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A IMPORTÂNCIA DA DISSEMINAÇÃO DO ESPÍRITO EMPREENDEDOR NA

UNIVERSIDADE
Geane Hoffmann Mumbach¹
RESUMO
O artigo trata do da importância da disseminação da cultura empreendedora nas universidades do país.
Estuda a cultura empreendedora no país e como esta se relaciona com os profissionais graduados. A pesquisa é
bibliográfica e o método de abordagem utilizado foi o dedutivo. Apresenta, inicialmente, conceitos de
empreendedor, como o mesmo é formado, quais as características e as principais diferenças entre empreendedor
e administrador. Também aborda questões da realidade das universidades, como estas podem proceder para
incentivar a disseminação da cultura empreendedora no país e seu papel na sociedade. Finalmente, relaciona a
importância da disseminação do espírito empreendedor entre os acadêmicos universitários brasileiros.

Palavras-chave: Empreendedor, empresa e Universidade.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Atualmente, as universidades formam milhares de bacharéis a cada ano e os lançam no


mercado sem uma prévia direção profissional. Assim, um pequeno percentual destes bacharéis
atuam na sua área de formação, outros estudam para serem aprovados em concursos,
buscando uma carreira estável e muitos não atuam na área de formação, permanecendo
desempregados. Percebe-se, com isso, que as universidades preparam os estudantes a serem
empregados. Será por isso que encontramos muitos universitários mais interessados em passar
num concurso do que conquistar a sua independência construindo sua própria empresa? As
faculdades eram conhecidas como formadoras de empregados e não de empreendedores.
Porém, hoje esta realidade está mudando.

Percebemos que a tradição do ensino de formar empregados nos níveis universitários e


profissionalizante não é mais compatível com a organização na nova economia mundial.
Neste final de século, as relações de trabalho estão mudando. O emprego cede lugar à novas
formas de participação.
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Uma alternativa encontrada pelos bacharéis desempregados foi o estabelecimento do


próprio negócio. Porém, estes profissionais não foram preparados para este intuito, e talvez
devido a este fator, muitas vezes as empresas não completam um ano de vida no mercado.

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Acadêmica do curso de Ciências Contábeis – IESA - Santo Ângelo/RS
2

Portanto, decidiu-se incentivar a formação de empreendedores nas universidades, pois


empreendedores não nascem prontos, eles são formados ao longo do tempo.

Este artigo explica o que é empreendedor, como ele é formado, quais suas
características e relata algumas diferenças entre o empreendedor e o administrador. Também
aborda questões da realidade das universidades, como estas podem proceder para incentivar a
disseminação da cultura empreendedora no país e também seu principal papel na sociedade.
Finalmente, relaciona a importância da disseminação do espírito empreendedor nas
universidades.

1 O EMPREENDEDORISMO

Atualmente, uma das preocupações do cidadão brasileiro é não fazer parte das
estatísticas que apontam a realidade dos altos índices de desemprego no país. Para isso,
exige-se qualificação do trabalhador, para este mostrar seu diferencial contra seu concorrente.
Portanto, ou faz-se bem o seu dever, ou há outra pessoa esperando para ocupar a vaga. Diante
de tamanha pressão, muitas pessoas não resistem e acabam excluídas, tornando-se pessoas
depressivas, estressadas e infelizes.

Uma alternativa encontrada para não sofrer pressão exercida pelo chefe foi estabelecer
o próprio negócio. Porém, muitas pessoas não estão preparadas para exercer o cargo de gestor.
Ser empreendedor exige habilidades especificas.

As habilidades do empreendedor vão além das características de gestor para obter


sucesso no negócio. Ser empreendedor não implica em estabelecer a organização. Existem
muitos empreendedores natos, que não necessariamente precisam construir uma organização
para sentir-se realizados.

Para Dolabela (1999), a palavra empreendedorismo é utilizada para designar as


atividades de indivíduos que se dedicam à geração de competências e de riquezas, seja através
da aquisição e transformação de conhecimentos em produtos ou serviços, na geração do
próprio conhecimento ou na inovação em áreas como marketing, produção e organização.

O termo mais empregado na literatura para empreendedor é o utilizado por Filion:


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O empreendedor é uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e


atingir objetivos e que mantém alto nível de consciência do ambiente em que vive,
usando-a para detectar oportunidades de negócios. Um empreendedor que continua a
aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios e a tomar decisões
moderadamente arriscadas que objetivam a inovação, continuará a desempenhar um
papel empreendedor (1999, p.19).

Agente de mudanças e o motor da economia, o empreendedor é a pesoa que imagina,


que desenvolve e realiza a partir de suas visões. Nas afirmativas de Dolabela (1999), o
empreendedor “é um fenômeno cultural, ou seja, empreendedores nascem por influência do
meio em que vivem. Pesquisas mostram que empreendedores têm sempre um modelo, alguém
que os influencia”. Assim, entende-se que para as pessoas que convivem com
empreendedores na família, geralmente irão se espelhar nestes, tornando-se também
empreendedores.

É importante mencionar que na literatura sobre empreendedorismo, encontram-se


vários conceitos complementares, além de um conceito principal. Todos os autores possuem
seus conceitos próprios, cada qual com sua importância na caracterização desse importante
profissional para a gestão eficaz das organizações.

1.1 Formação e características do empreendedor

Existem várias concepções quanto à formação do empreendedor que podem estar


relacionadas ou não com os seus traços de personalidade. Existem empreendedores natos, que
já nascem com as características necessárias para empreender com sucesso. No entanto, como
o ser humano pode ser influenciado pelo meio que em que vive, a formação empreendedora
pode acontecer por influência familiar, do estudo ou através da prática organizacional.

Para Jung (2010), o sucesso nos negócios e o sucesso pessoal são diretamente
dependentes das próprias atitudes. O que o autor quer dizer é que pouco adianta um individuo
nascer com características de empreendedor se não souber utilizá-la. A diferença está
naquelas pessoas que conseguem fazer as idéias transformarem-se em realidade, assim, o
autor conclui seu raciocínio com a seguinte frase: “O resto é receita de bolo, que sempre
produz os mesmos bolos, sem quaisquer diferenciais” (JUNG, 2010).
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Muitas pessoas acreditam que os empreendedores são ávidos por dinheiro. O que de
fato tem alguma relação, porém o empreendedor acredita que o dinheiro é como uma
recompensa pelo bom trabalho. Para eles ficar rico não é o principal objetivo, mas sim o
prazer de vencer, o prazer da conquista, de saber que tudo o que fez foi pela paixão pelo
trabalho que realizam. Esta é sua razão de ser, este é o seu ser. O dinheiro, a fama, o prestígio,
tomam proporções mínimas diante do imenso prazer que sentem em realizar seu trabalho.

Dal’Bó (2010) relata que foram realizadas pesquisas no mundo todo a fim de
identificar características em pessoas de sucesso e a mais básica de todas é o desejo de
realização. Conforme o autor é este desejo que leva as pessoas a acreditarem e serem
apaixonadas pelo que fazem. E esta qualidade é identificada nos empreendedores, pois eles
têm verdadeira paixão por aquilo que fazem. Também estão sempre preocupados em melhorar
as habilidades menos desenvolvidas e se aprimorar nas mais fortes. O que diferencia o
empreendedor das outras pessoas é a maneira que ele percebe a mudança e lida com as
oportunidades tendo iniciativa para gerar um novo negócio, sempre assumindo riscos
calculados.

Existem várias definições sobre o conjunto de características que formam a


personalidade empreendedora. Uma das principais características necessárias ao
empreendedor é saber cuidar de si, administrar a si próprio, pois o empreendedor tem por
dever a condução do seu empreendimento, e para tanto deve ser uma fonte de soluções -
jamais uma fonte de problemas (JUNG, 2010).

Também, segundo Dolabela (1999), outra forma de identificar o empreendedor através


de suas características, é visualizando seus traços de personalidade, atitudes e
comportamentos que ajudam a alcançar êxito nos negócios. Porém isto não quer dizer que
uma pessoa que tiver tais características vai ter sucesso. O que se pode dizer é que, se
determinada pessoa tem as características e aptidões mais comumente encontradas nos
empreendedores, mais chances terá de ser bem sucedida.

1.2 As principais diferenças entre o empreendedor e o administrador

Uma das grandes diferenças entre o empreendedor e as pessoas que trabalham em


organizações é que o empreendedor define o objeto que vai determinar seu próprio futuro. Ou
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seja, apesar das semelhanças nas funções empreendedoras e administradoras, conceituadas


desde a abordagem clássica pelos atos de planejar, organizar, dirigir e controlar existe o
diferencial visionário característico dos empreendedores (FILION, 1999).

Não é correto considerar empreendedor apenas aquela pessoa que tem um negócio
próprio. Pois um atleta, um artista, um funcionário dentro da sua área, pode empreender e
conseguir realizar mais do que a maioria das pessoas.

Inácio (2010) relata que foi realizada uma pesquisa pela ONU - Organização das
Nações Unidas que levantou e agrupou algumas características que fazem a diferença entre
uma pessoa empreendedora e uma que não possui este perfil. Com base nestas informações e
reunindo técnicas dos melhores programas mundiais neste assunto, encontraram-se diferenças
que estão no comportamento das pessoas, mas estas podem ser treinadas e aprimoradas.

Assim, percebe-se que para ser empreendedor, uma pessoa deve possuir algumas
características deste, conforme relata Dornelas:
O empreendedor de sucesso possui características extras, além dos atributos do
administrador, e alguns atributos pessoais que, somados a características
sociológicas e ambientais, permitem o nascimento de uma nova empresa. De uma
idéia surge uma Inovação, e desta, uma empresa (2001, pg.30)

Também, Inácio (2010) constata que para o profissional desenvolver um espírito


empreendedor é necessário que ele tenha aspectos em sua personalidade que sejam
compatíveis com o perfil do empreendedor. A importância dos profissionais empreendedores
está no fato de que eles são os verdadeiros agentes de mudança nas empresas. É importante
que os colaboradores não vejam a empresa como um emprego, mas tenham o perfil de dono
de um negócio. A postura de dono de negócio é a chave para o sucesso da empresa.

Conforme o autor, existem algumas características que diferenciam os funcionários


empreendedores, que são:
a) Tem uma visão sistêmica: não tem olhos apenas para o seu departamento, mas
conseguem visualizar a companhia como um todo. Acreditam no negócio e têm a sensação de
que a experiência está valendo à pena.
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b) Tem a capacidade de implementar as idéias: realiza projetos com começo, meio e


fim. Não basta ser um poço de idéias, é preciso transformá-las em realidade. Tem capacidade
de encontrar saídas para obstáculos que apareçam.

c) É pró-ativo e se antecipa ao futuro: Faz as coisas antes mesmo de ser solicitado ou


forçado pelas circunstâncias. Consegue antecipar a necessidade e vai além do pré-
estabelecido.

Já o administrador tem como principal objetivo a eficiência organizacional no


desenvolvimento de seu trabalho. E de acordo com Inácio (2010), o administrador contribui
com a organização com sua visão abrangente definindo seis funções básicas para uma boa
organização:

1- Função técnica – que hoje é conhecida como área de produção, relaciona-se com
aspectos de produção de bens e serviços.

2- Função Comercial – atualmente denominada de função de marketing relaciona-se


com a compra e venda dos bens produzidos e consumidos pela empresa.

3- Função Financeira – ainda hoje mantendo essa mesma denominação, relaciona-se


com a busca e gerenciamento dos recursos financeiros utilizados pela empresa.

4- Função Segurança – hoje passa a ser conhecida como a área de Recursos Humanos,
esta função tinha por atividade assegurar os bens das empresas e as pessoas envolvidas com a
empresa (funcionários).

5- Função Contábil – atualmente essa função não constitui propriamente uma área
dentro da empresa, mas uma atividade. Esta função continua a mesma, que consiste em
registrar as contas efetuadas, elaborar balanço e estatísticas.

6- Função administrativa – também hoje constitui uma atividade atribuída a todas as


áreas da empresa, tem o caráter de coordenação das demais áreas. Fayol considerava essa
atividade de integração da cúpula das demais funções.
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Assim, percebe-se que apesar de algumas diferenças de conceitos na visão da empresa


como um todo, houve pouca alteração nas concepções citadas anteriormente. Há autores
contemporâneos que ainda exploram essas idéias, ampliando-as com informações do ambiente
externo, que na época eram desconhecidas.

Para Inácio (2010), a função do administrador é distribuída com outras funções


essenciais, proporcionalmente entre a cabeça e os membros do corpo social da empresa. Para
o melhor entendimento do que comporia essa função, ela foi dividida no que hoje
denominamos processo administrativo e que Fayol definiu como atos administrativos e
dividiu-os em cinco: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar.

Conforme se percebe a partir dos conceitos estudados, um empreendedor está sempre


com foco em futuro e o administrador, principalmente no presente, seria impossível escolher
um destes perfis como melhor que o outro, afinal o ideal é que todo administrador seja
empreendedor e vice-versa. A palavra estratégia define bem o empreendedor e para definir
administrador seria planejamento e controle (SILVEIRA et.al. 2010).

2. O ENSINO DE EMPREENDEDORISMO

Já dizia Dolabela (1999) que o ensino de empreendedorismo no Brasil ainda não é


bem aproveitado, visto que está voltado para a formação de profissionais que irão buscar
emprego no mercado de trabalho. Outros autores também afirmam que a cultura pedagógica
das universidades brasileiras está direcionada a valores e comportamentos que não abordam
as organizações pequenas e médias empresas.

Essa cultura faz o emprego assumir um valor essencial na formação da sociedade.


Assim, percebe-se que a relação entre universidade e empresa, essenciais na formação de
empreendedores, são incipientes no Brasil. Muitas das nossas instituições de ensino estão
distanciadas do ensino ao empreendedor. Estas deveriam estabelecer um network com o
ambiente empresarial e levá-lo para a sala de aula (HENRIQUE; ROSSONI; JUNIOR, 2010)

Os autores relatam que essa metodologia inspira-se em um processo de aprendizagem


utilizados pelo empreendedor na vida real, onde deve existir um contexto que estimule o
aprendizado como decorrente da ação no qual o aluno deve ser colocado em situações
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semelhantes às encontradas na vida real, instigando-o a sair dos limites da sala de aula para
entender o funcionamento do mercado, para então voltar a mesma e desenvolver processos de
trabalho semelhantes aos dos empreendedores.

Portanto, Inácio (2010) defende que a conexão do aluno com o mundo exterior à
universidade precisa ser intensa e sem intermediários. O verdadeiro ambiente acadêmico do
aluno-empreendedor é o mercado, onde se articulam forças produtivas para o aprendizado.
Pois é no mercado que o empreendedor enfrenta as verdadeiras dificuldades da realidade.
Nesse contexto, o empreendedor não necessita de um elevado estoque de conhecimento, mas
é neste momento que irá identificar a oportunidade do mercado. O saber muitas vezes
confunde-se com a capacidade de percepção do comportamento do mercado concorrencial,
composto por conjuntos de pessoas cujas ações provocam a sua transformação constante que,
por sua vez, é geradora da oportunidade.

Dentro desta perspectiva, a introdução de cursos voltados para o empreendedorismo


justifica-se pela crescente conscientização e tomada de posição por parte das universidades,
no sentido de proporcionar aos estudantes competências que lhes dêem condições de
conseguirem um emprego assim como de sobreviver nesta sociedade altamente competitiva
(HENRIQUE; ROSSONI; JUNIOR, 2010).

Para se ensinar empreendedorismo no Brasil, significa uma quebra de paradigmas na


nossa tradição didática, uma vez que aborda o saber como conseqüência dos atributos do ser.
Assim, na sala de aula, elementos como atitude, comportamento, emoção, sonho,
individualidade, ganham vaga antes ocupada somente pelo saber.

Pesquisas em sala de aula demonstram que os alunos consideram este ensino


fundamental mesmo para aqueles que não pretendem abrir empresas, e cuja vocação é, por
exemplo, para a área acadêmica. Tais resultados conduziram a indagações e análises sobre o
conteúdo da formação profissional oferecido aos nossos alunos, frente às exigências do
mercado. De fato, a realidade conceitual trabalhada em sala de aula difere da sua aplicação no
mundo não teórico (INÁCIO, 2010).

Também Dornelas (2001) defende que as universidades deveriam focar mais no ensino
do empreendedorismo. E os cursos deveriam ser focados na identificação e no entendimento
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das habilidades do empreendedor, na importância do empreendedorismo para o


desenvolvimento econômico, em como preparar e utilizar um plano estratégico, em como
identificar fontes e obter financiamentos para o novo negócio e também como gerenciar e
fazer a empresa crescer.

A decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso. Mas na


verdade, esta decisão ocorre devido a fatores externos que podem ser críticos para o
surgimento e o crescimento de uma nova empresa. Se no caso, um novo empresário não
possuir as características do empreendedor, sua empresa mal conseguirá completar um ano de
vida, pois este não terá as habilidades necessárias para gerenciar sua empresa. Por isto da
importância do ensino de empreendedorismo nas universidades.

Experiências de sucesso, em todos os níveis de ensino, têm sido realizadas em todo o


mundo. Sabe-se que fatores fundamentais para o desenvolvimento do espírito empreendedor
apoiam-se, em elementos como a motivação à auto-realização, iniciativa e persistência,
energia, liderança, capacidade de desenvolver uma visão, suportada por uma rede de relações
pessoais.

Para Inácio (2010) os pressupostos da formação do empreendedor baseiam-se mais em


fatores motivacionais e habilidades comportamentais do que em um conteúdo puramente
instrumental. O que ocasiona uma mudança radical na abordagem educacional, uma vez que
as nossas universidades estão mais voltadas para a formação do empregado de grandes
empresas, como no que diz respeito à própria metodologia de ensino, já que no campo de
criação de empresas o objetivo não é a transferência de conhecimentos, mas a geração de
conhecimentos pelo ator do processo, o aluno.

2.1 Como as Universidades podem ajudar a incentivar a disseminação da cultura


empreendedora no país.

Muitas universidades brasileiras praticamente abandonam a disciplina de


empreendedorismo de sua grade curricular, focando o currículo apenas na formação de futuros
docentes, pesquisadores ou no máximo de funcionários para a iniciativa privada. Universidades
deveriam focar na formação completa do ser humano e isso pressupõe a inclusão da disciplina de
empreendedorismo. O que está faltando é profissionais que fazem de tudo para despertar em seus
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alunos a “chama” do empreendedorismo. No entanto, não há vontade política destas instituições


em efetivamente promover entre seus alunos a educação empreendedora.

Para que isto seja possível, Silva (2010) acreditar ser necessário que as universidades
sejam mais adaptativas e empreendedoras. Adaptativas, pois as universidades devem estar em
estado de equilíbrio criativo com o ambiente, visto como um sistema aberto e em constante
mudança, elas devem estudar o ambiente sócio-econômico-político no qual estão inseridas e
adaptar seu comportamento para estar em linha com as mudanças ambientais e empreendedoras,
para justapor um modelo de negócios ao modelo adaptativo, que possa enfatizar a identificação
dos pontos fortes da universidade e sua exploração comercial levando a máximas vantagens
político-financeiras.

Para o autor, uma contribuição importante seria estimular a formação do espírito


empreendedor do graduando, porém, para isso a universidade precisa estar inserida e engajada
para ser adaptativa e empreendedora.

Algumas medidas práticas, que as universidades deveriam aderir para fortalecer a


atividade empreendedora no país seriam: prestar serviço de orientação para os acadêmicos que se
formaram para visualizar e aproveitar uma oportunidade empreendedora, ter uma integração direta
com empresas para ampliar as possibilidades de geração de negócios baseados em conhecimento,
realizar eventos que promovam o contato entre investidores e empreendedores, incentivar a
criação de empresas de serviços essenciais ao empreendedor, como pesquisa de mercado,
consultoria financeira, sistemas, recrutamento e micro-crédito (HASHIMOTO, 2010).

Portanto, torna-se imprescindível o fomento e o incentivo do empreendedorismo, por parte


das universidades, como forma de transformação social. Estas devem sempre estar adaptas as
mudanças que ocorrem no ambiente externo, para considerarem-se formadoras de
empreendedores ao invés de empregados.

3 A IMPORTÂNCIA DA DISSEMINAÇÃO DE EMPREENDEDORISMO NAS


UNIVERSIDADES

Atualmente, já se percebe uma mudança nos currículos das universidades para a


disseminação da cultura empreendedora. Estas já estão cientes da sua importância. Porém,
esta mudança teve um processo lento e árduo, conforme relata Dolabela (1999). Começaram
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aderindo a um desafio, lançado pelo SEBRAE, que trata de um jogo virtual no qual o aluno
tem uma visão real do que seria abrir seu próprio negócio.

Este desafio entrou definitivamente para o calendário das universidades e já é


reconhecido no mercado de trabalho, constituindo-se num diferencial para os estudantes, pois
é conhecido como o jogo que transforma o universitário em empreendedor, pois pode ser
considerado como um estágio, no qual o aluno aprende os passos da empresa.

A maioria das escolas técnicas e universidades que promovem o empreendedorismo, o


fazem focado exclusivamente na tecnologia e na administração do negócio e isolado das
outras disciplinas como sociologia, ciências comportamentais, história e ciências. Estas
deveriam ampliar a visão do empreendedor, utilizando tais disciplinas no estudo, pois estas
podem contribuir e ajudar os candidatos a empreendedor a desenvolverem oportunidades de
negócio (DEGEN, 2010)

Para o autor, caso as universidades focassem em atrair, treinar e motivar corretamente


os seus ex-alunos interessados em serem empreendedores iriam também atrair investidores e
fundos de investimento, pois estes vislumbrariam estas novas oportunidades como uma forma
de obter lucros com novas oportunidades.

Já Dolabela (1999) acredita que existem 10 (dez) razões sobre o porquê do ensino de
empreendedorismo nas universidades:

1ª - A alta taxa de mortalidade das empresas. De cada três empresas criadas, duas
fecham as portas dentro de um ano. E são as pequenas empresas (aquelas que possuem menos
de 100 funcionários) que mais sofrem, pois ainda não estão bem engajadas no mercado. Se
alguns têm sucesso sem qualquer suporte, a maioria fracassa, muitas vezes
desnecessariamente. A criação de empresas é um problema de crescimento econômico.

2ª - Neste final de século, as relações de trabalho estão mudando. O emprego dá lugar


a novas formas de participação. Na verdade as empresas precisam de profissionais que
tenham uma visão global do processo, que saibam identificar e satisfazer as necessidades dos
clientes. A tradição do nosso ensino, de formar empregados nos níveis universitários e
profissionalizante, não é mais compatível com a organização da economia mundial.
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3ª - Exige-se hoje, mesmo para aqueles que vão ser empregados, um alto grau de
Empreendedorismo. As empresas precisam de colaboradores que, além de dominar a
tecnologia, conheçam também o negócio, saibam identificar e atender às necessidades do
cliente, possam visualizar oportunidades sabendo utilizar-se dos recursos para viabilizá-las.

4ª - A metodologia de ensino tradicional não é adequada para formar empreendedores,


pois não contempla todas as disciplinas em seus currículos.

5ª- As nossas instituições de ensino estão distanciadas das empresas, dos órgãos
governamentais, dos financiadores, das associações de classe, entidades das quais os
pequenos empreendedores dependem para sobreviver. As relações entre universidade e
empresa ainda são incipientes no Brasil.

6º - Cultura. Os valores do nosso ensino não sinalizam para o Empreendedorismo.

7ª - A percepção da importância da PME (Pequena e Média Empresa) para o


desenvolvimento econômico ainda é insuficiente.

8ª - Predomina, no ensino profissionalizante e universitário, a cultura da “grande


empresa”. Não há o hábito de se falar na pequena empresa. Os cursos de Administração, com
raras exceções, são voltados quase que exclusivamente para o gerenciamento de grandes
empresas.

9ª - Ética. Uma grande preocupação no ensino do Empreendedorismo devem ser os


aspectos éticos que envolvem essa atividade. Por sua grande influência na sociedade, na
economia, é fundamental que os empreendedores – como qualquer cidadão – sejam guiados
por princípios e valores nobres.
10ª - Cidadania. O empreendedor deve ser alguém com alto comprometimento com o
meio ambiente e com a comunidade, com forte consciência social. A sala de aula é um
excelente lugar para o debate desses temas.

De maneira geral, contatou-se que as universidades públicas e particulares estão


caminhando para a implantação do ensino de empreendedorismo em suas grades curriculares,
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tornando-se, em muitas ocasiões, um diferencial das mesmas em relação a sua concorrência.


Isso é um fato importante, pois gera uma reação em cadeia das demais universidades na
inserção nesse processo nos quais os maiores beneficiados são seus alunos (HENRIQUE;
ROSSONI; JUNIOR, 2010).

Enfim, para as universidades é fundamental tornar-se o sistema educativo superior


sustentado na experiência de vida, de modo a assegurar, com sucesso o processo integrativo e
a aquisição de conhecimentos. Uma educação empreendedora necessita de uma estrutura
curricular transversal à grade, permitindo o desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades
em todas as disciplinas. É preciso incutir uma cultura empreendedora nas instituições de
ensino, driblando o conservadorismo adotado por algumas instituições. Contudo, a
participação do corpo docente é imprescindível diante da disseminação do espírito
empreendedor. (LEZANA et.al. 2010)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo confirmou-se a necessidade das universidades estarem implantando o


ensino de empreendedorismo em suas grades curriculares assim como as práticas didático-
pedagógicas mais eficazes para seu aprendizado, a fim de se manterem em sintonia com a
realidade que seus alunos virão a enfrentar no mercado de trabalho após a conclusão da
graduação.

Percebeu-se com o estudo a real importância dos empreendedores para a sociedade,


pois estes ajudam na economia do país. E devido à alta taxa de mortalidade das empresas, que
se identificou que as universidades devem incentivar a formação destes profissionais. Não se
trata em induzir pessoas a se tornarem empresários, mas estimulá-las ao empreendedorismo,
possibilitando que estes percebam suas potencialidades e limitações, e o desenvolvimento de
características empreendedoras extremamente importantes para a vida profissional e pessoal.

Com base nos fatos estudados, conclui-se que empreendedores não nascem, são
formados. E esta formação pode ser mais desenvolvida com o auxílio das universidades.
Constatou-se que existem muitos empreendedores, mas como não são incentivados, eles
desistem de suas idéias, ficando acomodados nos seus empregos, sem perspectivas futuras e é
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por isso que existe tanta desigualdade no Brasil. Acredita-se que quem esta bem hoje teve
sorte, mas não sabem o quanto a pessoa realmente lutou para conquistar tudo o que desejou.
Sorte não, mas sim determinação.

REFERÊNCIAS

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http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/as-caracteristcas-e-o-perfil-do-
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sustentável e a redução da pobreza. Disponível em:
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Associados, 1999;

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HASHIMOTO, Marcos. Atividade empreendedora no Brasil. Disponível em:


http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/atividade-empreendedora-no-
brasil/44324/. Acesso em: 05 Jun.2010;

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INÁCIO, Sandra Regina da Luz. A Diferença entre Administrador, Gestor,


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http://www.artigos.com/artigos/sociais/administracao/lideranca/a-diferenca-entre-
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JUNG, Carl. O Perfil do Empreendedor ou O Chá do Empreendedor. Disponível em:


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