A literatura é uma das manifestações artísticas do ser humano, ao lado da música,
dança, teatro, escultura, arquitetura, dentre outras. Ela representa comunicação, linguagem e criatividade, sendo considerada a arte das palavras. Trata-se, portanto, de uma manifestação artística, em prosa ou verso, muito antiga que utiliza das palavras para criar arte, ou seja, a matéria prima da literatura são as palavras, tal qual as tintas é a matéria prima do pintor. Nesta perspectiva, a literatura é de grande importância para a sociedade. Sua leitura é imprescindível, pois, além de ser prazerosa, contribui para o enriquecimento intelectual e cultural de cada leitor, desenvolvendo seu senso crítico e despertando-o para novas experiências. Desse modo, ao considerarmos a literatura um testemunho histórico por apreender a dinâmica social, consequentemente somos levados a entender também o escritor como um produto de sua época e de sua sociedade. Portanto, é esse entrelaçamento entre a literatura, o escritor, a sociedade e a história, que possibilita o surgimento da interdisciplinaridade, entendida aqui como diálogo que serve de reflexão sobre as relações culturais na literatura. Assim sendo, devemos olhar a literatura não como espelho da sociedade, mas como um meio transmissor de informações, cuja função social é facilitar ao homem a compreensão desses conflitos em sua pluralidade e diversidade, e assim emancipar-se dos dogmas que a sociedade lhe impõe. Nesse sentido, citamos Facini (2004): A literatura não é espelho do mundo social, mas parte constitutiva desse mundo. Ela expressa visões de mundo que são coletivas de determinados grupos sociais. Essas visões de mundo são informadas pela experiência histórica concreta desses grupos sociais que as formulam, mas são também elas mesmas construtoras dessa experiência. Não podemos deixar de mencionar sua importância na vida do leitor, pois é através das analises das visões de mundo e ideias transformados em textos literários que somos reportados a concepções diferentes de mundo nos levando a reflexão crítica dos valores sociais. É nessa ótica que Cândido (1985) afirma que a literatura desempenha o papel de instituição social, pois utiliza a linguagem como meio específico de comunicação e a linguagem é criação social. Logo, podemos dizer que sendo a literatura uma construção social, ela está ligada aos valores ideológicos vigentes que o escritor utiliza nos seus temas, O saber que a literatura mobiliza nunca é inteiro nem derradeiro, ela tem a força da representação sendo categoricamente realista, na medida em que ela sempre tem o real como objeto de desejo. Daí a importância da literatura tanto fora como dentro da sala de aula, pois ela traz pela linguagem, ora de forma explícita, ora implícita as cores de cada sociedade, expressando sua cultura, seus conflitos, seus traços, sua história. Por isso, não devemos deixar que o ensino da literatura nas escolas seja negligenciado, servindo somente como complemento das aulas de língua portuguesa, conforme se observa nos livros didáticos. Há uma grande tendência de se trabalhar, em sala de aula, o texto literário como pretexto para o estudo da gramática. Ao trabalhar a literatura, somente são exploradas as tipologias textuais ou os gêneros literários estanques, sem ocorrer um estímulo para a formação de leitores autônomos.
REFERÊNCIAS
CANDIDO, A. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. 7. ed. São
Paulo: Nacional, 1985.
FACINI, A. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Jorge