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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ALAERCIO LOVATEL DOS SANTOS

Os incentivos governamentais à exportação e os fatores que influenciam na sua


utilização: um estudo multicasos nas indústrias exportadoras cascavelenses

Cascavel-PR
2016
ALAERCIO LOVATEL DOS SANTOS

Os incentivos governamentais à exportação e os fatores que influenciam na sua


utilização: um estudo multicasos nas indústrias exportadoras cascavelenses

Monografia apresentada como requisito para


aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) de Ciências Contábeis da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(Unioeste), Campus de Cascavel.

Orientador: Prof. Leandro Augusto Toigo

Cascavel-PR
2016
Nome: SANTOS. Alaercio Lovatel dos
Título: Os incentivos governamentais à exportação e os fatores que influenciam na
sua utilização: um estudo multicasos nas indústrias exportadoras cascavelenses

Monografia apresentada como requisito para


aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) de Ciências Contábeis da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(Unioeste), Campus de Cascavel.

Aprovado em: ____/____/__________

Banca Examinadora

___________________________________
Prof. Dra. Ma. Delci Grapegia Dal Vesco
Colegiado de Ciências Contábeis, Unioeste

________________________________
Prof. Me. João Vicente de Moraes
Colegiado de Ciências Contábeis, Unioeste

________________________________
Prof. Me. Leandro Augusto Toigo
Colegiado de Ciências Contábeis, Unioeste
Esta pesquisa é dedicada,
primeiramente, a minha família que
sempre apoiou meus projetos e
compreendeu os momentos que
precisei me ausentar para estudar.
Também, dedico ao amor da minha
vida, Leticia Caldatto, que além do
apoio incondicional, auxiliou-me na
correção gramatical e sintática da
pesquisa.
AGRADECIMENTOS

Ao Eterno, pela vida e pela capacidade que me concedeu de obter


conhecimento e fazer minhas escolhas.
A minha mãe, a qual me colocava de castigo duas horas por dia para que eu
aprendesse a ler, criou-me, deu-me educação e mostrou-me como superar os
obstáculos que surgem no decorrer da vida.
Ao meu professor e orientador, Leandro Toigo, primeiramente, pela didática
de suas aulas, o que me fez gostar de Contabilidade Tributária, e, por conseguinte,
realizar pesquisa acerca dos incentivos fiscais e financeiros. E também por ter me
aceito como seu Orientando e ter contribuído em todas as fases desta pesquisa.
Ao meu professor e Coordenador do TCC, Sidney Celerino, pela aula de
ética, não somente no ano que lecionou essa disciplina, mas também, em todos os
nossos encontros.
Aos meus colegas e amigos do Curso de Ciências Contábeis, em especial
aos meus amigos para a vida, Kamilla Zanella, Maquely Cardoso, Patricia Caldatto,
Shaieny Vieira, Caroline de Mello e João de Oliveira, que contribuíram para que
esses cinco anos fossem divertidos.
À colega Aline Richetti e ao meu amigo Willian Silveira que conseguiram as
entrevistas com os gestores das empresas objeto de estudo.
Aos gestores das empresas, por terem colaborado com a presente pesquisa.
Por fim, agradeço aos membros da banca examinadora, Professores Delci
Grapegia e João Vicente que deram suas contribuições para a construção desta
pesquisa.
RESUMO

A pesquisa teve como objetivo identificar como as características das empresas, o


perfil dos gestores, os fatores internos e externos configuram a utilização dos
incentivos governamentais à exportação. Para isso, foi realizada uma pesquisa
multicasos junto a três indústrias exportadoras com sede em Cascavel-PR. Quanto
ao objetivo, a pesquisa é descritiva e o problema traz uma abordagem qualitativa.
Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada realizada junto
aos gestores das indústrias exportadoras, e a descrição e análise dos dados
consistiram em interpretar, comparar e comentar os dados coletados. O trabalho
apresentou que o maior resultado das empresas nas operações de exportação,
juntamente com formação profissional dos gestores em área relacionada ao
comércio exterior, bem como a existência de departamento específico para o
comércio exterior, a execução da contabilidade internamente e a maior divulgação
dos incentivos por parte do Governo possibilitam o maior uso dos incentivos fiscais e
financeiros.

Palavras-chave: Incentivos governamentais à exportação. Perfil dos gestores.


Características das empresas. Fatores internos e externos.
ABSTRACT

The research aimed to identify how the business characteristics, the profile of
managers, internal and external factors shape the use of government export
incentives. For this, a multicases research was conducted with three export industries
based in Cascavel-PR. As for the goal, the research is descriptive and problem
brings a qualitative approach. Data were collected through semi-structured interview
with the managers of export industries, and the description and analysis of data
consisted of interpreting, compare and comment on the data collected. The work
showed that the greatest results of companies in export operations, along with
vocational training managers in related field in foreign trade, as well as the existence
of specific department for foreign trade, implementation of accounting internally and
wider dissemination of incentives by the Government allow the greater use of fiscal
and financial incentives.

Keywords: Government incentives for export. Profile managers. Business


characteristics. internal and external factors.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Exceções incidência da noventena e da anterioridade ....................... 25


Quadro 2 - Questões para guiar o pesquisador no processo de coleta de dados. 49
Quadro 3 - Perfil dos gestores .............................................................................. 52
Quadro 4 - Características das empresas ............................................................. 54
Quadro 5 - Faturamento na exportação e incentivo utilizados nas operações de
exportação ............................................................................................ 60
Quadro 6 - Formação acadêmica dos gestores, funções desempenhadas e quais
incentivos governamentais à exportação conhecem ........................... 62
LISTA DE SIGLAS

ABGF Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias


ACC Adiantamento de Contrato de Câmbio
ACE Adiantamento Sobre Cambiais Entregues
Apex Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
Befiex Programa Especial de Exportação
BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento e Econômico e Social
CF Constituição Federal
Cide Contribuição de intervenção no domínio econômico
COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
CNI Confederação Nacional da Indústria
CTN Código Tributário Nacional
DF Distrito Federal
DI Declaração de Importação
DOU Diário Oficial da União
DTA Declarações de Trânsito Aduaneiro
FGPC Fundo de Garantia Para a Promoção da Competitividade
FGI Fundo Garantidor para Investimentos
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IE Imposto de Exportação
II Imposto de Importação
IOF Imposto sobre Operações Financeiras
IPI Imposto Sobre Produtos Industrializados
IR Imposto de Renda
ISS Imposto Sobre Serviços
MDIC Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior
MP Matéria-Prima
MF Ministério da Fazenda
Pasep Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
PIS Programa de Integração Social
PR Paraná
PROEX Programa de Financiamento ás Exportações
SCE Seguro de Crédito a Exportação
Secex Secretaria de Comércio Exterior
Siscomex Sistema de Comércio Exterior
RA Regulamento Aduaneiro
Recof Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado
REI Registro de Exportadores e Importadores
Reintegra Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as
Empresas Exportadoras
RIPI Regulamento do IPI
RICMS Regulamento do ICMS
RF Receita Federal
RFB Receita Federal do Brasil
SRFB Secretaria da Receita Federal do Brasil
TIPI Tabela de Incidência de IPI
Unioeste Universidade Estadual do Oeste do Paraná
ZFM Zona Franca de Manaus
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 13
1.1 Contextualização e Justificativa............................................................... 14
1.2 Problema da Pesquisa............................................................................... 17
1.3 Objetivos..................................................................................................... 18
1.3.1 Objetivo Geral............................................................................................... 18
1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................... 18
1.4 Delimitação do Estudo.............................................................................. 19
1.5 Organização da Pesquisa.......................................................................... 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................... 22
2.1 Incentivos Fiscais à Exportação............................................................... 22
2.1.1 Princípios Tributários ................................................................................... 23
2.1.2 Regulamento Aduaneiro .............................................................................. 25
2.1.3 Imposto de Importação ................................................................................ 26
2.1.4 Imposto de Exportação ................................................................................ 28
2.1.5 Imposto sobre Produtos Industrializados ..................................................... 29
2.1.6 Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ................................ 30
2.1.7 Crédito-presumido do IPI como Ressarcimento do PIS/Pasep e COFINS . 31
2.1.8 Imposto Sobre Serviços ............................................................................... 32
2.1.9 PIS/Pasep e COFINS .................................................................................. 33
2.1.10 Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico .................................. 34
2.1.11 Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas
Exportadoras ............................................................................................... 34
2.1.12 Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado ... 35
2.1.13 Drawback ..................................................................................................... 35
2.1.14 Exportação Direta e Indireta ........................................................................ 36
2.2 Incentivos Financeiros a Exportação....................................................... 37
2.2.1 BNDES-Exim ............................................................................................... 38
2.2.2 Programa de Financiamento ás Exportações .............................................. 38
2.2.3 BNDES Fundo Garantidor para Investimentos ............................................ 39
2.2.4 Seguro de Crédito a Exportação ................................................................. 39
2.3 Outros Incentivos à Exportação................................................................ 40
2.3.1 Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos ............. 40
2.3.2 Linha Azul..................................................................................................... 40
3 METODOLOGIA........................................................................................... 42
3.1 Definição do Tipo de Pesquisa................................................................. 42
3.1.1 Quanto aos Objetivos .................................................................................. 42
3.1.2 Quanto aos Procedimentos ......................................................................... 43
3.1.3 Quanto à Abordagem do Problema ............................................................. 43
3.2 Definição das Hipóteses da Pesquisa ..................................................... 44
3.3 Procedimentos de Coleta e Análise dos Dados ..................................... 44
3.3.1 Protocolo do Estudo de Caso ...................................................................... 45
3.3.1.1 Visão geral do projeto do estudo de caso .................................................... 46
3.3.1.2 Procedimentos de campo ............................................................................. 46
3.3.1.3 Questões do estudo de caso ........................................................................ 48
3.3.1.4 Guia para o relatório...................................................................................... 50
3.4 Limitações da Pesquisa............................................................................. 51
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................ 52
4.1 Perfil dos Gestores de Exportação ......................................................... 52
4.2 Características das Empresas ................................................................. 53
4.3 Fatores Externos que Influenciam na Utilização dos Incentivos
Governamentais à Exportação.................................................................. 55
4.4 Fatores Internos que Influenciam na Utilização dos Incentivos
Governamentais à Exportação ................................................................. 57
4.5 Conhecimento dos Respondentes a Respeito Incentivos
Governamentais a Exportação e a Utilização Destes nas Operações de
Exportação ................................................................................................. 58
4.6 Análise da Utilização dos Incentivos Governamentais à Exportação com
o Perfil dos Gestores, Características das Empresas e Fatores Internos
e Externos .................................................................................................. 59
4.6.1 Faturamento na Exportação e a Utilização dos Incentivos Governamentais à
Exportação.................................................................................................... 60
4.6.2 Relação Entre a Formação Acadêmica dos Gestores, as Funções
Desempenhadas com o Conhecimento a Respeito dos Incentivos
Governamentais à Exportação .................................................................... 61
4.6.3 Relação da Utilização dos Incentivos Governamentais à Exportação com os
Serviços de Contabilidade, Consultoria e Software de Gestão ................... 63
5 CONCLUSÕES ........................................................................................... 64
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 66
ANEXOS .................................................................................................................. 69
13

1INTRODUÇÃO

O comércio internacional abrange toda a circulação de bens e serviços entre


as fronteiras dos países e compreende operações de compra, venda, aluguel,
leasing, doação, financiamento, consignação, dentre outras, ou seja, representa as
relações comerciais entre os países com o objetivo de satisfazer suas necessidades.
O comércio entre os países é estabelecido por meio de importações e
exportações. Estas são essenciais para o desenvolvimento de toda e qualquer
nação, pois trazem diversos benefícios tanto para o país quanto para a empresa.
Para o país, porque proporciona a entrada de divisas estrangeiras, favorece a
balança comercial, equilibra a economia e gera empregos. Para a empresa,
porquanto mitiga o risco das operações com a ampliação do mercado, aprimora a
qualidade do produto para atender aos critérios internacionais e aproveita melhor a
capacidade de produção, visto que reduz o custo do produto e aumenta a
rentabilidade.
Para que as empresas atuem no mercado externo, é necessário que os
produtos atendam aos padrões internacionais de qualidade e tenham preço
competitivo. Diante disto, o Estado brasileiro investe em programas de incentivo às
exportações, os quais são classificados em financeiros e fiscais. Aqueles consistem
na disposição de linha de crédito para financiar o produto a ser exportado. Estes, na
desoneração fiscal dos produtos exportados.
Atualmente, o Brasil conta com amplos programas para estimular a
exportação de produtos e serviços. De acordo com o Silva (2012) e Souza, Floriani e
Lopes (2011), os principais incentivos concedidos pelo Estado são: Imunidade do
Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), Isenção de Imposto sobre Circulação
de Mercadoria e Serviço (ICMS), crédito-prêmio de IPI, drawback, Programa
Especial de Exportação (Befiex), redução do Imposto de Renda (IR), Adiantamento
de Contrato de Câmbio (ACC), Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE),
Programa de Financiamento às Exportações (PROEX), Banco Nacional do
Desenvolvimento e Econômico e Social (BNDES)-Exim, Fundo de Garantia para a
Promoção de Competitividade (FGPC), Seguro de Crédito a Exportação (SCE),
Linha Azul, Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado
(Recof), restituição da contribuição para o Programa de Integração Social (PIS),
14

restituição da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e


também incentivos financeiros pré e pós-embarque.
Estes benefícios visam facilitar a superação das restrições financeiras
referentes aos custos de entrada e tornar o produto competitivo no mercado
internacional. Entretanto, pesquisa de Souza, Floriani e Lopes (2011) mostrou que
as empresas não fazem uso de todos os incentivos que estão disponíveis. Sendo
assim, é necessário verificar quais são os fatores que influenciam na utilização dos
incentivos governamentais à exportação.
Com o intuito de explanar em qual cenário será desenvolvido o trabalho e a
justificativa da sua elaboração, seguem no próximo parágrafo a Contextualização e
Justificativa do presente trabalho.

1.1 Contextualização e Justificativa

Há cerca de duas décadas, quando houve uma significativa expansão dos


meios de comunicação e transporte, muito se discutiu se o Brasil entraria ou não na
globalização. Na verdade, nunca houve essa opção, pois o Brasil já está inserido
nela desde seu descobrimento e posterior exploração pelos europeus, visto que
esse termo significa a internacional integração econômica, social, cultural e política
de um país. Além disso, trata-se de um processo evolutivo das civilizações.
Uma das consequências dessa integração é o comércio internacional, isto é,
a importação e exportação de produtos e serviços. Esta é o meio pelo qual um país
insere seus produtos e serviços no mercado internacional. Já, aquela compreende a
entrada de mercadorias e serviços estrangeiros no território nacional.
Para que haja esse comércio, é necessário que a política econômica do país
convirja nesse sentido. No Brasil, o governo fomenta a exportação, e diversos são
os incentivos governamentais concedidos às empresas exportadoras com o objetivo
de tornar o produto nacional competitivo no mercado internacional. Os benefícios de
exportar são inúmeros para o Estado e para a empresa. Logo, espera-se que o
saldo da balança comercial seja positivo, pois isso significa que o país está
exportando mais que importando.
Em decorrência dos incentivos governamentais disponibilizados à
exportação, esta mais que duplicou na última década. Relatório publicado pela
15

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP, 2014) mostra que, em
2004, o Brasil mandou para o exterior U$96,7 bilhões de dólares em produtos e
serviços; já, no ano de 2013, alcançou a marca de U$242,2 bilhões. “Porém, como
nem tudo é um mar de rosas”, as importações também aumentaram de U$62,8
bilhões, em 2004, para U$239,6 bilhões, em 2013. Nos dois anos usados como
referência (2004 e 2013), o saldo da balança comercial foi positivo, contudo, a
diferença percentual entre a exportação e a importação reduziu de 35% para 1%.
Também, de acordo com o FIESP (2014), as principais categorias de
produtos que alavancaram as exportações brasileiras foram: os minérios e os
combustíveis, que passaram de U$10 bilhões, em 2003, para U$65 bilhões, em
2012, um aumento de 553%; os agrícolas, que passaram de U$24 bilhões, em 2003,
para U$86 bilhões, em 2012; e, por último, com crescimento menos expressivo,
estão os produtos manufaturados, que passaram de U$37 bilhões, em 2003, para
U$81 bilhões, em 2012. Além de essa categoria ter tido o menor crescimento, é
responsável pela redução do saldo da balança comercial, pois, em 2004, o Brasil
importava U$48 bilhões de produtos manufaturados e exportava U$53 bilhões, já, no
ano de 2013, importou U$198 bilhões e exportou apenas U$93 bilhões.
Os incentivos governamentais à exportação são basicamente fiscais e
financeiros. Para Barbosa (2014), os incentivos fiscais consistem em diminuir ou
extinguir a incidência dos tributos, comuns no mercado interno, sobre os produtos
exportados ou a serem exportados. Isto acontece devido à importância dos produtos
alcançarem o mercado internacional em condições de competir em preço. São
tributos comuns no mercado interno mas que não incidem sobre os produtos e
serviços exportados para o exterior o IPI, o ICMS, o Imposto Sobre Serviços (ISS) e,
em alguns casos, o PIS, o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor
Público (Pasep) e a COFINS.
Também existe o drawback que, de acordo com Vale (2016), é uma
ferramenta consistente na desoneração dos tributos incidentes sobre os produtos
importados, desde que sejam posteriormente exportados ou se tornem parte
integrante de produtos a serem exportados.
Em relação aos incentivos financeiros, consistem basicamente em
disponibilizar linhas de créditos para que as empresas exportadoras promovam
inovações tecnológicas, expandam a linha de produção, adiantem contratos de
exportação, concedam crédito ao importador, entre outros. De acordo com Wilson
16

Center (2016), existe uma significativa inter-relação entre o nível de investimento em


inovação de um país com o grau de atuação das empresas nesse mesmo país. No
mercado exportador, a inovação proporciona às empresas maior capacidade de
competitividade nacional e internacional.
Também, segundo Lanzana, et al. (2010), nos mercados de alto valor
agregado, como bens de capitais e bens de engenharia, os produtos por si só não
têm diferenciais relevantes entre os concorrentes. Para esses se tornarem atrativos,
devem vir acompanhados de condições mais vantajosas de financiamento e
pagamento (diferentes tipos de moeda). Por isso, é necessário que as instituições
financeiras públicas e privadas disponham de linhas de créditos capazes de fazer
frente às oferecidas pelos países onde os concorrentes estão estabelecidos.
Além dos incentivos fiscais e financeiros há outros, como por exemplo, a
Linha Azul que, de acordo com Vale (2016), agiliza a entrega do produto importado à
empresa que irá posteriormente exportá-lo ou agregá-lo a um produto a ser
exportado. As empresas autorizadas a atuar na Linha Azul têm suas mercadorias
desembaraçadas automaticamente.
Apesar do significativo crescimento das exportações brasileiras
proporcionado pelos incentivos governamentais, o BNDES (2016) aponta que ainda
há muito espaço para crescer. E ainda, pesquisa da Confederação Nacional da
Indústria (CNI, 2014) demonstra que as empresas brasileiras enfrentam inúmeras
dificuldades para ampliar a base exportadora, que vão além de limitações
operacionais das empresas, visto que engloba a infraestrutura precária, elevada
burocracia alfandegária e aduaneira, falta de informações acerca das linhas de
financiamento para exportações, a complexidade do sistema tributário e dos seus
mecanismos de ressarcimento.
Também, pesquisa realizada por Souza, Floriani e Lopes (2011), que tinha
como objetivo conhecer as reações do empresariado catarinense quanto ao uso dos
incentivos financeiros para a exportação, demonstra que muitas vezes as empresas
não utilizam os incentivos financeiros à exportação, disponibilizados pelo governo,
pois sua concessão é demasiadamente burocrática, isso faz como que as empresas
paguem juros maiores em financiamentos junto às instituições privadas.
Diante do supracitado, é possível verificar os inúmeros incentivos
governamentais disponibilizados à exportação, tanto fiscais como financeiros, bem
como outros que agilizam a importação de insumos a serem utilizados na produção
17

de bens e serviços que posteriormente serão exportados. Mas de pouco adianta a


existência de tantos incentivos disponíveis às empresas exportadoras se estas não
os utilizarem, por causa do acesso muito burocrático, desconhecimento dos gestores
ou por não considerarem a importância desses benefícios para a empresa.
Ademais, foi exposto que o setor que teve menor crescimento nas
exportações foi o de manufaturados. E, também, esse é o setor responsável pela
redução do saldo da balança comercial, ou seja, o Brasil não tem indústrias capazes
de atender a demanda interna, principalmente nos produtos que têm grande
tecnologia agregada. De acordo com Skaf, Henrique e Silva (2011), a indústria é a
responsável pela urbanização, pelo consumo e pelo crescimento dos demais setores
da economia.
A indústria gera empregos para ela, para os fornecedores de matéria-prima
e também para os seus compradores (atacado, varejo e outras indústrias). Além de
agregar valor ao produto nacional, fomenta a economia, proporciona maior avanço
tecnológico e aumenta o interesse do mercado internacional pelos produtos
nacionais. Por esses e outros motivos, o setor manufatureiro deve receber maior
investimento, tanto governamental como privado.
Dessa forma, esta pesquisa se justifica pela necessidade de compreender
quais fatores influenciam a utilização dos incentivos governamentais à exportação
pelas indústrias de produtos manufaturados, tendo em vista a importância da
exportação dessa categoria de produtos para a economia do Brasil. Ademais, é
necessário que os gestores saibam dos incentivos disponíveis, que o profissional
contábil conheça os benefícios e obrigações inerentes às empresas exportadoras e
que o governo tenha ciência dos pontos fracos e fortes da política de incentivo à
exportação.
Ciente da importância de nortear o pesquisador durante a elaboração do
trabalho, a seguir aponta-se o problema da pesquisa, o qual o pesquisador deve
frequentemente se indagar.

1.2 Problema da Pesquisa

De acordo com Beuren (2008), por a construção e a elaboração de um


problema de pesquisa ser um processo criativo do pesquisado, esse não deve ser
feito observando-se métodos rígidos e sistemáticos. Pelo contrário, esse
18

procedimento deve ser colocado de forma racional e lógica para melhor comunicar o
leitor. Também, é necessária a identificação das especificidades do tema que se
pretende investigar, até chegar-se à formulação da pergunta sobre o tema.
Frente à posição do Brasil na economia mundial e em contraste a sua
colocação no comércio internacional, não deixando de considerar a complexidade da
legislação tributária e a burocracia para ter acesso aos incentivos financeiros, esta
pesquisa respondeu o seguinte problema: como as características das empresas,
perfil dos gestores e fatores internos e externos configuram a utilização dos
incentivos governamentais à exportação?
A seguir, são apresentados os objetivos desta pesquisa, que descrevem
como se pretendeu responder o problema citado no paragrafo anterior.

1.3 Objetivos

De acordo com Silva (2008), o objetivo (ou objetivos) da pesquisa evidencia,


da forma mais clara possível, qual é o seu propósito, apresentando os fins teóricos e
práticos que se pretende alcançar com a pesquisa, ou seja, responde o problema da
pesquisa.

1.3.1 Objetivo Geral

Para Marconi e Lakatos (2003), o objetivo geral propõe-se a dar uma visão
global e abrangente do tema. Essa visão é vinculada ao conteúdo inerente aos
fenômenos, eventos e ideias estudadas. O investigador também define onde
pretende chegar com a pesquisa.
Desta forma, o objetivo geral foi identificar como as características das
empresas, perfis dos gestores e fatores internos e externos configuram a utilização
dos incentivos governamentais à exportação.

1.3.2 Objetivos Específicos

Por meio dos objetivos específicos, os assuntos apresentados passam a ser


mais focados, direcionados à finalidade exposta no problema do trabalho.
19

Segundo Marconi e Lakatos (2003), os objetivos específicos apresentam


características mais concretas e têm função intermediária e instrumental, de modo a
permitir, de um lado, que o objetivo geral seja atingido e, de outro, aplicá-lo a
situações específicas.
Sendo assim, como objetivos específicos estabelecidos neste trabalho,
pretendeu-se:
a) Revisar o rol de incentivos concedidos às indústrias para suas
operações de exportação;
b) identificar as características das empresas, o perfil dos gestores e os
fatores internos e externos que podem influenciar na utilização dos
incentivos;
c) identificar o conhecimento dos gestores acerca dos incentivos
governamentais à exportação e o nível utilização dos incentivos;
d) avaliar a relação das características das empresas, do perfil dos
gestores e dos fatores internos e externos com o nível de utilização dos
incentivos governamentais à exportação.
Por motivos financeiros, cronológicos e outros é preciso restringir a
abrangência da pesquisa, circunscrevendo o espaço e o período de realização.
Desta forma, segue abaixo a delimitação desta pesquisa.

1.4 Delimitação do Estudo

A pesquisa foi realizada em indústrias exportadoras de produtos


manufaturados, situadas na cidade de Cascavel, estado do Paraná, e teve como
base a Contabilidade Tributária, a Contabilidade de Custos e o Comércio Exterior.
O trabalho visou os gestores das indústrias exportadoras instaladas na
cidade para, com base no conhecimento desses, verificar como as características
das empresas, o perfil dos gestores e os fatores internos e externos influenciam na
utilização dos incentivos governamentais à exportação. A pesquisa ocorreu nos
meses de setembro a outubro do ano de 2016.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas com os gestores, e a
análise dos dados se deu por interpretação, comparação e comentários dos dados
coletados nas entrevistas. A pesquisa pretendia realizar também a verificação de
documentos e observação das atividades das empresas para efetuar a triangulação,
20

mas não foi possível, em razão do conflito de horários ou impedimento por parte da
administração.
Para que o leitor tenha uma visão do que está sendo abordado em cada
capítulo, sem que seja necessária a leitura do mesmo, segue abaixo a organização
da pesquisa.

1.5 Organização da Pesquisa

De acordo com Beuren (2008), a organização da pesquisa proporciona ao


leitor uma visão do conjunto que está sendo tratado em cada capítulo e permite o
esclarecimento sobre a abordagem específica de cada elemento. A autora ressalta
que a organização do trabalho não se confunde com o sumário, este apenas
evidencia o título de cada divisão e sua respectiva numeração sequencial e
hierárquica.
Dessa forma, a presente pesquisa está organizada em cinco capítulos. No
primeiro encontra-se a introdução, a qual contém a contextualização e a justificativa,
que discorrem brevemente sobre globalização e suas consequentes, importação e
exportação, sendo explanada a importância desta última para a economia do país e
um breve histórico sobre a balança comercial brasileira; o problema da pesquisa, no
qual é indagado quais os fatores que influenciam a utilização dos incentivos
governamentais à exportação; os objetivos, sendo que o objetivo geral pretendeu
identificar os fatores que influenciam na utilização dos incentivos governamentais
pelas indústrias exportadoras, e os objetivos específicos expressam que se busca
empreender os fatores que influenciam a utilização dos incentivos; a delimitação do
estudo, na qual consta que serão entrevistados gestores de indústrias exportadoras,
com sede na cidade de Cascavel-PR; e a organização da pesquisa, que mostra a
visão geral e conjunta do trabalho.
No segundo, está exposta a fundamentação teórica, a qual compreende a
explanação sobre: exportações diretas e indiretas; princípios tributários; regulamento
aduaneiro; incentivos fiscais do Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação
(IE), IPI, ICMS, crédito-presumido de IPI, ISS, PIS/PASEP e COFINS, Contribuição
de intervenção no domínio econômico (Cide), Recof, Regime Especial de
Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra) e
drawback; incentivos financeiros à exportação, como o BNDES-Exim, PROEX,
21

BNDES Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), SCE; outros incentivos à


exportação, como a Linha Azul e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações
e Investimentos (Apex). Também consta uma breve fundamentação acerca da
indústria brasileira.
No terceiro capítulo está apresentada a metodologia da pesquisa que se
divide em quatro subseções. A primeira, traz a definição do tipo de pesquisa: quanto
aos objetivos, com a exposição dos motivos para enquadrar a pesquisa como
exploratória e explicativa; quando aos procedimentos, delineando brevemente sobre
o estudo de caso; quanto à abordagem qualitativa, que expõe algumas das
características da mesma e o porquê deste trabalho adotá-la. A segunda subseção
aborda a definição da hipótese da pesquisa. A terceira subseção contém os
procedimentos de coleta e análise dos dados, orientados pelo o protocolo do estudo
de caso. E, a última subseção contém a limitação da pesquisa, a qual expõe as
restrições quanto à generalização dos resultados.
O capítulo quatro contém a descrição e análise dos resultados da pesquisa e
abrange o perfil dos gestores, as características das empresas, os fatores internos e
externos e, ainda, o conhecimento dos gestores a respeito dos incentivos
governamentais à exportação. Por fim, no capítulo cinco está expressa a conclusão,
com a influência dos fatores na utilização dos incentivos e a contribuição da
pesquisa.
Para ajudar na resolução do problema foram criados os objetivos gerais e
específicos, que nortearam o pesquisador no decorrer do trabalho. Para atender
esses objetivos, foi necessária a sustentação do estudo em teorias, de modo a
possibilitar a correta interpretação dos dados coletados. Desta forma, no capítulo a
seguir está apresentada a fundamentação teórica da presente pesquisa.
22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para Beuren (2008), a fundamentação teórica é um capítulo que dá


sustentação teórica ao problema e seus elementos, desta forma, eles ditam o
delineamento deste capítulo. A autora destaca, ainda, que a fundamentação teórica
deve ser organizada em seções e subseções, buscando um arranjo encadeado dos
raciocínios utilizados.
A fundamentação teórica é um arranjo encadeado das obras, artigos, livros,
periódicos, revistas, em síntese, todo o material inerente à revisão da literatura, para
dar sustentação teórica à pesquisa, esses materiais colaboram para a interpretação
dos dados e informações coletadas.
Seguindo o intuito supracitado, contém nas subseções abaixo a
fundamentação dos incentivos fiscais e dos incentivos financeiros à exportação.

2.1 Incentivos Fiscais à Exportação

De acordo com o Código Tributário Nacional (CTN, 1966), tributo é toda


prestação pecuniária compulsória, em moeda ou outro meio que nela possa ser
expresso, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída por lei e cobrada
mediante atividade administrativa do estado, e que a esta seja plenamente
vinculada.
Nesta subseção foi apresentada: a definição de tributo e de seus incentivos
inerentes às exportações, tendo como base o disposto no CTN, na Constituição
Federal (CF, 1988), nas legislações específicas e suas alterações até 2015; o
entendimento de Ashikaga (2005), em sua obra Análise da Tributação na Importação
e na Exportação, de Oliveira (2016), em sua obra CTN, de Vale (2016), no curso
legislação aduaneira para a Receita Federal do Brasil (RFB) da instituição Estratégia
Concursos (2016) e, também, do portal do Ministério do Desenvolvimento Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), do BNDES e de outras fontes que se mostraram
pertinentes, como Dias (2013) e Direitos e Leis (2016).
Esses benefícios consistem, basicamente, na imunidade, isenção e não
incidência de alguns impostos sobre produtos e serviços exportados, bem como na
desoneração das contribuições PIS e COFINS.
23

De acordo com Ashikaga (2005), os tributos são basicamente divididos em


seis categorias: impostos, taxas, contribuições de melhorias, empréstimos
compulsórios, contribuições especiais e impostos extraordinários.

2.1.1 Princípios Tributários

Segundo Oliveira (2016), os princípios tributários são os instrumentos que


norteiam as leis responsáveis pela criação e modificação dos tributos, devendo ser
obedecidos pelo legislador e pelo aplicador da lei tributária, sob pena de ferir todo o
ordenamento do sistema de comando. Abaixo estão os princípios tributários, mas
vale ressaltar, nem todos os tributos estão submetidos a estes princípios:
a) legalidade: determina que ninguém será obrigado a fazer o que não
esteja determinado em lei, assim os tributos só podem ser criados ou
majorados mediante lei;
b) igualdade ou isonomia: proíbe que os contribuintes que se encontrem
em situações equivalentes sejam tratados desigualmente, ou seja, deve-
se tratar os iguais como iguais e desigualmente os desiguais, na medida
que se desigualam. Também proíbe qualquer distinção por profissão ou
função exercida;
c) capacidade contributiva: este princípio é um subprincípio da isonomia e
estabelece que, sempre que possível, os que podem mais pagarão mais
do que aqueles que podem menos;
d) irretroatividade: este princípio traz a segurança jurídica aos contribuintes,
dispondo que é vedado a cobrança de tributos referente ao fato gerador
ocorrido antes da vigência da lei que criou o tributo ou o majorou.
e) não–confisco: a CF veda a utilização do tributo para fins confiscatórios,
ou seja, a perca de bens por parte do contribuinte. Há inúmeras
jurisprudências a respeito deste tema, mas em geral, é proibido que o
tributo gere o confisco do bem;
f) liberdade de tráfego de pessoas ou bens: é vedada a criação de tributos
que limitem o tráfego de pessoas e de bens pelo território nacional.
Podemos dizer que o ICMS e o pedágio são exceções, mas o ICMS não
limita o trafego de bens, e sim a sua circulação negocial, com finalidade
econômica. Já o pedágio é sim uma exceção, prevista no art.150, inciso
24

V, da CF, onde determina que pode ser cobrado pedágio para a


conservação de vias públicas;
g) uniformidade: proíbe que seja criado tributos que não sejam uniformes
em todo o território nacional, ou que implique distinção ou preferencia
em relação a Estado, DF ou a Município em detrimentos a outro. Mas
vale lembrar que o princípio da igualdade prevalece, admitindo-se que
sejam tratados de forma distinta aqueles que se encontram em situações
desiguais;
h) imunidade: é uma hipótese prevista na CF de que determinado tributo
não alcançará alguns produtos ou transações;
i) isenção: está previsto na CF, no entanto é definido por leis
infraconstitucionais, sendo uma hipótese que o legislador pode excluir o
crédito tributário.
Além dos princípios tradados por Oliveira (2016), há outros como por
exemplo, o princípio da Não-cumulatividade que, segundo Dias (2013), elimina o
efeito cascata da tributação, de modo a tornar o produto final apenas incidido pela
carga tributária real, correspondendo à tributação apenas sobre o valor final da
operação. Mesmo que o produto seja tributado em cada fase da operação, é
possível fazer a dedução do valor pago nas operações anteriores.
Outro princípio muito importante para o direito tributário é o da Seletividade
que, segundo o site Direitos e leis (2016), orienta o legislador na instituição do
tributo, determinando que certas classes de produtos sejam diferenciadas. Assim os
produtos essenciais para atender o princípio da dignidade humana, como alimentos
e remédios, têm alíquota reduzida, enquanto os produtos supérfluos ou prejudiciais à
saúde têm alíquotas maiores. A CF estabelece que o IPI e o ICMS devem obedecer
a este princípio.
Por segurança do contribuinte está definido no CTN que a majoração da
alíquota ou a ampliação da base de cálculo dos tributos devem respeitar os
princípios da anterioridade e da noventena, no primeiro está instituído que as
modificações nos tributos somente serão eficazes em janeiro do ano subsequente, o
último está definido que a alteração somente será eficaz após três meses de sua
publicação. Mas nem todos os tributos estão submetidos a estes princípios, segue
abaixo tabela com as exceções. No Quadro 1, constam as exceções mais
importantes para esse trabalho.
25

Quadro 1 - Exceções incidência da noventena e da anterioridade


Tributo Exceção a Exceção a
Noventena Anterioridade
Empréstimos compulsórios x x
Imposto de Importação x x
Imposto de Exportação x x
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) x x
Alteração da alíquota do ICMS-monofásico x
Alteração da alíquota da Contribuição de intervenção no domínio
x
econômico (CIDE) -combustíveis
IPI x
Instituição ou modificação das contribuições para a seguridade
x
social
Imposto de Renda x
Fonte: CTN 1966

2.1.2 Regulamento Aduaneiro

De acordo com o Decreto nº 6.759 de 2009, Regulamento Aduaneiro (RA),


quando uma mercadoria entra no país ela pode ser submetida a três diferentes
formas de regimes, eles são:
a) regime comum, são as mercadorias que entram a título definitivo no País,
se tornando nacionalizadas;
b) regime aduaneiro especial, são as mercadorias que entram no território
nacional e neste irão permanecer temporariamente;
c) regime aduaneiro aplicado em áreas especiais, são aqueles que existem
em áreas específicas do território nacional com o objetivo de promover o
desenvolvimento regional, por exemplo, a Zona Franca de Manaus
(ZFM).
O regime aduaneiro especial é o mais importante para esta pesquisa, pois
segundo o RA, as mercadorias submetidas a esse regime, entram no país com a
exigibilidade (do crédito tributário) suspensa ou com isenção tributária. Com a
exigibilidade suspensa, que é estabelecida mediante assinatura de termo de
responsabilidade com a Fazenda Nacional, as mercadorias sofrem despacho para
admissão temporária. E com a isenção tributária, na qual, se enquadra o drawback,
as mercadorias importadas sofrem despacho para consumo.
26

Conforme o Art. 353 do RA, o regime aduaneiro especial de admissão


temporária permite a importação de bens que devam permanecer no País durante
prazo fixado, com suspensão total do pagamento de tributos, ou com suspensão
parcial, no caso de utilização econômica (mercadorias utilizadas na prestação de
serviços a terceiros ou na produção de bens para venda).
Também de acordo com o RA, o prazo de suspensão do pagamento das
obrigações fiscais pela aplicação dos regimes aduaneiros especiais, na importação,
será de até um ano, prorrogável, a juízo da autoridade aduaneira, por período não
superior a cinco anos, salvo excepcionalidade requerida pelo Ministério da Fazenda
(MF).
A Portaria MF 320/2006 estabelece que o prazo de suspensão do
pagamento das obrigações fiscais pela aplicação dos regimes aduaneiros especiais,
na importação, poderá ser prorrogado por período superior a cinco anos, em caráter
excepcional e desde que devidamente justificado, quando se tratar de:
a) protótipos ou unidades pré-séries, adaptados em decorrência dos
ensaios e testes para o desenvolvimento de outros produtos, conforme
exigido no programa de certificação e que não farão parte dos produtos
seriados;
b) motivo alheio à vontade do beneficiário do regime, que venha a impedir o
adimplemento do compromisso assumido, dentro do prazo estabelecido.

2.1.3 Imposto de Importação

O Imposto de Importação (II) é um imposto de competência federal, que tem


como fato gerador a entrada de produtos e serviços internacionais no território
nacional. O II deve observar os princípios gerais de direito tributário, e seus
princípios específicos (extrafiscalidade, tratados internacionais e imunidade
constitucional). Mas por esse tributo ser de regulação econômica a ele não incide o
princípio da anterioridade e noventena, ou seja, a eficácia das modificações neste
tributo se dá no ato da publicação da lei ou quando a lei estipular outra data.
O II é um tributo extrafiscal, ou seja, sua função não é meramente
arrecadatória, seu principal objetivo é a regulação econômica. Segundo Ashikaga
(2005) além deste tributo estar afastado do princípio da anterioridade e da
noventena ele também esta afastado do princípio da legalidade, podendo suas
27

alíquotas serem alteradas a qualquer tempo por simples decreto do chefe do poder
executivo, o presidente da república.
Também segundo Ashikaga (2005), o seu fato gerador se dá na data de
registro da declaração de importação (DI) de mercadoria submetida a despacho para
consumo, no dia de lançamento do crédito tributário ou na data do vencimento do
prazo de permanência da mercadoria em recinto alfandegado.
São muitos os incentivos fiscais do II tratados por Ashikaga (2005), mas
iremos apresentar os com maior relevância para essa pesquisa, são eles:
a) não incidência é prevista na norma tributária, caracterizada pela não-
previsão ou exclusão de determinado fato no campo de incidência do
tributo. É fato jurídico tributário atípico, sem previsão legal como fato
gerador do tributo, casos:
- mercadoria que se destine a reposição de outra importada que tenha
se revelado, após o desembaraço aduaneiro, defeituosa ou imprestável
para o fim a que se destinava;
- mercadoria estrangeira que tenha sido objeto da pena de perdimento,
isso ocorre quando a mercadoria importada não é permitida no território
nacional;
b) imunidade é uma hipótese de isenção ou não incidência
constitucionalmente qualificada. Uma limitação dada pelo texto constitucional ao
ente competente;
c) isenção é a exclusão do crédito tributário decorrente de lei que
especifique as condições, o tributo que se aplica, e em alguns casos, o
prazo de sua duração. Pode ser objetiva (em razão da mercadoria) ou
subjetiva (em razão do contribuinte), os casos são:
- equipamentos e suas partes, acessórios, matérias-primas e produtos
intermediários, quando o importador for uma instituição científica ou tecnológica e
por cientistas e pesquisadores;
- bens importados sob o regime aduaneiro especial de drawback, na
modalidade de isenção;
d) redução de alíquota é a redução de um determinado percentual sobre a
alíquota incidente na base de calculo:
- é permitido redução de 40% do imposto nas admissões temporárias com
pagamento proporcional dos tributos federais, nas importações de produtos
28

destinados a processos produtivos das empresas montadoras e fabricantes de


veículos e autopeças de reposição;
e) suspensão é a postergação do pagamento do tributo para um período no
futuro, é permitida a suspensão do II nos seguintes casos:
- regimes aduaneiros especiais, tais como trânsito aduaneiro, admissão
temporária, drawback suspensão, entreposto aduaneiro, entreposto industrial sob
controle informatizado, entre outros;
-equipamentos de procedência estrangeira, sem similar nacional, e suas
partes, importados por empresas nacionais de engenharia, e destinados à execução
de obras no exterior, mediante autorização da suspensão pela SRF.

2.1.4 Imposto de Exportação

O Imposto de Exportação (IE), segundo Ashikaga (2005),é um imposto


federal que incide sobre a exportação na saída do país de produtos e serviços
nacionais ou nacionalizados.
O IE também é um tributo de regulação econômica, assim não está sujeito
ao princípio da noventena, anterioridade e legalidade, podendo ser alterado por
simples decreto do Poder Executivo e estar em sua plena eficácia a partir da
publicação no Diário Oficial da União (DOU).
Segundo Ashikaga (2005), o fato gerador do IE se dá na data de registro de
exportação no Siscomex, da mercadoria nacional ou nacionalizada a ser exportada.
A base de cálculo é o preço normal de venda da mercadoria em condições de livre
concorrência no mercado internacional, e não inferior a seu custo acrescido dos
tributos incidentes e da margem de lucro mínima de 15% sobre a soma dos custos,
impostos e contribuições.
Também segundo Ashikaga (2005), a alíquota do IE será de 30%, podendo
ser reduzida ou majorada, não ultrapassando 150%. No entanto, devido à política
governamental de incentivos às exportações, praticamente todos os produtos são
tributados à alíquota zero, sendo tributados pelo IE apenas os produtos
determinados pelo Anexo “C” da Portaria da Secretaria de Comércio Exterior (Secex,
15/04). Caso o imposto seja pago e a exportação não seja efetivada ou o pagamento
for a maior que o devido, o IE poderá ser compensado com outros tributos federais
ou restituído.
29

2.1.5 Imposto sobre Produtos Industrializados

Segundo Ashikaga (2005), o IPI é um imposto federal, que incide sobre


produtos industrializados, tanto nacionais como estrangeiros, sendo essas
operações efetuadas por indústrias ou equiparadas a indústrias. O IPI deve observar
os princípios gerais do direito tributário (isonomia, irretroatividade e capacidade
contributiva) e seus princípios específicos (não-cumulatividade, seletividade e
imunidade), mas pelo seu caráter extrafiscal, não está sujeito ao princípio da
legalidade e da anterioridade.
De acordo o RIPI (2010), os estabelecimentos equiparados à indústria são
os importadores de produtos; os estabelecimentos comerciais quando a
industrialização de produtos tenha sido realizada por outro estabelecimento,
mediante a remessa de insumos por ele efetuada, ou encomenda, sob marca ou
nome de fantasia de propriedade do encomendante; outras hipóteses de
equiparação à indústria no Art. 9 do RIPI.
Também segundo Ashikaga (2005) seu fato gerador é ato ou negócio
jurídico envolvendo industrialização, importação, ou entrada no país de produtos
estrangeiros industrializados. Produtos industrializados são aqueles que sofreram
processo de transformação, beneficiamento, montagem, recondicionamento ou
acondicionamento.
Quando se trata da exportação de produtos industrializados, Ashikaga
(2005) explana que a legislação federal permite a suspensão do IPI na exportação
indireta, desde que, os produtos industrializados a serem exportados sejam
enviados diretamente do estabelecimento industrial para o local de embarque para o
exterior (porto, aeroporto, porto de fronteira ou recinto alfandegado), e que isso
ocorra por conta e ordem da empresa adquirente (comercial exportadora). No
entanto, se a empresa exportadora for uma trading company, as mercadorias a
serem exportadas deverão ser enviadas para depósito, sob o regime extraordinário
de entreposto aduaneiro de exportação, antes de seguir para a exportação. Essas
informações devem constar na nota fiscal emitida pela indústria.
São muitos os incentivos fiscais do IPI tratados por Ashikaga (2005), mas
iremos apresentar os com maior relevância pra essa pesquisa, são eles:
a) não incidência:
30

- produtos enquadrados como não-tributados na Tabela de Incidência do


IPI (TIPI);
-produtos oriundos de operações não consideradas como
industrialização;
-produto que houver retornado ao país de onde foi anteriormente
exportado, por motivos alheios a vontade do exportador, defeito técnico,
produto não vendido sob o regime de consignação mercantil, calamidade
pública.
b) imunidade:
-nas exportações diretas, de produtos industrializados, com a comprovada
saída do país.
c) redução de alíquota é a redução de um determinado percentual sobre a
alíquota incidente na base de cálculo:
-na admissão temporária com pagamento proporcional dos tributos
federais.
d) suspensão:
-na exportação indireta, remessa de produtos industrializados com o fim
específico de exportação, exige-se que os produtos sejam remetidos
“diretamente do estabelecimento industrial para embarque de
exportação ou para recinto alfandegados, por conta e ordem da empresa
comercial exportadora” (§ 1ª do art. 42 do RIPI);
-importação de insumos por pessoas jurídicas preponderantemente
exportadoras, ou seja, empresas que sua exportação corresponda a
50% da receita total.

2.1.6 Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

O ICMS, segundo Ashikaga (2005), é um imposto estadual incidente sobre a


circulação de mercadorias e prestação de serviços de comunicação e de transporte
entre estados e entre municípios. O seu fato gerador é o negócio jurídico que
promova a circulação de mercadoria nacional ou importada e serviços de transporte
intermunicipais, interestaduais e de comunicação.
Também segundo Ashikaga (2005), o ICMS está sujeito aos princípios
gerais (legalidade, anterioridade, isonomia, irretroatividade, capacidade contributiva)
31

e seus princípios específicos (não-cumulatividade, noventena, seletividade e


imunidade constitucional).
São muitos os incentivos fiscais do ICMS tratados por Ashikaga (2005) e
pelo Regulamento do ICMS do Paraná (RICMS/PR, 2012), mas iremos apresentar
os com maior relevância para essa pesquisa, são eles:
a) imunidade:
- exportação de produtos industrializados, excluídos os semielaborados;
b) isenção:
-importação de máquinas e aparelhos destinados à geração de energia
solar ou eólica;
-importação de mercadoria em substituição de outra anteriormente
importada por contribuinte brasileiro, e que tenha pagado o imposto na
ocasião;
-operações com produtos industrializados realizados por loja franca;
c) não-incidência:
- nas exportações diretas e indiretas, não-incidirá ICMS nas operações e
prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e
produtos industrializados e semielaborados, ou serviços, desde que o pagamento
seja efetuado em moeda estrangeira conversível.
d) crédito acumulado de ICMS é um incentivo que consiste no exportador
utilizar os créditos de ICMS auferidos anteriormente, nas operações com a
mercadoria exportada, (matéria-prima, embalagens, venda e revenda, energia,
telecomunicação, combustíveis), gerando assim um saldo credor devido à
manutenção do crédito sem o respectivo débito do imposto. Posteriormente o
contribuinte poderá utilizar o crédito de ICMS acumulado para abater nos débitos de
ICMS referentes às saídas ou prestações subsequentes. Também é possível que os
créditos sejam transferidos para filiais, controladas, fornecedor de insumos
(tratando-se de industrial), fornecedores de ativo imobilizado, entre outros.
.
2.1.7 Crédito-presumido do IPI como Ressarcimento do PIS/PASEP e COFINS

Segundo Ashikaga (2005) e RIPI (2010), o crédito-presumido do IPI é uma


forma de ressarcimento das contribuições sociais do PIS/PASEP e COFINS,
incidentes sobre as aquisições, no mercado interno, de matéria-prima, produto
32

intermediário, e materiais de embalagens, utilizados no processo produtivo de bens


exportados.
Também segundo Ashikaga (2005) e o RIPI (2010), pode fazer uso desse
crédito as empresas exportadoras ou, no caso de exportação indireta, o fornecedor
da comercial exportadora, desde que a empresa esteja enquadrada no sistema
cumulativo do PIS/PASEP e da COFINS. Nas palavras de Ashikaga (2005), p.160:

para a determinação da base de cálculo do crédito presumido de IPI, é


necessário apurar, sobre o valor total das aquisições de matéria-prima,
produtos intermediários e material de embalagem, percentual
correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita
operacional bruta do produtor exportador. Sobre esse valor, aplicar-se-á o
percentual de 5,37%, de modo a definir-se o valor do crédito presumido de
IPI.

Além desse método de cálculo, Ashikaga (2005) explana que o contribuinte


poderá optar pelo cálculo alternativo, o qual leva em consideração os insumos, a
energia elétrica, os combustíveis e a prestação de serviços de industrialização por
encomenda. A soma desses valores forma a base de cálculo do crédito presumido
sobre a qual se aplica o fator resultante da multiplicação de 0,0365 pela proporção
entre a receita de exportação e o resultado da receita operacional bruta menos o
custo de produção.

2.1.8 Imposto Sobre Serviços

O ISS, segundo Ashikaga (2005), é um imposto de competência municipal


que incide sobre as prestações de serviços de qualquer natureza. Estes serviços
estão listados no anexo da Lei Complementar 116/03, estando excetuados os
serviços de comunicação e transporte interestaduais e intermunicipais, que são
tributados pelo ICMS.
Também de acordo com Ashikaga (2005), o ISS não incide sobre as
exportações de serviços. Com exceção dos serviços desenvolvidos no Brasil e que
neles os resultados se verifiquem, mesmo que o pagamento seja feito por residente
no exterior.
33

2.1.9 PIS/PASEP e COFINS

Segundo Ashikaga (2005), o Programa de Integração Social (PIS), o


Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) e a
Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) são contribuições
federais vinculadas a uma atividade estatal, que incidem sobre o faturamento ou a
receita de pessoas jurídicas e sobre importações de bens e serviços. O fato gerador
na importação é o registro na Declaração de Importação (DI) no Siscomex.
Seguindo regra semelhante do IPI, Ashikaga (2005) afirma que para usufruir
dos incentivos do PIS/Pasep à exportação, a indústria deverá remeter o bem a ser
exportado diretamente do local de embarque para o exterior. O transporte e a
armazenagem são por conta e ordem da empresa comercial exportadora.
Como o imposto é regulado por uma lei federal, Ashikaga (2005) entende
que caso o fornecedor não remeta a mercadoria diretamente para o local de
embarque, a enviando para a empresa comercial exportadora, e ela o remeta ao
exterior, não haverá incidência de ICMS (de acordo com a LC 87/96 e o RICMS/SP),
mas ocorrerá a tributação de PIS/Pasep, COFINS e IPI, por descumprimento do
requisito imposto pela legislação.
Também são muitos os incentivos fiscais do PIS/Pasep e COFINS tratados
por Ashikaga (2005), mas iremos apresentar apenas mais relevantes para essa
pesquisa, são eles:
a)não incidência:
- do PIS/PASEP e COFINS-importação na importação de mercadoria
idêntica a anteriormente importada que se destine à reposição de outra
que tenha se revelado, após o desembaraço aduaneiro, defeituosa ou
imprestável para o fim a que se destinava;
-do PIS/PASEP e COFINS-importação nos bens estrangeiros que
tenham sido objeto de pena de perdimento;
-do PIS/PASEP e COFINS-importação na importação de bens em
regime de exportação temporária;
-do PIS/PASEP e COFINS-importação na importação de bens avariados
ou que se revelem imprestáveis para os fins a que se destinavam, desde
que, destruído sobre controle aduaneiro;
34

-do PIS/PASEP e COFINS-Faturamento nas exportações diretas de


mercadorias das empresas sujeitas ao regime não-cumulativo;
b) suspensão do PIS/PASEP e COFINS na importação segue a mesma
regra do II e do IPI;
c) isenção:
-nas exportações diretas há isenção de PIS/PASEP e COFINS-
Faturamento nas receitas de exportações de produtos e serviços das
empresas submetidas ao regime cumulativo.

2.1.10 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico

A Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE) é uma


contribuição federal, incidente sobre as remessas para o exterior de royalties e a
comercialização de álcool etílico e também de petróleo e gás natural e de derivados
destes. Por a CIDE ser um tributo de regulação econômica, está afastado do
princípio da anterioridade.
O incentivo fiscal da Cide tratado por Ashikaga (2005) mais relevante para
essa pesquisa é:
a) não-incidência: a Cide-Combustíveis não incide sobre as receitas de
exportações de petróleo, gás natural e derivados destes e de álcool
etílico.

2.1.11 Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas


Exportadoras

De acordo com o MDIC (2016), o Reintegra tem o objetivo de devolver ao


exportador os custos dos tributos federais residuais existentes nas cadeias de
produção dos bens manufaturados exportados. O exportador pode utilizar o
reintegra para compensar débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a
tributos administrados pela Receita Federal (RF) ou solicitar a quantia em espécie. A
restituição pode ser total ou parcial, mediante comprovação da empresa que os
produtos exportados cumpriram os requisitos necessários. O autor também ressalta
que o processamento do crédito do Reintegra é realizado trimestralmente pela RF.
35

2.1.12 Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado

De acordo com Vale (2016), o Regime de entreposto industrial sob controle


aduaneiro informatizado (RECOF) permite à empresa beneficiadora importar ou
adquirir no mercado interno insumos e produtos com suspensão do pagamento de
tributos, com o compromisso de exportar o produto resultante do beneficiamento. No
entanto, não é obrigatório que todo o produto seja exportado, porém a parte
destinada ao mercado interno deve ter todos os tributos anteriormente suspensos
recolhidos.
Também de acordo com Vale (2016), o RECOF é administrado pela RFB,
competindo a ela autorizar as empresas a operarem neste regime. Além de definir
em ato normativo os requisitos necessários para que uma empresa se habilite no
RECOF. A definição precisa desses requisitos está prevista na IN RFB nº
1.291/2012. O autor ressalta que a concessão do regime aduaneiro especial do
RECOF é bem restritiva com relação à natureza das mercadorias que poderão ser
importadas.
Vale (2016) também ressalta que todas as importações realizadas pelas
empresas habilitadas no RECOF recebem o tratamento de Linha Azul. Ou seja,
todas as importações dessas empresas são direcionadas para o canal verde, sendo
desembaraçadas automaticamente.

2.1.13 Drawback

De acordo com o Vale (2016), a lógica do drawback é desonerar a tributação


dos insumos que compõem o processo produtivo do produto exportado. De acordo
com Vale (2016) e o R/A, o drawback se aplica a três modalidades diferentes de
incentivos: suspensão, isenção e restituição. Sendo da Secretaria de Comércio
Exterior (SECEX) a competência para conceder o drawback na modalidade de
suspensão e isenção, e da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) de
conceder a modalidade restituição. Em que a modalidade:
a) suspensão - permite a suspensão do pagamento do II, do IPI, da
Contribuição para o PIS/PASEP, da COFINS, da Contribuição para o
PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, tato na importação
36

como na aquisição no mercado interno de mercadoria para emprego ou


consumo na industrialização de produto a ser exportado;
b) isenção - permite a isenção do II e a redução a zero do IPI, da
contribuição para o PIS/PASEP, da COFINS, da contribuição para o
PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, tato na importação
como na aquisição no mercado interno de mercadoria similares às
mercadorias tributadas que foram empregadas ou consumidas na
industrialização de produtos já exportados, sendo dispensado o exame
de similaridade nos próximos produtos adquiridos;
c) restituição - permite a restituição, total ou parcial, dos tributos pagos na
importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada
na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra
mercadoria exportada.
Também de acordo com Vale (2016), ao contrário do RECOF, no drawback
as mercadorias que tiveram a tributação suspensa devem ser obrigatoriamente
exportadas. As mercadorias importadas também não tem a mesma “mamata” do
RECOF no despacho aduaneiro, tendo que utilizar o despacho comum.
Também nas distinções entre a RECOF e o drawback, Vale (2016) explica
que a liberação do drawback é para a importação de qualquer espécie de
mercadoria, desde que ela venha a ser utilizada no processo produtivo de um bem a
ser exportado.
De acordo com o MDIC, o prazo para a exportação das mercadorias
adquiridas por meio do drawback é de um ano, podendo ser prorrogado uma única
vez, respeitando o limite de dois anos, contados a partir da data de aquisição ou
importação.

2.1.14 Exportação Direta e Indireta

Cabe, também, tratar de como o produto será exportado, de forma direta ou


indireta, pois isto influenciará no modo de usufruir dos incentivos governamentais à
exportação.
De acordo com Ashikaga (2005), a exportação é a saída de mercadoria ou
bem, nacional ou nacionalizado, do território aduaneiro, o qual compreende todo o
território nacional.
37

Para que isso ocorra é necessário processar o despacho aduaneiro de


exportação, que se resume em verificar os dados declarados pelo exportador em
relação à mercadoria, aos documentos apresentados e à legislação específica
(Artigo 519 do RA, apud, Ashikaga, 2005).
Segundo Ashikaga (2005), o despacho aduaneiro deve ser obrigatoriamente
realizado por empresa inscrita no Registro de Exportadores e Importadores (REI).
Atualmente a inscrição é feita de forma automática na primeira operação registrada
no Siscomex.
Ao realizar a exportação diretamente, Ashikaga (2005) explica que o próprio
fabricante, produtor ou revendedor, executa os procedimentos para remeter a
mercadoria para o destinatário (importador), este situado no exterior. Já na
exportação indireta, o fabricante, produtor ou revendedor, transfere a mercadoria a
uma empresa comercial exportadora. Atualmente pode ser qualquer empresa, não
se limita mais as tradings companies ou as empresas exclusivamente exportadoras,
com o fim específico de exportação, com benefícios e incentivos fiscais equivalentes
a uma exportação. A comercial exportadora, sem promover qualquer modificação no
referido bem, o exporta para o destinatário situado no exterior dentro do prazo de
180 dias, a contar do recebimento da mercadoria.
Também segundo Ashikaga (2005), para confirmar o benefício fiscal
vinculado à efetiva exportação, o exportador deverá emitir um documento após o
embarque, chamado “Memorando-Exportação” e entregar uma de suas vias à
empresa remetente dos bens por ele exportados.

2.2 Incentivos Financeiros à Exportação

Os incentivos financeiros às exportações consistem na disposição de linha


de crédito para financiar o produto a ser exportado. A definição de cada incentivo
financeiro será dada nesta subseção, para isso será utilizado como base os manuais
de cada incentivo: do BNDES-Exim, SCE, FGI, disponíveis no sítio do BNDES; do
PROEX, disponível no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC) e Recof e drawback está baseado no conceito de Vale (2016).
38

2.2.1 BNDES-Exim

De acordo com BNDES (2016), o BNDES Exim é um instrumento de apoio à


exportação de bens e serviços nacionais, o apoio consiste em financiar parte ou toda
a operação de exportação. O incentivo pode ser aplicado tanto na fase pré-
embarque como na pós-embarque, por meio dos subprodutos do BNDES Exim:
a) BNDES Exim Pré-embarque é o financiamento da produção dos bens e
serviços a serem exportados, podem participar empresas produtoras e
exportados, constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e
administração no País, no site do BNDES há lista dos bens que podem
participar, o prazo podem ser de até três anos a taxa de remuneração do
BNDES de até 2,0%a.a.;
b) BNDES Exim Pós-embarque é um financiamento para venda de bens e
serviços concedido ao exportador para vender a prazo para o importador,
assim o exportador recebe à vista e o importador paga a prazo. Os
prazos podem ser de até 15 anos a taxa com remuneração mínima de
1,5% a.a.

2.2.2 Programa de Financiamento às Exportações

De acordo com o MDIC (2016), o Programa de financiamento ás


Exportações (PROEX) é um instrumento governamental de incentivo à exportação,
voltado principalmente ao apoio das exportações das micro e pequenas empresas.
Ele consiste no financiamento direto ao exportador, que recebe o valor da
exportação a vista, oferecendo ao importador prazo para o pagamento da operação.
É possível perceber que seu conceito é muito parecido com o do BNDES Exim Pós-
Embarque, no entanto o PROEX é voltado para as micro e pequenas empresas.
Também de acordo com o MDIC (2016), as empresas podem fazer uso do
PROEX para financiar praticamente todos os produtos e serviços, com exceção das
commodities. É possível fazer a consulta de quais produtos e serviços são elegíveis
ao PROEX no Banco do Brasil em18 Gerências Regionais de Apoio ao Comércio
Exterior (GECEX).
39

2.2.3 BNDES Fundo Garantidor para Investimentos

De acordo com o BNDES (2016), o BNDES FGI tem o objetivo de facilitar a


obtenção de crédito por micro, pequenas e médias empresas, empreendedores
individuais, e caminhoneiros autônomos, junto às instituições financeiras. Ou seja, o
BNDES FGI é uma espécie de avalista das empresas junto às instituições financeira
para aumentar as chances das empresas conseguirem o credito.
Também de acordo com o BNDES (2016), o Fundo de Garantia Para a
Promoção da Competitividade (FGPC) foi o antecessor do BNDES FGI, tendo
cessado o fornecimento de suas garantias em 2009. O BNDES FGI não beneficia
apenas os financiamentos voltados à exportação, outras operações da empresa
também são beneficiados, tais como, capital de giro, aquisição de máquinas e
equipamentos nacionais, projetos de expansão de unidades produtivas, aquisição de
softwares nacionais, entre outros.

2.2.4 Seguro de Crédito à Exportação

De acordo com o BNDES (2016), o Seguro de Crédito a Exportação (SCE) é


um incentivo concedido ao exportador, em forma de seguro das operações de
financiamento ao importador, o SCE é lastreado com recursos públicos do Fundo de
Garantias à Exportação (FGE), quem administra o SCE e o FGE é a Agência
Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A. – ABGF.
Também de acordo com BNDES (2016), o SCE assegura às operações de
financiamento, com prazo superior há dois anos, proteção contra risco comercial,
em que o exportador ou banco financiador não recebe os créditos concedidos ao
importador por mora, falência, etc.; contra risco político, quando o credor não
recebe por motivos de mora, rescisão arbitrária e moratória geral decretada pelas
autoridades do país devedor; contra risco extraordinário, quando o credor não
recebe a divida financiada por motivos como guerras, revoluções, catástrofes
naturais). A cobertura dos riscos pode chegar até 100%.
Há outros instrumentos de financiamento concedidos pelas instituições
financeiras privadas, tais como: Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC),
Adiantamento Sobre Cambiais Entregues (ACE), mas não iremos tratar deles, pois
não é finalidade deste trabalho.
40

2.3 Outros Incentivos à Exportação

Nesta subseção constará o referencial teórico dos itens que não se


enquadrem em nenhuma outra seção ou que se enquadrem em duas ou mais
subseções. A fundamentação teórica do incentivo denominado Linha Azul de acordo
com o conceito de Vale (2016) e Apex baseado em informações contidas no site
Apex Brasil.

2.3.1 Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos

De acordo com o site da Apex (2016), a missão da Apex é promover os


produtos e serviços brasileiros no mercado exterior e atrair investimentos
estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira.
Também, de acordo com a Apex (2016), a agência apoia financeiramente a
participação de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, também a
visita de compradores estrangeiros e formadores de opiniões para conhecer a
estrutura produtiva entre outras plataformas de negócios brasileiras, com o objetivo
de fortalecer a marca Brasil.

2.3.2 Linha Azul

De acordo com Vale (2016), quando se trata de desembaraço


aduaneiro a declaração de Importação pode ser direcionada para quatro canais de
importação:
a) canal verde -as Declarações de Trânsito Aduaneiro (DTA) são
automaticamente desembaraçadas, sem qualquer exame documental ou
verificação física.
b) canal amarelo - a RF realiza apenas o exame documental da importação.
c) canal vermelho - a RF confere a documentação e procede com a
verificação física da mercadoria.
d) canal cinza - a RF submete a mercadoria a procedimento de valoração
aduaneira, além de, realizar o exame documental e a verificação.
41

A seleção da DI é realizada por meio do SISCOMEX, com base em uma


série de critérios. O que determina se uma declaração transitará no canal verde ou
vermelho será com base em critérios de seleção e amostragem definidos pela RFB.
Também de acordo Vale (2016), as empresas beneficiadas pela Zona Azul
tem suas mercadorias automaticamente direcionadas para o canal verde, onde são
automaticamente desembaraçadas, e posteriormente entregues ao importador, é o
procedimento mais ágil para retirar a mercadoria da zona alfandegada.
Pesquisa realizada por Souza, Floriani e Lopes (2011) apresentou que todas
as empesas pesquisadas faziam utilização de pelo menos um incentivo financeiro à
exportação, disponibilizado pelo governo, e uma delas considerava que os
incentivos eram indispensáveis para a permanência da empresa no mercado
exportador. Outras consideravam que o acesso aos incentivos era demasiadamente
burocrático, preferenciando a busca de outros meios de financiamento em
instituições privadas.
Para atingir os objetivos da presente pesquisa é necessário traçar o caminho
a ser seguido, o melhor método para se chegar à solução do problema, para isso no
capítulo a seguir foi exposta a metodologia que será utilizada neste trabalho.
42

3 METODOLOGIA

Para Silva (2008), a metodologia é o estudo do método para se buscar


determinado conhecimento, por meio dela são descritos os passos a serem dados
para se chegar de modo eficiente a determinado resultado. A definição da
metodologia a ser utilizada na pesquisa deve se iniciar já na formulação do
problema, passando pelas hipóteses levantadas, até chegar à delimitação do
universo ou a da amostra. Devido à necessidade de definir um mapa para conduzir a
pesquisa, a seguir segue a definição do tipo de pesquisa.

3.1 Definição do Tipo de Pesquisa

De acordo com Roupp e Beuren (2008), definir o tipo de pesquisa implica


escolher um plano para conduzir a investigação, parte-se pela maneira como o
problema foi concebido, colocando-o em uma estrutura que servirá como guia para
sua experimentação, coleta de dados e análise, na busca da resposta para o
problema. A metodologia utilizada determina também o alcance e a limitação da
pesquisa. Os autores filtraram as tipologias de delineamento de pesquisa que
acreditavam ser as mais aplicáveis à área da contabilidade, ele às agrupou em três
categorias, estas contendo subcategorias:
a) quanto aos objetivos: exploratória, descritiva e explicativa;
b) quanto aos procedimentos: estudo de caso, levantamento, pesquisa
bibliográfica, documental participante e experimental;
c) quanto à abordagem do problema: qualitativa e quantitativa.
A seguir encontram-se as tipologias utilizadas neste estudo e suas
respectivas definições.

3.1.1 Quanto aos Objetivos

Tendo que o objetivo da presente pesquisa foi identificar a influência das


características das empresas, perfil dos gestores e fatores internos e externos na
utilização dos incentivos governamentais, e considerando que não foram
encontrados, nas plataformas de trabalhos científicos, trabalhos que se propuseram
43

a responder qual a influência dos fatores internos e externos na utilização dos


incentivos governamentais à exportação.
Desta forma, a tipologia deste trabalho, quantos aos objetivos, é exploratória
e explicativa. Pois, de acordo com Gil (2010), a pesquisa exploratória tem como
propósito proporcionar maior familiaridade com o problema pouco ou nada
conhecido, tornando-o mais explícito. E a pesquisa explicativa procura identificar os
fatores que influenciam para a ocorrência dos fenômenos.

3.1.2 Quanto aos Procedimentos

O presente estudo pretendeu identificar qual a influência do perfil dos


gestores, características da empresa e dos fatores internos e externos, na utilização
dos incentivos governamentais à exportação. Para isso, foi utilizado para conduzir o
estudo e coletar os dados o procedimento de estudo de caso, pois de acordo com
Gil (2010), o estudo de caso é amplamente utilizado nas ciências sociais, ele
consiste em estudar de forma profunda e exaustiva um ou poucos objetos,
permitindo seu amplo e detalhado conhecimento.
Também de acordo com Gil (2010), a utilização do estudo de caso nas
ciências sociais vem crescendo, com diferentes propósitos, entre estes estão:
explorar situações da vida real, onde os limites não estão claramente definidos;
formular hipóteses ou desenvolver teorias.

3.1.3 Quanto à Abordagem do Problema

Visto que o presente estudo pretendeu conhecer a influência das


características das empresas, do perfil dos gestores e dos fatores internos e
externos na utilização dos incentivos governamentais, não existindo a pretensão de
empregar instrumentos estatísticos no processo de análise dos dados e informações
coletadas, essa pesquisa utilizou a abordagem qualitativa do problema.
De acordo com Raupp e Beuren (2008), a pesquisa qualitativa permite
análises mais profundas em ralação ao fenômeno estudado, visando destacar
características não observáveis por meio de estudos quantitativos.
Para Richardson et al. (2007), a metodologia qualitativa da análise pode
descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação entre
44

algumas variáveis, compreender e até classificar processos dinâmicos de um grupo


social.
Buscando solucionar previamente o problema da pesquisa, traz-se abaixo a
hipótese como uma resposta antecipada para a questão que este trabalho pretende
solucionar.

3.2 Definição das Hipóteses da Pesquisa

Richardson et al. (2007, p.104) diz que a hipótese é uma resposta provisória
para o problema da pesquisa, sendo essa resposta possível de ser tratada e
fundamentada. Também de acordo com o Richardson et al. (2007, p.104), “As
hipóteses podem ser definidas como soluções tentativas, previamente selecionadas,
do problema de pesquisa. Permitindo orientar a análise dos dados no sentido de
aceitar ou rejeitar soluções tentativas.”
Segundo Richardson et al. (2007), para elaborar a hipótese, o pesquisador
precisa examinar a literatura sobre o fenômeno, obtendo a maior qualidade de
conhecimento possível para responder o problema da pesquisa.
Com influência da pesquisa de Souza, Floriani e Lopes (2011), foram
elaboradas, como resposta preliminar para o problema da pesquisa, as seguintes
hipóteses:
a) os gestores com formação nas ciências sociais (administração, ciências
contábeis e economia) influenciam positivamente na utilização dos
incentivos governamentais à exportação;
b) as características das empresas, juntamente com os fatores internos e
externos, têm maior influência na utilização dos incentivos do que no perfil
dos gestores.
Na seção seguinte estão expostos os procedimentos de coleta e análise de
dados que foram utilizados no desenvolvimento e na conclusão da presente
pesquisa.

3.3 Procedimentos de Coleta e Análise dos Dados

Segundo Colauto e Beuren (2008), o processo de coleta, análise e


interpretação dos dados busca regularidades ou padrões de correlação de dados
45

aos fatos que estão sendo examinados, esses dados não podem ser
idiossincráticos, ou seja, dados íntimos de uma pessoa, que somente ela entenderia.
A presente pesquisa utilizou como instrumento de coleta de dados a
entrevista semiestruturada, que permite maior interação e conhecimento da
realidade dos informantes, também parece ser um dos principais instrumentos de
coleta que o pesquisador dispõe na pesquisa do tipo qualitativa (COLAUTO E
BEUREN, 2008). Seguem, no anexo A, as questões roteiro da entrevista, as quais
foram adaptadas da pesquisa “Ressarcimento do ICMS substituição tributária: Um
estudo multicasos em empresas da cidade de Cascavel-PR”, realizada por Saldanha
(2015).
A análise e a interpretação dos dados coletados nas entrevistas com os
gestores das empresas exportadoras se deram de modo qualitativo pelo
pesquisador, buscando relacionar as variáveis apresentadas. As informações
obtidas foram organizadas de modo que responda a questão-problema da pesquisa.
Segundo Colauto e Beuren (2008), o processo de organização e análise do
material obtido durante o processo de investigação deve ocorrer de forma
sistemática, à luz das teorias da metodologia científica, de forma que possibilite o
fornecimento de respostas ao problema de investigação. Sendo a pesquisa
orientada pelo protocolo de estudo de caso.

3.3.1 Protocolo do Estudo de Caso

Para Yin (2005), é essencial a utilização de um protocolo de estudo de caso


em projetos de casos múltiplos, pois ele é mais que um instrumento, ele contém
instrumentos, procedimentos e regras gerais que orientam ao pesquisador realizar a
coleta de dados a partir de um estudo de caso. O protocolo é uma agenda
padronizada para a linha de investigação do pesquisador. Constitui-se também
numa das principais táticas para aumentar a confiabilidade da pesquisa de estudo
de caso.
Para o Yin (2005), o protocolo do estudo de caso deve ser organizado nas
seguintes seções:
a) visão geral do projeto do estudo de caso;
b) procedimentos de campo;
c) questões do estudo de caso;
46

d) guia para o relatório do estudo de caso.


Esse trabalho tem características de um estudo de casos múltiplos, visto que
foi realizado nas indústrias exportadoras, com sede em Cascavel-PR, contendo cada
qual suas particularidades. Ademais, como é indispensável a utilização de protocolo
neste tipo de estudo e, também, para dar maior credibilidade a pesquisa, este
estudo utilizou a estrutura de protocolo proposta por Yin (2005).

3.3.1.1 Visão geral do projeto do estudo de caso

Segundo Yin (2005), a visão geral do projeto do estudo de caso deve conter
as informações prévias sobre o projeto de pesquisa, as questões substantivas que
estão sendo pesquisadas e, também, leituras relevantes sobre essas questões.
A presente pesquisa foi realizada com a finalidade de conhecer o perfil dos
gestores, as características das empresas, os fatores internos e externos das
indústrias exportadoras de Cascavel, os incentivos fiscais e financeiros oferecidos
pelo governo para estimular a exportação. Para assim, buscar a relação entre os
fatores internos e externos com a utilização dos incentivos governamentais pelas
indústrias exportadoras. As indústrias exportadoras foram selecionadas, pois o
grupo dos produtos manufaturados é responsável pela diminuição do saldo da
balança comercial brasileira.
A pesquisa buscou responder por meio de entrevistas, questões do tipo: os
gestores conhecem todos os incentivos concedidos pelo governo para estimular a
exportação? Os gestores consideram que os fatores internos e externos influenciam
na utilização dos incentivos governamentais?

3.3.1.2 Procedimentos de campo

Os procedimentos de campo relacionam os instrumentos a serem utilizados


para realizar a coleta de dados. Para Yin (2005), ter procedimentos de campo
adequadamente projetados é essencial para a coleta de dados, pois neste tipo de
estudo a coleta de dados é realizada de pessoas e instituições em suas situações
cotidianas, e não dentro dos limites controlados de um laboratório, na santidade de
uma biblioteca ou, ainda, das limitações estruturais de um rígido questionário.
47

Conforme Yin (2005), no estudo de caso o pesquisador deve aprender a


integrar acontecimentos do ambiente de estudo, o mundo real, às necessidades do
planejamento feito para o estudo. A entrevista deve ser realizada em conformidade
com a disponibilidade do entrevistado, e não com a do pesquisador. O entrevistador
deve agir como observador, pois está no ambiente do entrevistado, e não ao
contrário. O autor também cita os principais tópicos que podem ser incluídos na
seção de procedimentos de campo do protocolo:
a) obter acesso à organização e/ou aos entrevistados-chaves;
b) possuir recursos suficientes para otimizar a coleta de dados, enquanto
estiver em campo;
c) elaborar procedimentos para solicitar ajuda e orientação;
d) estabelecer uma agenda detalhada das atividades com período
especifico no tempo para conclusão;
e) o pesquisador deve se preparar para acontecimentos inesperados,
mudança na agenda ou no humor do entrevistado, e até mesmo
alteração na motivação do próprio pesquisador.
Com base nos tópicos descritos acima, os procedimento de campo para
coleta dos dados necessários para a realização desta pesquisa incluíram:
a) em campo estará a disposição do pesquisador veiculo, notebook com
planilha eletrônica e editor de texto, caderno, caneta, lápis, borracha,
smartphone com a função gravador, fotografias, agenda, acesso à
internet, e outros;
b) as visitas e as entrevistas serão agendadas com antecedência,
respeitando a disponibilidade e horário estabelecido pelos
entrevistados e pela direção;
c) as entrevistas serão realizadas preferencialmente em locais calmos, de
modo que a linha de raciocínio não seja interrompida;
d) serão realizadas entrevistas com gestores e pessoas-chave da
empresa;
e) se necessário para a realização da pesquisa, serão entrevistados os
contadores das empresas;
f) poderão ser entrevistados funcionários de instituições financeiras
ligadas a concessão de incentivos financeiros;
48

g) serão realizadas entrevistas com os consultores do programa de auxilio


ao exportador, oferecido pela Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (Unioeste);
h) coletas e esclarecimentos de dados poderão se dar por telefone, e-mail
ou redes sociais;
i) os procedimentos de orientação e esclarecimentos se darão mediante
agendamento com o orientador.
Por meio dos dados coletados com os procedimentos de campo
supracitados, pretende-se gerar informações capazes de responder o problema da
pesquisa.

3.3.1.3 Questões do estudo de caso

De acordo com Yin (2005), as questões do estudo de caso são o ponto


central do protocolo e são formadas por um conjunto de questões substantivas, que
o pesquisador deve fazer a si mesmo. Elas constituem um conjunto de lembretes ao
pesquisador acerca das informações que precisão ser coletadas e o motivo para
coletá-las. As questões são guias para manter o pesquisador na pista certa à
medida que a coleta avança, elas devem vir acompanhadas de uma lista de fontes
prováveis de evidências, nomes dos entrevistados, documentos, entre outros.
Segundo Yin (2005, p.99) as questões podem ocorrer em qualquer um dos
cinco níveis:

Nível 1: questões feitas sobre entrevistados específicos.


Nível 2: questões feitas sobre casos individuais (são estas as questões
em um protocolo de estudo de caso que devem ser respondidas durante um
caso único, mesmo quando o caso único fizer patê de um estudo maior de
casos múltiplos).
Nível 3: questões feitas sobre o padrão das descobertas ao longo de
casos múltiplos.
Nível 4: questões feitas sobre o estudo inteiro – por exemplo, recorrer a
informações além de evidências de casos múltiplos e incluir outra literatura
ou dados publicados que possam vir a ser revistos.
Nível 5: questões normativas sobre recomendações políticas e conclusões,
indo além do estrito escopo do estudo.

Yin (2005) explica que, dos cinco níveis de questões citados acima, apenas
os níveis um e dois devem ser articulados com o objetivo de coleta de dados. Sendo
o primeiro nível composto por questões verbais, que devem ser feitas ao
49

entrevistado, e o segundo nível são as questões mentais, que o pesquisador deve


fazer a si mesmo. No protocolo de estudo de caso, articular as questões do nível
dois tem importância muito maior do que as tentativas de identificar as questões de
nível um. As questões de nível três não devem fazer parte do protocolo para coleta
de dados de caso único, pois ela somente pode ser utilizada em casos múltiplos,
após todos os dados dos casos únicos que compõem o caso múltiplo serem
examinados. As questões de nível quatro e cinco, bem como as questões de nível
três, funcionam apenas nos casos múltiplos.
Diante do exposto foram estabelecidas quatro questões de nível dois para
guiar o pesquisador no processo de coleta de dados, Quadro 2.

Quadro 2 – Questões para guiar o pesquisador no processo de coleta de dados.


Objetivos específicos Questões relacionadas Ações para respondê-las
Revisar o rol de incentivos Quais são os incentivos Analisar a literatura pertinente.
concedidos às indústrias para suas governamentais à exportação
operações de exportação. disponíveis a indústria
exportadora?
Identificar as características das Qual a característica da Realizar entrevista
empresas, o perfil dos gestores e empresa, perfil dos gestores e semiestruturada.
os fatores internos e externos que fatores internos e externos
podem influenciar na utilização dos que podem influenciar na
incentivos. utilização dos incentivos?

Identificar o conhecimento dos O quanto os gestores Realizar entrevista


gestores acerca dos incentivos conhecem os incentivos e o semiestruturada com os
governamentais à exportação e o quanto suas empresas o gestores.
nível utilização dos incentivos. utilizam?
Avaliar a relação das Qual a relação das variáveis Realizar interpretação,
características das empresas, do com a utilização dos cruzamento e comentário dos
perfil dos gestores e dos fatores incentivos governamentais à dados coletados.
internos e externos com o nível de exportação?
utilização dos incentivos
governamentais à exportação.
Fonte: o autor.
50

Assim, com essas questões, pretende-se captar a percepção dos gestores


acerca do seu perfil, do perfil da empresa e dos fatores internos e externos e
também o nível de utilização dos incentivos governamentais.

3.3.1.4 Guia para o relatório

De acordo com Yin (2005), o esquema básico para construção do relatório


do estudo de caso facilita a coleta de dados relevantes, na forma apropriada,
otimizando a coleta de dados em cada visita, reduzindo assim a quantidade de
visitas necessárias. Isso porque ao realizar a coleta de dados o pesquisador tem em
mente o público a que se destina a pesquisa.
Segundo Yin (2005, p.102), a maioria dos relatórios de estudo de caso
segue um esquema semelhante, contendo: “apresentações das questões e das
hipóteses; descrição do projeto da pesquisa, do aparato e dos procedimentos de
coleta de dados; divulgação dos dados coletados; análise dos dados; e discussão
das constatações e conclusões.”
Seque abaixo o esquema básico do relatório do estudo de caso, tendo em
vista as considerações feitas por Yin (2005).
A exportação é de suma importância para os países e para as empresas, no
entanto há inúmeras barreiras que precisam ser superadas para que as exportações
aconteçam com eficiência. Para isso, o governo brasileiro proporciona inúmeros
incentivos para mitigar essas barreiras, porém nem sempre esses incentivos são
eficientes para todas as classes de produtos. Os produtos manufaturados são os
que têm menor taxa de exportação e têm maior taxa de importação.
Com base nisso, essa pesquisa pretende responder as seguintes questões:
Quais são os incentivos à exportação inerente à indústria cascavelense? Qual é o
perfil das indústrias exportadoras de Cascavel e dos seus gestores, e quais os
fatores internos e externos inerentes a essas indústrias? Qual o nível de utilização
dos incentivos governamentais nas operações de exportações? Qual a relação entre
fatores internos e externos das indústrias com a utilização dos incentivos
governamentais à exportação?
As respostas antecipadas para as questões são: os gestores com formação
em ciências sociais (administração, ciências contábeis e economia) influenciam
positivamente na utilização dos incentivos governamentais à exportação; as
51

características das empresas, juntamente com os fatores internos e externos, têm


maior influência na utilização dos incentivos do que no perfil dos gestores.
Para verificar se essas hipóteses são verdadeiras ou falsas foi realizada
coleta de dados com entrevista semiestruturada, pretendia-se realizar verificação de
documentos e observação das atividades das empresas para efetuar a triangulação,
mas não foi possível em razão de conflito de horários ou impedimento por parte da
administração. Assim, a análise dos dados se deu por interpretação, comparação e
comentário dos dados coletados nas entrevistas.

3.4 Limitações da Pesquisa

Tendo em vista que o presente trabalho se restringe a estudar as indústrias


exportadoras com sede na cidade de Cascavel-PR, o resultado desta pesquisa não
poderá ser generalizado, pois dependendo do ramo de atividade e de sua região, os
incentivos governamentais podem variar, também há de se considerar para a não
generalização do resultado que a lei está em constante modificação.
52

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

De acordo com o Catálogo de Exportadores Brasileiros (2016), há três


indústrias exportadoras em Cascavel, estado do Paraná. O pesquisador procedeu à
entrevista em cada uma das indústrias com os gestores responsáveis pela
exportação, entretanto não obteve acesso aos documentos e às rotinas das
empresas, por causa da incompatibilidade de horários ou da não liberação dos
responsáveis pela administração.
Desta forma, a descrição e a análise dos resultados são compostas apenas
pelo perfil dos gestores, características da empresa, fatores internos e externos e
utilização dos incentivos governamentais à exportação.

4.1 Perfil dos Gestores de Exportação

Para levantar o perfil dos gestores, utilizou-se das seguintes informações:


idade, formação acadêmica, função desempenhada, tempo de atuação na empresa,
tempo de atuação na função atual. Os dados coletados seguem no Quadro 3:

Quadro 3 – Perfil dos gestores


Gestor Gestor A Export Gestor B Export Gestor C Export
Idade 48 anos 34 anos 46 anos
Ciências contábeis, e Administração com
Formação Segundo grau MBA em gestão habilitação em
empresarial comércio exterior
Direção, gestor de
Contador, gerente
Função exportação, Gerente de comércio
administrativo e gestor
desempenhada engenheiro, projetista, exterior
do comércio exterior
representante e, outros
Tempo de atuação na
16 anos 14 anos 23 anos
empresa
Tempo de atuação na
16 anos 14 anos 21 anos
função atual
Fonte: O autor (2016)

O gestor e proprietário da indústria A Export fundou a empresa há 16 anos,


desde então é responsável pela direção, gestão de exportação, engenharia,
53

projetos, representação, entre outras funções. Ele demonstrou amplo conhecimento,


tanto sobre a direção de sua empresa quanto sobre a criação e desenvolvimento de
projetos.
O gestor da A Export tem 48 anos de idade e concluiu o ensino médio
técnico com especialização em desenhos arquitetônicos. No decorrer de sua vida,
aprendeu a desenvolver produtos para as mais diversas áreas, alguns tão
inovadores que, de acordo com o gestor, quase duplicaram a velocidade do plantio
de alguns produtos, como soja e milho.
O gestor da B Export tem 34 anos, é formado em ciências contábeis e tem
MBA em gestão empresarial. Desde a sua contratação há 14 anos, atua como
contador e gerente administrativo, além disso, sua função também engloba a gestão
do comércio exterior, na qual demostrou ter um amplo conhecimento.
O gestor da C Export tem 46 anos, é formado em administração com
habilitação em comércio exterior e também possui parte da graduação em
matemática. Trabalha na empresa há 23 anos e atua na função de gerente de
comércio exterior há 21 anos. Ele demostrou ter um amplo conhecimento dos
incentivos governamentais à exportação, um até desconhecidos pelo pesquisador.

4.2 Características das Empresas

Para conhecer as características das empresas, foram levantadas as


seguintes informações: receita total, receita de exportação, tempo de mercado,
tempo de comércio exterior, número de funcionários, forma de tributação e tipo de
exportação. As informações coletadas constam no Quadro 4, como segue:
54

Quadro 4 – Características das empresas.

EXPORTADORA A Export B Export C Export

Receita Total R$3,6 milhões R$88 milhões R$150 milhões


Receita de Exportação R$37,5
R$0,1 milhões R$8 milhões
milhões
Tempo de Mercado 16 anos 38 anos 59 anos
Tempo Comércio Exterior 10 anos 10 anos 39 anos
Nº de Funcionários 25 350 500
Forma de tributação Simples Nacional Lucro Real Lucro Real
Tipo de Exportação Maior parte indireta 100% direta 99% direta
Fonte: O autor (2016)

A indústria A Export está no mercado nacional há aproximadamente 16


anos, contudo sua primeira exportação foi somente há 10 anos. Atualmente
emprega 25 funcionários e tem faturamento médio de R$3,6 milhões por ano, sendo
R$100 mil oriundos da exportação. A empresa é optante pelo regime de tributação
Simples Nacional, porque seu faturamento total está dentro do limite permitido e sua
atividade não consta da lista de restrições. Ela exporta para os países Paraguai e
Bolívia, sendo exportações diretas nas vendas volumosas e indiretas nas demais.
A indústria B Export está no mercado nacional há aproximadamente 38
anos, mas as exportações se iniciaram apenas nos últimos 10 anos. Atualmente,
emprega 350 funcionários, tem faturamento médio de R$88 milhões, sendo R$8
milhões provenientes das vendas no mercado internacional, e é optante pelo regime
de tributação Lucro Real, por causa do elevado faturamento. Os países para os
quais exporta são Paraguai, Bolívia e Uruguai, sendo 100% das exportações
realizadas diretamente.
A indústria C Export está no mercado nacional há aproximadamente 59
anos, vende para o exterior há 39 anos e atualmente conta com 500 funcionários. O
faturamento médio é de R$150 milhões, sendo R$37,5 milhões resultantes das
exportações. É uma empresa de grande porte e optante pelo regime de tributação
Lucro Real. Os países para os quais exporta são inúmeros: América do Sul (com
exceção do Suriname e das duas Guianas), Panamá, Costa Rica, República
Dominicana, Nicarágua, Belize, África, Somália, Angola, Moçambique e Ucrânia. As
exportações para esses países são 99% realizadas diretamente.
55

4.3 Fatores Externos que Influenciam na Utilização dos Incentivos


Governamentais à Exportação

A respeito dos incentivos financeiros à exportação disponibilizados pelo


governo, o gestor da A Export afirma que nunca os utilizou, por causa da burocracia
de obtê-los ou por desconhecê-los. Complementou dizendo que utilizou outros
financiamentos com maior remuneração como o Finame, por ser mais acessível.
Em se tratando de incentivos fiscais à exportação disponibilizados pelo
governo, o gestor da A Export esclareceu que são de responsabilidade da empresa
de contabilidade. Mas acredita que são utilizadas apenas isenções nas vendas para
exportação, não utilizando isenções nas importações de mercadorias a serem
exportadas nem restituição de impostos pagos anteriormente dos produtos que
foram exportados.
A respeito dos concorrentes nacionais exportadores, o gestor da A Export
afirma que existem poucos. Quanto aos concorrentes internacionais, aponta as
concessionárias, mas declara que essas não competem em preço.
Ainda sobre a concorrência, o gestor complementou que os produtos são
inovadores e que tem a patente deles, o que falta é a divulgação, tanto nacional
quanto internacional, a qual deveria ser feita por meio de representantes, pois seus
potenciais clientes necessitam desse tipo de contato.
O gestor da B Export aponta que a principal dificuldade da obtenção dos
incentivos financeiros é a demora do processo de análise e aprovação pela
instituição financeira. Ele acredita que, pela empresa estar no ramo de exportação
há 10 anos e sempre buscar a obtenção de incentivos financeiros para financiar sua
produção, venda e adiantamento de contratos de créditos, as exigências feitas pelas
instituições se tornaram corriqueiras.
A respeito da complexidade da legislação que trata dos incentivos fiscais, o
gestor da B Export acha que as leis são complicadas, entretanto essa dificuldade é
superada por meio de pesquisas e consultoria externa na área tributária. Assim a
utilização dos incentivos fiscais não é prejudicada pela intrincada legislação, sendo o
único prejuízo o custo das consultorias.
Quando questionado se o fisco impõe empecilhos para que as empresas
utilizem os benefícios fiscais, o gestor da B Export afirmou que sim, sendo um deles
a obrigatoriedade de que as mercadorias importadas por meio do drawback sejam
56

utilizadas exclusivamente para fins de exportação. Outro obstáculo imposto é o curto


prazo para exportar as mercadorias adquiridas por meio do drawback. Esses dois
óbices impedem que a empresa faça compras maiores, o que dificulta a obtenção de
melhores preços e condições de pagamento nas importações de matéria-prima.
Além da dificuldade da negociação, o curto prazo para a exportação faz com que a
empresa solicite a prorrogação do prazo junto ao Ministério de Desenvolvimento
Indústria e Comércio (MDIC), devido ao processo produtivo de alguns produtos
serem demasiadamente longos.
Já em relação aos concorrentes nacionais exportadores, o gestor da B
Export apontou três concorrentes que lideram o mercado, mas como a empresa está
em constante busca por novas tecnologias, a fim de atender as necessidades do
mercado, encontra espaço para crescimento, tanto que nos últimos 5 anos o
faturamento da empresa dobrou. Quanto aos concorrentes internacionais o gestor
desconhece a existência, mas acredita que existam alguns.
A respeito da utilização dos incentivos financeiros, o gestor da C Export cita
que existem muitas exigências para a concessão de financiamentos, adiantamentos
de contratos de créditos, seguros, entre outros. Mas, como faz tempo que a empresa
está nesse ramo e dispõe de um quadro de funcionários qualificados as exigências
já se tornaram corriqueiras. Contudo, afirma que são poucos os incentivos
financeiros que englobam a transação completa e que, mesmo constando no
regulamento que abrangem até 100%, é difícil as instituições financeiras cobrirem
mais que 90% da transação. Ademais, quando se trata de financiamentos, o cliente
tem que desembolsar em média 10% à vista, e o exportador corre o risco de arcar
com até 20% da inadimplência quando se trata de seguros de crédito à exportação,
pois o Seguro de Crédito a Exportação (SCE) não cobre 100% da operação.
A respeito da legislação fiscal e do Fisco, o gestor da C Export explanou
que, quando a lei é inteligível e não oferece mais de uma interpretação, a empresa
consegue cumprir e usufruir dos incentivos fiscais. Mas quando a lei é dúbia, a
empresa fica a mercê da interpretação e da vontade dos agentes públicos,
consequentemente, não consegue aproveitar adequadamente os incentivos fiscais.
A respeito dos concorrentes internos, o gestor da C Export reconhece que
existe um grande concorrente o qual compete tanto no preço quanto na qualidade do
produto, contudo expõe que a marca do concorrente é mais forte, visto que está
mais tempo no mercado. Quando questionado sobre os concorrentes internacionais,
57

ele menciona os Norte-americanos e declara que não há como competir com eles no
preço, porque os incentivos concedidos pelo seu governo para a exportação são
melhores que os brasileiros.
A informação citada pelo gestor da C Export acerca dos concorrentes
confirma o que foi apresentado por Lanzana, et al. (2010), em seu livro Gestão de
Negócios Internacionais, no qual explanou que nos mercados de alto valor
agregado, como bens de capitais e bens de engenharia, os produtos por si só não
tem diferenciais relevantes entre os concorrentes. Assim os fatores que tornam os
produtos mais atrativos são as condições de financiamento e pagamento.

4.4 Fatores Internos que Influenciam na Utilização dos Incentivos


Governamentais à Exportação

A indústria A Export apresenta apenas controle de estoque dos produtos


acabados, não possuindo controle de estoque de matéria-prima (MP). A empresa
também não tem controle preciso dos custos de produção, baseando-se em
estimativas empíricas. A empresa não dispõe de funcionário qualificado na área
contábil, logo precisa contratar contador externo para cumprir as exigências fiscais.
E também não utiliza serviços de consultoria tributária e de mercado exterior.
O gestor da A Export é responsável pelo contato com os clientes, visto que a
empresa não possui filial e nem representante internacionais. Segundo o gestor, é
muito difícil conseguir representantes fora do país e a inexistência desses dificulta o
crescimento das exportações.
A indústria B Export dispõe de contabilidade interna com funcionários
qualificados na área fiscal e também na área de custo, onde é feita a análise do
custo de cada venda, a qual engloba desde o dispêndio da importação de matéria-
prima até o da exportação do produto. A empresa também utiliza um moderno
sistema de controle de estoque que registra a entrada da matéria-prima, sua
utilização na produção e a venda do produto final. A B Export conta uma empresa de
consultoria na área tributária, maximizando a utilização dos incentivos.
A empresa B não tem departamento exclusivo para exportação, portanto
utiliza o mesmo quadro de pessoal das vendas internas. Também não possui filial no
exterior, mas conta com representantes tanto no Paraguai quanto na Bolívia que
facilitam o contato com os clientes internacionais.
58

A indústria C Export possui contabilidade interna com pessoal qualificado


tanto na área fiscal quanto na área de custos, departamento de controladoria e de
comércio exterior. Seus funcionários tem tamanho conhecimento que são
contratados para prestar consultoria em outras empresas.
A empresa C dispõe de um moderno sistema que interliga todos os
departamentos da empresa e controla o estoque de produção, calcula os custos dos
produtos, faz a emissão das notas de vendas com isenção e gera o quanto deve ser
restituído de impostos.
Como a empresa C detém departamento destinado exclusivamente ao
comércio exterior, dispõe de funcionários que dominam vários idiomas, para melhor
atender seus clientes. A empresa não tem filial no exterior, mas conta com
representastes em vários países.

4.5 Conhecimento dos Respondentes a Respeito dos Incentivos


Governamentais à Exportação e a Utilização destes nas Operações de
Exportação

Este tópico buscou identificar o conhecimento dos respondentes a respeito


dos incentivos governamentais à exportação. Foram realizadas perguntas totalmente
abertas para não influenciar a resposta dos entrevistados. Seguem abaixo as
respostas comentadas.
O gestor da A Export declarou que conhece superficialmente alguns
incentivos financeiros, como por exemplo os do BNDES Exim, porém nunca os
utilizou por causa das dificuldades impostas pelas instituições financeiras. A respeito
dos incentivos fiscais, informou que utiliza apenas as isenções nas exportações e
que já ouviu falar do reintegra, mas nunca o utilizou, porque o volume das suas
exportações é ínfimo. Também apontou que não conhece nenhum outro incentivo
governamental à exportação que não se enquadre em financeiros e fiscais.
O gestor da B Export demonstrou conhecer bem os incentivos financeiros do
BNDES Exim, tendo utilizado o BNDES Exim Pós-embarque para financiar a venda
a clientes, e o BNDES Exim Pré-embarque para compra de máquinas. Entretanto, foi
sobre os incentivos fiscais que o gestor demonstrou ter abrangente conhecimento,
pois informou com desenvoltura as características do drawback e do Reintegra,
inclusive as taxas de restituição impostas pelo governo. Também afirmou que utiliza
59

esses incentivos em todas as exportações e importações que serão destinadas ao


comércio exterior. Ainda, comentou sobre o Recof e sobre os canais de conferência
aduaneira. Por fim, afirmou que desconhece outros incentivos além desses.
O gestor da C Export demostrou conhecer as características de
praticamente todos os incentivos financeiros, fiscais e outros incentivos que não se
enquadrem em financeiros e fiscais. Quanto aos financeiros, o gestor citou com
excelência as características do Proex, do BNDES Exim e do SCE. Completou que
a indústria sempre utiliza o Proex ou o BNDES Exim, mas que o primeiro é mais
vantajoso financeiramente que o segundo, visto que tem duas taxas a menos.
Contudo, é muito difícil o Proex cobrir mais que 85% do contrato, enquanto o
BNDES Exim financia até 100%, por isso alguns clientes ainda optam por este.
Declarou também que já utilizou o SCE, mas é muito difícil a Agência Brasileira
Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A. (ABGF) analisar o balanço do
cliente internacional para aceitar o seguro.
A respeito dos incentivos fiscais à exportação, o gestor da C Export citou o
Reintegra, o drawback e a isenção de todos os impostos na exportação e que os
utiliza em todas as exportações e também nas importações de produtos a serem
exportados. Também comentou sobre o Recof, mas que a empresa não o utiliza. Por
fim, sobre outros incentivos à exportação que não se enquadram nem como
financeiros e nem como fiscais, o gestor destacou a Agência Brasileira de Promoção
de Exportações e Investimentos (Apex). Declarou que sempre a utiliza para trazer
clientes internacionais para conhecer seus produtos e participar de eventos diversos
e também para participar de feiras e fazer reuniões com clientes no exterior.

4.6 Análise da Utilização dos Incentivos Governamentais à Exportação com o


Perfil dos Gestores, Características das Empresas e Fatores Internos e
Externos

Comparando os dados coletados e comentados chegou-se aos seguintes


fatores que influenciam na utilização dos incentivos governamentais à exportação:
faturamento nas operações de exportação, formação acadêmica dos gestores,
função desempenhada pelos gestores, pessoal qualificado na área tributária e a
utilização de consultoria e a capacidade do software de gestão. A interação desses
60

fatores com a utilização dos incentivos governamentais está descrito nas subseções
abaixo.

4.6.1 Faturamento na Exportação e a Utilização dos Incentivos Governamentais à


Exportação

Foi verificado que a receita de venda nas operações de exportação


influencia na utilização dos incentivos governamentais à exportação, pois quanto
maior o faturamento na exportação, mais incentivos são utilizados pelas indústrias e
com maior regularidade.

Quadro 5 – Faturamento na exportação e incentivos utilizados nas operações de


exportação
Incentivos fiscais Incentivos Financeiros
Outros
Utilizados e % de Utilizados e % de
Faturamento incentivos à
utilização nas utilização nas
Exportação exportação
operações de operações de
utilizados
exportação exportação

A R$0,1
Isenção na Export. 100% Não utiliza Não utiliza
Export milhões

Isenção na Export. 100%


B
R$8 milhões Drawback 100% BNDES-Exim 10% Não utiliza
Export
Reintegra 100%

Isenção na Export. 100% Proex 50%


C R$37,5 Apex (divulgação
Drawback 100% BNDES-Exim 50%
Export milhões do produto)
Reintegra 100% SCE 2%

Fonte: O autor (2016)

Depreende-se do Quadro 5 que a indústria C Export, a qual tem maior


faturamento, utiliza aproximadamente 90% dos incentivos governamentais
disponibilizados a ela. Em todas as operações de exportação são usados incentivos
fiscais e financeiros, contudo há alternância entre a utilização dos financiamentos
Proex e BNDES-Exim, pois fica a critério do cliente escolher aquele que melhor se
enquadre em suas condições. A indústria C Export também utiliza a Apex, incentivo
que não se enquadra nem como financeiro nem como fiscal, para promover ou
61

participar de eventos comerciais nacionais e internacionais e trazer clientes


internacionais para visitar as instalações ou participar de eventos diversos.

4.6.2 Relação Entre a Formação Acadêmica dos Gestores, as Funções


Desempenhadas com o Conhecimento a Respeito dos Incentivos Governamentais à
Exportação

Foi verificado que a formação acadêmica e o número de funções


desempenhadas pelo gestor estão relacionados com a amplitude de seu
conhecimento acerca dos incentivos à exportação. Sendo a falta de conhecimento
dos gestores a respeito dos incentivos governamentais à exportação um dos fatores
da inutilização dos incentivos.
62

Quadro 6 – Formação acadêmica dos gestores, funções desempenhadas e quais


incentivos governamentais à exportação conhecem
Outros
Incentivos Incentivos
incentivos
Função Formação fiscais que os Financeiros que
que os
desempenhada Acadêmica gestores os gestores
gestores
conhecem conhecem
conhecem

1-Direção
2- Projetista
3-Engenheiro Isenção na
Gestor
4-Representante Segundo grau export. BNDES Exim Não conhece
A
5-Gestor de Reintegra
Export
exportação
6-outras
1-Contador Ciências Isenção na
2-Gerente contábeis, e export.
Gestor
administrativo MBA em Drawback BNDES-Exim Não conhece
B
3-Gestor de gestão Reintegra
Export
exportação empresarial Recof
Administração Isenção na
com export. Proex
Gestor 1-Gestor de
habilitação Drawback BNDES-Exim Apex
C exportação
em comércio Reintegra SCE
Export
exterior Recof
Fonte: O autor (2016)

Infere-se do Quadro 6, que os gestores graduados, mais precisamente em


Ciências Sociais (Contabilidade, Administração e Economia), possuem maior
conhecimento a respeito dos incentivos governamentais à exportação. Ademais, os
gestores que ocupam mais funções na empresa foram os quais apresentaram menor
entendimento sobre o tema. Sendo assim, o gestor da indústria C Export, formado
em Administração com habilitação em comércio exterior e ocupante apenas da
função de gestor de exportação, foi o que demonstrou maior conhecimento acerca
dos incentivos.

4.6.3 Relação da Utilização dos Incentivos Governamentais à Exportação com os


Serviços de Contabilidade, Consultoria e Software e Gestão
63

Foi constatado que as empresas B e C, as quais possuem contabilidade


interna com serviço de contabilidade gerencial, de custo e tributária, fazem maior
utilização dos incentivos fiscais à exportação. A empresa B também contrata
serviços de consultoria na área tributária, o que intensifica o uso desses incentivos.
Além disso, as empresas que executam a contabilidade internamente
demonstraram possuir moderno software de gestão, o qual auxilia a contabilidade na
utilização dos incentivos governamentais.
Já a indústria A Export, que utiliza contabilidade externa, apenas para
atender as exigências do fisco, e não usa serviços de consultoria, foi a que
apresentou menor emprego dos incentivos fiscais à exportação.
Por fim, as informações apresentadas no capítulo quatro foram ao encontro
do resultado da pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2014), a qual
apresentou que as empresas brasileiras enfrentam inúmeras dificuldades para
ampliar a base exportadora, estes empecilhos vão além das limitações operacionais
das empresas, englobando uma infraestrutura precária, elevada burocracia
alfandegária e aduaneira, falta de informações e/ou elevada burocracia nos
mecanismos de acesso aos incentivos governamentais à exportação.
64

5 CONCLUSÕES

A presente pesquisa teve como objetivo geral identificar como as


características das empresas, perfil dos gestores e fatores internos e externos
configuram a utilização dos incentivos governamentais à exportação. Para isso,
foram entrevistados gestores de três indústrias exportadoras com sede na cidade de
Cascavel-PR. Pretendia-se realizar a triangulação com a observação direta,
aplicação de entrevista e análise de documentos, entretanto, devido à agenda
apertada dos entrevistados não foi possível a observação das rotinas e a análise dos
documentos.
Em relação às características das empresas, o resultado da pesquisa
indicou que o montante do faturamento nas operações de exportação tem influência
na utilização dos incentivos governamentais à exportação, dado que quanto maior a
receita de venda para o exterior, maior número de incentivos são utilizados pelas
indústrias e com maior assiduidade, isto é, em todas as operações de exportação há
o uso de incentivo. Todavia, se a receita de exportação for ínfima, comparada à
receita total, o gestor acredita que não compensa o esforço despendido, a fim de
superar as burocracias impostas pelas entidades governamentais para ter acesso
aos incentivos.
Acerca do perfil dos gestores, foi verificado que a inexistência de formação
do gestor em área relacionada à contabilidade ou ao comércio exterior contribui para
a não utilização dos incentivos governamentais, isso faz com que o gestor use meios
mais onerosos para comercializar seus produtos internacionalmente, de forma a
prejudicar a competitividade da empresa.
Já, em relação aos fatores externos, foi apurado que a falta de transparência
e divulgação dos incentivos influencia negativamente na utilização desses,
porquanto dos três gestores entrevistados, apenas o da C Export conhecia a Apex.
Os gestores da A Export e da B Export citaram a baixa divulgação do produto como
sendo o principal motivo para o não crescimento das vendas para o exterior.
Inclusive, mesmo depois de todo o período empregado na busca de incentivos
governamentais à exportação, o pesquisador só teve ciência da Apex, por
intermédio da entrevista ao gestor da C Export. Ainda, a burocracia para a utilização
dos incentivos financeiros faz com que os gestores inexperientes usem os
65

financiamentos e seguros privados, mesmo esses sendo menos vantajosos que os


incentivos financeiros governamentais.
Relativamente aos fatores internos, constata-se que a existência na empresa
de departamento de exportação, contabilidade interna, sistema informatizado de
gestão e a utilização de consultorias influencia positivamente na utilização dos
incentivos governamentais. Uma vez que, contribuem para que os gestores se
cerquem de informações vitais, as quais favorecem para a superação dos
obstáculos impostos pelos fatores externos, podendo, assim, utilizar as opções mais
vantajosas disponíveis para maximizar os resultados.
Sendo assim, conclui-se que a hipótese A “os gestores com formação nas
ciências sociais (administração, ciências contábeis e economia) influenciam
positivamente na utilização dos incentivos governamentais à exportação” foi
confirmada. Já a hipótese B “as características das empresas, juntamente com os
fatores internos e externos, têm maior influência na utilização dos incentivos do que
o perfil dos gestores.” Não foi confirmada, pois não foi possível identificar qual
variável tem maior influencia na utilização dos incentivos.
Como contribuição teórica, a presente pesquisa apresentou que o elevado
resultado nas operações de vendas para o exterior, juntamente com a formação
profissional dos gestores em área relacionada ao comércio exterior, além da
existência de departamento específico para o comércio exterior e setor de
contabilidade interna, bem como a maior divulgação dos incentivos por parte do
Governo configuram maior e melhor uso dos incentivos fiscais e financeiros.
Enfim, colaborou para que o governo entenda que a legislação fiscal é
ambígua, alguns incentivos governamentais à exportação possuem processo
demasiadamente burocrático e que a falta de divulgação desses benefícios faz com
que as empresas usem procedimentos mais onerosos, os quais tornam o produto
nacional menos competitivo no mercado internacional.
66

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teses. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008.

SILVA, Carlos Eduardo Lobo. O Impacto do BNDES Exim no Tempo de


Permanência das Firmas Brasileiras no Mercado Internacional: uma análise a partir
dos microdados. Planejamento e Política Pública, PPP, n.38, janeiro a junho/2012.
Disponível em <http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/
PPP/article/viewFile/274/263>, Acessado em: 19/01/2016.

SKAF, Paulo; HENRIQUE, Artur; SILVA, Paulo Pereira. A importância da indústria


brasileira. Jornal GGN . 26 de maio de 2011. Disponível em:
<http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-importancia-da-indústria-brasileira>,
Acessado em: 26/07/2016.

SOUZA, I. R.; FLORIANI, D. E.; LOPES, G. S. C.Incentivos financeiros para a


exportação: um estudo acerca das PMEs catarinenses. Revista Eletrônica de
Negócios Internacionais da ESPM, São Paulo, v.6, n.1, p. 99-124, jan./jun. 2011.

VALE, Ricardo. Estratégia Concursos, legislação aduaneira p/RFB – 2016. Editora


Estratégia, 2016.

Woodrow Wilson International Center for Scholats. Inovação no Brasil: políticas


públicas e estratégias empresariais. Disponível em:
<https://www.wilsoncenter.org/sites/default/files/Innovation%20Public%20Private%20
Strategies%20Portuguese.pdf>. Acesso em: 24/04/2016.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2005. Trad. Daniel Grassi.
69

ANEXOS

ANEXO A – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADO

Problema de pesquisa: Como as características das empresas, perfil dos


gestores e fatores internos e externos influenciam na utilização dos incentivos
governamentais à exportação?

Roteiro de Entrevista semiestruturada – Aplicado aos gestores das indústrias


exportadoras com sede em Cascavel-PR.

Objetivo do estudo: identificar qual a influência das características das


empresas, do perfil dos gestores e dos fatores internos e externos na utilização dos
incentivos governamentais.

1 – Características do respondente:

 Nome:
 Idade:
 Escolaridade:
 Função desempenhada:
 Tempo de atuação na empresa:
 Tempo de atuação nessa atividade:

2 - Características da empresa:

 Natureza jurídica:
 Porte da empresa:
 Forma de tributação:
 Média de faturamento total:
 Média de faturamento de exportação:
 A quanto tempo está mercado nacional:
 Ano da primeira exportação:
 Nº de funcionários:
 Países para o qual exporta:

3 – Conhecimento do respondente em relação aos incentivos governamentais à


exportação:

 Quais incentivos financeiros à exportação disponibilizados pelo governo


que o respondente tem conhecimento? E o que o respondente poderia
explanar sobre eles?
70

 Quais incentivos fiscais à exportação disponibilizados pelo governo que


o respondente tem conhecimento? E o que o respondente poderia explanar
sobre eles?
 O respondente tem conhecimento de outros incentivos à exportação
disponibilizados pelo governo que não se enquadram como fiscais ou
financeiros, ou se enquadram em ambos? E o que o respondente poderia
explanar sobre eles?
 Qual a frequência de utilização dos incentivos financeiros à exportação
disponibilizados pelo governo nas operações de exportações, e quais
incentivos são utilizados?
 Qual a frequência de utilização dos incentivos fiscais à exportação
disponibilizados pelo governo nas operações de exportações, e quais
incentivos são utilizados?
 Qual a frequência de utilização de outros incentivos à exportação
disponibilizados pelo governo nas operações de exportações, e quais
incentivos são utilizados?

4 – Fatores externos e internos relacionados ao nível de utilização:

 Fatores externos:
a) São muitas as exigências das instituições para concessão dos
incentivos financeiros?
b) A legislação que trata sobre incentivos fiscais é muito complexada?
c) O fisco impõe algum empecilho para que as empresas utilizem os
benefícios fiscais?
d) A empresa possui grandes concorrentes nacionais que exportam?
e) A empresa possui grandes concorrentes internacionais?
 Fatores internos:
f) A empresa possui um sistema gerencial de controle de estoque?
g) A empresa possui funcionários qualificados na área fiscal?
h) Há um controle dos custos dos produtos exportados?
i) Possui departamento de exportação?
j) Possui filial no exterior, qual o tipo e em quais países, ano?
k) Possui representantes no exterior e em quais países?
l) Contabilidade interna ou externa?
m) Utiliza serviços de consultoria? Quais?
71

ANEXO B - DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE

Eu, Alaercio Lovatel dos Santos, autor do Trabalho de Conclusão de Curso


(TCC), na modalidade monografia, intitulado Os incentivos governamentais à
exportação e os fatores que influenciam na sua utilização: um estudo multicasos nas
indústrias exportadoras cascavelenses, apresentado ao Colegiado do Curso de
Ciências Contábeis da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste),
Campus de Cascavel, declaro que, em cumprimento ao artigo 35 do regulamento de
TCC, Resolução 144/2015 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), o
mesmo foi elaborado de acordo com a legislação dos Direitos Autorais pertinente a
este tipo de produção científica e, portanto, não representa cópia nem contém
excertos de outros trabalhos, sem o devido crédito ao autor.

Por ser verdade, firmo a presente declaração sob as penas da lei.

Cascavel, PR, 13 de novembro de 2016.

___________________________________

Assinatura
72

ANEXO C - DECLARAÇÃO DE REVISÃO ORTOGRÁFICA E DE SINTAXE


73

ANEXO D – DECLARAÇÃO DE REVISÃO DAS ALTERAÇÕES


REFORMULAÇÕES E AUTORIZAÇÃO DE ENTREGA DO TCC EM CAPA DURA

Eu, prof. Leandro Algusto Toigo, orientador do acadêmico: Alaercio Lovatel dos Santos,
matriculado na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no ano letivo de 2016,
declaro, em cumprimento ao artigo 30, parágrafo único do regulamento de TCC, Resolução
144/2015 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), que constatei que as
alterações e/ou reformulações, propostas pelos membros da banca examinadora, visando a
garantia da qualidade do trabalho, foram realizadas com eficácia e, assim, autorizo a
entrega do TCC encadernado em capa dura, acompanhado de uma cópia em mídia (CD-
ROM).

Por ser expressão de verdade, assino a presente declaração.

Cascavel - PR, ___de dezembro de ______.

_______________________________

Assinatura
74

Os incentivos governamentais à exportação e os fatores que influenciam na 2016


Alaercio Lovatel
sua utilização: um estudo multicasos nas indústrias exportadoras
dos Santos
cascavelenses

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