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CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DISCIPLINA: PERÍCIA CONTÁBIL

PERÍCIA JUDICIAL CONTÁBIL

MATERIAL DE APOIO
(atualizado pelo novo Código Processo Civil de 2015 e pelas Normas
Brasileiras de Contabilidade: NBCPP01 e NBCTP01 de 2015)

PROFESSOR FERNANDO DIAS


diasfilho.fernando@gmail.com

2016/02
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

SUMÁRIO
UNIDADE I

Revisão Teórica

1 Perícia Judicial...............................................................................................................04
1.1 Da prova Judicial..........................................................................................................06
1.2 Alguns conceitos de Perícia.........................................................................................07
1.3 Fases da Perícia Judicial.............................................................................................07
1.4 Perícia Judicial Contábil como Prova...........................................................................08
1.5 Principais aplicações da perícia contábil em litígios judiciais.......................................09
1.6 A importância da perícia contábil nas sentenças judiciais...........................................10
1.7 Perícia Contábil e Auditoria..........................................................................................15
2. Legislação aplicável.......................................................................................................15
2.1 Normas sobre perícia contábil ....................................................................................15
2.2 Código de processo civil.............................................................................................15
2.3 Legislação específica..................................................................................................16
3 Do Perito Contador........................................................................................................16
3.1 Perito do Juízo.............................................................................................................17
3.1.1 Atribuições do Perito Contador do juízo....................................................................17
3.2 Perito Contador-Assistente..........................................................................................17
3.2.1 Atribuições do Perito Contador-Assistente...............................................................18
3.3 Habilitação e qualificação técnica................................................................................19
3.4 Nomeação do perito do juízo.......................................................................................20
3.4.1 Função indelegável, escusa, impedimentos e suspeição.......................................21
3.4.2 Substituição do perito do juízo..................................................................................23
3.5 Remuneração do trabalho pericial...............................................................................23
3.5.1 Arbitramento dos honorários.....................................................................................25
3.5.2 Depósito prévio e responsável pelo pagamento.......................................................26
3.5.3 Retirada dos honorários............................................................................................26
3.5.4 Honorários em processos sob o pálio da justiça gratuita..........................................26
3.5.4.1 Honorários e cadastro de Peritos - justiça gratuita – no TJMG..............................27
3.6 Mercado de trabalho....................................................................................................29
4 Prática pericial – conceitos e objetivos...........................................................................29
4.1 Do objetivo da perícia contábil.....................................................................................29
4.1.1 Classificação das perícias.........................................................................................29
4.2 Dos quesitos................................................................................................................30
4.2.1 Quesitos suplementares...........................................................................................31
42.2 Quesitos impertinentes.............................................................................................31
4.2.3 Pedido de esclarecimento.........................................................................................31
4.3 Planejamento e Execução...........................................................................................32
4.3.1 Retirada e estudo do Processo e modelo de Planejamento.....................................32
4.3.2 Início dos trabalhos e diligências..............................................................................33
4.4 Laudo pericial cintábil..................................................................................................38
4.4.1 Formatação, estrutura entrega.................................................................................39
4.4.1.1 Formatação e estrutura.........................................................................................39
4.4.1.2 - Da entrega...........................................................................................................41
4.5 Nova Perícia.................................................................................................................42
5 Parecer pericial...............................................................................................................42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................43

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UNIDADE II

Exercícios e casos práticos

1- Diversos.........................................................................................................................44
2 – Elaboração de plano pericial e proposta de honorários..............................................47
3 - Perícia Contábil-Financeira...........................................................................................53
4 - Atualização de débitos judiciais....................................................................................54
5 - Questões do Exame de Suficiência do CFC.................................................................55

UNIDADE III

Exemplos de Petições, Termo de Diligência e plano pericial

1. Petição de entrega do laudo..........................................................................................61


2. Petição de proposta de honorários................................................................................62
3 Termo de Diligência - TD................................................................................................63
4. Plano Pericial.................................................................................................................64

UNIDADE IV

Exemplo de Laudo Pericial


Laudo na área fazendária..................................................................................................66

ANEXO I: Artigos do CPC – Lei 13.105/2015....................................................................78

ANEXO II: Organograma do Poder Judiciário...................................................................82

ANEXO III: Planilha de elaboração de honorários da ASPEJUDI/MG..............................83

ANEXO IV: Resolução CFC N.º 1.502, de 19 de fevereiro de 2016 (CNP).......................84

ANEXO V: Estudo de Caso - Receita Federal...................................................................85

ANEXO VI: Tabela de atualização do TJMG agosto de 2016...........................................95


(Segue em arquivo separado)

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UNIDADE I: REVISÃO TEÓRICA

1 PERÍCIA JUDICIAL

Alberto (1996, p. 21) afirma que:


Em tese, podemos dizer que a perícia existe desde os mais remotos tempos da
humanidade, assim que esta, reunindo-se em sociedade, iniciou o processo
civilizatório – infindável, aliás – para caminhar da animalidade para a racionalidade.
Assim colocamos para situar que aquele que, seja pela experiência ou pelo maior
poderio físico, comandava a sociedade primitiva era, a bem dizer, perito, juiz,
legislador e executor ao mesmo tempo, já que examinava (por sua ótica), julgava,
fazia e executava as leis.

Sá (2004, p. 14) trata da História Romana e sintetiza:


Na Roma Antiga, de tal forma se deu valor aos que entendiam que perícia passou
a designar Saber, Talento, tal como o empregou o historiador Tácito, em sua obra
Anais, onde escreveu uma fase da História do Senado Romano.
No Brasil, no ano de 1939, foram estabelecidas no CPC (Código de Processo Civil) as
primeiras regras sobre perícia. Mas, foi somente com o decreto-lei 9.245 de 1946, que
foram definidas as atribuições dos profissionais da contabilidade e a competência para a
realização de perícias (HOOG, 2006).
De acordo com Sá (2004, p.13), no tempo do Brasil Colônia, relevante já era a função
contábil e das perícias, conforme se encontra claramente evidenciado no Relatório de 19
de junho de 1979 do Vice-rei Marquês do Lavradio a seu sucessor Luís de Vasconcelos e
Souza (Arquivo Nacional do Rio de Janeiro).
A perícia judicial designa a diligência realizada ou executada por peritos, a fim de que se
esclareçam ou se evidenciem certos fatos. Significa, portanto, a pesquisa, o exame, a
verificação e a vistoria acerca da verdade ou da realidade de certos fatos, por pessoas
que tenham notável habilidade ou experiência na matéria em evidência.

A perícia auxilia os juízes nas suas proposições, quando estes dependem de


conhecimento técnico e especializado sobre um determinado assunto, objeto de uma
contenda judicial.

É utilizada também como prova, contribuindo para uma melhor percepção da verdade. O
artigo 156 do CPC determina que, quando a prova do fato depender de conhecimento
técnico ou científico, o juiz será assistido por perito.
Hoog (2006) afirma que o termo “perícia” vem do latim, que significa conhecimento
adquirido pela experiência já utilizado na Roma Antiga, onde se valorizava o talento de
saber.
Para Alberto (2000, p.19), a Perícia:

é um modo definido e delimitado, é um instrumento, portanto, e, este, por sua vez,


é especial porque se concretiza por uma peça ou relatório com características
formais, intrínsecas e extrínsecas, também definidas (o laudo pericial). Essa peça
contém, porém o resultado materializado, fundamentado científica ou
tecnicamente, dos procedimentos utilizados para constatação, prova ou

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demonstração conclusiva sobre a veracidade do estado do objeto sobre o qual
recaiu.

As perícias são realizadas para que se tomem decisões de diversas naturezas, podendo
ser classificadas em econômica, contábil, arbitral, avaliatória, de insalubridade, de
periculosidade, grafotécnica, demarcatória, médica, psicológica, entre outras.

ECONÔMICAS: são apurados os direitos econômicos sem apresentar os valores


monetários.

ECONÔMICO FINANCEIRA: visa quantificar valores monetários em qualquer ação


judicial, Na área trabalhista atua na fase de liquidação de sentença, quantificando
diferença salarial, adicional noturno, reajustes, dsr, e outras verbas. Este tipo de perícia
pode se destinar também a apurar pagamento indevido de prestações, títulos mercantis,
carnês, alugueis etc.

CONTÁBIL: na justiça Federal ou Estadual, analisa, examina, certifica ou refaz,


lançamentos contábeis para indicar possíveis erros normais ou fraudulentos nas
demonstrações financeiras. Está inserida na perícia contábil aquelas de certificação na
justiça da fazenda de atos de fiscalização do poder executivo, concluídos através de
autos de inflação e que resultam em certidões de dívida ativa junto ao erário público. Visa
examinar os procedimentos de atuação do fiscal quando da atuação e de sua
regularidade.

ARBITRAL: é um tipo de perícia que, por determinação do juiz, o perito se torna árbitro,
decidindo, de acordo com a sua experiência, doutrina científica e com os meios que a lei
lhe faculta, questões divergentes, tendo em vista a falta de elementos materiais
registrados ou visíveis. Em arbitramento de valor patrimonial de uma entidade, os
profissionais da área de engenharia e de contabilidade atuam de forma integrada com a
divisão do trabalho conforme a competência de cada profissional. Assim, o perito d
engenharia desenvolve, primeiramente, seu trabalho de avaliação dos bens, para
posteriormente o contador promover o adequado ajuste do balanço patrimonial e
quantificar o valor da entidade.

AVALIATÓRIA: estima ou apresenta o valor real de um bem, de um direito ou de um


serviço. Esta perícia, também exige certas diligências para uma avaliação justa.
Normalmente, o profissional de engenharia possui maiores atributos para o desempenho
da função.

INSALUBRIDADE: é desenvolvidas por médicos, detentores de curso de medicina do


trabalho. É realizada para avaliar o grau de insalubridade que sofre um empregado no
exercício de suas atividades, com o risco de saúde ou de contágio, sem atendimento às
normas e dispositivos legais próprios para a proteção pessoal.

PERICULOSIDADE: são os engenheiros detentores do curso de segurança do trabalho


que atuam para apurar fatores que possam colocar em risco a vida do empregado no
desempenho de qualquer função, sem atendimento aos dispositivos das normas de
segurança.

GRAFOTÉCNICA: é realizada por pessoa que possua curso específico para tal; é a
técnica de estudo da escrita, quanto às suas origens, autor e data em que os caracteres
foram utilizados.

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Perícia Contábil 2016

DEMARCATÓRIA: esta perícia dá ao juiz os pontos exatos de uma divisão ou de


demarcação de uma área e é executada por engenheiro registrado no CREA.

MÉDICA: visa promover uma avaliação do estado físico da parte que se submete ao
exame, estabelecendo as dimensões da gravidade ou lesão sofrida pelo indivíduo.

PSICOLÓGICA: é realizada nas áreas de família, visando proporcionar ao juiz as


condições psicológicas das partes ou de seus filhos, sobre determinada argüição ou
conduta, sob segredo da justiça, que está sendo examinada.

1.1 Da Prova Judicial

“As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente
legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em
que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.”(CPC,
2015)

O artigo 370 do CPC determina que caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da


parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as
diligências inúteis ou meramente protelatórias.

O artigo 212 do Código Civil (CC) dispõe que os atos jurídicos poderão provar-se
mediante: confissão, documento, testemunha, presunção e perícia.

As partes são responsáveis pela produção de prova. O artigo 373 do CPC determina:
O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor.
o
§ 1 Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas
à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos
do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o
juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir
do ônus que lhe foi atribuído.

Alguns fatos não dependem de prova. São eles, segundo o artigo 374 do CPC: notórios;
afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; admitidos no processo como
incontroversos; em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Verifica-se ainda que a experiência do Magistrado pode ser considerada: “O juiz aplicará
as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente
acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame
pericial.” (artigo 375 do CPC).

A prova pericial, nos termos do artigo 464 do CPC, consiste em exame, vistoria ou
avaliação. Essa prova poderá ser indeferida pelo Juiz quando: a prova do fato não
depender do conhecimento especial ou técnico; for desnecessária em vista de outras
provas produzidas e se a verificação for impraticável.

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Perícia Contábil 2016

O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação,


apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos
que considerar suficientes. (artigo 472 do CPC).

A prova pericial, na maioria dos casos, é fundamental. Entretanto, o magistrado pode


valer-se de outros instrumentos, conforme artigo 479 do CPC: “ O juiz apreciará a prova
pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o
levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em
conta o método utilizado pelo perito.”.

1.2 Alguns Conceitos de Perícia

Segundo Sá (2000) a Perícia Contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio


individualizado, visando oferecer opinião mediante questões propostas. Para tal opinião
realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em
suma todo e qualquer procedimento necessário à opinião.

Alberto (2000, p.19) apresenta a seguinte definição de Perícia:

é um instrumento especial de constatação, prova ou demonstração, científica ou


técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos. Perícia é um modo definido e
delimitado, é um instrumento, portanto, e, este, por sua vez, é especial por se
concretiza por uma peça ou relatório com características formais, intrínsecas e
extrínsecas, também definidas (o laudo pericial). Essa peça contém, porém o
resultado materializado, fundamentado científica ou tecnicamente, dos
procedimentos utilizados para constatação, prova ou demonstração conclusiva
sobre a veracidade do estado do objeto sobre o qual recaiu.

A Perícia Judicial é assim definida por Rodrigues (1997):


é uma medida de instrução, necessitando de investigações complexas, confiadas
pelo juiz, em virtude de seu poder soberano de apreciação, a um especialista a fim
de que ele informe sobre as questões puramente técnicas excedentes de sua
competência e seus conhecimentos. Não deve ser confundida com a perícia
extrajudicial, seja ela a perícia amigável, resultante de acordo das partes
interessadas, seja a perícia oficiosa, esta fora e anterior ao litígio ou ainda nascida
do litígio e em curso de processo, independente da decisão do juiz, na qual as
partes pretendem colher elementos para melhor conhecimento da questão.

1.3 Fases da Perícia Judicial

O ciclo normal da perícia judicial envolve as fases preliminar, operacional e final.

Fase Preliminar Fase Operacional Fase Final


A perícia é requerida ao juiz pela parte Início da perícia e Assinatura do laudo;
interessada; diligências; Entrega do laudo;
O juiz defere a perícia e escolhe o perito; Curso do trabalho; Levantamento dos
As partes formulam quesitos e indicam seus Elaboração do laudo. honorários;
assistentes; Esclarecimentos (se
Os peritos são cientificados da indicação; requeridos).
Os peritos propõem honorários e requerem
depósitos;
O juiz estabelece prazo, local e hora para o
início.
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Perícia Contábil 2016
Adaptado de Sá (2002).

1.4 Perícia Judicial Contábil como Prova

De acordo com Oliveira Neto "a Perícia é um dos meios utilizados para se provar a
existência de fatos alegados ou contestados pelas partes, devendo sempre ser
desenvolvida por especialista da área relativa à questão discutida nos autos (...). A
perícia, em suas diversas modalidades, tem papel relevante no âmbito da justiça, por ser
um dos meios de transformar os fatos alegados em certeza jurídica."

De acordo com a NBC TP 01:

A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos


destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a
subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial
contábil e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as normas jurídicas e
profissionais e com a legislação específica no que for pertinente.

O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil têm por limite o próprio objeto
da perícia deferida ou contratada.

A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular


perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição.

A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. A perícia extrajudicial


é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária. A perícia arbitral é exercida sob
o controle da lei de arbitragem. Perícias oficial e estatal são executadas sob o
controle de órgãos de Estado. Perícia voluntária é contratada, espontaneamente,
pelo interessado ou de comum acordo entre as partes.

A perícia é reconhecida como um dos meios probantes mais eficientes. Tal entendimento
é devido às suas características gerais e a sua inter-relação com as demais provas. A
esse respeito, Alberto (2000, p.23) afirma que a prova pericial:
se inter-relaciona com as demais provas, em menor ou maior grau, podendo, ao
recair sobre matéria sobre a qual, em parte, as demais recaíram ou recairiam, ora
esclarecer ou complementar as provas já produzidas, ora tomá-las como uma de
suas premissas, ou, ainda, se contrapor tecnicamente àquelas.

O objeto pericial contábil é o patrimônio, suas variações e suas relações econômicas


entre as células aziendais e/ou pessoas. No entanto, a perícia se caracteriza pela
especificidade podendo ser parcial ou total, quando da análise de documentos ou fatos. A
perícia judicial contábil se motiva pela dúvida ou controvérsia, onde o objeto da lide
permeia pelos aspectos qualitativos e quantitativos do patrimônio. A contabilidade por ter
vocação de ordem e controle sempre esteve interligada com os aspectos formais dos
fatos econômicos. Assim, a tecnologia da perícia contábil judicial desenvolveu-se da
relação entre a ciência do patrimônio e do Direito. Herrmann Júnior (1935, p.544)
acrescenta:
Não diremos que o Direito não possa existir sem a Contabilidade, mas podemos
afirmar que a justiça em regra não é possível, nem segura, sem o concurso da
contabilidade. Na vida social os fatos econômicos envolvendo interesses de
indivíduos e de grupos de indivíduos se sucedem com a velocidade de um
verdadeiro turbilhão. E nesse suceder de negócios de relações jurídicas, cada
indivíduo, para a sua própria informação e para o esclarecimento das dúvidas
eventuais, deve manter registro muito minucioso dos bens que possui, dos seus
direitos e das suas obrigações. Somente mercê da Contabilidade, os fatos
econômicos podem ser devidamente classificados e, por via de conseqüência,
somente com boa Contabilidade a vida social e econômica pode desenvolver-se
dentro de um regime de absoluta ordem.
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Perícia Contábil 2016

Alberto (1996, p. 46) entende que será de natureza contábil sempre que a perícia recair
sobre elementos objetivos, constitutivos, prospectivos ou externos, do patrimônio de
quaisquer entidades, sejam elas físicas ou jurídicas, formalizadas ou não, estatais ou
privadas, de política ou de governo.

O CPC regulamenta a validade e utilização dos livros empresariais como prova:

Seção VII
Da Prova Documental
Subseção I
Da Força Probante dos Documentos
(...)
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao
empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os
lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei
provam a favor de seu autor no litígio entre empresários.
Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se dos fatos que resultam dos
lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são
contrários, ambos serão considerados em conjunto, como unidade.
Art. 420. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos
livros empresariais e dos documentos do arquivo:
I - na liquidação de sociedade;
II - na sucessão por morte de sócio;
III - quando e como determinar a lei.
(...)

1.5 Principais aplicações da perícia contábil em litígios judiciais

Seguem alguns exemplos da aplicação da perícia contábil:

Tipos / ações
Exclusão de sócio
Exibição de livros e documentos
Ordinárias
Revisionais
Execução
CÍVEL Indenização por danos
Prestação de contas
Apuração de haveres
Falta de entrega de mercadorias
Lucros cessantes

Tipos / ações
Execução fiscal
TRIBUTÁRIA/FISCAL Repetição do indébito
Anulatória de débito fiscal

Tipos / ações
Alimentos
FAMÍLIA Execução de Alimentos
Separação

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1.6 A importância da Perícia Contábil nas sentenças judiciais

Na maioria dos processos judiciais em que se discute assunto contábil, os Magistrados


utilizam a Perícia Contábil como fundamento técnico para as suas decisões.
Compreende-se assim, que nos assuntos técnicos discutidos judicialmente os Peritos
contribuem de forma significativa para a busca da realidade dos fatos.

Seguem algumas afirmações de Magistrados sobe a relevância da Perícia:

Muitas vezes os fatos litigiosos não são simples e nem o juiz dispõe de
conhecimentos universais, a ponto de examinar cientificamente tudo sobre a
veracidade e as conseqüências de todos os fenômenos possíveis de figurar nos
pleitos judiciais. Nesses casos, o juiz necessitará do auxílio de pessoas
especializadas, como engenheiros, agrimensores, médicos, contadores, químicos
etc., para examinar pessoas, coisas ou documentos envolvidos no litígio, formar
sua convicção para julgar a causa, com a indispensável segurança.
(Desembargador do TJMG – Rogério Medeiros).

(..) É que, no tema, o juiz vê pelos olhos do perito, dependendo a realização da


justiça da honorabilidade e do preparo técnico deste. (Ministro Carlos Veloso).

Na sociedade complexa em que vivemos, a grande maioria dos problemas está


sujeita a avaliações técnicas. Por isto resta pouca ou nenhuma autonomia aos
tribunais, senão a de aceitar as conclusões dos peritos. (Prof. Antônio Álvares da
Silva).

Veja a seguir partes de sentenças e acórdãos em que alguns Magistrados apresentam


suas decisões com base em laudos elaborados por peritos contadores.

(..) “Dessa forma, apesar de não constarem nos autos cópias das contas de
energia elétrica referente aos meses de março a novembro/86, a partir das
respostas colacionadas pelo Perito do juízo é possível concluir a existência do
pagamento das mesmas.”

“O perito esclarece, à f.2322, que houve majoração das tarifas. (...) Resta, então,
sobejamente aprovado o pagamento pelo consumo de energia elétrica(...)”.

“Durante a instrução processual ficou comprovado através de perícia contábil


que a autora consumiu energia elétrica... Além do mais o perito teve acesso a
toda escrituração da requerente, pois ao contrário, não seria possível a conclusão
de seu trabalho. Rejeito a preliminar.”

“A prova pericial contábil levada a cabo de maneira escorreita, apurou o valor


dos alugueis dos imóveis, incluindo a renda da loja, em R$ 34.050,25. Portando o
autor tem direito a metade desse valor (...)

“As taxas foram consideradas compatíveis pelo perito.(...).”

“(...) O perito informou que o débito tem origem (...)”.

“(...) Não contém informações suficientes, conforme salientou o perito em seu


laudo.”

“(...) A fatura não foi localizada, segundo informou o Perito do juízo (...)”.
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“(...) Por outro lado, o embargante ratifica os termos da peça inicial, apresenta
demonstrativo dos saldos bancários em 31.12.1988, e dos rendimentos de
aplicações financeiras e da evolução patrimonial em 1989, além da consolidação
dos rendimentos mensais desse ano. Finaliza afirmando que, consoante
demonstrativo da evolução patrimonial apresentado, todas as despesas
realizadas em cada mês contava com disponibilidade de recursos de origem
devidamente comprovada, não havendo estouro de caixa (sic) em nenhum mês
em questão, sendo também esta a conclusão a que chegou o perito judicial.
Assim, não se confirma a pretensão fiscal.”

Seguem outros exemplos de sentenças com base em laudos contábeis.

a) Área Tributária

a.1) execução fiscal:


EMENTA
Resumo: Trata-se de Embargos do Devedor proposto pela Fazenda Pública do Estado de Minas Gerais, em
face de Execução Fiscal movida por uma Indústria Alimentícia.
Decisão: Pedido julgado procedente.
Sentença confirmada por acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

SENTENÇA -

Vistos etc.

Agora, em juízo, a embargante carreia para os autos “n” documentos, tentando provar não ter cometido
ilícito fiscal. Pede, ao fim de seus embargos, seja realizada perícia técnico-contábil, a fim de que se apure a
lisura ou não da peça administrativa. A Fazenda entende, não obstante ter certeza da licitude do ato de seu
agente, que tal perícia é necessária, a fim de que se detalhem minuciosamente a este douto juízo, suas
razões estampadas na inicial de fls. E, ao final da perícia, aduzirá suas razões que fulminarão a malsinada
pretensão da embargante. Isto posto, vem requerer seja deferida por V. Exa. a perícia pedida pela
embargante, nomeando-se perito competente para que o processo tenha seu prosseguimento nos termos
da lei. Ratificando todo o conteúdo íncito (sic) na inicial de fls. [...]

Foi saneado o processo e deferida prova oral e pericial, com nomeação de perito na pessoa do Dr. José
Alves Conserva, facultada às partes indicação de assistente-técnico (fls. 315). Apresentada a proposta de
honorários periciais, com esta anuiu a Embte., que formulou quesitos e indicou assistente-técnico (fls.
323/324), enquanto que o RMP não os teve a formular, quedando-se inerte, por sua vez ,a Embda. (fls. 320
e flss. 328/329).

Veio aos autos o laudo pericial (fls. 338/560 e fls. 563/732), sobre o qual se manifestou a Embte., dizendo....

A Embda. deixou de manifestar-se sobre o laudo pericial (fls. 692/693-v).

É O RELATÓRIO.

DECIDO.

Registrando que tão induvidoso é que ocorreu a falta de registro de estoque e produção em livro próprio,
além de saída de mercadoria sem emissão de notas fiscais, dando origem aos débitos em execução, que o
perito do juízo não só teve que de lançar mão de volume de (...)
Segundo a perícia, o volume de vendas foi de 563.795 kg, enquanto que o de saída de mercadorias foi de
569.755 kg (...)

A perícia concluiu que o seu levantamento coincide com o do fisco (...)

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Segundo a perícia, Neste exercício financeiro de 1991,foi encontrado um volume de produção na quantidade
de 855.729 kg (...)

Segundo a perícia, para este esse exercício financeiro de 1992, não foram encontrados nos autos elementos
da ação do fisco (...)

Dispôs a perícia que, Neste no exercício financeiro de 1993, foi apurada produção de 460.734
Kg. (...)

a.2) Embargos do devedor


EMENTA:
Resumo: Ação Embargos de Devedor, proposta por Construtora em face do Município, por execução
visando cobrança de crédito.
Decisão: Pedido julgado procedente.

SENTENÇA:

Vistos etc.

À execução fiscal representada pela CDA n. 0001/98, no valor de R$388.862,13, que lhe move,
O processo foi dado por saneado, por dizer ao mérito as preliminares, e nomeado perito para a perícia
contábil, facultado às partes indicação de assistente-técnico e formulação de quesitos (fls. 164).

A Embte. indicou assistente-técnico e formulou quesitos (fls. 170/171), tendo nesse ínterim sido designada
audiência de tentativa de conciliação, do art. 331, CPC, que se tornaram obrigatória (fls. 173), quando então
as partes pediram suspensão do processo para verificarem da viabilidade de transação (fls. 182/183), que
não convalesceu, seguindo-se indicação de assistente-técnico e quesitação de ambas as partes, enquanto
que o RMP, que alegou não ter assistente-técnico, louvou-se nos quesitos formulados por aquelas (fls.
184/187 e fls. 201).

Juntou-se aos autos cópia de expediente trazido aos autos de execução pela Embda., de substituição da
CDA de fls. 5 (fls. 223/224), que também formulou quesitos suplementares (fls. 225).
Veio aos autos o laudo pericial oficial (fls. 226/286), do qual disse divergir em parte a Embda., porque não
acompanhada a perícia pelo assistente-técnico, apreciação de quesitos não-objeto de deferimento e não-
apreciação da quesitação de fls. 225. Apreciada a CDA de fls. 5 dos autos de execução e não a que a
substituiu.

A Embte. anuiu com o laudo pericial, formulando porém quesitos suplementares para ser respondidos na AIJ
(fls. 295/296). Nesse ínterim, o assistente-técnico da Embte. trouxe aos autos seu laudo, dito parecer (fls.
297/303), do qual se disse ciente o RMP (fls. 306-v), enquanto que a Embda. reiterou o seu pedido de fls.
289/290 e verberou de julgado o parecer do assistente-técnico, que por isto seria nulo (fls. 309), enquanto
que com este anuiu a Embte. (fls. 310/312).

Designada AIJ (fls. 313), a Embda. pediu fosse suspensa e que determinada fosse audiência da Embte. nos
autos de execução sobre a CDA de fls. 160, arrolou testemunhas e alegou ser amontoado de meias-
verdades o asseverado de fls. 310/312, notificado que foi tanto do auto de infração, quanto do lançamento
do débito em dívida ativa, conforme fls. 32/34, a menos que tenha conseguido os documentos por passe de
mágica.

Inconstitucional o art. 57, II, do Código Tributário Municipal, a teor do art. 136, § 4º, e art. 224 da
LOM/Virginópolis, de 9 de março de 1990, que é anterior àquele, pelo que até dispensável a edição da Lei
Municipal nº 1.298/97 (fls. 319/347).

A Embte. aviou embargos declaratórios, porque requerera esclarecimentos do perito, não tendo o despacho
de fls. 313 disposto a respeito (fls. 348).
Suspensa foi então a audiência e determinado que a Embte. se manifestasse nos autos de execução
apensos sobre a CDA de fls. 159/160, , enquanto que foi dado parcial provimento aos embargos
declaratórios, para que o perito respondesse em audiência aos quesitos n. 4 e n. 5 de fls. 295/296 e
indeferidos outros esclarecimentos, não objetos de quesitação (fls. 349).

12
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
A perícia oficial constatou a inexistência de intimação, bem ainda a existência de defeitos formais do auto de
infração, conforme resposta ao quesito n. 44, de fls. 233, e suplementar n. 1, de fls. 235. Tem lugar o
entendimento jurisprudencial que oferece.

É o relatório. Decido.

(...) Com razão a Embte. quanto a precariedade do processo administrativo, de que resultou emissão de
CDA, pois carece de requisitos mínimos, conforme enumera a inicial e tem sustentação no laudo pericial
oficial, que, porém, informa da existência do auto de infração, que consta dos autos, e assistencial (fls.
226/286 e fls. 297/303) — o que, aliás, se constata à prima vista.

b) Área Fazendária

EMENTA:
EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. URV. SERVIDORES DO PODER EXECUTIVO
ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO COM A CONVERSÃO DE SEUS PROVENTOS DE CRUZEIRO
REAL PARA URV's NA FORMA ESTABELECIDA PELA LEI Nº 11.510/94. Não existindo prejuízo
comprovado com a aplicação da Lei Estadual nº 11.510/94 na conversão de Cruzeiro Real para URV’s, é de
se julgar improcedente o pedido de reparação, sendo impossível ao juízo monocrático proceder a uma
apreciação de constitucionalidade em tese do referido dispositivo legal, eis que este controle é reservado
com exclusividade ao STF (art. 102, I, “a” da CR/88).

SENTENÇA:

Vistos, etc.

(...)
As partes foram intimadas a se manifestarem sobre o laudo pericial, conforme despacho de fl. 146.

As autoras apresentaram manifestação de fl. 138, sustentando que discordam do laudo pericial tomado
como prova emprestada por este juízo.

O Estado de Minas Gerais apresentou manifestação de fls. 139/142, juntando os documentos de fls.
143/148, sustentando que a perícia realizada demonstrou que não houve perdas com a conversão dos
vencimentos das autoras.

O assistente técnico do réu apresentou considerações acerca do laudo pericial realizado pela perita oficial,
às fls. 149/150.
(...)
É o relatório,

DECIDO

(...)
Mas, na presente hipótese concreta trazida a este juízo, a ré comprovou a inexistência de qualquer prejuízo
para as autoras, com o procedimento adotado por intermédio do sistema de conversão deduzido a partir da
regra ditada pela Lei Estadual nº 11.510/94, como facilmente pode-se constatar pela perícia contábil
realizada pela perita oficial da 2ª Vara de Fazenda Pública e Autarquias (tomada como prova emprestada
por este juízo), cujos cálculos o requerido junta às fls. 143/148. Ao contrário, verifica-se que houve até um
certo ganho para as autoras com a medida tomada pela ré.
Aliás, também de acordo com os mesmos cálculos, a aplicação da regra consolidada na Suprema Corte, (...)

E constata-se, ainda, pela perícia realizada, que as autoras somente poderiam alegar prejuízos se fosse
possível a aplicação do índice de reajuste concedido pela Lei nº 11.115/93 aos vencimentos já convertidos
em URV’s, o que a meu ver é descabido, eis que representaria a incidência de correção sobre correção.
(...)

c) área Trabalhista
RECORRENTE: EMPRESA XXX
RECORRIDA: LANGDON CELESTE
13
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
EMENTA:
PROFESSOR. DISPENSA, DURANTE O ANO LETIVO.
GARANTIA DE SALÁRIOS. MOTIVO ECONÔMICO OU FINANCEIRO

NÃO COMPROVADO. Por força de instrumento normativo, ao professor é assegurada a garantia de


salários, contra rescisão imotivada, durante o período letivo, de acordo com o regime de matrícula do
estabelecimento de ensino (anual ou semestral). Não se vislumbra motivo financeiro a justificar a
dispensa obreira, quando constatado, por perícia contábil, que a empregadora, ainda que
passando por dificuldade econômica/financeira, transfere para outra professora as aulas
ministradas, pela reclamante, não resultando do remanejamento efetivo impacto, nos custos operacionais
da reclamada.

RELATÓRIO
A MM. Juíza do Trabalho da 18ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, Dra. Vanda de Fátima Quintão
Jacob, pela r. sentença de fls. 980/985, complementada pela decisão dos Embargos Declaratórios, cujo
relatório adoto e a este incorporo, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na petição
inicial. A reclamada opôs Embargos de Declaração (fls. 988/990), julgados improcedentes (fl. 992).
Recurso Ordinário pela reclamada (fls. 993/999), versando sobre horas extras, garantia de salários,
honorários periciais, multas normativas e honorários advocatícios. Comprovado o recolhimento do
depósito recursal e custas processuais às fls. 1000/1001. A reclamante apresentou contra-razões às
fls. 1004/1008, pugnando pela manutenção da r. decisão recorrida.
É o relatório, em síntese.
(...)

2.2 GARANTIA DE SALÁRIOS

A recorrente aduz que a autora não faz jus à garantia de salários, prevista, na CCT da categoria, ao
argumento de que a dispensa encontra respaldo, no instrumento normativo (cláusula 1ª, inciso XII), uma
vez que ocorreu, por motivo econômico e financeiro - o que restou comprovado, pela perícia técnica
contábil.
Data venia, não lhe assiste razão.
Primeiro, cabe ressaltar, que, de acordo com o TRCT de fls. 276, a dispensa aconteceu por iniciativa do
empregador, sem justa causa.
O laudo pericial de fls. 776/801, embora tenha constatado que a reclamada "está operando
com prejuízos significativos, registrados nos anos de 2004 e 2005", também concluiu, que "as aulas antes
ministradas pela Reclamante foram repassadas para a professora Carlota Joaquina, que percebe o mesmo
salário/aula da autora" (fl. 801).
Registra-se, por oportuno, que, em resposta ao quesito 2.15 (fl. 799), a i. perita
afirmou que "A dificuldade econômica/financeira da Reclamada é visível em seus Balanços
Patrimoniais, necessitando de implementações de medidas administrativas urgentes. Mas é
certo que as aulas da Reclamante foram transferidas para outra professora, com salário idêntico, o que não
implicou em redução de custos" (grifos acrescidos).
Acrescenta-se que a tese patronal, quanto à economia perpetrada, com a dispensada da autora -
considerando os esclarecimentos prestados, pela i. expert, em resposta aos quesitos
complementares -, não merece prosperar.
Com efeito, a i. perita informou haver uma diferença salarial, entre a reclamante e a professora que
a substituiu, referente ao adicional por tempo de serviço, equivalente a 5% do salário base docente,
recebido, apenas, pela autora. Porém, é certo que tal diferença equivale, tão-somente, a uma redução de
3,9%, no total da remuneração obreira (fls.
966/968).
Diante disso, não há como concluir que esse percentual, ínfimo, tenha impactado, nos custos
operacionais da reclamada.
Outrossim, verifica-se que, dentre os demais doze professores dispensados, pela recorrente,
nos meses de dezembro/2005 e fevereiro 2006, cinco deles (41,66%) não percebiam o adicional por
tempo de serviço.
Além disso, da análise do Anexo VII do Laudo Pericial, referente aos professores admitidos
no início de 2006, constata- se que os mesmos, na realidade, já são funcionários da reclamada, cujas
datas de admissão variam de 1974 a 2000 (docs. de fls. 871/875, em confronto com os docs. de fls.
876/891).
Depreende-se, portanto, que a tese empresária, de redução de custos, pelo não pagamento
do adicional por tempo de serviço, não merece acolhida.

14
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
Conclui-se, assim, que a dispensa da reclamante ocorreu, sem justo motivo, sendo-lhe devida
a indenização relativa à garantia de salários, prevista, na CCT da categoria.
Quanto ao pleito sucessivo, relativo à declaração da natureza indenizatória da parcela em comento,
para fins de contribuições fiscais e previdenciárias, cabe esclarecer que a r. sentença primeira não a
incluiu, entre aquelas sujeitas à contribuição previdenciária - o que, por si só, exclui sua natureza salarial.
Além disso, consta, expressamente, da r. decisão recorrida, que o imposto de renda será deduzido, na
forma da lei. Ademais, o r. decisum, apenas, acertadamente, determinou que o índice de reajuste de
4,85%, deverá compor a base de cálculo das verbas rescisórias, autorizando, desde então, a
compensação dos valores pagos, sob os mesmos títulos, constantes do TRCT.
Conforme analisado alhures, o laudo pericial foi favorável à tese obreira, Assim, sucumbente, no
objeto da perícia, deverá a reclamada arcar com a verba honorária (CLT, artigo 790-B).
FUNDAMENTOS PELOS QUAIS,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, pela sua
Primeira Turma, preliminarmente, à unanimidade, em conhecer do recurso; no mérito, sem divergência,
negar-lhe provimento.
Belo Horizonte, 05 de fevereiro de 2007.

1.7 Perícia Contábil e Auditoria

A perícia contábil não é o mesmo que auditoria contábil, pois variam em causa, efeito,
espaço, tempo e metodologia de trabalho. A perícia serve a uma época, a um
questionamento, a uma necessidade. A auditoria tende a ser constante, atingindo um
número muito maior de interessados, sem necessidade de rigores metodológicos tão
severos; basta dizer que a auditoria consagra a amostragem e a perícia a repele, como
critério habitual.

A auditoria tem como objetivos normais a maior abrangência, a gestão como algo em
continuidade, enquanto a perícia se prende a ESPECIFICIDADE, tem caráter de
EVENTUALIDADE, apenas aceita o UNIVERSO COMPLETO para produzir opinião como
PROVA e não como conceito. Existem muitos pontos em comum, podendo tais
tecnologias se beneficiarem uma do procedimento da outra, mesmo porque tudo está
amparado pela Ciência Contábil. Ressalta-se que apenas por suplementação ou em
casos muito especiais é que a perícia se vale dos critérios de auditoria.

2 Legislação Aplicável

A Perícia Contábil pode ser considerada como a aplicação da ciência contábil no âmbito
judicial. Nesse sentido, pode-se afirmar que nela convivem dois ambientes científicos:

• Ciência Contábil: dá-nos o contexto teórico norteador do conteúdo da prova técnica;


• Ciência Jurídica: o desenvolvimento da Perícia Contábil, em seus aspectos formais, é
matéria de direito processual civil.

2.1 Normas sobre Perícia Contábil

As Normas Técnicas e Profissionais que disciplinam a Perícia Contábil no Brasil,


regulamentadas pelo Conselho Federal de Contabilidade e alteradas em fevereiro de
2015, são:

NBCTP01 – Perícia Contábil;


NBCPP01 – Perito Contábil.

2.2 Código Processo Civil

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Perícia Contábil 2016
Segue em Anexo I os principias artigos do CPC, atualizado pela Lei 13.105/2015, que
tratam do Perito e da Perícia Judicial como Prova.

2.3 Legislação Específica

Para o desenvolvimento pericial, o Contador deverá observar a legislação trabalhista


(CLT e Legislação Complementar, Súmulas do Tribunal Federal de Recursos,
Enunciados do TST etc), quando na justiça do Trabalho e Legislação Fiscal e Tributária,
Previdenciária e Comercial, quando atuando na Justiça Federal ou Estadual.

3 DO PERITO CONTADOR

A palavra “perito” provém do termo latino “peritus”, formado do verbo “perios”, cujo
significado é experimentar, saber por experiência; o sujeito ativo da perícia é aquele que
a elabora.

De acordo com a NBCPP01 (2015):

Perito é o contador, regularmente registrado em Conselho Regional de


Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser
profundo conhecedor, por suas qualidades e experiências, da matéria periciada.

Perito do juízo é o investido na função por lei e pertencente a órgão especial do


Estado destinado, exclusivamente, a produzir perícias e que exerce a atividade por
profissão.

Perito do juízo é nomeado pelo juiz, árbitro, autoridade pública ou privada para
exercício da perícia contábil.

Perito-assistente é o contratado e indicado pela parte em perícias contábeis.

Esse profissional necessita ter um conjunto de capacidades, em que se destacam a legal;


a profissional; a ética e a moral.

A capacidade profissional é caracterizada por:

• conhecimento teórico da contabilidade;


• conhecimento prático das tecnologias contábeis;
• perspicácia; perseverança; sagacidade;
• conhecimento geral de ciências afins à contabilidade;
• índole criativa; experiência em perícias.

A qualidade do trabalho do perito é condição fundamental para que ele permaneça no


mercado. Assim, para alcançá-la ele precisa de:

• objetividade; precisão; clareza; fidelidade; concisão;


• confiabilidade inequívoca baseada em materialidades;
• plena satisfação da finalidade.

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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
O profissional contador poderá atuar na área pericial desenvolvendo trabalhos técnicos
como Perito do juízo ou como perito assistente.

Segue um resumo das principais diferenças entre o perito assistente e o Perito do juízo:

PERITO DO JUÍZO PERITO-ASSISTENTE


1 – Nomeado pelo Juiz. 1 – Indicado pela parte.
2 – Contador habilitado 2 – Contador habilitado.
3 – Sujeito a impedimento ou suspeição, 3 – Não está sujeito ao impedimento, previsto no
previstas no Código de Processo Civil - CPC. Código de Processo Civil - CPC.
4 – Recebe seus honorários mediante alvará 4 – Recebe seus honorários diretamente da
determinado pela justiça. parte que o indicou.
5 – O prazo para entrega dos trabalhos é 5 – O prazo de manifestação para opinar sobre
determinado pelo Juiz. o laudo do perito é de 15 dias após a ciência das
partes da entrega do laudo oficial.
6 – Profissional de confiança do Juiz. 6 – Profissional de confiança da parte.
Fonte: adaptado e atualizado de Hoog (2005, p. 56).

3.1 Perito Contador do juízo

O perito é um auxiliar de extrema confiança do juiz, conforme determina o artigo 149 do


CPC:
São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas
pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial
de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o
mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o
regulador de avarias.

Quando a perícia versa sobre questões contábeis, como verificação de haveres, sua
atribuição é privativa dos contadores legalmente habilitados e registrados nos Conselhos
Regionais de Contabilidade, consoante Decreto-lei nº 9.295 de 27/05/46, “a Perícia
Contábil Judicial, extrajudicial e arbitral, é de competência exclusiva de contador
registrado no Conselho Regional de Contabilidade, nesta norma denominado de
Perito Contábil.”

3.1.1 As Atribuições do Perito do Juízo

A atribuição principal do Perito do juízo é a elaboração do laudo Pericial. É de sua


responsabilidade também prestar esclarecimentos sobre o seu trabalho. Segundo Alberto
(2000), são deveres legais e profissionais do perito:

• aceitar o encargo, não podendo escusar-se, salvo alegando motivo legítimo;


• cumprir o oficio; comprovar sua habilitação técnica;
• respeitar os prazos; ser leal; cumprir escrupulosamente o encargo;
• prestar esclarecimentos; recusar a indicação, quando não se achar capacitado;
• evitar interpretações tendenciosas, com independência moral e técnica;
• abster-se de dar sua convicção pessoal sobre direitos das partes;
• cumprir e fazer cumprir as Normas Técnicas e Profissionais de Perícia Contábil.

3.2 Perito Contador-Assistente

O contador além de poder atuar como Perito do juízo nomeado pelo juiz, poderá também
atuar como perito contador assistente.

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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

O perito contador assistente, diferentemente do oficial, é escolhido e indicado pelas


partes envolvidas no processo, consoante determinação do CPC - parágrafo primeiro do
artigo 465.

Em um litígio judicial, que exija perícia contábil, cada parte terá direito ao auxílio desse
profissional, de acordo com a sua conveniência. Dessa forma, a contratação dos serviços
desse perito é opcional.

Para o contador ser indicado como assistente, é importante que ele mantenha um bom
relacionamento com advogados, visto que estes, quase sempre, são quem definem a
escolha do perito contador assistente. A esse respeito, Ornelas (1995, p. 38) entende
que:
A oportunidade de indicação para funcionar como assistente técnico surge do
relacionamento que o perito contábil tem com os advogados que esteja
defendendo as partes. O perito contábil, na função de assistente técnico, pode
oferecer colaboração deveras importante aos advogados, debatendo com os
mesmos as possibilidades técnicas quanto ao desenvolvimento da prova técnica
contábil, culminando por sugerir quesitos ou proposições que possam solucionar
os fatos controvertidos objeto da lide.

As qualidades e qualificações necessárias, para o exercício da função de Perito do juízo,


são também indispensáveis para o assistente. No entanto, cabe a esse perito
desenvolver suas atividades visando contribuir para que o seu contratante venha ter
sucesso na demanda. O perito assistente, ao contrário do oficial e em conformidade com
artigo 466 § 1o do CPC, não está sujeito ao impedimento e suspeição: “Os assistentes
técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição”.

Quando o juiz decide pelo uso da prova documental por meio de perícia contábil, ele
intima as partes e solicita que sejam apresentados os quesitos com as respectivas
indicações dos assistentes técnicos.

3.2.1 As Atribuições do Perito Contador-Assistente

A função básica do assistente é auxiliar as partes envolvidas no processo e acompanhar


o desenvolvimento da elaboração do laudo pericial pelo Perito do juízo, sempre se
preocupando com o interesse de quem o indicou. Ele tem acesso aos exames e
diligências, com base nas normas do CPC:

Art. 466.
(...)
o
§ 2 O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o
acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia
comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.

O assistente também elabora os quesitos juntamente com os advogados, preocupado em


obter respostas que irão contribuir para o esclarecimento das questões de interesse da
parte, objetivando o ganho da causa.

A solicitação, por parte do Perito do juízo, da documentação necessária para a


elaboração da perícia é dirigida oficialmente - via Termo de Diligência - ao assistente, que
tem a responsabilidade de atender o que está sendo requisitado.
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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

Quando o auxiliar do juízo termina seu trabalho, ele poderá contactar com os assistentes
das partes enviando-lhes cópias do laudo para que os mesmos possam avaliá-lo. Muitas
vezes, os assistentes quando concordam integralmente com o respondido pelo Perito do
juízo, também assinam o laudo.

Se o Perito do juízo optar por entregar o laudo sem a validação dos assistentes, os
mesmos deverão tomar conhecimento do trabalho entregue por meio do próprio processo
judicial, visto que o laudo é juntado ao mesmo.

Outra função importante do assistente é a elaboração do parecer pericial. Neste relatório,


o perito assistente irá manifestar o seu entendimento sobre o trabalho do Perito do juízo,
ou seja, uma crítica ao laudo pericial.

O CPC determina o prazo para que o perito contador assistente apresente sua
contestação:
Art. 477.
(...)
o
§ 1 As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do
perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico
de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.

Segue um exemplo da importância, para a parte e também para o juiz, do trabalho


desenvolvido pelo Perito Assistente. Nesse caso, o magistrado desconsiderou o laudo
do Perito do juízo e prolatou sua decisão com base no parecer do perito assistente do
Réu.

Ação de Partilha

OBJETO PERICIAL: apuração e avaliação dos bens comuns para partilha, adquiridos durante o enlace
matrimonial, e constatação da situação financeira das partes.

Apuração do perito assistente


Valor dos bens em dezembro de 2004 apurado pelo Perito Oficial 2.649.535,57
EXCLUSÕES:
a) apartamento nº 100, adquirido antes do casamento e em doação -80.081,03
b) Participação de 33,81% do capital social da empresa Extrato Ltda,
adquirida antes do casamento -1.611.553,20
c) Participação de 27,68% do capital social da empresa Solar Ltda
bens onerados usufruto vitalício e impenhorabilidade/intransferibilidade -708.035,23
Valor total dos bens do Autor em dezembro de 2004 249.866,11

**** Ler o artigo A PARTICIPAÇÃO DO PERITO CONTADOR ASSISTENTE NA FORMAÇÃO DA PROVA


TÉCNICA EM PROCESSOS JUDICIAIS DA ÁREA CÍVEL, que publiquei na Revista da Pós-Graduação
da Newton Paiva - http://revista.newtonpaiva.br/pos/index.php e na Revista Mineira de Contabilidade
do CRC/MG, nº 38.

3.3 Habilitação e qualificação técnica

A legislação brasileira exige habilitação e capacitação técnica para o exercício da perícia,


o
conforme CPC: § 1 do Art.156: “Os peritos serão nomeados entre os profissionais
legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.”
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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

A NBCPP01(2015) também trata do assunto:

O perito deve comprovar sua habilitação como perito em contabilidade por


intermédio de Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos

Regionais de Contabilidade. O perito deve anexá-la no primeiro ato de sua


manifestação e na apresentação do laudo ou parecer para atender ao disposto no
Código de Processo Civil. É permitida a utilização da certificação digital, em
consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas pela
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil.

Além da formação acadêmica, o perito contábil deve possuir conhecimento de matérias


afins, ser imparcial, ter bom senso e uma boa formação moral e cultural. A esse respeito,
Ornelas (2000) afirma que:
Conhecimentos gerais e profundos da ciência contábil, teórica ou aplicada em
suas várias manifestações organizacionais públicas e privadas, além de outras
áreas correlatas, como, por exemplo, matemática financeira, estatística, assuntos
tributários, técnicas e práticas de negócios, bem como domínio do Direito
Processual Civil, em especial quanto aos usos e costumes relativos à perícia, e da
legislação correlata são essenciais ao desempenho competente da função pericial.

3.4 Nomeação do Perito do Juízo

A nomeação do Perito do juízo cabe ao juiz, que definirá a escolha do profissional de sua
confiança, considerando-se a relevância ou necessidade da prova técnica contábil, as
alegações das partes e o objeto da lide, designando um profissional adequado. Sá (2000)
acrescenta que, conforme a importância da causa, deve-se escolher a importância do
perito. Quanto mais complexa a causa, mais experiência e cultura deve ter o profissional.

O novo Código de Processo Civil de 2015 normatiza o cadastro de peritos que deve ser
mantido pelos Tribunais:

Art. 156.
(...)
o
§ 2 Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta
pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais
de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de
classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do
Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados.
o
§ 3 Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para
manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a atualização do
conhecimento e a experiência dos peritos interessados.
o
§ 4 Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos
termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para realização
da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais
que participarão da atividade.
o
§ 5 Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo
tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre
profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do
conhecimento necessário à realização da perícia.

Art. 157.
(...)
o
§ 2 Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com
disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de
interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo,
observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento.

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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

Em perícias complexas, envolvendo mais de uma área de conhecimento, poderá ser


nomeado mais de um profissional:

Art. 475. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de
conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte
indicar mais de um assistente técnico.

Após o deferimento da realização da perícia e da escolha do perito que o auxiliará, o juiz


solicita o comparecimento do mesmo para que ele apresente sua proposta de honorários.

Essa solicitação poderá ser feita através de Oficial de Justiça, que se dirige até o
escritório do perito e lhe entrega uma intimação; por telefone - um servidor da vara entra
em contato com o perito; e por último a solicitação poderá ser efetivada via
correspondência. A nomeação do Perito do juízo na justiça estadual é também é
publicada no diário oficial do Estado.

Como o primeiro requisito para ser nomeado é a confiança do juiz, cabe ao perito contábil
conquistá-la. O primeiro passo é o profissional se apresentar aos juízes, munido de
currículo e cartão de visita.

Importante salientar que antes do profissional contactar diretamente com os juízes, ele
deverá se apresentar nas secretarias das varas nas quais deseja trabalhar e providenciar
sua inscrição. O perito deverá manter sempre um contato com os Juízes, reiterando seu
desejo de obter uma oportunidade de auxiliá-los. Como os magistrados trabalham com
vários profissionais de diferentes áreas, essa aproximação é fundamental para futuras
nomeações.

Quando o profissional é nomeado, é de praxe que o mesmo também faça uma visita
rápida de cordialidade ao juiz, agradecendo-o pela oportunidade de auxiliá-lo e ao mesmo
tempo demonstrar seu interesse na elaboração do laudo pericial.

Art. 465.
(...)
o
§ 6 Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação de
perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia.

De acordo com a Instrução nº 186/90 da Corregedoria da Justiça, republicado


no Diário Oficial do Estado em 21/03/2002, os Cartórios ou Secretarias de
juízo deverão possuir um livro próprio, de folhas soltas, para colocar nomes
de peritos das diversas profissões e especialidades, de tradutores e
intérpretes, atualizados, pelos nomes, anualmente, contendo todos os dados
pessoais.

3.4.1 Função indelegável, escusa, Impedimentos e suspeição

O perito tem função pessoal e indelegável, tanto que às pessoas jurídicas é vedada a
função pericial. Seus deveres e responsabilidades são exercidas em caráter individual.
Quando o contador é nomeado e por algum motivo, como, por exemplo, competência
técnica e motivos pessoais, estiver impedido de executar o trabalho, o mesmo deverá
manifestar formalmente ao juiz, agradecendo-lhe pela oportunidade de servi-lo e justificar
21
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
sua recusa. Ao mesmo tempo, poderá também se colocar à disposição para outras
empreitadas. Nesse caso, o magistrado procederá à nomeação de outro profissional de
sua confiança.

Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar
o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando
motivo legítimo.
o
§ 1 A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da
intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia
ao direito a alegá-la.
o
§ 2 Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com
disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de
interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo,
observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento.

Art. 146 do CPC. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe
assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do
encargo alegando motivo legítimo.
Parágrafo único. A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados da
intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o
direito a alegá-la (art. 423).

O Perito do juízo poderá também ser recusado pelas partes por impedimento ou
suspeição:
Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou
suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a
impugnação, nomeará novo perito.

A NBCPP01(2015) trata do Impedimento e da Suspeição, conforme resumo que segue.


9. Impedimento e suspeição são situações fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito de
exercer, regularmente, suas funções ou realizar atividade pericial em processo judicial ou
extrajudicial, inclusive arbitral. Os itens previstos nesta Norma explicitam os conflitos de interesse
motivadores dos impedimentos e das suspeições a que está sujeito o perito nos termos da
legislação vigente e do Código de Ética Profissional do Contador.

10. Para que o perito possa exercer suas atividades com isenção, é fator determinante que ele se
declare impedido, após nomeado ou indicado, quando ocorrerem as situações previstas nesta
Norma, nos itens abaixo.

11. Quando nomeado, o perito do juízo deve dirigir petição, no prazo legal, justificando a escusa ou o
motivo do impedimento ou da suspeição.

12. Quando indicado pela parte e não aceitando o encargo, o perito-assistente deve comunicar a ela sua
recusa, devidamente justificada por escrito, com cópia ao juízo.

Suspeição e impedimento legal

13. O perito do juízo deve se declarar impedido quando não puder exercer suas atividades, observados os
termos do Código de Processo Civil.

14. O perito-assistente deve declarar-se suspeito quando, após contratado, verificar a ocorrência de
situações que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou independência e,
dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho.

22
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
15. O perito do juízo ou assistente deve declarar-se suspeito quando, após nomeado ou contratado,
verificar a ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade
ou independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho em relação à decisão.

16. Os casos de suspeição a que está sujeito o perito do juízo são os seguintes:
(a) ser amigo íntimo de qualquer das partes;
(b) ser inimigo capital de qualquer das partes;
(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônjuges,
de parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau ou entidades das quais
esses façam parte de seu quadro societário ou de direção;
(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus
cônjuges;
(e) ser parceiro, empregador ou empregado de alguma das partes;
(f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto da
discussão; e
(g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma das
partes.

17. O perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo íntimo.

3.4.2 Substituição do perito do juízo

Depois de nomeado e escolhido pelo Juiz, o Perito poderá ser substituído em algumas
situações. Segue a previsão legal do CPC:
Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi
assinado.
o
§ 1 No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à
corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada
tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no
processo.
o
§ 2 O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores
recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como
perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos.
o o
§ 3 Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2 , a parte que
tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá promover execução contra o
perito, na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, com fundamento na
decisão que determinar a devolução do numerário.

3.5 Remuneração do trabalho pericial

A remuneração do perito pode ser abordada sob duas dimensões. A primeira, relativa ao
perito contador quando na função judicial e a segunda, quando na função de assistente.

Com relação à remuneração do Perito do juízo, este apresenta uma petição propondo
seus honorários, demonstrando os custos dos trabalhos e as horas técnicas que serão
aplicadas em cada fase da perícia, bem como o montante da hora do profissional.

A ASPEJUDI-MG1 sugere, atualmente, o valor de referência da hora de trabalho para


perícias judiciais de R$ 362,00, sendo que cada profissional deverá ainda levar em conta
seus custos operacionais.

1
Associação dos Peritos Judiciais, Árbitros, Conciliadores e Mediadores de Minas Gerais.
23
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
Referida petição recebe despacho do juiz, que propõe vistas para que as partes se
manifestem sobre o pleito do perito. Após deliberação do honorário, o mesmo será
depositado em juízo (depósito prévio), antes do inicio dos trabalhos. Entregue o laudo, o
perito providenciará uma petição requerendo a liberação da sua remuneração ao juiz, que
o fará consoante expedição do Alvará de liberação de honorários periciais. Segue artigo
do CPC:
Art. 465.
(...)
o
§ 2 Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:
I - proposta de honorários;
II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde
serão dirigidas as intimações pessoais.
o
§ 3 As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo,
manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o
valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95.
o
§ 4 O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos
honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados
todos os esclarecimentos necessários.
o
§ 5 Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a
remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho.

Os honorários do perito, quando exercendo a função de assistente, serão combinados


diretamente com as partes. Salienta-se que esse acordo deverá ser formalizado antes de
se iniciar a prestação dos serviços.

Seguem as principais determinações da NBCPP01(2015) sobre os honorários periciais.

Honorários

33. Na elaboração da proposta de honorários, o perito dever considerar os seguintes fatores: a relevância, o
vulto, o risco, a complexidade, a quantidade de horas, o pessoal técnico, o prazo estabelecido e a forma de
recebimento, entre outros fatores.

Elaboração de proposta

34. O perito deve elaborar a proposta de honorários estimando, quando possível, o número de horas
para a realização do trabalho, por etapa e por qualificação dos profissionais, considerando os
trabalhos a seguir especificados:
(a) retirada e entrega do processo ou procedimento arbitral;
(b) leitura e interpretação do processo;
(c) elaboração de termos de diligências para arrecadação de provas e comunicações às partes,
terceiros e peritos-assistentes;
(d) realização de diligências;
(e) pesquisa documental e exame de livros contábeis, fiscais e societários;
(f) elaboração de planilhas de cálculo, quadros, gráficos, simulações e análises de resultados;
(g) elaboração do laudo;
(h) reuniões com peritos-assistentes, quando for o caso;
(i) revisão final;
(j) despesas com viagens, hospedagens, transporte, alimentação, etc.;
(k) outros trabalhos com despesas supervenientes.

Quesitos suplementares

24
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
35. O perito deve ressaltar, em sua proposta de honorários, que esta não contempla os honorários
relativos a quesitos suplementares e, se estes forem formulados pelo juiz e/ou pelas partes, pode
haver incidência de honorários complementares a serem requeridos, observando os mesmos
critérios adotados para elaboração da proposta inicial.

Apresentação da proposta de honorários

36. O perito deve apresentar sua proposta de honorários devidamente fundamentada.

37. O perito deve explicitar a sua proposta no contrato que, obrigatoriamente, celebrará com o seu cliente,
observando as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade. No final desta Norma,
há um modelo de contrato que pode ser utilizado (Modelo n.º 10).

Levantamento dos honorários

38. O perito pode requerer a liberação parcial dos honorários quando julgar necessário para o custeio de
despesas durante a realização dos trabalhos.

Execução de honorários periciais

39. Os honorários periciais fixados ou arbitrados e não quitados podem ser executados, judicialmente,
pelo perito em conformidade com os dispositivos do Código de Processo Civil.

Despesas supervenientes na execução da perícia

40. Nos casos em que houver necessidade de desembolso para despesas supervenientes, como viagens
e estadas, para a realização de outras diligências, o perito deve requerer ao juízo ou solicitar ao
contratante o pagamento das despesas, apresentando a respectiva comprovação, desde que não
estejam contempladas ou quantificadas na proposta inicial de honorários.

Os honorários do perito, tanto do oficial quanto do assistente, são considerados despesas


processuais. Desse modo, o juiz poderá, ao término do processo e diante de
requerimento, determinar o reembolso à parte vencedora dos honorários periciais já
pagos pela mesma – artigos 82 e 84 do CPC:

Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às


partes prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo,
antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na
execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no título.

Art. 84. As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a indenização de


viagem, a remuneração do assistente técnico e a diária de testemunha.

3.5.1 Arbitramento dos honorários

O arbitramento dos honorários do perito judicial é exercido pelo juiz. Não raramente, os
litigantes discordam com a oferta apresentada, argumentando que o mesmo, apesar da
ilibada reputação e competência, está requerendo valores que ultrapassam a média de
honorários de outros profissionais. Diante dessa situação, o magistrado determinará o
arbitramento dos honorários.

Veja um exemplo de impugnação dos honorários periciais por um advogado:

(...) Data vênia, em que pese os conhecimentos do ilustre Perito, o valor pretendido
a título de honorários não condiz com a natureza do trabalho a ser desenvolvido.

25
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
Trata-se de operações matemáticas relativamente simples e que não demandam
muitas horas de trabalho.
Deste modo, requer sejam os honorários periciais fixados em quantia não
superior s R$ 500,00 (quinhentos reais), uma vez que é este o valor médio dos
honorários cobrados para trabalhos semelhantes ao do presente caso. (processo
de 2002 da 5ª VFPEA de BH)

3.5.2 Depósito prévio e responsável pelo pagamento

Com exceção da justiça do trabalho, o honorário do perito judicial oficial poderá ser
depositado em juízo, antes dos inicio da elaboração do laudo. O montante dos honorários
periciais é depositado em estabelecimentos bancário autorizado, em conta judicial, à
ordem do Juiz. Os valores depositados são corrigidos.

O CPC regulamenta o pagamento dos honorários periciais:

Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que


houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a
perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por
ambas as partes.
o
§ 1 O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos
honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente.
o
§ 2 A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será
o
corrigida monetariamente e paga de acordo com o art. 465, § 4 .
o
§ 3 Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário
de gratuidade da justiça, ela poderá ser:
I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e
realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado;
II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do
Distrito Federal, no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor
será fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do
Conselho Nacional de Justiça.
o o
§ 4 Na hipótese do § 3 , o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final,
oficiará a Fazenda Pública para que promova, contra quem tiver sido condenado
ao pagamento das despesas processuais, a execução dos valores gastos com a
perícia particular ou com a utilização de servidor público ou da estrutura de órgão
público, observando-se, caso o responsável pelo pagamento das despesas seja
o
beneficiário de gratuidade da justiça, o disposto no art. 98, § 2 .
o o
§ 5 Para fins de aplicação do § 3 , é vedada a utilização de recursos do
fundo de custeio da Defensoria Pública.

3.5.3 Retirada dos honorários

Após a entrega do Laudo, o Perito do juízo providenciará uma petição solicitando ao juiz
a liberação de seus honorários. O juiz expedirá um Alvará autorizando à instituição
bancária efetuar o pagamento ao perito.

3.5.4 Honorários em processos sob o pálio da justiça gratuita

O Perito do juízo poderá ser chamado pelo Juiz para trabalhar em alguns processos sem
remuneração. Isso ocorre em demandas em que as partes estão sob o pálio da justiça
gratuita. Veja alguns artigos da Lei 1.060, de 02/1950 – concessão assistência judiciária:

Art. 2º. Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais ou estrangeiros residentes no
país, que necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho.
Parágrafo único. - Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja
situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de
26
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.

Art. 3º. A assistência judiciária compreende as seguintes isenções:


I - das taxas judiciárias e dos selos;
(...)

V - dos honorários de advogado e peritos.


Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples

afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas
do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
(Redação dada pela Lei nº 7.510, de 04/07/86)
§ 1º. Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos
desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais. (Redação dada pela
Lei nº 7 .510, de 04/07/86)

Art. 11. Os honorários de advogados e peritos, as custas do processo, as taxas e selos


judiciários serão pagos pelo vencido, quando o beneficiário de assistência for vencedor
na causa.
(...)
§ 2º. A parte vencida poderá acionar a vencedora para reaver as despesas do processo,
inclusive honorários do advogado, desde que prove ter a última perdido a condição legal
de necessitada.

Art. 14. Os profissionais liberais designados para o desempenho do encargo de defensor


ou de perito, conforme o caso, salvo justo motivo previsto em lei ou, na sua omissão, a
critério da autoridade judiciária competente, são obrigados ao respectivo cumprimento,
sob pena de multa de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros),
sujeita ao reajustamento estabelecido na Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, sem
prejuízo de sanção disciplinar cabível. (Redação dada pela Lei nº 6.465, de 14/11/77)

§ 1º Na falta de indicação pela assistência ou pela própria parte, o juiz solicitará a do


órgão de classe respectivo. (Incluído pela Lei nº 6.465, de 14/11/77)
§ 2º A multa prevista neste artigo reverterá em benefício do profissional que assumir o
encargo na causa. (Redação dada pela Lei nº 6.465, de 14/11/77)

3.5.4.1 Honorários e cadastro de Peritos - justiça gratuita – no TJMG

O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais implantou o Sistema Eletrônico de


Assistência Judiciária Gratuita do Conselho da Justiça Federal (AJG/CJF) em toda a
Justiça Estadual.

27
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
O Sistema Eletrônico de Assistência Judiciária Gratuita do TJMG (AJG/TJMG) será
utilizado para a gestão da escolha dos profissionais interessados em prestar serviços de
perícia, de exame técnico, de tradução e de versão nos processos judiciais que envolvam
assistência judiciária gratuita.
O pagamento das perícias realizadas também será controlado pelo sistema.

O Banco de Peritos, Tradutores e Intérpretes conterá a lista de profissionais aptos a


serem nomeados para prestar os serviços. Essa iniciativa tem como objetivo garantir o
amplo acesso à Justiça, bem como à assistência jurídica integral e gratuita aos que
2
comprovarem insuficiência de recursos.

A Resolução 804/2015/TJMG dispões sobre o Sistema Eletrônico de Assistência


Judiciária Gratuita, no âmbito da Justiça comum de primeiro e segundo graus de MG.O
sistema tem a função de gerenciar a inscrição e a escolha dos profissionais prestadores
de serviços nos processos que evolvam assistência judiciária gratuita e dos respectivos
pagamentos.

A Portaria 3185/2015/TJMG fixa os honorários dos Peritos, Tradutores e Intérpretes.


Segue tabela dos valores. Ressalta-se que, na área das ciências gerenciais, apenas
Contábeis foi contemplada em uma classificação específica. Isso demonstra a
importância da área de contabilidade nas soluções de litígios judiciais nos processos que
tramitam na Justiça de Minas.

2
http://www.tjmg.jus.br/portal/processos/assistencia-judiciaria-gratuita/apresentacao/
28
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

3.6 Mercado de trabalho

O mercado de trabalho para o bacharel em ciências contábeis, de um modo geral, é


promissor. O contador pode desenvolver várias atividades importantes e bem
remuneradas. Dentre elas destacam-se a de próprio contador geral, controler, auditor
externo ou interno, professor e perito contábil.

Como perito contábil, o profissional de contabilidade tem condições de desenvolver um


bom trabalho, contribuindo para a justiça e também para a sociedade. Todavia, este
profissional terá que se dedicar muito à profissão de perito, devido a complexidade e
importância da atividade. Geralmente, o contador inicia nessa atividade exercendo a
função de perito assistente.

Acredita-se que apesar das dificuldades, comuns em qualquer profissão, existe um


considerável mercado de trabalho para o perito contábil.

29
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
Em virtude da complexidade do mundo moderno, as demandas judiciais tem se tornado
cada vez mais comuns e complexas, gerando controvérsias e contribuindo para o
crescimento do mercado pericial contábil. Ressalta-se ainda que em um trabalho pericial,
poderá ser necessária a participação de três profissionais: um Perito do juízo e dois
assistentes.

4 Prática pericial: conceitos e objetivos

4.1 Do objetivo da perícia contábil

Um dos objetivos principais da perícia contábil é esclarecer, com base nos princípios e
normas contábeis e através de um perito ou uma pessoa habilitada, todo um processo
em questão, processo esse, que está voltado às dúvidas e evidenciações de todos os
atos e/ou fatos, para determinado fim, judicial ou extra-judicial. Pires, (2007, p.60),
complementa:
A prova pericial é desenvolvida mediante aplicação de procedimentos técnicos a
partir da verdade formal e produzida com o objetivo de estabelecer o nexo causal
do dano ao objeto de pedir da ação, se torna certeza jurídica para influenciar o
magistrado quanto as sua decisão no ato processual de juntada da peça elaborada
pelo perito nos autos do processo.

4.1.1 Classificação das perícias

As perícias contábeis são classificadas em judiciais e extrajudiciais. As perícias judiciais


são aquelas solicitadas e apresentadas para a justiça nas áreas civil, comercial,
trabalhista e criminal. Como exemplo de processos que podem exigir perícia judicial,
temos a Ação Ordinária de Cobrança, Apuração de Haveres e outros.

As perícias extrajudiciais são aquelas solicitadas por pessoas interessadas, como,


administradores, acionistas e sócios. Essas perícias podem ter como objeto a corrupção
administrativa, contratos, análise fiscal e outros.

4.2 Dos quesitos

Quesitos são perguntas técnicas, formuladas pelo magistrado ou pelas partes, para
serem respondidas pelo Perito do juízo. O artigo 465 do CPC determina:

Art. 465.
(...)
III - apresentar quesitos.
(...)

Os quesitos deverão ser elaborados pelo perito assistente em conjunto com o advogado
da parte. As perguntas devem ter uma seqüência lógica e não podem fugir à matéria que
motivou a ação. Sá (2000) complementa que o advogado muito depende do perito, mas
este, para conseguir executar um bom trabalho, precisa muito bem conhecer os
argumentos ou razões sobre os quais o advogado espera defender seu constituinte.

Quesitos bem desenvolvidos são essenciais para que o laudo pericial contribua de forma
efetiva para dirimirem dúvidas sobre os aspectos técnicos do processo, como também
para ajudar a parte que os apresentou ter sucesso no litígio. Por outro lado, quesitos mal
elaborados podem prejudicar àquele que os formulou.

30
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
Exemplo de um quesito com a respectiva resposta:

Quesito: Os livros contábeis e fiscais da autora estão revestidos das formalidades


legais, extrínsecas e intrínsecas, de modo a permanecer fé em juízo?

Resposta: Sim. Os livros contábeis e fiscais verificados pela Perícia, do período


objeto da lide, foram aqueles especificados no anexo nº 1. Estes são possuidores das
formalidades legais, extrínsecas e intrínsecas, sendo, portanto, merecedores de fé em
juízo.

Os quesitos são denominados de ordinários, suplementares e de esclarecimentos e


classificados como pertinentes e impertinentes. Didaticamente, os quesitos impertinentes
podem ser diferenciados em mal elaborado, de mérito e fora do objeto pericial.

4.2.1 Quesitos suplementares

As partes poderão também elaborar quesitos suplementares, principalmente quando


ocorrer fatos novos relacionados com a causa. No entanto, tais quesitos deverão ser
apresentados oportunamente, conforme preceitos do artigo 469 do CPC:

Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a


diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência
de instrução e julgamento.
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos
quesitos aos autos.

4.2.2 Quesitos impertinentes

Os quesitos podem ser identificados como impertinentes, quando não tem nada a ver
com a questão técnica que se procura elucidar por meio de Perícia. Podem também ser
identificados como impertinentes quando versam sobre questões de mérito, ou seja,
quesito que a resposta exige julgamento e decisão. Nesse caso, o argüido deverá ser
submetido à manifestação do meritíssimo.

De acordo com o art. 470 do CPC, compete ao juiz indeferir quesitos impertinentes e
formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.

Na prática, no dia a dia do trabalho pericial, fica com o Perito do juízo a incumbência de
determinar os quesitos impertinentes. Nesses casos, as reposta do quesito se torna
prejudicada.

4.2.3 Pedido de esclarecimento

Encerrado as diligências e entregue o laudo pericial, as partes e o magistrado poderão


solicitar esclarecimentos ao Perito do juízo sobre o conteúdo do seu trabalho. Assim, as
partes poderão requerer ao juiz que intime o perito a comparecer em audiência para
apresentar explicações. Para isso, devem formular antecipadamente perguntas em forma
de quesitos. O perito poderá levar as resposta por escrito, quando do comparecimento à
audiência. Ressalta-se, consoante artigo 477 do CPC, que os peritos apenas estarão
obrigados a prestar esclarecimentos quando intimados 10 (dez) dias antes da audiência:
Art. 477.
(...)
31
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

o
§ 2 O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias,
esclarecer ponto:
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do
órgão do Ministério Público;
II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte
o
§ 3 Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao
juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência
de instrução e julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de
quesitos.
o
§ 4 O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com
pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da audiência.

Recebidas as críticas ou comentários dos assistentes técnicos ou das próprias partes que
suscitem dúvidas muito fortes quanto à consistência do conteúdo do laudo contábil
oferecido, os magistrados, com muita sabedoria, vêm determinando por despacho que o
perito contábil as responda, esclarecendo a procedência ou não das críticas ou
comentários oferecidos antes mesmo da realização da audiência.

4.3 Planejamento e execução da perícia

Conhecido o trabalho que deve executar e a opinião que deve emitir, em cada questão ou
quesito formulado, o perito contador deve traçar com antecedência as tarefas que deverá
executar.

4.3.1 Retirada e estudo do processo e modelo de planejamento pericial

Esta fase de desenvolvimento nos trabalhos de elaboração de um laudo pericial é sem


dúvida nenhuma, uma das mais importantes. No dia, hora e lugar fixados pelo juiz para o
início dos trabalhos, o perito comparecerá à secretaria para retirar os autos mediante
termo de responsabilidade lançado em livro próprio do poder judiciário – Carga no
processo.
Provimento nº 219/CGJ/2011 – Corregedoria Geral de Justiça/TJMG:

“Art. 235-A. O Perito poderá, sob sua responsabilidade, autorizar preposto, através de
documento assinado, a proceder à retirada e à devolução, na Secretaria do Juízo
competente, dos autos do processo em que foi nomeado, observados os prazos da lei ou
aqueles fixados pelo Juízo nomeante, firmando o respectivo protocolo de carga.”

De posse do processo, o perito irá estudá-lo de forma a obter as informações necessárias


para responder os quesitos suscitados pelas partes. Ele terá que inteirar-se do objeto da
causa e verificar se a documentação juntada nos autos é suficiente para a elaboração de
sua opinião sobre as indagações propostas. Deverá também, inteirar-se das
controvérsias levadas a juízo, objetivando identificar contornos e limites do trabalho
pericial. Esse estudo consome uma boa parte do tempo previsto para a conclusão da
perícia.

O perito, como ocorre na nomeação, terá conhecimento de que os autos estão à sua
disposição para o início dos trabalhos da seguinte forma: por telefone, através de
correspondência, pelo Oficial de Justiça ou através do diário oficial da região.

NBCTP01(2015) determina que:


30. O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial que antecede as
diligências, pesquisas, cálculos e respostas aos quesitos, na qual o perito do juízo

32
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
estabelece a metodologia dos procedimentos periciais a serem aplicados,
elaborando-o a partir do conhecimento do objeto da perícia.

Modelo de Plano Pericial (o modelo completo encontra-se em anexo)

Plano Pericial
CABEÇALHO

Termo de Diligência
Nº Quesito Procedimentos Documentos Autor Réu Outros Horas

Nº do quesito numeração seqüencial conforme petição juntada nos autos.

Procedimentos iniciam-se com um verbo no infinitivo. São os procedimentos que


serão implementados para a elaboração da resposta do quesito. Ex. Analisar a apuração
do IR de 2015.

TD – documentos relação dos documentos que serão solicitados para as partes ou


terceiros, para as devidas análises do perito.

TD – Autor marcar com um “x” quando o documento está de posse do Autor.

TD Réu marcar com um “x” quando o documento está de posse do Réu.

TD – Outros marcar com um “x” quando o documento está de posse de um terceiro


que não faz parte do processo judicial.

Horas estimativa de horas para análise dos documentos e elaboração de resposta


para o quesito.

Termo de Diligência é um documento oficial emitido pelo perito para solicitar


documentos e informações necessárias para a elaboração do laudo. Quando emitido pelo
Perito do juízo é encaminhado para o perito assistente da parte. Na ausência deste, é
encaminhado para o patrono (advogado) da parte.

O Plano de Perícia, além de atender as exigências normativas da profissão no que se


refere à elaboração do Planejamento Pericial, auxilia também na elaboração do Termo de
Diligência e no orçamento dos honorários periciais.

4.3.2 Início dos trabalhos e diligências

Após o efetuado o depósito prévio, o inicio dos trabalhos é deferido pelo Juiz. O Art. 474
determina que as partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados
pelo perito para ter início a produção da prova.

Segue um exemplo de despacho de um Juiz da área de Fazenda Pública Estadual de


Minas Gerais

Tendo em vista o depósito pelo embargante do valor referente aos


honorários, designo para início dos trabalhos periciais o dia 10/10/02, às
14:00 horas, no endereço comercial do Perito, à Rua, fone.

33
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
Intimem as partes, colocando-se os autos à disposição do Sr. Perito, cabendo
ainda às partes a comunicação com seus assistentes técnicos. Prazo para entrega
do laudo: 30 dias. (proc. de 2002- 5ª VFPEA de BH)

Segue plano de sequência, elaborado por Pires et alii (2015), para elaboração de um
laudo pericial, considerando os eventos a serem realizados de forma hierárquica,
continua e sistêmica.

ELABORAÇÃO DE LAUDO PERICIAL

Plano-seqüência 1 : Conhecer o objeto da perícia

Evento 1 - Identificar os fatos objeto de pedir da ação e da


contestação

Evento 2 - Analisar os quesitos ofertados e confrontá-los com o


objeto da perícia deferida pelo magistrado

Plano-seqüência 2: Obter Elementos – Termo de diligência

Evento 1 – Elaboração do termo de diligência

Evento 2 – Retorno de pedido às partes

Evento 3 – Obtenção de elementos com terceiros

Evento 4 – Pedido de prazo e elementos ao Magistrado

Plano-seqüência 3: Estruturar o Laudo Pericial

Evento 1 - Elaboração do laudo

Evento 2 – Prólogo de encaminhamento

Evento 3 – Abertura

Evento 4 – Considerações preliminares

Evento 5 – Quesitos

Evento 6 – Respostas

Evento 7 – Conclusão

Evento 8 – Assinatura do Perito

Evento 9 – Anexos

Evento 10 – Pareceres
Figura 1 - Árvore Seqüência da Unidade de Ação

PLANO-SEQÜÊNCIA 1: CONHECER O OBJETO DA PERÍCIA

Evento 1 Identificar os fatos objeto de pedir da ação e da contestação.

34
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
É imprescindível a leitura atenta do processo, especialmente da inicial e da contestação,
a fim de identificar o amplo espectro da discussão e especializá-lo na área da habilitação
do contador, estabelecendo a conexão entre cada fato e a área contábil/financeira.
Indubitavelmente, não há outro caminho para se conseguir tal mister.

Os fatos contábeis, apurados na análise e exame das peças produzidas pelas partes, são
fundamentais para que sejam identificados os documentos necessários ao conhecimento
adequado dos fatos contábeis/financeiros que provocaram a produção da prova pericial.

Evento 2 Analisar os quesitos ofertados e confrontá-los com o objeto da perícia


deferida pelo magistrado.

A leitura atenta dos quesitos formulados permite planejar quais procedimentos técnicos
deverão ser necessários para o desenvolvimento do trabalho de campo, para a obtenção
de elementos consistentes no oferecimento das respostas. Este procedimento agiliza e
resulta na apresentação da verdade real, meta do trabalho pericial.

Pires (2002) expõe: “A perícia contábil judicial, tecnologia à disposição dos contadores, é
um dos meios de prova que os advogados e juízes utilizam para o conhecimento da
verdade real, materializando na verdade formal dos autos a situação vivida entre as
partes, mediante elaboração de um laudo pericial contábil por parte do perito do juízo.”

Esta etapa, portanto, constitui na identificação de cada quesito da perícia, com o fim de
responder plenamente o argüido, estimando o tempo gasto para cada procedimento.
Deve-se registrar o trabalho por escrito, definir qual parte fornecerá os documentos e o
que se pretende obter.

Caso os quesitos não contemplem plenamente o objeto da perícia, o perito deve estimar
o tempo necessário para a busca de informações e documentos específicos, de modo a
se alcançar plenamente a realidade e os limites que estes dispõem e, assim, atingir a
verdade real.

Identificada à época dos fatos (de suma importância) e formulado o pedido dos
elementos que devem ser exibidos, o perito verifica detalhadamente o fato que se
objetiva esclarecer com o trabalho pericial.

A leitura e análise de livros técnicos e leis, voltadas exclusivamente para subsidiar as


questões técnicas contábeis, devem ser efetivadas para identificar o limite de atuação do
trabalho do perito. Evidentemente que não cabe ao perito contador promover análise
sobre a aplicabilidade das leis, ficando apenas no campo da demonstração qualitativa e
3
quantitativa do entendimento jurídico por parte dos litigantes .

Elabora-se uma matriz4 qualitativa dos elementos necessários para atender o objeto da
perícia.

Como primeiro passo desta rotina, verifica-se documentos já juntados ao processo e


avalia-se a suficiência dos mesmos para o desenvolvimento do trabalho. Caso sejam em
volume que não permitam uma imediata visualização das argumentações das partes,

3
Pessoa que pleiteia ou questiona em juízo. (Aurélio Eletrônico, versão 3.0, 1999)
4
Aquilo que é fonte, origem, base, etc. Dicionário Aurélio Eletrônico. Versão 3.0, 1999.
35
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
devem ser relacionados em papel de trabalho, indicando as folhas dos autos, com um
pequeno histórico do que se tratam.

Os elementos que não foram juntados nos autos serão objetos de procedimentos
descritos na etapa que se segue.

PLANO-SEQÜÊNCIA 2: OBTER ELEMENTOS – TERMO DE DILIGÊNCIA

Evento 1 Elaboração do Termo de Diligência

Ato: Elaboração de expediente para as partes e magistrado para solicitação de elementos


necessários a fim de examinar, verificar, manusear, analisar, conferir, certificar conexos
com o objeto de pedir da perícia.

Este documento de expedição exclusiva do perito do juízo relaciona para as partes e


terceiros os elementos criteriosamente identificados na etapa anterior e que possibilitarão
o desenvolvimento do trabalho pericial.

Evento 2 Retorno do pedido pelas partes

No trabalho de campo, desenvolvido sob as normas do Código Processo Civil5 e Normas


Brasileiras de Perícia Contábil6, o perito pode deparar com algumas dificuldades na
obtenção de elementos junto às partes, órgãos do poder público e terceiros.

Uma destas dificuldades surgidas ao longo do trabalho pericial é quando a parte


inviabiliza oferecimento de documentos, prejudicando o desenvolvimento da análise,
exame e pesquisa. Nestes casos, o procedimento adequado é, em primeiro momento,
identificar com o perito assistente ou com a própria empresa a motivação da não
apresentação dos mesmos. A intuição do perito do juízo referente à justificativa é um bom
instrumento de avaliação da fundamentação ofertada pela parte.

Evento 3 Obtenção de elementos com terceiros

O perito deve peticionar formalmente ao magistrado, quando necessitar de documentos


junto a órgãos públicos. A secretaria do juízo, por determinação do juiz, encaminhará
ofício requerendo àquele órgão os elementos necessitados para a perícia, evitando
possível atraso na entrega do laudo, pela delonga na apresentação de documentos
indispensáveis.

O pedido de documentos a terceiros não interessados no processo deve seguir o mesmo


expediente, sendo indispensável que o perito se justifique minuciosamente sobre tal
requerimento. A justificativa, na maioria das vezes, parte da condição que os elementos
externos tendem a suprir a falta de formalidades legais, nos registros das empresas,
sobre os fatos que estão sendo objeto da perícia. A fundamentação minuciosa não
somente atende ao requisito de instruir o magistrado da motivação de seu procedimento,
como também para enriquecer com argumentos, caso uma das partes entenda que a
utilização das informações de terceiros não venha a ser necessária ao deslinde da
questão.

5
Especificado nos artigos 420 a 433 do Código de Processo Civil
6
Resolução n° 858 de 21-10-99 do Conselho Federal de Contabilidade.
36
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
O requerimento de quebra de sigilo bancário é um dos procedimentos que se poderá
operar somente através de despacho do juiz. Mesmo assim, a solicitação deve ser
encaminhada à instituição financeira por ofício elaborado pela secretaria do juízo,
determinando expressamente o conteúdo da informação que se deseja obter daquela
instituição. A Corregedoria de Justiça de Minas Gerais determina que, nos casos de
juntada de dados obtidos por quebra de sigilo bancário, os informes sigilosos sejam

depositados no cofre da secretaria, sendo que somente as partes interessadas e os


auxiliares da justiça atuantes no processo tenham acesso àquelas informações.

Evento 4 Pedido de prazo e elementos ao magistrado

Com base na justificativa da parte, o perito deve avaliar se o lapso de tempo, entre o
estabelecido inicialmente pelo juiz e a entrega dos documentos, será suficiente para
promover o laudo. Sendo o prazo reduzido, deve o perito elaborar petição para informar
ao douto juízo a possibilidade de atraso, devido à demora da entrega de documentos por
uma das partes, comprovando tal alegação, se possível, e requerendo ao douto juízo
orientação de como proceder. Este expediente possibilita ao perito do juízo requerer,
caso tenha necessidade, uma dilação no prazo de entrega do laudo, por razões ligadas
somente à complexidade do trabalho. Esta conduta é muito importante pelo fato de que,
no Código Processo Civil, somente é admitida a prorrogação de entrega apenas por uma
vez (artigo 432).

A comunicação ao juízo pode também ser feita quando há o silêncio da parte. Em ambos
os casos, o perito deve solicitar ao juiz orientação de como proceder. No entanto, deve
requerer que o magistrado estipule um prazo para que a parte entregue os documentos, a
fim de que o trabalho pericial possa ser concluído nos limites da verdade formal.
7
Tal conduta está em sintonia aos ditames processuais , pois somente o juiz pode precluir
prazo para partes e manifestar a determinação da elaboração do trabalho com a verdade
formal dos autos.

Tanto que “se a parte dá causa à sucessivos adiamentos na realização da perícia


contábil, vindo a frustrar-se a realização do laudo pericial, não constitui cerceamento na

produção probatória a decisão que vem a indeferir o pedido de concessão de novo


prazo8”.

Neste sentido, é prudência do perito do juízo não desenvolver laudo, se existirem


elementos que as partes não forneceram e ainda o magistrado não estabeleceu o prazo
fatal para sua disponibilização. O resultado do não cumprimento desta condição pode
resultar na obrigação do perito de desenvolver laudo complementar, com base nos
elementos juntados posteriormente à entrega do laudo, sem que seja possível a cobrança
de complemento dos honorários periciais.

Trabalho em campo

Efetivada as etapas do plano seqüência na obtenção dos documentos, é momento de


iniciar os exames e verificações contábeis e documentais planejados. Primeiro exame
que se realiza quando de uma perícia global é a certificação de que os livros e

7
Código Processo Civil - artigo 162 § 2°.
8
TRF -3ª região, Ap. Civ. 03093331/92, SP, Rel. Juiz Souza Pires, DJ 15.12.93, p.00142
37
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
documentos exibidos merecem fé, estão formalizados extrínseca e intrinsecamente e se
os documentos exibidos são hábeis. Todo este cuidado quanto aos livros é condição
essencial para estes merecerem fé em juízo e ser fonte fidedigna a ser utilizada pelo
Perito contábil na solução das questões técnicas a ele submetidas.

O Perito contábil desenvolve um pensar e uma ação sistêmica quando de seus exames.
Deve buscar conhecer o sistema contábil da entidade periciada em seus aspectos
relevantes.

Compulsando o plano de contas e manuais de procedimentos adotados e controles


internos da organização, pode-se examinar a legitimidade dos documentos exibidos
desenvolvendo uma série de cuidadosas e meticulosas ações, buscando segurança
naquilo que vê e examina.

A extensão dos exames envolverá sempre a totalidade das operações relacionadas com
a lide já catalogados no tópico “Procedimentos” . Não existe a possibilidade técnica de
executar-se exame-padrão no desenvolvimento do trabalho pericial. Cada caso é,
normalmente, único. Abre-se, apenas uma exceção, na área da Justiça do Trabalho,
quando da liquidação de sentença, modalidade de trabalho técnico que pode ser
padronizada mesmo porque envolve a apuração de haveres, na quase totalidade, à favor
do empregado, e fixados de forma específica em sentença e que devem seguir um
Provimento normatizado pela Justiça do Trabalho (Provimento 04/2000).

No evento de diligências, o Perito contábil faz, também, a coleta de documentos, em


cópia reprográfica, daqueles originais que examinou e que entende relevantes para
fundamentar seu laudo contábil. Findo os exames e a colheita de documentos, dá-se por
encerrados o trabalho de campo.

4.4 Laudo pericial contábil

O laudo pericial é a materialização escrita do trabalho desenvolvido pelo perito. É a peça


final resultante das averiguações, cálculos, indagações e conclusões elaboradas pelo
mesmo.

O laudo pericial contábil pode ser definido como sendo “uma peça tecnológica que
contém opiniões do perito contador, como pronunciamento sobre questões que lhe são
formuladas e que requerem seu pronunciamento” (Sá, 2000, p.45).

Caso o Laudo contenha informações inverídicas ou falsas, recairá sobre o perito as


sanções previstas no CPC e no Código Penal:

CPC:
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas
responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em
outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das
demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo
órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis.

Código Penal:
Artigo 342 - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha,
perito, tradutor ou intérprete em processo judicial, policial ou administrativo, ou em
juízo arbitral:
38
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
PENA - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo 1.º - Se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal:
PENA- reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo 2.º - As penas aumentam-se de um terço, se o crime é praticado
mediante suborno.
Parágrafo 3.º - O fato deixa de ser punível, se, antes da sentença, o agente se
retrata ou declara a verdade.

4.4.1 Formatação, estrutura e entrega

4.4.1.1 Formatação e estrutura

As Normas Brasileiras de Perícias emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade,


determinam que “o laudo deve expor de forma clara e objetiva, a síntese do objeto da
perícia, os critérios adotados e as conclusões do perito contábil”. Estas mesmas normas
também exigem que os quesitos sejam transcritos e respondidos na seqüência em que
foram formulados.

O CPC trata do conteúdo do laudo:

Art. 473. O laudo pericial deverá conter:


I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se
originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e
pelo órgão do Ministério Público.
o
§ 1 No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples
e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
o
§ 2 É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir
opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia.
o
§ 3 Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem
valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo
informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros
ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas,
plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento
do objeto da perícia.

O mais relevante na formatação de um laudo é a apresentação gráfica do seu conteúdo


de forma clara, que propicie uma boa leitura, valorizando seu próprio conteúdo. A esse
respeito, o professor Ornelas (2000), discorreu:

A estética do laudo contábil envolve dois aspectos a serem considerados pelo perito
contábil: o primeiro deles deve ter sempre presente que seu trabalho não será apreciado
apenas pelo que nele consta, mas também pela forma gráfica que adotou; deve ser um
trabalho bonito de se ver, atrativo para seus leitores.
O segundo deles refere-se ao que o perito contábil deve oferecer no laudo contábil de
forma a possibilitar uma leitura fácil e, neste sentido, alguns aspectos gráficos devem ser
levados em conta.

É recomendável que o texto seja disposto no papel considerando uma margem esquerda
de 3 centímetros e de 1,5 de margem direita e margens superiores e inferiores de 2,5
centímetros cada uma. O texto deve ser digitado em espaço um e meio, utilizando a letra
tamanho doze para o texto normal e quatorze para os títulos.
39
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

NBCTP01(2015) disciplina da estrutura do laudo Pericial:

Estrutura

65. O laudo deve conter, no mínimo, os seguintes itens:


(a) identificação do processo e das partes;
(b) síntese do objeto da perícia;
(c) resumo dos autos;
(d) metodologia adotada para os trabalhos periciais e esclarecimentos;
(e) relato das diligências realizadas;
(f) transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o laudo pericial contábil;
(g) transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o parecer técnico-contábil, onde
houver divergência das respostas formuladas pelo perito do juízo;
(h) conclusão;
(i) termo de encerramento, constando a relação de anexos e apêndices;
(j) assinatura do perito: deve constar sua categoria profissional de contador, seu número de registro
em Conselho Regional de Contabilidade, comprovado mediante Certidão de Regularidade
Profissional (CRP) e sua função: se laudo, perito do juízo e se parecer, perito-assistente da parte.
É permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a legislação vigente e as
normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras - ICP-Brasil;
(k) para elaboração de parecer, aplicam-se o disposto nas alíneas acima, no que couber.

Assinatura em conjunto

66. Quando se tratar de laudo pericial contábil, assinado em conjunto pelos peritos, há responsabilidade
solidária sobre o referido documento.

Laudo e parecer de leigo ou profissional não habilitado

67. Considera-se leigo ou profissional não habilitado para a elaboração de laudo e parecer contábeis
qualquer profissional que não seja contador habilitado perante Conselho Regional de Contabilidade.

Segue resumo da estrutura do laudo pericial, em consonância com as determinações da


NBC:

1) Elemento de identificação do processo e objeto pericial são apresentadas as


informações de identificação referentes ao juízo, às partes litigantes, ao número do
respectivo processo e à natureza da ação.

Nesse item também deve ser destacado o objeto da prova que resultou na determinação
da perícia judicial, objetivando tornar racional a leitura e melhorar o entendimento da
matéria acordada no laudo pericial.

2) Resumo dos Autos deverá expor os elementos do processo, bem como as


circunstâncias que envolveram a matéria objeto da prova, através de um resumo da
inicial, contestação e réplica.

3) Metodologia Aplicada

40
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
3.1) Observações preliminares (preâmbulo) ocorrências verificadas nas diligências
e outras informações julgadas necessárias.

3.2) Dos exames e procedimentos adotados exames efetuados para justificar as


conclusões a que se chegou. Deverá o perito informar em seu laudo os exames e
procedimentos realizados, os critérios adotados e as normas legais utilizadas. Exemplos:
Forma de Tributação; método de depreciação; forma de capitalização dos juros etc.

4) Respostas aos quesitos é através da elaboração das respostas aos quesitos


(questionamentos) formulados pelas partes ou pelo juiz, que o perito vai emitir sua
opinião sobre o assunto em foco, sempre embasado no seu trabalho de entendimento,
averiguação e conhecimento teórico-prático do assunto.

Ao elaborar suas respostas o perito deve ser claro e objetivo, mas em nenhum momento
poderá se omitir em determinados fatos, a não ser que as indagações contenham
assuntos diferentes do objeto da lide ou que representem questões de mérito.
Quando os quesitos representam interpretações do objeto da controvérsia, portanto
caracterizando questões de mérito, o perito deve entender a indagação como
prejudicada, visto que, quando se fala de mérito cabe ao juiz opinar.

Quanto à ordem das respostas, por uma questão de hierarquia, são oferecidas,
preliminarmente, as respostas aos quesitos formulados pelo magistrado, em seguida as
respostas dos quesitos oferecidos pelas partes, pela ordem de juntada dos mesmos nos
autos do processo e pela ordem numérica.

5) Conclusão fará constar no laudo pericial a conclusão a que chegou,


fundamentando-a, com imparcialidade, evitando pronunciamento que transpareça
posição a favor de uma das partes. O perito não julga, apenas informa ao julgador e às
partes as questões relativas aos aspectos técnicos que envolvem a questão. A conclusão
deve contemplar o solicitado na NBC TP 01.

6) Apêndices e Anexos planilhas, cópias de documentos, tabelas, quadros, pareceres


etc.

4.4.1.2 Da entrega

O laudo contábil deverá ser encaminhado ao magistrado responsável pelo processo, cuja
causa propiciou a perícia contábil realizada. O laudo contém uma primeira página de
endereçamento ou de apresentação, na qual é identificado o juiz a que se dirige,
especificado o processo e as respectivas partes, devendo ser entregue no prazo fixado
pelo juiz com as determinações dele emanadas.

Cabe ressaltar que por apenas uma vez, pode-se prorrogar este prazo, por motivo
relevante e justificado, como determina o CPC em seu artigo 476: “ Se o perito, por
motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá conceder-
lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado.”

O encaminhamento e entrega do laudo ou parecer se dão através de entrega do


original no protocolo central de cada ramo do Poder Judiciário, acompanhado de
uma segunda via que será também protocolada, ficando esta em poder do perito
contábil, como prova do trabalho entregue (ORNELAS, 1994, p. 89).

41
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
O laudo será entregue na secretaria da vara onde a lide está em discussão, devidamente
protocolado. O laudo será juntado aos autos para análise do julgador e das partes. Uma
cópia deverá ser arquivada com o perito, que irá auxiliá-lo em possíveis pedidos de
esclarecimentos pelo magistrado ou pelas partes e também poderá ajudá-lo em outros
processos cujo fundamento técnico seja o mesmo. Seguem artigos do CPC sobre o tema.

Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou
indicados pelo perito para ter início a produção da prova. (CPC).

Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo
menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. (CPC).
o
§ 1 As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do
perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico
de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.

4.5 Nova Perícia

O CPC trata da nova perícia, no caso da matéria não for suficientemente esclarecida.
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de
nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida.
o
§ 1 A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a
primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a
que esta conduziu.
o
§ 2 A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.
o
§ 3 A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de
uma e de outra.
(...)

5 Parecer pericial

O perecer pericial é um relatório elaborado pelo Perito Assistente. Tem como objetivo
apresentar uma análise sobre o laudo pericial oficial. Pode ser concordante ou
divergente.

O Decreto-Lei nº 9.295/46 determina que Parecer em matéria contábil somente seja


elaborado por contador habilitado e devidamente registrado em Conselho de
Contabilidade.

O Parecer Pericial Contábil é uma peça escrita, na qual o perito-contador assistente deve
visualizar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as
minudências que envolvam a demanda.

Ele deve ser elaborado de forma sequencial e lógica, para que o trabalho do perito-
contador assistente seja reconhecido também pela padronização estrutural. A estrutura é
a mesma do Laudo Pericial, descrita acima no item 4.4.1.1. No entanto, é necessário
destacar a letra “g” da NBCTP01 (2015) sobre o tema:

Estrutura
(...)
(g) transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o parecer técnico-contábil, onde
houver divergência das respostas formuladas pelo perito do juízo;

42
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

CONSIDERAÇÃO IMPORTANTE AOS ALUNOS

Este material não esgota o assunto proposto no conteúdo programático da


disciplina. Ele objetiva, sobretudo, substituir o conteúdo que seria transmitido aos
alunos por meio do quadro. Assim, recorrerem a outras fontes de pesquisa para
obterem uma melhor compreensão e acompanhamento da disciplina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas. 2002.

BECKE, Vera Luise. Arbitragem A Contabilidade como Instrumento de Decisão. Belo


Horizonte: CRC/MG. 2001.

BRASIL. Código Civil. Lei 11.105, de 16 de março de 2015. D.O.U. Brasília, DF, 17 mar.
2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13105.htm. Acesso em: 06 ago. 2015.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução 2015/NBCTP01, de 27 de


fevereiro de 2015. Dá nova redação à NBC PP 01 – Perito Contábil.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução 2015/NBCPP01, de 27 de


fevereiro de 2015. Dá nova redação à NBC TP 01 – Perícia Contábil.

DIAS FILHO, Fernando Ferreira. Perícia Contábil. Monografia, UFMG-BH, 1997.

HOOG, Wilson alberto Zappa. Prova Pericial Contábil: Aspectos Práticos &
Fundamentais. Curitiba: Juruá Editora. 2005.

MAGALHÃES, Antônio de Deus Faria, SOUZA, Clovis de, PAVERO, Hamilton Luiz,
LONARDI, Mário. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas. 2004.

MANOEL, Ronildo da Conceição; FERREIRA JÚNIOR, Vital. Perito-Contador: Com foco


na área econômico-financeira. Curitiba: Juruá, 2005. 176 p.

ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas. 2003.

PIRES, Marco Antônio Amaral. Laudo Pericial Contábil na Decisão Judicial. Curitiba:
Juruá, 2010.

SÁ, Antônio Lopes de. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas. 2011.

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Perícia Contábil 2016

UNIDADE II: EXERCÍCIOS E CASOS PRÁTICOS

1 - EXERCÍCIOS DIVERSOS

Estudo dirigido
a) Qual o seu conceito de Perícia Contábil?
b) O que significa Prova? Exemplifique.
c) O que é um Litígio?
d) O Autor tem sempre razão? Justifique.
e) Apresente as principais diferenças entre a Perícia e a Auditoria.
f) Como é caracterizada a capacidade profissional do Perito Contador?
g) Quais os objetivos de um Réu ao solicitar Perícia Contábil?
h) Qual o Objetivo da Perícia Contábil? Qual sua importância para a Justiça?
i) O Perito do juízo tem que ser parcial? Justifique.
j) Quais as prerrogativas necessárias para a existência de uma Perícia Contábil Judicial?
k) Defina "partes". Defina "Perito".
l) O Engenheiro pode elaborar Perícia Contábil? Justifique.
m) Quais as varas, na justiça estadual que tem a possibilidade de um maior número de Perícia Contábil?
Justifique.

Estudo dirigido II

1. Escreva sobre o impedimento do Perito.


2. O Técnico em Contabilidade poderá fazer perícia? Explique.
3. Quantos peritos poderão existir em uma perícia?
4. Quais as principais atribuições do Perito do juízo?
5. Quais as principais atribuições do perito assistente?
6. O que você entende sobre laudo pericial?
7. O que você entende sobre parecer pericial?
8. Quem paga os honorários do perito assistente? De que forma?
9. Quem paga os honorários do Perito do juízo? De que forma?
10. Qual a diferença entre uma informação acostada aos autos pelo Advogado e a mesma informação
prestada pelo Perito do juízo?
11. Para que serve os esclarecimentos?
12. O que é dar carga em um processo.
13. Como se inicia a carreira de perito assistente? E de Perito do juízo?
14. Escreva sobre a parcialidade e imparcialidade dos peritos?
15. Por que a função pericial contábil é exclusiva do Contador?
16. Faça um quadro apresentando 4 diferenças entre as atribuições do perito assistente e o Perito do
juízo?
17. O que você entende por petição?
18. A perícia trabalhista (cálculos) é exclusiva do Contador?
19. Apresente um exemplo de discussão judicial de ICMS que pode necessitar de perícia contábil?
20. Por que se diz que “o Juiz ver com os olhos do Perito e que necessita da honradez e capacidade
deste para fazer Justiça”?
21. Quais as consequências de um laudo contábil elaborado por um profissional que não tenha
formação na área?
22. Apresente um exemplo de discussão judicial que possa precisar de profissionais peritos de mais de
uma área.
23.

Considerando os conceitos da disciplina até agora estudados, comente:


“Um contabilista com formação de nível médio foi nomeado para a realização de perícia contábil. Retirou os
autos e, verificando que as partes haviam indicado assistentes, telefonou para o assistente técnico do Autor
para que este marcasse um dia na empresa para diligenciar. Juntamente com o assistente solicitou a
documentação ao gerente de Recursos Humanos verbalmente. Passaram muitos dias e os documentos não
foram exibidos. O perito ficou aborrecido e solicitou sua substituição nos trabalhos.”

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Marque (V) para Verdadeiro e (F) para Falso e justifique sua resposta:

( ) O Perito do juízo não poderá recusar sua nomeação e deverá considerar sua escolha pelo magistrado
como distinção e reconhecimento de sua capacidade e honorabilidade profissional.
( ) É dever do Perito Contábil honrar sua função, cumprindo e fazendo cumprir as Normas Brasileiras de
Perícia Contábil e respeitar o Código de Ética Profissional.
( ) Os quesitos deverão ser elaborados, conjuntamente, entre o Perito do juízo e o advogado, sendo que
o perito contribui com o entendimento contábil e o advogado com os aspectos legais.
( ) O laudo pericial judicial deverá ser entregue no prazo estabelecido, podendo ser prorrogado pelas
partes, a pedido do perito.
( ) Não deve existir a mentalidade de que peritos de partes são litigantes ou inimigos e que o perito do
juiz é um superior aos demais que são seus subalternos auxiliares.

Marque a opção correta

1) As causas de apuração de haveres podem dar-se em razão de morte de sócio, morte de


mulher de sócio, dissolução de sociedade, em suma nos casos em que se torna necessário
apurar os “direitos” de alguém em uma massa patrimonial. Em uma perícia de apuração de
haveres, são atribuições do perito contador, exceto:

(a) Verificar se o sócio emprestou dinheiro para empresa ou recebeu empréstimo.


(b) Verificar as expectativas de lucros.
(c) Verificar o estoque de mercadorias.
(d) Elaborar a reavaliação das máquinas e dos imóveis.
(e) Verificar o contrato social e suas alterações.

2) “Um contabilista com formação de superior foi nomeado para a realização de perícia contábil.
Retirou os autos e, verificando que as partes haviam indicado assistentes, telefonou para o
assistente técnico do Autor para que este marcasse um dia na empresa para diligenciar.
Juntamente com o assistente solicitou a documentação ao gerente de Recursos Humanos
através de um termo de diligência”

Tal afirmativa merece reparos porque:

(a) O Perito do juízo é que define o dia da diligência.


(b) O processo não poderá ser retirado pelo Perito do juízo nessa fase da perícia.
(c) A documentação deveria ter sido solicitada através de petição.
(d) O Perito do juízo deveria ter ligado para o perito assistente do réu.
(e) As partes não poderiam indicar assistentes.

3) Como a perícia judicial é feita com a participação de três profissionais, necessário se faz o
exercício de um comportamento ético pautado pela cordialidade e respeito. Os peritos devem
valorizar um o trabalho do outro, buscando o consenso e o auxílio ao juízo.
Considerando a assertiva acima é incorreto afirmar que:

(a) Todos os peritos têm influência no trabalho e o princípio dever ser o de igualdade.
(b) O juiz poderá considerar o laudo do assistente, abandonando-se o do Perito do juízo.
(c) Em uma perícia deve existir a mentalidade de que os peritos das partes são litigantes.
(d) O laudo pericial poderá ser assinado pelos três peritos.
(e) Mesmo que o juiz tenha cultura contábil, não pode indeferir pedido de perícia baseado, apenas nessa
condição.

Classifique os quesitos abaixo como: normal, ou impertinente de mérito, ou impertinente fora


do objeto ou impertinente mal elaborado:

1) Queiram o Sr. Perito informar sobre a existência de contratos de prestação de serviços ou compra e
venda mercantil celebrados entre as partes, identificando se as assinaturas conferem com os sócios
das empresas. Analisar o Contrato Social bem como eventuais Alterações.
2) Queira o perito informar se a multa e os juros pactuados conforme o item 2.1 do contrato de
financiamento de carro, quando ocorre atraso, está de acordo com a situação em questão.

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3) Queira o Sr. Perito realizar uma planilha a parte demonstrando a correção monetária sobre o valor
principal mais o juros constitucionais devidos.
4) Queira o Sr. Perito informar qual o valor de cada ação, que são devidos aos acionistas na data da
apuração do balanço e na data da publicação do balanço?
5) Queira o Sr. perito promover a correção dos valores pagos corrigindo-os pelos índices que
efetivamente são os aceitáveis comercialmente.
6) Com base no Código de Defesa do Consumidor a Ré deverá pagar a indenização pleiteada ou
poderá cumprir sentença social?

Coloque V para (verdadeiro) e F para (falso):


1. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; a do perito será paga
pela parte que houver iniciado ação. ( )
2. O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite
na conta corrente deste o valor correspondente à sua remuneração. ( )
3. Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível pós-graduado, devidamente inscritos e em
dia com o órgão de classe competente. ( )
4. Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão
do órgão profissional em que estiverem inscritos. ( )
5. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei, empregando toda a sua
diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo sem necessidade de alegação de motivo legítimo.
( )
6. A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação do Perito do juízo. ( )
7. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que
causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na
sanção que a lei penal estabelecer. ( )
8. Incumbe às partes, dentro em 15 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do
perito: I - indicar o assistente técnico; II - apresentar quesitos (estes são obrigatórios). ( )
9. O perito pode ser substituído quando: I - carecer de conhecimento técnico ou científico; II - sem
motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi assinado. ( )
10. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos de esclarecimentos. ( )
11. Compete legalmente ao juiz: I - indeferir quesitos impertinentes; II - formular os que entender
necessários ao esclarecimento da causa. ( )
12. O perito-contador e o perito-contador assistente devem evitar e denunciar qualquer interferência que
possa constrangê-los em seu trabalho, não admitindo, em nenhuma hipótese, subordinar sua
apreciação a qualquer fato, pessoa, situação ou efeito que possam comprometer sua
independência. ( )
13. O numerário, recolhido em depósito bancário, será entregue ao perito assistente após a
apresentação do laudo, facultada a sua liberação parcial, quando necessária. ( )
14. O perito-contador deve analisar com zelo os quesitos de esclarecimentos, uma vez que as partes
podem formulá-los com essa denominação, mas serem quesitos suplementares, situação em que o
trabalho deve ser remunerado. ( )
15. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem
sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficiente.
( )
16. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os
meios legais necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que
estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas,
desenhos, fotografias e outras quaisquer peças. ( )
17. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-
lhe-á, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado. ( )
18. A parte, que desejar esclarecimento do perito do juízo e do assistente técnico, requererá ao juiz que
mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de
quesitos. ( )
19. O juiz está adstrito (submetido) ao laudo pericial, não podendo formar a sua convicção com outros
elementos ou fatos provados nos autos. ( )

Apresente, na ordem correta, as partes (estrutura) que compõem o Laudo Pericial Contábil.

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Considerando o ciclo pericial e processual, após a nomeação e apresentação dos quesitos,


complete:

1 2 3 4 5 6
Retirada dos Baixa na carga
autos (carga) (devolução do
pelo perito processo)

2 - ELABORAÇÃO DE PLANO PERICIAL E PROPOSTA DE HONORÁRIOS

Estudo de caso I

Vara de fazenda municipal de Belo Horizonte

O processo em tela trata-se de uma ação DECLARATÓRIA que a empresa X propõe contra o
MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE. A Autora pretende a restituição ou compensação de valores
pagos de ISSQN incidentes sobre a atividade de locação de bens móveis. Entende que o referido
tributo foi recolhido para o Município de Belo Horizonte sem a devida exigência e prescrição legal.
Alegam que a locação de bens móveis não tem características de um serviço e, por consequência,
não se encontram no campo de incidência do ISSQN. Período de análise: 3 anos.

QUESITOS DO JUÍZO - Fls. 288

QUESITO 01
Há exigibilidade de ISSQN sobre a locação de bens móveis?

QUESITO 02
A atividade das requerentes é de locação pura ou existe atividade mista de locação com prestação de
serviços?

QUESITO 03
Quais os valores de ISSQN foram recolhidos em razão da locação pura de bens móveis nos últimos 05
anos, considerada a data da propositura da demanda?

QUESITOS DA RÉ - Fls. 300

QUESITO 01
Qual é o tipo de serviço prestado pela Requerente?

QUESITO 02
Além da locação propriamente dita, há algum outro serviço acessório prestado pela requerente?

QUESITOS DOS AUTORES - Fls. 301/302

QUESITO A
As Autoras juntaram aos autos Guias de Recolhimento do Imposto Sobre Serviços em favor do Município de
Belo Horizonte?

QUESITO B
As Guias de Recolhimento do Imposto Sobre Serviços foram recolhidas em nome das Autoras ou de algum
de seus clientes?

QUESITO C
O tributo que se visa a repetição (ISS) foi recolhido pelas Autoras?

QUESITO D
As autoras juntaram aos autos notas fiscais de modo a demonstrar que o tributo recolhido se origina da
atividade de locação de automóveis?

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QUESITO E
De acordo com as notas fiscais emitidas pelas Autoras consta como pago pelos clientes algum valor
referente a tributo.

QUESITO F
As autoras cobraram separadamente nas notas de seus clientes o quantum correspondente ao tributo cuja
repetição é postulada?

QUESITO G
O imposto que se visa a repetição está adicionado ao preço das locações ou era destacado e recolhido a
parte pelas Autoras?

QUESITO H
Seria maior a margem de lucro das Autoras caso discriminassem o valor do ISS nas notas fiscais e
repassassem ao cliente, incluindo o valor do tributo no preço das locações?

QUESITO I
Os valores do ISS recolhidos pelas Autoras, consoante as Guias de Recolhimento, representam efetivas
saídas financeiras do caixa das Autoras?

Estudo de caso II

Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte

Objeto da Perícia:
Apuração e análise de capitalização de juros, encargos e valores debitados referentes ao contrato de
cheque especial e contrato de crédito especial.

Período de análise: julho de 2008 a outubro de 2013.

Autor: Pessoa Física - Réu: Instituição Financeira – Ação: Ordinária.

QUESITOS DA RÉ

QUESITO 01: Queira o Sr. Perito informar o número, datas e vencimento, valor e encargos financeiros de
todos os contratos vinculados à conta corrente (inclusive dela) firmados com o Banco Réu.

QUESITO 02: Queira o Sr. Perito explicar detalhadamente a natureza de cada uma das modalidades de
contrato e a forma de contratação.

QUESITO 03: Quais os valores utilizados relativamente a cada um dos contratos? Houve a liberação de
alguma operação de crédito para a cobertura do saldo devedor?

QUESITO 04: O Sr. Perito pode alinhavar o conceito de juros, atualização monetária, comissão de
permanência e multa demonstrando, se possível (e se houve efetivamente a cobrança, seus efeitos no
desenvolvimento dos débitos da Autora?

QUESITO 05: Analisando os documentos disponibilizados, o Sr. Perito poderia evidenciar detalhadamente
se, na data do vencimento dos contratos a Autora mantinha saldo credor suficiente para cobrir os juros
incidentes sobre os valores utilizados do limite do cheque especial? Caso contrário, qual o tratamento dado
pelo HSBC à época, sobre os valores não liquidados?

QUESITO 06: Poderia esclarecer se na data de vencimento dos demais contratos as obrigações foram
cumpridas?

QUESITO 07: Qual o tratamento conferido, em todos os contratos, para a inadimplência? Está consentâneo
com os contratos? Foi efetivamente cobrada comissão de permanência? Se houve, tal cobrança foi
cumulada com algum outro encargo?

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Perícia Contábil 2016

QUESITO 08: Quanto aos encargos debitados na conta corrente das Autoras, queira o Sr. Perito explicar,
resumidamente, a natureza de cada um deles.

QUESITO 09: Qual o critério adotado e o índice utilizado para apuração dos encargos financeiros sobre o
saldo devedor em conta corrente? Estão consentâneos com os critérios previstos nos contratos?

QUESITO 10: Queira o Sr. Perito indicar qual o saldo devedor existente nas datas dos vencimentos dos
contratos?

QUESITO 11: Queira o Sr. Perito esclarecer qualquer questão pertinente ao caso em pauta.

QUESITOS DA AUTORA

QUESITO A
Pede-se ao Sr. Perito Judicial apurar o valor do eventual débito discutido nestes autos, com a aplicação dos
juros de 12% ao ano.

QUESITO B
No débito apresentado pela ré, qual o percentual de juros aplicados? Favor discriminar mês a mês.

QUESITO C
A ré nos seus cálculos para a apuração do débito noticiado na inicial, aplicou juros sobre juros? Em caso
positivo queira enumerá-los.

QUESITO D
Qual o valor da capitalização?

QUESITO E
Além dos juros, houve incidência de outros encargos? Discriminar valores.

QUESITO F
Qual o percentual de multa aplicado no débito ora em discussão?

QUESITO G
No saldo devedor apontado pela Ré em suas faturas, está sendo respeitado o Decreto 22.626/33, Lei de
Usura e Súmula 121 do STF?

QUESITO H
Queira o Sr. Perito explicar a composição da Comissão de Permanência prevista no contrato de crédito
rotativo, discriminando os respectivos valores.

QUESITO I
Queira o Sr. Perito informar qual a taxa de juros, remuneratórios e moratórios ajustada e se houve
capitalização mensal dos mesmos, ou seja, aplicação de juros sobre juros.

Estudo de caso III

Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte

Objeto da Perícia:
Análise do saldo devedor e das prestações do financiamento para aquisição de imóvel residencial –
Contrato 0001.01.000000.

Embargante: Pessoa Física - Réu: Embargado: Financeira – Ação: Embargos de Devedor

QUESITOS DA EMBARGANTE:

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QUESITO 01:
Pode o Sr. Perito informar quais as prestações relativas ao contrato de financiamento habitacional foram
depositadas em juízo pela embargante nos autos de nº. 024.99.066.958-2? Favor informar o valor do
depósito de cada uma das parcelas mensais?

QUESITO 02:
Qual o valor de correção sofrido por cada uma das parcelas depositadas em juízo até a presente data?

QUESITO 03:
Pode o Sr. Perito informar se os depósitos realizados correspondem ao determinado naqueles autos pelo
juízo competente?

QUESITO 04
Pode o Sr. Perito informar quais os valores estão sendo cobrados pelo Banco a título de parcelas vencidas
e vincendas e qual o período que o Banco alega haver inadimplência?

QUESITO 05
Pode o Sr. Perito informar quais os encargos moratórios estão sendo cobrados pelo agente financeiro e em
que percentuais?

QUESITO 06
Pode o Sr. Perito informar qual o valor efetivamente devido pela Embargante, considerando-se os depósitos
efetuados e a ausência de encargos moratórios relativo ao período dos depósitos judiciais?

QUESITO 07
Pode o Sr. Perito informar qual o valor seria devido pela Embargante, considerando-se a incidência dos
encargos moratórios apenas entre a diferença do valor depositado em juízo e aquele cobrado pelo agente
financeiro?

QUESITOS DO EMBARGADO:

QUESITO 01
Pede-se ao Sr. Perito e Assistentes informarem os dados e as condições do Instrumento Particular de
Compra e Venda, Mútuo, Pacto Adjeto de Hipoteca e Outras Avenças (Aquisição de Imóvel – Carteira
Hipotecária Habitacional).Contrato nº. 0001.01.001165-6, firmado entre as partes litigantes em 17 de abril de
1996, esclarecendo, principalmente:
a) valor da compra e venda ajustada;
b) valor do financiamento concedido;
c) prazo de amortização;
d) taxa de remuneração;
e) valor do encargo mensal na data da assinatura.

QUESITO 02
Qual a forma e o índice, previstos no contrato, para a atualização do encargo mensal e do saldo devedor,
nos termos de suas cláusulas Quinta e Sexta?

QUESITO 02.1
O valor do encargo mensal compreende amortização, juros e seguros?

QUESITO 03
A pedido da devedora Embargante, o contrato retro citado foi aditado em três ocasiões?

QUESITO 04
A inicial de Execução foi instruída com minucioso demonstrativo do débito da devedora, atualizado até o dia
17/10/2004, consistente da planilha “Situação do Financiamento”, de fls. 26 dos autos da execução, e da
planilha “Demonstrativo da Evolução do Financiamento”, de fls.27 a 30, também dos autos da execução?

QUESITO 05
Na referida planilha “Demonstrativo de Evolução do Financiamento”, de fls. 27 a 30 dos autos da execução,
encontram-se espelhados discriminadamente todos os encargos contratuais, com valores, vencimentos,
taxa, etc., inclusive com a indicação do índice mensal de atualização aplicado?

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QUESITO 06
A conta do débito apresentada pelo credor Embargado através de ditas planilhas, indicando a dívida no
montante de R$ 226.987,16, apurada em 17/06/2005, foi feita de forma clara e precisa, com estrita
observância das regras do próprio título executivo, não havendo excesso de execução?

QUESITO 07
Pede-se ao Sr. Perito e Assistentes para, observando as regras contratuais, elaborem planilha de evolução
do financiamento desde o início do contrato, discriminando, mês a mês, os índices aplicados, valores dos
encargos mensais, amortizações, saldos e demais elementos elucidativos.

QUESITO 07.1
No exame dos cálculos acima constatou o Sr. Perito do juízo que houve ou há por parte do banco
Embargado, cobrança abusiva e/ou ilegal de encargos, ou os encargos cobrados da devedora Embargante
foram exclusivamente os pactuados no contrato?

QUESITO 07.2
Pagou a devedora, ora Embargante, o pactuado no contrato, ou, está inadimplente? Se inadimplente desde
quando se encontra nesta situação?

QUESITO 07.3
Pede-se ao Sr. Perito e Assistentes Técnicos discriminarem os cálculos exeqüendos - na data base de sua
determinação e informarem se estão matematicamente corretos e em conformidade com a legislação e
regulamentação vigentes?

QUESITO 07.4
Após, pede-se que o Sr. Perito do juízo e Assistentes Técnicos informem o montante do Saldo Devedor na
data da perícia, apurados conforme contrato.

Estudo de caso IV
Vara de Fazenda pública da Comarca de Belo Horizonte

Objeto da Perícia:
Verificação do tipo de serviço prestado pelo laboratório e do envolvimento dos sócios na execução
desses serviços.

Requerente: Laboratório - Pessoa Jurídica - Requerido: Município de Belo Horizonte.

Ação: Ordinária

Descreve a Autora que a sociedade sempre recolheu o ISSQN com base no regime previsto pelo §
3º, do artigo 9º, do Decreto-lei 406/68, com as alterações do Decreto-lei 834/69 e da LC 56/87. Alega
que o Município de Belo Horizonte editou a Lei 6.810/94 que revogou o artigo 50 da Lei 5.641/89,
pretendendo cobrar o ISS das sociedades profissionais com base no valor da remuneração do
serviço. No período de 01/01/98 a 31/12/02 e efetuou lançamento tributário exigindo o ISS com base
em sua receita bruta, acrescido de juros e multa. Afirma que sofreu nova fiscalização, com termo de
início de ação fiscal lavrado em 24 de setembro de 2007, relativo ao período de 2003 a 2007.

QUESITOS DO JUIZ:

QUESITO A
Todos os sócios têm a mesma qualificação profissional?

QUESITO B
Todos os sócios trabalham na empresa?

QUESITO C
Existe contratação de mão-de-obra de terceiros? Em que área de especialização?

QUESITOS DA REQUERENTE:

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Perícia Contábil 2016
QUESITO 01
Como são prestados pela Autora os serviços por ela disponibilizados ao público de medicina laboratorial e
análises clínicas, hematologia, hemoterapia e serviços complementares de diagnósticos em todas as suas
modalidades, tais como citologia, anatomia patológica e imagem?

QUESITO 02
Quais as atividades desenvolvidas nos estabelecimentos filiais mantidos pela Autora e quais as atividades
desenvolvidas no estabelecimento sede, localizado em Belo Horizonte, MG?

QUESITO 03
A Autora mantém postos de coleta em instituições hospitalares? Qual a atividade desenvolvida por tais
postos?

QUESITO 04
A análise clínica e o diagnóstico, em todas as suas modalidades, são feitos por profissionais da área
médica?

QUESITO 05
Há a liberação de algum resultado de exame laboratorial e diagnóstico, sem o exame prévio e a assinatura
de médico integrante da equipe do laboratório?

QUESITO 06
O patologista clínico (médico) está envolvido em todas as etapas de realização do exame, como supervisão
das condições de coleta, tipo de técnica a ser utilizada, avaliação dos reagentes, controle de qualidade,
análise e interpretação do resultado, contato com o paciente e o médico assistente auxiliando na conduta
laboratorial a seguir?

QUESITO 07
Qual o envolvimento dos profissionais sócios da Autora na prestação dos serviços?

QUESITO 08
Solicita ao Perito e aos Assistentes prestarem outros esclarecimentos que considerem necessários, relativos
às atividades desenvolvidas pela Autora, que possam contribuir para uma melhor elucidação dos serviços
prestados pela Autora, e a maneira como os mesmos são prestados.

QUESITOS DO REQUERIDO:

QUESITO 01
Qual é a atividade desenvolvida pela Autora?

QUESITO 02
A autora possui natureza comercial ou caráter empresarial?

QUESITO 03
Algum dos sócios é pessoa jurídica?

QUESITO 04
A autora desenvolve atividade diversa da habilitação profissional dos sócios?

QUESITO 05
No quadro societário da autora há sócio não habilitado para o exercício de atividade correspondente ao
serviço prestado pela sociedade?

QUESITO 06
No quadro societário da autora há algum sócio que não preste serviço em nome da sociedade, nela
figurando apenas com aporte de capital?

QUESITO 07
A autora possui filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato, ou
qualquer outro estabelecimento descentralizado?

QUESITO 08
Há pessoalidade na prestação de serviço?
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Perícia Contábil 2016

3 PERÍCIA CONTÁBIL-FINANCEIRA

CASO 01

Extrato bancário - 2015


Histórico D C Saldo
Data

02/01 Depósito 1.000 1.000

02/01 Ch 02050 3.000 (-) 2.000

25/01 Ch. 02051 1.000 (-) 3.000

01/02 Juros 250 (-) 3.250

10/02 Transferência 500 (-) 3.750

01/03 Juros 350 (-) 4.100

♦ Perícia contábil referente a processo judicial de discussão de juros.


♦ Responda, como Perito do juízo, os seguintes quesitos do titular da conta corrente:

QUESITO 01
Queira o ilustre perito apurar as diferenças entre os juros cobrados e os juros de 1,0% ao mês?

CASO 02
Perícia Contábil Financeira – Discussão de juros
Responda os seguintes quesitos, elaborados pela Ré – cliente do Banco – fls.50 dos autos.

QUESITOS
a) Queira o i. perito apresentar o saldo da C/C em 02/07/15, calculando os juros com uma taxa de
0,50% ao mês.
b) A ré ultrapassou o limite de crédito cedido pelo Banco?
c) Existiu cobrança de juros com capitalização composta?
d) Os juros debitados foram responsáveis pela situação deficitária da c/c da Ré?
e) Poderia o i. perito informar quais os valores referentes a encargos (juros) que foram debitados em
sua conta corrente?
Limite: 5.000,00

data Descrição D C SD
02/abr dep 3.000,00 3.000,00
05/abr ch 3.200,00 0,00 -200,00
15/abr transf 0,00 100,00 -100,00
25/abr ch 2.000,00 0,00 -2.100,00
01/mai encargos 300,00 0,00 -2.400,00
10/mai dep 500,00 -1.900,00
25/mai ch 3.000,00 -4.900,00
29/mai tarifa 30,00 -4.930,00
02/jun encargos 400,00 -5.330,00
15/jun ch 600,00 -5.930,00
15/jun dep 0,00 5.000,00 -930,00
20/jun ch 1.100,00 -2.030,00
02/jul encargos 400,00 -2.430,00

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Perícia Contábil 2016
CASO 03

INFORMAÇÕES:

Perícia Contábil Financeira – Discussão de juros.


Responda os seguintes quesitos, elaborados pela Ré – cliente do Banco – fls.89 dos autos.

QUESITOS:

1. A ré ultrapassou o limite de crédito cedido pelo Banco?


2. Os juros debitados foram responsáveis pela situação deficitária da c/c da Ré?
3. Poderia o i. perito informar quais os valores referentes a encargos (juros) foram debitados em
sua conta corrente?
4. Houve cobrança de juros compostos capitalizados?
5. Queira o i. perito apresentar o saldo da cc, calculando os juros com uma taxa de 1,0% ao mês.
6. Poderia i expert apresentar as diferenças entre os juros debitados e os calculados pela Perícia,
corrigidos pela tabela do TJMG e acrescidos de juros de 1,0 % ao mês.

Limite de crédito: R$ 2.180,00

DATA HISTORICO DEBITO CREDITO SALDO


2/3/11 Deposito 500,00 500,00
5/3/11 Cheque 400,00 - 100,00
6/3/11 Cheque 1.100,00 - 1.000,00
10/3/11 Deposito 600 -400,00
30/3/11 Cheque 1.000 -1.400,00
2/4/11 Encargos 190 -1.590,00
28/4/11 Cheque 550 -2.140,00
1/5/11 Encargos 210 -2.350,00
20/5/11 Deposito 2.000 -350,00
1/6/11 Encargos 160 -510,00

4 - ATUALIZAÇÃO DE DÉBITOS JUDICIAIS – UTILIZAÇÃO DA TABELA DO TJMG

I – Sem considerar o expurgo inflacionário dos planos econômicos

CASO 01
Data da citação: 10/06/2012 – data da perícia 20/12/2013
Valor do débito: 100.000,00 – vencimento: 20/10/2008

CASO 02
Data da citação: 12/10/2007 – data da perícia 20/01/2016
Valor do débito: 10.000.000,00 – vencimento: 15/09/2005

II – Acrescentando o expurgo inflacionário dos planos econômicos

CASO 01

Data da citação: 20/06/2013 – data da perícia 20/10/2015


Valor do débito: 1.000.000,00 – vencimento: 31/12/1988

Responder o seguinte quesito: Poderia o Expert apresentar o débito, na data da perícia, acrescentando o
expurgo inflacionário, com juros de 1% am. e multa de 2%?

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Perícia Contábil 2016
CASO 02

Data da citação: 15/04/2010 – data da perícia 30/10/2014


Valor do débito: 10.000.000,00 – vencimento: 30/04/1990
Apresentar o cálculo atualizado do débito acrescentando o expurgo inflacionário.

5 - QUESTÕES DO EXAME DE SUFICIÊNCIA DO CFC

QUESTÃO 01

a) Uma empresa apresentava um quadro societário de cinco sócios, com as seguintes participações: sócio
A: 20%; sócio B: 20%; sócio C: 20%; sócio D: 20%; e sócio E: 20%. O sócio D foi excluído da sociedade
pelos demais sócios, os quais arquivaram uma Alteração Contratual na Junta Comercial, na qual
constou em uma das cláusulas que os haveres do sócio excluído estariam a sua disposição, cuja
apuração de haveres teria sido realizada com base em Balanço Patrimonial Especial. O sócio D ajuizou
uma ação de apuração de haveres na qual pediu a avaliação dos bens da sociedade, com base em
valores de mercado. O juiz nomeou dois peritos. Para a avaliação dos bens imóveis, foi nomeado um
perito engenheiro e para a apuração dos haveres foi nomeado o perito-contador. O trabalho do perito-
contador utilizou os dados apresentados pela perícia de engenharia e os valores do Balanço Patrimonial
Especial juntados aos autos, para, por fim, elaborar um novo Balanço Patrimonial Ajustado.

O Balanço Patrimonial Especial era assim representado:

Balanço Patrimonial Especial em 31.1.2011


ATIVO
Ativo Circulante R$ 742.465,53
Caixa R$ 3.466,40
Bancos Conta Movimento R$ 19.360,36
Aplicações R$ 51.656,48
Estoques R$ 124.019,03
Duplicatas a Receber R$ 214.734,00
Adiantamentos R$ 8.728,57
Impostos a Recuperar R$ 35.834,51
Despesas Pagas Antecipadamente R$ 284.666,18
Ativo Não Circulante R$ 1.899.933,61
Investimentos R$ 14.814,87
Imobilizado R$ 1.884.292,23
Intangível R$ 826,51
Total do Ativo R$ 2.642.399,14
Passivo a Descoberto R$ 389.219,93
Capital Social Realizado R$ (121.260,00)
Prejuízos Acumulados R$ 510.479,93
Total do Ativo + Passivo a Descoberto R$ 3.031.619,07
PASSIVO
Passivo Circulante R$ 2.366.717,69
Fornecedores R$ 1.332.217,17
Empréstimos Bancários R$ 20.000,00
Obrigações Sociais a Recolher R$ 234.200,21
Impostos e Taxas a Recolher R$ 678.683,18
Obrigações Trabalhistas R$ 52.086,21
Provisões R$ 37.324,65
Adiantamento de Clientes R$ 12.206,27
Passivo Não Circulante R$ 664.901,38
Empréstimos de Longo Prazo R$ 451.765,96
Impostos Federais Parcelados R$ 213.135,42
Total do Passivo R$ 3.031.619,07

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Perícia Contábil 2016

Os bens imóveis avaliados pela perícia de engenharia foram agrupados conforme a seguir:

DESCRIÇÃO Valor antes da Valor após a


avaliação avaliação
Ativo Não Circulante R$ 1.899.933,61 2.456.701,90
Investimentos R$ 14.814,87 714.944,89
Propriedades para R$ 13.769,98 713.900,00
Investimento
Participações em Sociedade R$ 1.044,89 1.044,89
de Crédito
Imobilizado R$ 1.884.292,23 1.740.930,50
Máquinas e Equipamentos R$ 1.884.292,23 1.740.930,50
Intangível R$ 826,51 826,51
Marcas e Patentes R$ 826,51 826,51

O perito-contador realizou os ajustes necessários a um novo Balanço Patrimonial.

Pede-se: informar os valores dos haveres do sócio excluído.

QUESTÃO 02

De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Perícia Contábil, o
Laudo Pericial Contábil é:

a) a indagação e a busca de informações, mediante conhecimento do objeto da perícia solicitada nos autos.

b) a investigação e a pesquisa sobre o que está oculto por quaisquer circunstâncias nos autos.

c) a peça escrita elaborada pelo perito assistente, na qual ele deve registrar, de forma abrangente, o
conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas
de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho.

d) o documento escrito no qual o perito deve registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e
particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova
necessários para a conclusão do seu trabalho.

QUESTÃO 03 - 2012/1

31. De acordo com NBC TP 01 – Perícia Contábil, o planejamento deve ser elaborado com base nos
quesitos e/ou no objeto da perícia. Em relação aos objetivos do planejamento da pericia, julgue os itens
abaixo como Verdadeiros (V) ou Falsos (F) e, em seguida, assinale a opção CORRETA.

( ) Conhecer o objeto da perícia, a fim de permitir a adoção de procedimentos que conduzam à revelação
da verdade, a qual subsidiará o juízo, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a respeito da lide.
( ) Definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos exames a serem realizados, em consonância com o
objeto da perícia, os termos constantes da nomeação, dos quesitos ou da proposta de honorários oferecida
pelo Perito.
( ) Estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no prazo estabelecido.
( ) Identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia.
( ) Identificar fatos que possam vir a ser importantes para a solução da demanda de forma que não passem
despercebidos ou não recebam a atenção necessária. A sequência CORRETA é:

a) V, V, V, V, V.
b) F, F, F, F, V.
c) F, V, V, F, F.
d) V, F, F, F, F.

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Perícia Contábil 2016
QUESTÃO 04 - 2012/1
32. O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil, de acordo com a NBC TP 01 – Perícia Contábil,
devem conter em sua estrutura os seguintes itens, EXCETO:

a) Conclusão, anexos, apêndices, assinatura do perito com sua categoria profissional e registro em
Conselho Regional de Contabilidade.
b) Conclusão, anexos, assinatura do advogado com seu parecer sobre a perícia e ajuste de parecer
favorável às partes na Justiça.
c) Identificação das diligências realizadas, transcrição e resposta aos quesitos para o laudo pericial contábil.
d) Identificação do processo e das partes, síntese do objeto da perícia e metodologia adotada para os
trabalhos periciais.

QUESTÃO 05 - 2012/1
33. O perito-contador deve declarar-se suspeito quando, após, nomeado, contratado ou escolhido, verificar a
ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou independência
e, desta maneira, comprometer o resultado do seu trabalho em relação à decisão. Assinale a opção que
apresenta uma situação que NÃO configura um caso de suspeição:

a) a filha de uma das partes tem uma dívida em atraso com o perito-contador.
b) o perito-contador é herdeiro presuntivo da esposa de uma das partes.
c) o perito-contador não é especialista na matéria em litígio.
d) um dos litigantes é amigo íntimo do perito-contador.

QUESTÃO 46 - 2012/2

46. Relacione os procedimentos de perícia contábil apresentados na primeira coluna com a definição
constante na segunda coluna e, em seguida, assinale a opção CORRETA:

(1) Arbitramento ( ) È a determinação de valores ou a solução de controvérsia por critério


técnico-científico.
(2) Mensuração ( ) É o ato de atestar informação trazida ao laudo pericial contábil pelo
perito-contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé
pública atribuída a este profissional.
(3) Avaliação ( ) É o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações,
despesas e receitas.
(4) Certificação ( ) É o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens,
direitos, obrigações.

A sequência correta é:

a) 4,3,2,1.
b) 1,4,3,2.
c) 3,1,4,2.
d) 2,3,1,4.

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Perícia Contábil 2016
QUESTÃO 47 - 2012/2

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Perícia Contábil 2016
QUESTÃO 38 - 2013/1

QUESTÃO 46 - 2015/1

59
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
QUESTÃO 47 - 2015/1

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Perícia Contábil 2016

UNIDADE III: EXEMPLOS DE PETIÇÕES E TD

1. Petição de entrega do Laudo

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª


VARA DA FAZENDA PÚBLICA E AUTARQUIAS DA COMARCA DE
BELO HORIZONTE

Nº PROCESSO: 024.99.00000
REQUERENTE: POWERPC AS e Outros
REQUERIDO: NIPARDI SA -
AÇÃO: Ordinária

FERNANDO FERREIRA DIAS FILHO, Perito do juízo, nomeado nos autos do processo acima referido, vem,
mui respeitosamente, apresentar laudo pericial para que possa ser juntado ao mesmo.

Requer, nesta oportunidade, a liberação de seus honorários periciais à disposição deste juiz, no montante de
R$ .000,00 ( mil reais), devidamente corrigido.

Agradece penhoradamente a nobre oportunidade de ter podido servir a V.Exa. nos aspectos contábeis da
matéria, se colocando à disposição para esclarecimentos que julgar necessários.

Na oportunidade, coloca-se também a vossa mercê para novos trabalhos.

Nestes termos,

Pede Deferimento.

Belo Horizonte, 28 de outubro de 2015.

FERNANDO FERREIRA DIAS FILHO


PERITO DO JUÍZO - CONTADOR
CRC/MG 00.503

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Perícia Contábil 2016

2. Petição de proposta de honorários

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO


DA 5ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA E AUTARQUIAS
DA COMARCA DE BELO HORIZONTE.

Nº PROCESSO: 024.99.146228-4
AUTOR: S/A Est
RÉU: ELEC
AÇÃO: Ordinária

FERNANDO FERREIRA DIAS FILHO, Perito Contador do juízo, nomeado nos autos do processo acima
referido, vem, mui respeitosamente, apresentar proposta de honorários periciais.

Antecipadamente agradece tão auspiciosa oportunidade de poder merecer de V.Exa. a confiança necessária
em auxiliá-lo no deslinde da matéria especificamente contábil.

Analisando os autos deparou-se com a formulação dos quesitos pelo Autor às fls. 33/34 e pelo Réu às fls.
35/36. Avaliando o dispêndio de tempo para execução total da perícia, apurou-se o estimado:

- Estudo do Processo → horas


- Elaboração de Termos de Diligência → horas
- Pesquisa, Análise de Documentos e Respostas→ horas
- Cálculos e Elaboração de Planilha → horas
- Formatação do Laudo → horas
TOTAL DE HORAS horas

Considerando que a hora/homem efetiva de trabalho deste “expert” está orçada à razão de R$ 1,00 ( um
real), soma-se em R$ ( ) o custo desta perícia.

Promovido o depósito do “quantum”, coloca-se a disposição de V.Exa. para o início dos trabalhos.

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Belo Horizonte, 13 de julho de 2015.

FERNANDO DIAS FILHO


PERITO DO JUÍZO - CONTADOR
CRC/MG 00.503

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Perícia Contábil 2016

3. Termo de Diligência

TERMO DE DILIGÊNCIA

PROCESSO Nº ____________________
24ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE

AUTOR:
RÉU:

Att.: Dr. _____________________


Assistente Técnico do Autor
(categoria e nº do CRC)
Tel.: (031)

Aos três dias do mês de março de 2004, FERNANDO F. DIAS FILHO, Perito do juízo nomeado nos autos
do processo acima referido, requer com fulcro no Art. 429 do CPC, as informações abaixo arroladas, para
formulação das respostas aos quesitos apresentados:

1. Apresentar contrato pactuado entre a parte Ré e o Banco que conste cláusula relativa a inadimplência,
bem como taxas, encargos e juros de mora.;
2. Apresentar...
3. Informar...
4. Apresentar...

Levando em consideração o prazo de 10 (dez) dias para a entrega do Laudo Pericial, fixado pelo MM. Juiz
às fls 140 dos autos, estabelece um prazo de 03 (três) dias para que o requerido esteja à disposição, e,
caso seja possível, encaminhá-lo à Rua Mato Grosso, 219, sala 203, Barro Preto, Belo Horizonte, MG.

Diante do exposto, firma o presente para todos os fins de direito.

Belo Horizonte, 03 de março de 2015.

FERNANDO F. DIAS FILHO


PERITO DO JUÍZO - CONTADOR
CRC/MG 00.503

63
ESTUDO DE CASO I
Plano Pericial

Processo: Ação: Data da nomeção:


Comarca: Vara: Prazo de entrega:
Advogado do Autor: e-mail Fone:
Advogado do Réu: e-mail Fone:
A.Técnico do Autor: e-mail Fone:
A.Técnico do Réu: e-mail Fone:
Objeto pericial: Observações:

Termo de Diligência
Nº Quesito Procedimentos e documentos que serão analisados Documentos (serão solicitados) Autor Réu Outros Horas
UNIDADE IV: EXEMPLO DE LAUDO PERICIAL CONTÁBIL – ÁREA FAZENDÁRIA

LAUDO PERICIAL

AÇÃO ORDINÁRIA

Processo nº 024.05.999888-7

5ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA E AUTARQUIAS DA COMARCA DE BELO HORIZONTE

Meritíssimo Juiz de Direito Dr. Silva Silva e Silva

Requerente: POWERPC SA
Requerida: NIPARDI SA -

OBJETO DA PERÍCIA: verificação na escrita contábil das partes, no período de março a novembro de
1986, dos pagamentos efetuados de contas de energia elétrica da classe industrial, bem como apuração do
quantum a receber.

ADVOGADOS:

Requerente: Osama Bim OAB/MG 00.000


Requerido: Bim Osama OAB/MG 00.000

ASSISTENTE TÉCNICO:

Requerente: Pardini Domiciliar CRC/MG 00.000


Requerido: Domiciliar Pardini CRC/MG 00.000

PERITO DO JUÍZO:

Contador Fernando Ferreira Dias Filho CRC/MG 00.503


Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
RESUMO DOS AUTOS

O processo em tela trata-se de uma AÇÃO ORDINÁRIA proposta pela POWERPC SA Rica S.A. contra a
NIPARDI SA e PEROBRAS.

As Requerentes, consoante inicial, em síntese, argumentam que no ano de 1986 foram compelidas pela
Requerida a efetuar pagamento das contas de fornecimento de energia elétrica com majoração de preços,
nos termos da Portaria 38, de 28 de fevereiro de 1986, alterada pela Portaria 45, de 4 de março do mesmo
ano, do DNAEE.

Seguem argumentando sobre a ilegalidade das referidas Portarias, diante ao disposto no Decreto-Lei 2.283,
de 27 de fevereiro de 1986, que congelou todos os preços vigentes no país. Diante desse congelamento,
dizem que houve cobrança indevida de tarifas.

Requerem a concessão de medida antecipatória para que a NIPARDI SA expurgue da conta de energia
elétrica o montante equivalente ao aumento.

Solicitam que seja julgada procedente a ação, com a condenação das Rés a restituírem as quantias
equivalentes a 20% (vinte por cento) do valor das tarifas de energia cobradas no período de março a
novembro de 1986, bem como os valores pagos a partir desta data, acrescidos de correção monetária,
contada da data de cada pagamento efetuado, e de juros de mora. Por fim, requerem a condenação das
Rés aos pagamentos das custas processuais e honorários advocatícios.

Em sua contestação, em síntese, a NIPARDI SA argumenta carência da ação, alegando que as Autoras
não provaram que os pagamentos reclamados foram efetuados mediante coação; argumenta da prescrição
qüinqüenal, conforme Decreto 20910/32 e Decreto-Lei 4597/42; e da decadência do direito de repetição.

Segue dizendo que não há inconstitucionalidade nas Portarias ora citadas e que o artigo 36 do Decreto-Lei
2283/86 não veda a revisão tarifária, e sim contempla a revisão periódica dos serviços tarifários eletro-
energéticos.

Afirma que a Portaria 45/86 foi revogada pela Portaria 153/86, que estipulou um valor certo para as novas
tarifas, em moeda corrente e não em percentual, não havendo o que se falar em reflexos nos períodos
subsequentes.

Requer que sejam acolhidas todas as preliminares ou julgado improcedente o presente feito e que, na
eventualidade de ser acolhido o pedido, seja fixada a correção a partir da citação da Ré.

Em sua contestação, em síntese, a PEROBRÁS argumenta que as Autoras não comprovaram o consumo
de energia e requer a extinção do processo sem análise de mérito. Informa que os valores questionados
foram repassados aos consumidores finais.

Alega a prescrição qüinqüenal e sua ilegitimidade passiva, em função de não ser beneficiária da tarifa de
fornecimento.

Informa sobre a legalidade do aumento ora em discussão, que a Portaria 45/86 deve ser analisada nos
termos do Decreto 2283/86 e que a edição do referido Diploma constituiu ato jurídico perfeito.

Requer que sejam acolhidas todas as preliminares, solicita a improcedência do presente feito e a
condenação das Autoras ao pagamento das custas processuais, honorários advocatícios e demais
cominações legais.

Em sentença proferida pelo MM Juízo monocrático - fls 2123/2165 e 2222/2333 - o pedido da Rica s/a foi
julgado improcedente em função da mesma pertencer à classe comercial na época.

O pedido formulado pela Autora POWERPC SA contra a NIPARDI SA foi julgado parcialmente procedente.
A foi condenada a devolver a diferença equivalente ao aumento das tarifas recolhidas com base nas
Portarias 038 e 045/86, do DNAEE, no período m que vigorou o congelamento, até a edição da Portaria
153/86, com atualização monetária a partir do efetivo pagamento e juros contados da citação. Foi
condenada também ao pagamento das custas e despesas processuais, bem como dos honorários
advocatícios.

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Perícia Contábil 2016

Na Apelação impetrada, o Egrégio Tribunal de Justiça rejeita a preliminar e nega provimento, consoante fls,
2555 dos autos. O Tribunal também, em fls. 2530 dos autos, acorda em rejeitar os Embargos de
Declaração.

Em fls. 2578 dos autos, é requerida pela a Autora a realização de Perícia Contábil, sendo a mesma deferida
pelo MM. Juiz às fls. 2579.

METODOLOGIA APLICADA

OBSERVAÇÕES PRELIMINARES

Logo após a retirada dos autos, procedeu-se a análise identificando a documentação essencial para a
fundamentação das respostas aos quesitos formulados e apresentados pelos litigantes às fls. 25/26 e 29/81
dos autos, bem como para atender ao objeto da perícia.

Com base no artigo 429 do CPC e nas Normas Brasileira de Contabilidade - NBC T 13 - da Perícia - itens
13.3.4, 13.3.5 e13.3.6, solicitou-se, junto às partes, a documentação e informações necessárias para a
elaboração do Laudo Pericial, através de Termos de Diligência datados de 08 de julho 2004, conforme
Anexos I e II deste Laudo.

Decorridos 50 (cinqüenta) dias, a Autora não havia ainda disponibilizado a documentação solicitada. Assim,
este Perito, consoante fls. 900 dos autos, solicitou ao MM. Juiz a prorrogação do prazo de entrega do Laudo,
sendo tal pedido deferido em fls. 900.

Em 31 de agosto de 2004, foram solicitadas novamente para Autora a documentação e informações


necessárias para a elaboração do Laudo Pericial. Tal requerimento foi formalizado pela reemissão do Termo
de Diligência, conforme Anexo I deste laudo. Estabeleceu-se um prazo de 5 (cinco) dias para que a
documentação estivesse à disposição da Perícia. Posteriormente, em 24 de setembro, o referido Termo de
Diligência foi encaminhado novamente para a Autora, através de e-mail.

Em 1º de outubro de 2004, foi entregue a este Perito, pelo i. patrono da Autora o Dr. Daniel Magalhães
Pimenta, cópias dos registros contábeis do livro Diário relativos ao período de março a novembro de 1986,
das empresas POWERPC SA e Rica S/A .

EXAMES E PROCEDIMENTOS ADOTADOS

Os procedimentos utilizados para a elaboração do Laudo Pericial foram embasados nas Normas Periciais
Contábeis, considerando as documentações e informações colocadas à disposição da Perícia, procurando
sempre se isentar do entendimento e da aplicabilidade das normas legais, por se tratar de MÉRITO
especificamente do Juízo.

Uma via deste trabalho foi encaminhada para os Assistentes Técnicos das partes.

I – Objeto e período de análise

Os trabalhos periciais tiveram como objeto as diferenças de aumento pagas nas contas de energia elétrica
da empresa POWERPC SA, referentes à classe industrial e geradas pela aplicação da Portaria 045 do
DNAEE.

De acordo com as informações colhidas na parte POWERPC SA e junto à NIPARDI SA, a Autora consumia
energia elétrica na classe industrial, em Belo Horizonte, nas seguintes localidades:

Rua Joan,100 Referência 0000-00 Classificação 02-01-0-54;


Rua Sende,99 Referência 0000-00-02- / Classificação 02-01-0-54.

As análises foram efetuadas nos meses de março a novembro de 1986, considerando-se o período em que
vigorou a Portaria acima referida - 05/03/86 a 26/11/86.

67
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
II - Diligências - Análise da Escrituração Contábil

Este Perito esteve na sede da Autora, localizada nesta capital, na Av JJ. 100, nos dias 18 (dezoito) e 19
(dezenove) de outubro, pela manhã. Os Assistentes Técnicos das partes foram convidados para
participarem da diligência. Nenhum dos dois compareceram. Os trabalhos foram acompanhados nos dias 18
e 19 pelo funcionário da Autora, o Técnico em Contabilidade Sr. DDDD e no dia 18, pelo I. patrono da
Autora, o Dr. Bim.

Foram analisados os livros Diários do período objeto dessa discussão, onde identificaram-se os valores das
contas de energia elétrica. Copias desses livros encontram-se no Anexo XII deste Laudo.

Os pagamentos das contas de energia elétrica da Rua Joan - meses de abril e maio de 1986 - e da Rua
Sende - meses de março a maio de 1986 - não foram identificados no livro Diário da Autora.

Não foi possível analisar as contas de energia na escrituração contábil da Ré, conforme o item 5 (cinco) do
Ofício encaminhado por ela e constante em Anexo III, ora transcrito:
“Em função do grande volume de operações , a NIPARDI SA registra de forma sintética
nos livros contábeis o seu faturamento. Desta forma, não existem condições de
identificar as faturas de energia da Autora.”

III – Metodologia de Cálculo

Os valores apresentados pela Perícia foram apurados considerando-se os documentos e informações


disponibilizadas pela NIPARDI SA, e a análise efetuada nos livros Diário da Autora.
9
Para a elaboração dos cálculos foi aplicado um percentual de 16,67% sobre os valores faturados, que
representa os 20% de aumento determinado na Portaria 045. No entanto, para os meses de março, abril e
dezembro, o cálculo foi proporcional em virtude deste período ser afetado também pelas Portarias do
DNAEE 018 e 153 de 1986. Assim, apuraram-se as seguintes percentagens nesses meses: Rua Sende
(março 2,10% e dezembro 10,96%); Rua Joan (abril 16,18% e dezembro 13,45%).

A metodologia do cálculo proporcional encontra-se em Anexo VI deste Laudo.

IV - Valores Apurados

São apresentados para a apreciação do MM. Juiz dois valores distintos:


a) Considerando apenas os valores referentes ao Importe (demanda e consumo);
b) Considerando o valor de Importe (demanda e consumo) mais o valor do Empréstimo Compulsório.

A Ré argumenta que os valores referentes ao Empréstimo Compulsório deverão ser deduzidos para se
apurar o quantum a ser restituído. Este Perito, S.M.J., entende que tal apreciação foge à sua competência
técnica, cabendo tal análise ao MM. Juiz.

Para um melhor esclarecimento ao Juízo, foi apresentado na resposta ao quesito 13 (treze) da Autora que
se segue:
O empréstimo compulsório foi instituído em favor da PEROBRAS para financiar a expansão
do setor energético do País. Tratava-se de um valor quitado junto com as contas de energia
elétrica. Esses valores constituíram-se em créditos para as organizações, sendo
reconhecidos contabilmente em seus Ativos, podendo ser resgatados ou convertidos em
ações.

O Cálculo do aumento do Empréstimo Compulsório foi elaborado mensalmente com base na proporção dos
valores referentes ao Consumo, conforme planilha constante em Anexo X deste Laudo.

V - Atualização Monetária e Juros


Os valores apurados foram atualizados a partir do efetivo pagamento e acrescidos de juros de 0,50% (meio
por cento) ao mês até da data da Perícia, contados a partir da citação, de acordo com a sentença proferida
em fls. 900, 900 e Acordãos do Tribunal de Justiça em fls. 900 e 900 desses autos.

Para a atualização monetária, utilizou-se a Tabela da Corregedoria do TJMG, datada de 13 de outubro de


2006.

9
Exemplo: 100 com aumento de 20% = 120. 20 representa 16,67% de 120 (20 ÷120 x 100).
68
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

Na atualização, não foram considerados os expurgos inflacionários dos Planos Econômicos referentes aos
meses de janeiro de 1989, março, abril, maio de 1990 e fevereiro de 1991. Conforme nota apresentada na
referida Tabela da Corregedoria - Anexo XIII deste Laudo - caso o MM Juiz entenda que tais percentuais
devam ser aplicados sobre os montantes ora apurados, este Perito coloca-se à disposição para
apresentação dos cálculos.

Os seguintes Anexos também fazem parte deste Laudo:

I - Termos de Diligência enviados para a Autora;


III - Termos de Diligência enviados para a Ré;
III - Ofícios encaminhados pela Ré;
IV - Relatórios estatísticos de faturamento encaminhados pela Ré – Rua Joan e
Rua Sende;
V - Planilha com os valores das faturas da Rua Joan, encaminhada pela Ré;
VI - Metodologia de cálculo proporcional das faturas, encaminhada pela Ré;
VII - Cálculo I: valores apurados dos aumentos do Importe (demanda e consumo),
acrescidos de atualização monetária e juros;
VIII - Cálculo II: valores apurados dos aumentos do Importe (demanda e consumo)
e empréstimo compulsório, acrescidos de atualização monetária e juros;
IX - Planilha com os valores apurados dos aumentos do Importe (demanda e consumo);
X - Planilha com os valores apurados dos aumentos do empréstimo compulsório;
XI - Datas de pagamentos das contas de energia da Rua Sende, encaminhadas
pela Ré.
XII - Cópias dos livros Diários da Autora.
XIII - Cópia da Tabela de Atualização Monetária publicada pela Corregedoria do
TJMG – 10/2004.

Diante dessa exposição, esperando ter apresentado as informações vinculadas ao objeto pericial, passa-se
a responder os quesitos apresentados.

QUESITOS DA RÉ
fls. 2500/2501

QUESITO 01

Confirma o Expert que a Executada NIPARDI SA somente emite faturas de Energia Elétrica em via única, a
qual é entregue ao Consumidor para pagamento, valendo assim como recibo? Se não, justifique.

RESPOSTA
Sim.
Após análises efetuadas, constatou-se que a Executada NIPARDI SA emite apenas uma única via das fatura
de energia elétrica, que é entregue ao consumidor via Correio.

QUESITO 02

Confirma o Expert que as faturas de energia relativas ao período de vigência das Portarias DNAEE 038/86 e
045/86 foram entregues à Exequente, sendo a única a possuí-las? Se não, justifique.

RESPOSTA
Sim.
Conforme resposta ao quesito anterior, a NIPARDI SA emite apenas uma única via das faturas de energia.

Considerando os pagamentos efetuados pela Autora, bem como as informações prestadas pela NIPARDI
SA em Anexo III, IV e V deste laudo, verifica-se que as contas de energia foram entregues.

QUESITO 03

Confirma o Expert que a Executada NIPARDI SA somente arquiva pelo prazo legal os dados de
faturamento? De quanto tempo é esse prazo?

69
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
RESPOSTA
Sim.
Nas diligências efetuadas constatou-se que os dados relativos ao faturamento são arquivados em meio
magnético. Consoante ofício encaminhado pela NIPARDI SA em Anexo III, os referidos dados são mantidos
pelo prazo de 20 (vinte) anos.

QUESITO 04

Sem as Faturas de Energia há possibilidade de apurar COM EXATIDÃO todos os dados constantes dessas
faturas? Se sim, justifique.

RESPOSTA
De acordo com os procedimentos efetuados por este Perito e as informações disponibilizadas nas
diligências realizadas, pode-se afirmar que os dados do faturamento referentes as contas de energias
podem ser apurados através das informações arquivadas pela NIPARDI SA pelo meio magnético.

As referidas informações encontram-se em Anexos III a VI e XI deste Laudo.

QUESITO 05

Sem a posse dessas Faturas de Energia há possibilidade de afirmar COM EXATIDÃO que foram
regularmente quitadas? Se sim, justifique.

RESPOSTA
Sim.
Os pagamentos de faturas de energia elétrica são considerados fatos contábeis que geram nas
organizações variações do patrimônio. De acordo com as doutrinas e os princípios do pensamento contábil,
verifica-se que os documentos de comprovação são considerados formalidades importantes. No entanto,
as variações patrimoniais, aumento ou diminuição, (essência) - são muito mais meritórias e podem ser
visualizadas através da evidenciação e escrituração contábil. Tal entendimento é reflexo do princípio
“essência sobre a forma”.

Os pagamentos realizados pelo POWERPC SA foram analisados com base na escrituração contábil da
Autora, conforme cópias do livro Diário em Anexo XII deste laudo e nos dados das faturas e pagamentos
constantes nas informações apresentadas pela NIPARDI SA - Anexos III a VI e XI.

QUESITO 06

Pode o Expert informar com precisão se a Exequente era Consumidora da Classe Industrial (única afetada
pelas citadas Portarias) ligada ao Sistema NIPARDI SA durante o período de vigência das portarias 38 e
45/86?

RESPOSTA
Sim.
No período de março de 1986 a novembro de 1986 a Exequente era consumidora da classe industrial ligada
ao sistema NIPARDI SA – classificação 02-01-0-54, conforme informações apresentadas pela Executada
em Anexos III a V deste laudo.

QUESITO 07

Pode o Expert informar com precisão o endereço de consumo industrial da Exequente, qual o pertinente
medidor de Energia e a “Referência” (Local/Razão/Rota/Conta) dessas faturas?

RESPOSTA
Em resposta aos Termos de Diligência enviados por este Perito para NIPARDI SA, foram apresentadas as
seguintes informações – Anexos III a VI:

Referência: 00000-00
Endereço: Rua Joan, 100 – Belo Horizonte – MG
Classificação: 02-01-0-54 – industrial
Data da ligação: não consta dos registros
Referência: 0000-020
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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
Endereço: Rua Sende, 99 – Belo Horizonte – MG
Classificação: 02-01-0-54 – industrial
Lig: 01/08/78

QUESITO 08

Pode o Expert informar com precisão se houve e quais foram os consumos de energia faturados com base
nas tarifas da classe industrial pela Exequente ocorridos no período de vigência das Portarias 38 e 45?

RESPOSTA
De acordo com os relatórios estatísticos de faturamento e planilhas apresentadas pela i. Assistente Técnica
da Executada - Anexos IV e V - seguem as informações:

Rua Joan -

Mês/ Demanda Consumo Demanda Consumo Total


ano Kw kwh Tarifa Valor Tarifa Valor (importe)
1 2 3 4 5 = (4 x 2) 6 7 = (6 x 3) 8 = (5 + 7)
abr/86 217 70,56 77,274 16.768,45 277,983 19.614,48 36.382,93
mai/86 214 68,04 77,720 16.632,08 279,590 19.023,30 35.655,38
jun/86 188 71,19 77,720 14.611,36 279,590 19.904,01 34.515,37
jul/86 188 55,44 77,720 14.611,36 279,590 15.500,47 30.111,83
ago/86 188 59,22 77,720 14.611,36 279,590 16.557,32 31.168,68
set/86 188 61,74 77,720 14.611,36 279,590 17.261,89 31.873,25
out/86 208 64,26 77,720 16.165,76 279,590 17.966,45 34.132,21
nov/86 230 77,49 77,720 17.875,60 279,590 21.665,42 39.541,02
dez/86 217 65,52 79,110 17.166,87 284,580 18.645,68 35.812,55
Notas:
a) Mês de abril ==> valores proporcionais, conforme Portaria DNAEE 018 e 045.
b) Mês de dezembro ==> valores proporcionais, conforme Portaria DNAEE 045 e 153.

Rua Sende –

Mês/ Demanda Consumo Demanda Consumo Total


ano kw Kwh Tarifa Valor Tarifa Valor (importe)
1 2 3 4 5 = (4 x 2) 6 7 = (6 x 3) 8 = (5 + 7)
mar/86 252 33,84 66,16 16.672,32 237,99 8.053,51 24.725,83
abr/86 257 40,08 77,72 19.974,04 279,59 11.205,96 31.180,00
mai/86 264 42,48 77,72 20.518,08 279,59 11.876,98 32.395,06
jun/86 283 43,92 77,72 21.994,76 279,59 12.279,59 34.274,35
jul/86 276 48,24 77,72 21.450,72 279,59 13.487,42 34.938,14
ago/86 300 47,76 77,72 23.316,00 279,59 13.353,21 36.669,21
set/86 262 43,20 77,72 20.362,64 279,59 12.078,28 32.440,92
out/86 286 50,40 77,72 22.227,92 279,59 14.091,33 36.319,25
nov/86 259 54,00 77,72 20.129,48 279,59 15.097,86 35.227,34
dez/86 281 48,48 80,22 22.541,82 288,58 13.990,35 36.532,17
Notas:
a) Mês de março ==> valores proporcionais, conforme Portaria DNAEE 018 e 045.
b) Mês de dezembro ==> valores proporcionais, conforme Portaria DNAEE 045 e 153.

QUESITO 09

Pode o Expert informar com precisão se houve e quais foram os valores de Empréstimo Compulsório à
PEROBRAS e demais taxas não relativas a cobrança por fornecimento de energia elétrica nessas faturas?

RESPOSTA
Conforme resposta ao quesito anterior, existiram os seguintes valores referentes ao Empréstimo
Compulsório à PEROBRAS e Taxa de Iluminação pública:

71
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
Rua Joan,

Mês/Ano Empréstimo Iluminaçã


Compulsório o Pública
04/86 6.902,76 3,54
05/86 6.656,23 3,54
06/86 6.694,39 3,54
07/86 5.423,59 3,54
08/86 5.793,38 3,54
09/86 6.039,91 3,54
10/86 6.286,44 3,54
11/86 7.580,71 3,54
12/86 9.267,14 3,54

Rua Sende,

Mês/Ano Empréstimo Iluminaçã


Compulsório o Pública
03/86 3.310,50 3,54
04/86 3.920,95 3,54
05/86 4.155,74 3,54
06/86 4.296,61 3,54
07/86 4.719,23 3,54
08/86 4.672,27 3,54
09/86 4.226,18 3,54
10/86 4.930,54 3,54
11/86 5.282,72 3,54
12/86 6.857,01 3,54

QUESITO 10

Pode o Expert informar com precisão se a energia consumida era de tarifa especial não submetida às
Portarias 38 e 45?

RESPOSTA
Queira por gentileza se reportar às respostas dos quesitos 6, 7, e 8 desta série.

QUESITO 11

Pode o Expert informar com precisão qual os valores de ICMS dessas Faturas?

RESPOSTA
Prejudicado.
No período em análise, não havia incidência do tributo ICMS sobre as faturas de energia elétrica.

QUESITO 12

Pode o Expert informar com precisão se há outros valores constantes dessas faturas que não se tratam
especificamente de Tarifa de Energia Elétrica? Quais são?

RESPOSTA
Queira por gentileza se reportar à resposta do quesito 9 (nove) desta série.

QUESITO 13

Confirma o Expert que deverão ser deduzidos os valores de Empréstimo Compulsório e ICMS, bem como
qualquer outro que não se refira a TARIFA de ENERGIA, para se apurar o quantum a ser restituído? Ou
seja, confirma que os 20% de restituição deverão ser calculados somente sobre o valor da TARIFA DE
ENERGIA?

72
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
RESPOSTA
Prejudicado.
Entende este Perito, S.M.J., que o argüido neste quesito configura questão de julgamento. Assim submete
tal apreciação ao MM. Juiz. No entanto, para uma melhor compreensão dos fatos, apresenta as seguintes
informações:

De acordo com os dados disponibilizados para a Perícia, constatou-se que nas contas de energias
pagas, ora em discussão, além dos valores referentes ao consumo/demanda, estão inseridos os
montantes referentes taxa de iluminação pública e empréstimo compulsório.

O valor da taxa de Iluminação não sofreu alteração no período. Desta forma, não há que se discutir sua
restituição.

O empréstimo compulsório foi instituído em favor da PEROBRAS para financiar a expansão do setor
energético do País. Tratava-se de um valor quitado junto com as contas de energia elétrica. Esses
valores constituíram-se em créditos para as organizações, sendo reconhecidos contabilmente em seus
Ativos, podendo ser resgatados ou convertidos em ações.

Quanto ao ICMS, não havia incidência deste tributo nas contas de energia elétrica do período em
análise.

QUESITO 14

Qual o critério de correção monetária e juros que restou decidido?

RESPOSTA
De acordo com a sentença proferida em fls. 9000, 210 e Acordãos do Tribunal de Justiça em fls. 930 e 980,
ficou decidido que sobre o montante do aumento das tarifas, ora em discussão, incidirão atualização
monetária a partir do efetivo pagamento e juros contados da citação.

QUESITO 15

É verdade que a Executada não é beneficiária da cobrança do Empréstimo Compulsório, do ICMS e demais
taxas que possam haver nas faturas, que não as relativas ao fornecimento da própria energia elétrica?

RESPOSTA
Queira por gentileza se reportar às informações apresentadas em resposta ao quesito 13 (treze) desta série.

QUESITO 16

Pode o Expert informar com precisão qual o valor devido pela Executada?

RESPOSTA
Considerando a ressalva apresentada na resposta ao quesito 13 (treze) desta série, serão apresentados
dois cálculos: a) considerando apenas o valor do Importe (demanda e consumo) e b) considerando o valor
de Importe (demanda e consumo) mais o valor do Empréstimo Compulsório.

Diante do exposto, submete à apreciação do MM. Juiz os seguintes valores encontrados:

CÁLCULO I

Considerando apenas os valores referentes ao Importe (demanda e consumo)

Rua Joan Rua Sende Totais


Valor atualizado 4.450,38 4.450,05 8.900,43
Juros 2.119,28 2.119,11 4.238,39
Totais 6.569,66 6.569,16 13.138,82

73
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

Conforme quadro acima, considerando-se apenas os valores referentes ao Importe, apurou-se um


montante total de R$ 13.138,82 (treze mil, cento e tinta e oito reais e oitenta centavos).

CÁLCULO II

Considerando o valor de Importe (demanda e consumo) acrescido do valor do Empréstimo Compulsório.

Rua Joan Rua Sende Totais


Valor atualizado 5.317,50 5.056,62 10.374,12
Juros 2.532,20 2.407,96 4.940,16
Totais 7.849,70 7.464,58 15.314,28

Conforme quadro acima, considerando-se o valor do Importe acrescido do valor do Empréstimo


Compulsório, apurou-se um montante de R$ 15.314,28 (quinze mil, trezentos e quatorze reais e vinte e
oito centavos).

QUESITOS DA AUTORA
fls. 2579/2581
QUESITO I

Queira o i. expert informar os valores recolhidos pela autora a título de tarifa de energia elétrica no período
de 05 de março a 26 de novembro de 1986.

RESPOSTA
Em resposta ao quesito seguinte, com base nas informações disponibilizadas, foram apresentados os
valores referentes às faturas de energia do período de março a novembro de 1986 - Empréstimo
Compulsório, Iluminação Pública, Demanda e Consumo. Queira por gentileza se reportar.

QUESITO II

Qual o valor total recolhido pela autora referente as contas de energia elétrica no período acima delimitado?

RESPOSTA
De acordo com as informações apresentadas pela i. Assistente Técnica da Executada - Anexos III a V e XI -
seguem as informações:

Rua Joan,

Mês/Ano Empréstimo Iluminação Demanda Consumo Importe Valor Total Data de


Compulsório Pública da Fatura Pagato
04/86 (*) 6.902,76 3,54 16.768,45 19.614,48 36.382,93 43.289,23 30/04/86
05/86 6.656,23 3,54 16.632,08 19023,30 35.655,38 42.315,15 30/05/86
06/86 6.694,39 3,54 14.611,36 19.904,01 34.515,37 41.483,30 03/07/86
07/86 5.423,59 3,54 14.611,36 15.500,46 30.111,82 35.538,95 01/08/86
08/86 5.793,38 3,54 14.611,36 16.557,31 31.168,67 36.965,59 04/09/86
09/86 6.039,91 3,54 14.611,36 17.261,88 31.873,24 37.916,69 02/10/86
10/86 6.286,44 3,54 16.165,76 17.966,45 34.132,21 40.422,19 03/11/86
11/86 7.580,71 3,54 17.875,60 21.665,42 39.541,02 47.125,27 04/12/86
12/86 (*) 9.267,14 3,54 17.166,87 18.645,68 35.812,55 45.083,23 12/01/87
Notas:
(*) Faturamento proporcional Portarias DNAEE 018 e 045 de 1986.
(**) Faturamento proporcional Portarias DNAEE 045 e 153 de 1986.

Rua Sende

Mês/ano Empréstimo Iluminação Demanda Consumo Importe Valor Total Data de


Compulsório Pública (D) (C) (D) + (C) da Fatura Pagto
03/86 (*) 3.310,50 3,54 16.672,32 8.053,51 24.725,83 28.039,87 30/04/86
04/86 3.920,95 3,54 19.974,04 11.205,96 31.180,00 35.104,43 30/04/86
05/86 4.155,74 3,54 20.518,08 11.876,98 32.395,06 36.554,34 30/05/86
06/86 4.296,61 3,54 21.994,76 12.279,59 34.274,35 38.574,50 07/07/86
07/86 4.719,23 3,54 21.450,72 13.487,42 34.938,14 39.660,91 07/08/86

74
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
08/86 4.672,27 3,54 23.316,00 13.353,21 36.669,21 41.345,02 08/09/86
09/86 4.226,18 3,54 20.362,64 12.078,28 32.440,92 36.670,64 06/10/86
10/86 4.930,54 3,54 22.227,92 14.091,33 36.319,25 41.253,33 07/11/86
11/86 5.282,72 3,54 20.129,48 15.097,86 35.227,34 40.513,60 09/12/86
12/86 (*) 6.857,01 3,54 22.541,82 13.990,35 36.532,17 43.392,72 12/01/87
Notas:
(*) Faturamento proporcional Portarias DNAEE 018 e 045 de 1986.
(**) Faturamento proporcional Portarias DNAEE 045 e 153 de 1986.

QUESITO III

No caso da não apresentação das contas pela NIPARDI SA, queira o i. expert informar tais valores através
do Livro Razão do ano de 1986, acostado aos autos pela autora.

RESPOSTA
A NIPARDI SA apresentou os valores das contas de energia referentes ao período em discussão. Através
das diligências efetuadas na sede da Autora, este Perito analisou os livros Diários e constatou que tais
valores são os mesmos constantes na escrituração contábil. Encontram-se em Anexo XII deste Laudo as
cópias dos livros compulsados.

O livro Razão do ano de 1986 foi incinerado, conforme informações colhidas na sede empresa.

QUESITO IV

De acordo com o acórdão de fls. queira o Sr. Perito, efetuar uma planilha mês a mês dos valores pagos a
maior pela autora em suas contas de energia elétrica, devido à majoração ilegal instituída pelas portarias
038/86 (30%) e 045/86 (20%) do DNAEE nas tarifas de energia elétrica.

RESPOSTA
Os cálculos solicitados foram apresentados na resposta ao quesito 16 (dezesseis) da Ré. Queira por
gentileza se reportar a ele.

QUESITO V

No valor supra definido, queira o Sr. Perito acrescentar os juros de mora de 6% mais a correção monetária
pelo IPC, desde a data de cada recolhimento indevido.

RESPOSTA
Gentileza se reportar também à resposta do quesito 16 (dezesseis) da Ré.

Nos valores apresentados, considerou-se a sentença proferida em fls. 2382, 2410 e Acordãos do Tribunal de
Justiça em fls. 900 e 910, em que ficou decidido a incidência da atualização monetária a partir do efetivo
pagamento e juros (meio por cento) ao mês contados da citação.

CONCLUSÃO

Nos termos dispostos na Resolução do Conselho Federal de Contabilidade n° 978 de 19 de setembro de


2003, NBC T 13 – IT 04, apresenta a seguir a conclusão deste trabalho.

A Ré argumenta que os valores referentes ao Empréstimo Compulsório deverão ser deduzidos para se
apurar o quantum a ser restituído. Este Perito, S.M.J., entende que tal apreciação foge à sua competência
técnica, cabendo tal análise ao MM. Juiz.

Diante desse entendimento e após as análises efetuadas, este Perito apresenta dois valores distintos para a
apreciação deste Juízo.

Ressalta-se que o empréstimo compulsório foi instituído em favor da PEROBRAS para financiar a expansão
do setor energético do País. Tratava-se de um valor quitado junto com as contas de energia elétrica. Esses
valores constituíram-se em créditos para as organizações, sendo reconhecidos contabilmente em seus
Ativos, podendo ser resgatados ou convertidos em ações.

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Perícia Contábil 2016
Os valores apurados foram atualizados a partir do efetivo pagamento e acrescidos de juros de 0,50% (meio
por cento) ao mês até a data da Perícia, contados a partir da citação, consoante sentença proferida em fls.
900, 901 e Acordãos do Tribunal de Justiça em fls. 2509 e 2530 desses autos. Para a atualização monetária,
utilizou-se a Tabela da Corregedoria do TJMG, de 13 de outubro de 2006.

Na atualização, não foram considerados os expurgos inflacionários dos Planos Econômicos referentes aos
meses de janeiro de 1989, março, abril, maio de 1990 e fevereiro de 1991. Conforme nota apresentada na
referida Tabela da Corregedoria - Anexo XIII deste Laudo - caso o MM Juiz entenda que tais percentuais
devam ser aplicados sobre os montantes ora apurados, este Perito coloca-se à disposição para
apresentação dos cálculos.

Seguem os valores encontrados:

CÁLCULO I

Considerando apenas os valores referentes ao Importe (demanda e consumo)

Rua Joan Rua Sende Totais


Valor atualizado 4.450,38 4.450,05 8.900,43
Juros 2.119,28 2.119,11 4.238,39
Totais 6.569,66 6.569,16 13.138,82

Conforme quadro acima, considerando-se apenas os valores referentes ao Importe, apurou-se um


montante total de R$ 13.138,82 (treze mil, cento e tinta e oito reais e oitenta centavos).

CÁLCULO II

Considerando o valor de Importe (demanda e consumo) acrescido do valor do Empréstimo Compulsório.

Rua Joan Rua Sende Totais


Valor atualizado 5.317,50 5.056,62 10.374,12
Juros 2.532,20 2.407,96 4.940,16
Totais 7.849,70 7.464,58 15.314,28

Conforme quadro acima, considerando-se o valor do Importe acrescido do valor do Empréstimo


Compulsório, apurou-se um montante de R$ 15.314,28 (quinze mil, trezentos e quatorze reais e vinte e
oito centavos).

Belo Horizonte, 28 de outubro de 2012.

FERNANDO FERREIRA DIAS FILHO


PERITO DO JUÍZO – CONTADOR
CRC/MG 00.503

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Perícia Contábil 2016

RELAÇÃO DE ANEXOS

I – Termos de Diligência enviados para a Autora;

II – Termos de Diligência enviados para a Ré;

III – Ofícios encaminhados pela Ré;

IV – Relatórios estatísticos de faturamento encaminhados pela Ré – Rua Joan e


Rua Sende;

V - Planilha com os valores das faturas da Rua Joan, encaminhada pela Ré;

VI – Metodologia de cálculo proporcional das faturas, encaminhada pela Ré;

VII – Cálculo I: valores apurados dos aumentos do Importe (demanda e consumo),


acrescidos de atualização monetária e juros;

VIII – Cálculo II: valores apurados dos aumentos do Importe (demanda e consumo)
e empréstimo compulsório, acrescidos de atualização monetária e juros;

IX – Planilha com os valores apurados dos aumentos do Importe (demanda e consumo);

X – Planilha com os valores apurados dos aumentos do empréstimo compulsório;

XI – Datas de pagamentos das contas de energia da Rua Sende, encaminhadas


Pela Ré.

XII – Cópias dos livros Diários da Autora.

XIII – Cópia da Tabela de Atualização Monetária publicada pela Corregedoria do


TJMG – 10/2004.

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Perícia Contábil 2016

ANEXO I - ARTIGOS DO CPC – LEI 13.105 DE 16 DEMARÇO DE 2015

CAPÍTULO II
DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES
(...)

Seção III
Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas
(...)

Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada
pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por
ambas as partes.
o
§ 1 O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o
valor correspondente.
(...)

CAPÍTULO III
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
(...)

Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização
judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o
tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.
(...)

Seção II
Do Perito

Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico.
o
§ 1 Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos
devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.
o
§ 2 Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial
de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe,
ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de
órgãos técnicos interessados.
o
§ 3 Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, considerando a
formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados.
o
§ 4 Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão
técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos
profissionais que participarão da atividade.
o
§ 5 Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre
escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do
conhecimento necessário à realização da perícia.
Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência,
podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
o
§ 1 A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento
supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la.
o
§ 2 Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos para
habilitação à consulta de interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a
capacidade técnica e a área de conhecimento.
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à
parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das
demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das
medidas que entender cabíveis.

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Perícia Contábil 2016
CAPÍTULO XII - DAS PROVAS
Seção I
Disposições Gerais

Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que
não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz.
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do
mérito.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e
indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que
considerar adequado, observado o contraditório.
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
o
§ 1 Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva
dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário,
poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que
deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
o o
§ 2 A decisão prevista no § 1 deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte
seja impossível ou excessivamente difícil.
o
§ 3 A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
o o
§ 4 A convenção de que trata o § 3 pode ser celebrada antes ou durante o processo.
Art. 374. Não dependem de prova os fatos:
I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - admitidos no processo como incontroversos;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente
acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial.
(...)

Seção VII
Da Prova Documental
Subseção I
Da Força Probante dos Documentos
(...)

Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos
os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor de seu autor no litígio
entre empresários.
Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao
interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados em conjunto, como unidade.
Art. 420. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros empresariais e dos documentos
do arquivo:
I - na liquidação de sociedade;
II - na sucessão por morte de sócio;
III - quando e como determinar a lei.
(...)

Seção X
Da Prova Pericial

Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.


o
§ 1 O juiz indeferirá a perícia quando:

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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.
o
§ 2 De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova
técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade.
o
§ 3 A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido
da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico.
o
§ 4 Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto de seu
depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de
esclarecer os pontos controvertidos da causa.
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do
laudo.
o
§ 1 Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;
II - indicar assistente técnico;
III - apresentar quesitos.
o
§ 2 Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:
I - proposta de honorários;
II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais.
o
§ 3 As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco)
dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95.
o
§ 4 O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor do perito no
início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos
os esclarecimentos necessários.
o
§ 5 Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o
trabalho.
o
§ 6 Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação de perito e à indicação de assistentes
técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia.
Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de
compromisso.
o
§ 1 Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.
o
§ 2 O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames
que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.
Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, nomeará novo perito.
Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado.
o
§ 1 No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda,
impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.
o
§ 2 O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob
pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos.
o o
§ 3 Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2 , a parte que tiver realizado o adiantamento dos
honorários poderá promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, com
fundamento na decisão que determinar a devolução do numerário.
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos
pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos.
Art. 470. Incumbe ao juiz:
I - indeferir quesitos impertinentes;
II - formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa.
Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento, desde que:
I - sejam plenamente capazes;
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.
o
§ 1 As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização
da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados.
o
§ 2 O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.
o
§ 3 A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz.

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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as
questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.
Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos
especialistas da área do conhecimento da qual se originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
o
§ 1 No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando
como alcançou suas conclusões.
o
§ 2 É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o
exame técnico ou científico do objeto da perícia.
o
§ 3 Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios
necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de
terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias
ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a
produção da prova.
Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz
poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente técnico.
Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá conceder-
lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado.
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da
audiência de instrução e julgamento.
o
§ 1 As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15
(quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo
parecer.
o
§ 2 O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer ponto:
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público;
II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte.
o
§ 3 Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o
assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob
forma de quesitos.
o
§ 4 O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência
da audiência.
Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento ou for de natureza médico-
legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados, a cujos
diretores o juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame.
o
§ 1 Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir a determinação judicial
com preferência, no prazo estabelecido.
o o
§ 2 A prorrogação do prazo referido no § 1 pode ser requerida motivadamente.
o
§ 3 Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e da firma, o perito poderá requisitar, para efeito de
comparação, documentos existentes em repartições públicas e, na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa a
quem se atribuir a autoria do documento lance em folha de papel, por cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para
fins de comparação.
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que
o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo
perito.
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia quando a matéria não
estiver suficientemente esclarecida.
o
§ 1 A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual
omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.
o
§ 2 A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.
o
§ 3 A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra.
(...)

81
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

ANEXO II – Organograma do Poder


Judiciário

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal Superior Tribunal Superior Superior


Tribunal de Eleitoral do Trabalho Tribunal Militar
Justiça

Tribunal de Tribunal de Tribunal Tribunal Tribunal


Justiça Justiça Regional Regional Regional do
Militar Federal Eleitoral Trabalho

Tribunal Juiz de Conselho Juiz Juiz Juiz do Auditoria


do Júri Direito de Justiça Federal Eleitoral; Trabalho Militar
Junta
Eleitoral

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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

ANEXO III – Planilha de elaboração de honorários da ASPEJUDI/MG


O valor mínimo da hora de trabalho para perícias judiciais é, atualmente, de R$ 362,00.

83
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
ANEXO IV:

RESOLUÇÃO CFC N.º 1.502, de 19 de FEVEREIRO de 2016.

Dispõe sobre o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC)


do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e dá outras
providências.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Considerando o disposto na Lei n.º 13.105, de 16 de março de 2015, Código de Processo Civil brasileiro, em seu Art.
156, que dispõe que o juiz será assistido por perito e que determina aos tribunais a realização de consultas aos
conselhos de classe para formação de seu cadastro de profissionais legalmente habilitados.

Considerando a NBC PP 01, de 27 de fevereiro de 2015, que dispõe sobre perito contábil;

Considerando a NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015, que dispõe sobre perícia contábil;

Considerando a importância de se estimular o estudo das Normas Brasileiras de Contabilidade inerentes à área de
Perícia;

Considerando o disposto no Decreto-Lei n.º 9.295, de 27 de maio de 1946, em seu Art. 6º, alínea “f”, alterado pela Lei
n.º 12.249, de 11 de junho de 2010, que compete ao CFC regular acerca do Cadastro de Qualificação Técnica e do
Programa de Educação Continuada e editar normas brasileiras de contabilidade de natureza técnica e profissional; e

Considerando a necessidade de se conhecer o âmbito de atuação dos peritos contábeis, sua formação profissional,
atualização do conhecimento e experiência,

R E S O L V E:

Art. 1° Criar o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Art. 2º Os contadores que exercem atividades de perícia contábil terão até 31 de dezembro de 2016 para se
cadastrarem no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis do CFC, por meio dos portais dos Conselhos Regionais de
Contabilidade (CRCs) e no portal do CFC, inserindo todas as informações requeridas.

§ 1º Para a validação do cadastro, o contador deverá comprovar experiência em perícia contábil, anexando, no
mínimo, um dos documentos a seguir:

I – cópia da Ata ou Despacho Judicial, contendo a nomeação e o protocolo de entrega do Laudo


Pericial para comprovar a sua atuação como perito do juízo;

II – cópia da Petição com a indicação formal e o protocolo de entrega do Parecer Técnico Pericial
para comprovar a atuação como perito assistente indicado pelas partes no processo judicial;

III – cópia do documento que formalizou sua contratação e a entrega do Laudo Pericial ou do Parecer
Técnico Pericial para comprovar atuação como perito em demandas extrajudiciais que envolvam
formas alternativas de solução de conflitos;

IV – cópia do ato relativo à sua nomeação ou certidão emitida por órgão policial para comprovar sua
atuação como perito oficial em demandas de natureza criminal.

§ 2º As comprovações exigidas nos incisos “I” e “II” poderão ser substituídas por certidões emitidas
pelo Poder Judiciário.

§ 3º As comprovações exigidas no inciso “III” poderão ser substituídas por certidão emitida por
tribunais de arbitragem e mediação, legalmente constituídos.

Art. 3º Atendidas às exigências previstas no artigo anterior, a inscrição no CNPC será concedida pelo CFC em até 30
(trinta) dias da data da solicitação, cujo cadastro, conterá, no mínimo, as seguintes informações do profissional:
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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

I – nome completo;
II – número de registro no CNPC;
III – número do registro profissional no Conselho Regional de Contabilidade;
IV – endereço eletrônico;
V – telefone de contato;
VI – domicílio profissional relativo às atividades de perícia contábil;
VII – especificação da(s) área(s) de atuação como perito contábil; e
VIII – curriculum definido em até 350 (trezentos e cinquenta) caracteres, elaborado pelo próprio
perito.

Art. 4º Compete, exclusivamente, ao CFC a manutenção, a avaliação periódica e a regulamentação do CNPC.

Art. 5º O profissional inscrito no CNPC é responsável pela confirmação de seus dados cadastrais, os quais poderão ser
atualizados, exclusivamente, via e-mail registro@cfc.org.br.

Art. 6º A partir de 1º de janeiro de 2017, o ingresso no CNPC estará condicionado à aprovação em exame específico,
regulamentado pelo CFC.

Art. 7º A permanência do profissional no CNPC estará condicionada à obrigatoriedade do cumprimento do Programa


de Educação Profissional Continuada, que será regulamentado pelo CFC.

Art. 8º Serão baixados do CNPC os profissionais que:

I – solicitarem a baixa;
II – forem suspensos do exercício profissional, nos termos das alíneas “d” e “e” do Art. 27 do
Decreto-Lei n.º 9.295/1946, em decisão transitada em julgado;
III – forem cassados do exercício profissional, nos termos da alínea “f” do Art. 27 do Decreto-Lei n.º
9.295/1946, em decisão transitada em julgado;
IV – tiverem os seus registros baixados pelos CRCs; e
V – não atingirem, anualmente, a pontuação mínima exigida no Programa de Educação Profissional
Continuada, nos termos do Art. 7º.

Parágrafo único. A baixa do registro dos profissionais no CNPC que se enquadrarem nos incisos II, III, e IV será de
ofício, e o inciso V, somente após o trânsito em julgado do processo.

Art. 9º O restabelecimento do registro no CNPC estará condicionado à apresentação de certificado de aprovação no


exame específico, previsto no Art. 6º, e à regularização das condições que determinaram a exclusão, prevista nos
incisos de I a III do Art. 8º.

Parágrafo único. Comprovado as exigências para o restabelecimento do registro, será mantido o mesmo número de
registro original concedido anteriormente.

Art. 10. As Certidões de Registro no CNPC, quando requeridas pelos tribunais e demais interessados, serão emitidas
eletronicamente via portais dos CRCs ou CFC.

Art. 11. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 19 de fevereiro de 2016.

Contador José Martonio Alves Coelho


Presidente

85
Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016
ANEXO V: ESTUDO DE CASO I – Receita Federal
Autor: Receita Federal
Ré: Velas Ltda.

Após ter fiscalizado a Ré, a Receita Federal encontrou várias irregularidades. Dentre elas o não pagamento
do IR e CS.

A Receita está processando a Ré. Ela solicitou a prova pericial contábil. O processo está na fase de
instrução.

A empresa Velas Ltda. ao final de um exercício de atividades apresentou as seguintes demonstrações


contábeis:

Demonstração do Resultado em 31/12/12


Velas Ltda.

Vendas líquidas 75.000


Compras (68.500)
6.500
Despesas Operacionais
Salários 8.500
Aluguel 4.550
Despesas de Conservação 1.500
Diversas 1.400 (15.950)

Prejuízo líquido (9.450)

Balanço Patrimonial em 31/12/12


Velas Ltda.

Caixa 3.550
Veículo 5.000
Patrimônio Líquido 8.550

O Perito através dos levantamentos efetuados, in loco, identificou as seguintes informações:

01) As únicas transações registradas na contabilidade foram aquelas em que foi recebido ou desembolsado
dinheiro, portando o saldo da conta caixa está correto;
02) O negócio foi estabelecido em 01/01/12 com um investimento inicial de 15.000, em dinheiro. Um
investimento adicional de R$ 3.000,00 em dinheiro foi feito em 01/07/12.
03) O material de consumo de R$ 900,00, comprado durante o ano, foi debitado em compras. O perito
identificou que tinha R$ 300,00 deste material em estoque.
04) O inventário final revelou um estoque de mercadorias de R$ 20.000,00.
05) Um equipamento comprado por R$ 4.000,00 em 01/08/12, a prazo, não foi contabilizado.
06) A depreciação não foi contabilizada. O veículo, comprado em janeiro de 2012, tem vida útil de 5 anos e o
equipamento de 10 anos.

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Perícia Contábil 2016

LAUDO PERICIAL

AÇÃO _______________________

Processo nº ____________________

____ VARA____________ DA COMARCA DE BELO HORIZONTE

Meritíssimo Juiz de Direito Dr. _______________________________________

Autora:

Réu:

OBJETO DA PERÍCIA:

ADVOGADOS:

Autora: OAB/MG

Réu: OAB/MG

ASSISTENTES TÉCNICOS:
Autora:

Réu:

PERITO DO JUÍZO: CRC/MG:

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Professor Fernando Dias
Perícia Contábil 2016

RESUMO DOS AUTOS

O processo em tela trata-se de uma ação de Execução em que a Receita Federal propõe contra a empresa
Velas Ltda. A Autora, com base no auto de infração originado pela auditoria fiscalizatória realizada na
empresa, requer o pagamento de diferenças de impostos apurados, ou seja, Imposto de Renda e
Contribuição Social. Alega que a empresa não reconheceu contabilmente as variações patrimoniais em
consonância com os dispositivos legais; princípios contábeis e normas reguladoras de Tributos Federais. A
empresa, ora Ré, contesta as alegações da Receita Federal e afirma que a fiscalização não verificou todos
os dados e documentos exigidos pelo caso. Alega que pagou todos os tributos apurados, não recolhendo o
Imposto de Renda e a Contribuição Social, no último exercício, em virtude da empresa ter apurado prejuízo
contábil e fiscal.

METODOLOGIA APLICADA

Informações Preliminares

Logo após a retirada dos autos, procedeu-se a análise identificando a documentação essencial para a
fundamentação das respostas aos quesitos formulado e apresentado pela Autora fls. 295/296, bem como
para atender ao objeto da perícia.

Com base no artigo 429 do CPC e nas Normas Brasileira de Contabilidade - NBC T 13 - da Perícia - itens
13.3.4, 13.3.5 e 13.3.6, solicitou-se, junto à Empresa Ré, a documentação e informações necessárias para a
elaboração do Laudo Pericial. O requerimento foi procedido por meio de Termo de Diligência (Anexo I do
laudo pericial). Parte das informações não havia sido disponibilizada. O Termo de Diligência foi novamente
emitido e reencaminhado. Os documentos foram apresentados para a perícia logo depois.

Procedimentos adotados

Os procedimentos utilizados para a elaboração do Laudo Pericial foram embasados nas Normas Periciais
Contábeis, considerando-se os documentos e as informações colocadas à disposição da Perícia,
procurando sempre se isentar do entendimento e da aplicabilidade das normas legais, por se tratar de
MÉRITO especificamente do Juízo.

Destaques

1.

2.

Os seguintes anexos também fazem parte deste Laudo Pericial:

I-

II -

III -

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Perícia Contábil 2016

QUESITOS DA AUTORA
Fls. 295/296

QUESITO 01

O Resultado apurado pela empresa está correto? Caso negativo, gentileza listar as principais incorreções.

RESPOSTA:

QUESITO 02

Poderia o i. Perito apresentar o valor correto do Resultado e os valores do IRPJ e da CS?

RESPOSTA:

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QUESITO 03

Poderia o Expert apresentar os valores da reserva de legal e dos dividendos no percentual de 50%,
conforme determinações do Estatuto.

RESPOSTA:

QUESITO 04

Queira por gentileza apresentar o novo Balanço Patrimonial, considerando o valor correto do resultado, dos
tributos IR/CS, das Reservas (legal e estatutária) e dos dividendos.

RESPOSTA:

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Perícia Contábil 2016

CONCLUSÃO

Nos termos dispostos NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBC TP 01, DE 27 DE FEVEREIRO


DE 2015, apresenta a seguir a conclusão deste trabalho.

O laudo foi elaborado considerando-se os documentos constantes nos autos e os documentos e


informações disponibilizadas pelas Autoras. Os procedimentos e as análises efetuadas encontram-se
materializadas nas respostas aos quesitos, na metodologia aplicada e nos anexos deste trabalho. Visando a
maiores esclarecimentos, faz-se necessário destacar o que se segue:

Belo Horizonte, _____ de ______________ de _____.

__________________________________

Nome:
Perito Contador - CRCMG

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TERMO DE ENCERRAMENTO

Nada mais havendo a expor, dá-se por finalizado o presente trabalho que se apresenta em _______
(_________) folhas impressas por processamento de dados só no anverso do papel, numeras de 1 (um) a
_______ (_________) no rodapé.

Na oportunidade, agradecemos a V.Exa. a nomeação e esperando ter cumprido fielmente o designado,


coloca-se à disposição desse Juízo para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários.

Belo Horizonte, _____ de ______________ de _____.

__________________________________

Nome:
Perito Contador - CRCMG

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RELAÇÃO DE ANEXOS

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ANEXO VI Tabela de Atualização do TJMG para janeiro de 2016

Observação: a tabela encontra-se em arquivo PDF separado no Portal.

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