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GESTANTE

A mulher gestante deve ter muito cuidado com sua missão, pois aquele ser que está gerando necessita toda sua atenção, seu amor
e seu carinho.
Enquanto feto, após o terceiro mês de gestação, o ser humano já tem seu espírito preso pela centelha divina ao corpo em formação,
e apreende vibrações de todas as situações em seu redor.
O ser vivo possui dois sistemas sensoriais centralizados em sua medula espinhal: o epcrítico e o propopático.
Durante a gestação, forma-se, inicialmente, o propopático, integrando o feto em seu relacionamento com a mãe e o meio familiar
tanto, vibracional como espiritual, condições que irão influenciá-lo por toda a existência. Assim, emoções e sentimentos dos pais e
do ambiente chegam até o feto, e, especialmente a mãe, deve procurar dar as melhores condições físicas, sentimentais e orgânicas
àquele ser em formação. Se fuma, a mãe deve suspender o fumo durante a gravidez e a lactação. Deve preocupar-se em ficar
tranqüila, passando ao feto seu amor e sua satisfação pela chegada daquele espírito.
Segundo Koatay 108, uma gestante, geralmente, não tem necessidade de passar numa INDUÇÃO. Podia ocorrer um caso de
arraigamento de um elítrio ao feto, mas só Koatay 108 poderia fazer esse diagnóstico, de modo que, atualmente, não é permitida a
passagem, pela INDUÇÃO, de gestantes com mais de três meses de gravidez, pois há o perigo de ocorrer uma infusão: o elítrio, que
por Deus já está acrisolado no feto, em seu destino cármico, pode ser desprendido pela força da indução, causando a morte do feto,
pois aquela encarnação perde sua finalidade na terra. Na Junção não existe este risco, porque é uma força de cura luminosa, e não,
como na indução, onde age uma força de cura desobsessiva. Nos tronos, a gestante também não corre risco, pois, apesar de ser
uma força desobsessiva, esta age de forma esparsa, diluída pelos Mentores.
Assim, pode a gestante realizar, até o limite de sua resistência, qualquer trabalho, usando, após o terceiro ou quarto mês de
gestação, uma indumentária apropriada exceto a INDUÇÃO, que deve ser evitada mesmo no princípio da gravidez, porque pode
ocorrer erro na contagem do tempo.
O QUE VESTE A NINFA GESTANTE – Deve usar seu vestido branco, evitando trabalhar na INDUÇÃO. Para trabalhos em que deva
usar indumentária de Ninfa Lua ou Sol, Koatay 108 recomendou o uso de vestido azul marinho – nunca preto. A Ninfa Lua elevada,
usa 1 capa e deve ter bordada em seu vestido uma Lua pequena e 7 estrelas; a ninfa Centúrã, 1 capa, com a Lua pequena e 14
estrelas. No caso de indumentária de falange missionária, a Primeira da Falange lhe dará a orientação.

Evangelho por Mário Sassi (9)

Salve Deus! Uma carta de Tia Neiva diz: “... a vaguear na amplidão circunstancial desta Doutrina.” Esta frase é importante em
nossos contatos, nestas informações sobre evangelização, pelas circunstâncias e atitudes das coisas. Se quisermos entender a nós
mesmos, se quisermos entender esta Doutrina, temos que nos colocar mentalmente nas circunstâncias que rodearam o Mestre
Jesus. Não esqueçamos o fato fundamental de que, enquanto Ele não fez sua aparição pública, Ele estava interligando todos os
pontos do Sistema. No mundo anterior a Jesus – talvez dois milênios – toda uma civilização, aqui nas Américas, lá no Oriente Médio,
na Índia, no Tibete e em outras regiões do mundo, tudo estava acontecendo de terrível e problemas estavam se acumulando, da
mesma forma como está ocorrendo atualmente. Hoje, o fator básico humano, fundamental, determina, pelo mecanismo natural, o
fator religioso que já entrou em fase de abstração. Os homens falam da doutrina de Deus, mas de maneira totalmente abstraída. Da
mesma forma, predomina em certas regiões o formalismo religioso, em detrimento de seu sentido mais profundo, que é a
religiosidade natural. O mecanismo sempre foi o mesmo: o espírito vem para a Terra e prepara o seu retorno. Seria absurdo pensar
que Deus Pai Todo Poderoso houvesse criado o mundo e não houvesse criado os mecanismos para cada geração, para cada milênio.
Todo o mecanismo do Sistema Crístico está no interior do Homem, porque sua religiosidade acontece naturalmente. Em todos os
quadrantes do planeta, todos os seres humanos dispõem do mesmo mecanismo: nascem, crescem, reproduzem e, quando se
completam, começam a se preparar, conscientemente, para sua partida de volta. Assim, cria-se o culto, a reverência a Deus,
exteriorizada em termos de individualidade. Os índios, por exemplo, adoram o Sol e a Lua. Os fatores Sol e Lua estavam previstos
nas antigas religiões, há milhares de anos. Periodicamente, o excesso de formalismo fazia cair no dogmatismo, isto é, o indivíduo
abandonado, no impulso natural de encontrar dentro de si a divindade, põe em prática as coisas que lhe são ensinadas por fora.
Este fenômeno cíclico se repete, periodicamente, e estava acontecendo, também, no tempo de Jesus. Os homens haviam
abandonado a percepção interior e buscavam os mecanismos das coisas exteriorizadas nos livros dos sistemas de cultos, dos
templos, etc. Se nossa assistência doutrinária não fosse ininterrupta, poderíamos cair, também, no mesmo formalismo, e isto
acontece quando o médium de afasta do seu trabalho de elaboração interna, do seu interior, se afasta da observação dos fatos que
ocorrem consigo mesmo. Ele fica só no exterior, desligado, e quando chega a hora da cobrança cármica, ele está despreparado e
desguarnecido. Segundo o próprio Jesus, isto ocorre com o Homem que construiu sua casa em terreno arenoso. Quem constrói em
terreno firme, tem sua casa segura. As coisas seguras só podem ser obtidas na elaboração individualizada, isto é, ninguém pode lhe
dar segurança. Você terá de obtê-la no raciocínio interior, próprio, na percepção interiorizada. Aí, sim, estaremos fazendo religião.
Jesus começou desbastando toda aquela camada pesadíssima, onde os homens não perderam o instinto normal de religiosidade, não
perderam o impulso natural de derivação. Eles perderam a percepção e começaram a se agarrar ao exterior, ficando dominados pelo
orgulho e procurando fazer de Deus a sua imagem e semelhança. Os homens começaram, então, a pensar de acordo com seus
interesses e suas imaginações, e até criaram uma suposta legislação vinda de Deus, que determinava as maneiras de proceder. Este
é o mesmo mundo que estamos vivendo hoje, mundo em viveram, naquele tempo, os homens do Oriente Médio. A falta de
funcionamento do organismo mediúnico atrofia os impulsos do Homem, e ele vai vivendo ao sabor das circunstâncias, agarrando-se
às idéias que lhe são fornecidas, porque perdeu sua capacidade de elaboração própria. Surgem, aí, as seitas, como esta do
Reverendo Moon, que é um exemplos mais fantásticos e terríveis. A mente humana chega à alienação total. O Homem abriu mão de
seu poder decisivo, de seu poder de livre arbítrio. Cada vez mais ele se transforma em massa. Seus mecanismos de comunicação,
neste plano, se atrofiam, e ele começa a viver um Deus falso e uma nuvem negra cobre o planeta, não deixando passar mais nem a
voz. O neutrom se satura de tal maneira que fica quase impossível transpô-lo. Jesus, quando chegou, iniciou a primeira fase do
trabalho da preparação, e tudo o que aconteceu, a partir daí, foi feito no silêncio do recolhimento dos grandes espíritos missionários,
que tinham suas sedes, seus lugares e sua triangulação de forças, como temos aqui, em nosso Templo. Nossas três elipses formam
uma triangulação de forças. Isto significa estabelecer um sistema que irradia para todos os quadrantes, para todos os lugares, do
centro para a periferia. A triangulação de forças tornou possível a transferência de espíritos. É preciso que, para se entender bem as
coisas, se mantenha a mente ligada nesta ponte que estamos formando entre o que estamos fazendo aqui e o que foi feito no tempo
de Jesus. Ele preparou tudo, organizou o Sistema e, depois, quando tudo estava preparado, iniciou o ensinamento público, dando
exemplo público. Os Grandes Mestres tibetanos trabalhavam diretamente com os Apóstolos, no Oriente Médio. Eles tinham a
capacidade da percepção e da emissão. Muito pouca coisa ficou registrada e nós, através da Clarividente, podemos ficar sabendo
destes detalhes, que estamos trazendo. A amplidão circunstancial desta Doutrina de Jesus é casual e está sendo transmitida pelos
espíritos. Os Grandes Iniciados não aprendiam a Doutrina de Jesus como era ensinada, mas, sim, aprendiam o que era Jesus, o que
era o Sistema. Aí a diferença entre a Filosofia Cristã e o Sistema Crístico. O Sistema Crístico é o aprendizado transmitido de mestre
para discípulo, através dos tempos. Esta é a segurança da comunicação interplanos. Estamos vivendo intensamente, hoje, situações
similares às do tempo de Jesus. Quando a massa maior vai entrando no processo de alienação, da não percepção e da não
individualização, este processo de integração com a mente integrada nos formalismos, nas formas preestabelecidas, surge a
necessidade do carma coletivo, porque os indivíduos viram massa. Os espíritos entram em catástrofes, e são transferidos para
outras escolas, conforme o tipo de atividades religiosas. Nós estamos caminhando para um destes carmas coletivos e já há quem
esteja fazendo planos de sobrevivência. Assim foi, no tempo de Jesus, quando Ele transferiu multidões de espíritos através dos
canais de comunicação dos mestres preparados. O Sistema Crístico foi se impregnando na Humanidade através dos fenômenos que
aqueles homens faziam. Os Iniciados de Jesus transformavam verdadeiras multidões pela iluminação dos resíduos ectoplasmáticos,
das cargas magnéticas pesadas, e as pessoas começavam a sentir as suas percepções. Jesus já havia, antes, preparado aqueles
espíritos, mas, durante aqueles três anos, foram as demonstrações práticas, pois, a partir daquele instante, Ele apareceu
publicamente e começou a pregação, a demonstração prática e mediúnica de execução dos trabalhos. Todos os supostos milagres de
Jesus não eram mais do que técnicas, que eram ensinadas e que Ele demonstrava para os discípulos como fazer. Aquela região foi
escolhida porque ali havia uma amostragem da Humanidade daquele tempo. As coisas que hoje estamos aprendendo foram
ensinadas por Jesus àqueles, naquele tempo, para que as transmitissem à frente, dando alicerces ao Sistema Crístico. Estas coisas
não estão escritas, porque os segredos iniciáticos só são transmitidos de mestre para discípulos, verbalmente. Através da percepção
mediúnica estes ensinamentos são transmitidos e recebidos até hoje. Nossa grande dificuldade, hoje, não está no perdão que a
Doutrina possa nos dar, mas sim na nossa capacidade de perdoar a nós mesmos. As coisas só são erradas quando nos atingem
pessoalmente. Para aprendermos a nos perdoar, temos que ser humildes, e seguir Jesus. Toda esta filosofia que existe entre nós é o
Sistema Crístico em funcionamento. É a nossa vibração própria que irá estabelecer os campos magnéticos. Uma sensação de culpa
pode levar muito mais ao desespero e ao fracasso do que qualquer agressividade que possamos ter. A religião, no sentido restrito da
palavra, é aquele desenvolvimento que nós aqui fazemos como mestres e que se refere ao nosso Sol Interior. Nosso Sol Interior é
alimentado com as coisas que são tão vivas como no tempo de Jesus. Nós vivemos o Cristo Redivivo, como diz nossa Mãe
Clarividente. É assim, porque temos Iniciação, consagrações, ligações com os nossos Cavaleiros, nossos Ministros, nossas Princesas,
etc. Quando ligamos nosso espírito, colocamos nossa mente na condição de percepção das coisas que dominam o nosso espírito.
Saímos da personalidade e ingressamos na individualidade e, através dessa vivência, vamos alimentando nosso Sol Interior. Salve
Deus!
Sob os olhos da clarividente (7)

TRANSPORTE ESPIRITUAL
A jovem senhora visitava o Vale do Amanhecer com freqüência, e, com um desembaraço que nos deixava encabulados da nossa
ignorância iniciática, gostava de falar dos seus transportes. Causava inveja a facilidade com que ela viajava para regiões longínquas
da Terra e de outros mundos. Eu a escutava fascinado, um tanto invejoso da sua facilidade, pois eu nunca conseguira fazer a mais
prosaica viagem, e nem sequer tentara... Ela nos visitara no dia anterior, e eu meditava sobre quanta coisa me restava aprender na
vida espiritual, quando Neiva chegou ao meu escritório, com ar cansado.
- Não vai me dizer que você andou viajando – disse eu à guisa de cumprimento.
- Como é que você sabe? – respondeu ela, surpresa – De fato, esta noite, tive um transporte pesado. Meu Deus, como sofri!...
- Mas, – perguntei – você se transportou, viajou no outro mundo, no espaço?
- Não sei o que você chama de outro mundo. – disse ela – Para mim tudo é uma coisa só, é logo ali... – e esticou o lábio inferior,
imitando o clássico gesto caipira. Em seguida, voltou ao ar de tristeza e cansaço. Fiquei calado, à espera do que me fosse contar.
- Você se lembra – começou ela – daquele cearense que me procurou ontem, um sujeito de uns quarenta anos, amorenado?
Vasculhei minha memória, mas não consegui me lembrar do homem. Ansioso por ouvir o que tinha para me contar, respondi que
me lembrava. Queria saber mais sobre as viagens.
- O nome dele é Alcino, – prosseguiu Neiva – um candango igual a esses muitos que vieram para Brasília, em busca de fortuna.
Fazia dois anos que ele havia deixado a mulher e a filha no Ceará, com a clássica promessa de ir buscá-las mais tarde. Aqui ele
trabalhou e conseguiu erguer um barraco na Vila do IAPI. Só que esqueceu da família e nem sequer deu notícias a ele durante todo
esse tempo. De fato, ele havia deixado sua terra por embaraços e intrigas, resultantes da miséria em que vivia. Talvez cansado da
vida solitária que estava levando aqui, resolveu pedir as contas na empresa em que trabalhava. Conseguira juntar mais de dois mil
cruzeiros. De posse do dinheiro, tornou-se indeciso sobre o que faria. Começou a pensar na mulher e na filha, e resolveu retornar ao
Ceará. Com todo aquele dinheiro, pensava, poderia dar uma demonstração do seu valor àqueles que o desprezaram e, quem sabe,
ser bem recebido pelos que abandonara. Porém, o impulso não era suficientemente forte, e resolveu consultar-me. Quando se
sentou à minha frente, senti um calafrio. Olhei nos seus olhos e vi a morte neles!
- A morte? – perguntei – Que é isso!...
- Sim, – disse ela – a morte! De pronto, Mãe Etelvina apareceu e começou a me falar de Alcino. Enquanto isso, ele ia desfiando sua
história. Pelo que ela dizia e pelo que ele falava, o quadro ia ficando absolutamente nítido. Na trajetória cármica daquele pobre
candango, havia uma promessa de morte, um assassinato. Seu destino provável era o de assassinar alguém, talvez a mulher, talvez
o homem com quem ela vivia atualmente, mas perderia a vida nesse episódio doloroso, pois o seu tempo, na Terra, havia chegado
ao fim.
- E aí, – perguntei – o que você fez?
- Estava deveras penalizada. Longe da família, sozinho na via hostil da Brasília em obras, ele havia evoluído muito. Sentia saudades
da esposa e da filha, a quem poderia oferecer, agora, um pouco mais de conforto. Mas, pelo que dizia Mãe Etelvina, já era tarde. A
esposa, cansada de esperar, com problemas financeiros, juntara-se com outro homem, justamente o que tinha reajuste com Alcino
de outras encarnações. E o pior é que estava grávida. Realmente, agora era tarde! Meu Deus, o que poderia fazer por ele? Olhei
para Mãe Etelvina, que meneou a cabeça de forma negativa. Reagi contra aquela situação de tristeza, e disse a ele:
- Meu filho, vou ajudá-lo a resolver o que você fará com esse dinheiro. Vá para sua casa, e confie em mim. Quando é que você
pretende partir?
- Amanhã! – respondeu ele.
Neiva continuou a narrativa:
- Dei-lhe, então, uma florzinha de plástico, daquelas que tenho em minha mesa. Você sabe, não é, Mário, essas flores preparadas,
que chamamos de “príncipe”, e ele se foi. Nessa noite, mal tinha me deitado, senti as vibrações de Alcino. Dormi um sono agitado,
em que me debatia com o problema dele. Por volta das três horas da madrugada, senti um puxão violento, seguido do alívio
imediato ao me libertar do corpo. De pronto, percebi que as vibrações de Alcino me arrastavam para perto dele. Fora do corpo eu
sou totalmente consciente, e procurei controlar minhas emoções. Encaminhei-me para os lados do IAPI, e comecei a procurar o
barraco de Alcino. Creia-me, Mário, não foi fácil. O quadro de uma favela na madrugada é algo de estarrecer. Havia chovido, e as
ruas imundas, estavam encharcadas pela água que corria, levando lixo para os córregos. As vibrações foram aumentando, e percebi
que estava na rua de Alcino. Ouvi, então, um canto cadenciado e percebi que era um ponto de macumba. Identifiquei o ponto do
Exu Ventania, e a voz era a de uma mulher. Aproximei-me do mísero barraco e vi uma mulher magra, de uns quarenta anos, que
fritava uns bolinhos num fogão de carvão. Enquanto lidava com as frituras, cantarolava o ponto de Ventania.
- De novo os exus! – interrompi – A toda hora você topa com eles, Neiva!
- Sim, meus Mestres se preocupam muito com eles. Há sempre um plano em andamento, na Espiritualidade, visando ajudá-los. Não
esqueça, Mário, de que são espíritos filhos de Deus, como nós. Veja o caso de Ventania, por exemplo. Sua falange é poderosa e
enorme, e ele procura se evoluir através da assistência que proporciona às pessoas de sua afinidade. Tem uma força tremenda, e
usa inúmeros aparelhos em seus trabalhos.
- Aparelhos? – perguntei, sem entender.
- Sim, aparelhos, equipamentos. – respondeu – São máquinas complicadas, fabricadas com magnético animal, que custam
caríssimo.
- Explica melhor! – implorei – Para que servem esses aparelhos e porque precisam deles?
- É simples, Mário. Já lhe disse que os exus são espíritos cultos, inteligentes, mas sua inteligência e sua cultura são apenas
materiais, do plano mental concreto, do raciocínio que não alcança a nuança espiritual. Mário, é preciso que entenda bem, pois isso
é muito importante! O mundo da mente humana, da psique, da psicologia, é cheio de recursos extraordinários, mas tudo gira em
torno do plano físico, regulado pelas leis que regem esse plano. O Homem, deslumbrado com esses poderes, se enche de orgulho,
de auto-suficiência, e perde as possibilidades de contato com o outro plano, o plano do espírito! A diferença entre os dois planos é
tão sutil que a mente carregada de conclusões racionais não a percebe. É o caso dos exus. Vivendo no plano etérico, o exu lida com
a maleabilidade molecular desse plano. Lida com a matéria-prima, que são o ectoplasma humano e os fluidos animais da Natureza, e
com ela faz a base da sua vivência e da sua riqueza. É como o Homem encarnado no plano físico, que baseia sua vida na matéria-
prima da Natureza, como o petróleo, os minerais, a terra etc. Quem controla a matéria é senhor da riqueza, é mais forte ou menos
forte socialmente, dependendo da sua capacidade de obter e controlar essas riquezas. Um Homem que tenha mais dinheiro, tem
mais equipamentos, não é verdade? Assim são os exus. No etérico, existem escolas, indústrias e comércio, da mesma forma que na
Terra. Não é bem igual à Terra, onde o plano é mais natural, mais harmônico, e os seres estão em um plano evolutivo definido.
Como poderei lhe explicar? É como a vida na Terra deformada, desfocalizada, cheia de contrastes violentos. Na Terra, o ódio e o
amor se equilibram. No mundo dos exus, predomina o ódio.
- E para que servem esses aparelhos? – tornei a perguntar.
- Servem para muita coisa. O Exu Ventania, por exemplo, tem um aparelho que o torna invisível no seu mundo, e se orgulha muito
dele, como qualquer cidadão se orgulha do seu carro último tipo.
- Mas, – tornei a insistir – se eles são espíritos, como você quando está fora do corpo, não precisariam de aparelhos para se
locomover. Para citar um exemplo, você foi à Vila do IAPI pelo simples pensamento. Você pensou, e já estava lá. Os espíritos
pensam e, pronto, já se acham onde quiserem, até mesmo em outros mundos, não é verdade?
- Sim, Mário, e é justamente aí que quero que perceba a diferença sutil de que falei. Envolvidos no pensamento materializado, eles
não sabem que podem se transportar facilmente pelo pensamento. Simplesmente, eles não concebem, não percebem a realidade.
Entende, agora, a diferença entre a apreensão espiritual e a apreensão intelectual? Nós nunca fazemos aquilo que não concebemos,
de que não cogitamos. E não pensa você que eles não tenham notícias dessas coisas, das coisas do espírito. Eles, simplesmente, as
negam e não acreditam nelas! Procuram, sempre, uma explicação racional, e nunca conseguem entender. Como não entendem,
negam! Como negam, não possuem, não vivem essas coisas...
- Mas, – arrisquei – de tanto verem espíritos iluminados, eles devem desconfiar que existem outros meios, não é verdade?
- Não, Mário, – respondeu ela pacientemente – eles não vêem os espíritos iluminados, eles não penetram no plano de luz e, quando
conseguem ver algo, atribuem este fato a um fenômeno que urge descobrir. É por isso que estudam com afinco! Mas estão sempre
presos no seu círculo vicioso, da mesma forma que os homens que querem descobrir Deus, a alma, o espírito, nos seus laboratórios
e com seus aparelhos. E há outro fato: o controle espiritual. Os Mentores simplesmente não os deixam penetrar nessas forças do
espírito, porque tais forças seriam desperdiçadas na sua filosofia egocêntrica. Poderes só são dados a quem se desprende do
egoísmo, a quem se coloca a serviço do Amor Crístico. É por isso, Mário, que você às vezes vê uma criatura simples, sem cultura
intelectual, com poderes extraordinários, e, paradoxalmente, vê portentos intelectuais que são verdadeiras nulidades espirituais. Há,
ainda, um detalhe, que é preciso que você entenda, Mário. O Homem encarnado tem muito mais poderes que os exus! Na verdade,
essa classe de espíritos assedia, de preferência, homens inteligentes, cultos, religiosos, porque extraem o conhecimento deles! É
nessa... como é que você diz?
- Simbiose. – disse eu.
- Pois é, nessa simbiose, o Homem encarnado e os exus de entendem, embora os dois estejam se enganando sem saber! Na
verdade, se não fosse a cupidez humana, em aproveitar o que julga ser poder sobrenatural dos exus, esses espíritos se evoluiriam
mais depressa, sairiam da triste situação de marginais entre dois planos! É por isso que Moisés proibia o intercâmbio com os
espíritos e todas as religiões o proíbem. É nisso, também, que a Ciência Espiritual difere fundamentalmente das religiões. Não é o
intercâmbio com os espíritos que é perigoso, mas, sim, o tipo de intercâmbio. Em nome da Luz Crística, do Amor e do Perdão, nós
consideramos os exus, como todos os espíritos, objeto de amor e de carinho. Nada queremos deles, nada eles podem fazer por nós,
a não ser nos dar a oportunidade de exercer nossa fé, nossa capacidade missionária, nosso amor. Não temos o direito de nos furtar
a ter relações com eles e nem de fugir deles.
- Acho que os sacerdotes têm razão quando proíbem esse intercâmbio. – disse eu – Parece-me perigoso se meter com eles.
- Mas, Mário, – tornou ela – esse pensamento é tão negativo quanto o dos próprios exus. Diga-me uma coisa: você considera
perigoso se meter com portadores de doenças contagiosas?
- Sim. – titubeei.
- É, mas outros se metem com eles, tratam deles, curam-nos e, na verdade, médicos e enfermeiros não param de trabalhar para
ajudá-los, não é verdade? O problema que se apresenta é o mesmo que o dos exus. É o tipo de intercâmbio. Você se lembra, há
muito tempo, quando houve um escândalo em nosso País, a respeito de um grupo de pessoas que arrecadava dinheiro em nome dos
cancerosos? Pois é, o problema da Ciência Espiritual com os exus é o mesmo. Só que não é um problema de dinheiro ou de poder. É
um problema de honestidade iniciática, da interpretação correta do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
- Desculpe, Neiva. Desviei-a demais do assunto de Alcino. Com essa preocupação com os exus, a gente até perde o fio da meada!
- Não, Mário. É bom que vejamos todas essas coisas. Não se esqueça de que estamos no limiar do Terceiro Milênio, e essas coisas
terão que ser aprendidas por todos. Mas, voltemos ao nosso amigo Alcino. Enquanto observava a mulher fritando os bolinhos, vi
quando Ventania passou rápido, atraído pelo ponto. Abandonei a cena e tive minha atenção despertada por um alarido noutro
barraco. Um homem aleijado, com as pernas deformadas, sentado num carrinho tosco de madeira, gritava colérico com um menino
de uns doze anos de idade, e procurava atingi-lo com uma vara, tentando espancá-lo. Gritava para que ele acordasse, pois iriam
perder a hora de ir para a feira, que já estava se formando e, se demorassem, iriam perder seu lugar lá. Meu coração se confrangeu
com aquela cena de miséria e lembrei-me da minha missão ali: encontrar Alcino. Mesmo assim, não pude evitar de ver outras cenas.
Casais se entrelaçavam em desvãos escuros. Um homem comentava com a mulher a demora do caminhão que o conduziria à obra
onde trabalhava. Num outro barraco, um casal discutia com tristeza. Aproximei-me, e vi que se tratava da despedida de amantes
clandestinos. A esposa do homem chegaria naquele dia, vinda do Nordeste, e ele teria que se juntar a ela, abandonando a amante,
de quem gostava realmente. Sempre os reajustes, os carmas! Por fim, cheguei ao barraco de Alcino. O choque foi terrível, Mário.
Cheguei no momento preciso em que um crioulo forte enfiava uma faca nas costas de Alcino, e esse tombava, morto! Estarrecida,
olhei aquela cena terrível e me senti paralisada pelo terror. O crioulo, calmamente, limpou a faca na coberta da cama, e, abrindo a
mala de viagem de Alcino, puxou, do fundo, um maço de notas, pondo-se, tranqüilo, a contar o dinheiro. Fiquei em desespero. Tinha
que fazer alguma coisa. Aquilo era horrível demais! O pobre Alcino havia confiado em mim, e eu lhe prometera proteção. Será que
havia falhado em minha missão? Súbito, algo se passou em minha mente. Lembrei-me da noite terrível que havia passado, cheia de
pesadelos. Houve uma movimentação e, num relance, percebi, pela minha experiência, que eram os Médicos do Espaço fazendo o
desencarne de Alcino.
- Desencarne? – perguntei – Que história é essa?
- Ora, Mário, no desencarne acontece o mesmo que no nascimento: exige cuidados médicos dos dois planos.
- Nos dois planos? Quer dizer que os médicos da Terra ajudam a despachar as pessoas?
- Mário, você é mesmo irreverente! É lógico que eles não ajudam a despachar, como você diz. Aplicando todos os recursos, na
tentativa de salvar o paciente, eles curam muita coisa antes que o paciente morra. Muita dor e sofrimento são, assim, poupados. O
paciente que morre bem assistido chega ao outro lado com muito menos trauma e muito menos defeitos no seu perispírito. Na
verdade, embora os médicos da Terra não saibam disso, eles trabalham sempre em equipe com os médicos espirituais, cada um
atuando no seu plano. Ambas as equipes, uma sabendo e a outra sem saber, obedecem aos ditames da Lei Cármica, e o paciente
desencarna no momento previsto. Todo desencarne é feito antes da morte física. Quando chega a hora, os Mentores e Guias tomam
as providências necessárias e o “parto” para o outro lado tem início. Geralmente, dura de três a quatro horas. Mas, não existem dois
desencarnes iguais. Cada caso exige atenção especial. Há muita coisa que gostaria de lhe explicar a esse respeito, mas fica para
outra ocasião.
- Só uma coisa. – disse eu – E no caso da morte violenta, de desastre?
- É a mesma coisa. Muitas vezes a pessoa está dirigindo calmamente seu carro e seu desencarne já está sendo feito. Logo adiante, o
carro capota e ela morre, às vezes inexplicavelmente. Isso mostra, inclusive, porque certas pessoas saem vivas de desastres
terríveis e outras morrem de uma simples batida.
Neiva fez uma pausa rápida, e continuou:
- Voltemos ao Alcino. Eu continuava ali, perplexa, sem saber o que fazer. Sabia, agora, que fora atraída pelo subconsciente dele.
Pressentindo sua morte, e não tendo para onde apelar, lembrara-se de mim. Com o “príncipe” que lhe dera, eu o colocara sob a
proteção da Magia, e ele teve, assim, muito maior assistência do que teria se não fosse esse fato. Mais calma, fiquei observando a
cena, e vi que o crioulo havia deixado cair uma carteira com sua fotografia. Nesse momento, a mulher dos bolinhos parou na porta
do barraco e gritou qualquer coisa. O crioulo abriu parcialmente a porta, escondendo a cena do crime com o próprio corpo, e
comprou uns bolinhos dela. Pagou com duas notas de alto valor, e a mulher deixou escapar uma exclamação de surpresa. Pegou o
dinheiro e disse:
- Puxa vida, hoje é meu dia de sorte! É só eu invocar o “seu” Exu Ventania e ele me dá sorte! – e olhando para o crioulo, falou: -
Puxa, que cara! O que aconteceu com você?
- Nada. – respondeu o crioulo – Essas notas são pro seu exu. Compre umas velas e as ofereça para minha proteção. Preciso de
muita sorte, hoje.
O crioulo fechou a porta atrás de si, e sumiu na madrugada. Já eram umas seis horas da manhã, e eu estava ali, sem saber o que
fazer, quando percebi a presença de Mãe Tildes.
- Minha mãe! – exclamei – Que coisa horrível! Não sei o que estou fazendo aqui. Sei que falhei com esse pobre homem que confiou
em mim, e eu nada fiz para evitar a sua morte!
- Não, minha filha, – disse ela – não é assim. Na verdade, sua presença aqui foi para ajudar no desencarne de Alcino e impedir que
aquele crioulo continue a cometer seus crimes. Esse é o terceiro homem que ele mata para roubar e, se não for impedido, irá matar
outros. Sua missão é a de entregá-lo à Justiça.
- Eu? Como? E o pobre do Alcino? O que aconteceu com o espírito dele?
- Você não pode ver, minha filha, mas o espírito dele está ali, a um metro acima do cadáver. Nesse momento, ele está recebendo
todo o acervo da encarnação que terminou. Ficará assim, próximo ao corpo, até se encharcar de todo. Quando a última partícula for
absorvida, os Mentores dele levarão seu espírito para Pedra Branca, e o corpo entrará em decomposição. Seu ectoplasma está sendo
usado, neste instante, para os outros atos deste triste drama.
Naquele momento, o garoto do mendigo veio bater à porta, mas percebendo-a entreaberta, empurrou-a, como quem já está
familiarizado, e deu um grito, recuando. Formou-se uma algazarra na porta do barraco do mendigo, quando o menino contou o que
encontrara, com muita gesticulação e gritos. O garoto saiu correndo e, pouco depois, retornou, acompanhado de uns policiais, que
entraram no barraco de Alcino e iniciaram seus exames de rotina, como quem já está acostumado com essas cenas. Enquanto os
policiais trabalhavam, Mãe Tildes me explicou:
- Veja, minha filha, o que são os reajustes e os laços cármicos. Esse cadáver só seria descoberto quando estivesse putrefato. Nessa
altura, o crioulo já teria matado outros e teria fugido. Esse garoto estava habituado a receber uma esmola de Alcino todos os
sábados, e é por isso que veio aqui.
- E esse garoto, Mãe Tildes, que destino triste o dele, por ter que servir a um mendigo tão irascível!...
- Esse garoto, minha filha, é um espírito evoluído, que só veio para passar por essas provas e servir de elemento de ligação na
justiça ao crioulo, que esta madrugada, tramou a morte de sua amante em seguida ao assassinato de Alcino. Logo esse menino irá
desencarnar e vai se juntar a Zenóbio, seu pai, que é um missionário de Mayante.
Enquanto Mãe Tildes conversava comigo, os policiais acharam a carteira do crioulo junto ao corpo de Alcino.
- Vejam, – disse um deles – este é aquele cara que passou por nós, há pouco, e parou, à espera do caminhão da construtora,
comendo bolinhos. Vamos localizar a empresa e o bicho está no papo!
Ainda traumatizada e um pouco cansada daquilo tudo, lembrei-me de perguntar a Mãe Tildes sobre a esposa de Alcino, se ela não
estaria incluída naquele reajuste, se ela não teria, também, um pouco de culpa.
- Não, minha filha, ela não tem qualquer culpa. Durante muito tempo, foi evitado um mal maior, pois Alcino iria se endividar ainda
mais. Se ele voltasse para o Ceará, iria se defrontar com o velho inimigo, e ambos se matariam. Graças à sua interferência e à fé
que Alcino depositou na sua Doutrina, o carma se cumpriu em melhores condições.
O dia já clareava, e eu voltei para minha casa, para o meu corpo. No caminho, passei por cima da obra onde o crioulo trabalhava, e
vi um carro de radiopatrulha parado e os policiais conduzindo-o, preso. Fiz uma prece silenciosa em benefício daquele espírito
atribulado, e voltei ao meu sono normal.

Bezerra de Menezes (6)

SER ESPÍRITA
Filhos, ser espírita é oportunidade de vivenciar o Evangelho em espírito e verdade.
O seguidor da Doutrina é alguém que caminha sobre o mundo, mais consciente de seus erros que de seus acertos. Por este motivo –
pela impossibilidade de conformar os interesses do homem velho com os anseios do homem novo, ele quase sempre deduz que
professar a fé espírita não é tarefa fácil.
Toda mudança de hábito, principalmente daquele que lhe esteja mais arraigado, impõe à criatura encarnada sacrifícios inomináveis.
O rompimento com o "eu" é um parto laborioso, em que, não raro, sem experimentar inúmeras recaídas, o espírito não vem à luz...
O importante é que não vos deixeis desalentar. Recordai que, para o trabalho inicial do Evangelho, Jesus requisitou o concurso de
doze homens e não de doze anjos.
Talvez o problema maior para os companheiros de ideal que se permitem desanimar, ante as fragilidades morais que evidenciam,
seja o fato de suporem ser o que ainda não o são.
Sem dúvida, os que vivem ignorando as próprias necessidades, aparentemente vivem em maior serenidade de quantos delas já
tomaram consciência; não olvideis, contudo, que a aspiração do melhor é intrínseca à sua natureza - o homem sempre há de querer
ser mais...
Na condição, pois, de esclarecidos seguidores da Doutrina Espírita, nunca espereis vos acomodar, desfrutando da paz ilusória dos
que não se aprofundam no conhecimento da Verdade que liberta.
Onde estiverdes, estareis sempre inquietos pelo amanhã.
A aflição que Jesus bem-aventurou, é aquela que experimenta quem se põe a caminho e não descansa antes de concluir a jornada.
Filhos, apesar dos percalços externos e de vossos conflitos íntimos, aceitai no Espiritismo a vossa melhor chance de redenção
espiritual, e isto desde o começo de vossas experiências reencarnatórias. Valorizai o ensejo bendito e não culpeis a Doutrina pelas
vossas mazelas.

ADOLESCENTE, MAS DE PASSAGEM (2)

O PERÍODO DA INFÂNCIA

O período da infância.

“Sofre o Espírito encarnado, durante a infância, com o constrangimento que lhe impõe a imperfeição dos seus órgãos?
”A resposta é simples e direta: “Não; esse estado é uma necessidade, é natural e segundo as vistas da Providência: é um tempo de
repouso para o Espírito. ”Por que um período de repouso?
Simplesmente pelo fato de que durante a infância o Espírito encontra-se desembaraçado de deveres e sponsabilidades. Seus pais
terrenos cuidam do necessário à sua sobrevivência física e as limitações impostas pela imaturidade dos órgãos o deixa vivendo como
que uma fantasia. O Espírito não se encontra sob a plena consciência de sua condição, como quando desencarnado, e nem sob o
peso dos deveres da vida de encarnado, a qual ainda não assumiu plenamente. “Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pelo
estado de infância?”
- “O Espírito se encarnando para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante esse período, às impressões que recebe e que podem
ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados da sua educação”. Após o renascimento
no mundo material, inicia o Espírito um período de adaptação às condições de vida na Terra. Seu corpo deverá se habituar à
temperatura, humidade etc., enquanto desenvolve sua aparelhagem psíquica, agora sob novas condições sociais. Por menor que
seja o intervalo entre uma encarnação e outra, o processo se repete, pois o corpo é totalmente novo, gerado por ele e para ele. É
uma máquina sofisticada cujo “piloto” deverá treinar no seu funcionamento até poder controlá-la adequadamente. É por isso que
vemos as
crianças recém-nascidas sem controle motor. Arranham-se facilmente, o que leva as mães previdentes a manterem bem curtas as
suas unhas; não são capazes de segurar objetos ou se o fazem são algo desajeitadas. Tudo isso é perfeitamente natural. O
reencarnante ainda não tem pleno domínio de seu novo corpo, o que só ocorrerá gradualmente e com o passar dos anos. Se você
tem irmãos ainda pequenos observe seus movimentos.
Verá que lembram alguém que está aprendendo a dirigir um veículo. De fato, o fenómeno é semelhante e todos os primeiros anos
de vida serão dedicados a esse treinamento no uso de um novo corpo que deverá servir de veículo de manifestação para o Espírito
durante o máximo de tempo possível. Entretanto, é fácil concluir que o Espírito não reencarnou para aprender a usar um novo corpo
de carne. Isso é pura contingência, necessidade conjuntural. O aspecto mais importante da reencarnação está nos novos
condicionamentos psicossociais. A construção de uma nova personalidade. Assim como o perispírito é o molde do corpo físico, a
individualidade (o Espírito com todas as suas peculiaridades) servirá de modelador para sua personalidade. Vamos explicar isso com
mais detalhes.
A individualidade é o que nos distingue uns dos outros. A individualidade permanece a mesma ao longo das reencarnações,
revestindo-se de personalidades apropriadas a cada experiência na Terra.
A personalidade é composta pelos novos hábitos culturais, pelos costumes da sociedade em que se reencarnou, pelo novo idioma
que se usa, pelos regionalismos e tudo o mais que envolve a existência humana na Terra. Voltando ao Mundo Espiritual, muitos de
nossos hábitos e costumes terrenos deverão ser revistos e modificados, ou seja, deveremos nos desfazer daqueles acessórios que
ajudaram a constituir nossa nova “roupagem psíquica”, nossa personalidade, e reassumir nossa condição de Espíritos livres do corpo
carnal que, por sua vez, foi nosso “macacão de trabalho” na Terra. Para o Espírito, o que importa levar da Terra são as experiências
acumuladas e que serão acrescentadas ao seu património espiritual, tornando-se parte de sua individualidade. Cada experiência,
feliz ou infeliz, será guardada nos seus arquivos psíquicos e constituirão material de apoio para a tomada de novas decisões. Como
se vê, o processo de aprendizado é cumulativo. As camadas daquilo que foi experimentado, vivido, vão se superpondo e poderão ser
trazidas à tona, ao nível do consciente, sob certas circunstâncias naturais, decorrentes do amadurecimento psicológico do ser, ou
artificiais, como o sonambulismo provocado, a hipnose. De grande importância para o Espírito reencarnado e vivendo a infância é a
influência daqueles com quem convive, especialmente pais e irmãos. Os pais, naturalmente, têm uma ascendência muito grande
sobre os filhos, mesmo que não percebam. Os filhos aprenderão deles mais daquilo que fazem do que daquilo que dizem. O exemplo
será sempre preponderante. Os novos modos de ser serão gradualmente absorvidos pela criança e se forem bons hábitos a
prepararão melhor para o futuro. Se forem maus hábitos constituirão bombas de retardo, a explodir no futuro causando danos
proporcionais à sua potência. Por aí se vê que a missão da paternidade e da maternidade é das mais importantes e
comprometedoras. Dizem os especialistas do comportamento humano que o “código de caráter” é transmitido no tempo transcorrido
entre o nascimento e os sete ou oito anos. O que vier depois será tido à conta de acréscimo. Tanto as influências salutares quanto
aquelas menos nobres serão incutidas nas mentes infantis nesse período em que o Espírito reencarnado fica muito maleável, muito
suscetível de sofrer influência, como dissemos, principalmente dos pais e familiares, que constituem todo o mundo da criança.
Cumpre ressaltar ainda que a reencarnação,
em seus pontos essenciais, só se completa lá pelos seis, sete anos. Durante esse período é comum ver-se a criança brincando e
conversando com seres imaginários. Em muitos casos, os ditos seres imaginários têm existência real para a criança, pois são
Espíritos que vêm vê-la. Estando ainda estreitamente ligada ao Mundo Espiritual e não totalmente envolvida pelas influências da
matéria que constitui seu corpo carnal, é fácil para ela compartilhar os dois universos: o físico e o extrafísico. Enfim, não podemos
esquecer que a criança é, antes de tudo, um Espírito reencarnado, com suas carências e imperfeições. Todo impulso positivo deve
ser estimulado e todo indício de vícios morais deve ser inibido ainda nos primeiros anos. Pais e professores devem procurar
compreender os mecanismos básicos da mente infantil para agirem com mais propriedade. A pedagogia do amor ensinada por Jesus
não dispensa a atitude
enérgica quando necessária. Educação frouxa, com a criança entregue a seus próprios impulsos, tem sido o caminho para a
delinquência. Em tempo algum a violência contra a criança encontrará justificativa, e o abandono em que se encontra boa parte
delas, sem o indispensável para viver, nos deixa antever problemas sociais cada vez mais graves para as próximas gerações. Se
cada um cumprir adequadamente o seu dever enquanto pai, trabalhador, homem público, cidadão etc., o problema poderá ser
resolvido de forma razoável, apesar dos complexos desajustes sociais que, de uma forma ou de outra, nos atinge a todos.

Uma bonita entrevista com um tuaregue.

Uma bonita entrevista com um tuaregue.


Não sei minha idade. Nasci no Deserto do Saara, sem documentos.
- Nasci em um acampamento dos nômades tuaregues entre Timbuctu e Gao, ao norte de Mali, Fui pastor de camelos, cabras,
cordeiros e vacas de meu pai.
Hoje estudo gestão na Universidade de Montpellier. Estou solteiro. Defendo aos pastores tuaregues. Sou muçulmano, sem
fanatismo.
- Que turbante tão formoso!
É uma fina tela de algodão: permite tapar o rosto no deserto, e continuar a ver e respirar através dele.
- É de um azul belíssimo…
Nós, os tuaregues, somos chamados de homens azuis por isso: O tecido solta alguma tinta e nossa pele adquire tons azulados.
Como conseguem esse tom de azul anil?
Com uma planta chamada índigo, mesclada com outros pigmentos naturais. Para os tuaregs o azul é a cor do mundo.
-Por quê?
- É a cor dominante: é a cor do céu, do teto de nossa casa.
-Quem são os tuaregues?
Tuaregue significa “abandonados”, porque somos um velho povo nômade do deserto, solitários e orgulhosos: “Senhores do Deserto,
é como nos chamam. Nossa etnia é a amasigh (berbere), e o nosso alfabeto, o tifinagh.
-Quantos são?
- Uns três milhões, e a maioria permanece nômade. Mas a população diminui. “É preciso que um povo desapareça, para que
saibamos que ele existiu !” - apregoava um sábio. Eu luto para preservar esse povo.
- A que se dedicam?
- Pastoreamos rebanhos de camelos, cabras, cordeiros, vacas e asnos num reino de imensidão e de silêncio
-O deserto é realmente tão silencioso?
- Quando se está sozinho naquele silêncio, ouve-se o batimento do próprio coração. Não há lugar melhor para se estar sozinho.
-Quais recordações de sua infância você conserva com maior nitidez?
- Desperto com a luz do sol e ali estão as cabras de meu pai. Elas nos dão leite e carne, nós as levamos onde há água e pasto…
Assim fizeram meu bisavô, meu avô e meu pai… e eu. Não havia outra coisa no mundo além disso. E eu era muito feliz com isso.
-De fato! Não parece muito estimulante…
- Mas é muito! Aos sete anos já te deixam afastar-se do acampamento para que aprendas coisas importantes: farejar o ar, escutar,
apurar a vista, orientar-se pelo sol e as estrelas… E a deixar-se levar pelo camelo, se você se perder. Ele te levará onde há água.
Saber isso é valioso, sem dúvida…Ali tudo é simples e profundo. Existem muito poucas coisas. E cada uma tem um enorme valor!
- Então esse mundo e aquele são muito diferentes, não?
-Ali cada pequena coisa te proporciona felicidade. Cada toque é valorizado. Sentimos uma enorme alegria pelo simples fato de nos
tocarmos e estarmos juntos. Ali ninguém sonha com chegar a ser, porque cada um já o é!
O que mais o chocou em sua primeira viagem à Europa?
Ver as pessoas correndo pelo aeroporto. No deserto só se corre quando vem uma tempestade de areia. Me assustei. É claro!
Eles apenas iam buscar suas malas…
- Sim! Era isso. Também vi cartazes de mulheres nuas. Me perguntei: por que essa falta de respeito para com a mulher? Depois, no
Íbis Hotel, vi a primeira torneira da minha vida, vi a água correndo e senti vontade de chorar…
- Que abundância! Que desperdício! Não?
- Todos os dias da minha vida consistiam em procurar água. Quando vejo as fontes ornamentais aqui e acolá, continuo sentindo por
dentro uma dor tão intensa…
-Tanto assim?
- Sim! No começo dos anos 90 houve uma grande seca. Morreram os animais e nós adoecemos. Eu tinha uns 12 anos e minha mãe
morreu. Ela era tudo para mim! Me contava histórias e ensinou-me a contá-las muito bem. Ela me ensinou a ser eu mesmo.
- O que sucedeu com sua família?
Convenci meu pai que me deixasse ir à escola. Quase todo dia caminhava 15 km. Até que um dia o professor me arranjou um lugar
para dormir e uma senhora me dava o que comer, quando eu passava em frente à sua casa. Entendi que essa ajuda vinha de minha
mãe.
De onde surgiu esse desejo de estudar?
Uns dois anos antes, havia passado pelo nosso acampamento o Rally Paris-Dakar, e uma jornalista deixou cair um livro de sua
mochila. Eu o apanhei e lhe entreguei. Ela me deu o mesmo de presente. Era um exemplar de O Pequeno Príncipe e eu me prometi
que um dia conseguiria lê-lo.
- E conseguiu?
-Sim! Foi assim que consegui uma bolsa de estudos na França.
- Um Tuareg na universidade!
Ah, o que mais sinto falta aqui é o leite de camela... E o calor da fogueira, e de andar com os pés descalços na areia quente. Lá nós
olhamos as estrelas todas as noites e cada estrela é diferente das outras como cada cabra é diferente. Aqui, à noite, você olha para
TV.
- Sim! E o que você acha pior aqui?
- Vocês tem tudo, mas não acham suficiente. Vocês se queixam. Na França passam a vida reclamando! Aprisionam-se pelo resto da
vida à uma dívida bancária, num desejo de possuir tudo rapidamente ... No deserto não há congestionamentos. e você sabe por
quê? Porque lá ninguém quer ultrapassar ninguém!
- Conte-me um momento de extrema felicidade no seu deserto distante.
- Todo dia, duas horas antes do pôr do sol, a temperatura abaixa, mas ainda não chegou o frio, e os homens e os animais,
lentamente voltam para o acampamento e seus perfis são recortados em um céu cor de rosa, azul, vermelho, amarelo, verde...
Fascinante, na verdade...
É um momento mágico ...Entramos todos na cabana e colocamos o chá para ferver. Sentamo-nos em silêncio, a ouvir a ebulição ...
A calma invade todos nós, e o nosso coração bate ao ritmo Do barulho da fervura...
-Que paz!
-Aqui vocês tem relógio…… lá temos tempo. O tempo é como um rio. Você não pode tocar a mesma água duas vezes, porque a água
que passou, não passará de novo. Aproveite cada momento da vida...Encontre tempo para viver. Se você vive dizendo como você
está ocupado, então você nunca estará livre. Se você vive dizendo que você não tem tempo, então você nunca terá tempo. Se você
vive dizendo o que vai fazer amanhã. Aproveite cada momento da vida ... Se você não usar o seu tempo durante o dia, você é o
perdedor. É impossível voltar atrás. Valorize cada momento vivido, e esse tesouro terá muito mais valor se você compartilhá-lo com
alguém especial, especial o suficiente para você gastar com ele o seu tempo...E lembre-se que o tempo não espera por ninguém…

Interpretando Sonhos

Hoje tive uma enxaqueca daquelas! Cheguei em casa e procurei imediatamente a cama sem qualquer possibilidade de tentar
escrever.
Acordei chorando! Um choro comovido e feliz! Sonhei com minha madrinha onde a abraçava com o mesmo carinho de anos
passados. Como foi bom! Não recordo quase nada, exceto algumas poucas imagens e palavras, suficientes para me emocionarem e
fazerem o coração bater mais forte.
Levantei agora pouco e fui para os emails mais urgentes. 4 horas da madrugada e nem percebi o tempo passar... Precisava escrever
e não tinha um tema definido, por isso iniciei este texto pensando neste sonho!
De um modo bem simplista e didático, procuro esclarecer o quê se passa com as lembranças do sono: Os sonhos!
Os sonhos devem sempre ser vistos com certo cuidado, pois refletem as lembranças dos três estágios do sono:
1º - As lembranças do seu dia a dia, o quê fez, onde esteve, as coisas que deram certo e as coisas que deram errado;
2º - Os desejos da alma, as coisas que você gostaria que acontecessem;
3º - Por fim, vagas lembranças de seus desdobramentos espirituais; os lugares e as pessoas que seu espírito efetivamente visitou e
as lições que recebeu para auxiliar sua caminhada física.
Ao despertar misturamos tudo... Um sonho pode apresentar-se assim: Estava conversando com seu preto velho, no trabalho,
digitando uma planilha e falando, e no meio da conversa chega um amigo lha presenteando um carro novo. Entenderam? As
lembranças do seu dia (trabalho e a planilha), seu desdobramento (falando com o Mentor) e o sonho da sua personalidade (ganhar
um carro novo)... É mais ou menos assim.
Desta forma, as lembranças, ao acordar são sempre tumultuadas e não podem ser levadas a sério na íntegra. Como é difícil “filtrar”
a mensagem, no meio dos desejos e lembranças, durante o dia acabamos esquecendo por completo o teor do sonho.
Os Jaguares, em determinado momento de suas missões, passam a complementar seus trabalhos iniciados no Templo, dentro do
Canal Vermelho. Lembranças destas passagens, só ocorrem com algum nexo, quando existe uma real necessidade da recordação. O
natural é a “mistura” destas três etapas do sono e o desvanecimento das lembranças, em sua íntegra, durante o dia.
Aos mais exigentes repito: é apenas uma analogia simplista visando esclarecer e remover qualquer vestígio de fanatismo gerado
pelos “exploradores de sonhos”, que perdem seu tempo tentando ordenar a bagunça da própria mente, ou pior, mergulham na
internet em busca de explicações para determinado símbolo visualizado e que por vezes não passa de uma mera recordação do
subconsciente.
Kazagrande

Um lembrança de Tia Neiva sobre o tema:


Filho, vamos começar os primeiros passos para uma vida missionária!
Seja você mesmo a descobrir a sua entrada na Vida, sem profeta nem profetiza.
Descubra o seu próprio caminho e ande com suas próprias pernas.
Desperte para a Vida!
Não desanime à frente dos obstáculos: os obstáculos são atraídos pela força do nosso triste pensamento!
Não se impressione com os sonhos e nem fique a querer interpretá-los: o sonho é uma arma dos supersticiosos!
Procure o lado bom da vida, seja otimista!
Procure subir e espere, sempre, o melhor...
Com o coração esperançoso, teremos todas as coisas nobres que desejamos.
O que desejo é transmitir um pouco desta sabedoria que a vida iniciática tem nos proporcionado nesta jornada.
Tia Neiva em 17 de junho de 1983

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