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INFANTIL
VANILDA VALVERDE
AGRADECIMENTOS
Ao nosso Deus pelo dom precioso da vida, pela fé e perseverança para vencer os obstáculos que me
fora proposto. A minha orientadora professora Claudine Oliveira pelas orientações ao longo de toda
pesquisa e construção de todo o trabalho. Agradeço ao professor Reginaldo Alves que esteve
conosco em nossos primeiros passos. Enfim, sou grata a minha família que me deu incentivos e
apoio durante o período em que estive estudando.
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RESUMO
O presente artigo teve como objetivo conhecer a língua nas suas modalidades oral e escrita na
Educação Infantil. E, através dele, analisar o desenvolvimento das crianças e seu relacionamento
com a linguagem escrita, através da suas características e modalidades, muito antes de seu ingresso
na escola. Aprender a ler significa aprender a ler o mundo, dar significado / significado a ele. Diante
deste contexto, o trabalho proposto, objetiva elencar as principais concepções que norteiam o
processo de leitura e escrita.
Como marco no referencial teórico inspirou-se nos estudos de Vygotsky, Freire, Cagliari, Ferreiro,
Sole, Castro, Barbosa, entre outros. Quanto aos suportes metodológicos, utilizou-se a pesquisa
bibliográfica interpretando-a como a busca de significação do conteúdo teórico exposto pelos
pesquisadores da área e da descoberta dos contextos em que estas se fizeram e como esta proposta
está articulada na escola pelo coordenador pedagógico.
A escolha desse recurso “reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente” (GIL, 1994). Ao
término deste trabalho é possível afirmar que a leitura está estritamente relacionada à escrita, mas
sua aprendizagem esta tradicionalmente ligada aos atributos linguísticos, culturais, sociais.
1 INTRODUÇÃO
e ser antes de tudo um leitor. Precisa ler para os alunos, ler com eles e saber ouvir com entusiasmo
as leituras dos textos que eles próprios produzem e escolhem para ler.
No início da vida escolar, para que as crianças aprendam a ler e a escrever com melhor
qualidade é preciso que tenham acesso a diversificados e bons modelos de leitura, observando e
utilizando a escrita em diferentes contextos, com efeito, é possível afirmar que é preciso oferecer
inúmeras oportunidades para que, as crianças sintam-se motivadas através da leitura e dessa
maneira as diferentes formas de escrita acontecem com mais autonomia. Leitura é um fator
importante na educação escolar, porque constitui um instrumento necessário para a realização de
novas aprendizagens, no entanto, seu conceito tem sido compreendido tradicionalmente como um
ato mecânico de decodificação de palavras. Sendo assim, a leitura deveria ser vista como um
processo de ensino/aprendizagem que vai além de um simples ato de decodificar, pois envolve uma
complexidade e exige sacrifício, é também descobrir e descobrir-se.
Conhecer as suas concepções é fundamental para que o educador possa refletir seriamente
sobre a importância que ela tem para o educando como processo de ensino/aprendizagem. Assim,
em uma sociedade em que prevalece a tecnologia e a transmissão de cultura, o educador precisa
conhecer as estratégias de leitura e procurar desenvolver no educando o domínio dessas estratégias,
possibilitando, desta forma, uma leitura significativa e principalmente a função que ela exerce tanto
dentro como fora do ambiente escolar. Por isso, deve-se levar em conta que escola e sociedade
estejam comprometidas com a leitura, com a formação de leitores para toda a vida. Diante do
exposto a presente pesquisa abordará o processo de leitura e escrita, através de uma abordagem
comparativa segundo os estudos de Kleiman (2000) e Matêncio (1994).
Com o estudo de Matêncio (1994) percebe-se que um dos problemas mais frequentes nos alunos
relaciona-se à escrita e à leitura que, por sua vez representam parte das dificuldades que os mesmos
apresentam em uma sociedade, na qual os indivíduos necessitam tanto compreender o sentido da
leitura e da. A autora define que o problema do ensino/aprendizagem está voltado para a associação
das letras com a diversidade de símbolos que o aluno deverá reconhecer e com a maneira pela qual
está sendo trabalhada em sala de aula, pois a noção que se transmite é que as letras definem-se por
símbolos representativos dos sons e da fala e, portanto, a escrita originou-se por meio da oralidade,
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mas, de fato, a autora atenta a concepção da escrita de que, apesar dela estabelecer uma relação com
a fala, a mesma tem uma proximidade ainda maior com os símbolos humanos que, por sua vez
antecedem a fala, apresentando diversas funções em um meio social em que o aluno deverá
desenvolver através do seu conhecimento cognitivo e procurar decodificar esses símbolos e
compreender a informação que transmitem.
Sendo assim, torna-se perceptível que uma “falsa” abordagem em relação a escrita, traz à tona
dificuldades ao se trabalhá-la na escola, visto que o próprio processo de escrita e leitura, não podem
ser separados e, uma precede a outra.
Logo, esse conceito adotado em sala de aula promove, de certa forma, um desinteresse pela
leitura nos alunos, resultando ainda mais em uma precariedade do letramento tanto no âmbito
escolar quanto na vida social. Kleiman (1994) expõe esse aspecto que torna-se uma rotina no
decorrer da vida escolar dos indivíduos, enfraquecendo o relacionamento dos mesmos com o
universo da leitura e consequentemente interferindo no processo ensino/aprendizagem.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com Martins (2007, p. 27) “[...] a leitura vai, portanto, além do texto e começa
antes do contato com ele”. A leitura acontece a partir do diálogo do leitor como uma finalidade lida,
seja escrito ou sonoro, seja um gesto, uma figura, um evento. Esse diálogo é valorizado por um
tempo e um espaço, uma situação ampliada de acordo com os desafios e as respostas que o objeto
oferece, em função de expectativas e obrigações, do prazer das descobertas e do conceito de
vivência do leitor. Para tanto, segundo as concepções das autoras, elas concordam que uma das
razões que tem contribuído para esse fracasso, relaciona-se ao fato de que esta assume o papel,
apenas de ser trabalhada como método avaliativo, isto é, a leitura torna-se avaliação com a função
de verificar se o aluno ler bem, se apresenta alguma dificuldade em determinadas palavras,
limitando o conhecimento dos alunos à gramática, verificação de nomenclaturas, concordância, ou
seja, desmerecendo o sentido que pode ser dado ao texto a partir de seu conhecimento cognitivo, e
pelo próprio texto.
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A prática de leitura no contexto se escolar se dá por conta do surgimento dos livros didáticos
nas séries iniciais nas escolas do Brasil, diz respeito à evolução dos livros no Brasil, como também
o desenvolvimento com relação à leitura e os novos métodos aplicados para o avanço da
aprendizagem nas escolas, possibilitando uma criança a ler. Iremos encontrar neste artigo
importantes considerações de FERREIRO, TEBEROSKY, FREIRE e de outros pesquisadores que
estudaram o processo da leitura e escrita das crianças bem como a sua psicogênese. Evidencia-se a
função social da leitura, presente nos diversos usos da vida de cada indivíduo e sua grande
influência no aprendizado do leitor e do escritor. Apresenta metodologias do ensino e incentiva a
arte de alfabetizar com texto num processo ativo.
“Quando desejamos viajar para outro país precisamos de um passaporte, da mesma forma,
o passaporte de leitor nos ajudará ir para outra terra, ou melhor, para muitas outras terras,
essas terras pertencem a um mundo muito grande: o mundo dos leitores”. (CHICAGO,
p.29)
Diversas reformas aconteceram no ensino entre as décadas de 20 e 50, entre as quais, adotou-se
o ensino multiseriado. Segundo GALVÃO (1999, p.9), os anos 50 e 70 foram marcados por
multiplicidade de métodos alternativos de ensino centrado do aluno e não mais na ação do docente.
É importante ressaltar a expansão da escola pública que possibilitou o acesso à educação a uma
grande maioria da população. Houve também um enorme avanço da produção de livros; em
consequências, o público leitor cresceria e se diversificaria na década de 70. Cada livro passa a ter
um tempo menor de utilização na escola, pois as mudanças constantes ocasionaram a necessidade
de atualização contínua.
Durante alguns anos, a leitura era utilizada apenas como suporte para as aulas de gramática e não
era trabalhada no sentido de formar leitores intelectualmente autônomos, com liberdade de escolher
livros para interpretar com clareza. Para isso, faz-se necessário que os alunos tenham, desde cedo,
acesso a todo tipo de leitura, principalmente, de leituras infantis, que colaboram significativamente
para a formação global do indivíduo. Nesse sentido, a leitura está intimamente relacionada com o
sucesso da tecnologia em contexto específico para tais fins.
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Nessa perspectiva, aprender a ler não tem um fim em si mesmo; não basta memorizar os
símbolos da escrita e saber juntá-los, usando apenas a codificação e a decodificação. Entende-se que
o conteúdo usado é também pré-texto para desenvolver funções cognitivas e operações mentais, tais
como identificar, analisar, selecionar, organizar, comparar, diferenciar, representar mentalmente,
levantar hipóteses, promover relações virtuais e outros que, se bem desenvolvidos, beneficiarão a
criança em outras situações de raciocínio.
Para aprender a ler o não leitor deve se relacionar com os textos que leria se soubesse ler para
viver o que vive. O ambiente deve comportar-se com o não leitor, com se ele já possuísse os saberes
que deve adquirir”. (FOUCAMBET in: salto para o futuro. 1999 p.99). O processo de leitura tem
sido concebido por vários educadores, durante muitos anos, como algo adquirido pela
memorização. Então se ensinou durante décadas a ler e escrever seguindo uma sequência lógica de
conteúdo. Primeiro aprendiam-se as letras do alfabeto, iniciando-se pelas vogais, encontros
vocálicos; depois, consoantes, famílias silábicas, formação de palavras e, frases. E, finalmente, as
crianças estariam prontas para iniciarem a escrita de textos, ou seja, copiarem textos prontos e sem
sentido. Durante muito tempo era comum solicitar que os aprendizes da escrita copiassem textos do
tipo: “Eva viu a uva”; este, como outros de mesmo gênero, não tem significados, não fazem a
criança pensar, não desenvolvem a criatividade, apenas tem a função de fixar as sílabas estudadas,
decorando-as pela repetição constante.
Para aprender a ler, não basta conhecer os sistema de escrita, mas conhecer as características da
linguagem escrita, que mudam conforme o gênero do texto. Continuar alfabetizando pelo método
sintético, que parte destas letras para as palavras, ensinando ao aluno como realizar os passos
seguintes, insistindo nas orientações fonológicas aos alunos pré – silábicos que não possuem
nenhum esquema, sequer, para soletrar palavras silábicas, não é o melhor caminho.
“Apesar de apresentadas com dois sub-blocos, é necessário que se compreenda que leitura e
escrita são práticas complementares, fortemente relacionadas, que se modificam
mutuamente no processo do letramento”. (PCN, Língua Portuguesa, v.2, p.52)
Insistir neste tipo de atividade é persistir no erro da escola tradicional, que considera o aluno
uma tabula rasa e despeja sobre ele uma série de informações sem preocupar-se em como serão
recebidas. Porém, esperar que as crianças atinjam operações mentais e avancem sozinhas é outro
erro, pois o processo não é tão natural, as crianças precisam de informações do meio para que
organizem suas hipóteses, desequilibrem-se e as reorganizem. Ensinar a ler e a escrever continua
sendo uma das tarefas mais especificamente escolares; muitas crianças fracassam já nos primeiros
passos da alfabetização. Diante dessa problemática e em busca de caminhos que minimizassem, e,
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até mesmo, erradicassem este entrave do processo ensino-aprendizagem, através de pesquisas, ANA
TEBEROSKY e EMÍLIA FERREIRO, desde 1974, travaram uma intensa pesquisa com o objetivo
de mostrar que existe uma nova maneira de encarar esse problema, que atinge tanto o educando
quanto o educador. Kleiman (2000) propõe o seguinte critério para a solução desse empasse que
seria de passar para o aluno uma quantidade maior de atividades em torno dos textos que já foram
lidos por eles, a fim de que o mesmo desenvolva seus conhecimentos com as informações que
obteve com a leitura dos textos e relacionar com o conhecimento prévio de mundo.
Confrontando Kleiman (2000) e Matêncio (1994) torna-se perceptível que elas concordam em
relação as concepções sobre o método, pois a leitura é trabalhada como papel fundamental de uma
atividade voltada para o ensino gramatical. Tendo em vista, que esse também se encontra nos livros
didáticos, os quais são utilizados apenas como meio reprodutor de informação e conhecimento,
excluindo o conhecimentos dos alunos, tornando-se um ato de imposição, sem compreensão. Com
efeito, Kleiman (2000) e Matêncio (1994) propõem alternativas no que diz respeito a concepção de
leitura , a qual propõe-se que a leitura seja trabalhada de diversas maneiras, tendo em vista que
mostrar que um texto pode apresentar diversas maneiras de ser trabalhado e com funções
diversificadas, dando ao aluno a oportunidade de interagir não só com os colegas mas com o
próprio texto, levando-o a questionar-se em relação as intenções do autor em abordar esse tema,
levantar hipóteses, ter um posicionamento positivo ou negativo, dentre outros aspectos.
Sendo assim, nesta perspectiva Freire (1986, p. 22) afirma que […] “ler não é só caminhar sobre
as palavras, e também não é voar sobre as palavras. Ler é reescrever o que estamos lendo. É
descobrir a conexão do texto, e também como vincular o texto/ contexto com meu contexto, o
contexto do leitor”. Neste sentido, a prática em sala de aula contribui de forma significativa para o
desenvolvimento desse processo, no entanto o que se percebe, é uma prática defasada, limitada, sem
maiores envolvimentos dos fatores do processo de ensino aprendizagem: professor/aluno.
A prática de sala de aula, não apenas da aula de leitura, não propicia a interação entre
professor e aluno. Em vez de um discurso que é construído conjuntamente por professores e
alunos, temos primeiro uma leitura silenciosa ou em voz alto do texto, e depois, uma série
de pontos a serem discutidos, por meio de perguntas sobre o texto, que não leva em conta
se o aluno de fato o compreendeu. Trata-se, na maioria dos casos, de um monólogo do
professor para os alunos escutarem. Nesse monólogo o professor tipicamente transmite para
os alunos uma versão, que passa ser a versão autorizada do texto.
que esteja de acordo com as necessidades do aluno, em que é preciso apoiar-se em diferentes
estratégias.
Desse modo, Matêncio (1994) atenta para se trabalhar a leitura em um sentido de construir
significados e não somente buscar significados, o que de fato ocorre nas escolas, através de
atividades de leitura em que a participação do aluno seja fundamental, observando o grau de
dificuldade tanto gramatical quanto a compreensão que eles apresentam, pois dessa forma haverá o
aprimoramento do conhecimento cognitivo e linguístico. Portanto, torna-se relevante de forma clara
a ampla variedade de informações que o texto pode proporcionar através de uma leitura
significativa e proveitosa sem dispensar a participação do leitor.
Para Mool (1996, p. 63) A escrita originou-se quando o homem, pelas suas necessidades
socioeconômicas do contexto, aprende a se comunicar com os seus pensamentos, atos e
sentimentos, por meio de signos e ou desenhos que, superando o caráter arbitrário inicial vão se
tornando inteligíveis para outros homens, que compreendem seus significados.
Foi então por conta da necessidade de sobrevivência que o indivíduo iniciou as primeiras
formas de comunicação escrita. Esta, por sua vez, não surgiu de repente, sua construção aconteceu
pouco a pouco de acordo com os interesses do homem e das condições existentes no meio, pois
desde os tempos pré-históricos, já se usava a escrita em forma de desenho para contar fatos e
acontecimentos. E, de acordo com a necessidade humana, o homem foi aperfeiçoando a escrita
como meio para a sua própria sobrevivência. Portanto, a escrita é uma ferramenta necessária e
imprescindível para a evolução de conhecimento e comunicação com o mundo.
A escrita é um código que faz relação o que se pensa ou se fala. Ela foi evoluindo
gradativamente através da necessidade de cada povo em querer desvendar e interpretar sua forma de
comunicação, sendo esta necessária para o conhecimento humano, passando a ser um marco
histórico da passagem entre a Pré-História e a História.
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Tomando como base as escolas da Rede Municipal de Teodoro Sampaio – Bahia onde os
professores e coordenadores pedagógicos fazem parte e tomam formações continuadas com o
Instituto Chapada de Educação e Pesquisa – ICEP os professores são orientados a analisarem o
nível de escritas da criança conforme a sua psicogênese pois durante o processo de alfabetização as
crianças elaboram e reelaboram hipóteses, muito curiosas e muito lógicas, em relação à grafia. No
entanto “a escrita inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por insuspeitados
caminhos”. (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999, nota preliminar). É importante destacar que a
criança vive em contato com o mundo letrado, como por meio da televisão, aparelhos de celulares,
brinquedos, livros e revistas diversas, no qual, circula todas as letras em quantidades, estilos, tipos
gráficos diferenciados. É neste mundo que percorre informações que a criança está inserida e é a
partir deste pressuposto que elas começam a construção do seu processo leitor e escritor.
Visando esta perspectiva “não basta inundá-los de letras escritas”, (PROFA, 2001). Para a
aprendizagem do sistema da escrita, a simples exposição de escrito não é suficiente para se
alfabetizar, mas oportunizar o contato com escritos que promovam situações do uso real da escrita,
desse modo “a língua escrita é um objeto de uso social”. (FERREIRO, 1995 p.37). É por exemplo
uma realidade vivida nas escolas da Rede Municipal de Teodoro Sampaio a realização de avaliações
diagnósticas baseadas no sistema de escrita que por sua vez são analisadas conforme estabelece
Ferreiro acerca da psicogênese da escrita e consequentemente tabuladas conforme os níveis
encontrados.
Não é apenas na escola, que é utilizada a língua escrita, mas no ambiente onde a criança
vive. A aprendizagem de linguagem escrita está intrinsecamente associada ao contato com textos
diversos e as crianças constantemente em suas vivências mantêm esse contato e isso é que faz com
que possam construir sua capacidade de ler e escrever. No início do processo a criança supõe que a
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escrita é uma forma de desenhar as coisas, depois de uma árdua reflexão sobre a questão de que a
escrita representa a fala, o som das palavras e não o objeto a que o som se refere onde a mesma
perpassa por diversos níveis até alcançar de fato o nível alfabético. Ela faz reflexões para
compreender como se dá o sistema gráfico, suas ideias passam a progredir com relação à escrita,
compreendendo que a fala e a escrita se relacionam.
No PCN (1999), este assunto é tratado como uma sondagem. É através desse recurso que a
criança ainda não alfabetizada refletirá enquanto escreve.
A esse respeito, tanto o ICEP quanto os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN, (1999),
sugerem atividades a serem ministradas na escola, com trabalhos coletivos, proporcionando as
crianças, identificarem seus próprios erros através de sondagens periódicas e tabulações realizadas
pelo professor com o apoio do coordenador pedagógico.
Com base nas pesquisas de Ferreiro e Teberosky, (1999) sobre a psicogênese da língua
escrita, elas mencionam que as crianças constroem hipóteses sobre o que a escrita representa,
chamando de hipótese de escrita. Estas evoluem de uma etapa inicial, em que a escrita não é uma
representação do falado (hipótese pré-silábica), para uma etapa em que ela representa a fala por
correspondência silábica (hipótese silábica) e, por fim, chegando a uma correspondência alfabética,
esta sim, adequada à escrita em português. É interessante se perceber como ocorre a escrita da
criança. Ela percorre por diversos caminhos, são várias as tentativas para chegar a uma escrita
ortográfica.
Para Ana Teberosky, (2002, p.8) “A criança dispõe de um saber sobre a escrita mesmo antes
de entrar para a escola”. Por conta dessa perspectiva, sabe-se que o professor muitas vezes, por não
valorizar esse saber, acaba atropelando uma importante via de mediação entre o conhecimento já
existente, advindo de um mundo letrado e promissor, tornando esfacelador e exaustante para a
criança.
Sendo assim diante do pensamento da autora estar alfabetizado é ter domínio das três
competências, “falar, ler e escrever” para uma comunicação fluente. No conceito de alfabetização
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da autora, percebe-se que apenas ler não implica estar alfabetizado seguido da mesma linha de
raciocínio nas formações do Instituto Chapada que deixa bem claro que o simples fato de escrever
algumas palavras e devido a criança escrever ela está alfabética mas não alfabetizada.
Partindo do raciocínio de Martins (2007, p. 27) “[...] a leitura vai, portanto, além do texto e
começa antes do contato com ele”. A leitura acontece a partir do diálogo do leitor como uma
finalidade lida, seja escrito ou sonoro, seja um gesto, uma figura, um evento. Esse diálogo é
valorizado por um tempo e um espaço, uma situação ampliada de acordo com os desafios e as
respostas que o objeto oferece, em função de expectativas e obrigações, do prazer das descobertas e
do conceito de vivência do leitor para isso se torna necessário o envolvimento e a apresentação da
leitura a criança de maneira pela qual a criança se apaixone e passe a ter no professor um perfil
leitor.
Tomando como princípio as novas concepções construídas por meio de leituras práticas de sala
de aula, baseando-se em seus próprios conhecimentos ou esquemas cognitivos, isto é, capacidade de
formular, confirmar ou rejeitar hipóteses referentes às leituras, há várias maneiras de cativar o
estudante, apresentar livros de várias qualidades, ou seja, livros que abordem temas que desperte o
interesse dos mesmos, que façam sentido para ele; levar o aluno à biblioteca, solicitar que tragam
livros e revistas de suas casas ou emprestados de amigos. Escolher os mais interessantes títulos para
ler, realizar um dia por semana ou momentos de leitura quando todos poderão escolher um livro
para ler inclusive o professor, sem que essa atividade seja acompanhada de alguma cobrança para
que a criança sinta-se à vontade tome gosto pelo fazer.
Segundo os estudos da psicogênese FERREIRO (2002, p.10) diz que a escrita pode ser
concebida como um sistema de código e de representação. Como código, os elementos já vêm
prontos e como representação, a aprendizagem se constitui em uma construção pela criança. Ao
trabalhar a escrita como código, o ensino privilegia os aspectos preceptivos e motor, relação
grafema e o significado é desconsiderado.
De acordo com BARBOSA (1990, p.30), de modo geral, os métodos tradicionais de
alfabetização são caracterizados por um sistema fechado e o processo de aquisição da linguagem
escrita é visto como algo exterior ao indivíduo. A partir de então, esses métodos fazem uma análise
racional dos seus elementos, partindo de aspectos simples para os complexos, ou seja, primeiro
aprendem-se as letras e depois as sílabas, palavras e frases.
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Aprender a ler e escrever, durante muito tempo foi tido como um processo que somente
ocorria na escola quando a criança tinha contato direto com o professor. É sabido, que isto não é
necessariamente uma verdade, pois a aprendizagem da criança transcende aos espaços escolares.
Durante as visitações e entrevistas a professores de uma determinada escola percebemos a
existência de cantinhos de leitura que segundo os professores da unidade e a coordenação
pedagógica, os cantinhos servem como incentivo e motivação a leitura bem como também a
realização da sacolinha literária onde os alunos são sorteados durante a semana para levarem para as
suas casas um livro de contos e outros gêneros leem e depois socializam com os colegas da turma.
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Atualmente, é necessário que o professor esteja preparado para atuar em sala de aula, buscar
formação continuada, procurar novos conhecimentos, ser um eterno pesquisador e adquirir suporte
para facilitar sua transmissão para os discentes. Para isso se faz necessário a parceria do
coordenador pedagógico que assumirá o papel de mediador, deste modo o coordenador precisa
incentivar ao professor alfabetizador que assuma uma postura ativa e que possa buscar
metodologias que auxiliem em sua prática. A prática pedagógica deve sempre objetivar a formação
integral do aluno, buscando proporcionar a construção dos conceitos e situações para os casos
apresentados por meio de pesquisas, experimentações e discussões, contribuindo assim, para os
desenvolvimentos cognitivo, afetivo e social dos educandos.
3. MATERIAL E MÉTODO
É possível afirmar que a pesquisa qualitativa tem caráter exploratório, uma vez que é tida por
aquilo que não se pode mensurar e estimula o entrevistado a refletir e explicitar-se livremente
sobre o assunto exposto. Assim sendo é fundamental que se leve em conta o sujeito em si e suas
peculiaridades considerando a sua relação dinâmica como mundo, tais pormenores inviabilizam
uma quantificação da pesquisa, ou seja, os dados coletados não podem ser traduzidos em números
quantificáveis.
No que diz respeito ao nível de investigação se caracteriza como descritivo que segundo
(Costa, 2006, p.65),” está interessada em descobrir e observar os fenômenos, procurando
descrevê-los, classificá-los e interpretá-los”.
Neste projeto de pesquisa foi utilizado o questionário como instrumento de coleta dos dados a
professores da modalidade de Educação Infantil. A coleta de dados através desse tipo de
instrumento exige um Chizzotti (1991, p.44) define o questionário como:
O objetivo desta pesquisa é tomar conhecimento acerca do processo de leitura e escrita na Educação
Infantil ouvindo e entrevistando aos professores a respeito do tema desse Trabalho de Graduação,
buscando analisá-los a luz do referencial teórico de diversos autores que fazem abordagem dessa
temática.
Quadro – A
Questionários
Você costuma realizar leituras É possível ler e escrever na Como você apoia o
em sala de aula? Como? Educação Infantil? coordenador em suas práticas
pedagógicas?
É possível escrever nas turmas De que maneira você apoia o Como vocês fazem para
de Educação Infantil? professor alfabetizador? aquisição de livros que
incentivem a leitura na
Educação Infantil?
Por fim, interpretamos os resultados obtidos, tendo em vista as teorias apresentadas no início
do trabalho. A presente pesquisa nos revela alguns resultados interessantes, os quais refletem a
concepção teórica adotada pela professora escolhida para a entrevista, o coordenador pedagógico e
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do diretor da escola, notamos que existe um grupo comprometido com o processo de ensino e
aprendizagem focando a leitura e escrita como reais possibilidades nas turmas da Educação Infantil.
Sim, sempre que inicio as Sim, desde que seja respeitado A leitura se dá num processo
minhas aulas realizamos uma o tempo das crianças e interessante pois as vezes a
leitura. entender que este processo se criança utiliza a imaginação ou
dá por níveis. conhecimentos prévios e
também por meio de leitura de
imagens.
Conforme o resultado da entrevista é possível se perceber que a professora trabalha com a leitura e
a escrita mesmo em turmas de educação infantil, na rotina da professora a leitura ganha um espaço
importante e a mesma se posiciona como leitora para modelos.
Sem sombras de dúvidas sim Eu busco apoiar as professoras O diagnóstico é realizado por
com certeza. através do processo de meio do sistema de escrita a
formação continuada, criança é desafiada a escrever
orientação para construção de de seu jeito e em seguida
biblioteca de classe, cantinhos sentamos para tabular baseado
de leitura e também a inserção na psicogênese da escrita
da cultura do escrito na rotina conforme defende Emília
do professor. Ferreiro.
Por meio das respostas dadas pela coordenadora percebe-se que a mesma conhece o processo
teórico e prático da leitura e da escrita da Educação Infantil e apresenta em suas falas compreensão
no sistema da escrita baseado na teoria de Ferreiro, sem contar que a coordenadora é Pedagoga, pós-
graduada em Educação Infantil e pós-graduando em Coordenação Pedagógica.
Apoio por meio de reuniões A escola recebe por meio do Eu busco estudar junto com o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As crianças em fase de Educação Infantil devem sentir-se sempre capazes de exercitar o que foi
proposto. O progresso dos movimentos e das habilidades deve ser de qualidade crescente,
superando obstáculos e aspirando a novos desafios. Esse progresso repercute nos demais
movimentos e possibilita a introdução de outras atividades mais complexas. Vivemos em uma
sociedade em que a leitura e a escrita estão por toda à parte.
Independentemente de saberem ler e escrever, as crianças convivem com isso em seu dia-a-dia ela,
muitas vezes toma o adulto como seu modelo referencial, que interage diretamente sobre elas.
Foi possível analisar que todo o processo de aprendizagem está articulado com a história de cada
indivíduo, e o ser humano aprende mais facilmente quando o novo pode ser relacionado com algum
aspecto de sua experiência prévia, com o conhecimento anterior, com imagens, palavras e fatos que
estão em sua memória, com vivências culturais. A aprendizagem não se dá no vazio, é uma
realização individual, por meio de uma construção que é histórica e social e que supõe, portanto,
essa interação com o outro e com a produção simbólica da humanidade.
Pudemos constatar, no entanto, que este trabalho abordou de forma minuciosa as bibliografias de
autores que estudaram e nos privilegiaram com assuntos riquíssimos que nos remete a este processo
complexo, que necessita do aprimoramento também dos professores, da escola e de seus familiares.
E, por fim vimos que as crianças chegam à escola com experiências e significados diversos em
relação às atividades de ler e escrever, e para o alfabetizador, é importante saber como a criança se
posiciona em relação à palavra escrita, qual o significado dado a ela em sua família e comunidade
entendendo também que o professor alfabetizador necessita do apoio do coordenado pedagógico
que é um forte aliado no processo da construção da leitura e da escrita. Atualmente temos percebido
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que os alunos do Ensino Fundamental, têm apresentado cada vez mais dificuldades nos processos
de leitura e escrita, isto deve-se ao fato de que eles apresentam um alto grau de desmotivação, e
também devido estarem inseridos em uma sociedade em que predomina a tecnologia que passa a ser
também encarado como uma problemática vivenciada pelos professores. Mas, principalmente,
porque o professor trabalha este aspecto de modo a reproduzir decodificar e avaliar os
conhecimentos dos alunos conforme lhe fora transmitido, desconsiderando a atividade crítica,
cognitiva e interacional. Neste sentido, a presente pesquisa buscou de maneira reflexiva discutir
sobre as dificuldades dos alunos no que diz respeito a prática de leitura e escrita, e assim
compreender as concepções acerca dos processos de leitura e escrita segundo as autoras Kleiman
(2000) e Matêncio (1994), Ferreiro e Teberosky cujo o objetivo maior é conscientizar os educadores
sobre sua prática de ensino e incentivar a adotarem uma metodologia centrada em uma abordagem
interacionista que leve em consideração não só o seu conhecimento, mas o conhecimento de mundo
do próprio aluno, sem contar, que o professor pode fazer um paralelo dessas práticas por meio de
atividades lúdicas que possam despertar o prazer do aluno enquanto cidadão do universo da
educação.
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REFERÊNCIAS
SELFRIN. L. M.: ET. AL – Vanguardas Pedagógicas, Volume VI. Rio Grande do Sul:
EDELBRA, 1993.
TEBEROSKY, A.; L. T. – Além da alfabetização, 4ª. Ed., São Paulo, Ática, 1996.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1989.