
um têrmo para classificá-la. Por favor, leia no capítulo 1 1 o
verso 22!
Ouça a exclamação de Sto. Agostinho: "Deus, em quem
e de quem e por quem, é belo e é bom tudo que é belo e bom!"
Está aí a origem da beleza feminina.
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SARA E AGAR
DESAVENÇAS ENTRE DUAS MÃES
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menino pela mão e mágoa no coração. Acabada a água veio
a ameaça da morte pela sêde. A mãe deixa o menino sob um
arbusto e senta-se, pouco distante, em frente, porque não
queria ver o menino morrer. Chora e chama por Deus. E Deus
acudiu-a, garantiu-lhe a vida e o futuro do filho. Mais ainda.
Abriu-lhe os olhos e ela viu um poço, onde foi encher o odre
e deu de beber ao menino ( Gên 2 1 , 1 4ss ) .
Nesta história tem a leitora cenas domésticas desagra
dáveis. Crianças criando problemas para os pais. Mãe atribu
lada, com a morte diante· dos olhos. Mas aparece o dedo de
Deus mostrando um "poço de água", quando a desesperada
julga que ela e o filho morrerão de sêde. Sempre foi assim.
Deus tem ouvido muito fino para a prece aflita das mães, em
desertos ou fora dêles, antigamente e ainda hoje também.
Sara desagrada a leitora com sua ordem de expulsão.
Mas era ótima espôsa de um marido nômade, percorrendo
de ponta a ponta uma terra, conforme ordem de Deus ( Gên
1 7 ) . Sara não discutia itinerários nem perguntava por êles .
Hoje com maridos "turistas" é apreciada a espôsa que faz
o mesmo, não estraga a viagem com mau humor. Sara esfu
ma-se na sombra de seu marido . Mas ela foi grande quando,
velha e estéril, fêz seu papel no primeiro
' "triângulo" humano
que a história aponta.
Aqui tem a leitora uma das lutas entre patroa e escrava.
Hoje chamam-se donas de casa e domésticas com seus pro
blemas. Hoj e temos mentalidades mudadas e leis respectivas.
Leis que obrigam de lado a lado. Temos a tal justiça salarial
imperativa e temos, com sérias exigências, a lei da caridade.
Esta impõe trato digno da pessoa humana, preocupação com
a -vida cristã das domésticas. A doméstica não pode ser tra
tada como um móvel, uma mobília. Seu quarto exige ar e
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luz. O horário . de seu trabalho há de ser legal e humano, res
peitando seus deveres religiosos.
Os filhos da família hão de respeitá-la e jamais dela
abusar quando suas formas são bem desenhadas . Ainda vol
taremos ao assunto. Gostaria que alguém se lembrasse de
lhes preparar uma sede social, com reuniões sadias e alegres,
com assistências indicadas.
Nota interessante de um filósofo e economista cristão
diz: "Convém lembrar que não é só pelas desregras do sexo
que uma família se torna má; é também, e sobretudo, pelas
práticas da injustiça entre as quais devemos destacar o mo
do como se tratam as empregadas domésticas e o critério
com que se arranjam empregos para os filhos" (Claro e es
curo p. 147).
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REBECA
A MÃE PARCIAL
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m cenário idílico : um campo, uns camelos deitados ,
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ao mais nôvo" Nasceram as cnanças, Esaú primeiro e de
pois Jacó.
Diferenciaram-se os irmãos, sendo Esaú hábil caçador
e homem do campo, preferido pelo pai . Jacó era homem pa
cífico, de pele lisa e preferido pela mãe. Essa preferência
levou Rebeca a industriar o filho para iludir o pai com os
cabritos e com as roupas de Esaú, que tinham "fragância de
campo em flor" A bênção de um patriarca valia por uma
fortuna. Hábil dona de casa, Rebeca tinha tudo bem guar
dado e conservado como mostram as linhas do capítulo vin
te e sete do livro sagrado.
Preparou o ardil para iludir o velho quase cego qu�
era o pai, Isaac. E ainda mais. Afirmou que tomaria sôbre
si a maldição dêle, caso descobrisse a fraude de Jacó e o
amaldiçoasse. Com isso encorajou o tímido. Tudo por cau
sa da predileção pelo filho que era meigo, caseiro e não era
cabeludo e ruivo como o irmão. E assim conseguiu roubar
a bênção da primogenitura em favor do filho preferido .
"Nessa altura j á havia desaparecido o amor sentido
pelo velho espôso . Sua única paixão é seu filho favorito. Es
tá disposta a fazer tudo por êle. Na vida astuta dêsse filho
parece-nos ver uma prolongação das qualidades menos valio
sas de sua mãe" ( Morton ) .
Logo apareceu o resultado . Esaú, à vista do lôgro, quis
matar o irmão. Soube-o Rebeca e avisa seu queridinho, man
da-o fugir para junto de seu irmão Labão, em Haran . Me
rece louvores seu cuidado em impedir que o filho despose
algumas das môças de Het . Afirma que nesse caso prefere
morrer. Já estava vendo o acontecido com Esaú, casado com
uma hitita.
Môça prestimosa oferece-se a matar a- sêde de dez
camelos . Só vend0 quanto bebem, é que se pode avaliar a
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cortesia de Rebeca. Espôsa dedicada alegra o marido . Doria
de casa habilidosa sabe guardar roupas, preparar ràpidamen
te pratos a gôsto do marido, já de paladar envelhecido. Mas
falhou como mãe na preferência dada a Jacó.
Bem caro foi o preço que a vida cobrou do tal prefe
rido. f:le mesmo declarou a Labão, seu sogro : "Eis já vinte
anos que estou em tua casa; servi-te catorze anos por tuas
duas filhas, seis anos pelos teus rebanhos e dez vêzes modi
ficaste lJ meu salário" ( Gên 3 1 ,4 1 ). Mas o pior e mais dolo
roso foi o lôgro que lhe pregaram os filhos numa crueldade
inaudita. Mataram um cabrito e com seu sangue embeberam
a túnica de José, o filho predileto de Jacó, depois de o ven
derem aos ismaelitas. Queriam que o pai a visse e depois a
reconhecesse c0mo a de José, devorado por uma fera. Con
seguiram seu intento ( Gên 37,33 ) . Por favor, leitora, não
imite o êrro de Rebeca, aliás desculpada por alguns intér
pretes da Bíblia. Ela estaria ciente da venda da primogeni
-tura ao filho mais môço e dos desígnios de Deus, preferin
do-o como herdeir'J da promessa e da bênção. Favoreceu-o
por isso até com certos subterfúgios que nos parecem pouco
honestos . Mas em sua consciência pareciam legitimados por
aquela profecia durante seu parto ( Gên 35,2 1 ss ).
Mulheres da Bíblia levam muitas vêzes em seus nomes
o lema brevíssimo de sua vida. Rebeca quer dizer "arma
dilha", numa tradução ou interpretação, como observa Fau
lhaber. Em nosso caso serviu como tal. Caçou a bênção .do
velho Isaac para o filho preferid0.
Contudo Rebeca continua sendo proposta às espôsas
cristãs como modêlo de prudência, conforme lemos na bên
ção nupcial : " Evidentemente trata-se dessa prudência sobre
natural que consiste n'J profundo sentido do valor de tôdas
as coisas e gestões na perspectiva do plano de Deus" ( J . Le
cuyer ) .
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Bebe, meu senhor, e apressou-se em descer o
cântaro em sua mão e deu-lhe de beber
(Gên 24,18)
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Vê a leitora o exemplo de uma parcialidade materna .
Tudo em favor do filho que vivia agarrado à saia materna,
como dizemos nas famílias . Pagou por êsses def�itos . Pois
sua vida termin0u na obscuridade, como se fôra estéril, diz
J. Weisheu. Não teve o consôlo da presença de seus filhos .
Leitora e irmã, não lhe imite o êrro, que teve preç0 para ela
e para o filho. Preferências espalham rivalidades, enchem o
"paiol dos ressentimentos " Imperdoável seria imitar aquela
mãe parcialista, que justificava sua preferência por certo fi
lho. Mas, como ? Pois o filho lhe herdara os traços . a
voz . . os gestos . . . , os cacoetes . e os defeitos.
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LIA E RAQUEL
IRMÃS E M CONFLITO
ORA, VENDO RAQUEL QUE NÃO DAVA FILHOS A JACÓ, TEVE INVEJA DE
SUA IRMÃ E DISSE A JACÓ; "DA-ME FILHOS, SENÃO, MORREREI"...
PARTIRAM, DEPOIS, DE BETEL E QUANDO FALTAVA AINDA UM BOM
PEDAÇO DE CHÃO PARA CHEGAR A ÉFRATA, RAQUEL DEU À LUZ, MAS
TEVE UM PARTO DIFÍCIL. AO EXALAR A ALMA, POIS MORREU, PÔS-LHE
O NOME DE BEN-ONI
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ntes de falecer, o patriarca Isaac mandara seu filho
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secundárias. Naquele tempo não eram proibidos tais casa
mentos. Só depois ( Lev 18,18) Deus o s proibiu. Do con
trário a Bíblia não contaria o fato, caso fôsse chocante e
escandaloso.
Logo surgiram as rivalidades entre as irmãs. Lia, em
bora menos amada, foi contemplada por Deus com quatro
filhos. Seus nomes nasciam de circunstâncias eventuais ou
dos sentimentos da mãe. Naquele tempo as mães referiam
tudo ao Senhor, a esterilidade como a fecundidade, seio aben
çoado com o seio fechado. Entretanto Raquel, a predileta,
continuava estéril, roendo-se de ciúmes e inveja da irmã. En
tra em cena sua exclamação que encabeça estas linhas. Zan
ga-se Jacó porque não é "Deus para recusar ou dar fecun
didade" (Gên 30,2). Agora é a vez da escrava, Bala, en
tregue por Raquel como espôsa secundária. Por ela a estéril
seria fecunda. Veio um filho, mas vei"J outro para Lia, de
pois que sua escrava Zelfa já lhe dera dois filhos.
Raquel estava perdendo a aposta da fecundidade. Mos
trou-se supersticiosa com as suas mandrágoras. A irmã j á
contava com seis filhos, entre os seus e os da escrava. Mas
Deus lembrou-se de Raquel e tornou-a fecunda. Nasceu então
José que seria grande figura no Egito. Grata pelo filho disse
ela: "Deus tirou o meu opróbrio; dê-me o Senhor ainda
outro filho".
Raquel tinha acentuados defeitos. Há quem só lhe
reconheça apenas a beleza e muitas outras más qualidades.
O caso não é raro. Mostra sua inveja, seus ciúmes. Sabe dis
cutir, é petulante. "Como legítima filha de seu pai - observa
Faulhaber - é bastante sem caráter para se despedir dêle
entre enganos e mentiras. Sem o pai e o marido saberem,
havia empacotado sorrateiramente as imagens dos ídolos -
os terafim -, na supersticiosa intenção de tê-los consigo, co
mo amuletos para a viagem e como patronos do lar em sua
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nova pátria ( 3 1 , 1 9 ) . Quando o pai se tocou atrás da cara
vana, em busca também de seus ídolos, e entrou na tenda
da filha, foi por ela logrado ( 3 1 ,35 ) . Na nova pátria, porém,
pouco a pouco, foram-se esclarecendo as idéias religiosas de
Raquel. Como prova de tal esclareciment0, e divórcio dos
deuses estranhos, concordou com seu marido em sepultar os
ídolos, sobra do paganismo, em sua tenda, sob um terebinto,
perto de Siquém" ( 35,2-4 ) .
Os filhos de Lia e de suas escravas deixaram seus n'J
mes designando as tribos de Israel. Só o último filho de Ra
quel e mais dois netos fizeram o mesmo : Benjamim, Efraim
e Manassés. Ela não figura na genealogia de Cristo. Essa
honra coube a Judá, primogênito de Lia.
Raquel foi grande, morrendo mártir de sua vocação
materna. Nasceu-lhe "o filho da dor", como pronunciaram
seus lábios de moribunda : Benjamim ( Benoni ) . Já cumprira
sua missão. Seu marido levantou ali - na estrada, ao norte
de Belém - sôbre seu túmulo, um monumento que domi
nava como um sinal, até longe, aquela região. Diz Faulhaber
que até nossos dias continua apontado pelos peregrinos. úl
tima homenagem de Jacó à sua idolatrada espôsa. Velho e
alquebrado, contava êle a0s filhos : "Porque ao vir eu da
Mesopotâmia, morreu Raquel na terra de Canaã, ali no cami
nho. Era tempo de primavera e eu ia entrar em Éfrata e por
isso a sepultei perto do caminho que tem o nome de Bethlehem
ou Belém".
Pendem hoje bandeiras e estandartes ornando o tú
mulo da mãe-mártir. Cristãos, h ebreus e maometanos visi
tam-no com freqüência. Muitas vêzes passou ao lado de sua
sepultura um forte, esbelto e jovem herói : Davi . O profeta
Jeremias, ao ver o povo de Israel caminhar para o exílio, pare
ce ·ouvir um chôro saindo do túmulo da mãe Raquel : "La
mentações, amargo pranto ouve-se lá das alturas de Belém.
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Raquel chora seus filhos e não se deixa consolar porque não
mais exis tem" ( Je r 31,15 ) . Séculos e séculos depois há uma
luminosa noite por ali naqueles campos, quando anjos anun
ciam a chegada do Messias . Hoje a Liturgia da festa dos
santos Inocentes recorda o pranto de Raquel, misturado às
lágrimas das mães chorando o m0rticínio de seus filhinhos,
vítimas de Herodes .
Formosamente diz Faulhaber : "Mais tarde, o Emanuel,
no caminho de Belém a Jerusalém, passou pela sua sepultura
e a sombra dêle caiu sôbre o seu túmulo. Então foi como se
os ossos de Raquel jubilassem no fundo da cova, como João
no seio de sua mãe, e saudassem a "esperança das colinas
eternas" Doutro lado, também a sombra do Emanuel sau
dou a falecida e lhe terá dito o que disse a um contempo
râneo : "Também tu não estás longe do Reino de Deus" ( Me
12,24 ) .
Raquel foi mãe heróica. Teve, tem e terá suas imi
tadoras nas maternidades cristãs . São tantas as mães que
ainda hoje enfrentam o dilema da vida ou da morte, acabando
por escolher a vida para os seus filhos e a morte para si mes
mas . Deixam assim o heroísmo como herança de sangue e
de lágrimas . Leitora e irmã, ao chegar a " sua hora", tenha
você a "misericórdia de Deus como parteira" , na bela expres
são da bênção antes do parto. Portanto, procure tal bênção
com confiança inabalável . Mas não vacile n0 dilema. Lem
bre-se que a vida não tem bens suficientes para nos indenizar
do esquecimento, da covardia perante um dever.
Um dia o nome de Raquel foi invocado como bênção
no casamento de Booz com Rute ( Rt 4,1 1 ) E quando você
.
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TAMAR
ASTÚCIA DE MULHER
CERCA DE TRÊS MESES DEPOIS, FOI DITO A JUDÁ: "TAMAR, TUA NORA,
PROSTITUIU-SE, E INCLUSIVE CONCEBEU DA SUA PROSTITUIÇÃO". JUDÁ
ORDENOU: "TRAZEI-A PARA FORA PARA SER QUEIMADA”. MAS
QUANDO ERA LEVADA PARA FORA, ELA MANDOU DIZER A SEU SOGRO:
"DO VARÃO A QUEM PERTENCEM ESTES OBJETOS EU CONCEBI". E
ACRESCENTOU: “EXAMINA BEM DE QUEM SÃO ESTE SELO, O CORDÃO E
O CAJADO”
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amar, ficara viúva de Her, primeiro filho de Judá.
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Do varão a quem pertencem.
êstes objetos eu concebi. Exa
mina bem de quem são êste
sêlo, o cordão e o cajado
(Gên 38,25)
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tuta, aceitando o cabrito a lhe ser mandado, exigiu a entrega
imediata de um penhor. f:sse penhor consistia no anel, no
cordão e no bastão que estavam com Judá. Indicavam êles
a importância de seu dono e o bastão era encimado por uma
flor ou um fruto ou um passarinho. Assim era fácil reco
nhecer a quem êle pertenceria.
Com Tamar ficaram êsses objetos e um filho conce
bido. Judá mandou por um amigo o cabrito, para retirar o
penhor das mãos "daquela" mulher. Era uma posse incomo
dativa, mais do que objetos e perfumes que maridos infiéis
trazem em seus carros, hoje em dia. Tamar não foi encon
trada e os interrogados negaram morasse entre êles uma hie
ródula.
Noticiada a Judá a infidelidade da noiva-viúva, as
coisas precipitaram-se. Noiva e espôsa estavam sujeitas ao
mesmo castigo quando infiéis : fogueira. O sogro decidiria,
como o fêz Judá. Mas no caminho para o suplício, Tamar ex
clamou, mostrando o tal "penhor" que recebera : "Do varão
a quem pertencem êstes objetos eu concebi; . . examina bem
de quem são êste anel, o cordão e o cajado" Judá, reconheceu
-os e disse : "Ela tem mais razão do que eu, porque eu não a
dei a Sela, meu filho" ( Gên 38,25-26 ).
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var os pecadores, admite pecadores e pecadoras na sua ge
nealogia, como os admitirá na hora da morte na cruz. Hoje
admite-os na arrependida confissão.
O cardeal Faulhaber chama Tamar, do ponto de vista
da moral, "uma figura tenebrosa da era dos patriarcas" E
isto não obstante seu belo nome de " Palmeira" Casada repe
tidas vêzes com homens moralmente degradados, perdeu ela
mesma sua firmeza moral. Uma comovedora tragédia j az
oculta sob o nome de Tamar, o primeiro nome de mulher do
Evangelho. ( Nota - Primeiro evangelho é o de S. Mateus ) .
Na árvore da genealogia de Cristo esta pecadora oca
sional é uma fôlha atrás da qual se esconde um segrêdo. Que
segrêdo ? Deus não pensa como nós, ao escolher os antepas
sados para seu Filho, nascido de uma Virgem Santíssima. �
isto que motiva as obras de apostolado em favor das decaí
das. Santos e santas de Deus interessaram-se por elas ao
longo da história. Oltimamente Pio XII e Paulo VI encora
j aram a campanha para reeducá-las, reclassificá-las.
Queira você, leitora, sintonizar suas idéias e seu cora
ção com estas ondas. Partem do coração de Deus .
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ESPOSA DE PUTIFAR
SEDUTORA RE PELIDA
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Mas êle deixou-lhe o manto na mão e, fugindo, saiu
para fora
(Gên 40,12)
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indagações por parte de Putifar, que " só sabia de seus ban
quetes" .
Minha leitQra detesta certamente tôda infidelidade por
parte do marido. Sei que é imenso o número de espôsas
traídas, humilhadas, publicamente não raras vêzes. Contudo
eu lamentaria se você andasse justificando seus passos erra
dos com os crimes do marido, reais ou supostos. Nã0 acuse
a Igreja de ser tolerante com os homens e implacável com
as mulheres . A moral é uma para homem e mulher. Já dizia
são Jerônimo : " Entre cristãos o que está proibido à mulher
continua proibido ao homem".
Na Lei antiga havia o test "das águas da amargura"
( Núm 5 , 1 8 ) . Eram águas da maldição, obedeciam a certo
rito e deviam ser bebidas pela mulher de cuja fidelidade ti
nha o marido ciúmes, desconfiança. Mal algum sofria a acu
sada, bebendo a água amaldiç0ada na sua inocência. Não
estava devendo culpa alguma. Mas a maldição era instantâ
nea, quando acusação e culpa coincidiam no caso. Eis a
maldição divina no rito dessas águas : "O ventre da mulher
inchará, seus flancos emagrecerão e ela será uma maldição
no meio de seu povo" ( Núm 5 ,27 ) . Ao contrário, sendo ino
cente, nada lhe acontecia, e era recompensada com filhos .
É impressionante para uma cristã saber que, como in
fiel ao marido, será uma maldição no meio de sua família,
de seu povo. Já nã0 existem as águas da amargura, mas a
maldição do pecado continua em pé. Portanto, leitora irmã,
é seu marido um infiel ? Lastime seu crime como cristã, acon
selhe-se como espôsa, mas jamais se converta em outra mal
dição na casa, imitando-lhe o êrro numa criminosa desforra.
Está aí o heróico exemplo da patrícia romana, Isabel Mora,
suportanto e rezando por um marido viciado e infiel. Con
verteu-o.
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Nunca será demais afirmar que valores diferem de
valores, conforme o ângulo que se toma. Uma cristã leviana,
mundanizada, não sente o pêso de um pecado de infideli
dade. Não tem instinto de sacramentada para aperceber-se
dos perigos e das ocasiões que a isso levam. Pior ainda. Bem
pode ser o marido o primeiro a expô-la ao êrro e depois fazer
dêle um drama ou uma tragédia.
Por isso a lei tora há de ser, com a graça de Deus, a
primeira protetora de si mesma, da sua fidelidade, venham
de onde vierem os perigos.
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ASENET
A ESPÔSA VENCIDA
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P
ermita-me a leitora deixar o chão firme da história,
para pisar terra iluminada pela luz de um luar de lenda.
Não está na Bíblia o que vou relatar. Mas vem lem-
brado por escritores apócrifos e é do conhecimento de São
Jerônimo. Nada de confundir êste Putifar com o marido da
mulher infieL Diz a lenda que Asenet era formosíssima jovem,
muito briosa e presunçosa. Sabia-se uma formosura. Era
de costumes muito puros.
A isso unia profundo desprêzo a todos os homens e
só tolerava ter por espôso o filho do próprio Faraó. Na casa
paterna havia uma tôrre muito alta que terminava num apar
tamento de dez aposentos. Eram todos enfeitados com luxo
e gôsto. Lá vivia nossa Asenet no meio de ídolos, de estátuas
e de riquezas . Sete môças, lindas como estrêlas, serviam-na.
E tôdas da mesma idade, nascidas numa mesma noite.
Ao ouvir que seu pai pretendia desposá-la com José,
como corria de bôca em bôca, indignou-se. Casar com um
arrivista, um estrangeiro, um heb reu ? Nunca! Dar sua linda
mão a um antigo escravo, entregar-se a um homem que tentara
seduzir a espôsa de seu amo? Jamais! Não era êsse herói um
evadido de uma prisão? Onde se viu ser ela o prêmio para um
adivinhador de sonhos, coisa que qualquer mulher velha podia
fazer ? Ela, Asenet, de modo algum diria um sim à descabida
proposta.
Mas um dia anunciaram-lhe que, pela manhã, chegaria
José. Depressa Asenet sobe à ponta da tôrre, para evadir-se
ao necessário encontro. Levada pela curiosidade, espreita o
visitante que repudiava. Mal o viu ficou cativa da beleza
irradiante de sua pessoa. Trazida à sua presença, sentiu frou
xos seus j oelhos e exclar.nou : " Pobre de mim! Sou uma 'insen
sata por ter desprezado êste homem, dono de beleza sem par.
Sim, que o pai a êle me entregue, como escrava e não como
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Nasceram a José dois filhos, que
lhe deu Asenet, filha de Putifar,
sacàdote de On
(Gên 41,50)
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espôsa. Servi-lo-ei por tôda minha vida" E a José : "Salve o
senhor que é um abençoado de Deus".
- Salve, - retrucou José. - O Deus de Jacó lhe dará
também a bênção.
E quando a convite do pai quis dar a José o beijo da
paz, êste deteve-a c0m as palavras : "O homem cuj a bôca
abençoa a Deus vivo, não saberá retribuir o beijo da paz à
mulher estrangeira, cuj0s lábios bendizem os ídolos,. inanima
dos e surdos" Diante de tão severo acolhimento, Asenet rom
peu em lágrimas . Compadecido disse-lhe José, abençoando-a :
- Deus de Israel, Deus de meus pais, vós que fazeis
nascer a luz das trevas, a verdade do êrro, a vida das sombras
da morte, abençoai esta j0vem e purificai seu coração, dignan
do-vos contá-la um dia no número do p0vo eleito. Purifi
cai seu coração para isso !
Voltando a seus aposentos, Asenet jog0u pela j anela
seus ídolos. Cobriu-se de luto e chorou durante uma semana
inteira. No fim dêsses dias, um anjo do Senhor trouxe-lhe a
garantia de Deus lhe haver perdoado os pecad0s e que casaria
com José. O Faraó em pessoa quis presidir as núpcias . Du
rante uma semana foi feriado nlJ Egito.
Passado êsse tempo, José cuidou de seu cargo, amea
lhando fartura para os dias de penúria. Sua carruagem era
luxuosíssima, puxada por quatro cavalos brancos como a neve.
f:le, vice-rei, traj ava vestes r�ais, pondo em alegre alvorôço
os lugares onde passava. E então as môças, largando suas
ocupações, iludindo as vigilâncias, "correndo pelos muros"
queriam ver êsse homem de fortuna e de beleza deslumbrante.
Diz a Bíblia que Asenet deu dois filhos a José : Manas sés
e Efraim . Seus nomes eram descritivos dos favores outorga
dos·por Deus. O velho Jacó, já doente no EgitlJ, disse : "Manas
sés e Efraim são meus filhos como Rubem e Simeão" Pediu
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que dêle se aproximassem e tomando-os nos braços beijou-os.
Depois deu sua bênção de patriarca aos dois meninos. Propo
sitalmente trocou as mãos, colocando a direita sôbre a cabeça
do mais nôvo, Efraim. Reparando o engano, quis José corrigi-lo,
avisando que Manassés era o mais velho . Mas o patriarca
recusou a troca, profetizando que o mais nôvo cresceria mais
do que o outro e " sua posteridade tornar-se-ia uma multidão
de nações" ( Gên 48,5 .i 7 ss )
.
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RAAB
A HOS PITALEIRA DE MÁ FAMA
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Josué conquistou a cidade, acentuando a ordem aos
dois espiões para que retirassem da cidade Raab e sua família.
Foi fácil dar com a casa de cuja janela pendia a corda escar
late. Assim foi salva aquela pecadora. Foi uma declaração de
fé que a salvou, acentua São Paulo ( Hebr 1 1 ,3 1 ) E suas obras
.
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difícil extirpar êste mal, quanto é hábil o renascimento sob
formas mais ou menos clandestinas, desprezand0 as institui
ções legais mais preciosas , que infelizmente com muita fre
qüência permanecem ainda "letra morta, por uma culpável
inação dos podêres públicos.
A luta na qual vós estais engaj ados não apenas não
deve diminuir o seu esfôrço, mas pel0 contrário deve-se in
tensificar de tôdas as maneiras . Esfôrç0 de informação e
educação, para que cada um compreenda a parte de sua
responsabilidade nesta dolorosa situaçã0 e as conseqüências
decorrentes do cumprimento de seus deveres de cidadão livre
e responsável. Além disto êstes esforços encontram uma pro
funda ressonância, com tôda naturalidade, em nossos contem
p0râneos porque se incluem na linha das conquistas que nossa
época - dizíamos há pouco - exige com justa nobreza. Em
que tempo fomos mais sensíveis do que hoj e aos direitos e
à dignidade da pessoa humana ? Quanto temos mais protes
tado contra a 0pressão, tomado a defesa dos fracos, reinvi
dicado a autonomia da pessoa humana "à exploração do homem
pelo homem" ? Porém em que domínio esta exploração é mais
evidente e mais revoltante a não ser neste indign0 comércio,
que podemos com razão chamar como a forma mais degra
dante e desprezível da escravidão moderna, vergonha da so
ciedade ?"
E Paulo VI passa a falar da obra de reeducação, do
problema da reclassificação, d0 inserimento na vida normal
das vítimas, j á levantadas e desejosas de um lugar honrado
na sociedade. Fala da sua alegria em ver aumentados os cen
tros de reeducação e assistência onde se preparam espôsas e
mães dignas dêste nome ( 1 3 de maio de 1966 ) .
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do apostolado leigo. Em nossa terra o Exército da Salvação,
( irmãos separados) dá uma lição a nós católicos, no que faz
pelas decaídas.
Por isso, reforme você suas idéias, suas expressões e
atenda ao apêlo dos papas. Ajude a levantar as d ecaídas, a
inseri-las num lugar honrado na sociedade. Dê seu apoio a
centros onde as infelizes são preparadas para serem "espô
sas e mães dignas dês te nome" Assim você será cristã .
atualizada.
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RUTE
A N OR A AFE IÇ OADA
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N
o tempo da fome um homem partiu de Belém com sua
mulher e seus dois filhos . Foi morar nos campos de
Moab . Mortos o marido e os dois filhos, já então casa
dos, Noemi, a viúva, resolveu regressar para sua terra. Orfa
e Rute acompanharam a sogra desolada. Mas a certa altura ela
aconselhou-as que voltassem para suas terras, e chamou sôbre
elas muitas bênçãos. Falou da sua dor por ter perdido marido
e filhos . Choraram as noras, mas Orfa beij ou-a e voltou.
Nossa Rute respondeu-lhe como acima leu a leitora.
Nova insistência de Rute mencionou o Deus de Noemi,
em resposta aos deuses mencionados pela sogra. O primeiro
era o verdadeiro e os outros eram falsos deuses pagãos . Não
estranhe a leitora essa menção. Como israelita, Noemi conhe
cia o verdadeiro Deus . Todo o mundo antigo admitia que QS
deuses estrangeiros recebiam um culto legítimo em seus terri
tórios respectivos. A mudança de região acarretava troca de
religião . Daí o conselho dado a Rute para que voltasse para
os deuses de sua terra ( Louis Pirot, La Sainte Bible ) .
Também não adiantou Noemi dizer-lhe que nã0 podia
arranj ar-lhe marido e com êle um filho também. Bela união
de duas criaturas, que até hoje são sinônimos de briga e rixas.
O idílio continua cada vez mais humano e encantador. Chega
das a Belém, as mulheres da cidade foram saudar Noemi
( a amável ) , bela e querida, que agora trocava seu nome pel0
de Mara, a amargurada.
Rute, com a permissão da sogra, foi então respigar no
campo de quem a acolhesse. :E:sse campo foi o de Booz, o
filho de Raab . Homem b0m, e já de mais idade, interessou-se
êle pela "jovem moabita" , falou-lhe com brandura, querendo
bebesse ela água da mesma bilha das servas . À hora do almôço
fêz questão da presença de Rute ao seu lado com os ceifado
res . Deixou ordem aos mesm0s : "Não a molesteis e deixai
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cair, como por descuido, algumas espigas ( de trigo) para
que ela as apanhe; sobretudo não a censureis de forma algu
ma" ( Rt 2 , 1 5 ).
Nossa bela ceifadora voltou bem carregada para casa
e relatou a boa acolhida recebida. Noemi informou-a sôbre
o parentesco de Booz, sôbre seu direito de "resgate" sôbre
ela e a nora. Abria com isso um futuro risonho para a nora,
que podia ser de.sposada por B00z. �ste nosso fazendeiro
foi mais longe, aconselhando Rute a respigar cevada e trigo
nos seus campos até o fim da colheita, sem procurar outros
lugares. Pois já tinha ouvido falar da sua bondade para com
a cunhada, Noemi.
O desfecho é rápido . A conselho de Noemi, Rute vai
deitar-se, à noite, aos pés de Booz. Nem faltou a cautela nos
pormenores. Deveria lavar-se, ungir-se, pôr suas melhores
vestes e apresentar-se sem se deixar reconhecer por êle, a não
ser depois de deitado. E entrando deveria levantar a cober
tura dos pés do adormecido . E depois esperar o que o acor
dado lhe diria.
Foi seguido o roteiro traçado pela sogra casamenteira.
"Booz comeu e bebeu e o seu coração ficou alegre; depois
disso deitou-se junto de um monte de feixes . Rute aproxi
mou-se de mansinho, afastou a cobertura de seus pés e deitou
ali. Pela meia-noite o homem despertou espavorido; . voltou-se
e viu uma mulher, deitada a seus pés.
- Que és tu ? - disse-lhe.
- Eu sou Rute, tua serva, - respondeu ela. - Esten-
de o teu manto sôbre tua serva, porque tens o direito de
resgate.
- Deus te abençoe, minha filha, - disse êle. - Esta
tua última bondade vale mais que a primeira, porque não
escolheste jovens, pobres ou ricos. Agora, minha filha, não
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temas; tudo o que disseres eu te farei. Pois todo mundo sabe
que és uma mulher virtuosa ( Rt 3,7ss).
A conselho de Bo0z, Rute ali dormiu até pela manhã
e levantou-se antes que os companheiros seus pudessem conhe
cer uns aos outros. Era medida de prudência exigida pela
sua honra e a de Booz . :f:ste, sempre correto e respeitador,
foi primeiro acertar com outro homem, que tinha o direito
de resgate, o sim ou não no caso . Tudo feito com publicidade,
à porta da cidade, lugar usado para conhecimento do povo.
:f'.ste cidadão desistiu de seu direito. E Booz "resgatou"' �
j ovem moabita, casando-se com ela, para lhe dar filhos como
a lei mandava.
Os passos dados, a conselho de Noemi, poderão colocar
Rute em luz menos bela, aos olhos da leitora. Mas se trata
de uma jovem virtuosa e de um homem temente a Deus.
Era o uso que justificava tal atitude. Do contrário Noemi
não teria dado os conselhos .
Rute foi mãe de Obed, avô de Davi de quem Cristo é
chamado filho. Entrou na genealogia do Messias esperado.
Dois pormenores interessantes trazem convergências de
luz sôbre o sucedido. As bênçãos que o povo chamou sôbre
Booz ao escolher Rute por espôsa e as exclamações das mu
lheres quando nasceu um filho para o casal. Diziam elas a
Noemi : "Nasceu um menino de tua nora, de tua nora que
te ama e é para ti mais preciosa do que sete filhos" ( Rt 4 , 1 5 )
.
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Quantas vêzes êles arranjam um salvo-conduto dela, quando
o retôrno à casa paterna é arriscado !
É neste livro que aparecem as sandálias entregues como
garantia de uma palavra empenhada ou negócio realizado. No
quadro bizantin0 de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro elas
estão caindo dos pezinhos do Menino Deus. Simbolizam entre
ga dos frutos da redenção por meio de Nossa Senhora.
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SEILAM
A MATERNIDADE FRACASSADA
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certamente sonhava com as mais íntimas ânsias femininas :
um marido, um lar e muitos filhos e descendentes que fica
riam à espera do Messias prometido. Seria disputada sua
mão pelos mais nobres jovens do país . E agora aquela pro
messsa paterna de imolar a filha, em holocausto, atirava tudo
por terra !
Mas Seilam foi valente. Depressa recompôs-se e imor
talizou-se com heróica resolução : "Meu pai, já que deste tua
palavra ao Senhor, cumpre em mim o que prometeste, dep0is
que o Senhor, de sua parte, te deu a vitória sôbre teus inimi
gos" ( 1 1 ,36 ) . Seilam sabia ser sua vida o preço pela vida
dos outros, pela honra das mulheres. Rezava então o lema
do inimigo pagão, depois da vitória : "As mulheres a vergonha;
aos homen.s, a morte". Daria sua vida como condição da
vitória.
Seilam viu que não seria espôsa nem mãe. Não teria
filhos e descendentes à espera do Salvador. Pediu por isso
ao pai um prazo "para chorar a minha virgindade com as
minhas amigas" Recebeu a licença e durante dois meses
Seilam saiu pelas colinas com suas companheiras, chorando
a sua virgindade. "Passado o prazo, voltou para seu pai, e
êle cumpriu o voto que tinha feito. Ela não tinha conhecido
varão. Daqui veio êste costume que todos os anos as donzelas
israelitas reúnem-se para chorar quatro dias a filha de Jefté,
o galaadita" ( 1 1 ,37-38) .
Sem dúvida, tudo nos oarece bárbaro no voto de Jefté.
Mas o pobre pai era filho grosseiro de uma época também
grosseira. Voto era voto, palavra dada era sagrada,. ainda
mais quando se "abria a bôca ante o Senhor" Sempre na
boa fé foi, contudo, "insensato ao oferecê-lo, indiscreto e desu
mano no seu cumprimento", como observa Santo Tomás . Tudo
isto não impede a admiração por Seilam que foi morta, em
holocausto ao Senhor. Ofereceu sua vida, com todos os belos
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sonhos da mocidade, em agradecimento pela vitória paterna.
Sacrificou-se pelo seu povo, pela vida dos homens e pela honra
das mulheres.
Foi lograda na vida, mas foi grande na morte. :E: uma
heroína bíblica. Não se sabe a quem mais admirar, se o pai
vencedor de valoroso inimigo ou se a filha vencedora na
morte, comentou alguém. Não . Muito maior do que o pai
foi a filha, chorand0 sôbre as colinas e deixando a tradição
dêsse pranto para as môças de sua terra. E isto por muitos
e muitos anos .
Faulhaber 0bserva que criações artísticas, como de
Haendel em seu Oratório e Balde em seu drama, levantaram
monumentos destacados à heróica virgem, a Ifigênia bíblica.
Está certa, leitora, a sentença afirmando ter a mulher,
em reserva, tôdas as qualidades do homem para a salvação
da sociedade. Importa ir formando nos filhos a coragem
perante o dever, pequeno ou grande, diário ou imprevisto.
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A MÃE DE SANSÃO
ES PÔ S A· SINGU LAR E FRANC A
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primeira vez, c0m as mesmas ordens pelas quais Manoé in
dagou.
"Abstenha-se tua mulher de tudo o que eu lhe disse.
Não prove nada d0 que venha da videira; não beba nem vinho,
nem licor, nada coma que seja impuro e observe tudo o que
lhe prescrevi"
Grato pela notícia queria Manoé obsequiar o enviado,
mas ignorando que era o anj o do Senhor. Nada adiantou per
guntar-lhe pelo nome "que era magnífico" Oferecido em holo
causto um cabrit0, viu o casal o homem de Deus elevar-se
para o céu. Manoé e sua espôsa caíram com o rosto por
terra. Achou o marido que agora iriam morrer por terem
visto a Deus. Mais sensata, atalhou a espôsa : "Se o Senhor
n0s quisesse matar, não teria recebido de nossas mãos o holo
causto e a oferta; não nos teria mostrado tudo o que vimos,
nem nos teria dito tudo o que hoje nos revelou" ( ib . 1 3 ,23 )
.
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Sansão tinha uma missão especial, como o anjo anun
ciou. Seria um nazireu, isto é, um consagrado ao Senhor,
à sua missão. Todo filho de uma cristã é um consagrado ao Se
nhor, tem uma missão para com o povo de Deus . Nasce com pro
grama para o reino de Deus. Hoj e o Concílio Vaticano 11 men
ciona o feudo dos nazireus modernos : apostolado leigo, inva
são de tôda a instituição da vida, para transformá-la dia a dia.
Sansão deu testemunha da fôrça do Senhor. Seus fi
lhos, leitora e irmã, serão testemunhas da verdade e do amor
de Cristo. Ora, isso requer sacrifícios morais, como a gravidez
impõe sacrifícios físicos, corporais. Não se esqueça de pedir
a bênção ritual para antes e depois do parto. .
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DALILA
A MU LHER TRAIDORA
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da festa : sete dias . Nada puderam decifrar, nos três primei
ros, os trinta rapazes. No sétimo dia saíram com a ameaça
que encabeça estas linhas. A pobre mulher corria perigo de
morrer numa fogueira, com todos os seus. Ei-la no seguinte
diálogo com o marido, tôda desfeita em lágrimas :
- Tu me aborreces . . Tu não me amas . . . Propuseste
um enigma aos filhos de meu povo e não mo explicaste.
- Nem sequer - retruca Sansão - aos meus pró
prios pais eu o expliquei e haveria de explicá-l9 a ti ?
Mas ela chorava e repetia suas queixas durante dias .
Enfim importunado por sua. mulher, deu-lhe a chave do enig
ma. Mais do que depressa a chorosa foi contar aos seus
compatriotas a solução . Os instruídos deram então a solu
ção : Que coisa é mais doce do que o mel e que coisa é mais
forte que o leão ?
Naturalmente irritou-se Sansão e não duvidou da cul
pada e indiscreta. Zombeteiramente respondeu aos decifra
dores : "Se vós não tivésseis lavrado com minha novilha, não
teríeis descoberto o meu enigma" Retirou-se da festa zanga
do. Pagou a multa, matando e espoliando as vítimas de seus
mantos e vestes bonitas .
A mulher de Sansão revive hoj e em muitas espôsas
que dependuram o amor do marido em ninharias . Não mor
reram as chorosas que o atormentam, por muito mais tempo
do que sete dias .
Vivem tão sozinhas ! Tomam-se por viúvas com maridos
ainda vivos ! Você, leitora, ganharia muito com um vigilante
exame de suas queixas sôbre o tão chamado pouco amor do
marido. Quando verdadeiro, o amor mais dá do que recebe.
Em nossa história o desfecho foi mau para a espôsa
indiscreta e carpideira de sete dias . Seu pai, achando que ela
enojara a Sansão, deu-a em casamento a um dos convidados
para a festa. Quando Sansão a procurou, e soube do aconte-
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cido, enfureceu-se e jurou vingança. Esta realizou-se no dia
em que, prendendo trezentas rapôsas, amarrando-as duas a
duas com uma tocha acesa entre as caudas, soltou-as nas
searas dos filisteus. Incendiou assim o trigo que estava enfei
xado e o que estava de pé, queimando mesmo até as vinhas
e os olivais. Indagaram os filisteus pelo responsável. Soube
ram o seu nome, Sansão.
Mas queriam saber a causa do enfurecimento dêsse
homem perigoso. Disseram-lhes que fôra o sogro, por ter
dado a mulher de Sansão a um de seus convidados . Então
os filisteus queimaram a mulher juntamente com o seu pai .
Uma mulher, reclamando amor, e acabando numa fogueira
de ódio!
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DÉBORA, JAEL E A MÃE
53³4)*45»3*"4%*'&3&/5&4
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lecimento de seu marido abatido com reveses. Disse-me certo
amigo : "Graças à coragem que me deu minha mulher, pri
vando-se de muita coisa e trabalhando comigo, recuperei o
que tinha perdido. Depois de Deus, a ela devo a vitória"
Belo elogio ! E adiantará a leitora virar carpideira, recrimi
nando o fracasso, culpado ou não, do marido ? Que adian
ta estar-lhe recordando o " naufrágio" da fortuna. Compare a
linguagem de Débora : levanta-te, porque êste é o dia da
vitória!
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tais, eram crimes contra os direitos de hospedagem. Crimes
que bradavam aos céus. Mas abstenhamo-nos de julgar a
consciência moral dos séculos pré-cristãos pela lei m0ral do
Evangelho e medir tais acontecimentos daquela época pela
medida do sermão da montanha. Jael, a quenita, subjetiva
mente, talvez agisse de boa fé, considerando sua ação como
legítimo ardil de guerra. Objetivamente, não deixa de ser
uma transgressora da ordem moral . Nos cântic0s de liber
dade de seu povo ela é festej ada como heroína nacional.
Mas como heroísmo moral não se pode justificar sua ma
neira de agir"
Por isso nã0 exijo que a leitora aperte a mão ensan
güentada desta mulher e hospedeira da morte. Pode seguir
os conselhos da Bíblia que glorifica a hospedagem como orna
mento da dona de casa. Não se paute apenas pelas normas
da sociedade. Impere uma visão cristã, pelas n0rmas da sã
prudência. Não converta sua casa num castelo, sempre de
pontes erguidas e inacessível. Nos horrores da guerra mun
dial ( segunda) brilhou êsse espírito cristão em muitas famí
lias, acolhendo refugiados expulsos de seus lares.
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"Talvez reparta ainda a prêsa e as mais belas mulhe
res lhe caibam. Coloridos vestidos para Sisara e j óias sor
tidas de adôrno" ( 9,30 ) . A n1 ãe conta as horas até a volta
do filho, as damas da côrte alegram-se com vestes coloridas
( Faulhaber ) . Pobre mãe! Numa poça de sangue, com o nome
desonrado por ter sido morto por uma mulher, jaz teu filho
na tenda de J ael.
Leitora, se você é mãe, conte com a providência de
Deus e peça sua intervenção em favor dos filhos ausentes,
empenhados em profissões arriscadas. A Bíblia mostra o Se
nhor sempre pront0 em atender súplicas maternas . Oração
de mãe é poderosa porque interessa a Deus ajudá-las como
"representantes e encarnações" de sua Providência na terra.
Viva você à altura de tão honrosa delegação !
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ANA
MÃE PELA ORAÇÃO
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Senhor dos exércitos, se vos dignardes
olhar para a aflição da vossa serva e vos
lembrardes de mim, e, não olvidando a
vossa serva, lhe derdes um filho varão, eu
o oferecerei ao Senhor durante todos os
dias de sua vida
( lSam 1 ,1 1 )
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o cumprimento do voto. Samuel - "eu ó pedi ao Senhor"
- depois de desmamado foi conduzido pela mãe a Silo, ac
templo. Lá a mãe o deixou consagrado a Deus.
- Eis aqui o menino por quem orei a<J Senhor, disse
Ana ao apresentá-lo a Heli. O Senhor ouviu meu pedido.
Portanto, eu também o dou ao Senhor a quem será consa
grado para todos 0s dias de sua vida ( 1 ,27 ) . Lá ficou o meni
no "ainda muito criança" e crescia na companhia do Senhor,
diz a Bíblia.
Ana não se esquecia do filho dado a Deus . Fazia-lhe
cada ano uma pequena túnica que lhe levava quando ia com
o seu marido oferecer em Silo o sacrifício anual. Então Heli,
o sacerdote, abençoava novamente o casal, "para que Deus
concedesse filhos desta mulher, em recompensa do dom que
ela lhe fêz" ( 2,20 ) . Visitou o Senhor Ana e ela deu à luz
três filhos e duas filhas . Entusiasmada, a contemplada can
t<Ju um hino de louvor ao Senhor que "dá a vida e a morte"
" Então Ana orou, dizendo : Exulta o meu coração no
Senhor, ergue-se a minha fronte ao meu Deus ; abre-se a mi
nha bôca contra os meus adversários, porque me reg<Jzij o
com o vosso auxílio . Não há santo como o Senhor, nenhum
fora de vós ; não há rocha como o nosso Deus . Não faleis tão
altivamente, não saia insolência da vossa bôca, porque Deus ,
que tudo sabe, é o Senhor, um Deus que pesa as ações. O
arco dos valentes é quebrado, e os fracos são cingid<Js de
fôrça; os outrora saciados se empregam por um pedaço de
pão, e os famintos acabaram de viver na penúria; a estéril
deu à luz sete filhos, a que era fecunda de prole, perdeu o
vigor.. Deus dá a m<Jrte e a vida, leva ao túmulo e faz subir de
nôvo; Deus dá a pobreza e a riqueza, humilha, e também
exalta; soergue do lôdo o mísero e do estêrco levanta o men
digo, para fazê-los sentar-se entre os nobres e dar-lhes um
trono de honra; p0rque do Senhor são os atribulados da terra,
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e sôbre êles ap01a o orbe. f.le vela os passos dos seus devo
tos, e os malvados desaparecerão no silêncio e nas trevas ; pois
o homem não vence com a fôrça, mas Deus aterra a quen1
com êle contende. O Altíssimo trovejará no céu, o Senhor
julgará todos os cantos da terra; dará fôrça ao seu rei, e
exaltará a coroa do seu Ungido"
Figura êste hino - um Magnificat antecipado - na
liturgia da Igrej a, no ofício da quarta-feira.
Samuel foi um grande vulto na Bíblia, nas mãos de
Deus. Você, leitora e irmã, pode e deve dar um filho a Deus
quando surge no menino, na menina uma vocação sacerdotal
ou religiosa. Podem ser grandes, predestinados para missões
especiais . Vocações são realidades e acarretam tremendas
responsabilidades para os pais. Sobretudo para a mãe que,
como mulher, é "sempre a vanguarda de Deus" no lar. Pio Xli
chamava isso a porção do Senhor. O mundo necessita de
bondade e devotamentos para com destinos eternos dos ho
mens. Nossa terra é pobre no número de sacerdotes e reli
giosos . Mas não é pobre em vocações .
Andam por aí as vocações, que devem ser preparadas,
descobertas, cultivadas e entregues à Igrej a, a encarregada
por Deus de salvar os homens. O Vaticano II insiste no
papel que cabe aos pais nas vocações dos filhos que são cha
mados ou estão à disposição do reino de Deus . Você, leitora,
encontra filhos e filhas de outras irmãs de maternidade a
serviço de seus próprios filhos, a seu serviço também. Por
que sua família se omitirá no caso ?
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ABIGAIL
A ESPÔS A PRUDEN T E
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derou-se de Davi e ordenou tomassem seus homens lanças
e espadas, seguindo com êle quatrocentos homens para uma
vingança em regra, "para derramar sangue"
Mas aparece Abigail para salvar o louco marido que
tinha. Os criados informaram-na do ocorrido. Prudente e
sagaz, anteviu qual o resultado da ofensa feita. Sem dizer
nada ao marido agiu, como deve fazer a mulher de marido
beberrão . Tomou duzentos pães, dois odres de vinho, cinco
cordeiros preparados, cinco medidas de grão torrado, cem
tortas de uvas sêcas, duzentas de figos secos . Colocou tudo
sôbre jumentos, mandou os servos adiante e seguiu atrás dêles.
Quando descia por um caminho secreto, montada num
jumento, deu com Davi e os seus homens armados, com pro
grama de sangue e morte. Ver o ofendido e irritado e descer
do jumento, prostrar-se com o rosto por terra diante dêle,
foi uma só c0isa para Abigail . À posição de respeito e súplica
ajuntou palavras de mulher prudente :
- Sôbre mim, meu senhor, caia a culpa! Deixa falar
a tua escrava e ouve suas palavras . Que meu senhor não
faça caso dêsse malvado Nabal . Pois êle é bem o que o seu
nome indica : Nabal, louco; e êle o é. Mas tua escrava, eu,
não vi os homens que o meu senhor mandou . Aceita, pois,
êste presente que tua escrava trouxe ao meu senhor e repar
-te-o entre os homens que te seguem ( 25,23ss ) .
Abigail continuou com palavras que pediam' perdão,
reconheciam a eleição de Davi por Deus, desejavam fôsse
sua alma guardada "no escrínio dos vivos junto ao Senhor"
E a vida dos inimigos fôsse lançada pelo Senhor ao longe, co
mo a pedra de uma funda. ( Alusão talvez à façanha de Davi
contra Golias ? ) .
- Bendito sej a o Senhor Deus de Israel que te man
dou hoje, ao meu encontro, respondeu Davi já enternecido
pela fala humilde e seduzido pela beleza de Abigail. Bendita
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seja a tua prudência ! E bendita sej as tu mesma, que me im
pediste hoj e de derramar sangue e vingar-me pela minha
mão ! . Davi inteirou Abigail da mortandade que estava a
caminho para fazer. Aceitou seu presente e pediu-lhe que
voltasse em paz para sua casa.
Mais uma vez aparece a mulher prudente . De volta
à casa dá com o marido, metido num grande banquete, "um
festim de rei" Nabal tinha o coraçã0 alegre e estava comple
tamente ébrio. Por isso nada lhe disse, nem pouco nem mui
to, até o dia seguinte. É sempre assim. A vida da mulher
de marido beberrão anda sempre cheia de silêncios eloqüen
tes, como anota Morton . De fato, que adiantaria dizer a0
bêbado que acaba de lhe salvar a vida e os bens ? Iria desabar
uma tempestade de palavrões e injúrias contra "a intrometida" .
No dia seguinte, tendo Nabal curtido o seu vinho, sua
mulher contou-lhe tudo. Apont0u-lhe a grosseira resposta,
o provocador insulto, a sórdida avareza contra um defensor
que tinha n0 deserto.
Descreveu as lanças e espadas nas mãos de quatro
centos homens, guiados por um chefe revoltado . Pintou a mor
tandade daí resultante . Tudo motivado pela desgraçada bebe
deira de sempre! Contra ela já tantas vêzes havia protestado,
havia avisado, implorado ! Tudo em vão . Servisse agora de
lição o perig0 do qual escapara!
O coração de Nabal, ao ouvir tudo isso, gelou-se-lhe
no peito . Uma apoplexia - fruto também da intemperança !
- deixou-o duro como pedra. Dez dias depois, ferid0 pelo
Senhor, Nabal morria.
Teve Davi notícia dessa morte, dando graças a Deus
por ter impedido a morte violenta que procurara dar ao louco .
Tempos depois pediu a Abigail tornar-se sua espôsa. E ela
aceitou o pedido, seguindo imediatamente com os emissários
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para tornar-se mulher do "escravo, do foragido" , destinado
a ser rei de Israel.
Lamento profundamente a sorte de espôsas com imi
tadores de Nabal . Mas nem tudo está perdido para uma
cristã forte na fé, teimosa na prudência, fervorosa no recurso
a Deus . Para medidas profundas talhando fundo na vida,
como, por exemplo, separação �por maus tratos e outras atitu
des desumanas, revoltantes contra a dignidade da pessoa hu
mana, aconselhe-se a leitora vítima. Mas com quem ? Com
pessoas indicadas religiosamente, socialmente de v1sao cris
tã. Urge evitar que um êrro seja resolvido por outro êrro
ainda maior.
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RESFA
A MA E D OS FILHOS ENF ORC AD OS
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O
rei Saul, na segunda metade de seu reinado, foi aban
donado pelo bom espírito . Levado por mau espírito,
cometeu um morticínio para aniquilar os gabaonitas.
A casa de Saul devia expiar êste assassinato, após sua morte.
Sobreveio então a desgraça à família destronada. Dos oito
príncipes ainda vivos, foram entregues sete aos gabaonitas .
Eram d0is filhos da rainha Resfa ( espôsa secundária e agora
viúva ) e cinco netos seus. Condenados à morte, f•xam enfor
cados sôbre um rochedo, logo junto da cidade. Assim orde
nava o horroroso direito da vingança de sangue, observa 0
cardeal Faulhaber.
A vingança não se acalmou com a morte. Exigiu ficas
sem os enforcados sem sepultura, entregues à voracidade dos
abutres e dos animais selvagens . De acôrdo com 0 conceito
do tempo, era isto considerado como a mais horrorosa afron
ta que podia acontecer. A insepultura era mais horrível do
que a própria morte. Os pr0fetas anunciavam êste castigo
como o maior de todos .
Agora aparece-nos a heroína do amor materno, Resfa.
Quando soube da resolução dos gabaonitas que queriam 0s
mortos insepultos, lembrou-se da desonra em vista. A pobre
rainha já vira muita desgraça na vida quando lhe morreu
tràgicamente o marido, Sai.Il, na batalha do monte Gelboé.
Os d0is filhos - único amparo de sua viuvez - eram então
uns enforcados, uns insepultos . Diz Faulhaber que "ela ouvia
dia e noite o clamor dos mortos, lá no monte das fôrcas de
Gibeon : "mãe, vem, põe-nos no túmulo, assim como nos c0lo
cavas no berço, quando crianças ! "
Então Resfa executou o que as linhas do texto acima
referem. Pode a leitora completar o rascunho do quadro do
amor materno, coraj oso até à morte. Resfa guarda sete cadá
veres. Caminha entre as fôrcas com sete espadas na alma.
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Leitora, associe, você, uma outra mãe que mil anos depois
"estaria ao pé da cruz ! " Dou a palavra a Faulhaber : "Duran
te o dia, com o caj ado e pedradas afugenta os corvos e abutres
que circulam famintos em volta das fôrcas para começar lá
em cima, nas cabeças, o seu banquete fúnebre. Durante a
noite com gritos e fogueiras espanta os chacais e outras feras
que ladram e grunhem embaixo, junto aos pés, querendo
iniciar o seu repasto. Assim mantém vigilância, dia por dia,
noite por noite, semana por semana, meses por meses ( de
abril a outubro ) ".
E o desfecho ? Soube Davi dessa guarda funerária.
Pasmou diante de semelhante amor materno. Mandou des
cessem das fôrcas os corpos ressequidos e fôssem sepultados,
com honra, ao lado do pai e avô, Saul . Resfa conseguira o
que queria com essa honrosa sepultura dos sete príncipes .
Belíssima é a conclusão de Faulhaber :
"Muito antes que o clássico inglês formulasse a senten
ça : "Fraqueza, teu nome é mulher", já o clássico bíblico,
nesta narrativa, gravara a palavra : "Fôrça da alma, forte
até à morte, teu nome é amor materno ! "
Deus poupe às minhas leitoras a dor de perder algum
filho pela morte. Mas se Deus o permitir, saiba ser cristã
forte e tornar-se outra vez mãe, preparando o nascimento
do filho "para a outra vida" Diz a Igrej a que a morte não
tira, mas troca uma vida por outra. A terrestre pela celeste.
Dê ao doente a assistência para o corpo e para a alma, como
soube fazê-lo a heróica e desolada mãe dos Macabeus. Certa
mãe teve sempre desgôsto com um filho, fracassado até na
vida conjugal. Mas soube dar-lhe assistência cristã e teve a
alegria de vê-lo "realizado" na morte.
Resfa significa "carvão ·ou brasa" Ela foi o que seu
nome descrevia. Mas esta brasa, êsse amor materno sobre
naturalizado, você, leitora, há de tirar do "braseiro celeste"
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MICAL
ES PÔS A ZOMBE TE IR A
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izem entendidos que é muito difícil, em assuntos de
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Mical, filha de Saul, assomou à janela, e
vendo o rei Davi que pulava e dançava dian
te do Senhor, desprezou-o no seu íntimo
( 2Sam 6,16)
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Sem dúvida Davi ignorava a presença de tal estátua,
tipo mascote, do culto de sua espôsa. Com essa fuga, à noite,
começam os anos de vida do foragido herói. Mical, cuj o lôgro
foi descoberto pelo pai, não vacilou em recorrer a uma men
tira. "Por que me enganaste - disse Saul - assim deixando
escapar o meu inimigo ? Mical respondeu : Porque êle me
disse : Deixa-me partir, senão te ma to" ( 1 9, 1 7 ) . Imitou a
Raquel, mentindo a Labão.
Os personagens da Bíblia não são perfeitos, pois sã0
humanos . Por isso mesmo nos fascinam com suas falhas.
São falhas e erros como os nossos, diz Morton. Provàvel
mente Davi e Mical se esqueceram mutuamente no longo
período de separação. Esta foi entregue pelo pai a Palti, em
casamento. E aquêle desposou nossa conhecida Abigail.
Anos depois ei-los reunidos novamente. Foi então que
se deu a cena que a introdução menciona. Soube Davi que
o Senhor abençoara a casa de Obed-Edom por causa da pre
sença da Arca. Trat0u antes de levá-la com grandes festas
para a cidade onde morava. Tirou as insígnias reais, tomou
sua harpa e dançava "com tôdas as suas fôrças diante do
Senhor" f:le ( o rei ) e todos os israelitas soltavam gritos de
alegria ao som das trombetas . .Mical aparece agora, olhando
pela janela, tomando a atitude que ...:s versos da introdução
descrevem. Pior ainda, recriminou 2.cremente o feito do ma
rido, que sendo rei se portara diante de todo mundo como
"um qualquer"
Tal foi a recepção que deu à grande alegria religiosa
do marido, quando o recebeu em casa. E a resposta ? "Foi
diante do Senhor que dancei, replicou Davi; diante do Senhor
que me escolheu e me preferiu a teu pai e a tôda a tua famí
lia, para fazer-me o chefe de seu p0vo de Israel. Foi diante
do Senhor que dancei. E me abaixarei ainda mais, e me
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aviltarei aos teus olhos, mas serei honrado pelas escravas de
que falaste" ( 6 ,20ss ) .
Você, leitora e irmã, nota na recriminação e na respos
ta, indignação, desprêzo, legítima ufania e revide à altura.
Mais do que mera discussão. Davi dizia claramente que os
seus valores não eram os mesmos da espôsa. Mical havia
herdado do pai uma religião fria e orgulhosa. O castigo
feriu-a no ponto mais sensível na época. Ficou estéril.
Nossas leitoras estão acostumadas a ver o contrário
do descrito, entre casais . Com freqüência é o marido irreli
gioso, ou relaxado, de muita omissão na mentalidade e nas
práticas religiosas . Mas se dá também o caso de caber à
espôsa êsse triste papel. É ela a irreligiosa, ou a esquecida,
ou "em gôzo de férias " quanto aos deveres religiosos. Enfren
ta e ataca a religiosidade do marido, usando de sarcasmos
caústicos, indiretas venenosas, zombarias humilhantes . Pode
isso levar um fraco a enrolar bandeiras, a relaxar suas práti
cas, a calar-se quando o silêncio é contra-indicado. Então
poderá o infeliz exclamar : " Senhor, a mulher que tu me
deste . nada tem de companheira e auxiliar"
Mical achou indigno para um rei aquela demonstração
j ubilosa, sim, mas edificante para o povo . De rei reduziu-o
"a um qualquer" Terrível engano no caso. Pois o homem
é sempre grande quando se ajoelha diante do Senhor. Tem
você, leitora e irmã, traços semelhantes aos de Mical ? Traz
sua alma traços agressivos como os da filha de Saul, antiga
apaixonada por Davi ? Por favor, apague tudo isso e quanto
antes. Acompanhe o marido fiel a Deus. Siga êsse homem
que repete, como os antigos cavaleiros : "Meu Deus e minha
espôsa ! " Terá com isso mais garantias de tê-lo fiel a seu
amor, aos mútuos juramentos de fidelidade. Você e êle darão
então o mesmo valor às promessas diante do altar.
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BETSABÉIA
ESPÔSA INFIEL E MÃE PENITENTE
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Por que desprezaste o Senhor, fazendo o
que lhe desagrada? Fizeste perecer à espa
da Urias, o heteu, e tomaste por espôsa
sua mulher
(lSam 1 2,9 )
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na Liturgia da Igreja. Betsabéia uniu-se à penitência do rei.
Mas o menin0 morreu, como castigo pelo pecado.
Não sei se nossa leitora tem de contar com longas e
repetidas. ausências do marido. Não deixam de ser indesej á
veis e perigosas para ambos . Existe hoj e uma supervalori
zação das atividades masculinas no trabalho de escritórios,
consultóri0s, repartições. Com isso vem a desvalorização da
vida doméstica, entregue aos cuidados da mulher. Se a leitora
figura na lista "das abandonadas ", não se abandone contudo
à correnteza do êrro. Redobre os cuidados, acentue o princí
pio : no verdadeir<J amor mais se dá do que se recebe.
Betsabéia, a mãe
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de mim e sentar-se-á no meu trono em meu lugar, isto cum
prirei hoj e" ( 1 ,23ss ) .
Jubilosa por ter ouvido tais palavras, não quis Betsa
béia ficasse Davi com a impressão de já se contar com a sua
morte. Exclamou com entusiasmo : "Viva o rei Davi, meu
senhor, viva . para sempre" É sempre assim. As mães pos
suem uma r�tórica instintiva quando advogam a causa dos
filhos. E você, leitora, nunca a empregue a favor de causas
reprováveis . Não se deixe cegar pelo amor materno.
Mais uma vez surge Betsabéia como madrinha de al
guém. Mas desta vez junto do filho e com menos sorte, para
não dizer desastradamente. Pois a intervenção acabou dando
a morte ao apadrinhado . Eis o caso. Adonias, nosso conhe
cido pretendente ao trono, aparece para pedir a Betsabéia
"uma só coisa" ( 2 , 1 3 ) . Reconhece que o trono passara para
seu" irmão, Salomão . O Senhor lho dera. Agora pede ao rei
lhe dê por mulher Abisag, a formosa e jovem sunamita, que
aquecera as cinzas apagadas do envelhecido rei Davi. Conti
nuava virgem. Betsabéia anuiu ao pedido, prometendo falar
com o rei a favor de Adonias.
O rei recebeu a mãe com muita reverência e mandou
colocar um trono para ela, à sua direita. "Pede, minha mãe,
porque nada te recusarei" A interrogada avisou que iria
pedir "apenas um favorzinho" ao poderoso filho . E êste seria
a entrega de Abisag, a sunamita, por mulher "a teu irmão
Adonias"
- Por que queres que Abisag, a sunamita, sej a dada
a Adonias ? respondeu Salomão . Pede também para êle o reino,
já que é meu irmão primogênito, assim como para o sacer
dote Abiatar e para Joab, filh0 de Sarvia! - Jurou o rei que
Adonias pagaria com a vida "hoje mesmo" De fato, mandou
matá-lo naquele mesmo dia ( l Rs 2 , 1 3ss ) . Qual a razão da
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fúria do rei, diante do "favorzinho" que a mãe lhe pedira ?
Veio da exploração maliciosa que Adonias fizera da ingênua
bondade da rainha, Betsabéia . Na sua candura ela não perce
bera o tremendo enrê.do do pedido, que não passava de uma
renovada pretensão à coroa e comêço de uma segunda co;ns
piraçã'J com J oab e Abiatar. Daí a severíssima e fulminante
sentença de morte.
Sendo mãe, nossa leitora respeite os limites de sua
intervenção perante o filho a favor de outros. Não tome tudo
como mero "favorzinho" Se até a bondade de Deus é explo
rada, como admirar sejam também exploradas as bondades
humanas ? Em geral as mães têm seus horizontes dominados
pelo calor do afeto e do amor. Mas olhos políticos ou interes
seiros enxergam de modo diferente. Não condene, você, a
recusa de um filho ao ser solicitado para um "favorzinho"
Pode ser que haj a um reino a ser defendido por êle.
Lembre-se que Deus conta com você como madrinha
de seus interêsses e de seu reino, nas almas dos filhos e
da família.
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MÃES INOMINADAS
L IÇÕ ES DAS INF EL IZ ES
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no meio do lôdo podem as flôres vicej ar. Já sabemos o que
Cristo Senhor pensa sôbre as decaídas . Poderão ocupar tronos
abandonados pelos eleitos .
Já em outra _página foi nossa leitora informada sôbre
a atitude que como cristã, "vaticanamente apóstolica", deve
ter a respeito das decaídas. Leu o apêlo de Paulo VI a favor
"da reeducação, da reclassificação, do inserimento" destas
infelizes . Ficou sabendo dos centros que Paulo VI lembra,
onde, recolhidas, reeducadas, reclassificadas, podem elas tor
nar-se espôsas e mães, dignas dêste nome. Na França " Os
Ninhos" estão provando a possibilidade e a realidade dêstes
centros. São comoventes as cartas de muitas, que hoje têm
seus lares honrados e felizes .
Não faltam desculpas, parecendo justificar um desin
têresse. Mas entre muitas que procedem, até certo ponto, há
outras derrotistas e comodistas . Os santos e as santas que
trabalharam neste setor não pensaram assim.
D
uas outras mães inominadas, e inommaveis também,
aparecem agora, leitora. Ponha-se de prontidão para
enfrentar sua revolta e repugnância. Samaria estava
de nôvo cercada pelos sírios. "Um dia em que o rei passeava
pela muralha, uma mulher gritou-lhe : "Socorro, ó rei, meu
senhor! " O rei respondeu-lhe : "Se o Senhor não te salva,
com que te poderei eu socorrer ? Com o trigo da eira ou o
vinho do lagar ?" E ajuntou : "Que te aconteceu ?" Ela res
pondeu : "Esta mulher que aqui vês, disse-me : "Dá-me o teu
filho para comermos hoj e; amanhã comeremos o meu. No
dia seguinte quando eu lhe disse : Dá-me o teu filho, para
que o comamos, ela o escondeu" ( 2Rs 6,26 ) .
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A fome na cidade sitiada era geral e duríssima. Duzen
tas e cinqüenta gramas de estêrco de pombos custavam cinco
sidos de prata. Pouco importa se com a expressão se quer
designar uma planta ordinária, cuj o bolbo servia para alimen
tar a pobreza, ou é mesmo referente às aves. O rei, Joram,
�ra casado com a criminosa Atália, filha de Jezabel, mãe mais
criminosa ainda ( 1 Rs 1 7,4 ) .
:É compreensível a atitude do rei . Rasgou seus vesti
dos ao ouvir o que dizia a mulher. Então o povo viu que êle
trazia um cilício sôbre o corpo. l)e fato, sob o golpe da des
graça tentava êle dobrar a justiça de Deus pela penitência.
Era uma religião bem superficial, .pois só pensa em acusar
o profeta Eliseu como responsável pela situação. Realmen
te Eliseu insistiu na resistência prometendo um milagre, que
não tardou a realizar-se com a debandada dos sitiantes .
Joram ameaça mandar cortar a cabeça do profeta, por
tador da graça divina pelos convites de abandonar o povo
às idolatrias e às injustiças.
Temos duas mães diferentes na cena . Uma entrega
o filho e a outra esconde-o . Quem pode demarcar limites
ao desespêro de uma criatura, dizendo até onde chegará ? Você,
leitora e irmã, mesmo sem desespêro de criatura sitiada, pode
sacrificar, não digo o corpo, mas a alma de um filho ou de
uma filha. Naturalmente guiada por indigno egoísmo. Pense
nas capitulações de silêncios diante de erros que lhes devo
ram a alma! Pense nos casamentos que podem engrandecê-la,
mas com o sacrifício da vida da alma! E lembro a propósito
que "a química do egoísmo" sabe dar aparências de bom
senso, e até de virtudes, aos mais feios defeitos da alma.
Sua missão, paciente leitora, é aquela que a filha do
Faraó traçou para a "ama" do pequeno Moisés : "Toma o
menino e cria-o para mim" Ponha na bôca de Deus esta ordem
1 62
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e cumpra-a integralmente, sem mutilação do corpo e da alma
dos filhos.
Na história destas mães inominadas aparece, inespe
radamente, uma reserva moral a provar que nunca se deve
apagar a mecha que ainda fumega. Um êrro não é sinônimo
de obstinação . Só os condenados no julgamento de Deus são
obstinados, como o próprio demônio. Portanto, o desprêzo
é atitude condenável.
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JEZABEL
ES PÔ S A E MAE CRIM IN OS A
1 67
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Quando Jezabel soube que Nabot tinha siâo
apedrejado e morrera, disse a Acab: · "Vai,
toma posse da vinha de Nabot"
( 1Rs 21 , 1 5)
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caluniosamente acusassem Nabot de blasfêmia, cujo castigo
era a morte por apedrej amento.
Está à vista o pecado e eis que a graça aparece falando
pelo profeta Elias. Anunciou ao rei e à rainha cães a lhes lam
ber o sangue. Acab arrependeu-se, penitenciou-se de modo
bem patente e edificante ( 2 1 ,27 ) . E por isso o Senhor adiou a
punição até depois de sua morte. Mais tarde Acab morreu
numa batalha. "Quando lavaram o seu carro ( tinto de san
gue ) na piscina de Samaria, os cães lamberam o sangue do
rei, e as prostitutas banhavam-se ali, conforme o oráculo do
Senhor" ( 22,38 ) .
E a perversa conselheira, a malvada instigadora dos
males ? Sua morte é uma das mais dramáticas da Bíblia. Jeú,
valente oficial e arroj ado guia de carro de combate, foi o
eleit0 para rei e vingador dos crimes da rainha. Eliseu,
profeta, mandara ungi-lo. Atira-se com sua tropa contra Jo
ram, filho de A�ab e rei . À pergunta dêste, responde : "Como
poderá ir tudo bem, enquanto durar a prostituição e a magia
de Jezabel, tua mãe ?" A sorte de Joram foi morrer flechad0
e ter seu corpo atirado no campo de Nabot, onde "foi pago
com a mesma moeda, neste mesmo campo" ( 2Rs 9,26 ; . Jeza
bel, ao saber da entrada de Jeú em Jezrael, pintou 0s olhos,
adornou a cabeça e pôs-se a olhar pela j anela. Ao vê-lo, diri
ge-lhe uma pergunta ofensiva, chamando-o de assassino. A
cena foi rápida. Jeú mandou que a jogassem janela abaixo.
"Jogaram-na e seu sangue salpicou as muralhas e os cavalç:>s,
que a esmagaram s0b os pés . Jeú entrou. Depois de ter
comido e bebido, disse : Ide ver aquela mulher maldita, e
sepultai-a porque ela é de sangue real. Foram para sepultá-la,
mas só encontraram dela o crânio, os pés e as palmas das
mãos" ( 9,34 ) . Com esta informação reconheceram todos o
1 70
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oráculo que o Senhor pronunciara contra ela pela bôca de
seu servo Elias.
Você, leitora e irmã, está horrorizada c0m tal descri
ção . Mas o mais triste é o que nos descreve o padre Bellouard,
dominicano : "Esta mulher, devorada pelos cães, trazia uma
matilha de cães na alma durante sua vida. Mais eram os
que lhe devoravam a alma do que aquêles devoradores de
seu c0rpo. O que um dia aconteceu na rua com seu corpo
devorado, aconteceu durante anos na sua alma culpada de
muitos pecados . Ainda viva, devoravam-na vícios que eram
cães e paixões que eram cadelas. A Bíblia mostra a matilha.
Era egoísta, ambiciosa, ciumenta, avara, cruel, autoritária,
tirânica, hostil a Deus, adoradora dos ídolos . Era aferrada
a seus planos, não suportando oposições, destruidora de alta
res, perseguidora dos profetas . Uma espécie de mulher-demô
nio, mas na qual o demônio se chamaria legião . Quando
os cães começaram a arrancar suas carnes, os vícios e as pai
xões - matilha selvagem - já haviam acabado com sua alma.
Chamava-se Jezabel; era rainha adulada em Israel" Pelo que
s0brou - pés e palmas das mãos - já não era reconhecível
aquela orgulhosa.
Jezabel legou à sua filha, Atália, a mesma crueldade san
guinária. Diz a Bíblia : "Quando Atália, mãe de Ocozias, viu
morto seu filho, decidiu exterminar tôda a descendência real .
Josabá, porém, tomou Joás, filho de Ocozias, e fê-lo escapar
do massacre dos filhos d0 rei, escondendo-o com sua ama
de leite no quarto de dormir, de maneira que pôde escapar à
morte" ( 1 1 , 1 ss ) . Não fôra o gesto de sua tia, nosso J oás
estaria morto. Mas Deus não permitiu se interrompesse a li
nha genealógica de Davi, de quem Cristo seria chamado filh0 .
Essa Atália foi morta quando proclamaram J oás como
rei . Retiraram-na do templo para seu sangue não o manchar.
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"Ao chegarem ao palácio real pelo caminho da entrada dos
cavalos , mataram-na ali" Mãe devorada pelos cães e filha
morta no caminho dos cavalos ! Racine, famoso poeta francês,
escreveu a tragédia na sua "Athalie" São versos insuperáveis
até h0je.
Não comento, leitora, tão trágica pessoa e tão terrível
castigo . Apenas lhe peço que não tolere vícios e paixões na
sua vida, nem na vida dos filhos. " Vícios e paixões, diz Bel
louard, devoram a vida intelectual, a vida afetiva, a vida
moral e a vida espiritual . Os cães , quando pequenin0s, diver
tem, distraem, alegram. Quando crescidos, dilaceram e devo
ram. É o que se dá também com as paixões e com os vícios"
Sem malícia, pergunto pelo tamanho que já alcança
ram em sua alma êsses animais, cães de vícios e de paixões.
Um leal exame, uma franca recriminação do marido, repetidas
queixas dos filhos lhe dirã0 a verdade no caso. Sobretudo
lhe mereçam sobressaltos e cuidados as pequeninas paixões
na alma dos filhos. Não as desculpe com o chavão de .
"personalidade" Não diga que o filho, que a filha são "tem
peramentais", reconhecidos e registrados e t0lerados como
tais . O que você condena nos filhos das amigas, não disfarce,
não canonize nos seus filhos .
Não é demais afirmar que Deus olha e sonda, os peque
ninos e maiores, pelos 0lhos de uma mãe. Principalmente
quando ela segue as normas que o santo Concílio Vaticano II
lhe dá nos seus documentos pastorais.
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VIÚVA DE SAREPTA
A HOSPEDAGEM ABENÇOADA
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E
stamos no tempo agitado do profeta Elias, que anun
ciou ao rei Acab anos sem chuva e sem orvalho. Veio
a sêca anunciada e Elias teve de abandonar a sua torren
te de Carit. Seguiu o rumo traçad0 pelo Senhor, como diz
o texto acima. Agora a leitora irá constatar como é paternal
o interêsse de Deus pelas viúvas .
Chegando a Sarepta, viu o profeta uma mulher que
ajuntava lenha. Pede-lhe água, mas logo ajunta outro pedido.
Queria que a viúva lhe trouxesse também um pedaç.o:.> de pão .
A resposta da pobre mulher é comovente, ao mencionar sua
pobreza em casa, seu último esfôrço para aquêle dia. Depois,
ela e filho, morrerão .
- Não temas, replicou Elias ; mas prepara-me antes
com isso um pãozinho, e traze-mo. Depois prepararás o resto
para ti e teu filho . Porque eis o que diz o Senhor, Deus de
Israel : a farinha que está na panela não se acabará e a ânfora
de azeite não se esvaziará, até o dia em que o Senhor fizer
chover sôbre a face da terra. A mulher foi e fêz o que disse
Elias . Durante muito tempo ela teve o que comer, e a sua
casa e Elias . A farinha não se acabou na panela, nem se esgo
tou o óleo na ânfora, como o Senhor o tinha dito pela bôca
de Elias ( 1 7 , 1 3- 1 6 ) .
N�o é estranho Deus enviar um profeta para ser sus
tentado por uma pobre viúva ? Uma mulher, com dois pauzi
nhos de lenha e um res tinho de farinha e óleo, tornar-se
hospedeira de um profeta faminto ? Mas é assim mesmo,
leitora e irmã - quem sabe ? - dessa pobre viúva. A Provi
dência de Deus anda pelas cozinhas, abre as panelas vazias
e acode ou com milagres ou corações que êle abre para gene
rosidades. Em n.o:.>sso caso foi o milagre da farinha sem fim
e da ânfora, que suas mãos tornavam a encher quando vazias .
Se minha leitora é cristã vivente, com dimensões comunitá-
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Não tenho pão, mas somente um punhado
de farinha na vasilha e um pouco de óleo
na ânfora; Estou apanhando uns gravetos,
a fim de cozê-la para mim e para meu filho
para comermos, e depois morreremos
( Rs 17, 12)
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rias, lembre-se das pobres vmvas. Em geral Deus comove
os corações e agita as consciências dos que podem ajudar
a tais necessitadas, sem recorrer aos milagres.
:É tremenda acusação c0ntra uma família, quando po
bres mulheres remexem a lata do lixo, que está à porta de
sua casa. Ainda hoj e vejo aquela dúzia de pãezinhos bra�cos,
"enfeitando" uma lata de lixo de casa abastada! Esbanja
mento em vez de compaixão.
Continua a história da viúva de Sarepta. Algum tempo
depois o filho desta dona de casa adoeceu e seu mal era tã0
grave que já não respirava. Lá foi a desolada mãe reclamar
com o profeta, num tom humilde de pecadora : "Que há entre
mim e ti, homem de Deus ? Vieste à minha casa para lem
brar-me os meus pecados e matar o meu filho ?" Elias pede-lhe
a entrega do filh0 morto e, retirado ao seu quarto, entende-se
com Deus confiadamente. Sua oração toma forma de uma
reclamação : "Senhor, meu Deus, até a uma viúva que me
hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho ?" ( 1 7 ,20 ) . Assim
falou porque sabia que o Senhor reagiria contra semelhante
acusação, tã0 cruel para seu coração de pai. E aconteceu
o milagre, logo após três invocações que então dirigiu ao
Senhor : "Senhor. meu Deus, fazei '"�Ue a alma dêste menino
volte a êle" Reviveu o menino c Elias desceu do quarto
superior, entregando o redivivo �o alvorôço de sua mãe
reconhecida.
No Evangelho Cristo lembra aos seus ouvintes a fé
da viúva hospedeira do pr0feta. Fome espantada e filho retor
nado à vida, tudo em favor de uma pobre viúva. Ao descrever
a perseverança na oração, menciona a insistência com que
uma viúva reclama seus direitos perante um juiz que não
temia nem a Deus nem aos homens. Por fim não vacila em
trazer outra vez à vida um môço, filh0 único de uma viúva.
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Tôdas essas situações estão confirmando o que a Bí
blia afirma sôbre a proteção do Senhor às viúvas e aos órfãos .
Hoje, como outrora, não faltam injustiças e opressões que
arrancam lágrimas destas p0bres vítimas . Mas também os
ouvidos de Deus continuam os mesmos, atentos e prontos
aos clamores da classe. Se você é viúva, sofredora de injus
tiças, levante sua voz e saiba insistir. Um juiz iníquo cedeu
à insistência e Deus de bondade não fará tudo melhor e mais
depressa ?
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A VIÚVA E O PROFETA
A CONFIANÇA RECOMPENSADA
MEU MARIDO, TEU SERVO, MORREU: E TÚ SABES QUE TEU SERVO ERA
TEMENTE AO SENHOR. ORA. O CREDOR VEIO TOMAR OS MEUS DOIS
FILHOS PARA OS FAZER ESCRAVOS. ELISEU PERGUNTOU-LHE: QUE
PODEREI FAZER POR TI? DIZE-ME, QUE TENS EM TUA CASA?
RESPONDEU ELA: TUA SERVA NÃO TEM EM CASA OUTRA COISA SENÃO
UM VASO DE ÓLEO.
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A
vida é assim : abundância revezando-se com escassez e
pobreza. Mulheres ricas de permeio com viúvas neces
sitadas . No meio delas a amável providência de Deus,
agindo por mei0 de criaturas que a representam. Até hoje
é assim. Lá em Turim a Casa da Providência está provando,
diàriamente, que há um Pai no céu. Alimenta as aves, veste
as flôres, não deixa um vagabundo de pardal cair do telhado.
Nossa viúva está sofrendo muito. Enviuvara de um
profeta, temente a Deus . Vendo passar outro profeta, Eliseu,
clama p0r socorro, como você leu acima.
- Que posso eu fazer por ti ? Dize-me, que tens em
tua casa ? Esta a pergunta a que respondeu a miséria com
apenas uma garrafa com óleo . Mas o diálogo da pobreza
com a Providência terminou logo e vantajosamente.
- Vai, pede emprestadas às tuas vizinhas ânforas va
zias em grande quantidade. Depois entra, fecha a p0rta atrás
de ti e de teus filhos, e enche com óleo essas ânforas, pondo
-as de lado, à medida que estiverem cheias ! � Eis o recado
que saiu do coração de Deus para a bôca do profeta.
A mulher partiu e executou à risca tudo que lhe fôra
mandado. Os filhos passavam-lhe as ânf0ras,_ e ela enchia-as
sempre.
- Dá-me mais uma ânfora, filho .
- Não há mais, - respondeu o interpelado depois
de apresentar a "grande quantidade" de ânforas . E o óleo
cessou de correr.
Numa fidelidade de alma simples lá foi a mulher contar
" tudo" ao profeta. E 0 homem de Deus disse :
- Vai e vende êsse óleo para pagar a tua dívida.
Depois disso, tu e teus filhos vivereis do resto ( 4 ,3ss ) .
Que garrafa milagrosa, leitora! Do pouco que continha
encheu grande quantidade de ânforas .
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Muitas cristãs podem repetir o milagre, simplificando
0 toucador, o guarda-roupa, a coleção de bôlsas e de sapatos.
Estou vendo um marido pedir para a espôsa mostrar-me
seu guarda-roupa, igual a êste mencionado. Ela mostrou-mo.
E vi que aquêle afilhado de casamento bem poderia repetir
o milagre do profeta Eliseu.
Gostaria que minha irmã em Cristo desse uma visto
ria no seu supérfluo, no seu luxo competidor e vaidoso. Aca
baria sendo outra milagrosa, talvez outra Tabita ( Atos dos
Apóstolos, 9,36ss ) . Antecipo-lhe a história como mulher bíbli
ca. Vivia em Jope, era rica e esmoleira. Faleceu. Vindo ver
a falecida, o apóstolo S. Pedro deu com viúvas que em pran
tos o cercavam, mostrando-lhe as túnicas e os vestidos "que
Dorcas ( seu nome grego ) lhe fazia" E S. Pedro ressuscitou
a morta. Não duvido que meu livro cairá em mãos de leito
ras que estão necessitando de uma ressurreição . de " suas
almas", embora andem os corpos rica e elegantemente vesti
dos e perfumados . Comecem pelas esmolas e amparos às vm
vas . Elas mostrarão, chorando e rezando, as esmolas que
uma feliz Tabita ( ou Dorcas ) lhes fêz .
É impressionante o número de viúvas ornadas de santi
dade e colocadas nos altares pela Igreja. Prova de que Deus
é generoso com elas, conferindo-lhes tesouros também na
ordem sobrenatural. A mais conhecida é santa Rita de Cássia.
Roma venera a famosa santa Francisca Romana. Nosso povo
conhece de sobra santa Isabel . tanto a de Portugal como a
da Turíngia. Liga as rosas aos seus nomes.
A cada passo quem lê a Bíblia, sobretudo os profetas,
encontra afirmações sôbre a proteção que o Senhor dá às
viúvas. E isto, ora dizendo que êle defenderá os direitos
delas, ora exigindo que se evite tôda injustiça, tôda opressão
das desamparadas . Considera prova de verdadeira religião o
amparo que se lhes dá.
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Não admira, portanto, que até o Concílio Vaticano li
as recomenda ao apostolado e interêsse das famílias . Em
muitos países há associações católicas para defesa, ampar0
e assistência às viúvas . Há até revistas orientadoras para a
classe.
O próprio Cristo não poupou elogios à generosa esmola
da viúva no templo . Numa parábola deu como modêl'J a
insistência de outra, em reclamar seus direitos j unto a um
j uiz " iníquo" ( Lc 2 1 ,3 ; 1 8 ,5 ) Numa palavra, a Bíblia está
.
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A MULHER DE SUNAM
O PRÊMIO DA F É
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- Fica tranqüilo, marido. Foi a resposta. A infor
tunada vai em busca do homem de Deus. A Giezi, vindo a
seu encontro, ela não contou a dor que a oprimia. Chegada
ao profeta, abraçou os seus pés .
- Deixa-a, - disse Eliseu a Giezi que queria retirá-la.
- Sua alma está cheia de am;:trgura e o Senhor mo ocultou.
Nada me revelou.
- Pedi, disse a sunamita, eu porventura um filho ao
meu senhor ? Não te disse que não zombasses de mim ?
Por ordem do profeta, Giezi parte levando o bastão
dêle com ordem de colocá-lo sôbre o menino morto. Por fim
parte Eliseu e em pessoa vai ao quarto indicado e ressuscita
o menino, entrega-o à mãe que mandara chamar ( 4,32ss ) .
Você, leitora, leu de modo resumido o que a Biblia
conta com alma e coração, bem ao vivo . Nossa sunamita
bem mereceu a ressurreição do filho.
A generosa hospedeira não ficou a trás da mãe dedi
cada, provada e premiada. Ainda hoje mostram aos turistas
da Terra Santa o sítio, no qual as ruínas recordam a casa e o
acontecimento.
Foram-se os profetas com suas missões históricas e
mensageiros de graças divinas. Hoj e estão aí os sacerdotes
e o Concílio Vaticano II quer "que o povo de Deus sej a ensi
nado que lhe toca obrigação de .cooperar para as vocações
de vários modos, pela oração perseverante e por outros meios
que lhe estejam ao alcance" E ist0 para que não faltem à
Igreja os sacerdotes necessários para cumprimento de sua
missão divina ( Decreto MS ) . Portanto, não esperem as famí
lias por profetas, mas ajudem na Obra das Vocações, tanto
diocesanas como religiosas.
Sem dúvida, minha leitora já terá ouvido falar dêsse
dever. Já estará a par da cooperação que deve dar na desco
berta e no amparo das vocações nos próprios filhos. E a
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razão de tudo ? Diz o Concílio : " Pois há uma causa comum
entre o pilôto de um navio e o navio, os passageiros "
Hoj e não se entende um cristão sem essa dimensão
apostólica, sem amparo aos substitutos de profetas, aos por
tadores da salvação ao povo de Deus .
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A MULHE DE JÓ
A E SP ÓSA QUE NÃO CO MPRE ENDE
DO LIVRO DE JÓ 2, 7-9
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trando suas côres pela estrada, do que "parreira dadivosa
nas quatro paredes· da casa", como o Salmo a sonha para
o marido.
Mas veio a reviravolta com as notícias da perda dos
rebanhos, dos criados, dos filhos . Por fim a lepra deforma
dora e repugnante. Da família só lhe resta a mulher e esta
mesma só para amargurá-lo ainda mais. É sempre assim : o
• fogo purifica o ouro, amolece a cêra e endurece a alma. Eis
madame Jó de mãos enterradas nos quadris, de cabeça ergui
da, voz arrogante a intimar o marido . Que lhe adiantara ser
religios0, beatão, queimar incenso ao Senhor? Quanto ga
nhara tornando-se pé para o coxo, luz para o cego ? Tudo
isso em troca da lepra ? Madame Jó tem tino "comercial"
Quer pagamento imediato por um ato de virtude, de religião.
Vai mais longe. Convida o marido a amaldiçoar a Deus ,
a morrer. Quer que o pobre desapareça, desça ao inferno,
depois de lançar uma maldição à face de Deus. "Uma legião
de demônios falava nesta mulher" ( Faulhaber ) .
A resposta de Jó foi clara e positiva, traduzindo sua
fé profunda. Foi recusa terminante. "Tu falas como uma
mulher desajuizada", isto é, na linguagem bíblica, c0mo uma
das mulheres ímpias e pagãs . Não recebemos o bem de Deus ?
Por que não devemos receber também a miséria ? ( 2, 1 0 ) .
De certo está a leitora horrorizada com êsse tipo de
espôsa. Mas quando o amor não passa de comédia humana,
as coisas c0rrem assim. Não estranhe o Eclesiástico achar
que "mulher maldosa é um escorpião em casa ( 26, 1 0 ) , que
é melhor viver com um leão e um dragão do que com ela"
( 25,23 ) . É no fogo do sofrimento que você, leitora, há de ·
viver seu sacramento, n0 programa do amor, do devotamento,
para que o marido não se sinta sozinho. Pois sua alma pode
estar mais atormentada com chagas do que o seu corpo.
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Semelhante atitude não pode ser improvisada. � pre
parada pela "companheira de cada dia e cada noite, nas
pequenas contrariedades e cruzes da vida" A uniã0 com
Deus, na oração e nos sacramentos, na firmeza de princípios
confiantes na Providência - eis o que põe sua alma nos
trilhos, quando a vida muda as agulhas da felicidade. Fale
em você . uma legião de anj os.
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ANA E SARA
A INCONFORMADA E A CASTA
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L
á vai caminhando por uma estrada da Assíria uma
desterrada, puxando um cabritinho . É Ana que volta
do trabalho de tecer, para com o lucro ajudar a pobreza
do velho marido, o santo velho Tobias. Ambos haviam perdi
do seus haveres e a amizade do rei. Pois Tobias, além de
muito esmoler, costumava esconder em sua casa os patrícios
mortos , para à noite os sepultar. Era assim que deixava de
observar a lei real que mandava deixar insepultos os dester
rados israelitas .
Naquele dia Ana, recordando tudo isso e a cegueira
do marido, mergulhado em trevas, estava nervosa. Era des
graça muita, de uma só vez.
Em casa o marido ouve o cabrito balir e já adverte
a espôsa : "Vê que êle não tenha sido roubado, porque não
nos é permitido comer e nem mesmo tocar o que foi roubado"
( 2,2 1 ) . Falou assim por causa da consciência delicada de
homem justo e conhecedor dos "usos " daquela terra. Ana, ele
vando a chave do tom da sua voz, desabafou suas mágoas,
mostrando o desacôrdo com as esmolas generosas do marido,
sempre confiante em Deus . Converteu-se em mais uma cruz
para o companheiro . Não soube ajudar-lhe a alma atribulada,
embora suas mãos calej adas de mulher trabalhadora andassem
provando sua dedicação no alívio da pobreza do lar. Bem
entendia que mãos de espôsa não se destinam sàmente para
carícias, mas também para calos. Hoje ainda estou vendo
aquêle marido e afilhado, servindo-me pela manhã o café
por êle preparado, lá na fazenda. Mas metido num pij ama
rasgado porque a bela espôsa, tôda metida em belo� vestidos e
maquilagens, não tinha tempo nem olhos para ver a situação.
Sem dúvida as palavras de Ana foram tão duras, que
arrancaram do velho uma prece : " que o Senhor recebesse sua
alma em paz. Pois achava melhor morrer do que viver" ( 3 ,6 ) .
201
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Contudo Ana era mãe amorosa, lamentando a ausência
do filho, "bordão da nossa velhice", maldizendo o dinheiro
para cuja cobrança tinha partido o filho. "O pouco que
temos nos bastava; a nossa riqueza era a vista do nosso filho"
( 5 ,23 ) . Bela comparação, com lastro de ouro até hoje! Nessa
altura encontrou a alma confiante do espôso . "Nã"J chores;
nosso filho chegará são e salvo. Tu o verás com os teus
olhos. ( Eu, ceguinho, não o verei ) . Estou certo que um bom
anjo de Deus o acompanhará e disporá solicitamente tudo
o que lhe diz respeito, de modo que êle tenha a alegria de
voltar para nós" ( 5 ,26 ) . Ana cessou de chorar.
Continuaram, contudo, as saudades como abelhas que
entram e saem de uma colmeia. Todos os dias eis nossa mãe
saudosa indo assentar-se perto do caminho, "no cimo de uma
colina", donde podia ver ao longe. E que vistas penetrantes
têm as saudades no coração de uma mãe ! Dali espreitava
a volta do filho. :E:ste, por sua vez, lá bem longe, torturava-se,
"sabendo que seu pai e sua mãe contavam os dias e se acha
vam em grande tormento" :e. isso, leitora. o coração emite
ondas, não sei se curtas ou médias ou tropicais.
Mas um dia os olhos de Ana reconheceram o filho .
Ei-la correndo para o seu marido e alvoroçando-o com a notí
cia da vinda do filho.
202
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I sso se dava porque, no dizer do arcanjo, êsses homens proce
diam como animais na referida ocasião.
Entretanto Sara, na sua amargura, relembrava os mo
tejos das criadas e a praga que haviam proferido contra ela :
"Não vej amos jamais filho nem filha nascidos de ti sôbre
a terra! " ( 2,9 ) . Para quem considerava a esterilidade uma
desgraça nacional e religiosa, era isso injúria insuportável.
Daí sua oração ao Senhor. Pedia-lhe a livrasse de tal opróbrio
ou lhe tirasse a vida. "Vós sabeis que eu nunca desejei homem
algum, e que guardei minha alma pura de todo o mau desej o.
Nunca freqüentei lugares de divertimentos nem tive comércio
com pessoas levianas . E se consenti em casar-me, foi por
vosso temor e não por paixão. Foi, sem dúvida, porque eu
não era digna dêles; ou talvez não eram dignos de mim; ou
então me destinastes a outro marido" ( 3 , 1 3-1 9 ) .
Tinha razão em assim rezar nossa provada Sara. Des
posada com Tobias, todos na casa esperavam encontrar o
último sem vida, na manhã após a noite das núpcias . Tanto
assim que Raguel já havia providenciado a abertura da sepul
tura para o oitavo marido. Pela manhã mandou ver o acon
tecido, como singelamente nos conta a Bíblia ( 8 ,1 1 -1 5 ) . A
escrava foi ver e voltou contando que os dois dormiam como
duas crianças, vivinhos. É que Tobias seguira os conselhos
do arcanj o e combinara com Sara uma abstinência até a
terceira noite. E depois "consumaremos nossa união porque
somos filhos dos santos, e não nos devemos casar como os
pagãos que não conhecem a Deus" ( 8,4-5 ) . Tobias protestou
diante de Deus seu desej o de posteridade ao tomar sua prima
por espôsa. Essa posteridade deveria bendizer eternamente
o nome do Senhor. - Por isso ao cantar do galo, com a
sepultura já aberta, o casal era o mesmo na pureza de inten
ção e na abstinência prometida.
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Leitora, o livro de Tobias é considerado como o livro
do casamento. Mostra seus bens , descreve suas exigências e
enumera suas bênçãos. Hoj e já não amanhecem mortos 0s
maridos que bem podem figurar entre os sete de Sara. Como
espôsa, você há de educar o homem que a procura "como
um pagão" Lembre-se que há direitos, mas ao lado dêles há
pudores de cristã para corpos destinados à ressurreição . O
amor físico só sacia corpo e alma quando dentro dessas
praias . Não pode ser onda a deixar salsugem, somente.
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JUDITE
A HEROÍNA
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e dependesse de mim, seria Judite nomeada padroeira
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procedia, não de uma má pa1xao, mas de sua virtude. Por
isso "o Senhor deu-lhe uma tal formosura que apareceu aos
olhos de todos como um encanto incomparável" ( 1 0,2ss ) .
Ei-la agora advogando em cilada de guerra a causa do
inimigo , a cuj o encontro caminhou deixando a cidade .sitiada.
Fugia porque estava sabendo que Holofernes a conquistaria.
Alv0roçou o acampamento com sua beleza. A soldadesca,
chefes e comandantes , comentavam seus encantos. Pagava a
pena combater os hebreus que tinham mulheres tão bonitas.
Mal ela havia entrado na tenda de Holofernes e o
general já fic0u cativo de seus olhos . E Judite, nesta altura,
aumentou seu embuste de guerra, elogiando o rei a quem
Holofernes obedecia, louvando seu poderio, dizendo-se por
tadora de um recado do Senhor, que iria punir os sitiados
pel0s seus pecados. Saindo do acampamento para orar -
sempre com a permissão de Holofernes , viria dizer-lhe a hora
e o caminho da vitória. Vitorioso, Holofernes seria levado
por ela até ao coração de Jerusalém, sem que " sequer um
cão ladrasse contra êle" - Obteve a licença para sair de
n0ite, a fim de orar a seu Deus e observar as purificações de
sua religião, sempre na companhia da criada que consigo
trouxera. Holofernes achou bom o plano de Judite e ficou
rendido à sua beleza e sabedoria.
Nossa advogada ganhara maü. uma causa : a do inimi
go . O desfecho é c0nhecido . No quarto dia Holofernes deu
um banquete e fêz um convite que não contava com a virtude
da bela judia. Judite comeu da provisão que trouxera. Con
sentiu em ficar na tenda do general que esperava tê-la como
companheira de leito. Houve vinho a valer durante horas.
Vigilante, n0ss.a heroína rezava no seu coração, vendo que
ia chegar a hora de sua fortaleza, de virtude e coragem. A
sós com o general embriagado, tombado no seu leito, Judite
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reza, pede fôrça para seu braço, levanta-se e, tomando a espa
da dependurada numa coluna, invoca mais uma vez o forte
Deus de Israel . Ergue o braço, decepa a cabeça de H0lofer
nes . Esconde-a depois no saco já nas mãos da criada e sai.
Ruma para sua cidade e alarma seus concidadãos, depois
alerta os soldados do general vencido.
A derrocada foi geral, à vista do comandante morto .
Os sitiados caíram em cima do inimigo vencido pelo pamco
e em fuga desabalada. Judite foi celebrada grandemente.
Mas aqui tem a leitora direito de fazer reparos ao
procedimento moral de Judite. Não mentiu ela aos guardas
do acampamento ( 1 0 , 1 2- 1 3 ) e não envolveu Holofernes numa
verdadeira rêde de mentiras ? ( 1 1 ,4- 1 5 ) Não expôs sua honra
feminina ao maior perigo ( 1 2, 1 3-1 5 ) e não matou traiçoei
ramente a quem dormia ? Poderá uma tal prevaricadora con
tra a lei moral ser coroada com a gloríola de uma santa
bíblica ? Eis perguntas feitas por Faulhaber e por êle res
pondidas . A resposta desta pergunta já foi dada na aprecia
ção de Jael. Judite, c0mo se depreende de sua oração antes
do fato ( c. 9 ) e de seu cântico depois do fato ( c. 1 6 ) , sen
tia-se como uma guerreira do Altíssimo, encarregada duma
missão divina. Sua honra, ela sabia bem guardada, mesmo
no maior perigo, sob o escudo do Altíssimo ( 1 3 ,20 ) . Contra
o conquistador estrangeiro, que condenara todo o povo à
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Reunindo suas fôrças, assestou-lhe dois
golpes no pescoço, oortando-lhe a cabeça
( Jud 13,8)
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uma missão divina; no modo, porém, de ct•mprir essa missão
vindicativa, pode a própria astúcia dar um passo errado.
Erros dos homens na escolha dos meios não lançam sombra
sôbre a honra da moral bíblica, nem sôbre o conceito bíblico
de Deus. Eis as palavras do cardeal Faulhaber. Santo Tomás
afirma que Judite é louvada pela sua fé e patriotismo, e não
por causa de suas mentiras .
Os santos padres não têm poupato encômios à pie
dade, castidade, patriotismo, coragem e desprendimento de
Judite. A Igrej a contempla-a como tipo da Santíssima Vir
gem vencedora do demôni o, .como ela de Holofernes . A Litur
gia emprega textos dessa história nas festas de Nossa Senhora
das Dores, de santa Joana d'Arc e santa Clotilde. O livro de
Judite oferece leituras para o Breviário romano na quarta
semana de setembro.
De coração desej o sej a minha leitora forte de alma,
de vontade, de virtude, de amor a Deus e a seu povo. Quanto
à beleza, não falte à alma. Se Deus tiver dado a beleza da
face, que sirva para "ornamento e encanto do marido" Que
sej a como flor, guardada por espinhos de prudentes vigilâncias.
O patriotismo de Judite indica um dever urgente em
nossos dias, que concederam direito do voto à mulher brasi
leira. Ser eleitora, bem formada e militante, é imposição de
consciência. Pio XII acentuou êsse imperativo em muitas
alocuções às senhoras católicas . Pode a católica pertencer
a partidos cuj os programas nada contenham contra a doutri
na da Igrej a. Mas há de estar lembrada de que, acima de seu
partido político, está e estará sempre o partido de "seu 'batis
mo" Em caso de conflito, prevalecerá sempre o último.
O Concílio Vaticano I I , destacando o apostolado leigo,
inculca o apostolado do voto. Voto, bem manejado, fere e
mata como outra espada de Judite.
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VASTI
DIGNIDADE DE MULHER
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Não andou errada no seu cálculo. O rei irritou-se e
reuniu os sábios "versados na ciência dos tempos " . Seu furor
queria saber qual o castigo merecido por Vasti, a rainha
rebelde. E os sábios refletiram e deram sua sentença que
rezava : "O proceder da rainha será conhecido de tôdas as
mulheres e · as incitará a desprezar seus maridos . Daqui em
diante as senhoras da Pérsia e da Média, sabendo a conduta
da rainha, responderão do mesmo modo a todos os grandes
do rei e disso resultará, por tôda parte, desprêzo e irritação"
E terminaram aconselhando ao rei a publicação de um decre
to real, "que ficará consignado nas ordenações da Pérsia e
da Média como irrevogável, em fôrça do qual Vasti não apa
reça mais diante de Assuero e o rei confira a outra, que seja
mais digna, o título de rainha" ( 1 , 1 9 ) .
Por fim afirmaram que, conhecendo tal decreto, tôdas
as mulheres do reino iriam respeitar seus maridos, desde o
maior até o mais humilde. Assuero executou o conselho dos
sábios, o que não o impediu de ficar saudoso e penalizado do
que fizera à nobre Vasti, depois que voltou ao seu estado
normal . Aí a hi stória toma outro rumo, leitora.
A obediência ao marido é um dos deveres da espôsa,
tão importante que São Paulo a recomenda às cristãs . Pio
XII nas suas famosas alocuções aos casais destaca á forma
cristã dêsse dever. Não se trata aqui de ·superioridade de
uma pessoa sôbre outra. Como pessoa humana, tem a espôsa
os seus direitos e nunca uma ordem pode desprezar sua dign�·
dade. Tem sua consciência, seus deveres para com Deus .
Não podem ser violados por ordem humana de um marido.
Na rainha Vasti a leitora e irmã pode admirar a no
breza de uma pagã. Bem podia servir de modêlo às nossas
misses que desfilam e se exibem nos concursos de beleza. E
mais ainda para acusar as senhoras e môças carnavalescas,
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que exibem para gente de muitos vinhos suas linhas e suas
curvas em salões e bailes .
Os conselheiros do rei mostraram receio em ser imi
tada por outras mulheres a desobediência da rainha. Temiam
se alastrasse pelo . reino o pouco caso das ordens que recebes
sem. Você, leitora e irmã, j á sabe os limites da sua obediên
cia que há de ser devotada e amorosa quando os direitos de
Deus não prevalecem . quando não são violadas as fronteiras
da dignidade da pessoa humana.
Vasti perdeu o trono mas não sacrificou sua dignida
de. Mesmo sendo a mulher formosa ornamento do marido,
não pode contudo ser exibida como provocação. Nesse pon
to iinpõe-se delicadeza de consCiência como a possuía uma
santa Ana Taigi, casada -com um urso domesticado de marido .
Pouco importa que outras triunfem no conceito de gente
desconhecedora dos verdadeiros valores. Na Bíblia o sábio
acentua seguidamente o efêmero da beleza e o cetro real
da virtude.
Seria apenas para ruína própria a exploração que uma
espôsa fizesse de sua beleza diante de um marido encantado
ou fraco. Pior ainda se a convertesse em surda ameaça para
os ciúmes e mêdos dêle.
Assuero, passado o desnorteamento do vinho, caiu em
si, roendo-se de saudades . Ta:nto o encantavam os belos tra
ços de formosura física e moral da espôsa repudiada. Nunca
é demais repetir que a vitória da dignidade moral é inegável
embora sem hora marcada para seus arcos de triunfo.
Lembro ainda que é calúnia afirmar que a religião é
inimiga do corpo e da sua beleza exibida. A Igrej a respeita
o corpo humano, proíbe mutilá-lo sem causa grave. Seus
restos mortais requerem sepultura adequada e respeitada.
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E até tornam-se relíquias veneradas, quando pertenceram a
um santo . Mas quer o corpo e sua beleza na moldura do
recato e do pudor. O próprio Deus, como a leitora já tem
lido, tem em vários casos aumentado o encanto dessa beleza.
Um belo vestido, enfeitando-a ainda mais e dentro das leis
da modéstia, só merece aplausos pelo bom gôsto. Se Deus
põe tantas côres bonitas nas flôres, porque não aplaudír o
mesmo nas flôres humanas ?
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ESTER E ZARES
A BO A E A MÁ
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Perguntará a leitora qual o motivo de tão cruel animo
sidade dêsse primeiro ministro. Ora Aman, elevado em dig
nidade, estava acostumado a ver os servos do rei dobrando
seus joelhos e inclinando-se à sua passagem. Entretanto Mar
doqueu, tio e protetor de Ester, não queria prestar tais home
nagens ao vaidoso ministro. Aman viu as cóleras converten
do-se em furiosas labaredas dentro de sua alma. O resultado
de tanta fúria foi então a proposta da mortandade.
O massacre, em tôdas as províncias já avisadas, devia
ter lugar no fim de fevereiro, num só dia. Seriam mortos
homens e mulheres, crianças de qualquer idade. Imagine a
leitora a consternação que invadiu todos os lares dos pobres
desterrados !
Mas Deus não queria abandonar o seu povo e serviu-se
de Ester para conj urar a desgraça. Mardoqueu entendeu-se
com sua sobrinha, intimando-a a conseguir a revogação do
cruel decreto. Lembrou a Ester que sua posição providencial
na côrte era justamente para aquelas circunstâncias. Acentuou :
"Não imagines que serás a única entre todos os judeus a
escapar, por estares no palácio. Se te calares agora, o socorro
e a libertação virão aos judeus de outra parte. Mas tu e a
casa de teu pai perecereis" ( 4,12 ) .
Ester mandou responder ao tio que reunisse todos os
judeus de Susa em orações e jejuns, com os quais ela se
reuniria, fazendo a mesma penitência no palácio. E que de
pois disso - três dias - iria ter com o rei, apesar da lei
proibitiva de uma presença nã0 pedida pelo monarca. Proi
bição sob pena de morte . Ester terminava sua resposta com
um retrato de seu amor ao povo eleito : "Se hei de morrer,
morrerei ! "
Decorridos três dias vai Ester, no esplendor de sua
beleza e de seus enfeites, expor sua vida. Nã0 fôra chamada
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à presença do rei e êste podia não lhe abaixar o cetro e assim
afirmar que a queria morta, por ter violado a lei . Mas Deus
tocou o cor�ção do monarca como c0ntam as linhas da intro
dução. Além da benevolência, o carinho das perguntas : "Qual
é o teu pedido ? Ser-te-á concedido. Que desejas ? Mesmo
que fôsse a metade de seu reino, a receberias" Que rei
r0mântico, leitora!
Ester, numa inegável astúcia feminina, não o apresenta
logo . Pede ao rei, que acompanhado por Aman, venha a um
banquete que lhe iria oferecer. Foi atendida. Pelo fim do
banquete convidou os dois para o outro banquete n0 dia
seguinte. Compareceram ambos . Foi então que, em vez da
metade do reino oferecido, pediu ao rei a vida de seu povo,
condenad0 a um massacre. À pergunta admirada do sobe
rano pelo responsável de tal ordem, apontou "Aman, o opres
sor, o inimigo, o infame"
Enfurecido por tanto atrevimento, manda o rei que
enforquem Aman na mesma fôrca que destinara a Mardoqueu.
Nela foram dependurados os dez filhos e a espôsa do infeliz.
Z
ARÉS . . eis o nome dela, conhecida pelo mau conse
lho que deu ao marido. Voltava êste enfurecido por
causa do judeu que não lhe prestava as homenagens
de estilo. Apesar de tôdas as riquezas, honras, preferências
da rainha que o convidara para um banquete, tinha tudo por
nada diante do desacato. Zarés, sua mulher, e todos os ami
gos lhe disseram : "Não há mais do que preparar uma fôrca
de vinte cinco metros de altura e pedir ao rei que nela seja
suspenso Mardoqueu, amanhã. Depois irás satisfeito ao ban
quete" ( 5 , 1 4 ) .
A altura descomunal da fôrca parece ac0mpanhar o
tamanho da maldade. Em vez de acalmar o marido en:fú.re-
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Ester, no auge de sua beleza, tinha o rosto
róseo, transfigurado e afável; mas sentia o
coração angustiado pelo mêdo
( Est 4,5 )
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cido por uma vaidade tôla, Zarés mostra-se má companheira
e auxiliar. Seu mau conselho foi sentença de morte para o
espôso, para ela e para os dez filhos. Foram todos depen
durados na enorme fôrca.
Nem tôda espôsa manda o marido levantar fôrcas para
desafetos . Mas assim mesmo sobram as más conselheiras
em horas de arestas na vida. Não posso mencionar a lista
dos maus conselhos. Grandes e pequenos, freqüentes ou ra
ros, abertos ou subtis, ocultos. Deixo-a ao encargo de um
sério exame de consciência. Contudo, minha leitora e irmã,
lembre-se que há de ser sua palavra mansa, suave para apagar
a ira de um enfurecido . O mau conselho pode aparecer na
solução errada de uma grave dúvida de consciência, perante
deveres inegáveis.
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Zarés não soube reerguer o ânimo do marido alque
brado pelo triunfo do seu desafeto, cujo programa êle mesmo
traçara num terrível equívoco ( 5 ,6-1 3 ) . Eu gostaria que a
leitora tivesse contínua visão dessa fôrca, sempre como salu
tar aviso contra os maus conselhos ao marido. Mas em tôdas
as horas e cantos da vida conjugal, cristã, profissional, social
e religiosa.
A história de Ester era lida publicamente na festa de
Purim, instituída para celebrá-la. "Seu nome e o de Mardo
queu eram acompanhados com aclamações e bênçãos. O nome
de Aman, com altas maldições. No correr do tempo esta
festa religiosa dos judeus mundanizou-se sempre mais, com
loucas e licenciosas manifestações. Um grosseiro dito da rua
proclamava que, na festa de Purim, se devia beber até não
se poder mais distinguir entre Mardoqueu e Aman. Eis a
última observação de Faulhaber.
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SUSANA
A V ITÓRIA DA IN OCÊNC IA
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De tôdas as partes me vejo em angústias,
porque, se fizer isso, aguarda-me a morte,·
se não o fizer, não escaparei das vossas
mãos. Preferível é para mim cair nas vos
sas mãos sem ter feito isso, do que pecar
na presença de Deus
(Dan 13,22 )
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Foi rápida na escolha, apressada no alarme. Deu um
grande grito e o mesmo fizeram os dois velhos contra ela.
Precipitaram-se os acontecimentos . Perante o povo os acusa
dores mencionaram um môço que estaria praticando adulté
rio com Susana. Esta declarou-se inocente. Prevaleceu a acusa
ção dos culpados e houve lágrimas de parentes e conhecidos .
Pois nunca haviam ouvido falar tais coisas da criatura
virtuosa. Pai e mãe choravam . O julgamento público conde
nou-a. E Susana "tinha no seu coração firme confiança no
Senhor" Quando a assembléia deu crédito aos juízes que a
condenaram, rezou ao Senhor lembrando-lhe sua inocência.
Pediu-lhe proteção urgente.
Esta veio com a intervenção do profeta Daniel. Pediu
revisão do julgamento. Deu os nomes merecidos àqueles
velhos perversos . Arrancou dêles uma contradição sôbre certa
circunstância do crime.
Perguntados separadamente, à sombra de que árvore
haviam dado com a infidelidade da acusada, um mencionou
a aroeira e outro, a azinheira. Susana foi salva e êles conde
nados à morte , sob os aplausos do povo .
A fidelidade de Susana tem imitadoras, não quanto
ao dilema e à publicidade. mas quanto a outras circunstâncias .
A lei respeitada por nossa heroína continua a mesma até
hoje. Se ontem era crime. crime continua hoje também. Não
valem as desculpas alegadas. Desmandos, despudores de ou
tros não mudam a côr do delito. É verdade , leitora, as avalia
ções dos homens podem mudar. Mas quando foram as
balanças humanas imutáveis ? Quando imitaram com fideli
dade as balanças do santuário ? É velha recriminação da
Bíblia à falsidade de balanças.
Infelizmente as audácias não faltam hoj e, de lado a
lado, acrescidas por mentalidades descristianizadas ou por
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uma vida religiosamente congelada. Portanto, não pode lei
tora alguma apontar para atenuantes. Aperte a couraça de
sua alma e saiba fugir dos perigos que o marido não enxerga,
ou até imprudentemente provocados . Nã0 lhe faltará a assis
tência de Deus, quando chamar por ela e com ela cooperar.
Leitora, você não pode nem deve perder o tamanho
de sua fidelidade. É dote, é capital que você tem obrigação
de legar a0s filhos e filhas.
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A MÃE DOS MACABEUS
O TESTE MUNHO DA FÉ
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Esta mãe levara sua vida preparando os filhos para
esta hora. Chegada a hora, ei-la como testemunha ocular do
drama cruento, pondo a coroa no seu trabalho : "A cada um
dêles ela exortava cheia de sabedoria, unindo um ânimo varo
nil à ternura feminina" A presença materna, com o brilho
de seus olhos e as palavras de sua bôca terão preservado a
mais de um da apostasia.
Esta mulher admirável torna-se por fim a própria sa
crificante. Chegada a vez do menor, Antíoco tentou seduzi-lo
com douradas promessas , caso renegasse a seu Deus . Desa
tendido pelo pequeno herói, mandou que a mãe o exortasse
com seus conselhos à aceitação das promessas reais. Insistiu
por muito tempo. Então ela inclinando-se sôbre o pequeno
e zombando do tirano disse na língua materna ao pequeno
mártir :
- Meu filho, compadece-te de tua mãe, que te trouxe
nove meses no seio, que te amamentei durante três anos, que
te nutri e te conduzi e eduquei até esta idade. Eu te suplico,
meu filho, contempla o céu e a terra; reflete bem que tudo
o que vês, Deus criou do nada, assim como todos os homens .
Não temas pois êste algoz, mas s ê digno d e teus irmãos e
aceita a morte, para que no dia da misericórdia eu te encontre
no meio dêles ( 7,24-29 ) .
Estas palavras incendiaram a alma do último filho
que fêz esplêndida profissão de fé e ainda rezou pelo seu
algoz. A fúria do rei maltratou a êste com maior crueldade.
Restava apenas a mãe, a educadora. a ofertante de seus filhos .
"Seguindo as pegadas de todos os filhos, a mãe pereceu por
último" ( 7,41 ) A brevidade com que a Bíblia relata a morte
.
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As aspas fecham as próprias palavras do cardeal. Mas
seus pensamentos continuaram expostos em linguagem livre,
de permeio com a Bíblia. Lembro à leitora o triunfo final
desta mãe quando no dia da Ascensã0 de Cristo formou com
seus sete filhos na inumerável multidão dos santos .
A Igreja não s e esqueceu desta mulher. Elevou mãe e
filhos aos altares e menciona-lhes a morte sob o dia 19 de
agôsto, no livro de seus heróis, que chamamos Martirológi0.
No Breviário vem contada, cada ano, a história desta mulher
admirável, em tôda sua grandeza moral. Está dizendo que
não é de hoje esta grandeza feminina.
Você, leitora e irmã, certamente sentir-se-á pequena
perante esta figura de gigante. Mas, melhor do que tal senti
mento, será o estímul0 que sentir para ser mãe, educadora
e ofertante de seus filhos, a exemplo desta santa que admi
ramos. Desconfio que os valores dela não serão os seus. Nem
os horizontes sobrenaturais serão os mesm0s. Tudo, porém,
com prejuízo para você e seus filhos. Sobretudo a visão "da
vida do século vindouro" Para nossa "mulher admirável"
os clarões da outra vida eram mais rubros e reais do que as
fogueiras que lhe devoravam os filhos. Para você não pode
ser de outra forma esta realidade. Pois está escrito que a
figura dêste mundo passa com tudo que contém. O Concílio
Vatiqmo II acentua muito o caráter de "peregrino" do povo
de Deus, da própria Igreja da qual você e os seus fazem parte.
Lembro-lhe uma frase de Santo Agostinho : "Neste
mundo tu és um hóspede; olha e passa" Você e os seus não
devem faltar no desfile dos santos, na chegada do� "pere
grinos " à pátria das luzes, à casa do Pai.
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�
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CINAS GRAFICAS DAS EDIÇOES
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8107 SÃO PAULO A. D. 1968
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