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Freud identifica três eventos históricos importantes que produziram essa desilusão com
a civilização humana:
A tecnologia também traz a promessa de uma vida melhor e maior felicidade, mas
Freud contesta a noção de que os avanços na tecnologia automaticamente melhoram a
nossa qualidade de vida. Por outro lado, é difícil medir a felicidade do homem em uma
época anterior porque “felicidade” é um sentimento essencialmente subjetivo. As
pessoas em situações extremas de infelicidade também podem ser insensíveis ao seu
próprio sofrimento.
A civilização pode ser definida como a soma total das realizações humanas e
regulamentos destinados a proteger homens contra a natureza e “ajustar suas
relações mútuas.” Os avanços tecnológicos têm melhorado o nosso poder contra a
natureza, mas também as nossas capacidades de percepção sensorial através de
invenções como o telefone e fotografia. Estas invenções tem dado ao homem uma
sensação de onipotência e onisciência anteriormente atribuída apenas aos deuses. Freud
vai tão longe a ponto de chamar o homem de “Deus protético.”
A vida comunitária dos seres humanos tem as suas raízes na compulsão para trabalhar
(criada por necessidade externa) e o poder do amor (ou falta de vontade de ser privado
de um objeto sexual). Freud conjectura que “erotismo genital” estimulou a formação de
relações humanas duráveis, tornando a satisfação do prazer sexual o protótipo de outras
formas de felicidade que poderiam ser alcançadas com e através de companheirismo.
Tendo em conta os riscos do amor, algumas pessoas fazem-se independentes dos
objetos de amor individuais e em vez disso dedicam-se a um amor universal por toda a
humanidade, tipificado pelos santos cristãos. Freud chama esse fenômeno de “amor com
o objetivo inibido.”
Mesmo que uma das principais finalidades da cultura humana seja a de vincular os
homens “libidinalmente” uns aos outros, amor e civilização, eventualmente, entram em
conflito. Freud identifica várias razões diferentes para este antagonismo mais tarde. Por
um lado, unidades familiares tendem a isolar-se e impedir que os indivíduos se
desprendam e amadureçam por conta própria. As mulheres em particular têm, de acordo
com Freud, uma influência moderadora sobre as crianças e entram em oposição com a
civilização por ressentimento sobre a intimidade e amor que as exigências do trabalho,
necessariamente, levam para longe de suas relações conjugais.
Capítulo v
Freud tem como próximo alvo o mandamento “Ama o teu próximo como a ti mesmo”,
porque, ao contrário do ensino bíblico, ele tem uma visão pessimista do homem, cujo
instinto primitivo Freud considera ser agressivo, não amoroso. O mandamento
bíblico “ama ao próximo como a ti mesmo” vai contra a natureza original do
homem, e a história é a prova: O homem provou mais de uma vez que vai explorar,
abusar, humilhar, causar dor, torturar e matar outros homens, desde a invasão dos hunos
à Primeira Guerra Mundial.
Para Freud, o comunismo é baseado em uma suposição falsa, uma vez que não
altera em nada a natureza humana, apenas uma das motivações por onde atua (ou seja, a
ganância). A agressão é anterior à posse da propriedade. Ela também tem servido ao
longo da história para ligar comunidades contra aqueles que estão fora delas. Os judeus
na Idade Média eram, por exemplo, as vítimas de intolerância dos cristãos; e na Rússia,
a difamação do burguês tem servido como um grito de guerra para o governo
comunista.
Algumas dessas limitações da sociedade moderna são superáveis, enquanto outros são
intrínsecas à civilização. Freud não especifica quais limitações à nossa liberdade
instintiva caem em que categoria. A sociedade mais perigosa, segundo ele, é aquela em
que o líder é exaltado e os indivíduos não adquirem um senso adequado de identidade.
Freud aponta para a sociedade americana como um exemplo deste perigo, mas abstém-
se de persistir em sua crítica.- estado é superioridade ao individuo, ás vontades
individuais e à dignidade humana (panoptismo)