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GUARULHOS
2013
MARIA CLARA SPADA DE CASTRO
GUARULHOS
2013
Castro, Maria Clara Spada.
TENENTISMO EM 1924:
A PARTICIPAÇÃO CIVIL NA REVOLUÇÃO PAULISTA
Aprovação: ____/____/________
Prof. Dr.
Instituição
Prof. Dr.
Instituição
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao meu pai, pois sem ele com certeza eu não seria
quem sou hoje. Obrigada a minha família, inclusive aos que estão longe mim, em
todos os sentidos.
Tem como tema a revolta tenentista de 1924 na cidade de São Paulo, sendo
seu objeto de estudo a participação civil neste movimento. Seu recorte
historiográfico se inicia com o preparo da rebelião ainda em 1923 e se encerra com
a formação da Primeira Divisão Revolucionária, em maio de 1925, que mais tarde
ficou conhecida como a Coluna Miguel Costa Prestes.
This search was like theme tenentista the revolt of 1924 in the São Paulo city, the
object of study is the civil participation in this movement. His historiographical cut
begins with the preparation of the rebellion in 1923 still and ends with the formation
of the Primeira Divisão Revolucionária in May 1925, which later became known as
the Coluna Miguel Costa Prestes.
With the intention to extend and enrich the theme Tenentismo approach, this
paper search to scribe a overview about the revolt occurred in 1924 in São Paulo
city, the influence of the Partido Comunista Brasileiro and syndicalist organization
and anarchists in the movement, and the formation of battalions foreigners,
organized from German, Hungarian and Italian nationalities, and the impact that
these organizations have the time and the repression they suffered. Through mainly
from newspapers of the period covers other forms of civic engagement in the
Revolution of 1924, as was the case de Macedo Soares and Paulo Duarte through
the newspaper O Estado de São Paulo and the formation of the Guarda Municipal
(city guard), composed of civilians, the Brigada Acadêmica (academic scuad),
composed of students from the Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, the
Comissão de Abastecimento Público and Sub-Comissão de Socorro aos
Indigentes. And also includes the participation of women, negroes and youngers.
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I – UM PANORAMA DA REVOLUÇÃO PAULISTA DE 1924 E SEUS
AGENTES 13
CAPÍTULO II – OS BATALHÕES ESTRANGEIROS DA REVOLUÇÃO DE 1924 35
INTRODUÇÃO
1
MORAIS, João Quartim de. A esquerda militar no Brasil: da conspiração republicana à guerrilha
dos tenentes. Vol. 1 São Paulo: Siciliano, 1941. P 135.
2
CORREA, Anna Maria Martinez. Rebelião de 1924 em São Paulo. São Paulo: HUCITEC, 1967, p.
23.
3
Idem, p. 45.
4
PINHEIRO, Paulo Sergio Pinheiro, et al. O Brasil Republicano, v. 9: sociedade e instituições (1889-
1930) - 8ªEd. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006, p. 253.
8
5
FAUSTO, Boris. Pequenos Ensaios de História da República. São Paulo: Cadernos Cebrap, nº
10, 1972, p. 30.
6
PINHEIRO, Paulo Sergio Pinheiro, et al, op. cit., p. 255.
7
SANTA ROSA, Virginio. O Sentido do Tenentismo. Rio de Janeiro: Civilização, 1932.
8
FAUSTO, Boris. Paulo Duarte: convicção e polêmica in Apresentação de DUARTE, Paulo. Agora
Nós! Crônica da Revolução Paulista São Paulo, 1927, p. XIII, nota de rodapé.
9
relação não se pode entender seu comportamento, que nunca foi tão
9
FAUSTO, Boris. Pequenos Ensaios de História da República. São Paulo: Cadernos Cebrap, nº
10, 1972, p. 31.
10
Ibidem, p. 20.
11
FAUSTO, Boris. Paulo Duarte: convicção e polêmica in Apresentação de DUARTE, Paulo. Agora
Nós! Crônica da Revolução Paulista São Paulo, 1927, p. XIV.
12
PINHEIRO, Paulo Sergio Pinheiro, et al, op. cit., p. 225.
13
Ibidem, p. 226.
10
14
FORJAZ, Maria Cecília Spina. Tenentismo e Política: Tenentismo e Camadas Médias Urbanas na
Crise da Primeira República. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, p. 12.
15
SODRÉ Nelson Werneck. A coluna prestes: análise e depoimentos – 4ª Ed. São Paulo: Ártica,
1989. P.81.
16
COHEM, Ilka Stern. Bombas sobre São Paulo: A revolução de 1924. São Paulo: UNESP, 2006.
17
ROMANI, Carlo. Antecipando a era Vargas: a Revolução Paulista de 1924 e as práticas de
controle político e social. Topoi. Vol. 12. Rio de Janeiro, 2011, p. 161.
11
Segundo Anna Maria Martinez Correa, os governos autoritários que vieram nos
18
anos posteriores também ajudaram nesse processo de esquecimento histórico .
Apesar da Revolução de 1924 não possuir muita evidência na história oficial da
cidade, ela teve um papel importante na configuração da movimentação política na
década de 1920 e teve desdobramentos durante muitos anos.
Por fim, este trabalho tem como tema a revolta tenentista de 1924 na cidade de
São Paulo, sendo seu objeto de estudo a participação civil neste movimento. Seu
recorte historiográfico se inicia com o preparo da rebelião ainda em 1923 e se
encerra com a formação da Primeira Divisão Revolucionária, em maio de 1925, que
mais tarde ficou conhecida como a Coluna Miguel Costa Prestes.
A Pesquisa Documental, por sua vez, teve como objetivo encontrar maiores
detalhes a respeito da participação popular na Revolução de 1924 na cidade de São
Paulo, e se realizou por meio de jornais, relatórios policiais, processos-crime e
memórias. Essas fontes foram analisadas tendo em vista que estas foram
produzidas para um fim e podiam possuir textos tendenciosos - no nosso caso sejam
eles a favor da Revolução ou do Governo -, como os processos que nos ocorre
ainda os perigos de interpretação, uma vez que a justiça utilizou de intérpretes no
caso de depoimentos de pessoas estrangeiras, mas que, contudo, no caso dos
jornais, em especial, representa uma parcela da opinião pública, a partir do
reconhecimento do público para o qual eles se destinavam.
18
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit.
12
Este trabalho é composto por três capítulos. No primeiro deles buscamos traçar
um panorama acerca da revolta ocorrida em 1924 na cidade de São Paulo; no
segundo tratamos da influência do Partido Comunista Brasileiro e das organizações
sindicalistas e anarquistas no movimento, e a formação dos Batalhões Estrangeiros,
organizados a partir das nacionalidades alemã, húngara e italiana, e a repercussão
que tais organizações tiveram no momento bem como a repressão que sofreram. No
último, reabordamos as influências políticas do meio operário, principalmente por
meio de jornais e tratamos das outras formas de envolvimento civil, como foi o caso
de Macedo Soares e Paulo Duarte através do jornal O Estado de São Paulo e a
formação da Guarda Municipal, composta de civis, da Brigada Acadêmica, composta
de estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Comissão de
Abastecimento Público e da Sub-Comissão de Socorros aos Indigentes, bem como
da participação de mulheres, negros e menores.
13
19
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p. 1 e 2.
14
A escolha pela cidade de São Paulo como ponto de partida para a Revolução
foi embasado no fato de a cidade estar naquele momento em ritmo acelerado de
crescimento, onde se notava uma prosperidade industrial. Assim, a ocupação da
cidade poderia garantir uma sólida posição dentro da estratégia geral de luta,
servindo como ponto de concentração do movimento revolucionário, a partir do
estabelecimento de relações com as unidades localizadas em outras cidades do
interior e em outros estados como Mato Grosso, Paraná, Minas Gerais mas,
principalmente com o Vale do Parnaíba e a descida da Serra do Mar, com a intenção
de isolar o Rio de Janeiro, então capital federal24.
20
Successos Subversivos de São Paulo. Julgamento da appelação. Parecer oral do exmo. sr.
ministro procurador geral da República. Accordão. Supremo Tribunal Federal. Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, 1928, p. 89-91.
21
CARVALHO, J. Nunes de. A Revolução no Brasil (1924-25): Apontamentos para a História - A
Minha Defesa. Buenos Aires: Talleres Graf Argentinos, 1925, 60 p, apud, CORREA, Anna Maria
Martinez, op. cit., p. 47.
22
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p. 68.
23
ibidem, p. 69.
24
ibidem, p.79.
15
Por volta das 6hs da manhã, o general Isidoro Dias Lopes instalou no prédio do
1º Batalhão da Força Pública o "Quartel General das Forças Revolucionárias". "Os
dois mil e quinhentos homens da Força Pública de S. Paulo, aquartelados nas
cercanias da estação da Luz fora vencido, e se transformara, por sua vez, em
poderosa ameaça contra o governo"27. Imediatamente Arthur Bernardes solicitou ao
Congresso Nacional que fosse decretado estado de sítio, sendo sua solicitação
atendida no dia seguinte.28
25
ibidem, p. 81.
26
PEREIRA, Duarte Pacheco. 1924 O diário da Revolução: Os 23 dias que abalaram São Paulo.
São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo - Fundação Energia e Saneamento, 2010, p. 15.
27
TAVORA, Juarez. A’ Guisa de Depoimentos sobre a Revolução Brasileira de 1924. Vol. 1. São
Paulo: O combate, 1927, p. 185.
28
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p.30.
29
Estado de sítio. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 06 de julho de 1924, p. 2.
16
O plano inicial dos rebeldes era tomar a cidade de São Paulo em poucas horas,
devendo, logo em seguida, dois destacamentos mistos de tropas do Exército e da
Força Pública marcharem em direção a Santos, através da São Paulo Railway, e a
Barra do Piraí, por meio da Estrada de Ferro Central do Brasil, com a intenção de
controlar estas áreas, para garantir a ligação de São Paulo com Minas e o
isolamento do Rio de Janeiro. Todavia, o plano começou a dar errado desde o início
de sua execução, havendo um primeiro atraso na chegada de Isidoro a São Paulo.
30
ibidem, p. 17 e 19.
31
ibidem, p. 20.
17
que muitos oficiais rebeldes não eram paulistas e não conheciam bem a
cidade [como o próprio general Isidoro]. Além disso, a maioria era estranha
entre si e aos soldados - grande número dos quais eram recrutas recentes
32
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 48.
33
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p. 28.
34
ibidem, p. 30.
35
ibidem, p. 25-28.
36
ibidem, p. 35.
18
37
TAVORA, Juarez, op. cit., p. 144.
38
ibidem, p. 123.
39
ibidem, p. 274.
40
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p. 41 e 43.
41
ibidem, p. 43.
42
ibidem, p. 51
43
ibidem, p. 52.
19
44
ibidem, p. 55.
45
ibidem, p. 60.
46
Civis auxiliam os revoltosos. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 08 de julho de 1924, p. 2.
47
AQUINO, Laura Cristina M. de. A participação de batalhões estrangeiros na rebelião de 1924
em São Paulo. Dissertação (Mestrado) Curso de História, Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 1995, p. 25.
20
48
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p. 158 e 159.
21
49
CABANAS, João. A Coluna da Morte. Rio de Janeiro: Almeida Torres, 1928, p.51.
50
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p. 133.
51
ibidem, p. 178.
22
Mooca e Luz, que ficaram abandonados52. "As famílias mais abastadas procuraram
sair da cidade, em automóveis, com destino a Santos, Jundiaí, Campinas, que com
o grande números de refugiados que recebeu sofreu com falta de mantimentos, e
outras cidades próximas"53, "outras buscavam refúgio nos hotéis do centro"54.
52
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p. 75.
53
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p. 125.
54
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p.75.
55
Uma visita a Campinas. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 18 de julho de 1924, p. 3.
56
ibidem, p. 36.
57
Os reductos rebeldes. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 08 de julho de 1924, p. 2.
23
excelência e demais illustres signatarios, pedem não seja, pelas razões que
58
SOARES, J. C. Macedo. Justiça: Revolta Militar de São Paulo. Paris: S.C.E., 1925, p. 70.
59
ibidem, p. 71.
24
Para Anna Maria Martinez Correa, tal resposta expõe claramente que para o
governo tratava-se de uma situação de guerra, na qual todos os recursos eram
válidos, inclusive os bombardeios60, pouco importando a situação em que se
encontrava a população paulista. A resposta do marechal Setembrino estimulou os
movimentos populares61. Iniciaram-se as publicações de manifestos e as
organizações de comícios, como por exemplo, o realizado no Largo do Arouche:
Ao povo!
reduzido à ignóbil opressão! Por bem dos direitos de uma população aflita
60
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p. 142.
61
idem.
62
Justiça Federal, seção de São Paulo. Processos, vol. 16, p. 242.
63
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p. 91.
64
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p. 125.
25
local, apavorada, lançou mão de todos os meios para fugir; foram então em
65
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p. 117.
66
COSTA, Ciro; GOES, Eurico de. Sob a metralha... História da Revolta em São Paulo. São Paulo:
Monteiro Lobato & Cia, 1924, p. 227.
67
OLIVEIRA, Nelson Tabajara de. 1924: A Revolução de Isidoro. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1956, p. 99.
68
TAVORA, Juarez, op. cit., p. 268.
69
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p. 129.
70
ibidem, p. 129-131.
26
rumo de Taubaté e, perseguido pelos aviões das tropas legais, aterrou em um brejo,
a três léguas da cidade de Cunha, onde foi capturado"71.
Á população de S. Paulo.
É esta uma dura necessidade que urge acceitar como imperiosa, para
pôr termo, de vez, ao estado de coisas creado por essa sedição, que avilta
O pedido não foi atendido, uma vez que era impossível evacuar a cidade, e fez
com que a indignação popular aumentasse ainda mais. Por conta do pânico
71
ibidem, p. 132.
72
ibidem, p. 147.
73
SOARES, J. C. Macedo, op. cit., p. 116.
27
generalizado, o general Isidoro transfere seu quartel general para a estação da Luz
e decide tentar pela última vez uma saída negociada. Propõe, por intermédio de
Macedo Soares, a retirada das tropas, uma vez que houvesse ampla anistia para os
participantes dos movimentos de 1922 e 1924. Contudo, o vigário da Penha, padre
Antão Jorge Hechenblaickner, portador da mensagem, trouxe a resposta: o governo
federal só aceita a rendição incondicional dos revoltosos74.
74
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p. 148.
75
DUARTE, Paulo. Agora Nós! Crônica da Revolução Paulista São Paulo, 1927, p. 189.
76
PEREIRA, Duarte Pacheco, op. cit., p. 153 e 154.
28
rápido das tropas, concentraram todos os vagões de toda espécie nas estações da
São Paulo Railway, desde a Luz até a Lapa, e incumbiram-se pequenos
destacamentos, sob os comandos de Manoel Pires, Nelson de Melo e Ricardo Hall,
de garantir a cobertura dos embarques77.
77
idem.
78
idem.
79
ibidem, p. 159.
80
LIMA, Moreira Lourenço. A Coluna Prestes: marchas e combates. São Paulo: Ed. Alfa-Omega,
1979, p. 61.
29
81
DIAS, Everardo, op. cit., p. 140.
82
Encarregado de cuidar de caldeira do trem de ferro a vapor.
83
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 111 e 117.
84
ibidem, p. 80.
30
quando sobreveiu a rebellião [...] Combateu pelos rebeldes [...] Foi capitão
86
rebelde e assignou diversas requisições como segundo tenente.
fardado no dia 10, seguindo para o bairro do Braz, onde foi combater as
85
ibidem, p. 82.
86
ibidem, p. 82 e 83.
87
ibidem, p. 84.
88
ibidem, p. 111.
31
89
os dois primeiros com a graduação de capitão (hauptmann).
Seu nome consta da relação dos officiaes com o posto de capitão. [...] Dr.
lista de officiaes, com o posto de capitão. [...] Paulo Falupi - Teve o posto de
tenente. [...] Luiz Varadi - Foi graduado no posto de tenente. [...] Szanto
91
Aldar - Foi tenente.
Para Ilka Cohen, foram mortos 723 civis, segundo o único registro que restou
pertencente à Santa Casa. Em média 30 cadáveres e 100 feridos94 por dia na
89
ibidem, p. 94.
90
ibidem, p. 95.
91
ibidem, p. 97.
92
Um liberal movido pelo amor ao País. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 12 de julho de 2009, p.10.
93
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit., p. 38.
94
COHEM, Ilka Stern. Bombas sobre São Paulo: A revolução de 1924. São Paulo: UNESP, 2006.
32
Estado.
95
ROMANI, Carlo. Antecipando a era Vargas: a Revolução Paulista de 1924 e as práticas de
controle político e social. Topoi . Vol. 12. Rio de Janeiro, 2011, p. 161.
96
Annexos ao relatorio de 1924 apresentado a' Camara Municipal de São Paulo pelo prefeito D.
Firmiano de Moraes Pinto. São Paulo: Casa Vanorden, 1925, p.57 e 58.
33
seguintes algarismos:
Medidores........................................................14:824$600
Transformadores de postes...............................41:092$300
Postes................................................................158:273$000
Edifícios............................................................50:201$700
550:750$000
Lucros cessantes...................4.848:000$986
97
Total.......................5.398:750$986
Por fim, para os militares rebeldes, a saída da cidade não significava o fim do
movimento, mas sim o emprego de uma nova estratégia baseada na guerra de
movimento. Esperava-se, assim, que se encontrasse no interior do país melhores
condições para a realização do seu ideal.
97
Relatorio de 1924 apresentado a' Camara Municipal de São Paulo pelo prefeito D. Firmiano
de Moraes Pinto. São Paulo: Casa Vanorden, 1925, p. 63.
34
98
ibidem, p. 160.
99
ibidem, p. 95.
100
Ibidem, p. 160.
35
101
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p. 83.
102
DIAS, Everardo. História das Lutas Sociais no Brasil. São Paulo: Edaglit, 1962, p. 133.
36
103
ibidem, p. 134.
104
DULLES, John W. Foster. Anarquistas e Comunistas no Brasil (1900-1935). Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1977, p. 194.
105
DIAS, Everardo, op. cit., p. 134.
106
DULLES, John W. Foster, op.cit., p. 194.
107
RODRIGUES, Edgar. Novos Rumos: pesquisa social 1922-1946. Rio de Janeiro: Mundo Livre,
1976, p. 227.
37
dos nossos ideas de emancipação humana. [...] Já que não contamos com
108
O caracter da Revolução. A Plebe, São Paulo, 28 de jul. 1924, p. 1.
109
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p.85.
38
ocasião da retirada da cidade de São Paulo, como ocorreu com o total das
113
tropas.
110
ibidem, p. 160.
111
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit.
112
ibidem, p. 26.
113
ibidem, p. 60 e 61.
39
114
ibidem, p. 30.
115
ibidem, p. 83.
116
ibidem, p. 60 e 61.
117
ibidem, p. 62.
40
118
UEÓCKA, Lorayne Garcia. 1924: Dossiê de uma rebelião. Operários ante a sedição paulista.
Dissertação (Mestrado em História). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1991,
p. 63 e 64.
119
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p.90.
120
TÁVORA, Juarez, op. cit.
41
manifestam-se abertamente. Será mais tarde pelos sem trabalho tentada com
certeza a subversão da ordem social."121
Intrigas de irresponsaveis
121
DUARTE, Paulo, op. cit., p.180.
122
Crime de lesa-patria. Correio Paulistano, São Paulo, 05 de ago. 1924, p.1.
123
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit., p.66 e 67.
42
que são.
E o Alemão:
nesta Capital.
124
Intriga de irresponsáveis. O Combate, São Paulo, 19 de julho de 1924, p. 1.
125
Aviso aos cidadãos portuguezes. O Combate, São Paulo, 19 de julho de 1924, p. 1.
43
O Batalhão Alemão
assim o referido inspetor favoreceu-os com tudo que estava ao seu alcance,
casa em São Bernardo, onde foi preso. Tinha 40 anos, era casado, nascera
128
na Morávia e servira na Primeira Guerra Mundial.
126
Neutralidade. O Combate, São Paulo, 22 de julho de 1924, p. 1.
127
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit., p. 91 e 92.
128
Justiça Federal, seção de São Paulo. Processos, vol. 21. São Paulo, 1927, p.26.
44
Laura de Aquino tem como hipótese que uma das razões que fizeram esses
alemães se alistarem no Batalhão Alemão "foi o espírito de aventura, também um
certo "espírito de trincheira", e até alguma incapacidade de se ajustarem à vida
civil"131no pós Guerra. Para ela, os alemães se alistaram a partir de contatos com
seus compatriotas, sendo raros aqueles que em seus depoimentos informaram
terem se alistado a convite de soldados brasileiros. Os líderes da revolta aceitaram a
participação dos estrangeiros, e facilitaram essa participação, contudo "a formação
dos Batalhões Estrangeiros foi iniciativa de alguns estrangeiros mais graduados. O
relacionamento desses oficiais estrangeiros com os oficiais brasileiros rebeldes
parece ter sido de confiança mútua"132.
129
ibidem, vol. 35, p. 26 e 214.
130
ibidem, p.606
131
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit., p.98.
132
ibidem, p. 101 e 102.
45
133
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p.93 e 94.
134
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit., p.103.
135
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 94 e 95.
46
O Batalhão Húngaro
136
Justiça Federal, seção de São Paulo. Processos, vol. 35, p. 497.
137
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit., p. 118-125
138
ibidem, p. 123.
139
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 96.
47
Rodolpo Eisinger, que possuía posto de primeiro tenente, não foi combatente e
exerceu o cargo de intendente. "Como tal, effectou o pagamento da tropa. Mas, ao
receber o dinheiro relativo ao segundo pagamento, resolveu fugir, carregando
comsigo o dinheiro que recebera"142(sic). Rodolpho Eisinger, que parece ser o autor
da fraude segundo a denúncia, acusou em inquérito Maximiliano Agid de ser
responsável pela falsificação. O fato de constar em inquérito as informações acima
nos confirma a não existência desses soldados listados em detrimento da
possibilidade destes terem existidos e informarem nomes falsos.
Ainda segundo a denúncia, o batalhão húngaro, de fato, não deve ter tido mais
de cem ou cento e poucos soldados143. Com a retirada das tropas revolucionárias da
140
ibidem, p. 93.
141
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit., p. 127-129.
142
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 97.
143
ibidem, p. 99.
48
capital, parte dele retirou-se junto, mas, ao contrário dos Batalhões Italiano e
Alemão, não participou de combates após a retirada e, segundo depoimentos
contidos no processo, o Batalhão Húngaro foi desarmado pelo Coronel Miguel Costa
em Porto Epitácio, não sendo revelados pelos depoentes os motivos144.
O Batalhão Italiano
recebido por aquella autoridade, que o poz do Consulado para fóra. Pouco
queixar ao sr. Arthur Grippa da maneira porque fora recebido pelo Consul,
144
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit., p.125.
145
ibidem, p. 131.
146
idem.
49
com aquelle moço commandava o contingente de cavallaria que nesse dia esteve
149
em frente da redação do Il Piccolo. Fugiu com os revolucionarios.
147
Justiça Federal, seção de São Paulo. Processos, vol. 35, p. 598.
148
ibidem, 595.
149
ibidem, p. 598 e 599.
150
ibidem, p. 599.
151
ibidem, p. 133.
50
Brasileiros...........12076
Italianos..............10588
Allemães...............8964
Portuguezes...........8226
Yugo-Slavos..........7559
Romenos................5813
Espanhóes.............5639
Japonezes..............2706
Syrios....................2081
Polacos...................1145
152
Diversos...............3364
152
Secretaria de Estado dos negocios da agricultura, commercio e obras publicas do Estado de São
Paulo. Relatorio apresentado ao Dr. Carlos de Campos presidente do Estado pelo Dr. Gabriel
Ribeiro dos Santos secretario da agricultura, commercio e obras publicas. São Paulo, 1924, p.
72.
153
ibidem, p. 135.
51
O Dr. Alfredo Assim, 3º delegado foi que presidiu o inquérito sobre a formação
do batalhão italiano, afirma, à respeito destes estrangeiros envolvidos de diversas
nacionalidades, que estes estavam no Brasil havia pouco tempo, não podendo,
portanto, de forma alguma, interessar-lhes os nossos negócios políticos e que
"adheriram á revolução com o unico fito de roubarem como faziam todas as forças
que haviam abraçado a causa de Isidoro Lopes e outros"154. Ainda em suas defesas,
boa parte dos estrangeiros confirmaram que "a participação no levante armado foi
provocada pelas propostas generosas dos chefes rebeldes não tendo contudo,
interesses ideológicos na política nacional. Pretendiam apenas angariar algum
dinheiro extra, para a sobrevivência das famílias."155 Perante estas alegações muitos
estrangeiros foram absolvidos.
De fato, não nos foi possível identificar com clareza as razões para que estas
pessoas tenham se envolvido na rebelião, que chegou a levar a morte para alguns
como é o caso dos alemães João Mentzel, Alfredo Eduardo Wehner, Kannegiesser,
Ende156 e tantos outros, ou que por tanto terem se envolvido, seguiram com os
militares para a formação da Coluna Miguel Costa Prestes e percorreram todo seu
trajeto até o exílio em 1927, como foi o caso do italiano Ítalo Landucci157.
154
Justiça Federal, seção de São Paulo. Processos, vol. 35, p. 598.
155
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op. cit., p. 289 e 290.
156
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p 94 e 95.
157
LANDUCCI, Ítalo. Cenas e Episódios da Coluna Prestes e da Revolução de 1924 e da Coluna
Prestes. 2ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 1952.
52
158
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 101.
53
159
DULLES, John W. Foster, op. cit., p. 194.
160
DIAS, Everardo, op. cit., p. 134.
161
BRANDÃO, Octavio. Combates e Batalhas: memórias. São Paulo: Alfa-Omega, 1978, p. 280.
54
Em meio à luta, os líderes operários mais radicais pediram armas para que se
constituíssem "batalhões verdadeiramente populares", a fim de cortarem as
comunicações, agitarem e levantarem as populações do interior e organizarem
guerrilhas contra as forças governistas, contudo os chefes tenentistas não
concordaram.163
Joaquim Távora que abraçava o socialismo, foi outro que se mostrou sempre
aberto ao diálogo com o proletariado, apoiado por Miguel Costa que era favorável à
entrega de armas para a população. Contudo, Isidoro mostrou-se totalmente
contrário e não admitia a participação das forças populares. Durante a revolta:
162
ZAIDAN FILHO, Michel. O PCB e a Internacional Comunista (1922-1929). São Paulo: Vétice,
1988, p. 52 e 53.
163
Idem.
164
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p.89.
165
Carvalho, Joaquim Nunes de. 1922 5 de julho - 1924. Rio de Janeiro, A Noite, 1944, p. 58.
55
Lorayne Garcia Ueócka afirma que Isidoro, sob pressão das classes
conservadoras, cedeu às suas orientações e desejos, entravando a participação
operária pelo temor da "bolchevização" do movimento. Essa preocupação da
possibilidade de inversão da ordem social foi constante nos relatos dos autores
166
DIAS, Everardo, op.cit., p. 138.
167
OLIVEIRA, Nelson Tabajara, op. cit., p. 102.
168
TÁVORA, Juarez, op. cit., p. 91 e 92.
56
Costa era favorável à entrega de armas ao povo. Isidoro era contra. Esse
revolução civil. "O Exército" - dizia êle - "deve fazer a revolução, porque é a
ser nacional, isso é, civíl; deve resultar num govêrno provisório que presida
Por mais que nem todos os tenentes concordassem com a participação civil
na rebelião, ela ocorreu. Assim também se deu com relação ao envolvimento destes
no planejamento, contudo, em menores proporções, como é o caso do civil
Waldomiro Rosa:
169
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op. cit., p. 243.
170
COSTA JR, Miguel. 5 de julho de 1924 in suplemento de O Grito, 05 de julho de 1958, ano I, nº 3,
p. 18 apud SEGATTO, José Antônio. A Light e a Revolução de 1924. São Paulo: Eletropaulo, 1987.
171
CARVALHO, Joaquim Nunes de. 1922 5 de julho - 1924. Rio de Janeiro: A Noite, 1944, p 71.
57
172
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 85.
173
PINSKY, Carla Bassanezi (org.) Fontes Históricas. 2ª Ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 119
174
RÉMOND, René (org). Por uma história política. Rio de Janeiro: FGV, 2007, P. 282-283.
58
A Plebe
175
CARNEIRO, Maria Luiza Tucci, KOSSOY, Boris (org.) A Imprensa confiscada pelo Deops: 1924-
1954. São Paulo: Ateliê Editorial: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Arquivo do Estado, 2003,
p. 12.
176
ibidem, p. 13.
177
ibidem, p. 20.
178
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op.cit., p.252
59
Fellipe, foi preso, juntamente com mais oito participantes do jornal, por quarenta dias
e processados pela lei de imprensa sob a acusação de fazer críticas ao governo179.
Estado [...]
179
CARNEIRO, op. cit., p. 96.
180
LEUENROTH, Edgard. Anarquismo: roteiro da libertação social. Rio de Janeiro: Mundo Livre,
1963, p. 119.
60
181
6º - Finalmente, a generalização do dia de 8 horas de trabalho.
181
Uma moção de militantes operários ao Comitê das Forças Revolucionarias. A Plebe. São Paulo,
28 de julho de 1924, p. 2.
182
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op.cit., p.252.
183
ibidem, p. 197.
184
idem.
61
O 5 de julho
nunca foi interrompida nem se conseguiu descobrir quem foi seu autor, seu
editor, onde era composto e impresso. Essa publicação saiu interrupta até o
186
fim do gôverno Bernardes .
185
ibidem, p. 231 e 232.
186
DIAS, Everardo, op.cit., p.141.
62
187
O processo do bernardismo. O 5 de Julho, Rio de Janeiro, s/d, ano 1, nº 5, p. 1.
188
Ao povo carioca. O 5 de Julho, Rio de Janeiro, s/d, ano 1, nº 5, p. 2.
189
Soldados. O 5 de Julho, Rio de Janeiro, s/d, ano 1, nº 7, p. 4.
63
O jornal Marreta foi outro que apoiou a sedição. Em sua edição de 19 de julho
de 24, única também publicada no período, declarou que o operariado de São Paulo
estava favorável aos rebeldes e manifestavam abertamente seu apoio. O jornal,
como um órgão popular, aderiu à causa e estimulou os trabalhadores brasileiros e
estrangeiros a participarem da ação rebelde, conforme podemos notar no trecho que
segue:
190
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op.cit., p. 232 e 233.
64
191
ibidem, p. 113.
192
ibidem, p. 86.
193
BRASIL. Legislação Informatizada. Decreto nº 1.641, de 7 de janeiro de 1907. Disponível em
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900-1909/decreto-1641-7-janeiro-1907-582166-
publicacaooriginal-104906-pl.html. Acesso em 28/01/2012.
194
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op.cit., p. 87.
195
ibidem, p. 90.
196
ibidem, p. 98.
65
Essa comissão foi formada por Dom Duarte Leopoldo, Firmiano Pinto, Julio de
Mesquita, Macedo Soares, F. Steidel e conseguiu das forças revolucionárias apoio
militar quando necessário para o bom andamento da distribuição de mercadorias
nos armazéns. Esta também regulava os preços dos gêneros de primeira
necessidade junto a prefeitura198 e foi criada em 12 de julho de 1924, ao mesmo
tempo que a Sub-Comissão de Socorros aos Indigentes composta pelo dr. Mario
Cardim, Ernesto Dobler e E. J. Donald199.
197
ibidem, p. 102 e 103.
198
SOARES, José Carlos de Macedo, op. cit., p. 42.
199
DUARTE, Paulo, op. cit., p. 144.
66
Paulo Duarte
200
ibidem, p. 63.
201
SOARES, José Carlos de Macedo, op. cit., p. 78.
202
ibidem, p. 70.
203
SOARES, J. C. Macedo. Justiça: Revolta Militar de São Paulo. Paris: S.C.E., 1925, 519p.
204
O Policiamento. O Estado de São Paulo, São Paulo, 11 de julho de 1924, p. 1.
67
Duarte em sua obra ressaltou que os crimes cometidos pelos rebeldes eram
irrelevantes frente aos cometidos pela legalidade. Criticou a arbitrariedade do
governo federal, que resultou na eclosão de diversos movimentos militares e sociais,
sua incompetência administrativa e as diversas denúncias de corrupção e
favoritismo:
dos mais covardes excessos e pela impunidade que lhes garante um fraco
206
governo...
nas esquinas, mesmo durante o dia, pois é caindo sobre esses grupos de
205
DUARTE, Paulo, op. cit., p. 292.
206
ibidem, p. 8.
207
Bombardeio e fuzilaria no Braz. O Estado de São Paulo, São Paulo, 18 de julho de 1924.
68
208
DUARTE, Paulo, op. cit., p. 124.
209
Quadro demonstrativo dos enterramentos feitos nos cemitérios do Araçá, Santissimo e Redemptor,
de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 1924 extraído de Annexos ao relatorio de 1924 apresentado
a' Camara Municipal de São Paulo pelo prefeito D. Firmiano de Moraes Pinto. São Paulo: Casa
Vanorden, 1925, p. 136.
69
até familias inteiras, nos bairros e no centro desta capital. [...] Não lhes
Actos de vandalismo
Corre, insistentemente pela cidade, não é de hoje, que soldados das forças
legalistas que andam dispersos, debandados pela Penha têm alli praticado
assaltos, saque contra todos, até imoralidades dizem que estão praticando
os referidos soldados.
210
DUARTE, Paulo, op. cit., p. 150-155.
211
A lucta continua. A Plebe. São Paulo, 28 de julho de 1924, p. 2.
70
Guarda Municipal
Peço ainda aos srs. industriaes e comerciantes que enviem seus guardas
215
communs a se inscreverem na Guarda Municipal.
212
Na Penha. Marreta: seminário de combate, São Paulo, 19 de julho de 1924, p. 4.
213
DUARTE, Paulo, op. cit., p. 63 e 64.
214
LEITE, Aureliano. Dias de Pavor: figuras e scenas da revolta de S. Paulo. São Paulo, 1924, p.96.
215
DUARTE, Paulo, op. cit., p. 64.
71
Já attingiu mais de 1000 pessoas ao que nos consta, sendo intenção do sr,
Confiar, desconfiando:
216
A milicia civica. A Capital. São Paulo, Nº 53, 13 de julho de 1924, p. 1
217
Leite, Aureliano, op. cit., p. 96.
218
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op.cit., p. 215.
72
219
Suggestões opportunas. Marreta: seminário de combate, São Paulo, 19 de julho de 1924, p. 3.
220
DUARTE, Paulo, op. cit., p. 63.
221
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 73.
73
tenentes, além da parte activa que tomou, armado de fuzil, em vários pontos
222
ibidem, p. 74 e 75.
223
Ibidem, p. 73 e 74.
74
Como pudemos notar não houve civil que fosse denunciado na relação dos
considerados "cabeças" do movimento. Todos eram oficiais graduados do
exército226. Contudo, "entre os co-autores foram levantados nos autos, elementos
suficientes para a pronúncia de 100, sendo 62 militares nacionais, 7 comandantes
do batalhão alemão, 2 do batalhao húngaro, um do batalhão italiano e 28 civis 227".
Entre eles encontra-se Planchichinsky, organizador do batalhão alemão; Maximiliano
Agid, organizador do batalhão húngaro; Lamberti Sorrentino, um dos organizadores
do batalhão italiano; Romulo Antonelli, combatente efetivo que percorreu vários
municípios como Jaboticabal, Araraquara e outros, sendo antes pequeno funcionário
do comércio; Manuel Garcia, mecânico, encarregado de fabricar bombas explosivas
para serem usadas contra as forças legais - declarou-se revolucionário; Gabriel
Pereira aliou-se aos rebeldes, era operário e sua ação estendeu-se ao interior do
Estado ao lado de Cabanas228.
224
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op.cit., p. 270.
225
ibidem, p. 264 e 265.
226
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 213.
227
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op.cit., p.282.
228
idem.
75
229
ibidem, p. 290.
230
ibidem, p. 319 e 330.
231
ibidem, p. 332.
76
reis por 10 horas; operários que prestaram o serviço militar em sua Pátria
232
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 79.
233
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op.cit., p. 185.
234
ibidem, p. 286.
235
ibidem.
77
Cia., no qual percorria as ruas da cidade, até que, após a fuga dos rebeldes,
236
dois empregados da casa a obrigaram a restituir-lhe o auto .
Segundo Lorayne Ueócka, Anezia é a única mulher que aparece nos autos.
"Foi indiciada no processo, contudo, o procurador criminal opinou pela não
pronúncia, por "não haver documentos, nem referência de testemunhas no sumário
que comprovassem sua atuação"237. Embora fosse "vista frequentemente, de
revólver a tiracolo nos quartéis e nos campos de aviação em poder dos revoltosos,
prestando-lhes auxílio no tocante à arte, de voar, conforme depõem todas as
testemunhas, é curioso ela ter se ausentado de culpa por "não haver documentos,
nem referência de testemunhas no sumário que comprovassem sua atuação. Isso
nos faz pensar que talvez tal fato tenha se dado por se tratar da única mulher
julgada, contudo não podemos nos esquecer que, tal como conhecedora de aviação,
se encontrava inserida nas classes abastadas.
236
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 87.
237
ibidem, p. 282
78
revoltoso consciente e faz praça dos seus ideais conforme confessa nas
238
declarações.
Por mais que Anezia Pinheiro Machado tenha sido a única mulher que aparece
nos autos, temos a certeza de que não foi a única a participar da revolta. Segundo
Moureira Lourenço Lima cinquenta mulheres que provinham, em sua maioria, das
classes populares, aderiram ao movimento da Coluna Miguel Costa Prestes,
conhecidas como "vivandeiras"240. Claro que agiam em desobediência ao comando
superior que proibia mulheres de acompanharem as tropas combatentes. O que nos
faz acreditar que algumas destas acompanharam os revolucionários após a retirada
da cidade de São Paulo, como é o caso da enfermeira austríaca Herminia, que
segundo Moreira Lima, acompanhou a Coluna Miguel Costa Prestes até sua retirada
na Bolívia:
de fogo.
Coluna e Tia Maria, negra, cozinheira de Isidoro que o acompanhava desde São
Paulo,
238
AQUINO, Laura Cristina M. de, op. cit., p. 55.
239
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 82.
240
LIMA, Moreira Lourenço, op. cit., p. 130.
241
ibidem, p. 132.
79
paraibana, que ali chegou após a nossa saída, encontrando a pobre preta,
Ainda temos aquelas que participaram de modo mais oculto e que não
acompanharam os rebeldes ao longo da Coluna Miguel Costa Prestes, como é o
caso de Whinnie Thiré:
242
A Grande Marcha: as mulheres na Coluna Prestes. Revista Do Leitura. São Paulo, 13 de junho
de 1994, p. 2.
80
De fato, tinha razão Aureliano Leite quando afirmou: "Revoltosos havia então
de todo o feitio e espécie: pretos e brancos, meninos e velhos, homens e mulheres,
nacionais e estrangeiros"245.
243
COSTA, Ciro; GOES, Eurico de, op. cit., p. 379 e 380.
244
LEITE, Aureliano, op. cit., 62.
245
ibidem, p. 83.
81
CONCLUSÃO
Ao que parece, a intenção dos militares era apenas dominar São Paulo e
realizar o deslocamento das tropas para o Rio de Janeiro, a fim de depor o
presidente Arthur Bernardes. Contudo, apesar disso, muitas cidades pelo interior de
São Paulo se levantaram. Encontramos na Denúncia que cinquenta e cinco
cidades246 se envolveram com o movimento. Em Itapetininga 247 o desenvolvimento
chegou a ponto de se formarem "batalhões patrióticos", organizados por “coronéis”
da região, como meio de evitar a expansão do movimento rebelde, que se locomovia
por meio da Coluna da Morte, liderada pelo Tenente da Força Pública João
Cabanas248.
246
Successos Subversivos de São Paulo. Denuncia apresentada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da
1ª Vara de São Paulo pelo Procurador Criminal da Republica, em commissão no Estado de São
Paulo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1925, p. 126 a 205.
247
CORREA, Anna Maria Martinez, op. cit., p. 175.
248
CABANAS, João. A coluna da morte. Rio de Janeiro: Almeida Torres, 1928.
82
249
UEÓCKA, Lorayne Garcia, op. cit., p. 230.
250
SEVCENKO, Nicolau. O Orfeu extático da metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos
frementes anos 20. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 304.
83
251
CARVALHO, Joaquim Nunes de, op. cit., p. 53 e 54.
84
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Joaquim Nunes de. A Revolução no Brasil (1924-1925) -2ª Ed.. Rio
de Janeiro: São Benedito, 1930.
85
COHEN, Ilka Stern. Bombas sobre São Paulo: A revolução de 1924. São Paulo:
UNESP, 2006.
CORREA, Anna Maria Martinez. Rebelião de 1924 em São Paulo. São Paulo:
HUCITEC, 1967.
DIAS, Everardo. História das Lutas Sociais no Brasil. São Paulo: Edaglit, 1962.
LIMA, Lourenço Moreira. A Coluna Prestes: marchas e combates. São Paulo: Alfa-
Omega, 1979.
MORSE, R. M.. Formação História de São Paulo. São Paulo: Difel, 1970.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. Política e Trabalho no Brasil: dos anos vinte a 1930.
2ªEd. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
PINSKY, Carla Bassanezi (org.) Fontes Históricas. 2ª Ed. São Paulo: Contexto,
2006.
87
RÉMOND, René (org). Por uma história política. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
FONTES
Memórias
COSTA, Ciro; GOES, Eurico de. Sob a metralha... História da Revolta em São
Paulo. São Paulo: Monteiro Lobato & Cia, 1924.
COSTA, Yuri Abyaza. Marchando com Miguel Costa: declaração do general Miguel
Costa sobre a Coluna Paulista no interior de São Paulo e do Paraná em 1924-25 e a
ligação com a Coluna Prestes. São Paulo: Editora Bookees, 2011.
DUARTE, Paulo. Agora Nós! Crônica da Revolução Paulista São Paulo, 1927.
LEITE, Aureliano. Dias de pavor: figuras e cenas da revolta de São Paulo. São
Paulo: Rochéa, 1925.
LIMA, Lourenço Moreira. A Coluna Prestes: marchas e combates. São Paulo: Alfa-
Omega, 1928.
SOARES, J. C. Macedo. Justiça: Revolta Militar de São Paulo. Paris: S.C.E., 1925.
Periódicos
Outras fontes
Justiça Federal, seção de São Paulo. Processos, vol. 16, 21. São Paulo, 1927.