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Nome Ano Turma N.

Ficha de Trabalho – Módulo 2.2


Português

Grupo I
Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

PARTE A
Lê o seguinte excerto do capítulo II de Os Maias. Se necessário, consulta as notas.
Fez-se então entre o pai e o filho uma grande separação. Quando lhe nasceu uma filha
Pedro não lho participou – dizendo dramaticamente ao Vilaça «que já não tinha pai!» Era uma
linda bebé, muito gorda, loira e cor de rosa, com os belos olhos negros dos Maias. […]
Nesse outubro, quando a pequena completou o seu primeiro ano, houve um grande baile
5 na casa de Arroios, que eles agora ocupavam toda, e que fora ricamente remobilada. E as
senhoras que outrora tinham horror à negreira, a D. Maria da Gama que escondia a face por traz do
leque, lá vieram todas, amáveis e decotadas, com o beijinho pronto, chamando-lhe
«querida», admirando as grinaldas de camélias que emolduravam os espelhos de
quatrocentos mil réis, e gozando muito os gelados. […]
10 Nunca Maria fora tão formosa. A maternidade dera-lhe um esplendor mais copioso; e
enchia verdadeiramente, dava luz àquelas altas salas de Arroios, com a sua radiante figura de
Juno1 loira, os diamantes das tranças, o ebúrneo 2 e o lácteo3 do colo4 nu, e o rumor das
grandes sedas. Com razão, querendo ter, à maneira das damas da Renascença, uma flor
que a simbolizasse, escolhera a tulipa real opulenta e ardente.
15 Citavam-se os requintes do seu luxo, roupas brancas, rendas do valor de propriedades!... Podia
fazê-lo! O marido era rico, e ela sem escrúpulo arruiná-lo-ia, a ele e ao papá Monforte...
Todos os amigos de Pedro, naturalmente, a amavam. O Alencar esse proclamava-se com
alarido seu «cavaleiro e seu poeta». Estava sempre em Arroios, tinha lá o seu talher: por
aquelas salas soltava as suas frases ressoantes, por esses sofás arrastava as suas poses de
20 melancolia. […]
Pedro todavia começava a ter horas sombrias. Sem sentir ciúmes, vinha-lhe às vezes, de
repente, um tédio daquela existência de luxo e de festa, um desejo violento de sacudir da sala esses
homens, os seus íntimos, que se atropelavam assim tão ardentemente em volta dos ombros
decotados de Maria. Refugiava-se então nalgum canto, trincando com furor o charuto: e aí, era
25 em toda a sua alma um tropel de coisas dolorosas e sem nome... Maria sabia perceber bem na
face do marido «estas nuvens», como ela dizia. Corria para ele, tomava-lhe ambas as mãos, com
força, com domínio:
– Que tens tu, amor? Estás amuado!
– Não, não estou amuado...
30 – Olha então para mim!...
Colava o seu belo seio contra o peito dele; as suas mãos corriam-lhe os braços numa carícia
lenta e quente, dos pulsos aos ombros; depois, com um lindo olhar, estendia-lhe os lábios. Pedro
colhia neles um longo beijo, e ficava consolado de tudo. […]
Quando porém Maria teve outro filho, um pequeno, o sossego que então se fez em Arroios
35 trouxe de novo muito vivamente ao coração de Pedro a imagem do pai abandonado naquela
tristeza do Douro. Falou a Maria de reconciliação, a medo, aproveitando a fraqueza da
convalescença. […]
Mas ela tinha um plano melhor: Afonso, segundo dizia o Vilaça, devia recolher em breve a
Benfica; pois bem, ela iria lá com o pequeno, toda vestida de preto, e de repente, atirando-se-lhe aos
40 pés, pedir-lhe-ia a bênção para seu neto! Não podia falhar! Não podia, realmente; e Pedro viu
ali uma alta inspiração de maternidade...

1
Para abrandar desde já o papá, Pedro quis dar ao pequeno o nome de Afonso. Mas
nisso Maria não consentiu. Andava lendo uma novela de que era herói o último Stuart,
o romanesco príncipe Carlos Eduardo; e, namorada dele, das suas aventuras e desgraças, queria
45 dar esse nome a seu filho... Carlos Eduardo da Maia! Um tal nome parecia-lhe conter todo um
destino de amores e façanhas.
Eça de Queirós, Os Maias, Porto, Livros do Brasil, 2014, pp. 34-38.

1
Juno: esposa de Júpiter e rainha dos deuses. 2ebúrneo: semelhante ao marfim na cor e na lisura. 3lácteo: branco, alvo.4colo: pescoço e peito.

1. Apresenta duas características de Maria Monforte, fundamentando a tua resposta com elementos
textuais.
“A maternidade dera-lhe um esplendor mais copioso; e enchia verdadeiramente, dava luz
àquelas altas salas de Arroios, com a sua radiante figura de Juno 1 loira, os diamantes das
tranças, o ebúrneo2 e o lácteo3 do colo nu, e o rumor das grandes sedas. “

2. Das linhas 21 à 25, Pedro vive momentos «sombrios», que se traduzem em comportamentos
depressivos.
Identifica e comenta esses comportamentos depressivos.
Pedro sentiu se depressivo, pois está aborrecido da vida de luxo e de festa, tinha também, um
desejo forte de sacudir os seus íntimos de volta de Maria, que se debruçavam ardentemente sobre a
mesma.

3. Explicita dois indícios trágicos presentes nos dois últimos parágrafos do texto.

Dois dos indícios trágicos são: o plano de Maria de recolher Afonso para Benfica para então
entando ela toda vestida de preto, pedir a benção para o neto de Afonso. O outro indício é o facto
de Pedro crer dar o nome de Afonso a seu filho e Maria não consentir, pois ela queria dar o nome
de um herói de uma novela que ela andava a ler, o filho acabou por se chamar Carlos Eduardo da
Maria.

4. Indica o recurso expressivo presente em cada uma das seguintes expressões:

4.1.“Era uma linda bebé, muito gorda, loira e cor de rosa” – ll. 2-3

-Enumeração.

4.2.“com o beijinho pronto” - l. 7

-perifrase

4.3.“que se atropelavam assim tão ardentemente” – l. 23

-adverbio

4.4.“Maria sabia perceber bem na face do marido «estas nuvens»” – ll. 25-26

-metafora

4.5.“numa carícia lenta e quente” – ll. 31-32

sinetesia

4.6.“pois bem, ela iria lá com o pequeno, toda vestida de preto, e de repente, atirando-se-lhe aos
pés, pedir-lhe-ia a bênção para seu neto! Não podia falhar!” – ll. 39-40

2
PARTE B

Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.

À meia-noite estendeu Simão o braço trémulo ao maço das cartas que Teresa lhe enviara, e
contemplou um pouco a que estava ao de cima, que era dela. Rompeu a obreia 1, e dispôs-se no
camarote para alcançar o baço clarão da lâmpada.
Dizia assim a carta:
5 «É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua amiga morreu. A tua pobre Teresa, à hora em que
leres esta carta, se me Deus não engana, está em descanso.
Eu devia poupar-te a esta última tortura; não devia escrever-te; mas perdoa à tua esposa do céu
a culpa, pela consolação que sinto em conversar contigo a esta hora, hora final da noite da minha
vida.
10 Quem te diria que eu morri, se não fosse eu mesma, Simão? Daqui a pouco, perderás da vista
este mosteiro; correrás milhares de léguas, e não acharás, em parte alguma do mundo, voz humana
que te diga: – A infeliz espera-te noutro mundo, e pede ao Senhor que te resgate.
Se te pudesses iludir, meu amigo, quererias antes pensar que eu ficava com vida e com
esperança de ver-te na volta do degredo? Assim pode ser, mas, ainda agora, neste solene momento,
15 me domina a vontade de fazer-te sentir que eu não podia viver. Parece que a mesma infelicidade
tem às vezes vaidade de mostrar que o é, até não podê-lo ser mais! Quero que digas: – Está morta, e
morreu quando eu lhe tirei a última esperança.
Isto não é queixar-me, Simão; não é. Talvez que eu pudesse resistir alguns dias à morte, se tu
ficasses; mas, de um modo ou outro, era inevitável fechar os olhos quando se rompesse o último fio,
20 este último que se está partindo, e eu mesma o oiço partir.
Não vão estas palavras acrescentar a tua pena. Deus me livre de ajuntar um remorso injusto à
tua saudade.
Se eu pudesse ainda ver-te feliz neste mundo; se Deus permitisse à minha alma esta visão!…
Feliz, tu, meu pobre condenado!…
25 Sem o querer, o meu amor agora te fazia injúria, julgando-te capaz de felicidade! Tu morrerás de
saudade, se o clima do desterro te não matar ainda antes de sucumbires à dor do espírito.
A vida era bela, era, Simão, se a tivéssemos como tu ma pintavas nas tuas cartas, que li há
pouco! Estou vendo a casinha que tu descrevias defronte de Coimbra, cercada de árvores, flores e
aves. A tua imaginação passeava comigo às margens do Mondego, à hora pensativa do escurecer.
30 Estrelava-se o céu, e a lua abrilhantava a água. Eu respondia com a mudez do coração ao teu silêncio,
e, animada por teu sorriso, inclinava a face ao teu seio, como se fosse ao de minha mãe. Tudo isto li
nas tuas cartas; e parece que cessa o despedaçar da agonia enquanto a alma se está recordando.
Noutra carta, me falavas em triunfos e glórias e imortalidade do teu nome. Também eu ia após da
tua aspiração, ou adiante dela, porque o maior quinhão dos teus prazeres de espírito queria eu que
35 fosse meu. Era criança há três anos, Simão, e já entendia os teus anelos 2 de glória, e imaginava-os
realizados como obra minha, se me tu dizias, como disseste muitas vezes, que não serias nada sem o
estímulo do meu amor.
Oh! Simão, de que céu tão lindo caímos! À hora que te escrevo, estás tu para entrar na nau dos
degredados, e eu na sepultura. […]»
Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição,

Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2006, pp. 215-216.

1
obreia: folha fina de massa de farinha de trigo, usada para fechar cartas. 2anelos: desejos intensos, aspirações.

5. Explicita dois dos objetivos de Teresa ao escrever esta carta a Simão.

Os dois objetivos de teresa ao escrever está carta para Simão era para despedir e expressar o seu
sentimento

3
6. Explica, por palavras tuas, o sentido da metáfora «Oh! Simão, de que céu tão lindo caímos!» (linha
38).

7. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada


espaço.
Na carta de Teresa, estão presentes marcas linguísticas da expressão da interioridade da
personagem, com a recorrência a metáforas, como, por exemplo, em «à tua esposa do céu» (linha 7),
e a utilização de um tom confessionalista centrado no”tu”, visível em «hora final da noite da minha
vida» (linhas 8 e 9).

a) b)

1. metonímias 1. um estilo simples e objetivo


2. metáforas 2. um tom confessionalista, centrado no
“tu”
3. hipérboles
3. linguagem conotativa associada à morte
4. eufemismos

4
Grupo II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Lê o texto.

Não tem de ser Dia dos Namorados


Tenta celebrar o Dia dos Namorados porque estás nesse mood, não porque tens receio de
desiludir a tua cara-metade. Opta por levar o teu pai a almoçar quando queres realmente estar
com ele, não porque tens receio de estar a falhar com as tuas obrigações.
Aqui vamos nós outra vez. Mais um ano, mais um dia de São Valentim. À semelhança do seu
5 primogénito, o Natal, esta festividade tem a subtil e sagaz capacidade de ativar a nossa faceta «tem
de ser»: celebramos porque tem de ser, oferecemos algo porque é suposto e publicamos uma foto
nas redes sociais para oficializar a ocasião. Caso seja genuína intenção de ambos, ótimo. Está tudo
certo. Mas quantos, com receio de eventuais danos colaterais, abdicam da vontade própria em
detrimento do «parecer bem»? Pode parecer algo bastante inofensivo; no entanto, esta postura diz
10 mais sobre nós do que imaginamos.
Longe vão os tempos em que celebrava o Dia dos Namorados. Umas vezes mais satisfeito, outras
mais por arrasto, mas lá estava eu, fiel à tradição. Numa destas celebrações, como dita a lei, fomos
até um restaurante com um daqueles menus a condizer com a ocasião. Marcámos mesa com a
devida antecedência, vestimo-nos a rigor e chegámos a horas. Afinal de contas, apesar de não o
15 termos escolhido, aquele era o nosso dia. Vela no centro da mesa, sala a meia-luz e flores por todo o
lado. Tinha tudo para ser uma noite daquelas, não fosse o ambiente «pesado» que se fazia sentir.
Apesar da fraca iluminação e da miopia irreversível, conseguia ir observando o que se passava nas
restantes mesas. Vi de tudo. Alguns casais estiveram agarrados ao telemóvel a refeição inteira,
outros estavam com cara de quem ainda tinha 30 senhas à sua frente nas Finanças. Tudo aquilo me
20 causou um enorme desconforto. Então não era suposto estarmos a celebrar o amor?
Ainda perdemos muito tempo a fazer fretes. De todos os presentes que ofereceste no Natal,
quantos é que realmente quiseste dar? Quantas vezes foste almoçar com o teu progenitor no Dia do
Pai sem vontade? A quantas festas de aniversário foste só ́ para não parecer mal? Vais àqueles
almoços de domingo porque queres ir ou porque tem de ser? É muito importante sermos
25 verdadeiros connosco e com os outros. Não sou defensor do movimento «só faço o que me
apetece», não é disto que se trata. Refiro-me a estarmos por inteiro nos sítios onde vamos e nas
ações que tomamos. Podemos julgar que nos estamos a sacrificar em prol de um bem maior, mas
não podíamos estar mais enganados. Independentemente das circunstâncias, cada um de nós
continua a ser o eterno responsável pelo seu comportamento. E acreditem: tudo o que for
30 derrubado pela honestidade é porque não tinha razão de existir.
Talvez se fôssemos mais reais, transparentes e honestos, tudo seria mais natural e genuíno.
Fazer porque sim é pouco. Já́ imaginaste como seria se cada um de nós estivesse onde deve estar,
fizesse o que tem a fazer e fosse quem realmente é? Provavelmente, muitos dos que estão a ler esta
crónica estão a pensar: «Pois, isso é muito bonito, mas...». Sabem que mais? Não há mas, nem meio
35 mas. Como é lógico, o mais fácil é vitimizarmo-nos e ignorar as várias alternativas. Ainda assim,
experimenta oferecer algo porque sentes, não porque o calendário te obrigou. Tenta celebrar o Dia
dos Namorados porque estás nesse mood, não porque tens receio de desiludir a tua cara-metade.
Opta por levar o teu pai a almoçar quando queres realmente estar com ele, não porque tens receio
de estar a falhar com as tuas obrigações.
40 Obriga-te a ser livre — isso, sim, é amor.
Manuel Clemente, Público, 14/02/2020

5
(disponível em: www.publico.pt, consultado em fevereiro de 2020; texto adaptado).

1. Segundo o autor do texto,


(A) abdicamos dos nossos compromissos para sermos corretos socialmente.
(B) renunciamos ao que queremos para não magoarmos os outros.
(C) comportamo-nos como desejamos em detrimento do «parecer bem».
(D) podem ocorrer danos colaterais, quando não abdicamos da nossa vontade.

2. Com o exemplo do restaurante, o autor tenciona


(A) reprovar comportamentos socialmente corretos, mas ocos de significação.
(B) louvar os casais que ainda conseguem conectar-se, apesar de estarem juntos há anos.
(C) evidenciar a importância dos menus e da decoração para celebrar o Dia de São Valentim.
(D) mostrar a relevância da escolha do espaço para não passar por situações desconfortáveis.

3. As questões colocadas entre as linhas 21 e 24 servem, fundamentalmente, o propósito de


(A) desculpar a falsidade e retidão dos nossos comportamentos.
(B) exemplificar situações em que fizemos algo contrariados.
(C) apontar o dedo para comportamentos socialmente reprováveis.
(D) pôr em causa a nossa capacidade de nos sacrificar por um bem maior.

4. Em «tudo o que for derrubado pela honestidade» (linhas 29 e 30) está presente uma
(A) metonímia.
(B) perífrase.
(C) metáfora.
(D) hipérbole.

5. Em «Afinal de contas, apesar de não o termos escolhido, aquele era o nosso dia.» (linhas 14 e 15),
a oração sublinhada é uma oração
(A) subordinada adverbial causal.
(B) subordinada adverbial consecutiva.
(C) subordinada adverbial temporal.
(D) subordinada adverbial concessiva.

6. Identifica as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:


a) «a subtil e sagaz» (linha 5). –complemnto direto
b) «nesse mood» (linha 37). --

8. Classifica o deítico sublinhado em «porque tens receio de estar a falhar com as tuas obrigações
» (linhas 37 e 38).
--Deiticos espaciais

6
Grupo III

Foi lançada, no dia 12 de fevereiro, uma campanha de sensibilização contra a violência no


namoro – «Quem te ama, não te agride!», por ocasião do Dia dos Namorados –, e que terá
continuação nos meses seguintes.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre as formas de violência no namoro.

No teu texto:
– explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma
única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (ex.: /2020/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas e cinquenta palavras –,
há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
– um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

FIM

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