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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2


UNIDADE 2 – CITAÇÃO E INTIMAÇÃO .................................................................... 3
UNIDADE 3 – SENTENÇA ....................................................................................... 11
UNIDADE 4 – A PRISÃO .......................................................................................... 15
4.1 PRISÃO PROVISÓRIA ........................................................................................... 23
4.1.1 FLAGRANTE (ART. 301 E SEGS., CPP) .............................................................. 25
4.1.2 PRISÃO PREVENTIVA (ART. 311 E SEGS., CPP) .................................................. 27
4.1.3 PRISÃO (PREVENTIVA) NA FASE DE PRONÚNCIA (ART. 413, CPP)......................... 31
4.1.4 PRISÃO PREVENTIVA COMO ULTIMA RATIO DE INTERVENÇÃO CAUTELAR ................ 31
4.1.5 PRISÃO TEMPORÁRIA (LEI 7.960/89) ................................................................. 32
4.1.6 O FIM DA PRISÃO DECORRENTE DE CONDENAÇÃO RECORRÍVEL (ART. 393, I, E 594,
CPP) ...................................................................................................................... 33
UNIDADE 5 – LIBERDADE PROVISÓRIA ............................................................... 35
5.1 LIBERDADE PROVISÓRIA ISOLADA ......................................................................... 35
5.2 LIBERDADE PROVISÓRIA CUMULADA COM MEDIDA CAUTELAR .................................. 36
UNIDADE 6 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO ............................... 38
UNIDADE 7 – NULIDADES ...................................................................................... 39
7.1 DOS PRINCÍPIOS REGENTES DAS NULIDADES ......................................................... 40
7.2 NULIDADES EM ESPÉCIE (ART. 564) .................................................................... 42
UNIDADE 8 – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ........................................................ 45
UNIDADE 9 – EXECUÇÃO PENAL .......................................................................... 58
8.1 OBJETIVOS DA EXECUÇÃO PENAL ......................................................................... 61
8.2 DOS ESTABELECIMENTOS PARA CUMPRIMENTO DE PENA ........................................ 62
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃOi

É chegado o momento de estudarmos da citação ao processo da execução


penal em si e em seus detalhes. Do crime à execução penal o caminho é longo, já
sabemos!
A fase de conhecimento do processo passa a execução com o trânsito em
julgado da sentença, que torna-se, título executivo judicial. Na execução a sentença
será cumprida, ou seja, a pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou
pecuniário serão executadas.
Ressalta-se que o condenado já tem ciência da ação penal ajuizada, assim,
embora a citação seja dispensável, uma vez que foi intimado da sentença penal
condenatória e exerceu o seu direito de recorrer, será nosso primeiro assunto.
Contudo, a citação é necessária em casos de condenação a pena de multa, isso
porque o início do cumprimento da pena fica a cargo do sentenciado, consoante
dispõe o artigo 50 do Código Penal: “A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias
depois de transitada em julgado a sentença”. Se por ventura o condenado não pagar
a multa, será intimado pelo próprio juízo da condenação.
Pois bem, a citação e intimação, a sentença, a prisão, a liberdade provisória,
suspensão condicional do processo, nulidades, extinção da punibilidade são as
matérias a serem estudadas.
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.

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UNIDADE 2 – CITAÇÃO E INTIMAÇÃO

A citação é o chamamento do réu a juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento


da ação, imputando-lhe a prática de uma infração penal, bem como lhe oferecendo a
oportunidade de se defender pessoalmente e através de defesa técnica (NUCCI,
2008).
A citação é o ato oficial pelo qual, no início da ação, se dá ciência ao
acusado de que contra ele se movimenta essa ação, chamando-o a vir a juízo, ver-
se processar e fazer a sua defesa. Ela é ao mesmo tempo a notícia que se leva ao
réu de ter sido instaurada a ação, e o primeiro chamado que se lhe faz para vir a
juízo. É um aviso e uma convocação, atende ao imperativo constitucional de não ser
alguém processado sem ter-lhe assegurado amplos meios de defesa.
Intimação, por sua vez, é a ciência dada às partes de um ato já consumado,
seja despacho ou sentença. Depois de citado e comparecendo em juízo, o acusado
é intimado, em cartório, para os subsequentes atos do processo.
Conforme a condição do acusado e o lugar onde se encontra, sua citação
poderá ser feita por:
mandado;
requisição;
precatória;
rogatória;
edital.
A citação instaura a relação processual, impondo, a partir de então, deveres
processuais ao acusado. Neste sentido, ADA PELLEGRINI GRINOVER, ANTÔNIO
SCARANCE FERNANDES e ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO (2006, p.
116) lecionam que é exigência fundamental ao exercício do contraditório o
conhecimento, pelos interessados, de todos os dados do processo, pois sem a
completa e adequada informação a respeito dos diversos atos praticados, das
provas produzidas, dos argumentos apresentados pelo adversário, a participação
seria ilusória e desprovida de aptidão para influenciar o convencimento do juiz.
Desse modo, a efetividade dos diversos atos de comunicação processual
representa condição indispensável ao pleno exercício dos direitos e faculdades

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conferidos às partes; sua falta ou imperfeição implica sempre prejuízo ao


contraditório, comprometendo toda a atividade subsequente.
Dos ensinamentos de FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO (2008),
temos que citação é o ato processual pelo qual se leva ao conhecimento do réu a
notícia de que contra ele foi recebida denúncia ou queixa, para que possa defender-
se.
Não há dúvida que a citação constitui seguramente o mais importante ato de
comunicação processual, especialmente em sede penal, pois visa levar ao
conhecimento do réu a acusação que lhe foi formulada, (...), propiciando, assim, as
informações indispensáveis à preparação da defesa (GRINOVER et al, 1999).
É ato que comunica a existência da ação penal, bem como chama, por
primeira vez, o acusado a comparecer em juízo em dia e hora designados (art. 396
do CPP)1.
A citação regular torna completa a relação processual e atribui ao acusado o
ônus de comparecer aos atos processuais para os quais for intimado e também de
comunicar ao juízo qualquer mudança de residência, sob pena de prosseguir o
processo sem a sua presença (art. 367 do CPP).
A citação se diferencia de outros atos processuais de comunicação às
partes, quais sejam: a) intimação – que é, grosso modo, ato de comunicação que dá
ciência às partes de um ato processual praticado; b) notificação – é a comunicação
para o comparecimento da parte em um determinado ato processual.
Quem determina que se proceda à citação é o magistrado, sendo o ato, via
de regra, cumprido pelo Oficial de Justiça. Há casos em que a citação é cumprida
por pessoa diversa, como na citação de militar, que é feita conforme dispõe o art.
358 do CPP (pelo chefe do respectivo serviço).
No processo penal, pode ser citado apenas o indivíduo que se encontra no
polo passivo da ação penal, vale dizer, o sujeito passivo da pretensão punitiva. Em
se tratando de réu portador de doença mental, a citação será feita na pessoa de seu

1 A citação é o canal de comunicação aberto pelo Estado-juiz em direção ao acusado para noticiá-lo
da existência de uma imputação e convocá-lo a contrariá-la. Tal comunicação, que se traduz num dos
enfoques do princípio constitucional do contraditório, deve ser efetiva, inquestionável, induvidosa. Por
isso, está cercada de formalidades que não podem ser postergadas. A comunicação falha, deficiente,
bloqueada, corresponde à falta de comunicação e vicia de modo incurável o processo. (TACrimSP,
HC 119.796, RT 578/364).
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curador. A citação do funcionário público, por sua vez, é feita por mandado ou
precatória, sendo, ainda, notificado o chefe de sua repartição (art. 359 do CPP). Em
relação à citação do preso, esta deve ser feita, consoante o plasmado no art. 360 do
CPP, pessoalmente, o que não obsta a expedição de ofício requisitório ao Delegado,
Diretor do Presídio ou quem faça suas vezes para diligenciar sua apresentação ao
Fórum, onde será interrogado (TOURINHO FILHO, 2008).
A lei nº 11.719/08 altera os artigos 362 e 363 do CPP, que dispunham:
Art. 362. Verificando-se que o réu se oculta para não ser citado, a citação
far-se-á por edital, com o prazo de 5 dias;
Art. 363. A citação será feita por edital:
I – quando inacessível, em virtude de epidemia, de guerra ou de outro
motivo de força maior, o lugar em que estiver o réu;
II- quando incerta a pessoa que tiver de ser citada.
A nova lei institui a modalidade de citação por hora certa no âmbito
processual penal e revoga os incisos do art. 363, do CPP, conforme se verifica:
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de
justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código
de Processo Civil.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não
comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a
citação do acusado.
I - (revogado);
II - (revogado).
§ 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital.
§ 2º (VETADO)
§ 3º (VETADO)
§ 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o
processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código.
A citação por hora certa é novidade para o processo penal e seguirá as
regras estabelecidas pela legislação processual civil:

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Art. 227 - Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu
em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de
ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho,
que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar.
Art. 228 - No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente
de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de
realizar a diligência.
§ 1º - Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará
informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando
se tenha ocultado em outra comarca.
§2º- Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com
pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o
nome.
Art.229 - Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta,
telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência.

A citação no processo penal pode ser real, pessoal ou in faciem ou ficta,


também conhecida como presumida:
a) pessoal ou real, isto é, aquela feita na própria pessoa do acusado e que
se efetiva por meio de mandado judicial (por oficial de justiça), por precatória
(quando se tratar da hipótese na qual o réu esteja fora do território do juiz
processante, conforme o art. 353 do CPP); por carta de ordem (determinada pelos
tribunais em processos de competência originária, conforme o teor do parágrafo 1º
do art. 9º, da lei nº 8.038/90) e, por fim, por carta rogatória (no caso do acusado
encontrar-se no estrangeiro, de acordo com o art. 368, do CPP);
b) ficta ou presumida – que se efetiva, conforme a recente reforma
processual, de duas maneiras, quais sejam: 1. por edital – cujo leque de
possibilidades foi reduzido à uma única hipótese: quando o acusado não for
encontrado (arts. 361 e 363, parágrafo 1º do CPP); 2. por hora certa – modalidade
que servia apenas ao processo civil e que passa, de forma inovadora, a ser adotada
pelo processo penal, nos casos em que o réu se ocultar para não ser citado (art. 362
do CPP) (MOREIRA, 2002).

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Vale lembrar que a citação válida é ato imprescindível para o processo, sob
pena de nulidade (conforme art. 564, inciso III, alínea ‘e’ do CPP). Assim, possui
relevância inquestionável para o processo penal.
Quanto a intimação é, pois, a ciência que se dá a alguém de um ato já
praticado, já consumado, seja um despacho, seja uma sentença, enfim, é a
comunicação de ato praticado. Assim, intima-se o réu de uma sentença (note-se que
o réu está sendo cientificado de um ato já consumado, já praticado, isto é, a
sentença.
A notificação, por outro lado, é a cientificação que se faz a alguém (réu,
partes, testemunhas, peritos, etc.) de um despacho ou decisão que ordena fazer ou
deixar de fazer alguma coisa, sob certa cominação. Assim, a testemunha é
notificada, porque se lhe dá ciência de um pronunciamento do Juiz, a fim de
comparecer à sede do juízo em dia e hora designados, sob as cominações legais.
Se não comparecer, estará ela sujeita àquelas sanções a que se referem os arts.
218 e 219 do CPP” (TOURINHO FILHO, 2009).
Há que se ressaltar que essa diferenciação não foi observada pelo nosso
Código de Processo Penal, fazendo que a grande maioria da doutrina e da
jurisprudência também assim procedesse. O CPP ora se refere à intimação, ora à
notificação, sem levar em conta a diferenciação doutrinária realmente existente.
Considerando-se, portanto, esta realidade legal e a prática forense, utiliza-se
genericamente o termo intimação, englobando no conceito os dois institutos, até
porque, além da indiferença do legislador processual, ambos os termos têm a
mesma finalidade de comunicação, de cientificação de ato processual.
Com efeito, a intimação é dirigida às partes, vítimas, testemunhas, peritos,
intérpretes, defensores e assistentes e tantos quantos precisem ser chamados ao
processo, seja para fazer ou não fazer, seja para tomar conhecimento de algum ato
já realizado.
A intimação poderá se realizar, em regra, através da expedição de mandado
(se o destinatário residir na comarca do Juízo processante), de carta precatória ou
rogatória (se residir fora) e de ofício requisitório (no caso da pessoa intimada estar
presa ou ser militar).

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Em caso de intimação por carta precatória, exige o Código (art. 222, caput),
sob pena de nulidade relativa (Súmula 155, STF) que as partes sejam intimadas da
expedição do documento, não sendo exigível que se lhes dê ciência da data
marcada pelo Juízo deprecado para a realização do ato, o que não deixa de
dificultar a defesa, pois a parte acusada não terá conhecimento do dia da audiência.
Atento a esta falha, FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO (2009)
disse esperar “que o direito pretoriano passe a exigir, também, seja ele (o defensor)
intimado do despacho que designa data para a audiência, pois de nada valerá ser
informado da simples expedição de precatória, a teor do art. 222, caput”.
Infelizmente a jurisprudência até o momento tem decidido pacificamente que não há
nulidade pela não cientificação da defesa da data da audiência no juízo deprecado
(RT 569/289, 541/368, 525/352, 493/347, etc.).
Além dessas modalidades, há regras especiais atinentes ao tema, como
veremos a seguir:
com efeito, o advogado constituído, seja pelo réu, seja pelo querelante ou
pelo assistente, será intimado pelo órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca (quando se deve incluir, sob pena de nulidade, o nome
do acusado, além do número do processo, do nome do advogado e o teor do
despacho do Juiz); se não houver tal órgão, a intimação far-se-á diretamente
pelo escrivão, por mandado, pelo correio (com aviso de recebimento) ou
através de qualquer outro meio idôneo, tudo em conformidade com o art. 370,
§§ 1º, 2º 3º, CPP. “É possível, pois, seja a cientificação realizada por
telegrama, telex, fax, computador, radiograma ou telefone, meios não aceitos
pela jurisprudência quanto à legislação anterior” (MIRABETE, 2007);
quando se tratar de intimação de funcionários públicos, a expedição do
respectivo mandado deve ser imediatamente comunicada ao chefe da
repartição em que servirem, com a indicação do dia e da hora marcados (art.
221, § 3º, CPP). A intenção do legislador, ao que parece, foi evitar que o
serviço público sofresse solução de continuidade, pois, sendo necessário, o
chefe da repartição certamente providenciará a substituição do funcionário
faltante. Imagine-se o único médico plantonista em um hospital público
intimado para depor (...);

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quanto ao jurado, caso não seja encontrado pelo oficial de justiça, estará
devidamente intimado com a cópia do mandado deixada em sua residência,
salvo se ele não estiver no respectivo município (art. 429, § 2º.);
os membros do Ministério Público, os Defensores Públicos e os defensores
dativos serão intimados sempre pessoalmente na forma do art. 370, § 4º.
Observa-se que já decidiu o STF que “a teor do disposto no § 5º. do art. 5º.
da Lei nº 1.060/50, acrescido por força da Lei nº 7.871/89, nos Estados onde a
Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor Público, ou
quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do
processo, em ambas as instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos. A
Lei nº 8.701/93, no que conferiu nova redação à norma geral do artigo 370 do
Código Penal, não teve o condão de revogar o citado preceito porque de natureza
especial.
A lei orgânica do Ministério Público, Lei nº 8.625/93, também estabelece, no
art. 41, IV, constituir prerrogativa do membro da Instituição receber intimação
pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, através da entrega dos autos
em vista, ou seja, “necessário e imprescindível é que o escrevente ou o próprio
escrivão dê ao interessado ciência do ato processual que deve conhecer (...)”, não
se exigindo, “porém, a averbação do ‘ciente’ do Ministério Público quando intimado
seu representante, bastando que se certifique nos autos a sua cientificação”
(MIRABETE, 2007).
A intimação poderá se realizar, ainda, diretamente pelo escrivão (art. 370, §
3º), em audiência (art. 372) ou por despacho na própria petição em que for
requerida, observando-se, neste último caso, os requisitos da intimação por
mandado (art. 371), ou seja, o oficial de justiça deverá ler a petição e o despacho
nela proferido, entregando a contrafé e certificando no verso da petição o
cumprimento da diligência e das respectivas formalidades: substitui-se, apenas, o
mandado pela petição.
A Lei nº 9.800/99 inovou, permitindo a comunicação de atos processuais
através da utilização do sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile
ou outro similar (art. 3º.).

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Por sua vez, a Lei nº 9.099/95, fiel aos critérios por ela adotados da
informalidade, da economia processual e da celeridade (art. 62), dispõe que nos
Juizados Especiais Criminais, a intimação (ou notificação) poderá ser efetivada
através de via postal (com AR ou mediante entrega na recepção, se se tratar de
pessoa jurídica ou firma individual), por oficial de justiça (independentemente de
mandado ou carta precatória), na própria audiência, ou, ainda, por qualquer outro
meio idôneo de comunicação, como, por exemplo, o telefone, tomando-se sempre
as “cautelas para que seja intimada a pessoa certa e para que esta tenha inequívoco
conhecimento da finalidade de sua intimação, bem como do dia e hora da audiência
a que deva estar presente” (GRINOVER et al, 1999).
Ressalta-se, por fim, que as intimações das decisões de pronúncia e das
sentenças obedecem às regras estabelecidas, respectivamente, pelos arts. 412 a
415 e 390 a 392; quanto aos acórdãos, a respectiva intimação deverá ser feita pela
imprensa oficial, salvo as hipóteses das intimações pessoais.

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UNIDADE 3 – SENTENÇA

Em sentido substancial, sentença é o ato do juiz de resolver a lide, aplicando


a lei ao caso concreto. Portanto trata-se da decisão do mérito. Ela se denomina
sentença definitiva (SANTOS, 2011).
Segundo VICENTE GRECO FILHO (2009), é comum confundir o termo
sentença definitiva, com sentença transitada em julgado.
Sob o aspecto formal, sentença é o ato final do juiz monocrático de primeiro
grau, denominando acórdão à decisão colegiada dos tribunais. Todavia, em sentido
amplo, sentença abrange os acórdãos, como exemplo, na expressão sentença
transitada em julgada.
Além da sentença, que é a decisão definitiva, o juiz profere despachos
expediente, no prazo de 1 (um) dia, que é o encaminhamento processual, como
designação de audiência ou determinação de juntada de documentos; decisões
interlocutórias, no prazo de 5 (cinco) dias, que são atos de resolver questões
controvertidas no curso do processo; e, decisões interlocutórias mistas, no prazo de
10 (dez) dias, como a sentença que extingue o processo sem julgar o mérito.
No entendimento de VICENTE GRECO FILHO (2009), a decisão que
decreta a extinção da punibilidade, segundo o código, seria interlocutória mista,
tendo em vista que não faz parte do capítulo da sentença, por não decidir o mérito
principal. Todavia, tem ela fora de sentença, uma vez que faz coisa julgada material.
A sentença tem requisitos extrínsecos e intrínsecos. Os requisitos
intrínsecos são o relatório, a fundamentação e o dispositivo ou conclusão. Os
extrínsecos são a data e a assinatura, que autentificam, e as rubricas nas folhas, se
for datilografada.
O relatório é o resumo das ocorrências do processo, desde a identificação
das partes, exposição sucinta da acusação e da defesa, até as provas colhidas e
eventuais incidentes resolvidos.
A fundamentação é a identificação dos motivos, de fato e de direito, que
conduzem à conclusão.
O dispositivo é a parte em que o juiz, coerente com a fundamentação, aplica
a lei ao caso concreto e condena ou absolve o acusado, apontando os dispositivos

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legais que incidem na hipótese. Proferida a sentença de mérito, o juiz encerra a


atividade jurisdicional sobre a imputação.
Não poderá modificar, salvo para retificar erros materiais, ou, mediante
requerimento da parte em 48 horas, para esclarecer obscuridade, ambiguidade,
contradição ou omissão (art. 382 CPP).
Apesar de o código não declarar expressamente, mas encontra-se nesse
dispositivo a figura dos embargos de declaração, onde o código refere como recurso
apenas contra acórdão (art. 619 CPP).
O Juiz pode, ainda, modificar a sentença se contra ela cabe recurso no
sentido estrito, como acontece no caso de sentença em habeas corpus.
Afirmamos que no âmbito penal, a Sentença Penal deverá respeitar o
formalismo a que se encontra submetida, devendo preencher os requisitos
constitutivos da essencialidade desse ato processual decisório, que, se
desatendidos, tornaria a sentença imprópria para gerar os seus efeitos regulares que
dela se espera.
Está inserida tal matéria no Código de Processo Penal – CPP – nos arts.
381 a 393. Elenca o art. 381 do CPP, os requisitos objetivos essenciais que deverão
constar na Sentença:
I – o nome das partes ou indicações para identificação;
II – uma exposição sucinta da acusação e da defesa;
III – a indicação de motivos de fato e de direito que servem de base para a
fundamentação da Sentença;
IV – a indicação dos artigos de lei aplicável ao caso, de forma expressa;
V – o Dispositivo; e, por último,
VI – a assinatura do Juiz acompanhado da data.
Tais requisitos são indeclináveis e imperativos para o processo, quando
analisados conjuntamente.
Criou-se no meio jurisprudencial e doutrinário, uma ritualística mais breve,
acabando por mencionar que na Sentença deve obrigatoriamente constar o
RELATÓRIO, a FUNDAMENTAÇÃO e o DISPOSITIVO.
O relatório pode ser definido como sendo o resumo de todos os atos que
ocorreram durante a tramitação processual e que se encontram nos autos, ou

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seja, um histórico processual, sendo inclusive causa de nulidade se o mesmo


não constar na Sentença.
Já a fundamentação é a parte da Sentença que abriga os motivos de Fato e
de Direito que serve de fundamento para a decisão. Tal requisito encontrou
guarida na Carta Constitucional, no art. 93, inciso IX, que estabelece que toda
decisão proferida pelo órgão judiciário deverá ser fundamentada, sob pena de
nulidade da mesma. Não é outro tal requisito, senão o de mostrar as partes
que o que foi decidido está de acordo com o que foi amplamente discutido no
processo, em todos os seus termos, e que decisão do juiz não se afastou do
universo dos autos.
A parte dispositiva da Sentença é exatamente a parte em que o Magistrado
decidirá sobre a pretensão punitiva, já que falamos de matéria penal. Pode-
se, sem qualquer dúvida, dizer que é a parte mais importante da Sentença,
pois é revelado através dela as conclusões do julgador, estabelecendo,
também, os limites da coisa julgada.
Podemos falar em dois tipos de sentença, a Sentença Absolutória e
Sentença Condenatória.
A Sentença Absolutória é aquela que julga improcedente a pretensão
punitiva do Estado, estereotipada pela acusação, declarando infundada a acusação
feita ao réu. Contudo, para declarar a absolvição do acusado, não pode esta ser
feita de forma aleatória. Tem-se que a absolvição somente se dará quando previstas
algumas das hipóteses do art. 386 do Código de Processo Penal.
Estas hipóteses são:
I - quando ficar provado a inexistência do fato;
II – quando não houver prova da existência do fato;
III – quando o fato não constituir em infração penal;
IV – quando existir circunstâncias que excluam ou isente o acusado de pena;
e,
V – quando não houver existência de prova suficiente para proferir uma
decisão condenatória.

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As hipóteses acima referidas abordam de forma completa as possibilidades


de se proferir uma decisão absolutória para o acusado, não ficando discricionário ao
judiciário a adoção de outras hipóteses.
De outro lado, temos a Sentença Condenatória que são aquelas que dão
provimento a pretensão punitiva, pública ou privada, contida na ação penal. Para
este tipo de sentença faz-se necessário a prova plena de imputação ao acusado da
materialidade e autoria do ato infracional, e não apenas mera possibilidade.
Havendo dúvidas quanto ao caso, ou seja, se não se pode afirmar convictamente ter
o réu cometido o delito, impõe-se a absolvição do mesmo, significando a máxima in
dubbio pro réu.
A prolação de uma Sentença Penal existe para um fim específico e principal,
que é a imposição ao réu de pena a ser cumprida, tomando-se este efeito como
Primário.
Contudo, há outros efeitos, tidos como Secundários, que vão além da
imputação de pena, subdividindo-se em: efeitos de ordem Penal (podendo
exemplificá-lo como sendo a revogação da suspensão condicional da pena;
revogação do livramento condicional, entre outros); e, de Ordem Extrapenal (que
decorrem das sanções administrativas, trabalhistas e cíveis, e que deverão estar
expressamente motivadas na Sentença).
Entretanto, como a Sentença decorre de um ato humano, estará sujeita a
falibilidade de seu conteúdo, podendo esta conter erros, vícios, incoerência, entre
outras possibilidades prejudiciais, que torna lesivo a uma das partes, ou todas elas,
não se prestando para o seu fim de alcançar o direito.
Partindo da inconformação da Sentença, temos que ela não é imutável de
forma absoluta. Esta poderá ser alterada, total ou parcialmente, se utilizados das
vias próprias (VIANA, 2004). Via recursos que veremos mais adiante.

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UNIDADE 4 – A PRISÃO

No dia 04 de julho de 2011, após sessenta dias de vacatio legis, entrou em


vigor a nova lei nº 12.403/11, que alterou sensivelmente dispositivos do Decreto Lei
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, o Código de Processo Penal, em relação aos
temas das prisões, fiança, liberdade provisória e medidas cautelares (VIEGAS,
2012).
Embora observemos que vários autores venham estudando a nova lei,
vamos nos basear inicialmente em análises realizadas pela autora acima, visto ter
feito considerações pontuais sobre as mudanças ocorridas e que cabem ao
propósito desta unidade.
Segundo a mesma, a referida lei, seguindo a tendência jusfilosófica
minimalista da aplicabilidade do subsistema criminal às mazelas sociais, trouxe
alterações de alguns institutos que vinham gerando contradição entre os postulados
doutrinários e os julgados dos tribunais, inclusive do Supremo Tribunal Federal, tais
como as prisões e a liberdade provisória. Ademais, a novel ressuscita o instituto da
fiança, que, em que pese nunca tenha sido revogado, na prática era pouco aplicável
com a devida seriedade.
Apesar de existirem em algumas leis esparsas, como no Código de Trânsito
Brasileiro (Lei nº 9.503/97), na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06) e na Lei de
Drogas (Lei nº 11.343/06), a grande novidade da lei 12.403/11 é a introdução ao
sistema processual penal das medidas cautelares de cunho penal, que visam evitar
o encarceramento provisório dos acusados em geral.
Mesmo antes da presente lei, alguns magistrados já fundamentavam, mas
de forma excepcional, a adoção de medidas cautelares de cunho penal em
detrimento da prisão provisória, tudo fundado na aplicação subsidiária do artigo 798
do Código de Processo Civil. Contudo, a doutrina majoritária entendia que tal
aplicação não seria legítima.
Embora passados 18 meses da entrada em vigência, acreditamos ser
prematuras reflexões e análises muito profundas, portanto, concordamos em apontar
somente algumas impressões acerca da nova lei.
A Lei nº 11.403/11 positivou aquilo que o Supremo Tribunal Federal está
exausto de propalar: que no processo penal a prisão só é legítima antes do trânsito
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em julgado de sentença condenatória, quando presentes requisitos cautelares que


apontem sua absoluta necessidade.
O legislador ordinário, seguindo a tendência do Direito Penal Moderno,
entendeu que a prisão deve ser utilizada pelo Estado como último meio persuasório
a pretender que o indivíduo mantenha sua conduta em consonância com o
ordenamento jurídico. É, pois, extrema ratio da ultima ratio.
A novel inseriu no sistema jurídico medidas cautelares, medidas de cunho
judicial que visam resguardar a eficácia e utilidade do processo principal, buscando,
assim, aplicar apenas excepcionalmente a prisão processual provisória, tanto na
modalidade preventiva, quanto temporária. De fato, em consonância com os
princípios insculpidos na Constituição da República Federativa Brasileira, o estado
de inocência deve imperar até o definitivo julgamento de um processo penal.
Seguindo esta linha, muitos magistrados já deixavam de decretar a prisão ao
considerar que a adoção de uma medida alternativa pudesse suprir a necessidade
de que o processo continuasse de modo tranquilo a fim de propiciar uma prestação
jurisdicional efetiva. Aqui, pode-se exemplificar com o caso concreto do acidente
aéreo que envolveu pilotos norte-americanos em jato que se chocou com avião de
grande porte de companhia brasileira. O juiz decidiu pela medida de retenção de
passaporte dos pilotos estrangeiros que, sem domicílio ou trabalho em nosso país,
aqui teriam cometido crime.
Dessa forma, de acordo com o julgamento da Terceira Seção do STJ no CC
72.283-MT, foi desnecessária a prisão para assegurar a aplicação da lei penal.
Nesse diapasão, o legislador infraconstitucional positivou no art. 319 do CPP
as seguintes medidas cautelares de cunho penal:
a prisão domiciliar;
o comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo
juiz, para informar e justificar atividades;
a proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer
distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;

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a proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por


circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela
permanecer distante;
a proibição de ausentar-se da comarca ou subseção judiciária quando a
permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou
instrução;
recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
a suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a
prática de infrações penais;
a internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou
semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
a fiança, nas infrações que a admitem para assegurar o comparecimento a
atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de
resistência injustificada à ordem judicial; e, por fim,
o monitoramento eletrônico.
Ocorre que muitas dessas medidas cautelares já eram utilizadas no sistema
penal, haja vista sua previsão como condição para suspensão condicional da pena
no artigo 77 do Código Penal, e como suspensão condicional do processo, disposto
no artigo 89 Lei nº 9.099/95. Vale destacar a prisão domiciliar, a proibição de
ausentar-se do País, a suspensão do exercício de função pública ou de atividade de
natureza econômica ou financeira, a internação provisória do acusado, nas
hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, a proibição de
manter contato com pessoa determinada e o monitoramento eletrônico.
A Prisão Domiciliar é uma espécie de medida cautelar consistente no
recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-
se com autorização judicial. Não se trata de novidade em nosso ordenamento
jurídico, tendo em vista o art. 117 da Lei de Execução Penal.
Tal prisão é substituta genérica da prisão preventiva e aplica-se apenas
diante de condições pessoais do autor do fato, apontadas em lei e devidamente

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comprovadas, como exemplo, ser ele portador de doença grave que cause
debilidade extrema. Desnecessário comentar as dificuldades atuais de fiscalização
de tal modalidade de cárcere cautelar.
Em que pese, na essência sejam semelhantes, a prisão domiciliar recém
positivada não é a mesma aludida pelo artigo 117 da Lei de Execuções Penais.
Ambas consistem no recolhimento do sujeito, só podendo dela ausentar-se com
autorização judicial, artigo 317, Código de Processo Penal. Todavia, destoam entre
si, pois enquanto a primeira é prisão pena, a novel é prisão processual.
Quanto aos seus requisitos também se verificam distinções, eis que pela
nova lei, somente será possível a substituição da prisão preventiva por prisão
domiciliar ao agente que for maior de 80 (oitenta) anos, ou estiver extremamente
debilitado por motivo de doença grave; quando for imprescindível aos cuidados
especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; ou
gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco. Além
disso, deverá o juiz exigir prova idônea do motivo ensejador da substituição,
conforme o artigo 318 do Código de Processo Penal.
Já na prisão domiciliar prevista pela Lei de Execução Penal, basta que o
condenado tenha 70 (setenta) anos de idade, tenha sido acometido de doença
grave; que a condenada tenha filho menor ou deficiente físico ou mental (a
jurisprudência tem aderido à isonomia ao condenado), bem como a condenada
gestante. Nota-se que nos últimos casos, a presente lei apresenta requisitos mais
brandos do que no caso da prisão provisória.
Constitucionalmente falando, face à individualização da pena e a isonomia,
uma vez que, se analisarmos friamente, verificaremos que está dando tratamento
prejudicial ao preso provisório e beneficiando o preso que foi definitivamente
condenado, o que, por conseguinte, nos leva a entender que há também violação ao
princípio do estado de inocência (ARAÚJO, 2011).
Inseriu-se como medida cautelar a proibição de ausentar-se do País, que
deverá ser comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas
do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o
passaporte no prazo de 24 (vinte e quatro) horas – artigo 320 do CPP.

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Cumpre destacar, a medida cautelar, que já estaria sendo aplicada


implicitamente no Brasil, de suspensão do exercício de função pública ou de
atividade de natureza econômica ou financeira, quando houvesse justo receio de
sua utilização para a prática de infrações penais, em nome do princípio da
moralidade administrativa, no caso de servidores públicos e do princípio da
segurança pública, no tocante a iniciativa privada.
Nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, cabe,
agora, a internação provisória do acusado quando os peritos concluírem pela
inimputabilidade ou pela semi-imputabilidade, conforme o art. 26 do Código Penal,
isso se houver risco de reiteração. Antes da alteração, tal medida cautelar só era
possível baseada nas hipóteses de interdição do Direito Civil.
Outra alteração interessante a ser utilizada nos crimes contra a pessoa é a
medida cautelar de proibição de manter contato com pessoa determinada, quando
por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o acusado, em geral, dela permanecer
distante. Trata-se de um avanço na norma que anteriormente guardava previsão
parecida apenas na Lei Maria da Penha, tutelando, tão-somente, os casos de
violência doméstica.
Já o monitoramento eletrônico, encontra-se regulamentado em nosso
ordenamento jurídico desde a Lei nº 12.258/10, sendo que uma de suas hipóteses é
o caso de prisão domiciliar, que mutatis mutantis poderá, também, ser implementada
na versão provisória das restrições a liberdade do acusado em geral, tendo em vista
que, de acordo com o novo artigo 282, §1º Código de Processo Penal, as medidas
cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.
Interessa mencionar que no caso de aplicação das medidas cautelares de
cunho penal, deverão ser verificados de forma concomitante os requisitos da
proporcionalidade e da adequação da medida. Isso porque cabe ao magistrado
identificar, diante do caso concreto, a necessidade da aplicação da lei penal, nos
casos expressamente previstos, a fim de evitar a prática de infrações penais,
quando da investigação ou da instrução criminal; a adequação da medida à
gravidade do crime, às circunstâncias do fato e, ainda, a proporcionalidade, em
sentido estrito da medida, por meio das condições pessoais do indiciado ou

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acusado, seguindo os parâmetros previstos no artigo 282, caput do Código de


Processo Penal.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a:
I – necessidade para a aplicação da lei penal, para a investigação ou a
instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de
infrações penais;
II – adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e
condições pessoais do indiciado ou acusado.
Outro aspecto importante em relação às medidas cautelares consta no § 2º
do art. 282 do CPP, qual seja:

as medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a


requerimento das partes, ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do
Ministério Público.

Neste aspecto, MOACIR MARTINI ARAÚJO (2011) destaca:

o que derruba de uma vez por todas a tese de alguns juristas de que o
delegado de polícia não possui capacidade postulatória, teoria esta já
rechaçada pela Lei nº 12.016/09, conhecida como nova lei do mandado de
segurança.

Por outro lado, atendendo à exigência constitucional, a nova lei inseriu o


princípio do contraditório e da ampla defesa no artigo 282, § 3º do CPP, eis que a
aplicação da medida cautelar será submetida à outra parte, que será intimada e
receberá, por sua vez, a cópia das peças que instruíram o requerimento,
ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, hipótese em
que o magistrado decidirá de plano inaudita altera partes.
Não há devido processo legal sem o contraditório, garantindo-se, assim, a
plena igualdade de oportunidades processuais. Aliás, ainda que a medida tenha sido
tomada inaudita altera pars, “a observância do contraditório, nesses casos, é feita
depois, dando-se oportunidade ao suspeito ou réu de contestar a providência
cautelar (...). Fala-se em contraditório diferido ou postergado” (PACHECO, 2007, p.
261)
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O artigo 282 § 4º do CPP previu como última sanção a possibilidade de o


juiz decretar a prisão preventiva em caso de descumprimento da medida cautelar, in
verbis:
No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de
ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do
querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último
caso, decretar a prisão preventiva.
Em razão da natureza rebus sic stantibus da medida cautelar, o juiz poderá
revogar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que a subsista, bem
como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. A prisão
preventiva só ocorreria no último caso.
Vale lembrar que quaisquer das medidas cautelares, inclusive as prisões
provisórias, só se justificarão quando presentes o fumus commissi delicti (a
gravidade do crime, as circunstâncias do fato e as condições pessoais do indiciado
ou acusado) e o periculum libertatis (ou o periculum in mora, conforme o caso) e só
deverão ser mantidas enquanto persistir a sua necessidade, ou seja, a medida
cautelar, tanto para a sua decretação quanto para a sua mantença, obedecerá à
cláusula rebus sic stantibus (VIEGAS, 2012).
Há muitas dúvidas no que tange à aplicação das medidas cautelares aos
crimes que se encaixam na Lei nº 9.099/95. A propósito, concorda-se com o
promotor PAULO SÉRGIO MARKOWICZ DE LIMA (2011), quando diz que algo que
será muito debatido na doutrina é a não aplicação das medidas cautelares diversas
da prisão aos crimes de menor potencial ofensivo. Para ser imposta uma medida
cautelar só se exige inicialmente que ao crime de menor potencial ofensivo seja
prevista pena privativa de liberdade, na estrita redação do art. 321, do CPP.
O parágrafo único do art. 69, da Lei nº 9.099/95, que trata dos Juizados
Especiais, prevê apenas o não cabimento da fiança. Indispensável um juízo de
adequabilidade e de necessidade na hipótese, não se justificando, a priori, a
aplicação de medidas mais gravosas, como recolhimento domiciliar noturno e nos
dias de folga do autor do fato, nem a monitoração eletrônica. Deve ser afastada
também a possibilidade de decretação da prisão preventiva ante medida
descumprida, pois se estaria pervertendo o limite objetivo de 4 anos para caber o

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decreto da prisão provisória, sendo uma opção válida para o juízo cumular outra
medida com a cautelar descumprida. Se a apresentação do autor do fato perante o
juizado não é imediata, não vemos como afastado o aspecto conciliatório de tal
jurisdição, muito pelo contrário, no caso de aplicação fundamentada de medida
cautelar que impõe ao autor do fato, por hipótese, permanecer distante do ofendido.
Por fim, homologada a transação penal ou operada a suspensão condicional do
processo, por óbvio, inadmissível a manutenção de cautelar diversa da prisão.
Oportuno dizer que continuam vigentes as medidas cautelares extremas de
segregação, quais sejam: a prisão em flagrante, a preventiva e a temporária, esta
última ainda regulamentada por lei extravagante (Lei nº 7.960/89).
De acordo com FERNANDO CAPEZ (2011), a lei foi “editada com o escopo
de evitar o encarceramento do indiciado ou acusado antes de transitar em julgado a
sentença penal condenatória”. O autor ainda declara:

Agora, antes da condenação definitiva, o sujeito só pode ser preso em três


situações: flagrante delito, prisão preventiva e prisão temporária. Mas
somente poderá permanecer preso nas duas últimas, não existindo mais a
prisão em flagrante como hipótese de prisão cautelar garantidora do
processo. Ninguém responde mais preso a processo em virtude da prisão
em flagrante, a qual deverá se converter em prisão preventiva ou convolar-
se em liberdade provisória.

Antes da sentença final, é imprescindível a demonstração dos requisitos de


necessidade e urgência para a prisão cautelar. Além da prisão temporária, cabível
nas restritas hipóteses da Lei nº 7.960/89 e somente quando imprescindível para a
investigação policial de alguns crimes elencados em rol taxativo, só existe a prisão
preventiva, como modalidade de prisão provisória. Mesmo assim, quando couberem
outras medidas coercitivas menos drásticas, como, por exemplo, obrigação de
comparecer ao fórum mensalmente, proibição de se ausentar da comarca,
submeter-se ao monitoramento eletrônico, etc., não se imporá a prisão preventiva, a
qual passa a ser medida excepcional, ou como se costuma dizer, a ultima ratio.
(CAPEZ, 2011)
Cumpre diferenciar as prisões preventiva e temporária. A prisão temporária,
de acordo com lições da doutrina processualística, vem compor o quadro das
medidas cautelares de natureza pessoal ao lado da prisão em flagrante e da prisão
preventiva. Por se tratarem de prisões cautelares, visam a assegurar a utilidade do
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provimento jurisdicional final, revestem-se das características da instrumentalidade,


provisoriedade e acessoriedade (VIEGAS, 2012).
Instrumental porque servem de meio e modo a alcançar determinada medida
principal no processo penal.
Provisória, porquanto só duram enquanto não alcançada a finalidade principal
e enquanto os requisitos que a autorizaram ainda estiverem presentes.
É medida acessória, por fim, pois se vincula a sorte da medida cautelar à da
principal, aquela sendo alcançada, esta perde a eficácia.
A prisão temporária será decretada pelo juiz, a pedido do delegado ou do
Ministério Público, e terá o prazo prorrogável de cinco dias, salvo nos casos de
crime considerado hediondo, quando o prazo sobe para 30 dias prorrogáveis. Já
prisão provisória não tem limitação de prazo.
Quanto ao momento Processual, a prisão temporária só pode ocorrer
durante o inquérito, enquanto a prisão preventiva pode ser decretada a qualquer
momento, desde o inquérito até o trânsito em julgado (o fim do processo).
Por fim, vale dizer que além de positivar as medidas cautelares, o legislador
acabou revogando as prisões administrativas previstas no antigo artigo 319 do CPP.
Passa-se a analisar as espécies de prisão preventiva sob o prisma da Lei
12.403/2011. (VIEGAS, 2012).
4.1 Prisão provisória
Denomina-se prisão provisória, a prisão de natureza processual, cautelar. É
a prisão decretada durante a persecução criminal; não se pode confundir, aqui, a
privação provisória da liberdade com a “pena” privativa de liberdade (a prisão como
sanção jurídica prevista no preceito secundário da norma penal incriminadora).
A finalidade da prisão provisória, em suas diversas modalidades, é de índole
processual, devendo ser examinada, portanto, mediante fundamentos e princípios
próprios (fora da teoria da pena, que é aspecto atinente à parte geral do Código
Penal) (IENNACO, 2012)
O Código de Processo Penal, originariamente, adotava a rigidez em matéria
de prisão: a regra era a prisão ser mantida; a exceção, a liberdade provisória
(instituto afim que será analisado adiante). Com as alterações posteriores, entre elas
as decorrentes da CRFB/88, o sistema passou a adotar a liberdade provisória como

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regra, admitindo, em caso de excepcional necessidade, a prisão. Essa tendência


agora se consolida com a previsão de cautelares alternativas, reservando-se a
prisão para casos graves e hipóteses de justificada necessidade e conveniência.
Com o advento da Lei nº 12.403/11, temos três modalidades de prisão
provisória (é o gênero e as modalidades são as espécies): flagrante (art. 301 e
segs., CPP), preventiva (art. 311 e segs.) e temporária (Lei 7.960/89). Todavia,
ainda nos casos previstos fora do título IX do Livro I (art. 413, CPP), aplicam-se as
disposições gerais do seu capítulo I, que ganham, assim, realce.
A prisão pode ser cumprida a qualquer momento (dia ou noite), respeitadas
as normas atinentes à inviolabilidade do domicílio (art. 5º, XI, CRFB/88), ou seja, a
casa é asilo inviolável, salvo hipóteses de flagrante, desastre, socorro e ordem
judicial (durante o dia).
Em caso de ordem judicial (mandado de prisão), se o crime for afiançável
torna-se imprescindível a exibição do mandado para o seu cumprimento, conclusão
que se extrai do disposto no art. 287 do CPP.
Apenas se se tratar de crime inafiançável (exceção), dispensa-se a exibição
do mandado, apresentando-se o preso imediatamente à autoridade judicial que tiver
expedido o mandado (art. 287, CPP). A teor da nova dicção do art. 299, CPP, seja a
infração afiançável ou inafiançável, a captura poderá ser requisitada, à vista de
mandado judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas pela autoridade, a
quem se fizer a requisição, as precauções necessárias para averiguar a
autenticidade desta. Para a execução da captura, porém, tratando-se de crime
afiançável (regra), permanece a obrigatoriedade de exibição do mandado.
Deve-se notar, porém, que tal hipótese contrasta, paradoxalmente, com as
hipóteses em que o cumprimento do mandado de prisão se dá em virtude de registro
em banco de dados dos órgãos de segurança pública, que não podem olvidar o
lançamento no sistema e deixar de promover a prisão daquele em desfavor de quem
se acha registrado mandado de prisão “em aberto” (IENNACO, 2012)
De acordo com a nova redação do art. 282, do CPP, diante de uma prisão
em flagrante ou de notícia de crime, para que se escolha, dentre as hipóteses
cabíveis (prisão provisória, liberdade provisória e/ou cautelares), qual a tutela
cautelar adequada, deve-se obedecer ao seguinte binômio: a) necessidade; b)

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adequação. Esses critérios, nos termos do art. 282, I e II, CPP, são aplicáveis a
todas as modalidades de cautelar (prisão e diversas da prisão) e se materializam na:
a) necessidade para aplicação da lei penal; b) necessidade para a investigação ou a
instrução criminal; c) necessidade para prevenção da prática de infrações penais; d)
adequação à gravidade do crime; e) adequação às circunstâncias do fato; f)
adequação às condições pessoais do destinatário da(s) medida(s).
Tais critérios, além de autênticas diretrizes hermenêuticas, têm força
normativa, complementando, sistematicamente, a fundamentação dos motivos (art.
312, caput, CPP) que autorizam a prisão preventiva ou, na sua ausência,
determinam a liberdade provisória do investigado ou acusado (cumulada ou não com
outras cautelares diversas da prisão).

4.1.1 Flagrante (art. 301 e segs., CPP)


A CRFB/88 consagra a prisão em flagrante, sem, contudo, explicitar-lhe o
conteúdo. O “tipo processual”, portanto, é deixado a cargo do legislador
infraconstitucional, tendo sido recepcionado o art. 302 do CPP. O elemento temporal
é, pois, essencial à configuração do estado de flagrância que autoriza a prisão por
qualquer do povo e a determina ao agente público. Verifica-se que os incisos do art.
302 do CPP dilatam, progressivamente, o limite temporal caracterizador do flagrante
delito.
Se presente a tipicidade processual, ou seja, se a situação de fato se
amolda à descrição abstrata da lei processual, a prisão será legal. Caso contrário,
será ilegal, independente dos elementos de convencimento coletados por ocasião da
confecção do auto de prisão em flagrante pela autoridade policial.
Da mesma forma, se a sequência procedimental prevista no art. 304 do CPP
for desrespeitada, a prisão em flagrante também será ilegal (princípio da legalidade
das formas).
O art. 307 do CPP autoriza o juiz (autoridade judicial) a lavrar, ele próprio, o
auto de prisão em flagrante, quando o crime é praticado em sua presença ou contra
ele. Em hipótese similar, tratando-se de autoridade policial, sendo praticado na sua
presença ou contra ela, esta, após a lavratura do respectivo auto, comunicará a
prisão imediatamente ao juiz. É interessante notar que o CPP já exigia tal

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providência antes mesmo de a CRBF/88 estabelecer a comunicação da prisão à


autoridade judicial para todos os casos de flagrante.
Após a confecção do auto de prisão em flagrante (APF), a autoridade policial
deve proferir um despacho, ratificando ou não a voz de prisão dada pelo condutor.
Deverá ainda, com especial atenção aos casos de flagrante pela prática de crime
previsto na Lei de Drogas (Lei 11.343), fundamentar, circunstanciadamente as
razões que o levaram à classificação legal do fato.
Fora os casos de flagrante em que o conduzido se livra solto, o conduzido,
embora confeccionado o auto de prisão em flagrante, não será recolhido
efetivamente à prisão se se tratar de infração que se enquadre nos casos de
afiançabilidade – desde que seja da competência da própria autoridade policial o
arbitramento da fiança.
A apresentação espontânea do autor do ilícito penal à autoridade, antes
disciplinada nos arts. 317 e 318 do CPP, foi suprimida pela lei oriunda do projeto
4.208/01. Ocorre que, mesmo no regramento anterior, a apresentação espontânea
não afastava, por si só, a prisão em flagrante. O que normalmente acontece é que,
nestes casos, a situação fática não se enquadra no tipo processual do flagrante (art.
302, CPP); o que não impedia, como também agora não impede, além da hipótese
de flagrante, a decretação da prisão preventiva (ou a aplicação de outras
cautelares), se preenchidos os requisitos para tanto.
Importante notar que o flagrante, na Constituição, tem existência autônoma
como cautelar, sendo caso expresso de prisão anterior à condenação. Sua força já
se mostrava enfraquecida, no entanto, diante do que previa o parágrafo único do art.
310, do CPP, que determinava ao juiz a concessão de liberdade provisória quando
se verificasse, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das
hipóteses que autorizavam a prisão preventiva.
Ocorre que o flagrante passou a ter função de precautela, sendo suficiente
para levar o autuado à prisão, mas não para mantê-lo sob custódia cautelar. É que
agora, com a Lei 12.403/11, tal tendência se consolida e se explicita, pois o novo art.
310, do CPP, diz que o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá,
fundamentadamente, converter a prisão em flagrante em preventiva (inciso II,
primeira parte), desde que:

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a) a prisão seja legal (inciso I);


b) as medidas cautelares diversas da prisão se revelem inadequadas ou
insuficientes (inciso II, parte final);
c) o agente não tenha praticado o fato ao amparo das causas de exclusão
da ilicitude previstas no art. 23, do CP;
d) estejam presentes os requisitos do art. 312 do CPP (incisos II, segunda
parte, e III);
e) a autoridade policial tenha representado ou o Ministério Público tenha
requerido a preventiva. Caso contrário, será concedida liberdade provisória (com ou
sem cautelares), quando ausentes os requisitos constantes do art. 312 do CPP
(inciso II, segunda parte, c/c inciso III). Ou seja, não sendo caso de soltura do
acusado, a prisão em flagrante deverá ser convertida em preventiva, consolidando-
se a subjugação da força coercitiva do flagrante.
A Lei nº 12.403/11 determina, também, que a prisão de qualquer pessoa (e o
lugar onde se encontre) será imediatamente comunicada ao Juiz, à pessoa indicada
pelo preso e, também, ao Ministério Público.
Embora o CPP nada fale sobre a necessidade de remessa de cópia do APF
(que será encaminhado, em 24 horas, ao juiz e, eventualmente, à Defensoria
Pública) ao Ministério Público, a providência deve ser adotada, para que o titular da
ação penal possa, confirmada a legalidade da prisão, conforme o caso, requerer a
conversão da prisão em flagrante em preventiva, ou mesmo postular a concessão de
liberdade provisória cumulada com outras cautelares (art. 306, caput, e §1º, c/c arts.
310, II e 311, todos do CPP).

4.1.2 Prisão preventiva (art. 311 e segs., CPP)


Nos limites estritos do CPP, instrução criminal é o lapso compreendido entre
o recebimento da denúncia e o término da oitiva das testemunhas arroladas pela
defesa, na AIJ, independentemente da apresentação de alegações finais, que pode
ser feita inclusive por memoriais. Anteriormente, como o art. 311 do CPP falava que
a prisão preventiva era cabível em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
criminal, o seu entendimento era alargado para os fins da prisão, passando a
compreender todo o processo criminal.

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Agora, a nova redação do art. 311, conferida pela Lei 12.403/11, consolida
tal interpretação, dizendo expressamente que em qualquer fase da investigação
policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva. Em qualquer fase da
investigação ou do processo, assim, poderá o Ministério Público (ou o querelante ou
ainda o assistente) ou a autoridade policial (ouvido, obviamente o Ministério Público)
representarem por sua decretação. O juiz poderá decretar a prisão, no caso,
inclusive de ofício, limitada tal hipótese, na dicção da novel disciplina, a momento
posterior ao recebimento da denúncia (curso da ação penal).
Para que seja validamente decretada, devem-se atender os requisitos legais
previstos no art. 313 do CPP, agora igualmente renovado:
a) crime doloso apenado com pena privativa de liberdade máxima superior a
4 (quatro) anos;
b) reincidência em crime doloso, salvo se, em relação à condenação
anterior, entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior
tiver decorrido período superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da
suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação (art. 64, I, CP);
c) crime violento praticado em circunstância doméstica ou familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução de medidas protetivas de urgência;
d) caso de dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou ausência de
fornecimento de elementos suficientes para esclarecê-la.
Além dos requisitos legais, há necessidade de atendimento dos
pressupostos (art. 312, caput, parte final, CPP): a) prova da existência do crime; b)
indícios suficientes de autoria.
Presentes os requisitos, a autoridade judicial deverá demonstrar o
atendimento aos fundamentos (motivos) ensejadores da preventiva (art. 312, caput,
primeira parte, e art. 312, parágrafo único, CPP): a) garantia da ordem pública; b)
garantia da ordem econômica; c) conveniência da instrução criminal; d)
asseguramento da aplicação da lei penal.
Uma leitura apressada (e isolada) do art. 310, II, do CPP poderia levar à
conclusão de que o juiz poderia, ao receber a comunicação do flagrante na fase da

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investigação criminal, decretar a prisão preventiva (por conversão) de ofício. Porém,


inevitável a conjugação do dispositivo com os arts. 282 e 311, 312 e 313.
Nem se argumente que, no caso do art. 310, II, estaríamos diante de
conversão do flagrante em preventiva, e não de decretação da preventiva. Se assim
fosse, o juiz poderia converter em preventiva a prisão em flagrante por qualquer
crime e independentemente da presença dos requisitos ensejadores da preventiva
(isso porque o art. 310 faz referência apenas aos motivos da preventiva), bastando a
inadequação ou insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão (art. 310, II,
parte final). Tal interpretação não pode prevalecer por razão simples: a lei continua
prevendo a hipótese de liberdade provisória nos casos em que não estão presentes
as razões que determinam a preventiva (art. 321, CPP).
Tal seria, realmente, uma interpretação teratológica, pois, diante de prisão
em flagrante, sem análise da pena, de antecedentes, enfim, da necessidade efetiva
da medida, o juiz apenas verificaria o cabimento de medida cautelar diversa da
prisão. Concluindo negativamente, converteria a prisão em flagrante em preventiva,
para, após, conceder a liberdade provisória porque ausentes os requisitos para a
decretação da própria prisão preventiva (antes aplicada em “conversão”) (IENNACO,
2012).
A interpretação sistemática dos novos arts. 283, caput, 282, e art. 413, todos
do CPP, conduz à conclusão de que temos: a) prisão preventiva por conversão do
flagrante (art. 310, II); b) prisão preventiva autônoma (art. 311, caput); c) prisão
preventiva decorrente de descumprimento de outras medidas cautelares (art. 312,
parágrafo único, e art. 282, § 4º)16; d) prisão preventiva na fase da pronúncia (art.
413).
Isso nos leva a crer que o juiz não poderá converter a prisão em flagrante
em prisão preventiva sem manifestação policial ou ministerial a respeito; poderá, no
entanto, decretá-la de ofício ao pronunciar o acusado ou, nos demais, se posteriores
ao recebimento da denúncia. Se na fase da investigação, apenas por requerimento
do Ministério Público ou representação da autoridade policial. Tal disciplina,
característica do sistema acusatório, é afirmada expressamente nos arts. 282, § 2º e
311, ambos do CPP. Enfim, torna-se medida imprescindível a oitiva prévia do
Ministério Público (antecedente necessário a qualquer das providências elencadas

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no novo art. 310, do CPP), quando não for ele o próprio autor do requerimento de
prisão.
Dispensa-se a oitiva ministerial apenas nos casos em que a decretação da
preventiva se dá após o recebimento da denúncia.

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4.1.3 Prisão (preventiva) na fase de pronúncia (art. 413, CPP)


Antes disciplinada no art. 408, § 1º, CPP, a técnica utilizada para a prisão
em decorrência de pronúncia era a mesma para da prisão decorrente de
condenação recorrível (efeito da), de modo que se aplicavam, mutatis mutandis, as
mesmas críticas.
A Lei nº 11.689/08 passou a determinar que o juiz, ao pronunciar o acusado
(se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de
autoria ou de participação em crime doloso contra a vida), nos termos do art. 413,
CPP, arbitre o valor da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade
provisória (art. 413, § 2º, CPP), se o crime for afiançável, decidindo, em qualquer
caso, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão
ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado
solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das
medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código (art. 413, § 3º, CPP).
Agora, a disposição faz ainda mais sentido, pois o título IX do Livro I cuida
“da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória” (art. 282. As medidas
cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I -
necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal
e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; II -
adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições
pessoais do indiciado ou acusado). Ao aduzir à necessidade da medida, a prisão
decorrente da pronúncia se reveste de indiscutível contorno cautelar, aproximando-
se, quanto aos seus fundamentos, da disciplina da prisão preventiva.
Agora, portanto, a interpretação sistemática dos arts. 283, caput, (com a
redação que lhe conferiu a lei nº 12.403/11), 282 e 413, todos do CPP, conduz à
conclusão de que, se não se pode falar na existência da prisão decorrente de
pronúncia, não há dúvida que temos, aqui, uma subespécie de prisão provisória, no
caso, caracterizada por um momento específico e especial de análise da prisão
preventiva – situação diversa da prevista no art. 310, II (preventiva por conversão do
flagrante) ou, ainda, no art. 311, caput (preventiva autônoma).

4.1.4 Prisão preventiva como ultima ratio de intervenção cautelar

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Como visto, a prisão provisória deve ser reservada para os casos em que as
outras medidas cautelares, diversas da prisão, não se mostrarem suficientes ou
adequadas aos fins de tutela do processo principal, nas dimensões expressas no art.
312, do CPP.
Essa lógica se materializa na apreciação sistemática de vários dispositivos
da Lei nº 12.403/11. Da simples leitura do art. 282 se extrai que a prisão provisória
será reservada para os casos necessários, desde que as outras medidas não sejam
suficientes para a garantia da aplicação da lei, para conveniência da investigação ou
da instrução criminal, e para evitar a reiteração criminosa; e desde que a gravidade
do crime, as circunstâncias fáticas ou pessoais do indiciado ou acusado não
indiquem como mais adequada (aos fins do processo penal) a restrição provisória da
liberdade.
O § 4º do art. 282 deixa claro que, ainda em caso de descumprimento de
qualquer das obrigações impostas, será possível substituir a medida ou reforçá-la
com a cumulação de outra, sendo decretada a prisão preventiva apenas em “último
caso”, ou seja, apenas quando necessária a custódia cautelar (IENNACO, 2012).

4.1.5 Prisão temporária (Lei 7.960/89)


A prisão temporária é, efetivamente, dentre as modalidades de prisão
provisória, aquela que apresenta menor exigência técnica para viabilizar a prisão,
principalmente se confrontada com a prisão preventiva. O instituto, aliás, foi
consagrado com esta intenção, mormente para legalizar, ante o advento da
CRFB/88, a famigerada “prisão para averiguações”, a prisão fundada num juízo de
suspeição para auxiliar na investigação.
Cabe prisão temporária:
a) quando imprescindível para a investigação (art. 1º, I);
b) quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer os elementos
necessários ao esclarecimento de sua identidade (art. 1º, II);
c) quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida
na legislação, de autoria ou participação do indiciado em homicídio doloso,
sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão e extorsão mediante sequestro,
estupro e atentado violento ao pudor, rapto violento, epidemia com resultado morte,

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envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal com


resultado morte, quadrilha ou bando, genocídio em qualquer de suas formas típicas,
tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro (art. 1º, III).
Acontece que, superveniente à nova ordem constitucional, teve, tão logo
entrou em vigor, sua constitucionalidade questionada. Para alguns (abolicionistas)
que veem a possibilidade de decretação da prisão temporária frente o atendimento
de cada item isoladamente (alternativamente), a modalidade seria inconstitucional.
Outros (preservacionistas), conjugando os incisos, defendem a interpretação em
conformidade com a Constituição Federal. Hoje é o entendimento preponderante na
jurisprudência. Assim, prevalece o entendimento de que os incisos do art. 1º da Lei
nº 7.960/89 não constituem tipos processuais autônomos. Ou seja, o requisito
previsto no inciso III do art. 1º da Lei que instituiu a prisão temporária seria de
incidência obrigatória para a constitucionalidade da medida, atuando
cumulativamente com os outros incisos: poderia a prisão temporária ser decretada
com fulcro no art. 1 º, I e III; art. 1 º, II e III; e, obviamente, art. 1 º, I, II e III, da Lei
7.960/89.
A prisão temporária pode ser decretada pelo juiz, mediante representação
da autoridade policial (ouvindo-se o MP) ou do Ministério Público, pelo prazo de 05
(cinco) dias, prorrogável por igual período (art. 2 º, Lei 7.960/89). O prazo da prisão,
em se tratando de crime hediondo ou equiparado, é de 30 (trinta) dias, prorrogável
por igual período (art. 2 º, § 3 º, Lei 8.072/90). A prorrogação, em qualquer hipótese,
só é admitida em caso de excepcional e comprovada necessidade. A prisão só pode
ser executada após sua decretação e correspondente expedição de mandado.
Decorrido o prazo da prisão, se não prorrogada ou decretada a prisão
preventiva, deve o preso ser imediatamente colocado em liberdade pela autoridade
policial, comunicando-se ao juiz (IENNACO, 2012).

4.1.6 O fim da prisão decorrente de condenação recorrível (art. 393, I, e 594,


CPP)
O art. 393, I, do Código de Processo Penal, estabelecia, no sistema original,
a prisão como efeito da sentença condenatória (“conservado na prisão”). A prisão se

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mantinha, mas ocorria a mudança do título: a prisão que até então era preventiva
(cautelar) se convertia em efeito da sentença; deixava, portanto, de ser preventiva.
A Lei nº 5.941/73 havia alterado o art. 594 do CPP, sem que qualquer
modificação ocorresse no dispositivo do art. 393, I. Logo, deviam ser conjugados, o
efeito da sentença não ocorreria quando: a) o sujeito se livrasse solto; b) o sujeito
fosse reconhecido na sentença primário e de bons antecedentes; c) prestasse
fiança. Fundamentalmente, havia essa restrição: não pode recorrer em liberdade,
salvo se se reconhece, na sentença, que é primário e possui bons antecedentes.
Isso porque o art. 594 previa, na redação conferida pela Lei nº 5.941/73, que o réu
não podia apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se fosse primário
e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória, ou
condenado por crime de que se livrasse solto. Porém, o dispositivo já havia sido
revogado pela Lei nº 11.719/08.
Agora, a Lei nº 12.403/11 revogou o art. 393, sepultando toda a celeuma que
havia sobre a natureza jurídica e consequente discussão sobre a constitucionalidade
da medida, frente ao princípio da presunção de inocência.
A nova redação do art. 283, reprisando a aparente impossibilidade
constitucional de decretação de prisão como mero efeito decorrente de disposição
legal (ninguém será preso senão em flagrante ou por ordem escrita e fundamentada
do juiz), diz que ninguém poderá ser preso senão em decorrência de sentença penal
condenatória transitada em julgado. Estranhamente, a lei parece prever três
hipóteses distintas: a) prisão temporária ou prisão preventiva (prisões cautelares); b)
prisão em virtude de condenação definitiva (prisão-pena); c) prisão em flagrante ou
prisão por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. A
última hipótese em confronto com a primeira parece induzir à conclusão de que a
pessoa poderia ser presa em virtude de prisão provisória (flagrante, temporária ou
preventiva), em virtude de prisão “definitiva” (decorrente de condenação irrecorrível)
e, ainda, fora desses casos, por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente. Porém, parece contraditória a previsão de outra modalidade
de prisão, vale dizer, “por ordem escrita e fundamentada do juiz”, além daquelas
hipóteses enumeradas pelo próprio dispositivo (prisão provisória e prisão decorrente
de condenação irrecorrível) (IENNACO, 2012).

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UNIDADE 5 – LIBERDADE PROVISÓRIA


Grosso modo, enquanto a prisão consiste no cerceamento da liberdade do
indivíduo de ir e vir, mediante o cárcere, a clausura, ou seja, o cerceamento do
direito a liberdade do cidadão, a liberdade, direito de todo indivíduo, é regra dentro
do estado democrático de direito, que pode ser limitada como todo direito
dependendo da casuística e do respeito ao ordenamento jurídico predeterminado
vigente, com todas as demais garantias asseguradas. Leia-se dignidade da pessoa
humana e devido processo legal.
FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO (2009) nos apresenta a
liberdade provisória como sucedâneo da prisão provisória, no sentido de que
pressupõe, substituindo-a, uma prisão válida, regular (até então, em flagrante ou
resultante de pronúncia ou sentença condenatória recorrível).
É um estado de liberdade limitada, às vezes condicionada, criando vínculos
entre o beneficiário e o processo, mediante certas obrigações. Porque condicionada
ao adimplemento dessas obrigações assumidas, diz-se liberdade provisória, limitada
e, pois, revogável por hipótese do descumprimento de tais condições. Por atingir, de
maneira severa, a liberdade individual antes de sentença condenatória transitada em
julgado, deve a prisão provisória ser decretada apenas em casos de absoluta e
excepcional necessidade. Fora esses casos, deve-se conceder a liberdade, ainda
que limitada, provisória (IENNACO, 2012).

5.1 Liberdade provisória isolada


A liberdade provisória pode ser concedida isoladamente, sem cumulação
com fiança ou com outras medidas cautelares.
A primeira possibilidade de liberdade provisória (sem fiança) diz respeito às
hipóteses em que o acusado se livra solto, a teor do art. 321 do CPP, devendo-se
conciliar tal dispositivo com o subsistema preconizado pela Lei nº 9.099/95 para o
processamento dos crimes de menor potencial ofensivo.
A liberdade provisória pode ainda ser concedida (sem fiança) pela atuação
de excludentes da ilicitude reconhecidas, de pronto e provisoriamente, no auto de
prisão em flagrante, de acordo com o art. 310, parágrafo único, do CPP.

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O art. 314 c/c o art. 310, parágrafo único, ambos do CPP prevê que “em
nenhum caso” será decretada a prisão preventiva se o juiz verificar, pelo APF, que o
sujeito praticou o fato ao amparo de causa excludente da ilicitude (art. 23, CP).
Temos, por fim, a liberdade provisória (sem fiança) em virtude da
inocorrência das hipóteses que fundamentam a decretação da prisão preventiva,
situação que vigora desde o advento da Lei nº 6.416/77, em redação conferida ao
parágrafo único do art. 310 do CPP, que tornou assistemático o CPP no tratamento
conferido à prisão e à fiança, passando a representar a principal modalidade do
ponto de vista pragmático.
Com o projeto 4.208/2001, a situação não é muito diferente, pois o art. 310,
na nova redação, apresenta a prisão preventiva e a liberdade provisória como
alternativas excludentes, e o novo art. 321 prevê que, ausentes os requisitos da
preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória (que poderá, ou não, vir
cumulada com outras medidas cautelares).
É importante frisar que, de acordo com a redação anterior do art. 325, § 2º,
do CPP, não se admitia liberdade provisória no caso do art. 310, parágrafo único,
nos crimes contra a economia popular ou de sonegação fiscal. Neste caso, só era
cabível liberdade provisória nos crimes afiançáveis, e a fiança era arbitrada
exclusivamente pela autoridade judicial. Porém, o § 2º do art. 325 foi revogado pela
Lei 12.403/11.
Aparentemente, portanto, nada teria mudado, pois a regra continuaria a ser:
ausentes os requisitos da preventiva, concede-se liberdade provisória – sem fiança
(art. 321, CPP). De ver-se, porém, que a nova sistemática admite que, ausentes os
requisitos da preventiva, seja concedida liberdade provisória – inclusive com
cautelares cumuladas (entre elas, a fiança). Desse modo, não há mais espaço para
se argumentar em torno maior ou menor gravidade da medida, para concluir-se que
a liberdade se daria sem fiança. A lógica da nova disciplina é: a liberdade se dará
com ou sem cautelares, dependendo da (in)adequação ou (des)necessidade da
medida(s) eventualmente cumulada(s) (IENNACO, 2012).

5.2 Liberdade provisória cumulada com medida cautelar

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Como visto, estávamos acostumados, até então, a trabalhar com a liberdade


provisória com ou sem fiança, inclusive como decorrência da dicção da rubrica do
art. 321, do CPP. De certa forma, o art. 310, III, na redação ora estabelecida pela Lei
12.403/11, parece reproduzir o sistema, sem alterações, ao estabelecer a
possibilidade de concessão “de liberdade provisória, com ou sem fiança”. Ocorre
que, com a lei nova, a fiança é vertida em uma (e apenas uma) das várias
possibilidades de cautelar, parecendo-nos, tecnicamente, que seria mais apropriado
falar, agora, em liberdade provisória com ou sem medida cautelar.
De todo modo quanto à liberdade provisória com fiança, nas palavras de
RENATO BRASILEIRO DE LIMA (2011),

trata-se, a liberdade provisória com fiança, de direito subjetivo constitucional


do acusado, a fim de que, mediante caução, e cumprimento de certas
obrigações, possa permanecer em liberdade até a sentença condenatória
irrecorrível.

A fiança tem como uma de suas finalidades assegurar que o acusado


compareça em juízo. Ora, sendo o réu inocente, terá ele interesse de haver de volta
aquele seu dinheiro que foi usado para pagar a fiança.
Outro objetivo da fiança é o de garantir o pagamento das custas judiciais,
bem como o ressarcimento do dano causado pelo crime.
Devemos lembrar que pode o magistrado cumular a liberdade provisória com
o comparecimento periódico em juízo por parte do acusado, para garantir que este
não fuja, ou com outras medidas cautelares que o magistrado, no caso concreto, irá
avaliar ser a mais oportuna.
Importante ressaltar que havendo descumprimento de uma das medidas
cautelares por parte do acusado, mesmo após o pagamento da fiança, nada impede
que o magistrado venha a decretar a prisão preventiva do acusado.

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UNIDADE 6 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

A suspensão condicional do processo pode ser definida como a interrupção


do curso processual, com a imposição de uma série de condições ao beneficiado,
durante um período de prova, que poderá levar à extinção da punibilidade.
Apresenta certas semelhanças com outros institutos, como o sursis, o
probation system e a suspensiôn delfallo, mas com eles não se confunde.
Trata-se de instituto jurídico que se amolda ao modelo de justiça criminal
consensual instituído pela Lei nº 9.099/95, possuindo nítido caráter despenalizador.
É certo que aquele que preencher os requisitos ou pressupostos legais, ao
concordar com a suspensão, ficará submetido a um período probatório, em que
serão restringidos alguns de seus direitos, mas, em contrapartida, não será
submetido aos estigmas de um processo criminal, podendo, ao final, ser declarada
extinta a punibilidade.
Tem a suspensão condicional do processo natureza dúplice: processual e
penal. Tem natureza processual, porquanto atinge o processo, paralisando sua
marcha; tem caráter penal, pois afeta a pretensão punitiva do Estado, com a
possibilidade da extinção da punibilidade.
Apresentando a suspensão nítido caráter consensual (bilateralidade do ato),
surge como decorrência direta do princípio da discricionariedade regrada, que
excepciona o princípio da obrigatoriedade, informador do exercício da ação penal
pública. Poderá, assim, o Ministério Público, satisfeitos os requisitos legais, dispor
da persecutio criminis, propondo ao acusado suspensão do processo, ou mesmo a
transação penal.
Vale ressaltar que a suspensão condicional do processo mantém intangível
o princípio da presunção de inocência do acusado, pois este, ao aceitar a proposta
do Ministério Público, não estará admitindo sua culpabilidade.
Durante o período de prova, sujeita-se a condições, e não a uma pena.
A suspensão condicional do processo é também chamada de “sursi
processual” e “sursis antecipado” (BONFIM, 2009).

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UNIDADE 7 – NULIDADES

Reguladas pelos artigos 563 até 573 do Código de Processo Penal, as


nulidades são defeitos jurídicos que tornam inválidos ou destituem o valor de um ato,
de forma total ou parcial (ARES, 2009).
DEOCLECCIANO TORRIERI GUIMARÃES (2004, p. 410), por sua vez,
conceitua a nulidade como sendo “defeito, vício que torna o ato nulo, ineficácia total
ou parcial do ato jurídico, a que falta formalidade ou solenidade que lhe é essencial”.
Isto posto, todos os atos que, porventura, contenham alguma forma de defeito
devem ser considerados como nulo de pleno direito ou anuláveis.
GUILHERME DE SOUZA NUCCI (2007, p. 771) ensina que a nulidade “é o
vício que contamina determinado ato processual, praticado sem a observância da
forma prevista em lei, podendo levar a sua inutilidade e consequente renovação”.
MIRIAM PETRI LIMA DE JESUS GIUSTI (2004, p. 127) expõe que

os atos praticados no processo estão sujeitos à observância de certos


requisitos que a lei impõe, de maneira que o encadeamento entre eles
permita o regular processamento do feito com o objetivo de viabilizar uma
decisão de mérito. Assim, se um ou mais atos praticados dentro do
procedimento apresentem vícios ou defeitos, cuja imperfeição prejudique a
regularidade processual, ensejarão como consequência a perda dos efeitos
esperados pela sua pratica atingindo o ato isoladamente ou, o próprio
processo. A essa consequência, ou seja, a perda do efeito do ato ou do
processo face à imperfeição que ostenta, denomina-se nulidade.

Desta forma, ocorre nulidade toda vez que ocorrer alguma forma de defeito,
vício ou erro, desde que essa imperfeição venha a ser prejudicial ao andamento
processual em todos os seus aspectos ou de forma mais singela, porém, que tenha
um impacto importante, que possibilite surtir dúvidas quanto à aplicação da lei
(ARES, 2009).
Isto nos leva ao artigo 563 do Código de Processo Penal, o qual determina
que “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa”. Ou seja, mesmo que um ato processual porventura
contenha alguma forma de imperfeição, isso apenas acarretará nulidade caso venha
prejudicar o processo.
A supracitada norma configura o princípio da instrumentalidade das formas,
no que “’pas de nullité sans grief’, segundo o qual, para o reconhecimento e a
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declaração de nulidade de ato processual, haverá de ser aferida a sua capacidade


para a produção de prejuízos aos interesses das partes e/ou ao regular exercício da
jurisdição” (OLIVEIRA, 2008, p. 665). Assim sendo, não existe nulidade sem ocorrer
prejuízo.
Necessário se faz ressaltar que:

em qualquer processo, toda a nulidade exige manifestação expressa do


órgão judicante, independente do grau de sua irregularidade. Isto porque
uma vez praticado o ato, a tendência do processo é seguir a sua marcha,
conforme previsto na ritualística procedimental (OLIVEIRA 2008, p. 665).

As nulidades dividem-se em absolutas e relativas, sendo que:


• a nulidade absoluta ocorre nos defeitos insanáveis, com violação de
norma de ordem pública, no sentido de que não se convalidam automaticamente,
em nenhuma hipótese (FÜHRER; FUHRER, 2000, p. 72);
• as nulidades relativas são aquelas que somente serão reconhecidas
caso arguidas pela parte interessada, demonstrando o prejuízo sofrido pela
inobservância da formalidade legal prevista para o ato realizado (NUCCI, 2007).
O Código de Processo Penal, em seu artigo 572 e respectivos incisos,
tratam, em específico, das nulidades sanáveis, o que nos leva a concluir que todas
as demais não são passíveis de serem sanadas, motivo pelo qual são denominadas
de “nulidades absolutas” (MIRABETE, 2000).
Por exclusão, são nulidades absolutas as elencadas no artigo 564, incisos I,
II e III, letras “a”, “b”, “c”, “e” (primeira parte), “f”, “i”, “j”, “k”, “l”, “m”, “n”, “o” e “p”. E
para essas nulidades não há o que se falar de preclusão, sendo possível a sua
arguição a qualquer tempo, mesmo que haja sentença transitada em julgado,
observando-se as regras dispostas nos artigos 565 até 569 do Código de Processo
Penal, que trata de casos especiais (MIRABETE, 2000).
7.1 Dos princípios regentes das nulidades
Dos princípios atinentes às nulidades, ARMANDO ANTÔNIO SOBREIRO
NETO (2011) elenca os seguintes:
princípio do prejuízo (art. 563). Não existe nulidade, desde que da preterição
legal não haja resultado prejuízo para uma das partes;

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princípio da tipicidade das formas. Prevendo o Código quais os atos que


devem ser praticados e como devem ser praticados, impõe-se o respeito a
esse modelo. A afronta constitui nulidade (564, IV). Ademais, importante
atentar para as palavras de VICENTE GRECO FILHO (2009), na medida em
que a previsão de uma sanção (nulidade) pela inobservância à forma típica do
ato processual consiste “(...) num mecanismo para compelir os sujeitos do
processo ao cumprimento do modelo típico legal, ou seja, ou se cumpre o
modelo legal ou o ato será ou poderá ser declarado inválido”;
princípio da instrumentalidade – se o processo ou o ato, mesmo contendo
defeito acidental, atingir seus fins, sem prejuízo para as partes, a nulidade
não será aplicada (566 e 572, II);
princípio da permanência da eficácia dos atos processuais – o ato processual,
desde que existente, produz os efeitos que a lei prevê para aquele tipo de ato,
e os produzirá até que haja outro ato que o declare inválido (573 e §§);
princípio da restrição processual à decretação da invalidade – a invalidade
dos atos processuais somente pode ser decretada se o sistema processual
previr instrumento para decretá-la, e somente poderá ser decretada no
momento em que a lei admitir;
princípio da alegação adequada – não sendo a nulidade absoluta, ela
depende da vontade e da atuação das partes; nesta hipótese, deve ser
alegada em determinados momentos processuais, sob pena de preclusão;
princípio da convalidação – detectado um ato processual anulável (violação
de norma dispositiva de interesse da parte), permeia-se a possibilidade de
saneamento. Vislumbra-se em casos como a preclusão, quando o ato atinge
a finalidade normativa (sem prejuízo na apuração da verdade real), além da
aceitação tácita dos efeitos do ato anulável (art. 572, I, II, e III);
princípio da conservação – quando a nulidade é aplicada, ela só deve
alcançar o ato inválido e os que dele decorreram ou dependem como efeito,
permanecendo os restantes íntegros (573, § 1º);
princípio da formação da certeza – este princípio, ligado ao da
instrumentalidade, estabelece que não se declara a nulidade de ato
processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na

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decisão da causa (566). Também pode ser conhecido como princípio da


irrelevância do ato;
princípio do interesse – só a parte prejudicada é que pode arguir nulidade.
Não se declara nulidade se a parte prejudicada não a arguir (565), tampouco
dê causa ou concorra para a ocorrência da nulidade. É importante lembrar
que tal princípio só vale para as nulidades relativas, pois as absolutas o juiz
pode declarar de ofício;
princípio “pas de nullité sans grief” – é o princípio pelo qual não se declara
nulidade desde que da preterição da forma legal não haja resultado prejuízo
para uma das partes. É o mesmo princípio do prejuízo, que é princípio geral
das nulidades. Não se pode olvidar quando se trate de atos estruturais ou
essenciais, eventual prejuízo ocasionado a uma das partes é irrelevante para
determinar a nulidade ou não (p. ex: art. 564, I e II). A sua ocorrência é causa
inarredável de nulidade.

7.2 Nulidades em espécie (ART. 564)


Nulidade por incompetência do juiz (564, I): a incompetência do juízo anula
somente os atos decisórios (567, 1ª parte). Apesar da disposição legal, em se
tratando de incompetência absoluta (ratione materiae e ratione personae), a
nulidade pode ser alegada a qualquer momento e anula o processo desde o início.
Assim, o princípio do aproveitamento dos atos processuais só diz respeito às
nulidades relativas, as quais devem ser alegadas oportunamente.
Registre-se que o recebimento da denúncia, mesmo em casos de
incompetência absoluta, pode ser ratificado pelo juízo competente.
Nulidade por suspeição do juiz (564, I): a suspeição do juiz torna
absolutamente nulos os atos por ele praticados, não incidindo os arts. 566 e 567.
Tendo o juiz interesse na causa (impedimento) ou sendo vinculado às partes
(suspeição), são nulos os atos por ele praticados no processo. As causas de
suspeição estão contidas no art. 254 do CPP.
Nulidade por suborno do juiz (564, I): o suborno diz respeito à infidelidade do
juiz no processo, constituindo, conforme o caso, crime de concussão (316, CP),
corrupção passiva (317, CP), ou prevaricação (319, CP).

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Ilegitimidade de parte (564, II): é absoluta quando se trata de ilegitimidade


ad causam, seja ordinária ou extraordinária. Exemplo: oferecimento de denúncia em
crime apurável mediante queixa; denúncia contra menor de 18 anos de idade. Sendo
ad processum, a ilegitimidade pode ser sanada por ratificação (art. 568). Logo, é
relativa. De se notar que a ilegitimidade da ação penal privada deve ser sanada
dentro do prazo decadencial de seis meses (art. 38). A ilegitimidade do assistente de
acusação constitui mera irregularidade, só devendo anular-se o processo mediante
comprovação do prejuízo (268).
Nulidade por falta de fórmulas ou termos do processo (564, III): a palavra
fórmula está empregada como regra e a termo, como ato. Quando o ato for
praticado, mas com omissão de formalidade essencial, deve a nulidade ser regida
pela regra do artigo 564, IV.
Nulidade por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do
ato (564, IV): é essencial a formalidade quando faz parte do ato, que não existe ou
pelo menos não produz efeito sem ela. Exemplo: quando a denúncia não descreve
todos os elementos da figura típica. Lembrar que tais omissões podem ser supridas
a qualquer momento, antes da sentença final (569).
Quanto às formalidades acidentais, a nulidade é relativa. Deve ser
demonstrado o prejuízo e a arguição deve ser feita antes da sentença, sob pena de
preclusão. Exemplo: vício da medida de busca e apreensão; da prisão em flagrante
delito, etc.
Nulidade derivada: são nulos todos os atos concomitantes, posteriores ou
mesmo anteriores ao ato viciado. Exemplo: nulidade dos atos do júri pela escolha
dos jurados ou pelas repostas dadas aos quesitos.
Tem sido entendido que o princípio que rege as nulidades derivadas está
diretamente ligado ao princípio que rege as provas ilícitas por derivação. Aplica-se a
teoria dos frutos da árvore envenenada, anulando-se todos os atos processuais
subsequentes realizados em decorrência dos elementos colhidos com a prova
impugnada.
Quanto ao Inquérito Policial, é pacífico o entendimento de que o IP não pode
ser declarado nulo, até porque não se trata de processo e não está jungido a
nenhum procedimento definido pela lei. Acontece, no entanto, que algumas peças

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que o compõe podem ser declaradas nulas, como é caso do auto de prisão em
flagrante.

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UNIDADE 8 – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Com a prática da infração penal, o direito de punir sai do plano abstrato para
o concreto. O jus puniendi, antes em estado potencial, torna-se efetivo. Já agora
surge para o Estado a possibilidade de poder pedir ao Juiz a aplicação da sanctio
juris ao culpado (TOURINHO FILHO, 2009).
São várias as razões que fazem surgir uma renúncia ou uma abdicação do
direito de punir do Estado. Extingue-se a punibilidade, em face de certas
contingências ou motivos de conveniência ou oportunidade. Tais contingências ou
motivos de conveniência ou oportunidade fazem desaparecer os próprios
fundamentos da punibilidade, tornando, assim, impossível a concretização do jus
puniendi, que se fundamentam justa e simplesmente na necessidade e a utilidade da
punição.
Não falou o legislador em extinção do crime ou da pena, mas em extinção da
punibilidade, correspondendo à exata significação dos efeitos jurídicos dela
resultantes. Muitas vezes a causa extintiva da punibilidade faz desaparecer todas as
consequências de natureza penal, tal como ocorre na anistia. Outras vezes,
extingue-se tão-somente a pena ou o jus puniendi, como acontece com a prescrição,
ou decadência (TOURINHO FILHO, 2009).
Vale lembrar:
a causa extintiva da punibilidade pode ocorrer antes, durante ou mesmo
depois de finda a relação processual. Assim, a morte do agente, a anistia, a
abolitio criminis e a prescrição;
outras pressupõem ação penal não iniciada, como a decadência e a renúncia;
outras apenas podem verificar-se depois de iniciada a ação e antes da
sentença definitiva – perempção;
o perdão aceito tanto pode ocorrer antes como também após sentença
definitiva intrânsita em julgado;
a retratação, antes de ser prolatada sentença final;
o perdão judicial, quando da prolação da própria sentença condenatória.
O que se observa claramente é que se extingue é a “punibilidade”, isto é,
desaparece o direito subjetivo de punir do Estado, o jus puniendi. Se, por acaso, já

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houver sentença condenatória, então o que se extingue é o jus punitionis, isto é,


desaparece o título penal executório.
O art. 107 do CP, com a redação dada pela Lei nº 7.209/84, enumera as
causas extintivas da punibilidade.
Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
A primeira causa extintiva da punibilidade, de que trata o artigo em exame, é
a morte do agente. Mors omnia solvit. Morrendo o sujeito ativo do crime antes da
propositura da ação penal, esta não mais será promovida. Se em curso a ação
penal, trancar-se-á a relação processual.
É de acentuar que a morte não extingue o crime. Não haverá, na hipótese, a
extinção do crime; como diziam os romanos, crimen extinguitur mortalitate. Extingue-
se a punibilidade. E tanto é verdade que o ofendido pode valer-se da sentença penal
condenatória, com trânsito em julgado, como título executório civil para o
ressarcimento do dano, nos termos do art. 63 do CPP e art. 943 se, porventura, a
morte do agente foi posterior à condenação. Se anterior, ainda poderá o ofendido
propor a actio civilis contra os herdeiros do autor da infração penal (CPP, art. 64).
II - pela anistia, graça ou indulto;
Agregados no inc. II do art. 107 do CP estão a anistia, a graça e o indulto
como causas extintivas da punibilidade.
Anistiar, é apagar da lembrança, esquecer-se do que ocorreu. Seria uma
abolitio in praeteritum.
O Estado, atendendo a razões de natureza político-sociais, pode deixar de
considerar como crimes determinados fatos praticados durante a vigência de uma lei
que incriminava aqueles mesmos fatos. Equivale a anistia, portanto, à novatio legis.
A anistia é concedida por lei, lei que é retroativa. Ela recua à época do fato delituoso
e sobre ele dispõe de maneira diferente das disposições então vigorantes.

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Observe:
- sendo a anistia a revogação parcial da lei penal, e se esta foi elaborada
pelo Poder Legislativo, segue-se que somente esse Poder é que pode revogá-la,
ainda que parcialmente; vale dizer, compete exclusivamente ao Poder Legislativo
conceder anistia;
- a anistia refere-se aos delitos de natureza política, pois têm tal colorido as
razões que a inspiram. Entretanto, nada obsta possa ser estendida a fatos de
diversa natureza. Há que se observar que a Constituição de outubro de 1988 fixou o
princípio, a ser observado pela lei anistiante, no sentido de que esta considerará
crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos (CRFB, art. 5°, XLIII).
Insta esclarecer, contudo, que “a prática da tortura” não estava prevista
como crime autônomo, mas como qualificadora, no homicídio doloso (CP, art. 121, §
2.°, I1I), e como agravante (CP, art. 61, lI, d). A tortura é o suplício, é o tormento, “a
judiaria, a exasperação do sofrimento da vítima por atos de inútil crueldade”. Em 26-
7-1990, foi publicada a Lei nº 8.072, estabelecendo que os crimes hediondos
(definidos no seu art. 1.°), a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins são insuscetíveis de anistia, graça e indulto, bem como da fiança e da
liberdade provisória. Quanto a esta, não há mais proibição, em face da nova redação
dada pela Lei nº 11.464/07 ao inc. II do art. 2° da Lei nº 8.072/90. No verbete graça e
indulto há outras observações. Contudo, em 7-4-1997, foi promulgada a Lei nº 9.455,
definindo o crime de tortura;
- a anistia pode ser concedida antes ou depois da condenação. Se
concedida antes da propositura da ação penal, esta não poderá ser promovida,
porquanto extinta está a punibilidade; se no curso da ação, trancar-se-á a relação
processual; se depois de proferida sentença condenatória, a condenação cessará,
com todos os seus efeitos, exceto a reparação do dano ex delicto, salvo se o próprio
Estado chamar a si o encargo do ressarcimento. Aliás, o art. 67, lI, do CPP dispõe
que a decisão que julga extinta a punibilidade não impede a propositura da ação
civil. Se os réus estiverem cumprindo pena, serão postos em liberdade e, se forem
primários, continuarão primários.

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Daí a distinção que alguns autores fazem entre anistia própria e anistia
imprópria. Se antes da condenação, temos a anistia própria; se depois, a anistia
imprópria (TOURINHO FILHO, 2009).
Diz o art. 742, in verbis: concedida a anistia após transitar em julgado a
sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, do
Ministério Público ou por iniciativa do Conselho Penitenciário, declarará extinta a
pena.
Parecerá, assim, que a anistia só poderá ser concedida depois de proferida
a sentença condenatória. É de convir, entretanto, que a Carta Magna de 1988,
cuidando da anistia, proclama no art. 48, VIII, competir ao Congresso Nacional, com
sanção presidencial, a concessão de anistia. Dizendo a Magna Carta competir ao
Congresso Nacional conceder anistia, nada mais fez o legislador senão manter a
abolitio in praeteritum em suas linhas estruturais, com suas características, de
acordo com a tradição de nosso Direito. Ora, entre nós, nunca se pretendeu exigir o
trânsito em julgado da sentença condenatória para a concessão da anistia. Esta
pode ser concedida antes ou depois do trânsito em julgado. Se concedida após a
preclusão das vias impugnativas, o anistiado volta a ser primário. Os fatos delituosos
são cobertos pelo véu do esquecimento, salvo no que respeita aos danos.
Aliás, quando o legislador “deslocou” os capítulos do CPP atinentes à
“execução das penas em espécie” e seus “incidentes” para a Lei de Execução Penal
(Lei nº 7.210, de 11-7-1984), o art. 187 desta dissipou qualquer dúvida ao não fazer
referência ao trânsito em julgado: “Concedida a anistia, o juiz, de ofício, a
requerimento do interessado ou do Ministério Público, por proposta da autoridade
administrativa ou do Conselho Penitenciário, declarará extinta a punibilidade”;
- outro caráter da anistia é a generalidade. O que lhe concede o caráter
típico de generalidade é a circunstância de referir-se, impessoalmente, ao fato ou
fatos anistiados, de maneira que ficarão impunes os seus autores.
A anistia pode ser geral e parcial. A regra é que a lei anistiante se estende a
todos os implicados. Diz-se, então, que a anistia é geral.
Nada impede, todavia, que algumas pessoas possam ser excluídas. Haverá,
porém, necessidade de essa exclusão ser expressa. A lei que conceder a anistia
deve salientar a exclusão, pois, no seu silêncio, tornar-se-á extensiva a todos

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aqueles que participaram do crime. Quando houver tal exclusão, diz-se que a anistia
é parcial.
Fala-se, também, em anistia irrestrita ou limitada. A primeira, quando “inclui
todos os delitos relacionados com o crime principal”. A segunda, quando se excluem
alguns delitos.
Segundo FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO (2009), concedida a
anistia, o beneficiário não pode, em caso algum, recusá-la. A anistia produzirá seus
efeitos mesmo contra a vontade do beneficiado, salvo se se tratar de anistia
condicional.
Graça e indulto são, como a anistia, medidas de clemência. Representam
ambas o jus gratiandi, atribuído ao Presidente da República. Justificam-se como
medida equitativa.
Distinguem-se da anistia:
a) quanto ao poder de que emanam – a anistia só pode ser concedida pelo
Congresso Nacional; a graça e o indulto são da exclusiva competência do
Presidente da República;
b) quanto ao momento processual – a anistia pode ser concedida antes ou depois da
condenação; a graça e o indulto, entretanto, pressupõem sentença condenatória
com trânsito em julgado;
c) quanto aos seus efeitos – enquanto a anistia apaga, por completo, o fato e suas
consequências penais, ressalvando-se apenas à vítima o direito de pleitear o
ressarcimento do dano resultante do crime, uma vez que o Estado não pode
renunciar a um direito que lhe não pertence, a graça e o indulto atingem somente os
efeitos executórios penais da condenação.
A anistia, em regra, atinge os crimes políticos; a graça, também chamada de
indulto particular, e o indulto, propriamente dito, já agora denominado indulto
coletivo, os delitos comuns.
Por outro lado, o indulto se distingue da graça. Há, em verdade, entre ambos
os institutos grandes semelhanças em virtude de seus pontos de contato. Assim,
graça e indulto são concedidos exclusivamente pelo Presidente da República; graça
e indulto dizem respeito exclusivamente a infrações comuns; ambos pressupõem a
condenação; ambos são causas extintivas da punibilidade. Sem embargo dessa

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semelhança, distinguem-se nitidamente, e o traço diferencial entre ambos repousa


na circunstância de que a graça é individual, e o indulto, coletivo. Mais: o indulto é
espontâneo; a graça deve ser solicitada (TOURINHO FILHO, 2009).
O indulto, modalidade da indulgentia principis, é o ato de clemência em
virtude do qual ficam isentas de pena todas as pessoas que, dentro de determinada
época, praticaram crimes, em regra os de menor gravidade.
A Lei de Execução Penal, no art. 193, cuida do indulto coletivo:
Se o sentenciado for beneficiado por indulto coletivo, o juiz, de ofício, a
requerimento do interessado, do Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho
Penitenciário ou da autoridade administrativa, providenciará de acordo com o
disposto no artigo anterior.
Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o juiz declarará
extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso de comutação
(art. 193).
É possível, assim, a redução ou comutação da pena. Aliás, o art. 84, XII, da
Magna Carta fala em “conceder indulto e comutar penas”, numa demonstração
evidente de que o Presidente da República tanto pode indultar como simplesmente
comutar a pena. Na primeira hipótese, há uma causa extintiva da punibilidade. Na
segunda, apenas uma diminuição da pena.
Daí falar-se em indulto total ou parcial. A comutação tanto pode ocorrer no
indulto coletivo como no individual.
Segundo o art. 188 da LEP, o indulto individual, ou graça, poderá ser
provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do
Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa.
A petição de indulto individual, acompanhada dos documentos que a
instruírem, será entregue ao Conselho Penitenciário, para a elaboração de parecer e
posterior encaminhamento ao Ministério da Justiça.
O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do processo e do prontuário,
promoverá as diligências que entender necessárias e fará, em relatório, a narração
do ilícito penal e dos fundamentos da sentença condenatória, a exposição dos
antecedentes do condenado e do procedimento deste depois da prisão, emitindo seu

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51

parecer sobre o mérito do pedido e esclarecendo qualquer formalidade ou


circunstâncias omitidas na petição.
Processada no Ministério da Justiça com documentos e o relatório do
Conselho Penitenciário, a petição será submetida a despacho do Presidente da
República, a quem serão presentes os autos do processo ou a certidão de qualquer
das peças, se ele o determinar.
Observe-se, por outro lado, que a Lei nº 8.072/90, estabeleceu, no seu art.
2°, que os crimes hediondos (latrocínio - art. 157, § 3°, in fine; extorsão qualificada
pela morte - art. 158, § 2°; extorsão mediante sequestro e na forma qualificada - art.
159, caput e seus §§ 1º, 2° e 3°; estupro - art. 213, caput, c/c o art. 223, caput e
parágrafo único; atentado violento ao pudor - art. 214 c/c o art. 223, caput e seu
parágrafo único; epidemia com resultado morte - art. 267, § 1°; envenenamento de
água potável ou de substância alimentícia ou medicinal, qualificado pela morte - art.
270 c/c o art. 285, todos do CP, e o crime de genocídio - arts. 1.°,2.° e 3.° da Lei n.
2.889, de 1.0_ 10-1956), a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de anistia, graça, indulto, fiança e
liberdade provisória. Quanto a esta, como já referimos, em face da nova redação
dada pela Lei nº 11.464/07 ao inc. II do art. 2.° da Lei nº 8.072/90, não há mais
proibição.
Já a Constituição Federal, no seu art. 5°, XLIII, estabeleceu que “a lei
considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos”. Nada falou sobre indulto e liberdade provisória. Foi a lei
ordinária que estendeu a restrição constitucional a tais infrações. Quanto ao indulto,
embora sua concessão caiba ao Presidente da República, nos termos da
Constituição Federal (art. 84, XII), nem por isso se poderá acoimar a lei ordinária de
inconstitucional, mesmo porque a lei foi elaborada tal como estava no Projeto do
Executivo. No entanto, negar a liberdade provisória, sem maior exame do caso,
parece-nos de duvidosa constitucionalidade, em face do princípio da inocência.
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
Nos termos do art. 107 do CP, extingue-se a punibilidade pela retroatividade
de lei que não mais considera o fato como criminoso. É a abolitio criminis.

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No Direito pátrio vigora o princípio da “não-retroatividade” com certa


mitigação, isto é, se a lei posterior beneficiar o réu, retroagirá – retroatividade in
melius; se mais gravosa for, não retroagirá – irretroatividade in pejus. “Ninguém
pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória” (art. 107).
Se a lei nova deixa de incriminar determinado fato, que era incriminado pela
lei anterior, vigorará o princípio da retroatividade, com as seguintes consequências:
a) se o processo não foi instaurado, não poderá mais sê-lo;
(...)
c) se o réu já estiver cumprindo pena, voltará à liberdade, não valendo aquela
condenação para tirar-lhe a primariedade; enfim, cessam a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória.
Subsistem, apenas, os efeitos civis.
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
Dos acontecimentos naturais ordinários, o que maior influência exerce nas
relações jurídicas é, sem sombra de dúvida, o tempo (TOURINHO FILHO, 2009). O
decurso do tempo projetado sobre o Direito Penal objetiva-se em três institutos: a
prescrição, a decadência e a perempção.
Prescrição é meio de se liberar das consequências de uma infração pelo
efeito do tempo fixado e sob as condições determinadas pela lei. Ela põe fim à ação
ou à pena. Seu fundamento repousa na circunstância de que a ação do tempo faz
desaparecer o interesse do Estado, não só em constatar a infração como, também,
em executar a pena imposta.
O legislador fixa um prazo dentro no qual o Estado deve exercer sua
pretensão punitiva ou sua pretensão executória. Se não o fizer, o jus persequendi in
judicio ou o jus punitionis se extingue, desaparece, dando lugar àquilo que os
franceses chamam de “l'extinction d'un droit par écoulement de temps”.
A prescrição tanto ocorre antes de ser proposta a ação como durante o seu
curso (e, então, teremos a prescrição da pretensão punitiva) e até mesmo depois de
transitar em julgado a sentença condenatória (prescrição da pretensão executória).
Das duas primeiras hipóteses trata o art. 109 do CP, sob a fórmula
“prescrição antes de transitar em julgado a sentença final”. Neste dispositivo, o

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legislador fixou os prazos dentro nos quais deve ser exercido o jus puniendi, sob
pena de extinguir-se o poder-dever de punir.
Leva-se em conta, para a fixação do prazo prescricional, o máximo da pena
privativa de liberdade cominada ao crime. Assim, se o máximo da pena privativa de
liberdade for superior a 12, a prescrição ocorrerá em 20 anos; se superior a 8 e não
exceder a 12, a prescrição ocorrerá em 16 anos; se for superior a 4 e não exceder a
8, ocorrerá a prescrição em 12 anos; se superior a 2 e não exceder a 4, ocorrerá a
prescrição em 8 anos; se o máximo da pena for igual a um ano, ou, sendo superior,
não exceder a 2, verificar-se-á a prescrição em 4 anos; e, finalmente, se o máximo
da pena for inferior a um ano, dar-se-á a prescrição em 2 anos.
Por decadência entende-se o perecimento de um direito, em virtude de não
ter sido exercido nos prazos prefixados em lei. Na sua base, como na base da
prescrição, está o decurso do tempo.
No Direito Penal, sem embargo da semelhança existente entre os institutos,
palpáveis são os traços diferenciais. De fato. A prescrição e a decadência são
causas extintivas da punibilidade. Ambas têm por base o decurso do tempo. Ambas
podem ser alegadas de ofício, nos termos do art. 61 do CPP. Distinguem-se,
entretanto:
a) a prescrição ocorre antes da propositura da ação, durante o curso desta e
até mesmo depois de transitar em julgado a decisão condenatória. A decadência,
entretanto, somente ocorre antes da propositura da ação. Depois de iniciada a ação,
poderá haver a extinção da punibilidade com fundamento em qualquer causa,
menos na decadência;
b) a prescrição ocorre nos crimes de ação penal pública plena, nos de ação
pública condicionada e até mesmo nos de ação penal privada. Já a decadência só é
aplicável àquelas hipóteses em que se permite o início da ação por meio da queixa
ou às de ação pública dependente de representação. Em suma: a decadência atinge
o direito de queixa ou de representação.
De fato. O art. 38 do CPP reza: salvo disposição em contrário, o ofendido ou
seu representante legal decairá do direito de queixa ou de representação (...);
c) a prescrição está sujeita a causas interruptivas ou suspensivas, o que não
acontece com a decadência.

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A decadência recai sobre um direito instrumental (a ação) e só por via de


consequência é que atinge o direito material. A prescrição atinge diretamente o jus
puniendi.
A Decadência intercorrente se verifica quando, em curso uma ação penal
por crime de ação penal pública incondicionada, surge nova lei dispondo que aquele
crime é de alçada privada ou de ação pública condicionada. Evidente que essa nova
lei apresentará acentuado conteúdo penal, uma vez que a não-propositura da queixa
ou a não-oferta da representação no prazo legal gera a decadência, que é causa de
extinção da punibilidade, e toda norma que verse sobre extinção do jus puniendi é,
incontrastavelmente, de natureza penal, pelo que deverá retrotrair. Tanto uma como
outra são benéficas. Nesses casos, deverá o Juiz determinar a intimação do
ofendido ou de quem suas vezes fizer para se manifestar sobre o prosseguimento
da ação, ou ratificando os atos processuais e ficando à frente do processo, ou fazer
a representação, dentro de um prazo razoável. Esse prazo é decadencial. Não
atendida a intimação, extingue-se a punibilidade pela decadência intercorrente,
como a denomina o art. 5° da Lei de Introdução ao CPP. Quando do advento da Lei
nº 9.099/95, tivemos um exemplo bem claro. O crime de lesão corporal leve ou
culposa deixou de ser de ação pública incondicionada, transformando-se em
condicionada, tendo o legislador fixado o prazo de 30 dias para que o ofendido se
manifestasse sobre o prosseguimento ou não do feito, sob pena de decadência
(TOURINHO FILHO, 2009).
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada;
A perempção, a renúncia e o perdão são causas de extinção da punibilidade.
Enquanto a perempção e o perdão pressupõem a ação penal já proposta, a renúncia
antecede à propositura da ação. A perempção e o perdão só podem ocorrer depois
de iniciada a ação, enquanto a renúncia só se verifica, sempre e sempre, antes da
sua propositura. A perempção e o perdão só podem ocorrer nos crimes de exclusiva
ação privada.
A renúncia tanto pode ter lugar na ação exclusivamente privada como na
privada subsidiária da pública, uma vez que o art. 104 do CP fala em “renúncia ao
direito de queixa”, e direito de queixa tem também o ofendido na hipótese do art. 29

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do CPP. A renúncia e a perempção independem, para a sua validade, como causa


extintiva da punibilidade, de assentimento do querelado. Já o perdão é bilateral, no
sentido de que, para a sua validade, haverá necessidade do placet dele.
Por outro lado, ainda se distingue a perempção do perdão: é possível
ocorrer o perdão mesmo depois de proferida sentença condenatória. A perempção,
entretanto, antecede sempre a decisão final, isto é, não é possível ocorrer depois de
proferida esta.
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
O art. 107, VI, do CP diz que a punibilidade se extingue, também, pela
“retratação do agente, nos casos em que a lei a admite”.
Retratar é desdizer-se, ou deixar o dito pelo não dito. Equivale a um
arrependimento eficaz.
A retratação só é possível nos crimes de calúnia e difamação, bem como
nos de falso testemunho e falsa perícia.
O art. 143 do CP dispõe: “O querelado que, antes da sentença, se retrata
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena”.
Exclui-se o crime de injúria, porquanto esta, por sua própria natureza, é
irretratável. A ofensa dela resultante consuma-se no momento em que é irrogada. O
arrependimento posterior do agente não o isenta da responsabilidade de um ato
consumado.
Observe-se que a lei exige deva o agente retratar-se cabalmente.
Logo, a retratação – o retractare dieta – deve ser plena, perfeita, completa,
satisfatória. Pouco importa que o querelante a recuse. Ela independe do seu placet.
“Basta que o Juiz a tenha por cabal reparação do mal causado, para que o Estado
se desinteresse da punição do querelado.”
A Lei de Imprensa, contudo, sobre admitir a retratação nos crimes de injúria,
como se constata pela remissão que o art. 26 da referida lei faz ao art. 22, permitiu-a
depois de iniciada a ação, e até mesmo antes.
VII - (revogado pela Lei nº 11.106, de 28-3-2005);
VIII - (revogado pela Lei nº 11.106, de 28-3-2005);

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Nos crimes contra os costumes, o subsequens matrimonium e o casamento


com terceiro eram causas extintivas da punibilidade. Contudo, a Lei nº 11.106/05
revogou os incisos VII e VIII do art. 107 do Código Penal.
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei;
Trata-se de inovação introduzida pela Lei nº 7.209/84. O perdão tanto pode
ser concedido pela vítima, nos crimes de exclusiva ação penal privada, e, uma vez
aceito, extingue a punibilidade, como também pelo Juiz. Neste caso, independe de
aceitação. O legislador, atento a certos fatos que circunvolvem o crime, autoriza o
Juiz a deixar de aplicar a pena. Razões de política criminal levaram-no a conceder
ao Magistrado poderes para aplicar ou deixar de aplicar a sanctio juris, em
determinadas hipóteses.
A Lei nº 7.209/84 opta pela corrente mais liberal, que via no perdão judicial
uma verdadeira declaração de extinção da punibilidade. Daí salientar o art. 107, IX,
do CP que a punibilidade se extingue “pelo perdão judicial, nos casos previstos em
lei”.
E para evitar que usufrutuários de dúvidas pudessem entender que alguns
efeitos secundários da sentença concessiva do perdão, como o de forjar a
reincidência, pudessem perdurar, o legislador se apressou em estabelecer no art.
120 que “a sentença que conceder o perdão judicial não será considerada para
efeitos de reincidência”.
As hipóteses previstas em lei que autorizam o perdão judicial se apresentam
no mundo jurídico sem qualquer expressividade danosa. São elas:
a) no crime de injúria (art. 140, § 1.0, I e II);
b) no crime previsto no art. 176 do CP, por força do seu parágrafo único;
c) no crime de homicídio culposo (CP, art. 121, § 5.°);
d) no crime de lesão corporal culposa, nos termos do art. 129, § 8.°, do CP;
e) no crime de receptação culposa (CP, art. 180, § 3.°);
f) no crime previsto no art. 242 do CP, com a redação dada pela Lei nº
6.898, de 30-3-1981;
g) no crime de subtração de incapazes (CP, art. 249, § 2°).
Na Lei das Contravenções Penais encontramos também as hipóteses
previstas nos arts. 8° e 39, § 2°. Na Lei de Imprensa (Lei nº 5.250, de 9-2-1967), a

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hipótese prevista no art. 22, parágrafo único. Finalmente, o art. 326, § 1º, do Código
Eleitoral.

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UNIDADE 9 – EXECUÇÃO PENAL

Publicada em 1984 e em vigor desde o início do ano seguinte, a Lei de


Execução Penal (Lei 7.210/84) já foi alterada por 14 outras leis desde então. A
modificação mais recente foi feita em 2012, pela Lei nº 12.654, que estabeleceu a
identificação genética obrigatória de condenados por crimes violentos ou hediondos
contra a pessoa. O projeto que resultou na lei foi apresentado pelo senador Ciro
Nogueira (PP-PI).
Vejamos algumas dessas alterações:
No dia 29 de junho, a Lei nº 12.433 alterou os arts. 126, 127, 128 e 129 da
Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984) promovendo significativas modificações
quanto à remição das penas. O art. 130 não sofreu mudança.
Em 2011, a Lei 12.433/11, oriunda de projeto do senador Cristovam Buarque
(PDT-DF), instituiu a redução de pena por tempo de estudo. Para cada 12 horas de
frequência escolar, os presos têm direito de descontar um dia da pena.
Também proveniente de projeto de Cristovam Buarque, a Lei 12.245/10
incluiu dentre as obrigações dos estabelecimentos penais brasileiros a instalação de
salas de aula destinadas a cursos dos ensinos básico e profissionalizante.
A Lei 12.258/10, proveniente de projeto do senador Magno Malta (PR-ES),
criou a possibilidade de monitoração eletrônica dos presos que cumprem pena em
regime semiaberto que obtêm autorização para saída temporária do estabelecimento
(para visitas a familiares e estudos, principalmente).
A proposta de senador, que ficou conhecida como Lei das Algemas
Eletrônicas, também estabeleceu condições para a concessão de saídas
temporárias, como o fornecimento do endereço onde o condenado poderá ser
encontrado durante o gozo do benefício e a proibição de frequentar bares, casas
noturnas e estabelecimentos similares durante a saída.
Originada de projeto do ex-senador César Borges, a Lei 11.466/07 incluiu a
utilização de telefone celular dentro de estabelecimentos penais como falta
disciplinar grave do condenado a pena privativa de liberdade. De acordo com a
norma, quem estiver de posse, usar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou
similar, que permita a comunicação de presos com o ambiente externo incorre em
falta disciplinar grave, se for detento, ou em crime, se for um agente público.
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A Lei 10.792/03 criou o chamado Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). O


objetivo principal da lei é impedir que os grandes chefes do tráfico ou de
organizações criminosas continuem agindo mesmo estando presos. O RDD pode
ser aplicado a condenados que cometam crime doloso, que ocasionem subversão
da ordem interna do presídio ou a qualquer condenado ou preso provisório sobre o
qual “recaiam fundadas suspeitas de envolvimento em organizações criminosas,
quadrilha ou bando”.
Assim, um chefe do tráfico encarcerado poderá ser submetido ao RDD por
um período inicial máximo de 360 dias, período em que ficará recolhido em cela
individual, da qual só poderá sair por um período de duas horas diárias para banho
de sol. As visitas semanais ficam restritas a duas pessoas e a duas horas de
duração.
A Lei 11.942/09 assegurou às mães presas e aos recém-nascidos condições
mínimas de assistência, como acompanhamento médico, principalmente nos
períodos pré-natal e pós-parto, extensivo ao bebê. Ao alterar a LEP, essa lei
também obrigou os estabelecimentos penais femininos a terem berçário para que as
mães possam amamentar os filhos por, no mínimo, seis meses.
Além disso, a penitenciária de mulheres é obrigada a ter seção específica
para gestantes e parturientes e creche, para abrigar crianças entre seis meses a
sete anos de idade, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja
responsável estiver presa.
Em vigor desde agosto de 2010, a Lei 12.313/10 incluiu a Defensoria Pública
entre os órgãos de execução penal brasileiros. Assim a Defensoria Pública ficou
encarregada pela fiscalização da regular execução da pena, tratando de questões
como conversão de penas, progressão de regime, livramento condicional,
comutação de pena, indulto, saídas temporárias, entre outras. Deve também a
Defensoria Pública proceder à visitação periódica dos estabelecimentos penais,
tomando as providências para o adequado funcionamento da instituição e da
execução das penas.
A Lei 10.713/03 incluiu entre os direitos dos presos a obrigação de a
autoridade judiciária emitir, anualmente, o atestado de pena a cumprir. Já a Lei
9.460/97 estabelece que mulheres e pessoas maiores de 60 anos têm o direito de

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serem recolhidos, separadamente, em “estabelecimento próprio e adequado à sua


condição pessoal”.
A Lei 9.046/95 obriga os estabelecimentos penais a terem instalação
destinada a estágio de estudantes universitários e prevê que os presídios femininos
devem ter berçários, “onde as condenadas possam amamentar seus filhos”. Em
2009, a Lei 12.121/09 determinou que os estabelecimento penais femininos tenham
por efetivo de segurança interna somente agentes do sexo feminino.
Por sua vez, a Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, alterou a
Lei de Execuções Penais para determinar que o condenado em casos de violência
doméstica contra a mulher poderá ser obrigado pelo juiz a comparecer a programas
de recuperação e reeducação.
A Lei 9.268/96 apenas revogou o artigo 182 da LEP, que tratava da
conversão da pena de multa em detenção.
A atual Lei de Execução Penal, que substituiu a Lei 3.274/57, entrou em
vigor com a reforma da parte geral do Código Penal (Lei 7.209/84).
Mas o que é execução penal?
Execução penal é um procedimento destinado à efetiva aplicação da pena
ou da medida de segurança que fora fixado anteriormente por sentença. Trata-se de
processo autônomo que é regulamentado pela lei execução penal nº 7.210/84, serão
juntadas as cópias imprescindíveis do processo penal para acompanhar o
cumprimento da pena e da concessão de benefícios do apenado.
Cada acusado terá um processo de execução separado, mesmo que tenham
figurado como litisconsortes na ação penal, uma vez que não há a figura do
litisconsorte necessário neste instituto, em virtude do princípio da individualização da
pena.
No processo penal, a execução penal é um novo processo e possui caráter
jurisdicional e administrativo. Busca efetivar as disposições de sentença ou de
decisão criminal e oferecer condições para a integração social do condenado e do
internado.
Existem divergências no que se refere a classificação da natureza jurídica da
execução penal haja vista que há quem defenda se tratar de natureza jurisdicional e
outros de natureza administrativa. Há que se admitir que o juiz da execução penal

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pratique atos administrativos, mas também exerce jurisdição, deste modo verifica-se
que se trata de uma natureza jurídica híbrida, mas esse entendimento não é
pacífico.
É requisito essencial da execução penal a existência de título executivo
judicial consistente em sentença criminal condenatória, que tenha aplicado pena
restritiva de liberdade ou privativa de direito, ou sentença imprópria – aquela que
aplica medida de segurança.
Importante destacar que existem doutrinadores que defendem que a
sentença que homologa a transação penal nos moldes da Lei 9.099/95 também se
submete à execução, no entanto, tal questão encontra divergências na doutrina, pois
alguns na contramão deste entendimento dizem que ela não se submete a execução
por ser meramente declaratória.

8.1 Objetivos da execução penal


A execução penal possui como objetivo geral a efetivação das disposições
da sentença ou decisão criminal. Mas existem outros escopos, tais como a
reintegração do apenado ou daquele submetido a medida de segurança.
GUILHERME DE SOUZA NUCCI (2008) destaca que a pena tem caráter
multifacetado e envolve necessariamente os aspectos retributivo e preventivo.
Os órgãos da execução penal estão enumerados no art. 61 da lei de
execução penal e são: o conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; o
juízo da Execução; o ministério Público; o conselho Penitenciário; os departamentos
Penitenciários; o patrono; o conselho da Comunidade e a Defensoria Pública.

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8.2 Dos estabelecimentos para cumprimento de pena


Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao que foi
submetido a medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso. Deve-se
respeitar a condição pessoal da mulher e dos maiores de sessenta anos, pois
gozam de direito a estabelecimento próprio e adequado.
O estabelecimento penal conforme a sua natureza deverá ter áreas e
serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática
esportiva e instalação para estágio de universitários. Devendo haver ainda sala
destinada à defensoria pública e salas de aula para ensino básico.
Vale salientar que o preso provisório deve ficar separado dos presos
definitivos, e o preso primário cumprirão pena em seção distinta do reincidente.
a) Penitenciária – é um estabelecimento penal destinada ao condenado à pena
de reclusão em regime fechado, isto é, pena privativa de liberdade.
b) Colônia agrícola, industrial ou similar – destina-se ao cumprimento de pena no
regime semiaberto.
c) Casa de albergado – destina-se ao cumprimento de pena privativa de
liberdade em regime aberto e da pena de limitação de fim de semana.
d) Centro de Observação – é o local destinado à realização dos exames gerais e
do criminológico.
e) Hospital de Custódia – o hospital de custódia e tratamento Psiquiátrico é
estabelecimento penal que se destina aos inimputáveis e semi-imputáveis.
f) Cadeia Pública – destina-se ao recolhimento de presos provisórios, no art.
103, a lei execução penal estabelece que cada comarca terá pelo menos uma
cadeia pública.
A jurisdição em sede da execução penal será exercida pelos juízes ou
tribunais com competência criminal ordinária em todo o território nacional, nos
termos da lei de execução penal e do código de processo penal. Destaca-se que a
lei de execução penal tem aplicação tanto ao preso provisório quanto ao condenado
pela justiça eleitoral ou ainda militar, quando forem recolhidos à jurisdição ordinária
(MOURA, 2012).

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REFERÊNCIAS

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3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, relativos à suspensão
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3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, relativos à prisão
processual, fiança, liberdade provisória, demais medidas cautelares, e dá outras
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