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Discentes:
1. Ana Araújo - 20170917
2. Leila Moreira – 20170158 (coord)
3. Mariana Almeida – 20170824 (coord)
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Luanda / Angola / 2019
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Índice
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................2
2. COMPREENDER A TCC.........................................................................................6
3.2 Psicoeducação...................................................................................................12
3.6 Normalização....................................................................................................15
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................18
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................20
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1. INTRODUÇÃO
Para a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2009), até 2020, a perturbação depressiva
deverá ocupar o segundo lugar dentre todas as enfermidades incapacitantes, após as
doenças cardiovasculares. Essa previsão revela-se preocupante, uma vez que
aproximadamente 15% de todos os pacientes com depressão desenvolvem sintomas
psicóticos (Kaplan e Sadock, 2007).
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cognitivas que afectam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo.
A característica diferencial entre as perturbações depressivas são questões relacionadas
com a duração, timing ou etiologia presumida.
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pacientes, a perturbação é crónica e recorrente, sendo que o risco de suicídio nessa
perturbação chega a ser um terço maior que na depressão sem sintomas psicóticos.
Além disso, a situação tende a agravar-se quando se trata de uma perturbação refratária,
parcela em que estão os maiores índices de suicídio (Castro e Neto, 2004; Gouveia,
1990).
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No que tange as psicoses, estas são perturbações mentais que afectam a capacidade da
pessoa de discernir entre o que é e o que não é real. Os seus sintomas mais
característicos são delírios, alucinações, desorganização do pensamento e do discurso e
isolamento social. No entanto, quando se tratar da depressão com sintomas psicóticos,
não devem estar presentes outros sintomas das psicoses como discurso desorganizado e
comportamento bizarro. Desta forma, é importante ter-se cuidado no diagnóstico
diferencial da depressão com sintomas psicóticos, a fim de se diferenciar da
esquizofrenia e da perturbação de humor bipolar.
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1993), as técnicas e as estratégias utilizadas no processo terapêutico e a eficácia desse
modelo de psicoterapia (Camargo e Andretta, 2013; Matos e Oliveira, 2013).
2. COMPREENDER A TCC
A TCC é baseada em princípios científicos e cuja investigação tem mostrado ser eficaz
num largo espectro de perturbações mentais e problemas físicos, podendo ser utilizadas
com crianças, adolescentes e adultos. Nas TCC os doentes e os terapeutas trabalham em
conjunto para identificar e compreender os problemas dos doentes em termos das
relações entre pensamentos/cognições, emoções e comportamento.
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aprendem a: distinguir entre pensamentos, sentimentos e a própria realidade; tornar-se
consciente de como os seus pensamentos influenciam seus sentimentos; avaliar
criticamente a veracidade de seus pensamentos automáticos e suposições; desenvolver
as habilidades para perceber, interromper e intervir ao nível dos pensamentos
automáticos e como eles ocorre.
Este processo baseia-se numa colaboração entre pessoa com o problema de saúde
mental e o terapeuta. A aquisição de competência, a existência de um foco concreto e a
marcação de trabalho de casa são alguns dos aspectos que diferenciam a TCC das
“talking therapies” (envolve discussão com o cliente de problemas e eventos da sua
vida, com o objectivo de obterem mais conhecimento e diminuir a angústia). A sessão
deve ser usada para se treinarem competências para resolver o problema em questão, e
não para discutir ou oferecer orientações. Para que TCC seja eficaz, o indivíduo deve
estar pronto e disposto a gastar tempo e esforço analisando seus pensamentos e
sentimentos.
A TCC para a psicose está focada em: (1) reduzir a angústia causada pelos sintomas
positivos ao modificar delírios e crenças sobre alucinações; (2) promover competências
de coping para lidar com os sintomas; (3) reduzir distúrbios emocionais como ansiedade
e depressão modificando os esquemas disfuncionais; (4) dar psicoeducação; (5) reduzir
estigma e sensação de alienação. De um modo geral, o propósito global desta terapia é
intervir nos sintomas que interferem com os projectos de vida das pessoas, ajudando-as
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a normalizar as experiências psicóticas, dando sentido/significado às mesmas de modo a
melhorar o funcionamento psicossocial. É fulcral envolver a pessoa como agente activo
da sua recuperação, suportando a mudança e o recovery.
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3. TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS PARA A DEPRESSÃO COM
SINTOMAS PSICÓTICOS
Nesse sentido, estudos indicam que seus resultados são mais duradouros que o
tratamento farmacológico isolado e os índices de recaída são menores, evidência
constada desde as primeiras pesquisas de eficácia sobre essa forma de terapia. Contudo,
o tratamento dessa modalidade de depressão, normalmente, tende a ser mais longo que o
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tratamento de uma depressão leve ou moderada, por exemplo (Dowd, 2004; Hollon et
al., 1991).
Essa combinação possui estudos que apontam para uma redução dos escores dos
inventários de Beck que medem os níveis de depressão, ansiedade, desesperança e
ideação suicida, da frequência e da força dos pensamentos automáticos negativos, com
consequente flexibilização das crenças nucleares disfuncionais e remissão dos sintomas
depressivos, produzindo melhor funcionamento biopsicossocial do paciente (Beck e
Dozois,2010; Powell et al., 2008).
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O trabalho do terapeuta cognitivo-comportamental, independente do caso, requer a
construção de uma conceitualização cognitiva (Beck, 1997). De acordo com Knapp e
Beck (2008), a conceitualização cognitiva é um trabalho constante no transcorrer do
tratamento. Conforme novos dados clínicos importantes são apresentados para a terapia,
a conceitualização cognitiva será modificada e atualizada à medida que for necessária
enquanto o tratamento evolui. Para produzir um plano de tratamento, uma
conceitualização cognitiva individual é fundamental, porque guia as intervenções
terapêuticas.
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3.1 Intervenções quando há risco de suicídio
Nessa perspectiva, o terapeuta deve estar atento e avaliar o risco de suicídio do seu
paciente. Torna-se necessário investigar tanto a existência de comportamentos suicidas,
como de pensamentos suicidas. Caso o terapeuta perceba o risco de suicídio, ele deve
trabalhar no sentido de estimular a esperança do paciente, podendo ser utilizado o
Questionamento Socrático para demonstrar a ele que o suicídio é uma solução
disfuncional para o seu problema atual (Beck, 2013, 1997).
3.2 Psicoeducação
A psicoeducação é uma técnica que está presente nos mais diversos tratamentos
realizados dentro da abordagem cognitivo-comportamental (Knapp e Beck, 2008). A
psicoeducação sobre a perturbação depressiva com sintomas psicóticos e sobre o
modelo de tratamento auxilia o paciente a conhecer e entender sua perturbação.
Essa intervenção facilita o manejo dos sintomas que podem aparecer durante a terapia,
uma vez que o paciente saberá que reacções esperar, e que essas são resultantes da sua
perturbação. A psicoeducação oferece: informações sobre a terapia cognitivo-
comportamental da depressão com sintomas psicóticos; esclarecimentos de como os
pensamentos produzem sentimentos; indicação de leitura de livros relacionados à
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problemática do cliente; treinamento de recursos para prevenção em situações de perda;
e modelagem (Abreu e Oliveira, 2008; Beck, 1997).
Para construir essa agenda de eventos prazerosos, pode-se utilizar tanto inventários
prontos, como questionamentos directos com o paciente sobre os eventos que ele julga
que lhe davam prazer antes da depressão. Com o intuito de auxiliá-lo, pode-se pedir
para ele elaborar um registo diário em que liste as coisas que: gostava e fazia; gostava e
não fazia; não gostava e fazia; e não gostava e não fazia. Esse registo diário de
actividades é utilizado para avaliar, junto com o paciente, as actividades executadas por
ele no decorrer do dia, o que possibilita a construção de uma tabela de actividades que
são prazerosas para o paciente (Matos e Oliveira, 2013; Abreu e Oliveira, 2008).
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normalmente, apresenta crenças de que não será capaz de terminar tarefa alguma. Sendo
assim, essa técnica pode tanto ser utilizada para estimular a realização de tarefas
prazerosas (por exemplo, ler um livro), como de tarefas não tão prazerosas (por
exemplo, limpar a casa) (Beck, 2013, 1997).
A prescrição de tarefa graduada pode ser utilizada tanto dentro da sessão como
orientada a ser feita na tarefa de casa. Brevemente, defende-se que a tarefa de casa
facilita a aquisição de habilidades e que a sua utilização deve ocorrer em situações do
mundo real, não restritas à terapia. Essa técnica deve ser prescrita e desenvolvida em
colaboração. Ao utilizar-se das tarefas de casa, deve-se planejá-las em passos graduais
que levem a um objectivo possível de ser realisticamente atingido (Friedberg, 2004).
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mas procurando aperfeiçoar esses mecanismos e torná-los mais adaptativos (Abreu e
Oliveira, 2008; Barreto e Elkis, 2007).
3.6 Normalização
Para facilitar o uso dessa técnica, o terapeuta deve investigar melhor os factores
predisponentes, precipitantes e mantenedores em que os fenómenos psicóticos
aparecem. Clarificando, os factores predisponentes são situações no passado que podem
ter contribuído para o desenvolvimento dos sintomas psicóticos; os factores
precipitantes são condições em que os fenómenos têm maior probabilidade de ocorrer; e
os mantenedores são as consequências imediatas aos fenómenos e que aumentam a
probabilidade que ele aconteça novamente (Saffi et al., 2011; Hawton e Kirk, 1997).
Essa técnica consiste em cinco passos com actividades preestabelecidas: primeiro passo
(estabelecimento da aliança terapêutica e avaliação); segundo passo (uso de estratégias
comportamentais para manejar sintomas, reacções emocionais e atitudes impulsivas);
terceiro passo (discutir novas perspectivas sobre a natureza das experiências psicóticas
vividas pelo paciente); quarto passo (estratégias para o manejo das alucinações); último
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passo (avaliação de pressuposições disfuncionais a respeito de si próprio e dos outros)
(Barreto e Elkis, 2007). Essa técnica possibilita a reestruturação das crenças
disfuncionais, relacionadas aos sintomas psicóticos (Beck, 1997).
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4. EFECTIVIDADE DA TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
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Referente ao uso dessa abordagem terapêutica para o tratamento dos sintomas psicóticos
na esquizofrenia, Sensky et al. (2000) realizaram um estudo clínico aleatório com a
finalidade de verificar a sua eficácia. Eles concluiram que a utilização de nove meses de
psicoterapia cognitivo-comportamental é eficiente para remissão dos sintomas
psicóticos nessa perturbação. Outras pesquisas (Dunn et al., 2012; Birchwood e Trower,
2006) também apontam que a TCC possui resultados positivos para o manejo dos
sintomas psicóticos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A TCC é uma terapia breve e de curta duração, em que as sessões são estruturadas e
onde se pretende abordar “aqui e agora” os problemas que os pacientes apresentam.
Nesta modalidade os pacientes e os terapeutas trabalham em conjunto para identificar e
compreender os problemas dos doentes em termos das relações entre
pensamentos/cognições, emoções e comportamento.
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espetro da depressão e sintomas psicóticos (alucinações e delírios) e são utilizadas
estratégias e técnicas que visam promover os melhores resultados possíveis aos
pacientes com esta perturbação. Algumas destas estratégias e técnicas são a intervenção
quando existe risco de suicídio, a psicoeducação, a agenda e prescrição de eventos
prazerosos, registo de pensamentos disfuncionais, reforço das estratégias de
enfrentamento (coping), entre outras.
Contudo, o grupo pude comprovar que ainda existem poucos trabalhos científicos que
abordem acerca da TCC na depressão com sintomas psicóticos, o que limitou-nos a
pesquisa para aqueles artigos que falassem sobre este tema e outros onde se abordava
acerca da intervenção para psicoses pelo modelo de TCC.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Endereços da Internet
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