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JORNAL CATARSE

Extra: A Era Bolsonaristas


(Tempos de Recessos)
Março de 2020

A TRAGÉDIA EM QUE VIVEMOS:ONDE


VAMOS PARAR?

Benedito Carvalho Filho


(publicado em o7/04/2020)

O que vai acontecer com as famílias que moram nas favelas ou


bairros carentes das cidades, num país como o nosso?
O jornal paulista Folha de São Paulo, em uma reportagem publicada
no dia 26 de março de 2020, afirmava: “Em quarentena – diz o jornal -
72% dos moradores de favelas têm padrão de vida rebaixada por conta
da crise provocada pela Covid 19.
A reportagem explica a razão disto estar acontecendo. A metade dos
trabalhadores que vivem nas favelas são autônomos precários e
sobrevivem nas “virações” e lutam para ter os básico para sobreviver.
Um bom número deles são trabalhadores informais e não podem contar
com o suporte da legislação trabalhista nem com as políticas de
emergência, pensada somente para quem tem carteira assinada. São
trabalhadores precários, vivendo a “vida nua”, onde um dia comem e no
outro dia saem para o trampo para ter algo para comer e manter a
família.
A reportagem, também, cita moradores de uma favela localizada na
Zona Sul de São Paulo que estão sentindo na pele os efeitos causados
por esse vírus. Mas é preciso compreender que a “vida normal” das
pessoas excluídas é a batalha diária para chegar em casa com alguma
coisa para comer e “improvisar” algo para não morrer de fome. Não é,
portanto, o Coronavírus a única causa da precariedade em que vive uma
grande parcela da população, seja em São Paulo, seja no Rio de janeiro e
outros estados da federação. Quem conhece o nordeste e o norte do país
não deixa de observar a imensa desigualdade social, as “vidas e mortes
Severinos”. O vírus acelera as mortes, mas elas sempre fizeram parte da
realidade urbana de nosso país. Digo isso porque morei no Norte, na
“Paulicéia Desvairada”, no Nordeste, onde o que vemos diariamente são
pessoas pedindo esmolas pelas esquinas; favelas imensas nos centros
urbanos, assassinatos e repressão violenta por parte das polícias que
cresce.
Vejam, por exemplo, como vem crescendo o aprisionamento no nosso
país e no mundo. mostrando as suas faces trágicas e cruel.
Há vários tipos de segregação e o presidio é uma delas. Mas ficar
segregado nas suas casas e não conseguir dar alimentos para seus filhas
e filhos é algo cruel. Pois é assim a vida de quem mora nas periferias.
Quando não se tem básico para sobreviver a vida torna-se um inferno.
Não se vive, sobrevive-se, o que transforma os seres humanos em
inumanos, despertando ódios e culpas. É a barbárie!
Esses são os imensos números de pessoas que não contam com
nenhum tipo de proteção e vivem ao “Deus Dará”, como dizia a canção.
Como diz a reportagem na Folha de São Paulo, “quando o vírus tocar
nas favelas e nas periferias das cidades, o que veremos é um genocídio.
E genocídio é, literalmente, a eliminação, a morte dos pobres.
É impossível não imaginar, diante dessa catástrofe, se algo muito
perverso não vem sendo planejado para, literalmente, eliminar os
pobres. Observem o comportamento das classes mais aquinhoadas com
relação aos pobres, as vezes explicitados diretamente ou de forma
camuflada. Há, sim, um forte desejo de extermínio e não é de hoje.
Estamos no pico de uma tragédia humanitária, alimentado pelas
elites donas do dinheiro. Eles querem ver um imenso número de pessoas
longe de seus olhos. Essa é a dura e trágica realidade. O pior é que a
miséria material esconde uma outra tragédia: a ignorância, o ódio e,
porque não dizer, um certo masoquismo. Os pobres adeptos do
Presidente Bolsonaro sabem muito bem cultivar o ódio e comandar uma
legião de pessoas que sonham com um mundo melhor, que, segundo
eles, “Deus dará”, como diz a canção. A cegueira está nos levando ao
caos. Isso está diante de nossos olhos, mas negamos isso, infelizmente!

O QUE NÓS TORNA HUMANOS?


Benedito Carvalho Filho
(Publicado dia 02.07,2020)

Esta pergunta tem, nesses tempos sombrios em


que estamos vivendo, chamado minha atenção,
principalmente depois que vi aqui na Internet as falas
nas redes sociais do grande pensador chamado Mário
Vitor dos Santos, que fundou um espaço cultural
chamada A Casa do Saber.
O homem é “o lobo do homem?” Afinal, o que
somos e para onde vamos?
Se olharmos o que aconteceu (e vem acontecendo)
isso nos leva a pensar que o “mal-estar na civilização”
(Freud) tende a se agravar e nos levar a uma tragédia.
Eis aí o que temos diante de nós: uma forte pulsão de
morte nessa era de peste, talvez mais dramática
daquela narrada por Camus no seu livro exatamente
chamada A Peste.
Fico impressionado como muitas pessoas, mesmo
diante da catástrofe que estamos vivendo são
otimistas diante dessa crise, onde a morte ronda os
nossos lares e nas ruas. Alguns acham que tudo passa
e vamos sobreviver. Será isso vai acontecer?
Freud em um de seus livros escreveu sobre a
chamada “pulsão de vida” e “pulsão de morte”. Mas
observem o que está acontecendo no nosso país e no
mundo? Quem observa o que está passando no mundo
não pode ser muito otimistas. O que temos diante de
nós é macabro e nos leva a crer que caminhamos para
uma catástrofe.
O que torna humano é a capacidade de se
sensibilizar pelos outros, tanto os que estão perto
como os que estão longe. O que nós torna humanos é
a capacidade de se indignar com as injustiças que
vemos diante de nós. O que nos torna humanos é ter
sentimento e amor pelos seres humanos. O que nos
torna humanos, demasiadamente humanos (Nietsche)
é conviver com os outros, desejar que todos vivam
bem e sejam felizes.
O que nos torna humanos é deixar de ser
onipotente, narcisista sempre pensando na sua vidinha
sem vergonha. O que nos torna humanos é partilhar a
vida como outros, amá-los em todas as circunstância.
O que nos torna desumanos é achar que a pobreza
é uma coisa natural, que sempre foi assim. Isso é uma
fuga para não assumir as responsabilidade que temos
na sociedade, lutando pela justiça e as desigualdades
sociais.
O que nos torna humano é correr risco de enfrentar
os poderosos, interessados somente nos seus lucros.
Uma pessoa humana, demasiadamente humana, é
capaz de se indignar com a desigualdade social, com
esses lucros imensos, onde os 200 pessoas mantém
uma riquezas de um trilhão maior que os PIBs
brasileiros.
Nos anos 70-80 muita gente, sensibilizadas pelo
crescimento da pobreza, ia para as favelas, baixadas e
todos os lugares onde havia miséria. Mas,
infelizmente, isso não existe mais ou está muito
reduzido. Quem é que vai para esses lugares hoje em
dia? A compaixão sumiu e o que vemos é uma
sociedade individualista onde ter é o único interesse.
O que nós torna humanas é não está pensando que
cursar uma universidade nos leva necessariamente a
uma ascensão social, fechando nos seus
individualismos.
O que nós torna humanos é não odiar ou viver a
sua vidinha sem vergonha, como se nada estivesse
acontecendo na sua cidade.
O que nós torna humana é saber que somos seres
que um dia morrerá, desaparecera, pois a arrogância
não leva ninguém a nada. O “Deus Dinheiro” com sua
arrogância pode nos levar a uma tragédia, tão
evidente
Fora a arrogância, a insensibilidade, o ódio. Somos
seres mortais. Na Itália temos 6 milhões de pessoas
morrendo. Os sinais do tempo estão diante de nós.
“Isso é um homem”
A SUSPENSÃO DAS AULAS NA UFAM
Benedito Carvalho Filho

Esses dias estive na Universidade Federal do


Amazonas, que está em quarentena por 15 dias. Mas,
pelo andar da carruagem, com esse agravamento
provocado pelo coronavírus, a paralização vai
continuar e não sabemos quando vai voltar
normalidade. O certo é que A floresta está esvaziada e
o silêncio reina nos espaços da instituição.
Quanto tempo isso vai durar? Isso ninguém sabe.
Mas se dependesse de Bolsonaro a quarentena já teria
terminada, o que seria uma tragédia inominável. Seria
um viva la muerte, pois, como dizia Miguel Cervantes,
pois “o medo tem muitos olhos e enxerga no
subterrâneo.” (Dom Quixote).
Fui informado que algumas pessoas estavam
desejando a transmissão das aulas pelas redes sociais,
ou seja, pela Internet. Ou seja, cada professor se
cadastraria e ministrava suas aulas por esse meio.
E me perguntei: não era isso que estava (ou ainda
está) nos planos do Ministro da Educação? Não seria
um oportuno projeto de ensino à distância, como o
próprio Ministro vem dizendo, e, talvez apostando
nessa aposta?
Não estou nada otimista com o que vem pela
frente se a peste se prolongar. Achei sensata a posição
dos dirigentes da instituição em adiar a volta, mas a
dramática situação nos leva a uma quarentena mais
prolongada, principalmente porque estamos vendo o
vírus se espalhar pelo mundo.
Zygmunt Bauman, no seu livro chamado O Medo
Líquido (Editora Zahar), já dizia que “bizarro embora
muito comum e familiar a todos nós, é o alívio que
sentimos, assim como o súbito influxo de energia e
coragem quando, após um longo período de
desconforto, ansiedade, premonições sombrias, dias
cheios de apreensão e noites sem sono, finalmente
confrontamos com o período real: uma ameaça que
podemos ver e tocar. Que talvez essa experiência não
seja bizarra quanto parece ser, afinal, viemos saber o
que estava por trás daquele sentimento vago, mas
obstinado de algo terrível e fadado a acontecer que
ficou envenenando os dias que deveríamos estar
aproveitando, mas de alguma forma não podíamos - e
se tornou nossas noites insanas...Agora que sabemos
de onde vem o golpe, também sabemos o que
possamos fazer, se há algo a fazer, para afastá-lo – ou
pelo menos aprendemos como é limitada nossa
capacidade de emergir incólumes e que tipo de coisa
e que tipo de perda, dano ou dor seremos obrigados a
aceitar.”(p.7)
O que nos torna mais preocupados nessa era de
coronavírus é saber como esse vírus vem se
propagando em todo mundo, aumentando as nossas
incertezas, nos fragilizando, entrando em depressão.
Além do terrível medo da morte (que mais cedo vai
acontecer) não poderíamos tornar uma boa maneira
de usar o tempo dentro de casa e aproveitar para ler,
para meditar e ficar mais perto dos seus entes
queridos, dos amigos?
Somos produto de um tempo que poderíamos
chamar de pós-modernidade, viciados no consumo,
que deseja gozar, se desterritorizalazer, frequentar
shopping-center. Uma “vida para o consumo”, como
nos mostrou o mesmo Zygmunt no seu livro chamado
Vida para Consumo – A transformação das pessoas em
mercadoria, Editora Zahar.
As pessoas parecem embriagadas, alienadas, e em
crise quando não podem consumir. Mas, até que
ponto, esse não é um “convite” para que possamos
mudar os nossos padrões de vida?
É evidente que vamos sofrer muito nesse processo,
mas o que estamos experimentando nessa tragédia
que estamos vivendo, cuja dimensões parecem
trágicas, pode se tornar um momento para cada um
refletir sobre sua vida; esse “estar no mundo”, algo
tão provisório e efêmero e, por isso, produtor de mal-
estares.

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