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SEXO FEMININO

Sistema reprodutor:

- Órgãos internos: trompas de falópio, ovários, útero, cervix, vagina


- Órgãos externos: vulva, lábios, clitóris.

Estrutura dos ovários e oogénese:

O ovário divide-se por duas zonas:


1. Zona cortical: mais externa, apresenta folículos em diferentes estádios de desenvolvimento
2. Zona medular: mais interna, constituída por um tecido com numerosos vasos sanguíneos e nervos.

Fases da oogénese:

1. Multiplicação: ocorre durante o desenvolvimento embrionário. As células germinativas, nos ovários,


sofrem sucessivas mitoses formando oogónias (diploides), cuja maior parte degenera, não ocorrendo
nova produção.
2. Crescimento: aumento do volume da célula. As oogónias armazenam substâncias de reserva no
citoplasma, que asseguram a nutrição do novo ser nos 1ºs dias. Torna-se assim um oócito I (diploide),
cuja maior parte também degenera.
3. Maturação: o oócito I bloqueia em profase I (infância). Na puberdade a meiose continua (início dos
ciclos ováricos). Em cada ciclo só um oócito I passa a oócito II (haploide) e o 1º glóbulo polar. Ocorre
a 2ª divisão meiótica que bloqueia em metáfase II – ocorre a ovulação, onde há libertação do oócito II
para o oviduto. A meiose só termina se houver fecundação, formando o óvulo + 2º glóbulo polar.

- Folículo primordial: oócito I rodeado por células foliculares


- Folículo maduro ou folículo de Graaf (fim da oogénese): oócito II rodeado por células foliculares, que é
libertado na cavidade folicular e depois para o oviduto (ovulação)

 Após a ovulação a parede do ovário cicatriza e o folículo vazio sofre transformações físico-químicas,
formando o corpo amarelo ou lúteo.

Controlo hormonal:

 O sistema genital da mulher tem um funcionamento cíclico que se inicia na puberdade e acaba na
menopausa.
 A sincronia entre o ciclo ovário e o ciclo uterino é devido a uma correlação hormonal.

Hormonas:
- Estrogénios: produzidos pelas células foliculares e pela teca interna. Aumenta conforme o crescimento
folicular e diminui na ovulação, voltando a aumentar na fase luteínica. É responsável pelas contrações uterinas
e maturação dos carateres sexuais secundários
- Progesterona: produzida pelo corpo lúteo atingindo valor máximo no desenvolvimento desse corpo, que,
quando degenera, a progesterona diminui. Induz o endométrio a espessar e assegura a gravidez

Ciclo ovárico:

1. Fase folicular: onde há o desenvolvimento do folículo até a ovulação


2. Fase luteínica: ocorre a seguir à ovulação onde há formação do corpo lúteo

Ciclo uterino:
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1. Fase menstrual (5 dias): ocorre destruição parcial do endométrio, visto que a baixa de hormonas fez
com que as células não recebessem os nutrientes necessários e morressem. São expelidos sangue e
fragmentos de tecido.
2. Fase proliferativa (9 dias): espessamento do endométrio e desenvolvimento de glândulas e vasos
sanguíneos, devido ao aumento da taxa de estrogénios, durante a fase folicular.
3. Fase secretora (14 dias): o endométrio continua a aumentar, bem como a atividade das glândulas
secretoras devido à progesterona e os estrogénios, durante a fase luteínica.

 Funcionamento dos ovários é regulado pelo complexo hipotálamo-hipófise (HH), através das
gonadoestimulinas – hormonas produzidas pela hipófise anterior.

 O hipotálamo atua sobre a hipófise anterior por intermédio da neuro-hormona GnRH, a qual estimula
produção e libertação de FSH e LH pela hipófise.

- FSH (foliculoestimulina): induz o crescimento e maturação dos folículos e intervém na secreção de


estrogénios.
- LH (luteoestimulina): estimula a ovulação, em função do seu pico no final da fase folicular. Estimula a
formação do corpo lúteo, o que leva à produção de progesterona e estrogénios.

Mecanismo de retroação:

No regulamento hormonal da mulher ocorrem estes dois tipos de retroação (negativo1 e positivo2):

1. Aumento de estrogénios (+)  inibe  complexo HH  diminui  produção FSH  diminui 


desenvolvimento folicular  diminui  produção de estrogénios (-)

A retroação negativa assegura a regulação do teor de gonadoestimulinas.

2. Aumento de estrogénios (+)  estimula  complexo HH  aumenta  produção


gonadoestimulinas (+)

 A retroação positiva causa um desequilíbrio. No final da fase folicular observa-se picos de LH e FSH, o que
desencadeia a rutura do folículo de Graaf, ou seja, a ovulação.

- Após a ovulação, estrogénios e progesterona exercem retroação negativa no complexo HH, o que causa a
queda do teor de FSH e LH, desencadeando a regressão do corpo lúteo.

- A atividade do complexo HH altera-se também sob a ação de estímulos nervosos externos ou internos, visto
que produz variações na produção de GnRH e o descontrolo do ciclo sexual.

- A menopausa é o último período menstrual da mulher devido ao esgotamento dos folículos – deixa de haver
retroação negativa e a concentração de gonadoestimulinas aumenta.

SEXO MASCULINO

Sistema reprodutor:

- Órgãos internos: testículos, epididimo, canais deferentes, glândulas anexas, uretra


- Órgãos externos: escroto, pénis

Glândulas anexas:

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Vesículas seminais: produzem líquido seminal (60% do esperma) constituído por proteínas, frutose, muco e
prostaglandinas, as quais fazem contrair a vagina para auxiliar a entrada de esperma.
Próstata: constituída por cálcio, enzimas e possui um pH igual a 6,5. As enzimas precipitam as proteínas do
esperma, tornando-o gelatinoso.
Glândula de Cowper: produz uma secreção que limpa o pénis, é expelida antes da ejaculação e facilita a
penetração.

Estrutura dos testículos e espermatogénese:

- Os testículos encontram-se voltados para o exterior do corpo, para se manterem a uma temperatura inferior à
temperatura corporal.
- São constituídos por lóbulos testiculares separados por septos radiais.
- Os lóbulos contêm túbulos seminíferos onde se produzem continuadamente espermatozoides.

Células de Sertoli: células muito volumosas que ocupam o espaço entre a periferia e o lúmen dos túbulos,
sustentando as células germinativas, intervindo na sua nutrição e ser vem como um filtro, impedindo a
passagem de substâncias nocivas.

Células de Leydig: células intersticiais situadas entre os túbulos, produzem testosterona.

 A formação dos espermatozoides é feita da periferia para o lúmen dos túbulos.

Fases da espermatogénese:

1. Multiplicação: ocorre durante o desenvolvimento embrionário. As células germinativas, nos testículos,


sofrem sucessivas mitoses formando espermatogónias (diploides), a partir das quais são produzidos
espermatozoides – uma espermatogónia mantém-se em multiplicação enquanto a outra prossegue o
desenvolvimento.
2. Crescimento: aumento pouco significativo do volume da célula. Torna-se assim um espermatócito I
(diploide).
3. Maturação: ocorre divisão meiótica do espermatócito I. No fim da 1ª divisão formam-se dois
espermatócitos II (haploides com 2 cromatídeos). No fim da 2ª divisão formam-se quatro
espermatídeos (haploides com 1 cromatídeos)
4. Diferenciação ou espermiogénese (70 dias): o espermatídeo transforma-se num espermatozoide. Dá-
se o alongamento e achatamento do núcleo, o que facilita a locomoção dos espermatozoides. Há a
diferenciação do flagelo, a eliminação de grande parte do citoplasma e reorganização dos organelos.
O complexo de Golgi forma o acrossoma (vesícula que armazena enzimas digestivas) que se adapta
ao núcleo. Os centríolos (formados pela proteína tubulina) originam microtúbulos que formam o
flagelo. As mitocôndrias fornecem energia ao flagelo para este se locomover. Por fim, os
espermatozoides são libertados no lúmen dos túbulos.

Controlo hormonal:

 O sistema genital do homem tem um funcionamento contínuo que se inicia na puberdade. A partir daí
produz-se continuadamente espermatozoides e testosterona, a qual é responsável por:
- Maturação dos órgãos genitais na puberdade
- Aparecimento e manutenção dos carateres sexuais secundários
- Espermatogénese

 A manutenção do teor de testosterona no sangue é feita pelo complexo HH (tal como na mulher)

- LH (luteoestimulina): atua nas células de Leydig estimulando a produção de testosterona.


- FSH (foliculoestimulina): estimula as células de Sertoli e a produção de uma proteína com grande afinidade
para a testosterona.
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No homem só ocorre a retroação negativa:

Aumento de testosterona (+)  inibe  complexo HH  diminui  produção LH  diminui  produção de


testosterona (-)

 A retroação negativa assegura a regulação do teor de gonadoestimulinas.

- A atividade do complexo altera-se também sob a ação de estímulos nervosos externos ou internos, visto que
produz variações na produção de GnRH e o descontrolo do ciclo sexual.

FECUNDAÇÃO

Antes:

 Os espermatozoides entram em contacto com o muco cervical produzido por glândulas do colo uterino.
 Este muco encontra-se muito espesso fora do período ovulatório. Pelo contrário, no período ovulatório o
muco torna-se mais fluido e a rede de fibras menos densa, deixando passar mais facilmente os
espermatozoides.
 A fecundação ocorre no terço superior da trompa, onde os espermatozoides são atraídos por uma
substância segregada pelas células foliculares.

Durante:

 Os espermatozoides que passam as células foliculares atingem a zona pelúcida com a qual estabelecem
ligação por recetores específicos.
 Desencadeia-se a reação acrossómica – libertação do conteúdo do acrossoma
 Fusão da membrana do acrossoma com a membrana plasmática da cabeça do espermatozoide, o que
permite a exocitose de enzimas digestivas que irão digerir a zona pelúcida.
 Fusão das membranas do espermatozoide e do oócito II – início da fecundação
 O conteúdo dos grânulos corticais do citoplasma do oócito liberta-se para o exterior formando uma
membrana de fecundação, o que bloqueia a entrada de outros espermatozoides.
 O oócito II completa a meiose e forma-se o 2º glóbulo polar
 Os pronúcleos dos gâmetas fundem-se – cariogamia – formando-se o OVO

Depois: Desenvolvimento embrionário

1. Período embrionário: duração de 8 semanas

 Multiplicação celular por divisões mitóticas – segmentação.


 Migração do ovo em direção ao útero devido às contrações dos músculos da parede do oviduto.
 Formação do blastómero entre o 1º e o 4º dia. As suas células são totipotentes (estaminais)
 Formação da mórula no 4º dia constituída por 64 células, apesar de não haver grande aumento de
tamanho
 O 5º dia marca o fim da segmentação e a formação do blastocisto: as células organizam-se de modo a
formar um botão embrionário que originará o novo ser, e o trofoblasto, uma camada superficial envolvente.
 No 6º dia o blastocisto eclode para o exterior da zona pelúcida
 Nidação (8º dia): as células do trofoblasto aderem às células superficiais do endométrio e digerem-nas para
obter o alimento necessário ao embrião nas primeiras semanas.
 As células do endométrio proliferam e o embrião acaba por ficar completamente envolvido pela parede do
útero.
 O botão embrionário continua a dividir-se e ocorrem movimentos morfogenéticos que acabam por originar 3
camadas de células: endoderme, mesoderme e ectoderme.

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Processos biológicos
A partir de multiplicações celulares. Por divisões mitóticas e também devido ao
Crescimento
aumento de volume das células
Conjunto de movimentos de territórios celulares que tomam posições uns em
Morfogénese relação aos outros, de acordo com as estruturas que vão formar. São originadas
3 camadas.
Especialização estrutural e bioquímica de células da ectoderme, endoderme e
Diferenciação
mesoderme no sentido de desempenhas funções específicas. Os diferentes
celular
tecidos inter-relacionam-se, formando órgãos e sistema de órgãos.

Origem de algumas estruturas


Ectoderme Sistema nervoso, órgãos dos sentidos, epiderme
Mesoderme Esqueleto, músculos, sistema circulatório, excretor e reprodutor
Endoderme Sistema respiratório, fígado, pâncreas

 Anexos embrionários: estruturas transitórias existentes até ao nascimento

- Âmnio: rodeia a cavidade amniótica preenchida por líquido amniótico. Garante a proteção contra os
choques e permite a manutenção da temperatura.
- Vesícula vitelina: ricamente vascularizada. Parte desta fica incorporada no cordão umbilical, sendo o
primeiro local de produção de glóbulos sanguíneos.
- Alantoide: contribui para formação dos vasos sanguíneos do cordão umbilical. Armazena os produtos do
metabolismo do embrião.
- Córion: membrana extraembrionária mais exterior que rodeia o embrião e intervém na formação da
placenta.
- Placenta: originada por tecido do endométrio e por vilosidades coriónicas do embrião. Estabelece trocas
seletivas entre a mãe e o embrião. Substitui o corpo lúteo na produção de progesterona.

 Além das substâncias fundamentais ao embrião, passam anticorpos, tóxicos e micro-organismos para o
embrião.
 Ao fim de 8 semanas a maioria dos órgãos já esta esboçada e definitivamente localizada.

2. Período fetal: Restantes semanas

 Aumento da complexidade e maturação dos órgãos já formados.


 Abrandamento do crescimento da cabeça e rápido crescimento do resto do corpo.
 Mudanças no comportamento do feto à medida que o sistema nervoso se desenvolve

Controlo do desenvolvimento

 A hormona gonadotropina coriónica humana (HCG) impede a degeneração do corpo lúteo, que continua a
produzir progesterona e estrogénios, essenciais à manutenção do endométrio permitindo a nidação.

Elevado teor HCG  estimula  corpo lúteo  aumenta  produção de estrogénios e progesterona 
inibem  complexo HH  não se liberta  FSH e LH  não ocorre  novo ciclo ovário

 Após a sua ação a HCG é eliminada pela urina podendo ser detetada nos testes de gravidez

 Após 8 a 10 semanas, em função do declínio de HCG, o corpo lúteo degenera, mas a produção de
progesterona e estrogénios fica assegurada pela placenta.
O trabalho de parto

 Os estrogénios atuam na expansão do útero enquanto que a progesterona impede as contrações.

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 O declínio de progesterona no fim da gravidez conduz ao domínio dos estrogénios que estimula as
contrações do útero, que obriga o feto a deslocar-se para o colo uterino, nomeadamente a cabeça.
 Essa pressão exercida envia mensagens nervosas ao hipotálamo, no qual se produz a neuro-hormona
oxitocina, libertada a nível da hipófise posterior.
 Ver Esquema 2

Produção de leite

 Durante a gestação, os níveis elevados de estrogénios e progesterona exercem uma retroação negativa
sobre a secreção da hormona prolactina:

Elevados teores de estrogénios (+)  inibem  complexo HH  não se produz  prolactina

 A hormona não chega às glândulas mamárias e estas não produzem leite.  Ver Esquema 3
 A ejeção de leite também é controlada pelo complexo HH

- O colostro é menos rico em glícidos e lípidos e mais rico em proteínas e anticorpos do que o leite

MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE

Métodos contracetivos: permitem ao casal planear o nascimento dos filhos

Métodos naturais ou de abstinência periódica : sem efeitos secundários; impede a fecundação pela ausência
de relações sexuais durante o período fecundo. Não protege das DST

- Data de ovulação
- Avaliação diária da temperatura retal – de manhã e antes de qualquer atividade: data da ovulação
corresponde ao último dia que precede a subida de temperatura
- Aspeto do muco cervical: na ovulação e durante 3 a 4 dias, o muco é abundante, fluido, transparente e
filamentoso
- Método do calendário (verificar se o ciclo menstrual apresenta um padrão)

Métodos não-naturais:

Físicos:

- Preservativo: evita o encontro dos gâmetas; protege das DST. Pode romper-se ou deixar passar
espermatozoides quando não for utilizado adequadamente.
- Diafragma: impede a entrada de espermatozoides no útero. Requer orientação médica e o uso de
espermicidas; pouco recomendável a mulheres jovens.
- DIU: impede a união dos gâmetas ou a nidação se já tiver havido fecundação. Pode ser desconfortável; risco
de infeções que podem levar à infertilidade; não aconselhável a mulheres jovens.

Químicos:

- Espermicidas: destroem os espermatozoides. Proteção por pouco tempo; podem causar alergias.
- Pílulas contracetivas: impedem a ovulação ou a fecundação; ciclos menstruais mais regulares. Agravamento
de doenças preexistentes, problemas circulatórios e metabólicos.
- Adesivos contracetivos

Cirúrgicos:

- Laqueação das trompas: impede o encontro dos gâmetas


- Vasectomia: impede a saída de espermatozoides
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- Implantes

Pílulas combinadas: sobrecarga de estrogénios e progesterona

Aumento de estrogénios (+) inibe  complexo HH  inibe  produção FSH e LH  inibe 


desenvolvimento folicular  não ocorre ovulação (não há o pico de LH)

 É necessário fazer 7 dias de pausa na toma da pílula para que ocorra a menstruação, visto que os
elevados níveis de hormonas estimularam o endométrio a crescer.

Vantagens
- Boa tolerância pela maioria das mulheres
- Impedem a ovulação ou a fecundação
- Os ciclos menstruais passam a ser mais regulares e sem dores

Desvantagens
- Problemas de hipertensão
- Problemas de diabetes
- Insuficiências de circulação
- Os riscos podem agravar-se por interação com tabaco, drogas, álcool, etc.

Minipílula: contém derivado sintético da progesterona, não bloqueia a ovulação. Mantém as características do
muco cervical na fase luteínica, com uma maior impermeabilização do colo aos espermatozoides. Eficácia
menor do que as pílulas combinadas. Aconselhado a mulheres lactantes.

Pílula do dia seguinte: 2 comprimidos com doses elevadas de hormonas. O 1º comprimido tem que ser tomado
antes de 72h após o ato sexual e o 2º é tomado entre 12 a 24h depois do 1º.
Efeitos: bloqueia a ovulação, opõem-se ao deslocamento dos espermatozoides, opõem-se à nidação.

INFERTILIDADE: incapacidade temporária ou permanente de conceber um filho, após, pelo menos, 1 ano de
tentativas, sem uso de contracetivos, ou então de levar uma gestação até ao fim.

Causas da infertilidade
Masculinas Femininas
Produção de espermatozoides insuficiente Anomalias na secreção hormonal – problemas de ovulação
Deficiência na mobilidade dos gâmetas Problemas ao nível do endométrio
Elevada % de espermatozoides anormais Muco cervical desfavorável aos espermatozoides
Anomalia congénita no aparelho reprodutor
Ausência de produção de gâmetas
Exposição à tóxicos como tabaco, álcool, drogas, etc
Infeções genitais
Obstrução ou alteração das vias de circulação de gâmetas

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REPRODUÇÃO ASSISTIDA

 Inseminação artificial ou intrauterina (IIU):

- É utilizada quando os espermatozoides não conseguem atingir as trompas


- Transfere-se os espermatozoides, previamente recolhidos e selecionados, para a cavidade uterina.
- Os espermatozoides podem ser criopreservados para bancos de esperma ou caso ocorram problemas
graves de saúde (cirurgias, quimioterapia) que possam causar infertilidade.

 Estimulação ovárica ou hiperestimulação controlada dos ovários:

- É utilizada quando há anomalias no funcionamento dos ovários (ex. lesões hipofisárias)


- A partir do 3º ou 5º dia do ciclo sexual, efetua-se um tratamento hormonal com derivado sintético próximo da
FSH, que vai ativar a maturação dos folículos, cujo desenvolvimento pode ser acompanhado por ecografia.
- Quando o desenvolvimento é suficiente injeta-se uma hormona sintética idêntica à LH provocando a
ovulação.
- Risco de gestações múltiplas
- Não permite resolver certos casos de infertilidade
- Efeitos secundários devido à aplicação de hormonas

 Fecundação in vitro:

- É utilizada em casos de disfunção ovárica grave, obstrução das trompas e outros casos inexplicáveis
- Os espermatozoides são preparados pela técnica descrita na IIU e os oócitos são obtidos pela técnica
utilizada na estimulação ovárica, porém, com estimulação hormonal mais forte.
- Aspira-se o conteúdo dos folículos (óocito) que tenham um tamanho adequado. A coleta de esperma deve
ser feita momentos após a punção dos óocitos ou pode ser utilizado do banco de esperma.
- FIV: os espermatozoides são colocados em contacto com os oócitos num meio de cultura apropriado, a 37ºC,
com ar humidificado. 48h depois verifica-se se ocorreu fecundação. 3 a 4 embriões (com 2 a 8 células) são
transferidos para o útero, os outros são criopreservados.

 Microinjecção citoplasmática:

- É utilizada quando os espermatozoides apresentam anomalias que os tornam inaptos para a fecundação
- É preciso fazer o estudo genético do casal
- É recolhido somente um espermatozoide saudável
- Este é injetado (já sem cauda) no oócito através de uma micropipeta que penetra até ao centro o oócito.
- Alguns oócitos não resistem à microinjecção. Os que resistem são colocados numa incubadora a 37ºC até a
transferência dos embriões (com 2 a 8 células) para o útero.

Problemas éticos em relação à RMA:

- Obtenção de gâmetas fora do casal


- Mães de substituição (casos de mulheres com ausência ou com anomalias congénitas do útero, que sofreram
histerectomia)
- Situações de monoparentalidade
- Situações de casais homossexuais
- Produção de um filho de acordo com determinado padrão genético
- Intervenção da clonagem na reprodução
- Futuro dos embriões excedentários
- Direitos dos seres humanos que vão nascer

TRANSMISSÃO DE CARACTERÍSTICAS HEREDITÁRIAS


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Genética: área do conhecimento que tem como objeto de estudo os genes, procura respostas para a forma
como se processa a herança genética.

O CONTRIBUTO DE MENDEL

 A espécie de ervilheira Pisum sativum foi a que deu melhores resultados, pois esta possuía uma corola
fechada, impossibilitando a fecundação por outras espécies de plantas, e um bom conjunto de características
antagónicas.

Cruzamentos de monoibridismo: onde se estuda a transmissão de apenas um caráter.


Cruzamentos de diibridismo: onde se estuda a transmissão de dois carateres.

Linhas puras: indivíduos homozigóticos em relação à característica pretendida e que, cruzados entre si,
originam uma descendência que é sempre toda entre si e igual a um dos progenitores, relativamente à
característica considerada.

 Mecanismo de transmissão em monoibridismo

- Mendel, depois de isolar as linhas puras, fez cruzamentos parentais – entre os indivíduos pertencentes às
linhas puras, fazendo igualmente cruzamentos recíprocos.

1) Cruzamento parental PxP Polinização cruzada (artificial) entre linhas puras


2) 1ª geração F1 Híbridos de 1ª geração
3) Cruzamento entre F1 F1 x F1 Autopolinização (natural) dos híbridos
4) 2ª geração F2 Proporção fenotípica 3:1

Conclusão:

> Uniformidade dos híbridos: geração F1 é uniforme em relação ao caráter em estudo, manifestando a
característica de um dos progenitores.
> Proporções fenotípicas: na geração F2 surgem ambas as características na proporção aproxm. de 3 para 1

 Segundo Mendel:

- Cada organismo possui 2 fatores que determina uma característica


- Principio da segregação fatorial: na formação dos gâmetas os fatores separam-se de tal modo que cada
gâmeta contém um só fator de cada par.
- O fator recessivo nunca se manifesta na presença do dominante

 Atualmente:

- Os fatores de Mendel são os genes que podem apresentar formar alternativas (alelos)
- O conjunto de todos os genes é o genoma
- O genótipo é a constituição genética de um indivíduo em relação a uma determinada característica.
- O fenótipo é a forma como o genótipo se expressa
- Um indivíduo genotipicamente homozigótico possui um par de genes idênticos relativamente a uma
característica. Todos os seus gâmetas são geneticamente idênticos.
- Um indivíduo genotipicamente heterozigótico possui um par de genes diferentes relativamente a uma
característica. Alguns dos seus gâmetas possuem uma das formas alélicas e outros possuem a outra forma
alélica.

 Xadrez mendeliano: ver pág. 77 livro


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Cruzamento-Teste: serve para averiguar o genótipo de indivíduos que fenotipicamente revelam a característica
do alelo dominante. Consiste em cruzar esses indivíduos com homozigóticos recessivos e analisar a
descendência.

1) Se toda a descendência apresentar fenótipo dominante, o progenitor desconhecido é homozigótico


dominante.
2) Se existirem alguns com fenótipo recessivo, o progenitor desconhecido é heterozigótico dominante

 Mecanismo de transmissão em diibridismo

- Mendel, depois de isolar as linhas puras, fez cruzamentos parentais – entre os indivíduos pertencentes às
linhas puras, fazendo igualmente cruzamentos recíprocos:
Gâmetas/ Genótipo
1) Cruzamento parental AL x al Polinização cruzada (artificial) entre linhas puras
2) 1ª geração AaLl Diíbridos de 1ª geração
3) Cruzamento entre F1 AL x al x Al x aL Autopolinização (natural) dos diíbridos
AALL, AALl, AAll, AaLL, Aall,
4) 2ª geração Proporção fenotípica 9:3:3:1
AaLl, aaLL, aall, aaLl

Conclusão:

> No diibridismo os alelos se comportam como em dois cruzamentos de monoibridismo, ocorrendo


simultaneamente.
> Principio da segregação independente: os genes que determinam características diferentes distribuem-se
independentemente nos gâmetas
> A probabilidade de um acontecimento ocorrer é independente da sua ocorrência em tentativas anteriores
> A probabilidade de dois acontecimentos independentes ocorrerem conjuntamente é igual ao produto das
probabilidades de ocorrerem isoladamente.

 No Cruzamento–Teste em diibridismo cruza-se o progenitor desconhecido com um duplo homozigótico


recessivo

Leis de Mendel

1ª  Os dois elementos de um par de genes separam-se nos gâmetas de tal modo que há probabilidade de
metade dos gâmetas transportar um dos alelos e a outra metade transportar o outro alelo.
2ª  Durante a formação dos gâmetas, a segregação dos alelos de um gene é independente da segregação
dos alelos de outro gene.

O que contradiz as Leis de Mendel:

- Dominância incompleta: acontece quando a F1 apresenta um terceiro fenótipo. Diz-se que o alelo dominante
não dominou completamente o recessivo, permitindo que ambos se expressassem no fenótipo, embora
parcialmente.

- Codominância: ocorre quando a F1 possui um fenótipo que inclui carateres de ambos os progenitores. Neste
caso não se verifica qualquer tipo de dominância de um alelo sobre o outro. Os dois alelos se manifestam
completamente no fenótipo de F1.

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TEORIA CROMOSSOMICA DA HEREDITARIEDADE

> Os genes localizam-se nos cromossomas que formam pares de homólogos


> O gene situa-se no locus do cromossoma
> Os dois alelos que controlam um determinado caráter localizam-se em loci correspondentes nos
cromossomas homólogos.
> Em cada par de homólogos, um é do pai e outro é da mãe.
> Na meiose dá-se a segregação dos alelos
> Cada gâmeta pode conter qualquer combinação de genes, visto que a segregação dos genes localizados em
diferentes cromossomas é independente.
> O ovo é uma célula diploide em que cada gene está representado por dois alelos, localizados em loci
correspondentes nos cromossomas homólogos, um do pai e outro da mãe.
> Genes autossómicos localizam-se os autossomas
> Genes heterossómicos ou ligados ao sexo localizam-se nos cromossomas sexuais

HEREDITARIEDADE LIGADA AOS CROMOSSOMAS SEXUAIS

- Indivíduos homogaméticos: apresentam dois cromossomas sexuais idênticos (Mulher)


- Indivíduos heterogaméticos: apresentam cromossomas sexuais diferentes (Homem)

 Os machos manifestam, geralmente, o(s) alelo(s) localizado(s) no cromossoma X e, por isso, são
genotipicamente hemizigóticos.

Exceções às Leis de Mendel


1.Ligação fatorial (à 2ª Lei)
2.Alelos múltiplos
3.Interações génicas
4.Hereditariedade humana (autossómica e ligada aos cromossomas sexuais)

1) Genes em linkage (ligados factorialmente): genes que se dispõem linearmente ao longo do mesmo
cromossoma, sendo transmitidos em conjunto aos descendentes.

> Ao cruzar os indivíduos F1, em diibridismo, observa-se que a proporção fenotípica não é 9:3:3:1 como
Mendel sugere, mas sim 3:1 (como num caso de monoibridismo).
> Isto acontece porque os genes situam-se no mesmo cromossoma, embora em loci diferentes, sendo então
transmitidos em conjunto.
> Mas em consequência do crossing-over, durante a meiose, os genes podem separar-se e surgir nos
gâmetas como se estivessem em gâmetas separados. Tal só acontece se os genes estiverem afastados do
centrómero.
> Obtém-se assim uma descendência igual à prevista por Mendel

Exemplo das moscas: cruzamento de duas linhas puras com características antagónicas
b: corpo preto, vg: asas vestigiais, b+: corpo cinzento, vg+: asas longas

Fenótipo: corpo negro e asas vestigiais x corpo cinzento e asas longas


Genótipo: bbvgvg x b+b+vg+vg+
Gâmetas: bvg x b+vg+ b b X b+ b+
vg vg vg+ vg+
Fenótipo da descendência F1:
- Todos apresentam corpo cinzento e asas longas (características dominantes – selvagens)

Fenótipo da descendência F2 (F1 x F1):


- Corpo cinzento e asas longas (75%)
- Corpo negro e asas vestigiais (25%)

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2) Alelos múltiplos: mais de duas formas alélicas do mesmo gene, embora cada indivíduo possua somente
duas dessas formas.

Exemplo: Sistema ABO

Antigénios (aglutinogénios): glicoproteínas existentes nas hemácias


Anticorpos (Aglutininas): moléculas proteicas que se aglutinam a determinados aglutinogénios

Tipo A  aglutinogénios A e aglutininas anti-B. Pode receber sangue tipo A e O


Tipo B  aglutinogénios B e aglutininas anti-A. Pode receber sangue tipo B e O
Tipo AB  aglutinogénios A e B, mas sem aglutininas. Pode receber qualquer tipo de sangue
Tipo O  sem aglutinogénios, mas com aglutininas anti-A e anti-B. Só pode receber do tipo O

- Alelo O é recessivo em relação ao A e B


- No sangue do tipo AB existe uma relação de codominância de A e B

Exemplo: Sistema Rh

> Rh é um aglutinogénio
> Sangue do tipo Rh+ contém esse aglutinogénio. Pode receber sangue Rh + ou Rh-
> Sangue do tipo Rh- não possui esse aglutinogénio. Só pode receber sangue Rh-

 Os indivíduos Rh- não possuem naturalmente anticorpos anti-Rh, mas pode fabricá-los quando expostos ao
antigénio Rh. Um problema que se coloca durante a gravidez sendo a mãe Rh- e o filho Rh+
 Isto porque o sistema imunitário da mãe formará anticorpos anti-Rh, caso o seu sangue entre em contacto
direto com as hemácias do filho mãe. Tal pode acontecer durante o parto.
 Deste modo inicia-se a formação de anticorpos que atuarão logo numa 2ª gravidez, caso se verifique
novamente um filho com sangue Rh+
 O feto pode morrer de eritroblastose fetal, onde as suas hemácias são destruídas pelos anticorpos.
 Por isso, quanto mais vezes o sangue Rh - contactar com Rh+, mais “resistência” se desenvolve, mais
anticorpos são produzidos.
 Atualmente existe uma vacina que é injetada na mãe e que inibe a atuação dos anticorpos anti-Rh

3) Interações génicas (Exemplo do milho vermelho)

- O fenótipo dos indivíduos da geração F1 é diferente dos seus progenitores,


- Na F2 surgem classes fenotípicas completamente diferentes das esperadas num diibridismo mendeliano.

 A expressão dos alelos de um locus depende dos alelos presentes no outro locus, neste caso dois ou mais
genes controlam uma única característica.

- Por exemplo, o milho só apresenta fenótipo vermelho quando estão presentes os dois alelos dominantes que
determinam essa cor. Embora sejam dominantes não basta um só alelo!
- Muitas das características hereditárias dependem da interação de vários genes.
- O gene letal recessivo só provoca a morte em homozigotia. Se for dominante manifesta-se nos
heterozigóticos.

4) Hereditariedade humana

Dificuldades na investigação sobre genética humana:


> Elevado número de cromossomas
> Pequeno número de descendentes por geração
> Longevidade do ciclo de vida
> Cruzamentos experimentais não são viáveis eticamente
Hereditariedade autossómica  Homens e mulheres igualmente afetados
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Recessiva:
- Maioria dos descendentes afetados possui pais normais
- Heterozigóticos apresentam fenótipo normal
- Dois progenitores afetados originam uma descendência em que todos os indivíduos apresentam anomalia

Dominante:
- Anomalia tende a aparecer em todas as gerações
- Quando um indivíduo manifesta a anomalia, pelo menos um dos progenitores também a possui
- Quando um dos progenitores apresenta anomalia, aproxim. metade da descendência pode ser afetada.
- Os heterozigóticos apresentam anomalia

Hereditariedade ligada ao sexo

 Como na mulher existem dois cromossomas X os genes formam pares de alelos que funcionam como nos
autossomas, ou seja, alelo recessivo só se manifesta em homozigotia.
 No caso do homem, os genes localizados no cromossoma X manifestam-se sempre, quer sejam
dominantes ou não, uma vez que o cromossoma Y não possui alelo correspondente.
 Por isso é mais frequente manifestar-se uma característica recessiva no homem do que na mulher.

Recessivo no cromossoma X
- Não afeta igualmente homens e mulheres
- Quando um homem afetado cruza com uma mulher normal, originas filhos fenotipicamente normais e filhas
portadoras.
- Quando uma mulher portadora cruza com um homem normal há 50% probabilidade de os filhos serem
normais e 50% de probabilidade de serem afetados. As filhas são todas normais podendo 50% ser portadoras.

No geral:
- Um homem afetado transmite a doença a todas as suas filhas
- Uma mulher afetada transmite a doença aos filhos e filhas

TRANSMISSÃO GENÉTICA DE GENES MITOCONDRIAIS:

 O material genético contido nas mitocôndrias é transmitido pela mãe para os filhos e filhas, dado que o
cromossoma Y não contribui com as suas mitocôndrias para a formação do zigoto.

 Sofre mutações num ritmo já conhecido. Sabendo isto, podem detetar-se as mutações numa população e
recuar no tempo até a origem da sua linhagem materna mais antiga.

 Em conjunto com o cromossoma Y permite seguir o processo evolutivo da espécie humana.

Diferenças e semelhanças entre DNA mitocondrial e DNA nuclear:

DNA mitocondrial DNA nuclear


Não possui exões Possui exões
Não ocorre crossing – over Ocorre crossing – over
Possui várias cópias de DNA em cada mitocôndria,
Só possui uma cadeia (com dupla hélice) de DNA no
permitindo que na mesma célula existam diferentes
núcleo da célula
alelos para o mesmo gene
Taxa de mutação mais elevada Taxa de mutação menos elevada
Não possui enzimas que reparam o DNA Possui enzimas que reparam o DNA

13
REGULAÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO

 Todas as células de um mesmo organismo possuem a mesma informação genética e apenas um pequena
parte dessa informação de manifesta.
 A diferenciação celular resulta da regulação da expressividade dos genes.
Esta regulação é muito importante nos procariontes, pois estão dependentes das variações do meio, tendo
que desenvolver rápidos mecanismos de resposta de acordo com as novas condições (respiração anaeróbia,
sobrevivências a altas temperaturas, síntese desse nutriente caso se verifique a sua ausência, etc.)
 Nos eucariontes os genes não estão, normalmente, associados a operões.

- Genes estruturais: codificam a produção de enzimas (de síntese ou de degradação)


- Gene regulador: responsável pela produção da proteína repressora.
- Gene operador: onde se liga o repressor, impedindo a transcrição dos genes estruturais.
- Gene promotor: onde se liga a RNA polimerase para iniciar a transcrição dos genes estruturais, desde que o
gene operador esteja livre do repressor.

 Três genes são responsáveis pelo processo de regulação genética (regulador, operador e promotor ) e os
genes estruturais, cujo número varia de processo para processo, são transcritos.

Operão: conjunto de genes estruturais com funções relacionadas e dos genes que os controlam.

Funcionamento de um operão indutivo: processos catabólicos

Ausência de lactose Presença de lactose


 Gene regulador produz um repressor  Lactose liga-se ao repressor, inativando-o
 Repressor liga-se ao operador e bloqueia
 O gene operador fica desbloqueado
gene promotor
 RNA polimerase não se liga ao promotor  RNA polimerase liga-se ao promotor
 Os genes estruturais não são transcritos  Os genes estruturais são transcritos
 Não ocorre síntese das enzimas  Dá-se a síntese das enzimas  há degradação da lactose

Funcionamento de um operão repressivo: processos anabólicos

Ausência de triptofano Presença de triptofano


 Gene regulador produz um repressor
 Triptofano liga-se ao repressor, ativando-o
inativo
 O gene operador está livre  O repressor liga-se ao gene operador
 RNA polimerase pode ligar-se ao
 RNA polimerase não pode ligar-se ao promotor
promotor
 Os genes estruturais são transcritos  Os genes estruturais não são transcritos
 Ocorre a síntese das enzimas  Não se sintetizam as enzimas  não há formação de triptofano

 Muitos genes de um genoma se destinam a regular o funcionamento de outros genes.


 Os genes que se expressão numa determinada situação dependem das interações que o ambiente
estabelece com o DNA.
 Muitos dos genes do genoma podem nunca se expressar, dependendo do contexto e das interações que
fatores endógenos e exógenos exercem sobre o DNA.

Regulão: grupo de operões que é controlado por um único tipo de regulador. Vantagens: torna mais rápida e
coordenada uma resposta de genes de diferentes operões, mas que estão envolvidos num processo
metabólico comum. (exº: o mesmo regulador controla a possibilidade de vários glícidos serem convertidos em
glicose, satisfazendo mais depressa as necessidades da célula .)

14
MUTAÇÕES

Definição:

- São alterações ou modificações súbitas em genes ou cromossomas, podendo acarretar variação hereditária.
- As mutações podem ser génicas quando alteram a estrutura do DNA ou cromossómicas quando alteram a
estrutura ou o número de cromossomas.
- As mutações são espontâneas e podem ser silenciosas, ou seja, não alterar a proteína ou sua ação.
- Podem ainda ser letais, quando provocam a morte, ou ainda acarretar doenças ou anomalias.
- As mutações também promovem a evolução já que determinam aumento na variabilidade genética.

AGENTES MUTAGÉNICOS

Físicos  radiações ionizantes (raios X, radiações alfa, beta e gama) e radiação ultravioleta.
Químicos  colchicina, gás mostarda, sais de metais radioativos, alcatrão, benzeno, benzopireno, etc.

MUTAÇÕES GÉNICAS

- As mutações génicas são responsáveis por alterações nos genes e consequentemente nas proteínas,
determinando, muitas vezes, a formação de novas proteínas ou alterando a ação de enzimas importantes.
- Alteram uma ou mais bases do DNA que afetará a leitura durante a replicação ou durante a transcrição.
- Podem ser transmitidas hereditariamente quando ocorrem nas células germinativas.
- Quando ocorrem em células somáticas podem provocar a formação de tumores.

TIPOS

- Substituição è ocorre a troca de um ou mais pares de bases. Chama-se transição a substituição de uma
purina por outra ou de uma pirimidina por outra e transversão a substituição de uma purina por uma pirimidina
ou vice-versa.
- Adição è acontece quando uma ou mais bases são adicionadas ao DNA, modificando a ordem de leitura da
molécula durante a replicação ou a transcrição.
- Delecção è acontece quando uma ou mais bases são retiradas do DNA, modificando a ordem da leitura,
durante a replicação ou a transcrição.
ALGUMAS DOENÇAS HEREDITÁRIAS  ver folhas anexas

MUTAÇÕES CROMOSSÓMICAS

- São alterações na estrutura ou no número de cromossomas normal da espécie.


- Podem provocar anomalias e mal formações no organismo ou até a inviabilidade dele.

 ESTRUTURAIS
- Provocam alterações na estrutura dos cromossomas, podendo ocasionar a perda de genes, a leitura
duplicada ou erros na leitura de um ou mais genes.
- Podem acontecer por delecção, duplicação, translocação ou inversão de partes de cromossomas.

Deficiência ou deleção è quando ocorre a perda de um pedaço do cromossoma, com consequente perda de
genes.
Duplicação è quando ocorre a presença de um pedaço duplicado do cromossoma, acarretando uma dupla
leitura de genes.
Inversão è quando ocorre a quebra de um pedaço do cromossoma que se solda invertido (180º), provocando
erros na leitura dos genes. Não altera a localização do cromossoma
Translocação è quando ocorre a troca de pedaços entre cromossomas não homólogos (translocação
recíprocas) ou transferência de uma porção de um cromossoma, ou mesmo de um cromossoma inteiro, para
outro não homólogo (translocação simples). Provoca erros na leitura.
 NUMÉRICAS
15
- Provocam alterações no número típico de cromossomas da espécie (cariótipo).
- Podem produzir anomalias graves e até a morte do organismo.

- Euploidias: quando há a alteração de um genoma inteiro

- Monoploidias (n) è quando há apenas um genoma.


- Triploidias (3n) è quando há três genomas.
- Poliploidias (4n, 5n, ...)* è quando há quatro ou mais genomas.

- Aneuploidias (Somias): quando acrescentam ou perdem um ou poucos cromossomas.

- Nulissomia (2n-2) è perda de um par inteiro de cromossomas. No homem é letal.


- Monossomia (2n-1) è um cromossoma a menos no cariótipo.
- Trissomia (2n+1) è um cromossoma a mais no cariótipo.

* Poliploidias podem surgir por dois processos fundamentais:

1) Não-disjunção dos cromossomas durante a meiose ou mitose. Noutros casos não há citocinese.
2) Cruzamento entre indivíduos de espécies diferentes (muito comum entre as plantas). Os híbridos são
estéreis, pois os cromossomas não têm homologia e não podem emparelhar durante a meiose.

 Muitas vezes a poliploidia é provocada em laboratório para que se obtenham, por exemplo, plantas mais
resistentes e com grandes frutos, frutos sem sementes ou caroço, grãos de trigo maiores, etc.

MUTAÇÕES, TECNOLOGIA E VIDA

- Mutagénese: processo que conduz ao aparecimento de mutações


- As células podem reparar os danos causados ao DNA, mas por vezes o equilíbrio entre mutagénese e a
reparação rompem-se.

- Cancro, tumor maligno ou neoplastia maligna: conjunto muito heterogéneo e multifatorial de doenças que têm
em comum o facto de apresentarem sempre o crescimento de um tecido neoformado.

- Necrose: as células morrem devido à ação de substâncias tóxicas ou à falta de nutrientes essenciais.
Aumenta de volume e rompe-se a membrana plasmática, vertendo-se o conteúdo da célula no meio
extracelular, causando uma pequena inflamação.

- Apoptose: ocorre um conjunto de fenómenos programados geneticamente e que levam à morte da célula. A
cromatina da célula apoptótica começa a condensar, a célula separa-se das suas vizinhas e a cromatina
fragmenta-se, por fim a célula fragmenta-se. Este fenómeno ocorre quando as células apresentam anomalia e
já não são mais necessárias ao organismo.

 Num tecido normal a divisão celular é contrabalançada pela apoptose. Quando este equilíbrio se rompe
pode surgir um cancro.

- As Neoplasias têm origem genética pois resultam de alterações a nível do DNA, as quais podem afetar os
mecanismo de apoptose e regulação da proliferação celular.

Proto-oncogenes: genes capazes de estimular a divisão celular e estão normalmente inativos em células que
não se dividem.

Oncogenes: são proto-oncogenes alterados, como resultado de agentes mutagénicos, que passam a estimular
permanentemente a divisão celular.

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Genes supressores tumorais: participam na regulação da proliferação celular, contrabalançando o efeito dos
proto-oncogenes. Estão normalmente ativos, bloqueando a divisão celular.
 Caso sejam alterados por agentes mutagénicos passam a permitir que as células se dividam
indefinidamente.

O cancro pode surgir por duas razões:

1. Alteração dos proto-oncogenes


2. Alteração dos genes supressores tumorais

Existem 2 tipos de cancro:

1. Cancros hereditários: são muito raros. A alteração genética está presente em todas as células do
individuo, manifestando-se muito cedo.
2. Cancros esporádicos: resultam de mutações somáticas.

 As células neoplásicas que surgem no nosso organismo são naturalmente eliminadas por apoptose.
Quando tal não acontece inicia-se um cancro.

Metastização: as células cancerosas deslocam-se através da corrente sanguínea ou linfática para outras
partes do corpo.

FUNDAMENTOS DE ENGENHARIA GENETICA

Endonucleases de restrição: enzimas existentes nas bactérias que cindem o DNA do vírus sempre que
encontram uma determinada sequência de pares de bases ( zonas de restrição). Catalizam o desdobramento
do DNA em fragmentos menores.

Extremidades coesivas: pequenas extensões em cada extremidade dos fragmentos de DNA que possuem
cadeia simples. Podem ligar-se por complementaridade a outro DNA.

Ligases do DNA: enzimas que catalisam o processo que permite que os fragmentos de DNA se voltem a ligar.

Vetor: entidade que possa levar o material genético do genoma de onde foi tirado para o genoma que o vai
receber. Os mais comuns são os plasmídeos das bactérias.

Plasmídeos: pequenas moléculas de DNA em cadeia dupla, cujos genes não são essenciais para a
sobrevivência da bactéria. Podem replicar-se na bactéria independentemente da molécula de DNA principal,
mas em algumas situações pode fundir-se com ela.

Técnica do DNA Recombinante: (p.135 do livro)

1. A enzima de restrição abre a molécula de DNA do plasmídeo num ponto específico.


2. Com a enzima de restrição do mesmo tipo abre-se outra molécula de DNA, que funciona como
dadora, e isola-se o gene que se quer inserir no plasmídeo.
3. O gene a inserir é colocado em contacto com o plasmídeo, juntamente com as ligases do DNA
4. O gene passa a fazer parte do plasmídeo possui agora, para além dos seus genes, o gene estranho
(um DNA recombinante)
5. O plasmídeo recombinante em contacto com bactérias pode introduzir-se nelas (estimulação com
choque térmico). Estas bactérias funcionam como hospedeiras aceitando o plasmídeo.
6. A partir do DNA recombinante, o gene inserido passa a comandar a síntese da proteína desejada.
 Alguns plasmídeos possuem genes que lhes conferem resistência a alguns antibióticos, o que permite
localizar as bactérias que contêm o DNA recombinante. Sujeitam-se as bactérias a um meio com esse
antibiótico e as que resistirem são isoladas, pois possuem o plasmídeo recombinante

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OGM: Organismos Geneticamente Modificados. Não é ainda seguro que os OGM não disseminem os genes
que vão perturbar o equilíbrio das populações naturais.

 Com a técnica do DNA recombinante pode-se obter um grande número de cópias de um determinado gene
e de o colocar a executar uma tarefa desejada (ex: produção de insulina humana)

c DNA (DNA complementar)

Transcriptase reversa: enzima existente em


determinados vírus que catalisam a
formação de DNA a partir de RNA.

- O mRNA funciona como molde para a


síntese de DNA (está em desacordo com o
Dogma Central da Biologia Molecular)

- A replicação do cDNA é catalisada pela


enzima DNA polimerase, que transforma
cDNA com uma cadeia numa molécula com
duas cadeias.

- O cDNA que se obtém provém de uma


molécula madura de mRNA, ou seja,
desprovida de intrões. Por isso, a porção de
DNA que se isola já é funcional.

- Este facto facilita a síntese de insulina ao


nível do procarionte onde é inserido.

Impressões digitais genéticas ou DNA fingerprint  ver “Texto informativo” e livro p.138

 No seio do DNA existem zonas de restrição que se repetem milhares de vezes, cujo número e tamanho é
específico para cada indivíduo.

Processo:

- A partir de uma amostra de material biológico que contenha material genético faz-se a extração do DNA.
- Utilizam-se enzimas de restrição e o DNA é fragmentado em pedaços de diferentes tamanhos
- Colocam-se os fragmentos num gel e, submetendo-os a um campo elétrico ( eletroforese), eles vão deslocar-
se com velocidades diferentes
- Ao fim de um certo tempo localizam-se em zonas diferentes do gel
- Podem localizar-se esses fragmentos e identificar o indivíduo pelo número de fragmentos em que o seu DNA
foi dividido.

Reações de polimerização em cadeia (PCR)  ver “Texto informativo” e livro p.140

Processo:

- Aquece-se o DNA para separar as duas cadeias


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- A temperatura desce e adiciona-se um oligonucleótido, primer, que se vai ligar ao DNA em pontos
específicos, delimitando as zonas a copiar.
- Adiciona-se nucleótidos e a enzima DNA polimerase para repor a dupla hélice a partir de uma das cadeias
simples.
- Repete-se o procedimento até se obterem cópias suficientes do DNA em estudo

Problema: conciliar um processo a elevadas temperaturas com a fragilidade da DNA polimerase.


Solução: recorreu-se à DNA polimerase de bactérias que vivem em meios muito quentes

- Terapia génica somática: substituição de genes que provocam doenças hereditárias num indivíduo adulto.

- Terapia génica germinal: substituição de genes que provocam doenças hereditárias num embrião. Não tem
atualmente justificação e é reprovada pelos comités de bioética. É preferível selecionar embriões isentos de
determinados genes pelas técnicas de reprodução assistida.

 Ler textos sobre OMG’s das fichas informativas

SISTEMA IMUNITÁRIO

Definição: células, tecidos e órgãos implicados na defesa do organismo contra agentes estranhos. Está em
permanente vigilância.

Agentes patogénicos: seres que podem provocar doenças (patologias)

Vírus: seres acelular que possuem um património genético constituído por DNA ou RNA (retro-vírus), mas
nunca os dois simultaneamente. São rodeados por uma camada proteica (cápside), possuindo, por vezes,
algumas enzimas e invólucro externo, o qual é produzido pela células hospedeira onde se multiplicam. São
parasitas intracelulares obrigatórios. São incapazes de se reproduzir e de realizar o metabolismo de modo
autónomo.

Ciclo reprodutor de um vírus (ver imagem pág.155 livro)

Bactérias: células procarióticas com uma molécula de DNA circular no seio do citoplasma, não sendo rodeado
por invólucro nuclear, sendo por isso chamado de nucleoide. Algumas possuem plasmídeos (pequenos anéis
de DNA) que contêm genes acessórios e que se replicam separadamente. Possuem ribossomas e podem
reproduzir-se autonomamente (por divisão binária), obter e mobilizar energia do meio.

Órgãos linfoides primários: locais de formação das células imunitárias (timo e medula óssea vermelha)

Órgãos linfoides secundários: locais de circulação e armazenamento das células imunitárias (baço, gânglios
linfáticos, amígdalas e um tecido linfático disperso e associado a mucosas)

Células efectoras: são primariamente diferentes tipos de leucócitos que têm origem na medula óssea vermelha
(por hematopoiese) e/ou no fígado fetal. Alguns evoluem para células com funções específicas na defesa do
organismo.

Leucócitos: São células circulantes no sangue, na linfa intersticial ou na circulante; Têm a capacidade de se
deformar e penetrar entre as células da parede dos vasos capilares; Apresentam à superfície da membrana
glicoproteínas específicas que funcionam como recetores.

- Podem ser: granulares e polimorfonucleares1 (eosinófilos, neutrófilos e basófilos) ou agranulares e


monomorfonucleares2 (monócitos e linfócitos)

1) Defesa do organismo, fagocitose e resposta inflamatória (libertação de histamina)


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2) Defesa do organismo, papel fundamental na imunidade, fagocitose

 Resposta imunitária depende dos fagócitos (neutrófilos e monócitos  macrófagos) e linfócitos (T e B)

 A fagocitose processa-se por 4 etapas: adesão, ingestão, digestão e exocitose

LINHAS DE DEFESA DO ORGANISMO

Marcadores celulares: glicoproteínas existentes na superfície das células que diferem de organismo para
organismo. Permite que cada indivíduo seja bioquimicamente único. São a expressão de genes que existem
sob diferentes formas alélicas.

Imunidade: diversos processos fisiológicos que permitem ao organismo reconhecer corpos estranhos ou
anormais, neutralizá-los e eliminá-los. Elimina células, do próprio organismo, que já estão lesionadas ou já
envelhecidas; destrói as células anormais ou mutantes  vigilância imunitária
- Inata: linhas de defesa presentes em todos os organismos multicelulares
- Adaptativa: são adquiridas mais tardiamente na evolução das espécies, só aparecendo nos vertebrados

DEFESA NÃO ESPECÍFICA:

- Representa uma ação geral de defesa contra corpos estranhos, independentemente do tipo de corpo, e
exprimem-se sempre do mesmo modo. Faz parte da imunidade inata

1ª Linha de defesa  Barreiras anatómicas (físicas)


- Pele: 1ª barreira mecânica e química. A camada mais externa da epiderme é constituída por células mortas
(córnea protetora). A epiderme possui células especializadas na pigmentação e imunidade cutânea. São
células muito ramificadas, captam corpos estranhos, degradam-nos e apresentam os fragmentos moleculares
aos linfócitos T
- Pelos das narinas: 1ª barreira à entrada de micro-organismo existentes no ar
- Mucosas: segregam muco que dificulta a fixação de micro-organismo e a sua multiplicação nessas mucosas.
Possuem ainda células especializadas na imunidade
- Secreções e enzimas: as glândulas sebáceas, sudoríparas e lacrimais segregam substâncias tóxicas para
muitas bactérias. Muitos micro-organismos ingeridos com os alimentos são destruídos no estômago pelo ácido
clorídrico, pelas enzimas do suco gástrico e pelo muco estomacal.

2ª Linha de defesa
 Resposta inflamatória (esquema 6 das fichas)
- Acontece quando os micro-organismos conseguem ultrapassar as barreiras anatómicas.
- Mastócitos e basófilos produzem histamina e outros mediadores químicos que provocam a dilatação dos
vasos e aumentam a permeabilidade.
- Aumenta a quantidade de fluido intersticial, o que provoca um edema na região
- Quimiotaxia: a acumulação de substâncias químicas inflamatórias ativa o sistema imunitário, atraindo células
efectoras para o local
- Diapedese: os neutrófilos e monócitos deformam-se, atravessam as paredes dos capilares e passam para os
tecidos infetados.
- Os monócitos transformam-se me macrófagos, que fagocitam as células estranham e destroem-nas em
vacúolos digestivos por ação de enzimas hidrolíticas
- A dor no local é devido à distensão dos tecidos e à ação de diversas substâncias químicas sobre as
terminações nervosas que existem na zona.
- O rubor e o calor são causados pelo maior afluxo sanguíneo
- Ocorre a cicatrização por processos mitóticos

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 Resposta sistémica: envolve todo o organismo. Um dos sintomas é a febre. As toxinas produzidas pelos
agentes patogénicos e certos compostos chamados pirogénios, produzidos por alguns leucócitos, podem fazer
disparar a febre.
- A febre muito alta é perigosa mas a febre moderada contribui para a defesa do organismo.

 Interferões – proteínas importantes na limitação da propagação de determinadas infeções virais.

- Atuação: o vírus entra na célula X, induzindo a síntese de interferão. Este abandona a célula, entra na
circulação e liga-se a recetores da superfície da célula Y. Esta é induzida a produzir proteínas antivirais
capazes de destruir o mRNA viral, inibindo a síntese proteica. As proteínas antivirais bloqueiam a multiplicação
de qualquer vírus que entre na célula Y.

- O interferão, só por si, não é antivírico, mas estimula a célula a produzir as suas próprias proteínas antivirais.
- O interferão não é específico para um tipo de vírus

DEFESA ESPECÍFICA:  esquema 7 das fichas

- Os mecanismos de defesa específica vão sendo mobilizados, interatuando com a primeira a segunda linha
de defesa.
- Uma vez ativados, estes processos são extremamente eficazes e dirigidos especificamente contra
determinados elementos estranhos. Faz parte da imunidade adquirida

Antigénios: todos os componentes moleculares estranhos que estimulam uma resposta imunitária específica.
Podem ser moléculas livres ou estruturas moleculares que existem na superfície de micro-organismos
invasores. Geralmente são moléculas de grande peso molecular (proteínas e polissacarídeos). ex: pólen,
tecidos ou órgãos transplantados, parasitas, etc.

 Intervêm fundamentalmente linfócitos T e B, que se originam na medula óssea vermelha a partir de


linfoblastos, migrando depois para o timo (linfócitos T) ou permanecendo na medula óssea (linfócitos B)

 No interior do timo ou na medula óssea, sob a ação de hormonas, os linfócitos adquirem os recetores
específicos de antigénios que lhes permite reconhecer esses antigénios.

- Células imunocompetentes: linfócitos desenvolvidos e com os respetivos recetores. São capazes de resposta
imunitária.

 Os linfócitos passam depois à corrente sanguínea, podendo migrar para um tecido linfoide secundário.

Funções da resposta específica:

1) Reconhecimento: o invasor é reconhecido como um corpo estranho


2) Reação: o sistema imunitário reage, preparando os agentes específicos que vão intervir no processo
3) Ação: os agentes do sistema imunitário neutralizam ou destroem as células ou corpos estranhos

IMUNIDADE HUMORAL

- Seleção clonal: o antigénio estimula uma pequena fração dos linfócitos B que possuem os recetores
específicos
- Proliferação clonal: após a ativação dos linfócitos B, estes experimentam uma rápida divisão, originando
clones com o mesmo tipo de recetores.
- Diferenciação: uma parte das células do clone diferencia-se em plasmócitos (células secretoras de
anticorpos), outras em células de memória que ficam inativas, mas prontas a responder rapidamente caso o
antigénio venha a reaparecer no organismo.
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 A produção de anticorpos é específica. Estes são libertados no sangue ou na linfa (chamada antigamente
de humores), circulando até ao local da infeção.

Determinantes antigénicos (ou epítopos): regiões localizadas na superfície do antigénio que são reconhecidas
pelos anticorpos. Um antigénio pode ter vários epítopos. Por isso, uma molécula antigénica pode estimular a
produção de vários anticorpos.

Estrutura do anticorpo:

- Pertencem a um tipo de proteínas que têm uma estrutura globular, sendo também designadas de
imunoglobulinas (Ig).
- São representados em forma de Y e compostos por 4 cadeias polipeptídicas interligadas e idênticas duas a
duas.
- As duas cadeias mais longas chamam-se cadeias pesadas ou H
- As duas cadeias mais curtas são as cadeias leves ou L
 Nos dois tipos de cadeia existem regiões variáveis de anticorpo para anticorpo, enquanto que outras são
constantes.

 Sítios de ligação: situa-se nas zonas variáveis onde a sequência de aminoácidos é singular e própria para
cada tipo de anticorpo e onde se liga um antigénio específico.

 O elevado grau de especificidade resulta de:


- Estrutura dos sítios de ligação é complementar da estrutura do antigénio
- Nesse local toda a estrutura química favorece o estabelecimento de forças eletrostáticas, de ligações
de hidrogénio ou de outro tipo de ligação entre antigénio e anticorpo.

Complexo antigénio-anticorpo (ou complexo imune): complexo formado pelo antigénio e anticorpo. Esta
ligação é feita entre um anticorpo que contém a sequência particular de aminoácidos na zona variável, que o
permite reconhecer o antigénio.

> Mecanismos de ação dos anticorpos

 Os anticorpos não têm capacidade de destruir diretamente os invasores portadores de antigénios.

- Precipitação: se o antigénio é uma molécula solúvel forma-se um complexo imune insolúvel que precipita.
- Aglutinação: se as moléculas antigénicas fazem parte da parede de uma célula, dá-se a aglutinação de
células, devido à ligação antigénio-anticorpo entre células diferentes (os agentes portadores de antigénios
ficam neutralizados)
- Intensificação direta da fagocitose: após a ligação antigénio-anticorpo, as regiões constantes dos anticorpos
ficam na periferia do complexo imune. Existem recetores nas membranas dos fagócitos capazes de fixarem
essa região constante. Isto aumenta a aderência dos complexos às células fagocitárias  promove
endocitose.
- Neutralização: os anticorpos fixam-se sobre o vírus ou toxinas bacterianas, impedindo-os de penetrar nas
células. Estes complexos podem depois ser destruídos por fagocitose.
 A presença do complexo antigénio-anticorpo intensifica a resposta inflamatória

Imunoglobulinas: este termo refere-se às características estruturais da molécula, enquanto que o termo
anticorpo está associado à sua função imunológica (ligação ao antigénio). As pequenas diferenças nas regiões
constantes permitem dividir as imunoglobulinas em 5 classes:

Imunoglobulinas Características e funções


IgG Mais abundante no soro humano. Pode atravessar a placenta. Existe no colostro e no leite
IgM Existe exclusivamente no soro
22
Lágrimas, saliva, secreção nasal, suor, leite, suco intestinal e muco. No soro em
IgA
concentrações baixas
Mais na superfície dos linfócitos B, como recetor antigénico. No soro em concentrações
IgD
baixas
Liga-se aos basófilos e mastócitos e é responsável por alergias. No soro em concentrações
IgE
baixas
 Anticorpos pertencentes a classes diferentes podem apresentar a mesma especificidade antigénica.

 As propriedades biológicas são conferidas pelas regiões constantes das cadeias pesadas, enquanto que a
função de reconhecimento dos antigénios cabe às regiões variáveis.

> Incompatibilidades sanguíneas – rever “Sistema ABO”

- Uma transfusão feita a um recetor que possui anticorpos que aglutinam as hemácias do dador produz uma
reação transfusional imediata.
- Para evitar isso é preferível realizar-se transfusões isogrupais – o sangue do dador é do mesmo grupo que o
do recetor.

IMUNIDADE MEDIADA POR CELULAS

- Seleção clonal: reconhecimento do antigénio apresentado na superfície de uma célula apresentadora


(normalmente um macrófago), ligado a marcadores individuais. O linfócito T com os recetores específicos para
o antigénio é ativado
- Proliferação clonal: após a ativação dos linfócitos T, estes experimentam uma divisão menos acentuada do
que nos linfócitos B, originando clones com o mesmo tipo de recetores.
- Diferenciação: o estado de ativação leva os linfócitos a produzirem e libertarem mediadores químicos e a
diferencia-se em efectoras - Th (helpers), Tc (citolíticos) Ts (supressores) e células de memória – Tm

- Th – produz mensageiros químicos e intervém na regulação do processo humoral


- Tc – produz mensageiros químicos e destroem as células infetadas pelos antigénios
- Ts – regulam o processo humoral e o mediado por células

 Os linfócitos T nunca produzem anticorpos, mas controlam a capacidade das células B nessa produção

COOPERAÇÃO ENTRE CÉLULAS IMUNITÁRIAS – esquema 7 das fichas informativas

 Os linfócitos B e T influenciam-se mutuamente:


- Os anticorpos produzidos pelas células B podem facilitar ou diminuir a capacidade das células T
atacarem e destruírem as células invasoras
- As células T podem intensificar ou suprimir a produção de anticorpos pelas células B

Vigilância imunitária

 Uma das principais funções da imunidade mediada por células é a de reconhecer e destruir células
cancerosas.
 Estas células podem surgir por mutações génicas, as quais promovem o aparecimento de novos antigénio
superficiais
 A destruição das células cancerosas é feita por linfócitos T que, depois de ativados pelos antigénios,
libertam substâncias químicas que podem provocar a morte da célula por apoptose.
 O cancro só se origina se a vigilância imunitária falhar e não reconhecer ou destruir células cancerosas,
que depois se multiplicam.

23
Rejeição

 A rejeição de excertos de tecidos e órgãos também é responsabilidade do sistema imunitário.

- Há rejeição de excertos quando o dador e o recetor pertencem a estirpes diferentes, em que se verificam
diferenças genéticas mais ou menos acentuadas.
- Quando se reincide o excerto a resposta imunitária é muito mais intensa e rápida, devido à informação retida
pelos linfócitos Tm (memória).
- Para minimizar as rejeições procuram-se tecidos ou órgãos que sejam compatíveis com as características
bioquímicas do recetor. Este é ainda submetido a um tratamento com drogas que suprimem a resposta
imunitária, mas que devido à sua baixa seletividade podem comprometer a capacidade do sistema imunitário
em relação a outras infeções.

Memória imunitária e vacinação – ver fichas informativas + pág.187

 Quando um antigénio é injetado aparece uma resposta imunitária primária, traduzida pelo aumento de
linfócitos B produtores de anticorpos, que atingem o máximo, começando depois a reduzir progressivamente.
 Se ocorrer um novo contacto com esse antigénio, surge uma resposta imunitária secundária mais rápida,
mais intensa e mais longa; o que traduz a memória imunitária.
 Esta memória é específica, pois caso fosse injetado outro tipo de antigénio iria desencadear uma nova
resposta primária, cujos anticorpos produzidos seriam específicos para esse novo antigénio.

- Portanto, o primeiro encontro com o antigénio provoca a formação de células efectoras e células de memória.
As efectoras sobrevivem, geralmente, alguns dias, mas as de memória ficam armazenadas no baço e nos
gânglios linfáticos, vivendo durante muito tempo, por vezes durante toda a vida.

A vacina desencadeia uma resposta imunitária primária e provoca a produção de células de memória

Vacina clássica: solução, preparada em laboratório, de agentes patogénicos mortos ou inativos de modo que
não se reproduzam. Muitas vezes utilizam-se antigénios do agente infecioso ou apenas os determinantes
antigénicos.

 Atualmente trabalha-se para se produzir vacinas comestíveis, incorporadas em órgãos vegetais


manipulados geneticamente, o que poderá tornar as vacinas mais baratas e mais seguras.

Vacina genética: as mais estudadas são constituídas por plasmídeos de origem bacteriana, sem risco de
infeção. São inseridos nesses plasmídeos genes que codificam uma ou árias proteínas antigénicas,
normalmente sintetizadas por um agente patogénico.  Ver fichas informativas Doc.4 e Doc.5

ALERGIAS

 Correspondem a estados de hipersensibilidade imunitária traduzidos por reações aberrantes em relação a


antigénios específicos e podem conduzir a lesões de tecidos e órgãos.
 Alergénios: substâncias que desencadeiam as alergias. Exº: ácaros, pólen, pó, esporos, produtos químicos
e alimentares. Podem ser inofensivas mas para algumas pessoas se comportam como antigénios.

Tipos de hipersensibilidade:

É a mais Fase de sensibilização: Resulta da síntese de grandes quantidades de


frequente e imunoglobulina E (IgE) que se liga aos mastócitos.
Tipo I
manifesta-se Resposta secundária: Num 2º contacto com o alergénio, este vai ligar-se
Imediata
imediatamente ao IgE dos mastócitos. O complexo antigénio-anticorpo ativa os mastócitos
após o contacto e basófilos, os quais libertam histamina que desencadeia uma resposta
24
inflamatória intensa – vasodilatação (diminui tensão arterial), edema,
com o alergénio. afluxo de células fagocitárias e secreção de grandes quantidades de muco
que causa a contração dos bronquíolos.

Resposta imunitária mediada por células.


Tipo II Leva mais de 12h
Alergias de contacto: Sobreactivação de certas células do sistema
Tardia para se
imunitário devido à repetida aplicação de uma substância sobre a pele. Ex.
desenvolver
eczema de contacto
 Património genético constitui um importante fator de risco na génese de certas alergias.

AUTOIMUNIDADE

 Surgem quando o sistema imunitário se torna hipersensível a antigénios dos seus próprios tecidos. São
assim produzidos autoanticorpos e células T sensibilizadas contra alguns autoantigénios.

Mecanismos de desencadeamento:

- O timo pode deixar passar linfócitos com moderada ou mesmo elevada afinidade para os antigénios do
próprio individuo (quebra da autotolerância)
- Deleção incompleta de clones autorreativos
- Ativação policlonal   
- Outras anomalias imunológicas
- Heranças genéticas
- Infeções microbianas

ALGUMAS DOENÇAS AUTOIMUNES

Diabetes insulinodependente (Tipo 1):


- Situação normal: A concentração de glicose (glicemia) sofre uma variação que é acompanhada de um
retorno rápido ao valor normal, devido à presença de duas hormonas produzidas no pâncreas, uma das quais
é a insulina – segregada por células endócrinas chamadas ilhotas de Langerhans. A insulina permite que a
glicose passe do sangue para as células.

- Situação anormal: Uma hiperglicémia crónica que caracteriza a diabetes. Encontram-se no soro dos
diabéticos anticorpos contra células das ilhotas de Langerhans. Os linfócitos T destroem as células produtoras
de insulina, através de mediadores químicos.

 As injeções de insulina servem para controlar a diabetes crónica mas não ataca a doença, a qual pode
levar ao mal funcionamento do sistema cardiovascular, sistema nervoso, gangrena das extremidades,
insuficiência renal e cegueira. Pode haver uma pré-disposição genética para a diabetes.

Artrite reumatoide:
- Caracterizada pela destruição (proteólise) das cartilagens pelo sistema imunitário, o que leva ao
enfraquecimento dos ligamentos e à deformação das articulações

Esclerose múltipla:
- Doença neurológica que se declara entre os 20 e 40 anos. A mielina dos axónios e células nervosas é
destruída por linfócitos T ou por mediadores químicos, ocorrendo lesões na substância branca dos centros
nervosos.
- Certos linfócitos T reativos confundem determinado antigénio com os autoantigénios do indivíduo e atacam a
mielina. Os macrófagos fagocitam os detritos e apresenta-os ao sistema imunitário. Os linfócitos B também
produzem os anticorpos contra os constituintes da mielina.
25
- Em 80% dos casos os sintomas são: perturbações sensitivas, formigueiros, falta de acuidade visual,
desequilíbrio, dificuldades motoras dos membros inferiores, etc.
- Alternam-se períodos de crise com períodos de remissão. As crises podem durar vários dias ou semanas
deixando ou não sequelas – “cicatrizes” formadas por tecidos de sustentação, zonas sem mielina e axónios.
- A longo prazo estas lesões levam a uma atrofia do sistema nervoso central.

IMUNODEFICIENCIAS

 Congénita:

Exº Indivíduos que não possuem linfócitos T e B, são extremamente sensíveis a infeções, tendo que viver
isolados, em ambientes completamente esterilizados. Apresentam uma morte precoce. A deficiência é devido
a um funcionamento anormal da medula óssea. Um excerto de medula óssea compatível pode ser um
tratamento eficaz

 Adquirida:

Causas Básicas:
- Falha na transferência de passiva de anticorpos do colostro
- Insuficiência de colostro
- Falha na absorção dos anticorpos
- Stress
- Administração de Corticoides
- Desnutrição
- Drogas citotóxicas / irradiação
- Linfomas e outras condições neoplásicas
- Infeções Bacterianas Crónicas (Exaustão Imunológica)
- Infeções Virais: Viroses linfotrópicas (ex. SIDA); Viroses indutoras de Exaustão Imunológica; Viroses indutoras
de neoplasia linfoide.

 O HIV é um retrovírus responsável por infetar os linfócitos T4, levando ao enfraquecimento do sistema
imunitário
 Uma pessoa infetada com o HIV reage à sua presença através da produção de anticorpos anti-HIV pelos
linfócitos B, pelo que a pessoa é denominada de seropositiva e pode transmitir o vírus, mesmo que não tenha
sintomas clínicos – ver fichas informativas + pág.197

IMPORTÂNCIA BIOMÉDICA DOS ANTICORPOS – ver Ficha de Trabalho

- A seleção clonal dos linfócitos B promove a produção de vários de linfócitos B diferentes e específicos para
cada determinante antigénico do antigénio em questão.
- Há, por isso, uma produção diversificada de anticorpos – anticorpos policlonais – que ficam no soro.
- Se após a estimulação antigénica isolarmos um clone de células B, derivadas de um único linfócito B,
teríamos clones produtores de um único tipo de anticorpo – anticorpos monoclonais  pois provêm de um só
tipo de clone

 Os linfócitos B não sobrevivem mais do que uma semana em cultura, pelo que é difícil a produção de
anticorpos monoclonais. Por isso, recorre-se aos mielomas (linfócitos B malignos diferenciados em
plasmócitos que formam tumores), que multiplicam-se rapidamente em cultura e algumas perdem a
capacidade de produzir anticorpos.
 Procede-se à fusão de um mieloma com um linfócito B ativado, formando assim um hibridoma, o qual
segregam anticorpos monoclonais com a mesma especificidade conferida pelo LB e são culturas celulares
permanentes, propriedade conferida pelo mieloma. Isto permite a produção de anticorpos em massa

Aplicações dos anticorpos monoclonais:


26
- Verificar compatibilidade de tecidos e órgãos para excertos e transplantes;
- Detetar minúsculos conjuntos de moléculas nos tecidos e fluidos
- Tratamento e controlo de certas doenças – soro antitetânico, antídotos contra venenos, etc.
- Quando marcados (por fluorescência, radioisótopos, enzimas, …) permitem discriminar os antigénios ligados
ao anticorpo marcado dos antigénios nãos ligados – testes de gravidez, terapia tumoral, etc.

 Imunidade passiva: o organismo não é induzido a produzir anticorpos, pois estes são-lhe fornecidos (pelo
soro)

 Imunidade ativa: o organismo é estimulado a produzir anticorpos (pelas vacinas)

ANTIBIÓTICOS  São utilizados em baixas concentrações para inibir a multiplicação ou matar certos
organismos patogénicos.

Experiência de Fleming – ver pág. 202 livro


- Fleming fez uma cultura de bactérias Staphylococcus que foi contaminada com fungos do ar.
- Verificou que à volta do fungo as colónias de Staphylococcus eram raras.
- Então fez uma cultura do fungo Penicillium notatum e contaminou-a com bactérias patogénicas diferentes e
em bandas isoladas, mas que convergiam para o local onde estava o fungo.
- Muitas bandas começaram a desaparecer a partir do local onde estava o fungo.
- Fleming fez ainda culturas do fungo em meio líquido, filtrou-as e verificou que o filtrado impedia o
desenvolvimento das mesmas bactérias
- Concluiu que os fungos produzam uma substância, a que deu o nome de penicilina, que impedia o
desenvolvimento de certas bactérias.

 A penicilina foi depois isolada e purificada por Florey e Chain, que procuraram fabricá-la em grande escala.
Assim, a penicilina foi largamente utilizada pelos exércitos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial.

 Atualmente os antibióticos são produzidos por processos de fermentação em aparelhos designados


biorreactores ou fermentadores, em condições perfeitamente controladas, desde a esterilização, à
temperatura, o pH, etc.

Biotecnologia: ciência que utiliza organismos vivos para a produção ou transformação de substâncias úteis ao
Homem

Bioconversão (biotransformação): Baseia-se na capacidade dos micro-organismos realizarem certas reações


químicas que ultrapassam a capacidade de síntese química e que são economicamente favoráveis. Este
processo tecnológico inclui 3 fases: preparação do material, Bioconversão e recuperação do produto
Preparação do material Bioconversão Recuperação do produto
Cultura de células + engenharia genética Separação e rutura das células +
Fracionamento +
+ fermentação + catálise enzimática + concentração do produto + isolamento +
esterilização
controlo dos fermentadores purificação

Esteroides – biomoléculas com diferentes funções. Ex.hormonas sexuais (estrogénios e progesterona). Podem
ser sintetizadas por bioconversão, que permite a produção em boas condições comerciais dada a sua larga
utilização no controlo da natalidade.

Vitaminas – vitamina B12 e riboflavina são produzidas industrialmente por fermentação direta, utilizando
culturas de certas bactérias para a 1ª ou fungos para a 2ª. Para estimular uma produção com maior
rendimento é possível:
- Provocar mutações e selecionar mutantes mais produtivos

27
- Fornecer nutrientes necessários para os micro-organismos
- Evitar contaminação

Micro-organismos na produção de proteínas humanas :

- Através da engenharia genética é possível incorporar numa bactéria uma sequência de DNA humano que
codifica determinada proteína (ex. insulina)

 Interferões: os interferões produzidos por organismo manipulados são utilizados no tratamento de cancros.
- Uma enzima corta o DNA de um linfócito humano nas zonas de restrição. O mesmo acontece com o
plasmídeo da bactéria. As ligases unem o plasmídeo aberto e o gene humano isolado. O plasmídeo
recombinante é introduzido na bactéria que produz o interferão.

 Hormona de crescimento: uma lesão ou deficiência no lobo anterior da hipófise em criança pode provocar
atrasos no crescimento ou mesmo nanismo. Por isso recorre-se à biotecnologia microbiana:
- A partir do mRNA que codifica a hormona, existente na hipófise, faz-se uma transcrição reversa produzindo
cDNA. Este é integrado no DNA da bactéria Escherichia coli juntamente com uma sequência de DNA
regulador. A bactéria em cultura produz a hormona em grandes quantidades sem qualquer contaminante de
natureza humana.

Algumas Vantagens da biotecnologia:


- Permite produzir vacinas em organismo não patogénicos
- Permite detetar anomalias a partir do cariótipo do feto, obtido a partir de uma biopsia das vilosidades
coriónicas
- As substâncias produzidas não são contaminadas, são mais facilmente purificadas, são mais específicas e
podem ser produzidas em grande escala

Desvantagens da biotecnologia:
- Existem riscos que levantam problemas de ordem ética

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE

- Revolução verde (1960-1970): plano alimentar baseado nas inovações tecnológicas que visava satisfazer as
necessidades alimentares dos países menos desenvolvidos, permitindo a sua autossuficiência.

PRÓS:
- Permitiu a produtividade em certos setores agrícolas (produção de arroz e milho)
- Permitiu reduzir a fome nos países onde foi aplicada

CONTRAS:
- Foi responsável por:
- Degradação dos solos,
- Baixa nos níveis dos lençóis freáticos,
- Aumento da poluição (uso de fertilizantes e pesticidas químicos)
- Perda de biodiversidade ao substituir as variedades selvagens por sementes selecionadas.

- Desenvolvimento sustentável: que satisfaz as necessidades das gerações presentes, sem comprometer a
capacidade das gerações seguintes satisfazerem as suas necessidades

MICROBIOLOGIA E INDÚSTRIA ALIMENTAR

- A milhões de anos atrás, os micro-organismos proporcionaram a produção de alimentos ao Homem (pão,


vinho, cerveja, manteiga, queijo, etc) sem que este soubesse da sua existência
28
- Louis Pasteur foi o 1º cientista a pôr em evidência a atividade de micro-organismos na alteração dos
alimentos. Demonstrou que a produção do vinho é feita por fermentação produzida por leveduras; o azedar da
cerveja e do vinho era causado por bactérias; o azedar do leite podia ser evitado pelo aquecimento, para
destruir as bactérias.

Micro-organismos:

- Podem existir sob forma subcelular (vírus) ou celular


- Apresentam pequenas dimensões
- Podem produzir estruturas pluricelulares observáveis a olho nu
- Apresentam baixo grau de diferenciação
- Grande diversidade metabólica e nutricional Justificam a sua grande utilidade na
- Grande capacidade de se reproduzirem produção de substâncias úteis ao Homem
rapidamente

METABOLISMO AERÓBIO E ANAERÓBIO

POSSÍVEIS SUBSTRACTOS:
- Lípidos
- Hidratos de carbono
- Proteínas

REACCÇÕES ENZIMÁTICAS QUE


OCORREM NO HIALOPLASMA:

- Glicólise: ocorre a degradação da


glicose em piruvato

- Redução do piruvato: conduz à


formação dos produtos de fermentação

FERMENTAÇÃO: Obtenção de
energia, na ausência de oxigénio, a
partir da degradação de compostos
orgânicos, através de séries de
reações de catalisadas por enzimas.

FERMENTAÇÃO ALCCÓLICA

- Após a glicólise ocorre a descarboxilação do piruvato, originando-se um


composto com 2 átomos de carbono (aldeído acético), que origina etanol por
redução:

- As leveduras convertem os hidratos de carbono do mosto da uva ou da


cerveja em etanol e CO2, o qual pode originar as bolhas de algumas bebidas
fermentadas.

29
- O vinho deixado em contacto com o ar pode produzir vinagre, pois bactérias aeróbias do género Acetobacter
desenvolvem-se sobre a superfície, oxidando o etanol, que se transforma em ácido acético.

- Na panificação as leveduras
produzem uma série enzimas que lhes permite decompor o amido da farinha em compostos mais simples, os
quais, por fermentação, produzem álcool e CO 2.
- O etanol evapora-se e o CO2 fica retido, formando bolhas que faz aumentar o volume da massa. A cozedura
mata as leveduras e faz expandir o CO 2, formando-se espaços do interior do pão.

FERMENTAÇÃO LÁCTICA

- Intervêm lactobactérias do género Lactobacillus e Streptoccocus que


desencadeiam reações de fermentação no leite, utilizando diversos açúcares
como substrato
- O leite é pasteurizado para eliminar micro-organismos endógenos, sendo-lhe
depois acrescentadas culturas de arranque, para iniciar o processo.

- No caso dos queijos, se a cultura de arranque for de estirpe pura, o seu sabor
será suave. Caso a estirpe for mista, terão um sabor mais acentuado.
- Alguns queijos experimentam um tratamento onde se favorece o crescimento de
fungos

- Após a glicólise, o piruvato experimenta redução, combinando-se com o


hidrogénio transportado pelo NADH, originando-se ácido láctico, que altera o pH
do meio, provocando a coagulação do leite.

AÇÃO DAS ENZIMAS

 Para que se inicie uma reação química é necessário haver colisões entre os átomos das moléculas
envolvidas.
 Quanto maior for o número de colisões (maior agitação corpuscular), mais facilitada será a reação química
entre os reagentes.

Energia de ativação: energia mínima necessária para que se inicie uma reação química

Características/ Propriedades das enzimas:


- São catalizadores químicos e biológicos
- Fazer baixar a energia de ativação das reações
- Não alteram o equilíbrio químico das reações
- Não são destruídas ao participarem na reação

30
- São específicas
- São destruídas a temperaturas elevadas
- São inibidas a temperaturas muito baixas
- Atuam em reações de anabolismo e catabolismo

 Cadeia enzimática: sequencia de enzimas que funcionam em cooperação num conjunto de reações

 Via metabólica: conjunto ordenado de reações que ocorrem com intervenção de uma cadeia enzimática

- Numa via metabólica, os produtos intermédios servem de substrato à reação seguinte, até à formação do
produto final.
- O não funcionamento de uma enzima na cadeia enzimática conduz à acumulação de um dos produtos
intermediários, não se formando os produtos seguintes

- Enzima exocelular: atua fora da célula em que é produzida.

- Enzima endocelular: atua dentro da célula em que é produzida.

- Especificidade absoluta: a enzima atua sobre uma única substância (substrato)

- Especificidade relativa: a enzima atua sobre um grupo de substâncias com algumas afinidades entre elas

Estrutura das enzimas:

- São proteínas constituídas por uma ou mais cadeias polipeptídicas.


- Em regra, têm maiores dimensões do que o substrato
- No mínimo, a sua estrutura tem que ser ternária
- A configuração espacial de uma enzima determina a existência de uma pequena região – centro ativo – que é
complementar da configuração espacial do substrato (no todo ou em parte)
- É ao nível do centro ativo que se faz a ligação que forma o complexo enzima-substrato
- A longa cadeia polipeptídica dobrada permite a adaptação da molécula através de alterações
conformacionais

- Componente proteica  Apoenzima


- Substância não proteica  Cofactor

Apoenzima + Cofactor  HOLOENZIMA

Reações de síntese (anabolismo): enzima + 2 substratos = 1 produto


Reações de análise (catabolismo): enzima + 1 substrato = 2 produtos
 As ligações enzima-substrato são transitórias. Depois de atuar a enzima fica livre, podendo depois ligar-se
a novas moléculas de substrato, até que todo este seja transformado em produto.

Os cofactores podem ser:


- Iões metálicos que ligados à apoenzima permitem uma melhor ligação da enzima ao substrato
- Coenzimas (Q10, A, derivados vitamínicos, etc): compostos orgânicos que se ligam temporariamente durante
a catálise.

Características comuns dos centros ativos:


- Ocupam uma pequena parte do volume total da enzima
- Correspondem a uma fenda ou cavidade na estrutura da enzima
- A especificidade da ligação ao substrato depende do arranjo dos átomos no centro ativo
- O nº de centros ativos de uma enzima é variável (quando intervêm cofactores há centros ativos adicionais)

Variação dos intervenientes numa reação enzimática:


31
 Inicialmente há uma grande concentração de substrato em relação à enzima livre
- O substrato liga-se à enzima formando complexos enzima-substracto (ES)
Enquanto a concentração de enzima livre e de substrato diminui, a concentração do complexo ES aumenta.
 À medida que a enzima cataliza a reação, a concentração de produto vai aumentando
 Há uma estabilização das concentrações de enzima livre de do complexo ES, o que significa que a
velocidade de formação de ES é igual à velocidade da separação da enzima e do produto.
 A partir do momento que a concentração do substrato atinge valores baixos, a concentração da enzima
livre aumenta ligeiramente.

MODELOS DE LIGAÇÃO ENZIMA–SUBSTRATO:

 MODELO “CHAVE-FECHADURA” DE FISHER

- Baseado na especificidade da ação enzimática

- O centro ativo tem estrutura permanente onde apenas se


pode ajustar um tipo de substrato

- Mais tarde, este modelo foi considerado muito rígido e


estático

 MODELO DO “ENCAIXE INDUZIDO” DE KOSHLAND

- Existe uma interação dinâmica entre enzima e substrato

- O substrato, ao ligar-se à enzima, induz uma mudança na


estrutura da molécula enzimática, de modo a que os
aminoácidos do centro ativo se adaptem, formando um centro
ativo complementar do substrato

- Este modelo permite explicar a atividade de certas enzimas que atuam sobre substâncias ligeiramente
diferentes.

32
INIBIÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA

Inibidor enzimático: substância que, quando interatua com uma enzima, provoca uma diminuição da sua
atividade catalítica.

- Inibição irreversível: o inibidor combina-se permanentemente com a enzima, inativando-a ou mesmo


destruindo-a. (Gás cianídrico, pesticidas, etc.)

- Inibição reversível: o inibidor dissocia-se rapidamente da enzima e a enzima permanece funcional.


(Antibióticos, etc.)

- Inibição competitiva: (ex: sulfamidas) uma molécula estruturalmente semelhante ao substrato (inibidor),
resistente à ação enzimática, liga-se ao centro ativo da enzima, impedindo a ligação do substrato. Ao
aumentarmos a concentração do substrato em relação à do inibidor, a probabilidade da ligação enzima-
substrato vai aumentar. Esta inibição tem maior tendência a ser irreversível do que a inibição alostérica.

- Inibição alostérica (não competitiva): algumas enzimas contêm, para além do centro ativo, um centro
alostérico (centro regulador) onde podem ligar-se inibidores que não têm estrutura semelhante à do substrato.
Apesar do substrato e do inibidor poderem ligar-se à enzima, a ligação do inibidor provoca uma alteração
estrutural na enzima que afeta o seu centro ativo e, por isso, a enzima fica não funcional. Não há competição
pela ocupação do centro ativo, pelo que a inibição depende apenas da concentração do inibidor.

 Muitos inibidores são substâncias celulares que regulam a atividade enzimática, combinando-se
reversivelmente com enzimas. Por isso, o produto de uma atividade enzimática pode controlar a atividade de
outra enzima.

 Quando o produto final está em excesso, as moléculas desse produto vão inibir a 1º enzima, provocando a
paragem da sequência metabólica; que será retomada logo que deixe de haver excesso de produto final. Este
controlo representa uma economia celular!

FATORES QUE INFLUENCIAM A ATIVIDADE ENZIMÁTICA

1. Temperatura: Baixas temperaturas provocam, normalmente, a inativação das enzimas, devido à


compactação das moléculas. A partir de uma temperatura mínima a velocidade da reação aumenta com a
temperatura, uma vez que a energia de ativação também aumenta até um valor ótimo. O aumento da
temperatura acima da temperatura de desnaturação afeta a estrutura da enzima e a estabilidade do
complexo ES  desnaturação da enzima. A partir da temperatura ótima verifica-se então um declínio da
velocidade da reação, até esta se anular.

2. pH: pode alterar a estrutura do centro ativo, desnaturando a enzima. Há enzimas que têm a sua atividade
ótima em meio ácido, outras em meio neutro e outras em meio básico.

3. Concentração do substrato: a velocidade da reação é proporcional à concentração do substrato até a um


valor máximo, a partir do qual estabiliza. A velocidade máxima é atingida quando todas as moléculas da
enzima estiverem ocupadas em catálise. Desse modo, os centros ativos das enzimas atingem a saturação,
não há enzimas livres.

4. Concentração da enzima: quando a concentração do substrato é elevada, a velocidade da reação é


diretamente proporcional à concentração da enzima.

5. Inibidores:
a.Inibição competitiva: um aumento da concentração do substrato (até um certo ponto), faz aumentar a
velocidade da reação (há mais possibilidades da enzima encontrar as moléculas de substrato)

33
b.Inibição alostérica: ação dos inibidores é independente da concentração do substrato. Haverão tantas
moléculas inibidas quantas moléculas de inibidor existirem. A inibição poderá ser ultrapassada fazendo
aumentar a concentração da enzima.

CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA DAS ENZIMAS

- Designação estabelecida por Duclaux (1883): a partir do nome do substrato sobre o qual atuam, acrescenta-
se o sufixo –ase  o problema é que não especifica o tipo de transformação que ocorre durante a catálise

- Comissão para as Enzimas da União Internacional de Bioquímica (1961): as enzimas dividem-se em 6


classes:

CONSERVAÇÃO, MELHORAMENTO E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

A produção de alimentos saborosos, disponíveis e seguros por parte das indústrias alimentares inclui:
- Processamento de matérias-primas para produzir alimentos estáveis;
- A utilização de micro-organismos ou produtos da sua atividade;
- A distribuição de alimentos até ao consumidor final com garantias de qualidade.

Alimentos seguros: não prejudicam a saúde do consumidor quando preparados e ingeridos de acordo com as
condições corretas de utilização.

 O consumo de alimentos frescos nem sempre é possível, havendo necessidade de serem conservados.
Por outro lado, os produtos podem ser transportados a grandes distâncias e passar por um longo período de
armazenamento antes de serem consumidos, ficando assim sujeitos a diversos micro-organismos.

PROCESSOS DE CONSERVAÇÃO

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Aditivos alimentares: substâncias adicionadas pelos fabricantes aos alimentos com o objetivo de prolongar a
sua conservação e de os tornar mais atraentes, mantendo o seu aspeto e consistência. Existem mais de 300
aditivos autorizados pela UE.

- Os aditivos devem responder a uma necessidade tecnológica e apresentar vantagens para o consumidor,
desde que inofensivos para a saúde.

- Alguns são úteis, como os que contribuem para evitar o aparecimento de micro-organismos; mas alguns
ocultam a falta de certos ingredientes ou a utilização de outros sem qualidade.

- A alteração dos alimentos causada pelos micro-organismos é um processo normal na natureza

A quantidade e qualidade dos micro-organismos presentes num alimento processado dependem:

- Da qualidade microbiológica do produto quando fresco;


- Dos procedimentos seguidos durante o seu processamento;
- Das condições de higiene no manuseamento dos alimentos;
- Das condições de armazenamento.

- Os principais agentes de alteração alimentar são as bactérias, seguindo-se os bolores e as leveduras

- Alguns dos micro-organismos são proteolíticos, degradando as proteínas, com libertação de aminoácidos,
aminas, amoníaco e ácido sulfúrico.
- As gorduras também se alteram, decompondo-se em ácidos gordos e glicerol
- Os hidratos de carbono podem fermentar com produção de ácidos, álcoois e substâncias gasosas

- Todos os alimentos têm tendência a deteriorar-se devido às enzimas intrínsecas

Ervas aromáticas, cebola, alho, ovos e leite são alimentos que apresentam substâncias antimicrobianas.

Como minimizar a alteração dos alimentos por micro-organismos (em casa):

- Os alimentos crus e os alimentos cozinhados não devem ser guardados em conjunto


- Os alimentos que foram congelados não devem ser recongelados
- Os alimentos não devem ficar expostos ao ar na superfície de trabalho

- As técnicas de conservação nem sempre impedem a deterioração microbiana dos alimentos

 O controlo de qualidade dos alimentos faz parte da indústria alimentar, incidindo sobre todas as etapas do
processamento de alimentos.

Os métodos de controlo devem ser simples e rápidos e estar em contínua atualização, porque:

- Novos agentes biológicos se tornam patogénicos;


- Novos compostos químicos intervêm na intoxicação alimentar;
- Novas tecnologias industriais são desenvolvidas, exigindo novas necessidades de controlo.

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Conservação de alimentos

MELHORAMENTO E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

 Utilidade dos micro-organismos deve-se: à sua diversidade metabólica e nutricional associada à


capacidade de se reproduzirem rapidamente, produzindo compostos de grande utilidade.

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No processo industrial todos os fatores devem ser rigorosamente controlados (pH, temperatura, humidade,
esterilização, etc)

Fases de um processo industrial que utiliza micro-organismos:

Seleção de micro- Matérias-primas e


organismos pré-tratamento

Melhoramento Preparação do
da estirpe meio de cultura

Fermentador
Controlo das
condições
Calor e gases

Recuperação e
formulação do produto

Durante o processo é necessário:

- Assegurar as condições de assépticas para que as culturas não sejam contaminadas com outros micro-
organismos
- Identificar claramente a atividade das estirpes bacterianas e o produto pretendido (raramente se utilizam
estirpes selvagens pois a quantidade de metabolitos é muito baixa)
- Escolher estirpes melhoradas para aumentar o rendimento (otimização do produto)
- Que o meio de cultura e os micro-organismos estão devidamente misturados
- Assegurar as condições ideais de temperatura, pH, humidade, arejamento e dispersão de calor.

 Melhoramento não recombinante de estirpes é um método tradicional de mutagénese que produz


resultados rápidos e vantajosos. Foi ultrapassado pela Técnica do DNA recombinante que tem tido um grande
impacto na microbiologia industrial.

 O desempenho dos micro-organismos é influenciado pelas condições em que se expressa a informação


genética.
 Muitas vezes, em situações de carência de nutrientes específicos os micro-organismos otimizam a
produção de metabolitos.

Um processo bem sucedido depende do equilíbrio entre a redução de contaminação e otimização do produto,
assegurando a estabilidade genética dos micro-organismos e a qualidade do produto

Rendimento: grau de bioconversão do substrato


Produtividade: rapidez com que o processo se desenvolve.

Vitaminas: essenciais para nutrição animal. Algumas são produzidas por fermentação direta utilizando micro-
organismos (B12 e riboflavina).
Síntese de B12: bioquímica, complexa e economicamente viável.
Síntese de riboflavina: química e bioquímica competitivas.

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Aminoácidos e nucleótidos: aplicados na industria alimentar. Ácido glutâmico e lisina são os produzidos em
maior quantidade.
Ácido glutâmico: realça o sabor dos alimentos.
Lisina: suplemento na alimentação humana; aditivo de rações alimentares.
- Alguns nucleótidos também servem para realçar o sabor dos alimentos.

Ácidos orgânicos: podem ser produzidos por fermentação microbiana (ácido acético, láctico, cítrico) embora a
síntese química seja economicamente competitiva.
Ácido cítrico: o único produzido exclusivamente por micro-organismos, tendo grande aplicação como aditivo
em doces e refrigerantes.

Enzimas: aplicadas na indústria alimentar. Proteases bacterianas são produzidas em maior quantidade.
As amilases promovem conversão do amido em açúcares, a partir dos quais pode formar-se outro açúcar, a
frutose, que tem elevado poder adoçante. Este processo é catalisado só por enzimas microbianas e tem sido
importante devido ao aumento do preço do açúcar em relação ao preço do amido.

Processos de imobilização de enzimas:

As enzimas imobilizadas têm sido utilizadas em:


- Produção de antibióticos
- Redução dos níveis de lactose no leite
- Conversão da glicose em frutose
- Produção de biossensores
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Biossensores: dispositivos analíticos pouco complexos que incorporam um agente biológico como parte
fundamental, permitindo o reconhecimento e a quantificação de um dado composto a analisar.
- Permitem detetar álcool no sangue, glicose em fluidos orgânicos, drogas na urina, etc.
- Possuem elevada sensibilidade e especificidade, detetando o substrato em concentrações muito baixas.
- Podem ter um vasto campo de aplicações no controlo da poluição e gestão do ambiente.

Enzimas, micro-organismo e suas aplicações:

TRANSFORMAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS DOS ALIMENTOS

1) Transformação por Catálise Microbiana: intervêm micro-organismos

2) Transformação por Catálise Enzimática: intervêm enzimas produzidas por micro-organismos (temperatura e
pH neutros)

3) Transformação Genética: há alteração no património genético

ALIMENTOS OBTIDOS POR:

1) Catálise microbiana: couve fermentada, piclkes, iogurte, queijo, requeijão, chouriço, salsicha, vinho,
vermute, cerveja, whisky, pão, rum, molho de soja fermentado.

39
 Em geral, a fermentação implica um ganho no valor nutritivo dos alimentos

Os micro-organismos possuem:
- Uma função anabólica  síntese de substâncias essenciais à nutrição do homem
- Uma função catabólica degradação de compostos complexos em simples.
- Capacidade para degradar as paredes celulares celulósicas (não digeríveis pelo ser humano), tornando a
estrutura do alimento mais permeável à saída dos compostos nutritivos que estão no interior.

2) Catálise enzimática: somente em 1926 Summer isolou e purificou a primeira enzima (urease) a partir de
feijocas. Hoje conhecem-se 1500 enzimas.
 Hidrólise em carnes (para ficar mais tenra), hidrólise da lactose no soro do leite (tornar o soro doce),
sumos de frutas, vinho, pão, etc

3) Manipulação genética: possibilita a modificação dos processos alimentares, controlo da qualidade e


desenvolvimento de novos produtos.
 Transgénicos: tomate, milho, soja, algodão, arroz, peixes, carnes, leveduras, frutas, etc.

> A engenharia genética trouxe benefícios no processamento industrial de alimentos e na sua qualidade;
constitui uma ajuda na resolução de deficiências alimentares a nível mundial.
> Contudo, é necessário conhecer os objetivos visados e os riscos adicionais.
> Criar uma regulamentação relativa aos riscos de cada OMG antes de chegar ao mercado
> Novos processos na biotecnologia  Novos produtos  Novos problemas de segurança alimentar.

Uma opinião pública cada vez mais informada exigirá um maior controlo desses processos e produtos

EXPLORAÇÃO DAS POTENCIALIDADES DA BIOSFERA

Biosfera: subsistema terrestre que inclui todos os organismos existentes e as suas inter-relações, bem como
os ambientes em que se desenvolvem.
- Um conceito dinâmico que se expressa nas interações recíprocas entre os seres vivos e o meio.
- Um conceito funcional que sublinha a participação ativa do mundo vivo na criação e dinâmica do ambiente
físico e químico.

Fatores abióticos: condições físico-químicas – temperatura, pressão, humidade, vento, posição geográfica,
relevo, altitude, etc.

Biodiversidade: multiplicidade de seres vivos que se agrupam em populações que pertencem a diversas
espécies que interagem numa variedade de comunidades e de ecossistemas e que se diferenciam
individualmente a nível genético.

Fatores que contribuem para a extinção de espécies  ameaças à Biodiversidade:


- Caça/pesca furtiva e comercialização ilegal de espécies
- Introdução de espécies que competem com as espécies selvagens
- Poluição das águas e solo
- Aumento da população humana
- Agricultura e industrialização
- Desflorestação e incêndios

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DESFLORESTAÇÃO: destruição intensiva dos habitats florestais tem assumido proporções alarmantes.

Principais causas da desflorestação:


- Conversão em áreas agrícolas
- Incêndios florestais
- Sobrexploração de madeiras
- Fragmentação devido à construção de vias de comunicação e expansão de centros urbanos
- Poluição atmosférica
- Introdução de espécies exóticas

 As florestas são importantes para a regulação do clima, humidade, renovação e purificação do ar, evita
erosão dos solos e torna-os mais férteis, para além de abrigar uma enorme diversidade de espécies.

 O aumento da área florestal fora dos trópicos deve-se às plantações efetuadas em certos países
industrializados, nos quais algumas áreas tinham sido destruídas pelas chuvas ácidas.

AGRICULTURA: (Ver ficha de apoio) a agricultura tradicional em regime de policultura, com rotatividade de
culturas, foi substituída por uma monocultura, onde só se cultiva uma espécie vegetal em grande escala.

Agricultura tradicional:
- Baseia-se no conhecimento empírico, ao longo do tempo, que permitiu o desenvolvimento de técnicas no
sentido de uma melhor rentabilidade do solo.
- Aplicação de adubos orgânicos, que em muitos casos são adubos verdes
- Pousio de terrenos após a colheita
- Rotação de culturas
- Associação de espécies com diferentes necessidades de nutricionais
- Rega com água dos rios ou poços, praticada individual ou coletivamente.

 Pousio – o terreno agrícola é dividido em áreas, ficando uma delas, alternadamente, por cultivar durante
algum tempo. Nessa parcela desenvolvem-se plantas espontâneas ou semeadas, que mais tarde são
enterradas antes da nova cultura, constituindo o adubo verde.

 Rotação de culturas – o terreno agrícola é dividido em áreas, de modo que em cada ano todas as parcelas
sejam cultivadas com diferentes espécies, previamente selecionadas.

 Associação de culturas – diversas áreas com diferentes características, cultivadas simultaneamente.

Monocultura:
- A rentabilidade das grandes plantações assenta nos avanços tecnológicos
- Desde a preparação do solo para a plantação até à colheita, todo o trabalho é efetuado por máquinas:
monda, irrigação, aplicação de fertilizantes e de pesticidas.
- Utilizam-se fertilizantes sintéticos, por vezes em quantidades excessivas, sem disso resultar um aumento
significativo de rendimento.
- No combate às doenças são utilizados pesticidas que se espalham pelas águas, pelo solo e pelo ar
- Pesticidas e fertilizantes em excesso poluem o ambiente

Intensificação da agricultura causa degradação ambiental:

1) Degradação dos solos: erosão, perda de fertilidade, salinização, desertificação

2) Poluição da água: gasto excessivo de água, poluição de aquíferos e linhas de água superficiais

3) Poluição do ar: emissão de gases de estufa, poluentes e pesticidas


4) Riscos para saúde: contaminação da água e comida por pesticidas e agentes patogénicos
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5) Perda de biodiversidade: perda de habitats, morte de peixes e predadores

Ecossistemas agrários ou agrossistemas: ecossistemas artificiais resultantes das condições ecológicas


anormais impostas pela agricultura. Muito mais pobres em biodiversidade.

- As espécies vegetais selecionadas mobilizam os minerais do solo, mas sem a intervenção do agricultor não
há restituição desses mesmos minerais, ficando os solos rapidamente impróprios para novas plantações.

- A colheita retira o total das plantas e deixa o solo praticamente sem resíduos orgânicos. São então utilizados
fertilizantes sintéticos, muitas vezes em quantidades excessivas, não sendo absorvidos pelas raízes e
ocasionando a poluição do ambiente.

Têm vindo a desenvolver-se técnicas de agricultura com objetivo de melhorar a produtividade e diminuir o
impacte nos ecossistemas naturais:

Cultivo de plantas em estufa, com ou sem solo: mantém um ambiente favorável às plantas em crescimento.
Permitem ajustar a temperatura, a luz e a concentração de CO 2 de acordo com as exigências das espécies
cultivadas e obter colheitas precoces e com melhores rendimentos.

Agricultura biológica: sistema de produção baseado no funcionamento do ecossistema agrário. Utiliza práticas
agrícolas que fomentam o equilíbrio do ecossistema, a manutenção e a melhoria da fertilidade do solo.
Muitas das técnicas são idênticas às da agricultura tradicional.
A agricultura biológica também usa “químicos” pois estes fazem parte da constituição de todos os materiais,
mas, salvo rara exceções, não usa componentes químicos sintéticos. Substituem-se os agroquímicos por
fertilizantes e pesticidas de origem vegetal, animal ou mineral.

 Vantagens:
- Produz alimentos saudáveis ricos em nutrientes
- Fertiliza os solos, reduzindo a desertificação
- Usa racionalmente a água e preserva os aquíferos
- Reduz o impacte sobre a biodiversidade
- Respeita a vida selvagem e os ambientes naturais
- Preserva a vida rural

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- Protege a saúde dos agricultores
- Permite uma autêntica segurança alimentar

DEGRADAÇÃO DOS SOLOS: o solo é uma película muito fina e frágil à superfície dos continentes.

Erosão: processo que ocorre naturalmente, mas a ação humana é responsável pela aceleração deste
processo, podendo mesmo conduzir à desertificação.

Desertificação: consequência da transformação dos solos em terrenos semiáridos ou mesmo áridos devido a
mudanças climáticas ou à ação humana.

 Algumas soluções para a desertificação:


- Distribuição adequada das culturas de acordo com o terreno, como o cultivo em socalcos ou a plantação
de sebes em volta da área agrícola.
- Após a colheita deixar sobre o terreno os resíduos das culturas ou a cobertura herbácea.

CRUZAMENTO DE PLANTAS E CRIAÇÃO DE ANIMAIS

Reprodução seletiva: seleção de plantas e animais que apresentam determinadas características com
interesse, como por exemplo resistência a doenças e a pragas, com o objetivo de maior produtividade.

- CULTIVO DE PLANTAS

A seleção de sementes, de novas variedades por cruzamento entre plantas e isolamento progressivo,
conduziu à obtenção de novas plantas, cujo programa genético associa carateres que existiam separados nos
progenitores. (ex. trigo, brócolos, couve-flor, couve de Bruxelas, repolho, etc)

- A seleção de plantas por reprodução sexuada é lenta e implica variabilidade genética dos descendentes
devido às recombinações genéticas.
- Recorre-se à reprodução assexuada em que os descendentes apresentam características idênticas às do
progenitor, que terá grande interesse económico.

Processos de reprodução artificial: Estaca, Mergulhia, Alporquia, Enxertia (p.285)

- Na enxertia, em regra, associa-se uma planta com bom sistema reticular (porta-enxerto) com uma planta que
produz bons frutos (enxerto)

- CRIAÇÃO DE ANIMAIS

- Efetua-se o cruzamento entre animais com certas características para se obter linhas puras
- A partir do séc.XX a inseminação artificial passou a ser utilizada. O sémen de animais com melhores
características pode ser criopreservado e depois vendido aos criadores de gado.

Razões que levam à seleção de animais:


 Produção de melhor carne, leite e ovos
 Produção de pele de melhor qualidade
 Obtenção de maior descendência
 Obtenção de animais mais resistentes a doenças e parasitas

 Para melhorar a produção animal são utilizados métodos industriais procurando a rentabilidade máxima,
mas com consequências nefastas para os seres humanos e o próprio meio:
- Antibióticos: inibem mecanismos da flora bacteriana intestinal dos animais. As bactérias consomem menos
nutrientes e produzem menos produtos tóxicos. Há um ganho para os animais quer em nutrientes, quer na
43
redução da toxicidade. Tudo isto trás vantagens para o agricultor, pois envolve menos custos. Porém, o uso de
antibióticos pode causar danos para a saúde do consumidor, principalmente quando o uso é exagerado.
Podem surgir alergias e resistência aos antibióticos.

- Hormonas sintéticas: servem para acelerar o crescimento dos animais. São usadas pelos veterinários para
tratar a asma ou reduzir os abortos, mas têm como principal efeito secundário aumentar a proporção de massa
muscular em relação às gorduras.

 Pode-se recorrer à agricultura biológica para a criação de animais, onde estes são considerados parte de
um todo em equilíbrio que integra solo, plantas e animais.

TÉCNICAS MODERNAS DE REPRODUÇÃO SELETIVA:

- CLONAGEM DE PLANTAS

Clonagem por micropropagação: Permite a propagação rápida com interesse económico no domínio da
agricultura e floricultura. É possível obter novos indivíduos a partir de, praticamente, qualquer tipo de tecido ou
mesmo de células isoladas.

Etapas do processo:

1) Colocar em cultura (1º dia): Uma folha é colocada em líquido desinfetante e depois lavada com água
destilada. Remove-se uma pequena porção, o explante, que será colocado num meio com elementos
nutritivos e hormonas vegetais (oxinas, giberelinas, citocininas, ácido abcísico, etileno)
2) Micropropagação (6 semanas mais tarde): forma-se o tecido caloso (calo), um maciço de células
indiferenciadas provenientes da desdiferenciação* das células da planta em multiplicação in vitro.
Fragmenta-se o calo em microrrebentos que são colocados em meios de cultura adequados.
3) Micropropagação ou enraizamento (4 semanas mais tarde): os microrrebentos transformam-se em calos
que são transportados para um meio contendo somente elementos nutritivos. 6 semanas mais tarde
obtém-se a plântula.
4) Aclimatização (15 dias mais tarde): após o desenvolvimento de pequenas plantas, elas são removidas
para a estufa onde, colocadas em vasos com terra, continuam a desenvolver-se antes de passarem para o
ar livre.

*desdiferenciação: em determinadas circunstâncias, as células diferenciadas podem perder a sua


especialização, tornando-se indiferenciadas com capacidade para se dividir e originar por diferenciação outros
tipos de células. Esta totipotência é crucial nos processos de clonagem.

Clonagem de plantas
Vantagens Desvantagens
Produção numerosa, rápida, homogénea e económica Técnica altamente especializada
Utilização de um só indivíduo, selecionado pelas suas
Pode conduzir a uma redução considerável da
características – melhoramento genético
diversidade das espécies cultivadas
As plantas apresentam maior vigor
As características selecionadas encontram-se em todo
A homogeneidade das culturas pode torná-las mais
o clone
sensíveis a doenças
Diminuição do espaço de trabalho

REGENERAÇÃO DE PLANTAS A PARTIR DE PROTOPLASTOS

As células vegetais encontram-se ligadas às células adjacentes por uma matriz de pectinas que, juntamente
com a parede celular, pode ser degradada por processos mecânicos ou enzimáticos levando ao isolamento de

44
células vegetais sem parede  protoplastos  podem regenerar plantas inteiras quando colocados em meio
de cultura em condições assépticas.

ENGENHARIA GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS

Técnica do DNA recombinante: possibilitou a manipulação do genoma de plantas, introduzindo novos genes
específicos, alterando as características genéticas e reduzindo o tempo necessário para a produção de novas
variedades.

As plantas possuem características que facilitam o melhoramento genético:

- Ciclo de vida curto, o que permite uma seleção rápida de novas características
- Podem ser autofecundadas, permitindo a fixação de uma nova característica introduzida
- Numerosa descendência, o que permite o aparecimento de mutações raras, aumentando a biodiversidade

A engenharia genética possibilitou: resistência às doenças, adaptação a condições ambientais extremas,


melhoramento de qualidades nutritivas, produção de compostos com interesse económico, resistência a
condições ambientais extremas e outras características de melhoramento de plantas.

 Um dos fatores preocupantes e difíceis de controlar é a transferência de genes geneticamente manipulados


para correspondentes selvagens através da dispersão de pólen

Obter milho resistente à pirale:

45
- Apesar das vantagens trazidas pela
toxina Bt, alguns investigadores
consideram-na uma ameaça para o
equilíbrio ecológico, pois pode
prejudicar outros organismos.

- Descobriu-se que a bactéria


Abrobacterium é um vetor natural de
transferência de genes.

- A utilização de plasmídeos de
Abrobacterium tumefaciens e de
Abrobacterium rhizogenes na
transferência de genes deve-se à
capacidade destes micro-organismos
do solo de infetar um grande número
de plantas.

- CRIAÇÃO DE ANIMAIS

As técnicas de inseminação artificial, a fecundação in vitro e a transferência de embriões aceleraram o


processo de melhoramento genético de algumas espécies.

Etapas da FIV e transferência de embriões:

1. Sujeita-se a vaca a uma hiperestimulação ovárica


2. Injeta-se na vaca a hormona FSH, a qual provoca uma ovulação múltipla
3. Os óvulos são aspirados e colocados num fluido semelhante ao que existe no oviduto da vaca
4. O esperma recolhido do touro é adicionado aos óvulos
5. A fecundação in vitro inicia-se e os embriões começam a desenvolver-se, sendo a cultura mantida sob
condições controladas
6. Quando os embriões atingem o estado de 4 a 8 células, as células podem ser separadas e colocadas num
meio de cultura. Cada célula é totipotente, formando novos embriões.
7. Os embriões podem ser separados por sexo e por genes necessários para produzir as características
selecionadas (produção elevada de leite). Cada embrião é implantado no útero de uma vaca, considerada
mãe de aluguer, e injeções de progesterona asseguram que o útero esteja pronto para permitir o implante.

 A clonagem é um processo rápido que envolve poucos custos e produz um elevado número de organismos
geneticamente idênticos, mas reduz a variabilidade genética das espécies, pois reduz o número de alelos do
fundo genético, diminuindo a probabilidade de serem produzidas novas variedades, quer naturalmente quer
artificialmente.

 Se ocorressem mudanças ambientais que tornassem o ambiente hostil as espécies clonadas poderiam
desaparecer por falta de resistência às novas condições.

ENGENHARIA GENÉTICA NA CRIAÇÃO DE ANIMAIS

- Ratos transgénicos são utilizados como modelos para o estudo de doenças humanas.
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- Ovelhas e porcos transgénicos são utilizados para produção de substâncias necessárias para medicamentos
ou para transplante de órgãos para seres humanos.
- Estas técnicas podem ser a solução para a fome mundial

Aspetos controversos:

- Melhoramento genético de animais domésticos com interesses económicos em larga escala, decorrente de
modificações na anatomia e na fisiologia dos animais (aumento de massa corpórea, da resistência a doenças,
da produção de carne, etc.)
- Pode ter efeitos colaterais negativos a nível de eventuais afeções na saúde pública.
- Os animais transgénicos podem sair do espaço onde são criados, podendo cruzar-se com populações
selvagens. Este perigo é muito elevado no meio aquático.
- Animais resultantes de FIV, como os transgénicos, requerem normalmente mais tempo de gestação e
nascem com maior peso, originando partos problemáticos.
- Muitos animais têm malformações e problemas de saúde, não sobrevivendo muito tempo.

CONTROLO DE PRAGAS

Pragas: organismos devastadores que competem com o Homem pelo alimento, invadindo as culturas ou
disseminando doenças nessas culturas.

COMO PROTEGER AS CULTURAS:

1) Luta química:

Pesticidas/ biocidas: produtos químicos que combatem as espécies nocivas:

- Inibem o crescimento das pragas


- Inibem a biossíntese de ácidos nucleicos, lípidos ou pigmentos.
- Inibem o desenvolvimento da plântula
- Inibem a fotossíntese
- Desorganizam a membrana plasmática

Vantagens:
- Aumenta a produtividade para uma população crescente
- Diminui o número de mortes causadas por insetos

Desvantagens:
- Causam doenças
- Perigo de envenenamento
- Poluição
- Dispêndio económico elevado
- Aceleram a resistência genética
- Afetam organismos não visados no tratamento
- Efeito cumulativo

Espectro de ação: avalia o número de espécies e estádios de vida que o biocida afeta.

Baixo espectro de ação  biocidas muito seletivos

 Inseticidas: eliminam os insetos e podem atuar por:


- Contacto: penetrando através da cutícula
- Ingestão: sendo absorvidos com o alimento
- Asfixia
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> Inseticidas sistémicos: são mais eficazes, mais específicos e menos contaminantes para o ambiente. São
transportados pela seiva das plantas e são absorvidos simultaneamente com a seiva pelos insetos
consumidores.

 Herbicidas: totais (que eliminam todas as plantas) ou seletivos (que atuam apenas sobre determinadas
espécies, inibindo a germinação das sementes, impedindo o desenvolvimento das plântulas ou bloqueando a
fotossíntese).

 Fungicidas: combate os fungos. Inibem a germinação de esporos, inibem a respiração, a síntese proteica, a
mitose e a biossíntese de esteróis.

Persistência de um pesticida: traduz o tempo em que um pesticida mantém a sua toxicidade no ambiente, após
a aplicação.

Bioacumulação: algumas moléculas do pesticida são absorvidas e acumuladas em tecidos e órgãos


específicos dos indivíduos, em níveis mais elevados do que os normais. Acumula-se durante a cadeia trófica.

Bioampliação: a concentração de alguns pesticidas aumenta quando eles passam sucessivamente para níveis
tróficos mais elevados. Os organismos dos níveis tróficos superiores ingerem maior concentração de pesticida,
podendo tornar-se perigosos quando são utilizados na alimentação.

2) Luta biológica: práticas alternativas

- Rotação de culturas
- Policultura em detrimento da monocultura
- Cultura em faixas
- Utilização de porta-enxertos resistentes à uma determinada praga
- Culturas em locais onde não existem as suas principais pragas
- Plantio de culturas marginais para atrair pragas para fora da cultura principal
- Plantio de sebes em redor das culturas de forma a fornecer habitats para predadores das pragas

Alguns micro-organismos podem ser usados como biopesticidas (ex. bactéria Bacillus thuringiensis e as suas
toxinas)

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 Feromonas: substâncias químicas produzidas por seres vivos que desencadeiam uma reação fisiológica ou
um comportamento específico noutros animais da mesma espécie. Normalmente utilizam-se feromonas
sexuais colocadas em armadilhas que capturam os insetos ou para atrair predadores

 Esterilização de machos: criação de grandes quantidades de machos de uma espécie que são
esterilizados, em determinada fase do desenvolvimento, por métodos físicos (radiações ionizantes) ou
químicos. Os machos estéreis são depois largados na área afetada, para competirem com os machos
selvagens durante o acasalamento. Os machos esterilizados impedem a formação de ovos viáveis.

3) Luta integrada

- O programa de controlo de pragas associa várias técnicas, que incluem métodos de cultura, método de
proteção biológica e métodos químicos, desenvolvidos em determinada sequência e tempo próprios.

- Não visa, em regra, erradicar as pragas, mas sim reduzir os prejuízos causados nas colheitas para níveis
economicamente aceitáveis.

Para isso é necessário:

- Conhecer o ciclo de vida das plantas e das respetivas pragas


- Conhecer os habitats das pragas
- Conhecer o funcionamento do organismo desses seres

49
4) Controlo genético

- Cruzamentos seletivos: obtém-se variedades com as características que interessam

- Engenharia genética: transfere-se para a planta o gene que lhe permite resistir a uma agressor particular.
Criam-se plantas transgénicas resistentes.

+
- Redução de custos no controlo de pestes
- Redução da quantidade de pesticidas e de fertilizantes
em regra altamente poluentes para o ambiente.

POLUIÇÃO E DEGRADAÇÃO DE RECURSOS

Impacte ambiental: alterações do meio ocasionadas por ações antrópicas.

CONTAMINANTES E EFEITOS FISIOLÓGICOS

Poluição: causada por substâncias presentes no ambiente que, devido à composição química ou
concentração, provocam alterações ou impedem o regular funcionamento dos processos naturais. Este
conceito é normalmente associado à ação antrópica. Afeta o ar (CO, NO x, SOx, Pb, etc), a água (concentração
de O2 e Hg, Ph, temperatura, etc) e o solo (taxa de erosão,etc). O seu efeito pode ter caráter local, regional ou
global.
50
Contaminação: quando a concentração de um composto químico excede determinado valor limite.

Poluentes: substâncias produzidas pela atividade humana que apresentam um impacte ambiental não
negligenciável.

Toxicidade: capacidade que as substâncias têm em causar efeitos adversos a um determinado organismo.

A toxicidade de determinada substância depende de:

- Dose: quantidade de substância potencialmente nociva que um determinado ser vivo pode ingerir, inalar ou
absorver através da pele.
- Ação de uma determinada dose ao longo do tempo
- Modo como ocorreu a exposição do organismo
- Modo de funcionamento dos sistemas de eliminação da substância pelo organismo
- Património genético individual

DL50: dose que origina a morte de 50% dos indivíduos de uma população estudada.

 A exposição de um organismo a substâncias tóxicas provoca determinados danos que globalmente são
designados como resposta do organismo ao agente.
 Algumas substâncias ao entrarem no organismo participam nas reações metabólicas que conduzem à sua
eliminação pela função excretora ou, pelo contrário, acumulam-se no organismo (ex. metais pesados)

Efeito agudo: reação rápida resultante da exposição a uma determinada substância nociva.

Efeito crónico: consequência permanente devido à exposição prolongada a uma determinada substância
perigosa (ex. mercúrio)

 Ao longo das cadeias alimentares, os níveis de alguns poluentes aumentam de nível para nível trófico –
bioampliação. Os efeitos revelam-se mais tarde noutras espécies que ocupam os níveis tróficos mais elevados
e que, por conseguinte, acumulam nos seus tecidos altas concentrações do poluente.

Sinergismo: ocorre quando o efeito combinado de dois agentes é superior à soma do efeito que cada agente
apresenta quando atua isoladamente.

Algumas substâncias tóxicas podem ser consideradas:

Agentes mutagénicos: originam alterações permanentes no genoma de uma célula em relação a uma
determinada sequência de DNA. As alterações podem ser transmitidas à descendência.
Agentes cangerígenos: provocam alterações ao nível do DNA celular, podendo resultar no desenvolvimento de
um tumor maligno.
Agentes teratogénicos: fatores que podem ser responsáveis pelo aparecimento de anomalias morfológicas e
funcionais num embrião ou feto.

ALTERAÇÕES DA QUALIDADE DA ÁGUA

 Devido ao aumento da população humana e à utilização massiva de produtos como detergentes,


fertilizantes ricos em azoto e fósforo, verificam-se efeitos negativos em ecossistemas de água doce.

Poluição da água: quando se verifica a alteração das suas características por ações antrópicas.

Eutrofização: enriquecimento excessivo em nutrientes, principalmente azoto e fósforo, que promovem o


desenvolvimento de organismos fotoautotróficos (algas verdes e cianobactérias). Pode ter origem natural ou
cultural (antrópica).

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Eutrofização natural: processo muito lento associado à evolução natural dos ecossistemas, durante um
fenómeno de sucessão ecológica (ex. transformação de um ecossistema lacustre num terrestre)

Eutrofização cultural ou acelerada: processo de enriquecimento em nutrientes, acelerado pelas atividades


humanas, culminando na eutrofização.

Lago oligotrófico:
- Baixos níveis de nutrientes Lago mesotrófico:
- Crescimento limitado do fitoplâncton - Aumento da concentração em nutrientes
- Água límpida - Desenvolvimento do fitoplâncton
- Boa penetração da luz - Aumento da turvação
- Crescimento da comunidade aquática submersa - Redução da comunidade vegetal submersa
- Elevada biodiversidade

Lago eutrófico:
- Elevada concentração de nutrientes
- Crescimento rápido do fitoplâncton
- Acumulação de detritos e algas mortas
- Aumento da taxa de decomposição
- Redução do O2 dissolvido
- Morte de peixes e moluscos por asfixia
- Reduzida biodiversidade

Aumento da produtividade primária – proliferação de cianobactérias, algas e outros seres fotossintéticos como
resposta ao aumento de nutrientes. Lagos eutróficos apresentam grande produtividade primária, ao contrário
dos oligotróficos.

 Num processo de eutrofização cultural, o influxo de fósforo, azoto e outros nutrientes, num determinado
ecossistema pode provir de: esgotos domésticos, esgotos industriais, fertilizantes agrícolas, detergentes, etc.

QUALIDADE DAS ÁGUAS

Para caracterizar a qualidade da água é preciso avaliar as variáveis:


- Físicas: cor, turvação, sabor e odor
- Químicas: salinidade, dureza, alcalinidade, oxidabilidade, sólidos dissolvidos totais, substâncias tóxicas, etc
- Biológicas: densidade populacional, do organismo que se pretende identificar.

 A poluição pode ser causada por matéria orgânica biodegradável – resíduos que são passíveis de serem
decompostos pela atividade de certos seres vivos, quer em anaerobiose como em aerobiose.
- Os organismos decompositores aeróbios consomem o O2 dissolvido na água, passando a competir com
os demais organismo e proliferando mais rapidamente que estes. Assim, peixes e outros seres vivos morrem.
- Mesmo quando o O2 é quase inexistente, os decompositores anaeróbios continuam a sua atividade
libertando odores e conferindo aspeto e sabores indesejáveis à água.

CBO – carência bioquímica de oxigénio: quantidade de oxigénio dissolvido na água necessário para a
decomposição da matéria orgânica para que ocorra a reciclagem dessa matéria.

Soluções para a poluição da água

1 – Prevenção
2 – Tratamento

1) - Reduzir a emissão de efluentes tóxicos


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- Separar esgotos do sistema de águas residuais
- Impedir a exploração de petróleo em zonas sensíveis
- Banir petroleiros de casco simples
- Reciclar óleos usados
- Promover um ordenamento das zonas ribeirinhas e costeiras
- Reduzir a utilização de detergentes

2) - Fossas sépticas
- ETAR

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

O tratamento de esgotos é feito nas ETARes – estações de tratamento de águas residuais. Inclui 4 etapas:

1) Tratamento preliminar:

O efluente é sujeito a processos físicos (crivagem, tamisagem, desareação) com vista à remoção e
desintegração dos sólidos de maiores dimensões.

2) Tratamento primário:

Há redução da velocidade e são eliminadas 50% a 60% das matérias em suspensão, decantadas sob forma
de lamas (lamas primárias). As partículas orgânicas removidas arrastam consigo uma grande quantidade de
bactérias, diminuindo o CBO. À saída, o efluente é constituído essencialmente por água, partículas coloidais
ou suspensas e matéria orgânica.

3) Tratamento secundário:

Num biorreactor, que por aerobiose como por anaerobiose, as substâncias orgânicas são oxidadas pela ação
de micro-organismos. A biomassa que se encontra em suspensão é denominada por sistema de lamas ativas.
Depois ocorre nova decantação formando as lamas secundárias.

4) Tratamento terciário ou avançado:

Tratamento físico-químico que conduz à remoção de nutrientes e poluentes específicos, bactérias e sólidos
suspensos. É um processo bastante dispendioso pelo que nem todas as estações o efetuam.

- O biogás, produzido durante o tratamento anaeróbio, pode ser valorizado como fonte de energia.
- Os biossólidos ou lodos tratados (lamas) podem ser utilizadas como fertilizantes e condicionadores de solo.

TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Com a Revolução Industrial o problema dos resíduos sólidos aumentou, uma vez que o desenvolvimento das
sociedades urbanas e industriais ocorreu de forma desordenada e à custa de níveis crescentes de poluição e
degradação ambiental.

RSU – resíduos sólidos urbanos: refere-se não só à mistura de matérias e de objetos de proveniência
doméstica, como também engloba os resíduos com origem no setor dos serviços ou estabelecimentos
comerciais, industriais ou de unidades prestadoras de cuidados de saúde com uma natureza ou composição
idêntica da dos domésticos.

 As lixeiras ou vazadouros geravam problemas estéticos e de saúde pública.

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Aterros sanitários: tratamento do lixo com posterior incineração ou compostagem. Tem como objetivo a
deposição dos resíduos acima ou abaixo da superfície natural. A colocação dos resíduos é feita de uma forma
controlada e existe uma monitorização permanente do local.
Resolvem o problema durante um certo período de tempo, por isso não são a melhor solução. Os aterros
necessitam de grandes espaços, um enquadramento paisagístico adequado e um controlo rigoroso dos
resíduos.

Incineração: tratamento por via da combustão, em os RSU são reduzidos a cinzas e gases. Segundo alguns
especialista, a incineração é um convite à produção de maior quantidade de resíduos, em vez de se apostar
numa política de valorização dos mesmos.
Podem-se formar subprodutos perigosos como dioxinas, furanos e outros compostos com metais pesados.

Compostagem: é como uma adaptação industrial de uma prática agrícola. Há decomposição de matéria
orgânica, em condições de aerobiose, de uma forma controlada, ocorrendo a produção do composto. Este é
um material estabilizado que não deve ficar sujeito à ocorrência de reações de decomposição.
Diferenciam-se duas fases:
- Fase Termófila (2 a 4 semanas): aumento da temperatura até 70ºC, com posterior arrefecimento até 30ºC.
- Fase Mesófila (2 a 4 meses): estabilização do produto (composto) atingindo-se a temperatura ambiente.

Vantagens:
- Não são necessárias grandes áreas para o tratamento dos resíduos
- Permite valorizar os resíduos no composto
- O composto é um material rico em nutrientes
- Atua no solo como uma esponja retendo a humidade e nutrientes
- Melhora as características dos solos (nova estrutura)
- Os solos ficam menos afetados pela erosão
- Diminui a utilização de fertilizantes
- Reduz a quantidade de resíduos nos aterros
- Não requer conhecimentos técnicos ou equipamento especializados.

REDUZIR, RECICLAR E REUTILIZAR

Reciclagem primária: transforma os resíduos eliminados pelos consumidores em novos produtos do mesmo
tipo. Permite reduzir entre 20% a 90% a utilização de matéria-prima no fabrico de um determinado produto.

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Reciclagem secundária: converte os resíduos em outro tipo de produtos, geralmente de qualidade inferior.
Permite reduzir 25% a utilização de matéria-prima.

Se o modelo de desenvolvimento atual não for modificado a curto prazo, a nossa sociedade entrará
rapidamente em colapso. O novo modelo de desenvolvimento sustentável deve funcionar como um sistema
fechado, onde se promova o uso racional da energia, a reciclagem e a reutilização dos materiais com a
consequente redução dos resíduos produzidos, garantindo, ao mesmo tempo, um controlo das fontes de
poluição.

IMPACTES HUMANOS A NIVEL GLOBAL

Efeito de estufa: (ver ficha de apoio)


Efeito produzido pela retenção de parte da radiação IV emitida pela superfície da Terra feita por diversos
gases que se encontram na troposfera. Trata-se de um efeito natural responsável pela manutenção da
temperatura terrestre.
No entanto, as atividades humanas têm intensificado este processo.

Gases com efeito de estufa:


- CO2: origem nos combustíveis fósseis, desflorestação, industrias…
- CH4: origem em plantações de arroz, aterros, minas de carvão, produção de petróleo e gás natural.
- N2O: origem nos combustíveis fósseis, adubos, lixeiras…
- CFC: origem no ar condicionado, frigoríficos, aerossóis…

 Parte da energia absorvida pela Terra é irradiada sob forma de radiação IV, que é absorvida pelo vapor de
água, CO2 e CH4, entre outros gases presentes na atmosfera. Com o aumento dos gases, a atmosfera terá
capacidade de absorver mais radiação IV, originando uma alteração no equilíbrio térmico do planeta.

Algumas consequências:
- Fusão das calotes polares
- Aumento do nível médio da água dos oceanos
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- Menor qualidade da água
- Extinção de fauna e flora
- Problemas na agricultura e pesca
- Maior probabilidade de infeções alimentares
- Aumento do risco associado a doenças
- Aumento do risco de incêndios florestais

Chuvas ácidas
Os gases com azoto e enxofre produzidos nas mais diversas atividades humanas, ao reagir com o vapor de
água existente na atmosfera, produzem ácidos como o ácido nítrico e ácido sulfúrico, que constituem a chuva
e a neve ácida (pH < 5,6). Estas provocam perdas na produtividade agrícola, dado que se verifica a
acidificação dos solos, e a corrosão/destruição de obras arquitetónicas.

Camada de ozono
Situa-se na estratosfera (15km a 50km), constituída por O 3, e tem a função de “filtrar” as radiações solares,
impedindo que a maior parte dos raios UV chegue à superfície terrestre.
A sua destruição deve-se aos CFCs:

- O chamado “buraco” na camada de ozono é, na verdade, uma


diminuição acentuada da espessura da camada. Existe um buraco
quando o nível de O3 < 220 Dobson.
- Na Antártida o caso é mais grave. As temperaturas muito baixas
nesta região favorecem o aparecimento de nuvens polares
estratosféricas, que levam à acumulação de compostos com cloro,
acelerando a destruição química do O3

Devido à menor proteção da camada de ozono, a radiação UV pode provocar o aparecimento de cancro de
pele e diminuir a produtividade agrícolas.

- O ozono troposférico é considerado um poluente secundário, resultante da oxidação fotoquímica de


poluentes como N2O que são produzidos durante a combustão em indústrias e nos automóveis. O O 3
troposférico acarreta variados problemas de saúde, principalmente a nível respiratório.

- O smog fotoquímico forma-se a partir da conjugação entre temperaturas elevadas, baixa humidade e gases
poluentes.

CRESCIMENTO POPULACIONAL E SUSTENTABILIDADE

- Durante muitos milénios, o crescimento da população humana foi muito lento, uma vez que a taxa de
mortalidade – número de óbitos ocorridos num certo período de tempo por mil habitantes – era muito elevada.
- Com a sedentarização e a domesticação de animais, a densidade populacional aumentou ligeiramente, mas
a esperança média de vida continuava a ser muito baixa.
- A Revolução Industrial trouxe mais conforto e fez com que a taxa de mortalidade diminuísse.
- Durante o séc.XX ocorreram inovações tecnológicas que melhoraram muito as condições de vida da
população, acelerando o seu crescimento (exponencial).
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Demografia: estudo dos padrões de crescimento, do movimento e do desenvolvimento das populações
humanas.

A pressão antrópica e a expansão dos centros urbanos aumentaram drasticamente a quantidade de resíduos e
calor emitidos. A remoção da cobertura vegetal dos solos, a impermeabilização e a compactação do solo,
diminuem drasticamente a biodiversidade.

Existem 3 fatores fundamentais que estão na origem dos impactes ambientais:


- Número de pessoas que constituem a população
- O consumo médio de recursos por pessoas
- Impactes ambientais resultantes da utilização da tecnologia utilizada para produzir cada unidade de um
determinado bem de consumo.

PEGADA ECOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Pegada Ecológica: avalia a extensão com que uma dada população se apropria do espaço biologicamente
produtivo. Permite calcular a área de terreno produtivo necessária para sustentar o nosso estilo de vida.
Para a calcular é necessário avaliar várias categorias de terrenos (agrícola, pastagens, oceanos, floresta,
energia fóssil e construídos) e de consumo (alimentação, habitação, energia, bens de consumo, transportes,
etc.).

- Somando as várias pegadas parcelares obtemos um valor global que representa uma área produtiva capaz
de repor, pelo menos em teoria, o capital natural por nós consumido.
- Esta área pode ser comparada com a biocapacidade - capacidade de produção biológica num dado ano que
pode ser utilizável por um determinado pais tendo em conta a sua área produtiva – através do passivo
ecológico - diferença entre o valor da pegada ecológica e o da biocapacidade.

Para que a sociedade seja sustentável, a Pegada Ecológica terá de ser inferior à biocapacidade (ou
capacidade de carga) do planeta ou região, dependendo da escala em causa.

Eliminar o passivo ecológico:


- Melhorar os sistemas produtivos (energias alternativas)
- Mudança nos padrões de consumo de energia, minerais, água… Redução da pegada ecológica
- Controlo demográfico

- Proteção, gestão equilibrada e recuperação dos ecossistemas  Manutenção da biodiversidade

 Para um modelo de desenvolvimento sustentável, os altos níveis de consumo de recursos e de energia não
são necessários para sustentar uma boa qualidade de vida

 No sentido de minorar os impactes ambientais que possam vir a acontecer nos países em vias de
desenvolvimento, sugere-se que os benefícios tecnológicos possam ser transferidos dos países desenvolvidos
para os que estão à procura desse desenvolvimento, para tornar a pegada ecológica mundial mais leve.

 É urgente gerir de uma forma sustentável os recursos da Terra e apostar numa nova educação centrada na
aquisição de competências que permitam promover políticas de sustentabilidade.

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Como reduzir a pegada

Alimentos
 Preferência pelo consumo de produtos nacionais ou produzidos localmente, por alimentos da época e
produzidos através da agricultura biológica;
 Incremento da produção local de alimentos, nos quintais e hortas existentes;
 Adoção de uma alimentação preferencialmente à base de cereais e vegetais, em detrimento da carne
e peixe;
 Redução do consumo de “fast food”.

Bens de consumo
 Redução do nível de consumo, principalmente de bens supérfluos;
 Preferência de produtos “amigos do ambiente”, duradouros, reciclados ou recicláveis;
 Reutilização e reaproveitamento de bens, compra em segunda mão.
Energia e água
 Poupança de energia e água através de simples práticas caseiras, como seja o isolamento térmico,
utilização de lâmpadas e aparelhos elétricos de menor consumo, diminuição do volume de água do
autoclismo, etc.;
 Se for viável, investimento em painéis solares ou outras formas de energia renovável.

Transportes
 Utilização preferencial de transportes públicos, principalmente ferroviários;
 Sempre que possível andar a pé ou de bicicleta;
 Manutenção frequente da viatura particular; compra de carros de baixo consumo e abastecidos a
gasolina sem chumbo.

Serviços públicos
 Adoção de formas de recreio e turismo com menores impactes ambientais (ecoturismo).

Resíduos
 Compostagem de resíduos orgânicos no jardim ou quintal de casa;
 Reciclagem de papel, vidro, plástico, embalagens, pilhas, latas (ecopontos);
 Reutilização e reaproveitamento de bens, utilização de sacos de compras reutilizáveis;
 Prioridade de compra de produtos que não venham envolvidos em embalagem excessiva.

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