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All content following this page was uploaded by Nilmara Mozzer on 28 August 2014.
Resumo:
Reconhecendo o papel fundamental da argumentação no ensino de ciências, a
identificação de possíveis ferramentas para a análise de situações argumentativas em
sala de aula se torna de especial relevância. Nesse trabalho, fizemos uma síntese da
dialética de Aristóteles que fundamenta a abordagem de Walton. Em seguida, fizemos
uma revisão das idéias de Walton sobre lógica informal, nova dialética, argumento
plausível e esquemas de argumento presuntivo. Procurando apresentar a abordagem de
Walton como uma possível ferramenta para análise da argumentação em sala de aula de
ciências, apresentamos os esquemas argumentativos de Walton como uma alternativa
para se estudar situações argumentativas em uma seqüência envolvendo analogias. No
trabalho foi demonstrado que o uso das questões críticas associadas aos esquemas
argumentativos em sala de aula pode ser de especial importância para que professores e
alunos avaliem seus raciocínios argumentativos.
Palavras-chaves: Argumentação, Ensino de Ciências, Esquemas Argumentativos de
Walton.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A dialética de Aristóteles
Na análise que van Eemeren, Gootendorst e Snoeck Henkemans (1996) fazem
do livro Topics de Aristóteles, os autores afirmam que ele utiliza o termo dialética como
a arte de raciocínio usando premissas as quais não são verdades evidentes. Ele examina
como essas premissas podem ser usadas em debates como concessões. Neste sentido,
embora as premissas consistam em suposições geralmente aceitas, em qualquer evento
elas teriam de ser aceitas por, pelo menos, um dos interlocutores, isto é, por todos os
sábios ou para a maioria deles ou ainda pelo mais famoso ou destacado dentre eles. Mas
1
Para Walton (1999), raciocínio é um encadeamento de inferências.
2
Um argumento é julgado como sendo usado de maneira falaciosa na medida em que essa tal maneira
impede os objetivos do diálogo.
CONCLUSÃO
Como mostrado nesse trabalho, a teoria dos esquemas de raciocínio presuntivo
de Walton pode constituir uma importante ferramenta para análise da argumentação em
salas de aula de ciências.
Uma possível aplicabilidade dos esquemas de Walton está relacionada à
utilização de suas questões críticas. Ao se analisar um discurso argumentativo, quando a
utilização de um específico esquema de argumento é identificada, as questões críticas de
Walton poderiam ser utilizadas para se verificar se as pessoas envolvidas na
argumentação estão avaliando todas as possíveis falhas ou possibilidades de refutação
de sua linha de pensamento e também de seu oponente. Essa aplicação foi
exemplificada nesse trabalho ao se utilizar os esquemas de argumentação de Walton na
análise da pesquisa realizada por Mozzer e Justi (in print). Nessa análise foi
demonstrado como uma questão critica associada ao esquema de argumentação de
analogia (“existe alguma diferença entre as situações que minaria a comparação
pensada?”) pode ser utilizada para se verificar a necessidade de reformulação de um
argumento ou mesmo de um raciocínio.
As questões críticas podem ser cruciais para que os professores guiem seus
alunos na identificação dos compromissos por eles assumidos e das conseqüentes
conclusões derivadas destes compromissos, em defesa das quais eles teriam argumentar.
Acreditamos que, ao estimular estudantes a utilizar as questões críticas de
Walton quando envolvidos num processo de argumentação crítica, podemos
possibilitar-lhes um ensino sobre o “pensar bem” em oposição ao ensino sobre “o que
pensar”. Isso porque ao assumirem determinados compromissos, podem ser
questionados a respeito de suas conclusões e, num processo de argumentação e contra-
argumentação, vivenciarem a crítica e reformulação de suas idéias, num processo ativo
de construção de seus conhecimentos.
REFERÊNCIAS
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critique and development. Argumentation, 15, 365-379.
Duschl, R. A., Ellenbogen, K., & Erduran, S. (1999). Promoting argumentation in
middle school science classrooms: a project SEPIA evaluation. Retrieved 30/09/2009,
2009, from
http://www.eric.ed.gov/ERICDocs/data/ericdocs2sql/content_storage_01/0000019b/80/
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Mozzer, N. B., & Justi, R. S. (in print). Introdução ao tema dissolução através da
elaboração de analogias pelos alunos fundamentada na modelagem. Paper presented at
the VII Encontro Nacional de Ensino de Ciências - ENPEC, Florianópolis.
van Eemeren, F., Gootendorst, R., & Snoeck Henkemans, F. (1996). Backgrounds to
argumentation theory. In F. o. a. theory (Ed.), (pp. 55-93). Mahwah, NJ: Lawrence
Erlbaum.
Walton, D. N. (1999). The new dialetic: a method of evaluating an argument used for
some purpose in a given case. ProtoSociology, 13, 70-91.
Walton, D. N. (2005). Argumentation schemes. In Fundamentals of critical
argumentation (pp. 84-137). Cambrigde: Cambridge University Press.
Walton, D. N. (2006). O argumento como diálogo racional. In Lógica informal: manual
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Walton, D. N. (2008). Basic tools in the state of the art. In Argumetation schemes (pp.
7-42). Cambridge: Cambridge University Press.
Figura 1: Modelo dos alunos para o sistema permanganato e água, após a mistura.