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Sociedade
Uma nova espiritualidade
A busca da felicidade deve ocorrer onde pode se concretizar:
no amor, no idealismo, na solidariedade. E não em um
consumismo desenfreado e irrefletido
por Ciro Gomes — publicado 18/09/2013 07:10
Não gosto, mas constato que a fugidia busca da felicidade que mais ou menos
lucidamente nos guia na vida transitou da minha para a atual geração de um ambiente
significado, o consumismo.
Não estou, claro, falando de religião quando me refiro à dimensão imaterial, idealista,
espiritual, onde se buscava encontrar a tal felicidade. Era a poesia, a seresta, a boemia, o
amor romântico, mas, acima de tudo, uma crença confiante de que éramos capazes de
enfrentar não só o cabo da esquina, mas de mudar tudo que quiséssemos mudar, mesmo
que fossem as estruturas da família mononuclear ou até mesmo – o maior talvez de todos
lisérgica. Tal era ser feliz! Ou ao menos havia uma bastança enorme nessa busca em
nossas almas.
Hoje em dia, e nisso não há nenhuma nostalgia, mas um diagnóstico para uma nova e
generosa frente de luta, ser feliz, parece, resume-se a responder a uma pergunta tosca:
maravilhosa oferta global damos conta de saciar com a renda apertada de que dispomos?
Sim, pois, na mesma proporção que nossa renda possa evoluir, muito mais velozmente
ideológica imposta pela perversão liberal, tal como o “Consenso de Washington” a definiu.
Não é a miséria, por exemplo, como uma generosa, porém equivocada, opinião
iconográficos do consumo moderno de massa, seja para portar os símbolos do êxito, seja
para ser aceitos pelos seus grupos ou pelas meninas... E não têm dinheiro para adquiri-
Dessa constatação resultam consequências muito práticas e concretas para quem imagina
que estou divagando à beira de filosofia barata: se ser feliz modernamente é acessar ao
bom, bonito e barato, cuja notícia global (sem trocadilho) nos chega pela televisão ou pela
baseada (ao menos sob o ponto de vista do emprego) em pequenas empresas que por
protagonista mundial desse ideal de consumo. Essa assimetria competitiva arbitrada por
um consumidor desespiritualizado e com renda precária merecerá mais reflexões aqui, sob
É, porém, uma batalha mundialmente perdida. O que quer dizer que, ao lado de modelos
uma luta global, especialmente entre nós, brasileiros, tanto mais com os jovens e as
É a tarefa histórica que os estetas, intelectuais, artistas (pensei muito em você, Patrícia) e
devem realizar: temos de devolver a busca ansiosa pela felicidade onde ela tem alguma
de consumo. Hoje só perguntamos quanto custa, seja para ter, seja para se frustrar. É
preciso que perguntemos sempre quanto custa, pois a vida é dura, mas é preciso mais
meu ato é amistoso em relação à natureza na origem e nos rejeitos. Seria o começo de
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