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Ministério da Educação

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Escola


Diretoria de Programas Especiais
Fundescola

Padrões Mínimos de
Funcionamento da Escola do
Ensino Fundamental:
Recursos Humanos

Brasília
2006
2006. Fundescola/DIPRO/FNDE/MEC
Esta obra poderá ser citada ou reproduzida,desde que citada a fonte.

Fundescola/DIPRO/FNDE/MEC
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Esta obra foi editada para atender aos objetivos do Programa Fundescola/DIPRO/FNDE/MEC,
em conformidade com o Acordo de Empréstimo número 4487BR com o Banco Mundial, no
âmbito do Projeto BRA00/027 do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
SUMÁRIO

Apresentação .............................................................................................................. 5
Introdução – Padrões mínimos de funcionamento
das Escolas: Recursos Humanos ............................................................................... 7
Primeiro requisito ........................................................................................................ 9
Segundo requisito .....................................................................................................10
Terceiro requisito ....................................................................................................... 12
Quarto requisito ......................................................................................................... 13
Quinto requisito ......................................................................................................... 14
Sexto requisito........................................................................................................... 16
Sétimo requisito ........................................................................................................ 17
Oitavo requisito ......................................................................................................... 19
Definição do número de profissionais por escola .....................................................21
Docência ................................................................................................................... 23
Direção ...................................................................................................................... 25
Coordenação pedagógica .........................................................................................26
Orientação educacional ............................................................................................ 27
Recursos didáticos ....................................................................................................28
Multimeios .................................................................................................................28
Administração ........................................................................................................... 29
Serviços gerais .......................................................................................................... 29
Alimentação escolar ..................................................................................................30
Transporte escolar ....................................................................................................31
Assistência à saúde ..................................................................................................31
Escola ....................................................................................................................... 33
Recomendações sobre a Gestão Escolar .................................................................37
Apresentação

O objetivo de uma série de medidas de política educacional, postas em prática


especialmente a partir da segunda metade da década de 90, tem sido criar condições
para garantir oportunidades de aprendizagem aos alunos do ensino fundamental,
atuando sobre as condições da oferta do ensino, com base no binômio qualidade e
eqüidade. Essas medidas focalizaram diferentes dimensões dos padrões mínimos de
funcionamento das escolas, consolidadas na legislação em planos, programas e
projetos.

Os padrões mínimos de funcionamento das escolas expressam a presença de um


conjunto de insumos e condições necessários para a realização das atividades escolares
– instalações físicas, mobiliário e equipamentos, recursos pedagógicos, recursos
humanos, currículo e gerenciamento.

Os recursos humanos, em especial os profissionais da educação do ensino


fundamental, são uma das dimensões fundamentais de qualquer processo de melhoria
da qualidade do ensino. Esses profissionais receberam grande atenção, tanto na Lei
de Diretrizes e Bases de 1996, como na lei que regulamentou o FUNDEF (Lei no 9.424,
de 24 de dezembro de 1996), publicadas simultaneamente. Ambos os instrumentos
estabeleceram bases no que se refere à formação e à valorização desses profissionais,
respeitando a autonomia dos estados e municípios que, em suas legislações próprias,
tratam de atribuições, alocação e quantidades.

É a essa dimensão que o presente trabalho oferece sua contribuição, focalizando


os padrões mínimos de funcionamento das escolas no que se refere aos recursos
humanos, indispensáveis para o desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem.

5
Introdução

PADRÕES MÍNIMOS DE
FUNCIONAMENTO DAS ESCOLAS:
RECURSOS HUMANOS

Mariza Abreu, Marisa Sari e Ricardo Martins*

As escolas públicas de ensino fundamental devem assegurar aos alunos padrão de


qualidade da educação escolar, oferecendo serviços básicos imprescindíveis para o
desenvolvimento do ato educativo.
Em primeiro lugar, deve-se garantir o direito do aluno a ser atendido por professor
ou professores com a habilitação exigida pela LDB, competência profissional
comprovada, suporte pedagógico à sua atividade docente e condições adequadas de
trabalho.
Assim, no que se refere a recursos humanos, para funcionamento da educação
escolar, são necessários:
• profissionais da educação ou magistério: profissionais que exercem a docência e
as atividades de suporte pedagógico direto à docência, como direção, coordenação
pedagógica e orientação educacional;
• demais trabalhadores em educação: trabalhadores que desenvolvem atividades-
meio, correspondendo ao pessoal de apoio e técnico-administrativo, como
secretários de escola, serventes, merendeiras e vigias.
Na escola, todos os adultos que entram em contato com os alunos participam do ato
educativo e são, portanto, importantes para o desenvolvimento do projeto pedagógico.
A definição de padrões mínimos de qualidade no que se refere a recursos humanos
implica, portanto, a fixação do número, formação e condições de trabalho dos servidores
necessários ao funcionamento das escolas públicas de ensino fundamental.


Consultores do Fundescola/DIPRO/FNDE/MEC.

7
Requisitos

PRIMEIRO REQUISITO:
Admissão dos servidores em exercícicio
na escola, em caráter permanente,
por meio de concurso público.

Justificativa:

De acordo com a Constituição Federal (CF, art. 37, II), o acesso a cargo público
permanente depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas
e títulos. O ingresso no magistério público deve verificar-se exclusivamente por concurso
público de provas e títulos (CF, art. 206, V, e LDB, art. 67, I), não se permitindo, pois, a
realização de concurso apenas de provas. Entre os requisitos para prestação do
concurso público para o magistério deve, em primeiro lugar, ser considerada a formação
exigida pela LDB para o exercício profissional.
Em geral, servidores concursados possuem melhor competência técnica, mais
autonomia e permanecem por tempo maior, às vezes, toda sua vida profissional, no
serviço público, enquanto servidores admitidos sem concurso apresentam, em geral,
menor competência, são mais vulneráveis a pressões político-partidárias e mais
transitórios, podendo ser substituídos com freqüência. Assim, assegurar o ingresso
dos servidores da educação por meio de concurso torna-se imprescindível para garantia
da qualidade da escola pública.

Verificação de seu cumprimento:

Ao analisar o quadro de pessoal da escola, a maioria de seus servidores deve ter


sido admitida por concurso. Além disso, servidores não concursados podem atuar na
escola, mas somente nas seguintes situações: em primeiro lugar, os servidores que se
tornaram estáveis no serviço público pela Constituição Federal, ou seja, com no mínimo
cinco anos de contrato à data da sua promulgação em 05 de outubro de 1988; em
segundo lugar, os servidores admitidos por contrato temporário de trabalho, por tempo
determinado; é o caso, por exemplo, de serviços eventuais de reformas no prédio da
escola ou contratação de professores ou outros servidores para substituições
temporárias ou, ainda, face à ausência de banco de concursados, para provimento em
caráter provisório de vaga no quadro permanente. Por sua vez, a ausência de
concursados pode decorrer da não realização de concurso com a regularidade
necessária ou da falta de candidatos e/ou de aprovados, na hipótese de concurso
recentemente realizado.

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Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

Procedimentos para sua garantia:

Se a análise do quadro de pessoal da escola apontar a presença de servidores sem


concurso fora das situações citadas, a providência a ser tomada pela administração
pública consiste na imediata realização de concurso público. No caso dos professores,
a LDB (art. 85) dispõe que “qualquer cidadão habilitado com a titulação própria poderá
exigir a abertura de concurso público de provas e títulos para cargo de docente de
instituição pública de ensino que estiver sendo ocupado por professor não concursado,
por mais de seis anos”, ressalvados os direitos dos servidores estáveis pela Constituição
de 1988.
Na hipótese da ausência de concursados por falta de inscrição ou aprovação em
concurso, ao mesmo tempo em que deve manter os contratos temporários para
assegurar a prestação dos serviços públicos, a administração da educação deve avaliar
as causas dessa ausência (por exemplo, baixos salários e/ou não atendimento às
exigências de escolaridade) e agir sobre elas, com o objetivo de garantir o provimento
de servidores concursados para as escolas.

SEGUNDO REQUISITO:
Profissionais da educação em exercício
na escola com formação inicial para o
magistério nos termos da LDB.

Justificativa:

De acordo com a LDB (art. 62), para a docência na educação básica, exige-se formação
em nível superior, licenciatura plena, admitida, como formação mínima para atuação na
educação infantil e quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível
médio, modalidade Normal. Para as atividades de suporte pedagógico à docência, como
coordenação pedagógica e orientação educacional, os profissionais de educação básica
devem ser formados em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-
graduação (LDB, art. 64), e possuir experiência prévia na docência (LDB, art. 67,
parágrafo único), fixada em, no mínimo, dois anos pela Resolução no 3/97.
As pesquisas sobre o rendimento escolar apontam que o nível de formação dos
profissionais é fundamental para assegurar a aprendizagem dos alunos na escola.
Segundo os resultados do SAEB, há “crescimento da proficiência dos alunos na medida
em que aumenta o nível de escolarização do professor”, do nível fundamental para o
médio e desse para o nível superior. Daí a necessidade imperiosa de se assegurar
formação mínima em nível médio para os docentes da educação infantil e anos iniciais
do ensino fundamental e habilitação superior, em cursos de graduação plena, para os

10
Requisitos

demais integrantes do magistério, e de se estimular a formação de todos os profissionais


da educação básica em nível superior até o final da Década da Educação, em dezembro
de 2007.

Verificação de seu cumprimento:

Na análise do quadro de pessoal da escola, deve-se proceder à verificação da


adequação entre a formação dos profissionais da educação e as atividades por eles
desenvolvidas.
Em primeiro lugar, deve-se verificar se existem leigos em exercício na escola. São
leigos os professores com formação de ensino fundamental completo ou incompleto,
ensino médio que não corresponda à habilitação magistério ou curso normal, ou curso
de graduação que não seja de licenciatura.
Além disso, os professores com curso de magistério em nível médio, que lecionam a
partir da 5a série do ensino fundamental ou no ensino médio, também são leigos para
atuar nessas etapas da educação básica. Por fim, é preciso considerar a relação entre a
licenciatura do professor e a disciplina que leciona, pois mesmo sendo titulado, o professor
pode estar atuando em componentes curriculares para os quais não foi habilitado.
Para o exercício da direção de escola, aos profissionais da educação tem-se exigido,
na maioria das redes públicas, além da experiência docente, formação inicial para o
magistério de acordo com os níveis de ensino oferecidos pelas escolas, ou seja, ensino
médio na modalidade Normal em escolas de educação infantil e/ou anos iniciais do
ensino fundamental e ensino superior em cursos de licenciatura em instituições que
oferecem os anos finais do ensino fundamental e/ou ensino médio. Mais recentemente,
adotou-se a prática de proporcionar aos integrantes do magistério indicados para a
direção das escolas atividades ou cursos de capacitação específica, com o objetivo de
assegurar o bom desempenho dessa função que, além da dimensão administrativa,
deve caracterizar-se fundamentalmente por sua dimensão pedagógica. Essa prática
aponta que, entre as alternativas previstas no artigo 64 da LDB, a preferência para a
formação dos diretores de escola recai no nível de pós-graduação, o que será
plenamente atingido quando todos os profissionais da educação básica forem formados
em nível superior.
Com vistas a assegurar padrão de qualidade da educação escolar, as atividades,
programas ou cursos de formação específica para a direção de escola devem
desenvolver competências, com base na LDB (art. 12), para a coordenação do processo
de elaboração e execução do projeto pedagógico da escola; administração de pessoal
e de recursos materiais e financeiros; garantia das condições necessárias para
cumprimento de dias e horas letivas, do plano de trabalho dos docentes e dos estudos
de recuperação; articulação com a comunidade escolar, priorizando a relação com os
pais no acompanhamento da freqüência e rendimento dos alunos.

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Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

Procedimentos para sua garantia:

Em primeiro lugar, a administração pública deve promover a habilitação dos


professores leigos em exercício no ensino fundamental. Quanto a essa questão, a Lei
do Fundef (art. 7o, parágrafo único) permite a aplicação de parte dos recursos de Fundo
destinados à remuneração dos profissionais do magistério, em efetivo exercício de
suas atividades no ensino fundamental público, na capacitação dos professores leigos,
no prazo de cinco anos, a contar da publicação da lei, ou seja, até dezembro de 2001.
Simultaneamente, a mesma Lei (art. 9o, § § 1o e 2o) estabelece prazo de cinco anos
para duração do quadro em extinção, integrado pelos leigos, a partir da implantação
do novo plano de carreira.
Em segundo lugar, os professores com curso de magistério em nível médio, que
lecionam a partir da 5a série do ensino fundamental ou no ensino médio, devem ser
habilitados em cursos de licenciatura ou devem retornar para atuação na educação
infantil ou anos iniciais do ensino fundamental. E o professor que leciona componente
curricular diferente da licenciatura que possui deve retornar à sua área de concurso ou
ser novamente habilitado.
Para promover a habilitação de professores em exercício, a administração pública
deve estabelecer parcerias com agências de formação, como escolas normais de nível
médio ou instituições de ensino superior.

TERCEIRO REQUISITO:
Atividades de suporte pedagógico à docência,
desenvolvidas diretamente na escola ou
sob responsabilidade do órgão da
administração da educação.

Justificativa:

Para que a docência desenvolva-se com bons resultados, é preciso que sejam
desempenhadas outras funções de magistério, denominadas de suporte ou apoio
pedagógico direto à docência pela legislação educacional. Assim, é necessário que as
atividades de direção dos estabelecimentos de ensino, de supervisão educacional ou
coordenação pedagógica e de orientação educacional sejam desenvolvidas por
profissionais do magistério com formação e experiência adequadas.

Verificação de seu cumprimento:

Deve-se verificar se, aos docentes, estão sendo garantidas as atividades de suporte
pedagógico. Por exemplo, a supervisão educacional ou coordenação pedagógica pode
consistir em atividades como visitas sistemáticas à sala de aula e registro das

12
Requisitos

observações, discussão dessas observações com o professor, reuniões periódicas


com grupos de professores para troca de experiências, identificação de dificuldades e/
ou de atividades bem-sucedidas, sessões de estudos para enfrentar problemas
constatados, etc. Essa atividade pode ser desenvolvida na escola, com carga horária
dos profissionais do magistério destinada no quadro de pessoal para esse fim ou, no
caso de escolas pequenas, a supervisão pode ser exercida pelas equipes técnicas das
secretarias da educação e podem ser realizadas reuniões de trabalho e/ou de estudos
com professores de mais de uma escola.

Procedimentos para sua garantia:

Deve-se encaminhar as providências necessárias para que, independentemente do


porte das escolas, essas atividades de apoio pedagógico sejam asseguradas aos
docentes. Essas providências podem variar desde a admissão de mais pessoal do
magistério até a realocação do pessoal em exercício, como, por exemplo, por meio da
correção de desvio de função, ou seja, quando profissionais da educação encontram-
se no desempenho de funções que não são de magistério como secretaria escolar,
merenda, portaria, etc. Podem, ainda, implicar a lotação de mais pessoal nas escolas
e/ou a organização de equipes técnicas na secretaria de educação para o
desenvolvimento das atividades de suporte pedagógico direto à docência em escolas
da rede que não comportam, em seu quadro de pessoal, a presença de profissionais
especialmente designados para essas funções. Além disso, as equipes técnicas das
secretarias devem exercer seu trabalho de supervisão junto aos coordenadores das
escolas que, por seu porte, possuem esses profissionais em seus quadros.

QUARTO REQUISITO:
Jornada de trabalho para o magistério com período
reservado a estudos, planejamento e avaliação,
e duração de até 40 horas semanais,
nos termos da LDB e da Resolução no 3/97 da CEB do CNE.

Justificativa:

De acordo com a Resolução no 3/97, a jornada de trabalho do magistério: 1o – não


pode ser maior do que 40 horas semanais; 2o – pode ser menor do que 40 horas
semanais (20, 25, 30 horas...); 3o – deve ser preferencialmente de 40 horas semanais,
pois a jornada integral permite a vinculação do professor a uma única rede de ensino
e, se possível, a uma unidade escolar, possibilitando maior envolvimento e compromisso
do professor com a escola e seus alunos; 4o – deve, qualquer que seja sua duração,
ser constituída de horas-aula e horas-atividade, estas últimas correspondendo a uma
proporção entre 20% e 25% do total da carga horária semanal.

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Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

Essa composição da jornada de trabalho fundamenta-se na necessidade de


remunerar o trabalho extraclasse, inerente à atividade do professor, e de viabilizar a
formação continuada do magistério e a elaboração e execução da proposta pedagógica
das escolas com a participação dos docentes e da comunidade escolar (LDB). Portanto,
a previsão de horas-atividade visa a assegurar espaço para trabalho individual do
professor – preparação das aulas e correção das tarefas dos alunos – e trabalho coletivo
– reuniões pedagógicas, articulação com pais e comunidade, e programas de estudos,
transformando a escola em unidade de capacitação do magistério.

Verificação de seu cumprimento:

Em primeiro lugar, na legislação do Estado ou Município relativa ao magistério, é


preciso verificar o cumprimento dessas diretrizes nacionais referentes à duração e
composição da jornada de trabalho dos professores. Em segundo lugar, deve-se verificar
se, na escola, os profissionais do magistério estão cumprindo a jornada de trabalho e,
no caso dos docentes, ministrando o número de horas-aula correspondentes ao cargo
público que ocupam.

Procedimentos para sua garantia:

Se for o caso, deve-se proceder à alteração da legislação do Estado ou Município


no sentido de observar o que determinam as diretrizes nacionais relativas à jornada
semanal de trabalho dos profissionais da educação. Em seqüência, ainda se for o
caso, deve-se adequar o quadro de pessoal da escola às determinações legais, por
exemplo, redefinindo turnos e horários para cumprimento das jornadas de trabalho ou
complementando as horas-aula dos docentes, podendo-se, para isso, considerar a
obrigatoriedade dos estudos de recuperação para os alunos de baixo rendimento
escolar, preferencialmente paralelos ao período letivo.

QUINTO REQUISITO:
Planos de carreira e remuneração para o
magistério público com piso salarial profissional
e progressão funcional baseada na titulação ou
habilitação e na avaliação de desempenho,
nos termos da LDB e da Resolução no 3/97.

Justificativa:

A Constituição Federal de 1988 (art. 206, V) determina a elaboração de planos de


carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos. A LDB dispõe (art. 67) que

14
Requisitos

os sistemas de ensino devem assegurar estatutos e planos de carreira para o magistério


público e define, em seis incisos, diretrizes para esses planos. E a Lei que regulamenta
o Fundef estabelece (arts. 9o e 10) que Estados, Distrito Federal e Municípios devem
dispor de novo Plano de Carreira e Remuneração do Magistério, de acordo com
diretrizes emanadas do Conselho Nacional de Educação (Resolução no 3, de 8 de
outubro de 1997 da Câmara de Educação Básica).
A organização da carreira do magistério deve constituir-se em meio de incentivo ao
professor, para que adquira novos níveis de escolaridade e busque atualização,
experiência profissional e aperfeiçoamento de seu trabalho junto aos alunos. Para
assegurar progressão baseada na titulação ou habilitação, a carreira do magistério
deve prever níveis de titulação, médio e superior, e progressão entre eles, para estimular
a busca da formação em cursos de licenciatura plena. Embora outros fatores possam
ser considerados para evolução na carreira, a avaliação do desempenho dos
profissionais da educação deve constituir-se em principal fator de progressão, para
que a melhoria da prática docente e da aprendizagem dos alunos reverta em posições
superiores na carreira e maiores remunerações. Carreiras com evolução automática
por tempo de serviço ou antigüidade são aberrações, pois geram mecanismos de
acomodação e apatia, não contribuindo para a melhoria da qualidade da educação
escolar nem para a valorização profissional do magistério.
Na composição da remuneração dos profissionais da educação, os novos planos
de carreira devem caracterizar-se pela valorização do vencimento profissional, com
recomposição do valor do vencimento da categoria em detrimento de vantagens
(gratificações e adicionais) pagas a parcelas dos professores, resultando, assim, em
valorização da profissão e da carreira do magistério.

Verificação de seu cumprimento:

Para verificar o cumprimento do requisito relativo ao plano de carreira e remuneração


do magistério, é preciso: 1o – conferir a existência de lei estadual ou municipal dispondo
sobre a matéria; 2o – avaliar se a legislação existente contempla as diretrizes da LDB
e da Resolução no 3/97 para a carreira do magistério; 3o – verificar se essa legislação
está sendo efetivamente implementada na educação estadual ou municipal.

Procedimentos para sua garantia:

Se for o caso, deve-se encaminhar a elaboração da lei relativa ao plano de carreira


e remuneração do magistério, observando-se as diretrizes nacionais, e assegurar sua
implementação. Para isso, é necessário propor e regulamentar processos de avaliação
do desempenho dos profissionais da educação, institucionalizando-os na prática
cotidiana das redes e sistemas de ensino.

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Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

SEXTO REQUISITO:
Aperfeiçoamento profissional
continuado dos profissionais da educação,
nos termos da LDB e da Resolução no 3/97.

Justificativa:

De acordo com a LDB (art. 67, II), os estatutos e planos de carreira dos profissionais
do magistério devem assegurar-lhes o acesso a programas de educação continuada,
por meio de licenciamento periódico remunerado para aperfeiçoamento profissional.
Ao mesmo tempo, a LDB inclui entre as finalidades dos Institutos Superiores de
Educação a oferta de “programas de educação continuada para os profissionais de
educação dos diversos níveis”, os quais podem também ser oferecidos por outras
instituições de educação superior e pelas secretarias de educação dos Estados e
Municípios.
A garantia de formação continuada do magistério corresponde não só à aspiração
do ser humano de busca permanente do conhecimento, mas às necessidades da era
científica e tecnológica de aprimoramento e atualização dos professores, através de
cursos de qualificação profissional e de cultura geral, para acompanhar as constantes
mudanças na sociedade.

Verificação de seu cumprimento:

É necessário verificar se a legislação pertinente ao magistério regulamenta o direito ao


aperfeiçoamento profissional continuado por meio de licenciamento periódico
remunerado para esse fim, e, no caso da previsão legal, se esse direito está sendo
assegurando na prática aos profissionais da educação básica.
A regulamentação das condições para esse licenciamento periódico dos
professores deve incluir: 1o – requisitos para o profissional habilitar-se a esse direito
e duração de tal licença; 2o – critérios para definição de cursos e programas a serem
aceitos de acordo com as necessidades e prioridades da rede de ensino; 3o – previsão
do número de profissionais a serem liberados para esse benefício a cada período,
bem como de critérios de seleção desses profissionais e de sua necessária
substituição; 4o – critérios para definição das instituições credenciadas onde esses
cursos e programas podem ser desenvolvidos. Como exemplo de regulamentação
do licenciamento remunerado para aperfeiçoamento continuado, a Lei no 9527/97,
que altera o regime jurídico único dos servidores federais, dispõe sobre licença para
capacitação, em substituição à licença-prêmio, isto é, após cada qüinqüênio de efetivo
exercício, o servidor poderá, no interesse da administração, afastar-se das funções
de seu cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, para
participar de curso de capacitação profissional (art. 87). Essa pode ser uma alternativa
adequada, e viável do ponto de vista financeiro, para a previsão de licenças

16
Requisitos

remuneradas, na medida em que o ônus da licença-prêmio já integrava os custos da


administração pública com pessoal. Modifica-se apenas a finalidade da dispensa
com remuneração, que deixa de ser para descanso ou lazer e passa a se constituir
em período para capacitação profissional.

Procedimentos para sua garantia:

Se for o caso, deve-se encaminhar a necessária alteração da legislação do Estado


ou Município no sentido de regular o direito de todos os integrantes do magistério a
programas de educação continuada e, ainda, é preciso assegurar a implementação
desses dispositivos legais na prática das redes públicas de ensino.

SÉTIMO REQUISITO:
Recursos humanos para garantia dos serviços de
secretaria de escola, multimeios didáticos, alimentação
escolar e serviços gerais relativos à manutenção da
infra-estrutura dos prédios escolares (atividades como
limpeza, higiene, portaria e vigilância) e ao transporte escolar.

Justificativa:

Para que o processo ensino/aprendizagem possa desenvolver-se com qualidade é


necessário, por exemplo, que: o prédio escolar apresente condições adequadas de
higiene e segurança; os sanitários estejam limpos e as instalações hidráulicas
funcionem; a instalação elétrica permita a utilização de aparelhos eletrônicos e não
ofereça riscos a alunos e professores; a merenda escolar seja servida diariamente,
com qualidade nutritiva e cardápios variados; as salas de aula e demais dependências
da escola sejam sistematicamente limpas e apresentem condições de uso; os recursos
didáticos à disposição dos professores, como mapas e atlas, retroprojetores e
mimeógrafos, aparelho de televisão, videocassete e computadores, sejam guardados
com os cuidados necessários e passem permanentemente por reparos e consertos;
os registros escolares, como os relativos à matrícula, freqüência e avaliação dos alunos
e à vida funcional do pessoal em exercício na escola, sejam realizados de forma
sistemática e com correção.
Em conformidade com o tamanho da escola, esses serviços podem ser realizados
na própria unidade escolar, por pessoal admitido com esse objetivo, ou podem ser
fornecidos à escola pelo órgão da administração da educação. Já o transporte
escolar, programa suplementar ao educando do ensino fundamental público, deve
assegurar o deslocamento do aluno no trajeto residência-escola-residência, o que

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Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

se faz especialmente necessário no meio rural. Embora todos sejam igualmente


necessários e importantes à realização do ato educativo, os serviços de secretaria
de escola e de multimeios didáticos estão mais diretamente relacionados ao
processo de ensino-aprendizagem do que os de alimentação e serviços gerais, o
que se reflete, conforme veremos no requisito seguinte, na formação mínima a ser
exigida do pessoal responsável por esses serviços. Por fim, o serviço de assistência
à saúde do escolar, também programa suplementar ao ensino fundamental público,
que se desenvolve por meio de ações preventivas, de diagnóstico e/ou curativas,
pode ser oferecido em instituições próprias, como os postos de saúde, ou mesmo na
escola, mas sempre com recursos humanos próprios do sistema público de saúde, e
não da educação.

Verificação de seu cumprimento:

Deve-se verificar se os serviços de secretaria de escola, alimentação escolar,


multimeios didáticos e manutenção da infra-estrutura dos prédios escolares, estão
garantidos à escola, podendo ser executados diretamente na unidade escolar por
pessoal ali lotado ou fornecidos pelo órgão da administração da educação. Se fornecidos
à escola, é necessário assegurar a regularidade e a qualidade dos serviços prestados.
Se executados na unidade escolar, é preciso averiguar a presença dos servidores
necessários à realização desses serviços. Por fim, deve-se averiguar se os serviços
de transporte escolar e de assistência à saúde estão sendo assegurados aos alunos
do ensino fundamental público que deles necessitam.

Procedimentos para sua garantia:

Se for o caso, deve-se proceder às alterações necessárias na legislação local,


realizar concursos públicos e adotar procedimentos administrativos que assegurem
a presença, a regularidade e a qualidade dos serviços de secretaria de escola,
alimentação escolar, multimeios didáticos e manutenção da infra-estrutura dos
prédios escolares nas escolas públicas de ensino fundamental em todo o País. Além
disso, deve-se adotar as providências adequadas para assegurar transporte escolar
aos alunos que dependem desse serviço para acesso à escola e, em articulação
com o sistema de saúde, garantir assistência à saúde aos educandos do ensino
fundamental público.

18
Requisitos

OITAVO REQUISITO:
Formação em nível médio, admitida em alguns
casos a formação em nível fundamental,
com capacitação específica para o pessoal da educação
responsável pelas atividades
técnico-administrativas e de apoio educacional.

Justificativa:

Na medida em que todas as atividades vivenciadas pelos alunos na escola são


educativas, e não só as relativas ao ensino, é preciso assegurar formação adequada
aos demais servidores da educação, responsáveis pelas atividades de secretaria
escolar, multimeios didáticos, alimentação escolar e serviços gerais de manutenção
da infra-estrutura escolar. Assim, para a função de secretário(a) de escola deve-se
exigir a escolaridade de nível médio; já para os auxiliares de secretaria, presentes em
escolas de maior porte, pode aceitar-se a formação correspondente ao ensino
fundamental completo. Para as atividades relativas à operação de mimeógrafo,
retroprojetor, projetor de slides, televisor, videocassete, computador, fotocopiadora, à
atuação em laboratórios de ciências e informática, e à orientação da leitura em salas
de leitura ou bibliotecas escolares, entende-se necessária a formação em nível médio.
Para a função de merendeira, responsável pelas atividades relacionadas com a
preparação, conservação, armazenamento e distribuição da alimentação escolar e
para as funções de vigilância, segurança, limpeza e higiene, conservação e reparo do
prédio escolar, e transporte escolar, pode-se admitir a formação em nível fundamental.
As denominações dos cargos ou empregos públicos correspondentes a essas funções
na escola são variadas entre Estados e Municípios, encontrando-se as seguintes
terminologias: agentes administrativos, auxiliares administrativos, auxiliares de serviços
gerais, etc. Mais recentemente vem se adotando a definição dos cargos de Técnico-
administrativo educacional e Apoio administrativo educacional.

Verificação de seu cumprimento:

Considerando a definição de exigência de formação em nível fundamental ou médio


e de capacitação específica, deve-se proceder a levantamento da escolaridade dos
servidores em atuação nas escolas ou que, lotados nos órgãos de administração da
educação, são responsáveis pela garantia desses serviços às escolas públicas de
ensino fundamental.

Procedimentos para sua garantia:

A administração publica deve assumir a responsabilidade pela qualificação desses


servidores em exercício nas escolas, proporcionando, se for o caso, a complementação
do ensino fundamental e/ou do ensino médio e oferecendo cursos, programas e

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Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

atividades de capacitação em serviço para secretários de escola, auxiliares de secretaria,


merendeiras, técnicos em multimeios didáticos, agentes administrativos, vigias,
serventes, porteiros, motoristas, etc. Com esse objetivo, a administração pública deve
estabelecer parcerias com agências de formação, especialmente com escolas normais
de nível médio ou instituições de formação profissional, como o SENAC.
Simultaneamente, deve-se encaminhar as necessárias modificações na legislação de
pessoal da educação e promover as conseqüentes alterações nos próximos concursos
para provimento dos cargos ou empregos públicos a serem ocupados pelos servidores
não integrantes do magistério a serem lotados nas escolas e órgãos de administração
das redes de ensino.

20
Número de profissionais

DEFINIÇÃO DO NÚMERO DE
PROFISSIONAIS POR ESCOLA

A matriz proposta tem por objetivo orientar a alocação de recursos humanos para
funcionamento das escolas de ensino fundamental. Ela se compõe de um conjunto de
variáveis que devem ser necessariamente consideradas. Não são oferecidos parâmetros
quantitativos definitivos, na medida em que as diferentes combinações possíveis dessas
variáveis poderão resultar em soluções diferenciadas para os distintos perfis de
funcionamento das escolas. Em alguns casos, como o da docência, são oferecidos
procedimentos para determinar o número necessário de profissionais. Em outros, no
entanto, é possível apresentar apenas, a título indicativo, alguns resultados, por sinal
bastante sugestivos, derivados da análise dos dados disponíveis no Fundescola, a
partir do Levantamento da Situação Escolar (LSE). Estes dados, coletados em 1997 e
1998, se referem a 13.530 escolas, situadas em cerca de 247 municípios das regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País.

21
Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

PADRÕES MÍNIMOS – MATRIZ RECURSOS HUMANOS

22
Ensino

DOCÊNCIA

Docentes
A alocação de professores depende basicamente da organização curricular, da
faixa etária dos alunos atendidos pela escola e do número de turmas. Uma escola
de anos iniciais do ensino fundamental normalmente está organizada no regime da
unidocência (um regente de classe por turma). Já o atendimento dos anos finais do
ensino fundamental se faz com um professor por componente curricular. No primeiro
caso, serão necessários, em princípio, tantos professores quantas forem as turmas.
Isto, porém, ainda dependerá do número de turnos e da jornada de trabalho dos
professores. Se a escola, por exemplo, operar em dois turnos, com duração de quatro
horas, e os professores tiverem jornada de trabalho de quarenta horas, não é possível
que um mesmo docente possa dar atendimento integral a duas turmas, pois, segundo
as normas legais (Resolução CEB/CNE no 3/97), a jornada de trabalho do docente
deve conter um mínimo de 20% a 25% de horas/atividade fora da regência de classe.
Portanto, um professor com jornada de quarenta horas semanais poderá ministrar no
máximo trinta e duas horas-aula e será necessária a alocação de outro docente para
cobrir as outras oito horas-aula junto às turmas.
Este conjunto de variáveis pode ser reunido em uma fórmula que permite determinar
facilmente o número necessário de professores:

Em cada turno:
Número de turmas x Jornada escolar semanal
Número de professores =
Horas/aula na jornada semanal de trabalho do professor

Um exemplo: a escola tem seis turmas, com uma jornada escolar semanal de 20
horas. A jornada de trabalho dos professores é de 20 horas, com 15 horas/aula e 5
horas/atividade. A aplicação da fórmula é simples:

6 turmas x 20 horas 120


= = 8 professores
15 horas 15

Para cada turma, haverá um professor regente de classe que trabalhará quinze
horas/aula com seus alunos e cumprirá, fora de sala de aula, 5 horas/ atividade. Isto
resulta em 6 professores regentes. Há, porém, um total de 30 horas/atividades destes
docentes (6 turmas x 5) que deverão ser cobertas por outros professores. Serão,
portanto, necessários dois professores adicionais, cada um cumprindo 15 horas em
sala de aula e suas respectivas 5 horas/atividade.
No caso do atendimento aos anos finais do ensino fundamental, é preciso levantar
quantas turmas existem e multiplicar pelo número de horas-aula previsto por

23
Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

componente na grade curricular. Fixado o número total de horas necessárias por


componente curricular, faz-se o cruzamento com a jornada de trabalho dos professores,
sempre considerando a relação entre horas/aula e horas/atividade nessa jornada.
É preciso considerar também os turnos em que as aulas são ministradas. Por exemplo,
para um professor com jornada de vinte horas semanais, a ser cumprida em um único
turno, das quais dezesseis em sala de aula e quatro horas/atividade, não é possível
destinar doze aulas no turno da manhã e quatro no turno da noite.
Este conjunto de variáveis pode ser reunido na fórmula adiante apresentada:

Em cada turno:
Número de turmas x Carga horária semanal do componente curricular
Número de professores =
Horas/aula na jornada semanal de trabalho do professor

Um exemplo: na escola há trinta turmas no turno da manhã. A carga horária semanal


de Matemática é de 5 horas/aula em cada turma. A jornada de trabalho dos professores
é de 25 horas semanais (20 horas/aula e 5 horas/atividade). A aplicação da fórmula é
simples:
30 x 5 150
= = 7,5 , isto é, 8 professores
20 20

Como pode ser deduzido do cálculo acima, um professor ficará com sua carga de
trabalho subutilizada em 10 horas semanais (o 0,5 que foi arredondado para chegar a
8). Isto remete ao item seguinte, que trata da substituição.

Substituição
Toda escola se depara com a necessidade de suprir, no dia-a-dia, as ausências
eventuais de professores. É comum que, no corpo docente de cada uma, exista uma
equipe de professores, por componente curricular, destinada a suprir as faltas. A melhor
forma de estimar o número de professores substitutos necessários em cada escola é
realizar uma estimativa razoável do percentual de ausências e acrescentar, no cálculo
do número necessário de docentes, a carga horária total correspondente a estas faltas.
A fórmula fica assim modificada:
Em cada turno:
(Número de turmas x Carga horária semanal do componente curricular) +
Valor estimado de carga horária de substituição
Número de professores =
Horas/aula na jornada semanal de trabalho do professor

Por exemplo, estimou-se que, na escola em questão, há um total de ausências que,


em média, corresponde a 6% da carga horária semanal de Matemática. Se essa carga
é de 150 horas, 6% correspondem a 9 horas. Aplicando na fórmula:

(30 x 5) + 9 159
= = 7,95, isto é, 8 professores
20 20

24
Suporte Pedagógico

DIREÇÃO
No conjunto da função de direção,
pode-se pensar na existência de diretor
e de vice-diretor(es).

Diretor

A existência de um diretor é com certeza condicionada pelo tamanho e pela


complexidade da escola. Um pequeno estabelecimento, com reduzido número de
alunos, como uma grande parte das escolas de zona rural, pode não justificar a alocação
de um diretor. Nestes casos, é muito comum que o professor fique responsável pelas
tarefas básicas administrativas na escola e pela representação da escola junto à
comunidade e que os registros escolares legais sejam mantidos por um setor da
Secretaria de Educação.
Contudo, à medida que se amplia o número de estudantes e que as funções
administrativas e pedagógicas se tornam mais complexas, torna-se necessária a
existência de diretor na escola. Por tal razão, a matriz consagra apenas duas variáveis:
a principal é o número de alunos, à qual com certeza deve ser considerada em conjunto
com a jornada de trabalho do profissional. Os dados disponíveis para o presente
trabalho evidenciam a existência do diretor em mais de 60% das escolas com cem ou
mais alunos. Verifica-se também a presença do diretor em escolas menores, porém
em proporção bem menos significativa: em escolas que atendem a uma faixa de 51 a
100 alunos: apenas 27% dispõem de diretor.

Vice-diretor

À medida que os estabelecimentos crescem em número de alunos e de turmas e


passam a operar em turnos variados, pode ser justificável a existência de vice-diretor(es).
Uma grande escola, operando em três turnos, com um diretor com jornada de trabalho
de quarenta horas semanais, certamente requer ao menos um vice-diretor.
Em termos quantitativos, observa-se que, a partir de quatrocentos a quatrocentos e
vinte alunos, divididos em dez a doze turmas, seria recomendável a existência um
vice-diretor. E a cada novo contingente de mesmo tamanho, a alocação de um vice-
diretor adicional.

25
Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

COORDENAÇÃO
PEDAGÓGICA

Coordenador (Geral)

Como já afirmado anteriormente, a coordenação pedagógica é sempre necessária,


seja ela exercida diretamente pela Secretaria de Educação ou na escola.
A existência de uma coordenação pedagógica na escola está diretamente
condicionada pelo tamanho do estabelecimento. Neste caso, porém, importam outras
variáveis: a ampliação do número de turmas, requerendo o aumento do número de
professores, eleva a necessidade de atividades de integração do trabalho pedagógico,
justificando a existência de tal coordenação. Como sempre, a jornada de trabalho do
profissional é variável condicionante para o exercício da função. Até mesmo porque
pode-se verificar a situação em que um docente seja designado para dedicar parte de
sua carga horária a essa atividade.
A presença do coordenador pedagógico passa a ser observada de modo significativo
em escolas com mais de dez turmas, com dez ou mais professores. De fato, 40% das
escolas com onze a quinze turmas têm pelo menos um coordenador pedagógico; 47%
das que atendem a um intervalo de dezesseis a vinte turmas; e 52% daquelas com
vinte e uma a vinte e cinco turmas.
A existência de mais de um coordenador pedagógico passa a ser observada, de
modo consistente, em escolas com mais de quinze turmas. De fato, das escolas com
dezesseis a vinte turmas e que contam com coordenação pedagógica, 54% dispõem
de pelo menos dois coordenadores. O contingente de escolas com três ou mais
coordenadores passa a ser inequivocamente significativo em escolas com 26 a 30
turmas: das escolas com dois ou mais coordenadores pedagógicos, 64% têm três ou
mais coordenadores. Em resumo, pode ser retirado um padrão de que um intervalo
entre seis e dez turmas implica um coordenador pedagógico adicional. Este padrão
dá indicações, portanto, para o desdobramento da função, tal como abordado a seguir.

Coordenador de série/ciclo

O tamanho e a complexidade da escola podem requerer o desdobramento da


coordenação pedagógica. As necessidades de integração horizontal, em escolas com
elevado número de turmas por série ou ciclo, requerendo grande número de docentes
e operando em variado número de turnos (diurnos e noturno) podem impor a
necessidade deste tipo de coordenação. A jornada de trabalho, como sempre, é
condicionante do tempo possível de dedicação dos profissionais a esta função, pelas
mesmas razões mencionadas no item anterior.

26
Suporte Pedagógico

A existência de um coordenador de série/ciclo é recomendável quando a série ou


ciclo, em função dos dados levantados no item anterior, reúne pelo menos seis turmas,
com um número mínimo equivalente de professores. A existência de turnos variados
determina a necessidade de integração do trabalho escolar, levando à necessidade
deste tipo de coordenador, em apoio ao trabalho do coordenador pedagógico geral.

Coordenador de componente curricular

Do mesmo modo, o tamanho e a complexidade da escola podem requerer o


desdobramento da coordenação pedagógica no sentido de promover a integração
vertical e horizontal, por componente curricular. Isto é notadamente verdadeiro para as
escolas com organização curricular por disciplina, com grande número de turmas
e, por conseqüência, com elevado número de docentes. Novamente aqui, pelas
mesmas razões mencionadas nos itens anteriores, há que considerar a jornada de
trabalho do profissional designado para tal função.
Este coordenador é normalmente observado em escolas que atendem aos anos
finais do ensino fundamental. Sua existência normalmente se observa quando, por
exemplo, em escolas com regime seriado, há, por série, pelo menos quatro turmas.
Isto pode determinar a existência de professores que atuam em uma única série, levando
à necessidade de mecanismos específicos, como este tipo de coordenação, para
integração do trabalho pedagógico por componente curricular.

ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL

Orientador educacional

A atividade do orientador educacional volta-se tanto para o corpo discente como


para o corpo docente. Deste modo, o número de alunos e número de docentes são
variáveis determinantes para a alocação deste tipo de profissional. Ela será também
condicionada pela combinação da sua jornada de trabalho com o número de turnos
com que a escola funciona. Assim, por exemplo, um único orientador educacional
pode atender a duas pequenas escolas ou até mesmo mais. Uma escola de grande
porte, porém, pode requerer a existência de um ou mais orientadores educacionais fixos.
Em geral, um orientador educacional, com jornada semanal de vinte horas, consegue
atender com eficiência a até trezentos ou trezentos e vinte alunos, sob a
responsabilidade de uma equipe de dez a quinze professores.

27
Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

RECURSOS DIDÁTICOS
LEITURA

Auxiliar de Biblioteca

Escolas pequenas em geral mantêm cantos de leitura, muitas vezes nas próprias
salas de aula. Contudo, à medida que cresce o número de alunos, as tarefas de
organização do acervo tornam-se mais complexas, ele mesmo sendo ampliado, bem
como o número de consultas e empréstimos, justificando a existência do auxiliar de
biblioteca. Obviamente a combinação da jornada de trabalho com o número de turnos
em que a escola opera condiciona a alocação deste tipo de profissional.
A existência deste profissional nas escolas brasileiras é escassa. Dentre as escolas
examinadas pelo LSE, divididas em faixas de matrículas com intervalo de classe igual
a cem alunos, o percentual de escolas com a presença deste profissional, em cada
faixa, atingiu um máximo de 25%. No entanto, sua existência seria recomendável em
escolas que, em função de seu tamanho, devam manter uma biblioteca, com movimento
razoável de consulta. Neste sentido, seria adequado pensar na alocação de um auxiliar
de biblioteca em escolas com mais de cento e oitenta ou duzentos alunos.

MULTIMEIOS

Auxiliar de multimeios

O tamanho da escola também determina a necessidade do auxiliar de multimeios.


Um certo número de turmas que obrigue ao planejamento do compartilhamento do
uso dos recursos e ao seu deslocamento entre as salas de aula, ou mesmo à
manutenção de uma sala de multimeios, pode exigir a presença desse profissional. A
combinação da sua jornada de trabalho com o número de turnos de operação da
escola pode determinar a existência até mesmo de mais de um profissional. Por
exemplo, escolas operando em três turnos, com grande número de turmas por turno.
Recomenda-se a existência de um auxiliar de multimeios a partir de seis turmas
por turno.

28
Suporte Pedagógico

ADMINISTRAÇÃO
SECRETARIA

Secretário

Os serviços de registros escolares e correlatos tornam-se progressivamente mais


complexos à medida que se amplia o corpo discente. A existência do secretário, portanto,
está diretamente condicionada pelo número de alunos da escola.
Observa-se como tendência a existência do secretário em um número significativo
de escolas a partir da faixa de duzentos e cinqüenta a trezentos alunos, ou de oitenta
a cem alunos por turno de funcionamento.

Auxiliar de secretaria

A ampliação da escola, com maior número de alunos e maior número de docentes,


eleva a quantidade de tarefas de registros escolares (controle de diários de classe,
expedição de documentos, etc.), podendo requerer a existência de auxiliar(es) de
secretaria. Ela também é determinada pelo número de turnos da escola, combinado
com a jornada de trabalho desses profissionais. Escolas operando em três turnos
(sendo um noturno) certamente requerem este profissional de apoio.
A alocação de auxiliar de secretaria geralmente ocorre quando a escola ultrapassa o
atendimento a cem alunos por turno, sob a responsabilidade de quatro ou mais docentes.

SERVIÇOS
GERAIS
Esse conjunto engloba os serviços de
higiene e limpeza, manutenção e
segurança do patrimônio escolar.

Higiene e limpeza
Servente

A quantidade de serventes em uma escola tem relação direta com o espaço físico,
representado pelo número de dependências do prédio escolar. Esta variável, porém,
é insuficiente, pois a intensidade de uso de tais dependências é também importante. É
preciso, pois, considerar o número de turmas e o número de turnos com que a
escola opera. Há, porém, uma outra importante variável: a faixa etária dos estudantes

29
Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

atendidos pela escola. Crianças menores normalmente geram necessidades de higiene


e limpeza bem maiores. A jornada de trabalho do servidor, combinada com o número
de turnos, é obviamente relevante para determinar o número de serventes.
A realidade indica que, em escolas com três salas de aula, deve ser alocado pelo
menos um servente, presente em cada turno. A quantidade dependerá então da duração
da jornada de trabalho do servidor.

Manutenção
Auxiliar de serviços gerais

Aqui se trata dos serviços rotineiros de manutenção das instalações escolares, os


pequenos reparos necessários no dia-a-dia, além da conservação de materiais e
equipamentos. A quantidade de auxiliares de serviços gerais também tem relação
direta com o espaço físico, representado pelo número de dependências do prédio
escolar. A intensidade de uso é igualmente relevante, considerada por meio de variáveis
como número de alunos, número de turmas e número de turnos. É sempre
necessário considerar a jornada de trabalho do servidor, combinada com o número
de turnos com que a escola opera.
A presença deste auxiliar também se observa, de modo significativo, em escolas a
partir de três salas de aula, em cada turno de funcionamento.

Segurança
Porteiro/vigia/zelador

As questões de segurança estão diretamente relacionadas ao porte da escola, ao


fluxo de alunos. Desse modo, são relevantes o número de alunos e o número de
turnos. A jornada de trabalho do servidor também deve ser necessariamente
considerada, em combinação com o número de turnos.
A presença deste profissional é recomendada em escolas da zona urbana, com
cem ou mais alunos.

ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
PREPARO/DISTRIBUIÇÃO DA MERENDA

Merendeira

O número de merendeiras é condicionado pelo volume de refeições a ser preparado


e distribuído e os períodos em que isto deve ser realizado. Assim sendo, importam o

30
Suporte Pedagógico

número de alunos e o número de turnos de funcionamento da escola. É preciso


também levar em conta a jornada de trabalho do servidor em combinação com o
número de turnos.
A merendeira é uma profissional normalmente encontrada em escolas com mais de
cem alunos, até um certo limite de quarenta ou mais alunos por turno. A alocação de
uma merendeira adicional, por turno, ocorre quando o número de alunos ultrapassa a
faixa de setenta ou oitenta.

TRANSPORTE
ESCOLAR

Motorista

O serviço de transporte escolar não é oferecido pela escola e sim pela Secretaria de
Educação. No entanto, é importante assinalar que, sob a ótica de cada unidade de
ensino, o número de alunos e o número de turnos são variáveis determinantes da
necessidade desse serviço. A combinação da jornada de trabalho do servidor com
essas variáveis também é fundamental.

ASSISTÊNCIA À SAÚDE
PREVENÇÃO/DIAGNÓSTICO

Profissionais de saúde

Os serviços de assistência à saúde também são prestados pelo órgão central, em


articulação com os órgãos responsáveis pela saúde na localidade. E os servidores
também não são profissionais da educação. A sua alocação, contudo, sob a ótica de
cada unidade de ensino, depende do número de alunos e do número de turnos de
funcionamento. A combinação da jornada de trabalho do servidor com essas variáveis
também é indispensável.

31
Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

EXEMPLOS DE QUANTITATIVOS DE RECURSOS HUMANOS POR TIPOLOGIAS DE ESCOLA

32
Suporte Pedagógico

ESCOLA (1)

a) o número de docentes depende dos turnos de funcionamento da escola e da


jornada de trabalho do professor: considerada a jornada de 25 horas semanais (20
horas-aula e 5 horas-atividade) e 4 turmas, são necessários 4 docentes, sendo 2 por
turno.
b) a substituição e a coordenação pedagógica devem ser oferecidas à escola pela
secretaria de educação.
c) as tarefas relativas à direção, secretaria da escola e recursos didáticos são
realizadas em parte pelos docentes e em parte por pessoal lotado na secretaria de
educação.
d) considerando uma jornada semanal de 40 horas, essa escola deve contar com
uma merendeira que também realize as tarefas de higiene e limpeza.
Observação: Em escolas com um único professor, ele mesmo é, em geral,
encarregado das tarefas de limpeza e merenda escolar.

ESCOLA (2)

a) da mesma forma, o número de docentes depende do número de turmas (e não


do número de salas – um prédio com 4 salas pode ter até 12 turmas de alunos, ou
seja, 4 turmas em cada um dos 3 turnos) e da jornada de trabalho dos professores; se
2 turnos, 8 turmas e jornadas de 25 horas semanais, são necessários 8 docentes,
sendo 4 por turno.
b) com 4 turmas por turno, essa escola deve ter mais de cem alunos por turno de
funcionamento; assim, deve ter um diretor com 40 horas semanais; se funcionar em 3
turnos, com 10 a 12 turmas, é recomendável a presença de um vice-diretor com 20 ou
25 horas semanais.
c) em geral, escolas com 8 turmas ainda não possuem coordenador pedagógico no
seu quadro de pessoal, sendo esse serviço de responsabilidade de equipes técnicas
da secretaria de educação; conforme a disponibilidade de recursos humanos na rede
de ensino, poder-se-ia lotar na escola um professor para desempenhar simultaneamente
as funções de coordenação e substituição com 8 turmas, essas escolas de mais de
cem alunos por turno e mais de duzentos no total, o que justifica a alocação de
1 secretário de escola, com jornadas de 40 horas semanais.
d), além disso, a escola deve contar com 1 servidor para as tarefas de limpeza e
manutenção e com 1 merendeira, ambos também com 40 horas semanais.

33
Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

ESCOLA (3)

a) se funcionarem 8 turmas, com a seguinte carga horária: Português e Matemática


– 4 horas-aula/semana cada um; História, Geografia, Ciências, Educação Física, Artes
e Língua Estrangeira – 2 horas-aula/semana cada um; e se a jornada for de 25 horas
semanais, são necessários 2 docentes de Português, 2 de Matemática, 1 de História,
1 de Geografia, 1 de Ciências, 1 de Educação Física, 1 de Artes e 1 de Língua
Estrangeira por turno de funcionamento da escola, ou seja, 10 docentes por turno; a
carga de horas-aula (4 por semana para cada professor) não preenchidas pode ser
utilizada para horas-aula de recuperação e/ou substituição;
b) essa escola deve contar com um diretor com jornada de 40 horas semanais; se
funcionar em 3 turnos, é recomendável a presença de um vice-diretor com 25 horas
semanais.
c) com 16 turmas, esse escola deve contar com coordenador pedagógico: ou um
profissional com 40 horas semanais ou 2 profissionais com jornadas parciais de trabalho
(por exemplo, 25 horas semanais).
d) com 8 turmas e mais duzentos alunos por turno, nessa escola devem estar
alocados 1 auxiliar de biblioteca e 1 técnico em multimeios, ambos com 40 horas
semanais.
e) da mesma forma, a escola precisa de 1 secretário com 40 horas semanais.
f) são necessários, 1 servidor para limpeza, 1 para manutenção e para portaria ou
vigilância, todos com 40 horas semanais.
g) por fim, essa escola necessita de 2 merendeiras com 40 horas semanais, em
função do número de refeições a serem servidas por turno de funcionamento da escola.

ESCOLA (4)

a) se a escola possui 3 turmas em cada série do ensino fundamental, sendo que a


1 a 4a séries funcionam pela manhã, e a 5a a 8a séries no turno da tarde, são necessários
12 docentes pela manhã e cerca de 15 docentes de tarde.
b) nesse caso, é recomendável prever um docente na função de substituto no turno
da manhã; na tarde, a carga de horas-aula (no total, 60 horas por semana) não
preenchida pode ser utilizada para horas-aula de recuperação e/ou substituição.
c) com 12 turmas e cerca de 432 alunos por turno, essa escola deve contar com 1
diretor, com 40 horas, e 2 vice-diretores, com 25 horas cada um.

34
Suporte Pedagógico

d) além de um profissional com 40 horas para a coordenação pedagógica geral,


essa escola precisa contar com mais pessoal na coordenação; no período da manhã,
o 13o docente pode ser responsável por essa função, de forma concomitante com a
substituição dos ausentes; na 5a a 8a séries, também docentes podem ser designados
para exercer coordenação pedagógica por componente curricular, para isso utilizando
parte de sua carga horária, sem deixar a regência de classe.
e) nessa escola, devem ser alocados 1 auxiliar de biblioteca, 1 técnico em multimeios,
1 secretário de escola, 1 auxiliar de secretaria, 1 servente e 1 auxiliar de serviço gerais
que trabalhem juntos repartindo tarefas, mais 1 porteiro ou vigilante, e 3 merendeiras,
todos com 40 horas semanais.

Por turno, estas escolas têm o seguinte contingente de pessoal:

Observação: A relação alunos por profissional do magistério fica distorcida porque


dificilmente as escolas pequenas conseguem ter 36 alunos por turma.

35
Recomendações sobre a Gestão Escolar

Além da definição dos recursos humanos necessários à garantia do padrão de


qualidade da educação escolar, alguns indicadores relativos à gestão das escolas
devem ser considerados quando se objetiva a melhoria do desempenho dos alunos.

PRIMEIRA RECOMENDAÇÃO:
Elaboração da proposta pedagógica pela própria escola, com ampla
participação da comunidade escolar.

Justificativa:
A LDB dispõe que os estabelecimentos de ensino têm a incumbência de elaborar e
executar sua proposta pedagógica. Quanto aos docentes, segundo a Lei, a participação
na elaboração do projeto pedagógico da escola é direito assegurado entre os princípios
da gestão democrática do ensino público, e, ao mesmo tempo, dever do profissional
do magistério. Como a ação pedagógica da escola é necessariamente coletiva e os
problemas de aprendizagem constatados na educação brasileira só podem ser
enfrentados pela equipe escolar, o professor não pode recusar-se a se fazer presente
nas reuniões da escola. E os gestores das escolas e das redes de ensino devem
assegurar, em cada escola, condições para participação de todos os profissionais do
magistério no trabalho pedagógico coletivo. Simultaneamente, o Estatuto da Criança e
do Adolescente prevê como direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo
pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais (art. 53,
parágrafo único). A análise dos resultados do SAEB/97 indica que, nas escolas que
não desenvolveram projeto pedagógico, os alunos apresentaram menor desempenho,
tanto na rede estadual quanto na municipal, em todas as séries testadas. Além disso,
em relação às escolas que adotaram projeto originário da secretaria ou conselho de
educação, aquelas que desenvolveram de forma autônoma seu projeto pedagógico
apresentaram os melhores resultados. Por fim, a análise demonstra que também
parecem ter relevância os setores que participaram da elaboração do projeto pedagógico
da escola. Esse projeto pode ter sido elaborado pela direção, equipe técnica e
professores da unidade escolar ou pode ter contado, ainda, com a participação de
funcionários e pais de alunos. Tendencialmente, quanto mais amplo o leque de setores
que participaram do desenvolvimento do projeto pedagógico, melhor desempenho
apresentaram os alunos de escola nos resultados do SAEB/97.

37
Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

SEGUNDA RECOMENDAÇÃO:
Organização de conselho escolar,
com participação da comunidade escolar
e local e com efetivo funcionamento
por meio de reuniões periódicas.

Justificativa:

Entre os princípios da gestão democrática, a LDB inscreve o de participação das


comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. A análise dos
resultados do SAEB/97 indica que a ampla maioria dos alunos do ensino fundamental
público estuda em escolas que possuem conselhos, em geral integrados por todos os
setores da comunidade escolar – direção, professores, pais e alunos. Entretanto, a
declaração da existência e a composição do conselho não parecem fatores claramente
associados ao desempenho dos alunos. De fato, ao se questionar a periodicidade das
reuniões dos conselhos escolares é que se torna possível distinguir entre os conselhos
realmente atuantes daqueles com caráter mais ou menos formal ou protocolar, criados
como instrumento legal para a recepção dos repasses financeiros par a escola. Segundo
a análise dos resultados do SAEB/97, verifica-se a tendência de que conselhos escolares
com reuniões periódicas, mensais ou bimestrais, representam fator positivo para o
desempenho dos alunos.

38
Recomendações sobre a Gestão Escolar

TERCEIRA RECOMENDAÇÃO:
Garantia de autonomia financeira à escola,
com repasses automáticos e regulares
de recursos públicos.

Justificativa:

A LDB dispõe que os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares de


educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e
administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro
público. O SAEB/97 demonstrou que, naquele ano letivo, um número significativo de
escolas públicas de ensino fundamental em todo o País contou com repasse de recursos
financeiros de mais de uma fonte. Em primeiro lugar, receberam recursos diretamente
do Governo Federal, por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola, implementado
pelo FNDE/MEC, com recursos da quota federal do salário-educação. Em segundo
lugar, receberam repasses financeiros das respectivas secretarias de educação,
estaduais ou municipais. Em terceiro lugar, as escolas públicas utilizam a captação de
recursos diretamente das comunidades onde estão inseridas, por meio de rifas, doações,
etc. Como última fonte, parte das escolas contou com recursos provenientes de
contribuições dos alunos por meio de entidades representativas da comunidade escolar,
como a Associação ou o Círculo dos Pais e Mestres. A análise dos resultados do
SAEB/97 indica que a existência do repasse está associada, em maior ou menor medida,
ao melhor desempenho dos alunos. Além disso, os recursos provenientes dessas
diferentes fontes podem ser percebidos pelas escolas de forma cumulativa, verificando-
se melhoria no desempenho dos alunos na medida em que cresce o número de fontes
de repasse.

39
Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola do Ensino Fundamental: Recursos Humanos

QUARTA RECOMENDAÇÃO:
Utilização de critérios técnicos e procedimentos
mais universalistas e democráticos para indicação
dos diretores das escolas públicas de ensino fundamental.

Justificativa:

Estudos e pesquisas sobre a educação, como a Chamada à Ação: combatendo o


fracasso escolar no Nordeste/Programa de Pesquisa e Operacionalização de Políticas
Educacionais – PPO, indicam que a atuação do diretor da escola tem importância na
determinação dos resultados de desempenho dos alunos. Ao mesmo tempo, apontam
que existe relação entre a atuação do diretor e o processo de sua escolha, enfatizando
que piores resultados decorrem da indicação realizada exclusivamente com base em
critérios político-partidários. Em conseqüência, uma das recomendações do PPO refere-
se à necessidade de estabelecer critérios técnicos para a candidatura à função de
diretor de escola, bem como a exigência de que os escolhidos participem de atividades
de capacitação, especialmente planejadas pelas secretarias de educação para esse
fim. Já a pesquisa do SAEB/97, ao analisar os resultados obtidos pelas escolas com
diferentes mecanismos de seleção de seus diretores, embora registrando não existir
um padrão bem definido, mostra que os procedimentos mais universalistas e
democráticos (eleição, concurso) tendem a obter melhores resultados que os
particularistas (indicação). Mesmo nas séries/redes em que as diferenças de
desempenho dos alunos são menores, são sempre favoráveis os procedimentos
universalistas.

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