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ENSAIO PREMIADO NO CONCURSO AMAZÔNIA AZUL DA MARINHA DO BRASIL

CONCURSO NACIONAL
“Amazônia Azul: o mar que nos pertence”

AMAZÔNIA AZUL: SUBMERSA PELO ATLÂNTICO


E DESCOBERTA PELO GEOPROCESSAMENTO

2007

ENSAIO PREMIADO NO CONCURSO “AMAZÔNIA AZUL” DA MARINHA DO BRASIL


crisweb@ig.com.br
ENSAIO PREMIADO NO CONCURSO AMAZÔNIA AZUL DA MARINHA DO BRASIL

Resumo: Ensaio que propõe a implementação do geoprocessamento como instrumento de


desenvolvimento e preservação da Amazônia Azul. No texto são abordados os aspectos
relevantes para a adoção do processamento de informações geográficas como ferramenta de
pesquisa e desenvolvimento na região, enfatizando os pontos relativos ao meio ambiente,
economia e sociedade. Neste sentido, o autor analisa a viabilidade de aplicação do
geoprocessamento na preservação do meio ambiente, no auxílio do transporte marítimo e
na exploração sustentável dos recursos naturais da Amazônia Azul.

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Amazônia Azul: submersa pelo Atlântico


e descoberta pelo Geoprocessamento

O Brasil é uma nação privilegiada, pois possui um continente de beleza e riqueza


incontestáveis, bem como toda uma costa litorânea a ser descoberta. Em números
aproximados são 4,5 milhões de quilômetros quadrados ao longo da Placa Continental que
se estende sobre oceano Atlântico [1]. Esse mar que banha 8,5 mil quilômetros da costa
brasileira também guarda outros tesouros naturais sobre essa plataforma submersa, que em
seu conjunto, possui biodiversidade e recursos naturais em ambulância, tal como existe no
continente. Para alguns pesquisadores é considerada a última fronteira, a qual recebe
denominação de Amazônia Azul [2]. Muito além do Atlântico que recobre esse continente
adormecido, está disposto um ecossistema integrado, que proporciona a vida em toda a orla
deste mar que nos pertence.
Contudo, para o Brasil não basta reivindicar nos tribunais internacionais o
reconhecimento deste patrimônio, é preciso conhecê-lo e protegê-lo, bem como explorar de
maneira sustentável o que a natureza oferece para o desenvolvimento deste país [3].
Vislumbrar a dimensão desse continente oculto pelas águas do Atlântico é de fundamental
importância para nação, uma vez que facilitará o planejamento e a gestão deste território.
No passado recente, José Bonifácio de Andrada e Silva (1871-1954), membro do
antigo Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e embaixador, discorreu acerca da
importância do litoral para o país, e afirmou que “o Brasil é uma potência transatlântica...”
[4]. Portanto, a vocação comercial marítima deste país seria inevitável, bastava conhecer e
traçar as rotas marítimas para esse desenvolvimento.
No entanto, essa não é uma tarefa fácil, pois exige investimentos sólidos em
diferentes áreas de pesquisa. Dessa maneira, será possível identificar o perfil topográfico
da plataforma submersa, sua composição geológica, fauna e flora marinha, entre outros
aspectos oceanográficos e climatológicos essenciais para o desenvolvimento do
conhecimento estratégico.
Neste sentido, o geoprocessamento apresenta-se como um importante aliado da
Amazônia Azul, auxiliando outros campos do conhecimento para gestão e análise dos
dados e informações espaciais. Esse instrumento do conhecimento possibilita ao

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pesquisador aliar dados de fenômenos diversos à sua localização geográfica com precisão,
graças a confiança e velocidade do processamento digital de imagens e informações. A
Figura 1 apresenta uma simulação de superposição de mapas temáticos digitais:

Mapas temáticos
digitalizados em camadas

Relevo analisado

Figura 1 – Simulação da superposição de mapas temáticos


Fonte: Adaptado de Novo, 1995.

Essa poderosa ferramenta pode proporcionar recursos ousados para a análise dos
ecossistemas integrados sobre a Plataforma Continental submersa. Isso será possível a
partir da produção de diferentes tipos de mapas, por meio dos bancos de dados, imagens de
satélites e/ou radares que são associados.
Contudo, a produção de mapas não é simples, mas nem por isso recente [5]. No
passado, cerca de 2500 A.C., na Mesopotânia, os mapas primitivos eram feitos em argila,
como uma mera descrição temática do meio ambiente. No entanto, apenas em meados do
século XVI D.C., Mercator desenvolveu diferentes técnicas de reprodução cartográfica. No
Brasil, foi Cândido Rondon o pioneiro na ciência cartográfica, mapeando o continente para
implantação das redes telegráficas no início do século XX [6]. Foi um trabalho árduo, pois
teve que enfrentar inúmeros desafios naturais e econômicos para tecer os mapas do interior
do país.
Tal como fez Cândido Rondon no passado, o país deve conscientizar-se e investir
neste levantamento do mar que nos pertence: a Amazônia Azul. Para tanto, é preciso
difundir uma mentalidade racional marinha [7], em prol do uso sustentável dos recursos do
mar. É preciso ainda identificar potencialidades e vulnerabilidades de toda a região, pois
isso apresenta-se como um pensamento estratégico para seu desenvolvimento.

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Para tanto, em um primeiro momento deve-se avaliar toda a faixa compreendida


entre as 200 milhas marítimas estabelecidas como Zona Econômica Exclusiva (ZEE) na
Convenção das Nações Unidas para Direito do Mar (CNUDM). Nesta área é possível
identificar aspectos preponderantes, tais como vocação regional para o extrativismo
marinho, fontes de recursos energéticos (petróleo, gás), turismo, etc. Todos esses dados e
informações podem ser agrupados e compilados para a sua análise no contexto espacial.
Tais dados servirão de subsídio para uma sólida base cartográfica da costa brasileira.
Também se faz necessário um levantamento geodésico dessa região, de maneira que
possam ser confiáveis as coordenadas geográficas associadas a esse banco de dados.
Trata-se de um trabalho multidiciplinar, que envolve áreas distintas do Estado e da
iniciativa privada, uma vez que todos estão integrados. Por exemplo, um mapa de acesso às
praias de toda orla brasileira interessa tanto aos centros de pesquisa marinha quanto para as
empresas de turismo. Portanto, o geoprocessamento de imagens e dados está diretamente
ligado ao desenvolvimento e sobrevivência da Amazônia Azul.
A ciência geográfica também contribuirá para a preservação da vida, uma vez que
mapeará todas as espécies da fauna e flora marinha integradas a este complexo ecossistema
[8]. Por isso, é de fundamental importância identificar ciclos de vida, as cadeias alimentares
e todos os aspectos ligados à vida naquela área, com ênfase na sua distribuição no espaço
geográfico. Deste modo, o gestor público, ou mesmo entidades ligadas à preservação da
vida, poderão coibir preventivamente a degradação do ecossistema ou agir rapidamente
durante acidentes ambientais. Deve-se ressaltar ainda que mapeando as estruturas
complexas que definem a vida na Amazônia Azul será possível elaborar planos de ação
contínuos contra a ação predatória do Homem.
Além disso, a área costeira possui ainda regiões que funcionam como verdadeiros
berçários naturais para as espécies marinhas da Amazônia Azul, tais como as baías,
estuários, lagunas e manguezais que devem ser prioritariamente preservados.
Georreferenciando essas informações, a sociedade brasileira poderá investir no
desenvolvimento regional sem comprometer a biosfera que está a sua volta. Investimentos
no turismo ou empreendimentos imobiliários são facilmente controlados e fiscalizados a
partir de uma sólida base de dados cartográficos.

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Outro aspecto relevante está relacionado com a distribuição espacial da população


nesta região. Na área costeira estão estabelecidas 42 milhões de pessoas, cerca de 25% da
população brasileira, a qual depende diretamente da Amazônia Azul. Existem cerca de 400
municípios distribuídos pela orla do Atlântico, os quais concentram 76% do Produto
Interno Bruto (PIB) nacional [9]. Portanto, é essencial para a economia atualizar e
interpretar esses dados em função do espaço geográfico, de modo que seja sustentável seu
desenvolvimento.
Ainda assim, parte considerável do PIB nacional passa pelos portos brasileiros, os
quais são responsáveis por 95% das exportações e importações brasileiras, movimentando
cerca 160 bilhões de dólares anuais [10]. Traçar rotas confiáveis e seguras para a Marinha
Mercante também é essencial para o desenvolvimento da Amazônia Azul. Tais rotas devem
estar claramente dispostas em mapas, de maneira que qualquer nação que possua relação
comercial com o Brasil tenha acesso com segurança à essas informações. Neste contexto o
país está reestruturando seus portos, estaleiros, e incrementando as frotas navais, mercante
e militar, com a implantação do Programa de Incentivo à Modernização e Ampliação da
Estrutura Portuária (Reporto) [11].
Além disso, o geoprocessamento pode dispor aos oficiais navais, em poucos
instantes, o fluxo natural das espécies marinhas e suas cadeias tróficas. Essas informações
contribuem para a preservação dos ecossistemas da inevitável poluição nas rotas de tráfego
transoceânicas.
Mais adiante, os estudos da Amazônia Azul devem alcançar ainda as profundezas da
Placa Continental. Nesta área existem riquezas energéticas que foram descobertas no início
da década de 90, e muitas outras por vir, uma vez que encontram-se ocultas pelas águas do
oceano Atlântico. No entanto, algumas dessas riquezas encontram-se além da ZEE
reconhecida pela CNUDM e por isso devem ser alcançadas pela reivindicação nacional
junto à Organização das Nações Unidas (ONU) [12]. Em 2005, a descoberta de petróleo na
Amazônia Azul impulsionou investimentos da ordem de 1,1 bilhão de dólares na frota de
navios petroleiros de bandeira nacional [13].
E por fim, deve-se salientar a necessidade de um levantamento minucioso da
potencialidade mineral da Plataforma Continental [14]. Logo, a elaboração dos mapas

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topográficos e geológicos da região podem subsidiar esses investimentos e alocar de


maneira sustentável as intervenções no meio ambiente.
Destarte, não restam dúvidas da importância da Amazônia Azul para o
desenvolvimento do país, bem como de seu profundo vínculo com os brasileiros que
residem na costa litorânea. E longe da orla do Atlântico, a nação continental também recebe
os frutos deste imenso e rico litoral, o qual deve ser conhecido e protegido pela sociedade
brasileira. Esse trabalho de preservação e exploração sustentável pode ser obtido por meio
de instrumentos técnicos-científicos eficientes e eficazes, tais como o geoprocessamento de
imagens e dados. Os mapas temáticos, geológicos e marítimos representam uma pequena
parcela de contribuição dessa ciência para a descoberta e preservação deste mar que nos
pertence.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
[1] SERAFIM, Carlos F. Simões (Org). Coleção explorando o ensino de Geografia: O mar no
espaço geográfico brasileiro. Brasília: Ministério da Educação, v.8, 2005, 304 p.
[2] TORRES, CF Luiz Carlos; HUNDRSEN, CF Souza Ferreira. Amazônia Azul: a fronteira
brasileira no mar. In: Revista Passadiço. Niterói: Centro de Adestramento Almirante “Marques de
Leão”, 2005, pp. 3-5.
[3] HANAN, Samuel Assayag. Amazônia - Contradições no Paraíso Ecológico. São Paulo: Cultura
Editores Associados, 1995.
[4] SERAFIM , Carlos F. Simões (Org). Coleção explorando o ensino de História: A importância do
mar na história do Brasil. Brasília: Ministério da Educação, v.13, 2006, 216 p.
[5] NOVO, Evlyn Márcia Leão de Morais. Sensoriamento Remoto. São Paulo: Ed. Edgard Blücher,
1995; OLIVEIRA, Cêurio. Cartografia Moderna. São Paulo: IBGE, 1993; SOARES FILHO, B.S.
Cartografia assistida por computador. Belo Horizonte: UFMG, 2001, 20p.
[6] BRASIL, Ministério da Defesa. Quem foi Cândido Rondon. Brasília: Ministério da Defesa, 2007.
[7] Idem 2.
[8] BRANCO, Samuel Murgel. O Desafio Amazônico. São Paulo: Editora Moderna, 1989.
GENEBRA, Organização das Nações Unidas. Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do
Mar, 1982 e suas alterações.
[9] BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2000.
[10] Idem 1.
[11] BRASIL, Lei Federal n.º 11.033, de 21 dezembro de 2004. Institui o Regime Tributário para
Incentivo à Modernização e Ampliação da Estrutura Portuária (REPORTO).
[12] Idem 2.
[13] Idem 1.
[14] RICCI, Mauro; Petri, Setembrino; Princípios de Aerofotogrametria e Interpretação Geológica.
São Paulo: Centro de Publicações Técnicas Aliança, 1965; PAREDES, Evaristo A. Introdução a
aerofotogrametria para engenheiros. Brasília: Maringa, 1987; BERNSTEIN, RALPH. Digital image
processing for remote sensing. Nova Iorque: RB, 1978.

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