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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NOVO HAMBURGO/RS

JOANA ANDRADE, brasileira, casada, médica,


portadora da cédula de identidade 4018035893,
inscrita no CPF sob nº 001.002.003.-44, residente e
domiciliada na Rua Imigrante, nº __, Bairro Hamburgo
Velho, na Cidade de Novo Hamburgo/RS, CEP __.___-
___, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por intermédio de sua procuradora,
qualificada no incluso instrumento de mandato, propor
a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS,


MORAIS E ESTÉTICOS, em face de

FÁBRICA DO INOX, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob nº 500.600.700/0001-88, com
sede na BR 216, nº 600, Bairro Rincão, na Cidade de
Novo Hamburgo/RS, CEP __.___-___, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

No dia 25/07/2015 a Autora compareceu até a loja Ré


e adquiriu um aparelho de fondue.

No sábado, dia 27/07/2015 a Autora convidou alguns


amigos para um jantar a fim de comemorar seu aniversário de casamento.

Após a janta, na hora da sobremesa, fondue de


chocolate, ao tentar ascender o aparelho, com um palito de fósforo, o mesmo
explodiu em sua mão causando pânico e pavor a todos os convidados que ali
estavam.
Superado o transtorno do incidente, a Requerente
resolveu analisar com a devida cautela o aparelho, sendo possível verificar que
os orifícios de aeração estavam totalmente abertos, sem oportunidade de fechá-
los.

Ocorre, que segundo o manual de instruções do


aparelho, ao ascender o mesmo, os orifícios deveriam estar fechados, pois se
abertos ocasionariam o aumento da chama.

Desta forma, pode-se verificar que o aparelho foi


adquirido com um defeito de fabricação, uma vez que não havia a possibilidade
de fechar os orifícios, evitando o acidente.

Outrossim, cumpre ressaltar que, além de todo pavor


espalhado entre os convidados e a frustração da comemoração, a Autora ainda
teve sua mão queimada, o que a levou a gastar em torno de R$ 4.000,00 em
um tratamento dermatológico importado para recuperar a textura de sua pele.

DO CABIMENTO DA PRESENTE MEDIDA

A relação havida entre as partes encontra-se abrigada


pela legislação pátria, mormente as disposições do CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, Lei Federal n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990, a qual
dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

Com efeito, a demandada é considerada fornecedora,


nos termos do art. 3º do CDC, que assim dispõe: “Fornecedor é toda pessoa
física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os
entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.” (Grifou-se)

Tendo claro que a Ré preenche os requisitos para


figurar no pólo passivo da presente demanda, cabe-nos conceituar a Autora,
parte consumidora, que é amparada pelo referido Código, tendo sua definição
exposta no art. 2º: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produtos ou serviço como destinatário final.”

Por derradeiro, demonstramos que o produto oferecido


pela ré está de acordo com a redação da Lei 8.078/90, porquanto o § 1º, do
artigo 3º, assim dispõe:

“1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material


ou imaterial.”

Evidente, então, a configuração da presente


demanda tendo como base a relação de consumo existente entre as partes,
eis que devido a falha na fabricação do produto, sem a devida fiscalização

2
da sua produção, a Autora sofreu e ainda vem sofrendo incontáveis danos,
fazendo-se necessária a devida reparação.
Ressalta-se que estamos frente a uma situação
expressa de defeito do produto, eis que ao explodir na mão da Autora, o
aparelho não trouxe a segurança que dele se esperava, ocasionando grandes
transtornos e prejuízos.

Nesse sentido, a definição para defeito, por RIZZATTO


NUNES, em sua obra Curso de Direito do Consumidor:

“O defeito é o vício acrescido de um problema extra,


alguma coisa extrínseca ao produto ou serviço, que
causa dano maior que simplesmente um mal
funcionamento, o não funcionamento, a quantidade
errada, a perda do valor pago – já que o produto ou
serviço não cumpriram o fim ao qual se destinavam.”

Assim, mais uma vez mostra-se legítimo o pleito


apresentado nesta peça, eis que se trata de claro defeito no produto adquirido,
configurando-se em relação de consumo, tendo-se clara as figuras de
consumidor, fornecedor e inadimplemento na relação de consumo
convencionado entre as partes, visto o defeito apresentado.

Ainda, é direito também da Autora/consumidora, a


inversão do ônus da prova, na forma do Inciso XIII, do Art. 6 o, do mesmo
código consumeirista:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a


facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;”

Note-se que a hipossuficiência não é o único ou


exclusivo critério para a inversão do ônus da prova. A veracidade das
alegações, amparadas pela documentação acostada no caso concreto, habilita a
inversão do ônus da prova.

DO DEVER DE INDENIZAR

Inegável, pois, que a ré tem responsabilidade objetiva


em razão do defeito apresentado no produto adquirido pela autora.

Neste sentido, o artigo 12 do Código de Defesa do


Consumidor prevê expressamente a responsabilidade do fabricante, sendo está
objetiva, devendo este responder independentemente da existência de culpa
pela reparação dos danos causados aos consumidores.

3
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional
ou estrangeiro, e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a
segurança que dele legitimamente se espera,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se
esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação”.

Neste contexto, temos que se trata de fato do produto,


pois o mesmo colocado no mercado pela ré não apresentou a segurança que
dele legitimamente se esperava.

Assim, o fabricante responde, objetivamente, uma vez


que não há a configuração de quaisquer das excludentes do dever de indenizar
previstas no §3º do referido artigo, quais sejam: comprovação de que não
colocou o produto no mercado; de que, embora tenha colocado o produto no
mercado, o defeito inexiste ou de que a culpa foi exclusiva do consumidor ou
de terceiro.

Neste sentido, a jurisprudência:

“APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO


DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
CONSUMIDOR. FATO DO PRODUTO. EXPLOSÃO DE
APARELHO CELULAR. INCÊNDIO DE PARTE DA
RESIDÊNCIA DO AUTOR. AGRAVO RETIDO. NULIDADE
PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. O
reconhecimento de nulidade depende da verificação de
prejuízo às partes. Hipótese em que, muito embora a parte
ré não tenha sido intimada acerca da produção da prova
pericial, teve oportunidade de se manifestar acerca do laudo
técnico, tendo sido produzido, inclusive, laudo pericial
complementar, não havendo falar em nulidade processual.
Ausência de prejuízo. Inteligência do artigo 249, § 1º, do
CPC. FATO DO PRODUTO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. ART. 12 DO CDC. DEVER DE INDENIZAR. A
responsabilidade pelo fato do produto é objetiva, sendo
afastada somente quando comprovada a inexistência do
defeito ou a culpa exclusiva do consumidor ou de
terceiro, conforme § 3º do art. 12 do CDC. Caso em que
restou suficientemente evidenciada a ocorrência do acidente
de consumo, consistente na explosão do aparelho celular do
4
autor, o que culminou em um incêndio de grandes
proporções em sua residência. Fornecedora que não
comprovou quaisquer das excludentes do nexo causal.
Inversão do ônus probatório que, na hipótese, decorre da lei
- ope legis. DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
MAJORAÇÃO. Em atenção aos parâmetros estabelecidos
pela doutrina e jurisprudência pátrias para a fixação do
montante indenizatório, atento às particularidades do caso
concreto, o quantum de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) a
título de danos morais, acrescido de correção monetária e
juros moratórios legais, se mostra razoável e proporcional.
DANOS MATERIAIS. COMPROVAÇÃO INTEGRAL DO
PREJUÍZO. A concessão de indenização por danos materiais
está condicionada à demonstração do prejuízo concreto
experimentado, consoante dicção do art. 402 do Código
Civil. Hipótese em que a parte autora logrou êxito em
comprovar o prejuízo material causado pela conduta da ré,
o qual deve ser indenizado integralmente, conforme
pleiteado na peça portal. Sentença reformada, no ponto.
AGRAVO RETIDO DESPROVIDO. APELAÇÃO DO RÉU
DESPROVIDA. APELAÇÃO DO AUTOR PROVIDA.” (Apelação
Cível Nº 70066981325, Décima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Julgado
em 05/11/2015) (Grifou-se).

“RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


EXPLOSÃO DE BOTIJÃO DE GÁS. ROMPIMENTO DE
VÁLVULA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FATO DO
PRODUTO. DANOS MORAIS E MATERIAIS
CONFIGURADOS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE.
IMPOSSIBILIDADE. Enquadrando-se a relação jurídica
como sendo uma relação de consumo, não há que se falar
em denunciação da lide. Inteligência do art. 88 do Código de
Defesa do Consumidor. Trata-se de típico acidente de
consumo pelo fato do produto, cuja tutela tem sede na
legislação consumerista. Inteligência dos arts. 12, § 1º,
e 17 do CDC. Hipótese na qual os autores, em decorrência
de defeito na válvula do botijão de gás, adquirido da
primeira, representante comercial da última, apresentou
problemas de vedação, dando causa ao incêndio que
consumiu parte de seu imóvel, seus móveis, documentos
pessoais e a quantia de R$ 495,00. DANOS MATERIAIS.
Sabe-se que os danos materiais, ao contrário daqueles
puramente morais, exigem real comprovação, sob pena de
restarem relegados da eventual condenação. In casu, a
prova documental (certidão de ocorrência, fl. 13, termo de
declarações, fls. 18/20, fotografias, fls. 24/26) e
testemunhal (fls. 198/202) produzidas corroboram com a
versão apresentada pela parte autora. Inequívocos os danos
materiais suportados pela parte demandante. Dever de
indenizar configurado. Quantum indenizatório fixado, nesta
sede, em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Sentença reformada,
no ponto. Este valor deverá ser corrigido monetariamente
pelo IGP-M, a partir desta data, com fulcro na Súmula nº
362 do STJ, e acrescido de juros de mora de 1% ao mês, a
5
contar da data do fato danoso (data da inscrição negativa),
nos termos da Súmula 54 do STJ , em consonância com o
art. 398 do Código Civil. DANOS MORAIS. Dano moral
demonstrado, pois as adversidades sofridas pelos autores, a
aflição e o desequilíbrio em seu bem-estar, fugiram à
normalidade e se constituíram em agressão à sua
dignidade. Fixação do montante indenizatório, considerando
o equívoco da parte ré, o aborrecimento e o transtorno
sofridos pelos demandantes e o caráter punitivo-
compensatório da reparação. Indenização mantida nos
parâmetros estabelecidos na sentença. SENTENÇA
REFORMADA EM PARTE. AGRAVO RETIDO DESPROVIDO.
APELAÇÃO DAS RÉS DESPROVIDAS. RECURSO ADESIVO
PROVIDO.” (Apelação Cível Nº 70060970431, Décima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio de
Oliveira Martins, Julgado em 27/11/2014) (Grifou-se).

Além disso, nos termos do artigo 18, §6º, do CDC, são


impróprios para uso e consumo “os produtos que por qualquer motivo se
revelem inadequados ao fim que se destinam”, o que exatamente ocorreu in
casu.

Diante de todo o exposto, é de suma importância


referenciar a proteção conferida à autora pelo artigo 6º, inciso VI do CDC, in
verbis:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VI - a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;”

Outrossim, a nossa Constituição Federal, quando trata


dos Direitos Sociais, em seu artigo 5º, incisos V e X, consagra a proteção ao
direito dos cidadãos à reparação de danos morais.

Vejamos:

“Art. 5º. – Todos são iguais perante a lei, sem distinção


de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos seguintes termos:
V – é assegurado o direito de resposta ao agravo, além
da indenização por dano material, moral e à imagem;”

Tanto para efeito da concessão em favor da requerente


e condenação da requerida na reparação dos danos morais aqui narrados,
suscita-se a aplicação dos artigos 186 C/C 927, do Código Civil, os quais se
justapõem diretamente ao caso.

DO DANO MATERIAL

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Está devidamente comprovado que a autora sofreu
danos materiais no tocante à compra efetuada, já que não pode utilizar o
produto para o fim a que se destina, sofrendo, então uma perda patrimonial no
montante de R$ 300,00 (trezentos reais), enquanto a ré sofreu um acréscimo.

Ademais, insta ressaltar que a requerente não se


interessa pela substituição do produto ou o abatimento no preço deste, eis que
a utilização do mesmo ocorreria em um evento pretérito e a confiabilidade na
qualidade do produto se perdeu.

Desta forma, resta então, a aplicação do artigo 18, §1º,


inciso II, do Código de Defesa do Consumidor, o qual determina a “a restituição
imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos”.

DO DANO MORAL

Inarredável que para a autora, de forma totalmente


injusta, tal situação causou-lhe sério abalo psíquico, atentou contra sua paz de
espírito, deixou-lhe por dias severamente nervosa. O pânico causado pela
explosão do aparelho trouxe diversos transtornos à autora, bem como a seus
convidados, que também ficaram com o psicológico abalado.

Além de todo pavor causado pelo ocorrido, teve a


autora que despender de tempo para resolver as complicações que teve, como
por exemplo, idas ao médico para realização de seu tratamento dermatológico,
tudo isso em razão da má qualidade do produto oferecido pela ré.

Segundo reiterado entendimento de nosso Egrégio


Tribunal de Justiça, tal situação enseja indenização por dano moral, como
segue:

“RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS. EXPLOSÃO
DE BOTIJÃO DE GÁS QUE PROVOCOU QUEIMADURAS
NO CORPO DA AUTORA. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. FATO DO PRODUTO. DEVER DE INDENIZAR
CONFIGURADO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE.
IMPOSSIBILIDADE. Hipótese na qual os autores buscam a
condenação da parte ré ao pagamento de indenização por
danos materiais, morais e estéticos, em decorrência de
conduta (drenagem de gás) adotada pelo preposto (Juarez
da Silva) da segunda ré (Estação do Gás Ltda), dando causa
a explosão de botijão de gás, que resultou em graves
queimaduras na autora, envolvendo face, membros
superiores e inferiores e lesões nas vias aéreas, tendo
inclusive que ser submetida a procedimento cirúrgico, além
de diversas avarias em sua residência. Enquadrando-se a
relação jurídica como sendo uma relação de consumo, não
há que se falar em denunciação da lide. Inteligência do art.
88 do Código de Defesa do Consumidor. Trata-se de típico
acidente de consumo pelo fato do produto, cuja tutela
7
tem sede na legislação consumerista. Inteligência dos
arts. 12, § 1º, e 17 do CDC. DANOS MATERIAIS. Sabe-se
que os danos materiais, ao contrário daqueles puramente
morais, exigem real comprovação, sob pena de restarem
relegados da eventual condenação. In casu, a prova
documental (declaração, fl. 138, notas fiscais do Hospital de
Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, fls. 104/142, cupons de
fls. 145/146, recibos de fls. 143 e 157/158, fotografias de
fls. 99/100 e 102/104, relação dos bens atingidos, fl. 139) e
oral (fls. 198/202) produzidas corroboram com a versão
apresentada pela parte autora. Inequívocos os danos
materiais suportados pela parte demandante. Dever de
indenizar configurado. Quantum indenizatório fixado em R$
5.518,28 (cinco mil quinhentos e dezoito reais e vinte e oito
centavos), mantido. CUMULAÇÃO DOS DANOS ESTÉTICO
E MORAL. POSSIBILIDADE. Segundo orientação do Eg.
Superior Tribunal de Justiça, é possível a cumulação de
indenização por danos estético e moral, ainda que
derivados de um mesmo fato, mas desde que um dano e
outro possam ser reconhecidos autonomamente, ou
seja, devem ser passíveis de identificação em separado.
No caso em exame, o dano estético, distinto do dano
moral, corresponde à alteração morfológica da formação
corporal da autora, à deformidade (cicatrizes) causada
pelas queimaduras; enquanto que o dano moral
corresponde ao sofrimento mental - dor da alma, aflição
e angústia a que as vítimas foram submetidas.
QUANTUM DA INDENIZAÇÃO. Fixação do montante
indenizatório considerando o grave equívoco dos réus, o
aborrecimento e o transtorno sofridos pelos
demandantes, além do caráter punitivo-compensatório
da reparação. Mantida a indenização fixada em R$
10.000,00 (dez mil) para o autor e R$ 40.000,00 (quarenta
mil) para a autora pelo dano moral e R$ 20.000,00 para a
autora pelo dano estético, pois em consonância com os
parâmetros utilizados por e Este valor deverá ser corrigido
monetariamente pelo IGP-M a partir do arbitramento, com
fulcro na Súmula nº 362 do STJ e acrescido de juros de
mora a contar da data do fato danoso, nos termos da
Súmula 54 do STJ, em consonância com o art. 398 do
Código Civil. APELAÇÕES CÍVEIS DAS REQUERIDAS
DESPROVIDAS. APELAÇÃO CÍVEL DA PARTE
REQUERENTE PARCIALMENTE PROVIDA.” (Apelação Cível
Nº 70061456307, Décima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Túlio de Oliveira Martins, Julgado
em 26/11/2015)(Grifou-se).

Ademais, na lição da Prof.ª Maria Helena Diniz 1 a


reparação pecuniária do dano moral é um misto de pena e de satisfação
compensatória.

Os danos morais significam, portanto, a imposição de


pena pecuniária de caráter penal, para o ofensor, como reprimenda pelo ilícito
1
Curso de direito Civil Brasileiro, 7º vol., 8ª ed, São Paulo:Saraiva, p. 74
8
praticado, bem como caráter compensatório, para vítima, de forma a amenizar
a lesão ao direito da personalidade sofrido.

Assim, não restam dúvidas de que a autora deve ser


reparada pelos danos morais experimentados, em valor não inferior a 10
salários-mínimos, a fim de compensar o abalo sofrido pela mesma, assim como
punir a ré por tais atitudes, tendo caráter pedagógico e punitivo tal
condenação.

DO DANO ESTÉTICO

No que tange ao dano estético sofrido, tem-se que a


autora teve deformidades em sua mão em decorrência da explosão do aparelho,
o que lhe causou um enorme prejuízo financeiro, bem como prejuízo a imagem,
conforme preconiza o art. 5º, V, da Constituição Federal.

Neste sentido, a lição de Maria Helena Diniz:

“O dano estético é toda alteração morfológica do


indivíduo, que, além do aleijão, abrange as
deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda
que mínimos, e que impliquem sob qualquer aspecto um
afeiamento da vítima, consistindo numa simples lesão
desgostante ou num permanente motivo de exposição ao
ridículo ou de complexo de inferioridade, exercendo ou
não influência sobre sua capacidade laborativa.”2

Pelo exposto, possível enquadrar a situação vivenciada


pela requerente, ensejando indenização por dano estético, eis que fisicamente a
autora sofreu queimaduras na mão, tendo que passar por tratamento
dermatológico importado para recuperar a textura da pele, razão pela qual teve
que despender o montante de aproximadamente R$ 4.000,00 (quatro mil reais)
para realizar o referido tratamento.

Quanto à cumulação dos pedidos, a Súmula 387 do


STJ traz importante entendimento acerca das matérias postuladas, referindo
que “é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.”

Assim, não restam dúvidas de que a autora deve ser


reparada pelos prejuízos morais e estéticos experimentados.

DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer digne-se Vossa Excelência


acolher a presente ação, concedendo a prestação jurisprudencial requestada
na forma dos seguintes pleitos:

2
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 1995, v. 7. p. 61-63
9
a) A concessão da gratuidade judiciária ao autor, vez
que se trata de pessoa pobre a rigor da lei, não tendo como arcar com o
pagamento de custas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua
família;

b) A designação de audiência conciliatória, nos moldes


dos artigos 319 e 334, Novo Código de Processo Civil;

c) A citação da requerida para contestar a presente,


querendo, advertida dos efeitos da revelia e confissão;

d) A integral procedência da presente ação,


condenando à requerida ao pagamento dos danos materiais experimentados,
no montante de R$ 300,00, além de indenização por danos estéticos, no
montante de R$ 4.000,00 e danos morais, em valor não inferior a 10 salários-
mínimos, acrescidos de juros e correção monetária incidentes desde o evento
danoso;

e) A condenação da requerida ao pagamento de custas


processuais e honorários advocatícios.

Protesta pela produção de todos os meios de prova em


direito admitidos, notadamente pericial, documental e testemunhal.

Dá-se à causa o valor de R$ 13.100,00.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Novo Hamburgo, __ de Maio de 2016.

NOME DO ADVOGADO
________________________
Nº OAB (ASSINATURA)

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