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Desafios de uma educação integral: um estudo com estudantes da Universidade Rovuma –

Extensão de Cabo Delgado

João Pedro Wing1


Universidade Rovuma
Domingos Joaquim Mucarreia2
Universidade Rovuma

Resumo

Este artigo tem o objectivo de apresentar e discutir aspectos ligados a acções de educação
integral atenção ao estudante universitário. Especificamente discute as peculiaridades do período
da vida que corresponde ao ingresso na universidade e todas as novas e complexas demandas que o
estudante deve enfrentar ao ingressar num curso superior. Essa convergência de novas situações
vai além dos desafios relactivos ao processo de ensino-aprendizagem, e envolve a mobilização de
muitos recursos por parte do estudante para adaptar-se. Todos esses esforços podem ter impacto
em seu rendimento acadêmico e qualidade de vida. Foram investigados 15 estudantes e 1
Presidente de Associação dos Estudantes. A pesquisa é descritiva, de carácter qualitativa,
sustentado pela análise de dados de recurso a método observacional. Os dados nos revelam que a
persistência de maneira de ser e estar de alguns estudantes no caso de vestuário e corte de cabelo,
deve-se pelo facto de gosto, liberdade e imitação. Conclui-se que o aprendizado do aluno bem
como todo o seu processo de adaptação ao ensino superior devem levar em conta diversas
variáveis que podem impactar o ajustamento acadêmico. Uma compreensão apropriada dessa fase
estudantil exige que se atente para as características individuais e de personalidade do estudante,
para a relação professor aluno, para o contexto e histórico institucional. Sugere-se que a
Universidade Rovuma continue a publicar regulamentos académicos sobre a postura e
personalidade de um estudante universitário e o registo académico através do portal de estudante
integrar essas normas.
Palavras-chave: Educação Integral; Estudante Universitário; Ensino Superior.

1
Estudante da Universidade Rovuma Extinção de Cabo Delgado, Curso de Psicologia Educacional 4 o Ano.
Pesquisador na área de orientação da carreira e Avaliação Pedagógica. Contacto: 849013918 ou email:
joaopedrowing@gmail.com
2
Estudante da Universidade Rovuma Extinção de Cabo Delgado, Curso de Psicologia Educacional 4 o Ano.
Pesquisador na área de orientação da profissional. Contacto: 844329200 email:
domingosjoaquimmucarreia@gmail.com
Introdução

A Conferência Mundial de Educação (UNESCO- Paris 1998) definiu em sua Declaração


Mundial sobre Educação Superior no Século XXI que as Instituições de Ensino Superior (IES)
devem trabalhar para que seus estudantes se tornem cidadãos bem informados, providos de sentido
crítico e capazes de analisar os problemas da sociedade, em busca de soluções, assumindo
responsabilidade social (Panúncio-Pinto & Colares, 2015). Outros documentos produzidos,
sobretudo a partir das três últimas décadas do século XX colocam à Universidade o desafio de
formar profissionais competentes do ponto vista técnico, mas também com compromisso ético e
político para a construção de uma sociedade mais justa e equânime. (Panúncio-Pinto & Colares,
2015).

A Universidade vem sendo chamada a se reorganizar e ressignificar, criando e difundindo


seus valores de forma a promover a melhoria da condição humana em suas múltiplas dimensões.
Tais demandas apontam para a necessidade de revisão de métodos, práticas, objectivos, currículos.
Mais do que isso, implicam na promoção de discussões constantes acerca dos objetivos
educacionais da universidade, visando a transformação do conhecimento e o desenvolvimento
humano (Santos & Almeida, 2001). Emerge, então, a preocupação e fazer um estudo com os
estudantes da universidade Rovuma Extensão de Cabo Delgado e a promoção de condições para o
seu desenvolvimento integral, para atingir seu nível de excelência pessoal e preparo para exercer
um papel actuante na sociedade.

Inúmeros estudos têm sido produzidos para aprofundar o conhecimento sobre temas
diversos envolvendo o quotidiano do estudante universitário, tais como a personalidade, a portura e
o perfil dos estudantes universitarios, sucesso e insucesso acadêmico, factores de estresse na
formação acadêmica, saúde mental do estudante, formação de atitudes e competências especificas,
entre outros. (Cunha & Carrilho, 2005; Almeida, 2007).

Não é a toa que se fala do tripé da universidade: ensino, pesquisa e extensão. Sendo que a
pesquisa é o ponto de origem das informações a serem ensinadas na sala de aula e a extensão um
caminho pelo qual as inovações da pesquisa são levadas à população. 

Mesmo assim, podemos dizer que popularmente existem duas concepções sobre o ser
estudante. Há dois “enfoques”: um meio maledicente que vê o estudante como um ser meio
moleirão, matreiro, malandreante. Um ser meio indefinido que está ai só por estar, aparentemente
descomprometido com seu curso e com a vida e, pior ainda, descomprometido com as questões
sócio-político-econômicas do país, do estado, do município.  A outra forma de visualizar o
estudante é associando-o ao movimento estudantil. Ao histórico do movimento estudantil que
mexeu com as bases da ditadura militar. Que apontou e que ainda hoje procura alternativas para a
melhoria do sistema escolar de nosso país. Nesta visão a idéia que se forma sobre o ser estudante é
de alguém que não está por estar, mas está inserido numa sociedade e num grupo que busca “algo a
mais”. Aqui está presente a idéia de desenvolvimento pessoal e coletivo (Carneiro, 2011). 

Quando nos referimos ao estudante estamos referindo à segunda concepção que também se
aproxima do que está nos dicionários. Estudante, neste ponto de vista, é uma espécie de sinônimo
de dinamicidade. É alguém que, contra todas as expectativas, ainda acredita que pode construir um
mundo melhor a partir de seu crescimento pessoal. (Igue, Bariani, & Milanesi, 2008; Souza, &
Reinert, 2010; 2013; Santos, 2013).

Qual é a reponsabilidade do universitário no seu processo formativo? O que a sociedade


espera do novo formando? Que ele, o formando, não perpetue a sua idiotice. Em outras palavras, o
que se espera de um universitário? Que ele não seja idiota. Explico: A origem etimológica da
palavra idiota transcorre do início do Estado Moderno e era utilizada para identificar o indivíduo
incapaz de perceber e de se envolver com a coisa pública, com o ‘bem comum’. Ou seja, o idiota é
aquele que tem preocupação única e exclusivamente consigo mesmo, em caráter privado. E,
devido a essa atitude de estar voltado apenas para si, é impedido de ver o todo, e antes, de ver o
outro (Igue, Bariani, & Milanesi, 2008; Almeida, & Soares, 2003; Biscalchin, 2013; Cunha,
Gomes, & Beck, 2016).

A pessoa que decide cursar o ensino superior é convidada a entender que sua formação e
sua futura acção profissional têm como fim, finalidade, a transformação social. É claro que o
diploma, dependendo da qualidade do processo formativo, pode também garantir um melhor posto
de trabalho, bem como, uma melhor remuneração, porém, reduzir todo o processo educacional
apenas a um suposto sucesso profissional e financeiro é diminuir todo empenho e formação
oferecida pelo ensino superior. Afinal, essa é a função da Universidade, promover a sabedoria, que
significa, entre outras definições, a capacidade de ampliar o modo de enxergar a própria vida e o
mundo em que se está inserido, e assim, perceber que o empenho pelo bem comum, implica uma
mudança de pensamento e acção no processo formativo e de futura acção profissional (Igue,
Bariani, & Milanesi, 2008; Souza, & Reinert, 2010; Almeida, & Soares, 2003; Biscalchin, 2013;
Gomes, Dagostini, & Cunha, 2013; Santos, 2013; Ramos, at al. 2015; Cunha, Gomes, & Beck,
2016).

Desse modo a responsabilidade social do estudante universitário é a de ser capaz de


responder às principais exigências de seu tempo. Desse modo, é de reponsabilidade, primeiro da
Universidade, ofertar um curso que não se reduza meramente ao ensinamento de disciplinas
técnicas e operativas inerentes ao curso, mas sim, ofertar disciplinas que permitam ao discente
enxergar a si próprio e a sua profissão através de uma ótica ampliada; segundo do docente,
principalmente das disciplinas específicas do curso, ser capaz de perceber que cabe a ele ensinar o
que é mais próprio de sua disciplina, pois ao focar no específico do curso através da disciplina
lecionada, não há como não provocar no aluno a ampliação de sua visão de mundo. Surge uma
observação, quando o docente não consegue ampliar a percepção de sua disciplina como interface
com questões de maior envergadura, ele próprio denuncia sua incapacidade professoral, colocando
em evidência sua idiotice. E, em terceiro, do discente, assumir a postura de estudante, o que
implica participar de modo efetivo das aulas (Biscalchin, 2013; Ramos, at al. 2015; Cunha,
Gomes, & Beck, 2016).

Esse é o maior desafio! O perfil do estudante nos dias actuais não reflecte essa participação
efectiva, que exige: silêncio e desapego dos aparatos tecnológicos (celular, notebooks e outros)
para maior concentração durante o período de aula e disciplina para acompanhar a elaboração dos
raciocínios desenvolvidos, compreensão das leituras de textos, capacidade de fazer anotações,
entre outros.

Com base na revisão apresentada, e tendo conhecimento de estudos sobre educação integral
dos estudantes da universidade Rovuma Extensão de Cabo Delgado em Moçambique, investigou-
se, neste artigo, adaptação, peculiaridades e postura dos estudantes universitários.

Metodologia da Pesquisa

A pesquisa é descritiva, de carácter qualitativa, sustentado pela análise de dados de recurso


a método observacional, preferenciando-se no levantamento bibliográfico para a combinação de
informações que conciliaram de forma efectiva na execução do trabalho.

Participantes
Foi usada amostra intencional, um tipo de amostragem não probabilística, de critério de
amostragem de quota, constituída por 15 Estudantes, da Universidade Rovuma extensão de cabo
Delgado e 1 Presidente de estudantes.

Instrumentos

Na recolha dos dados foi utilizado a entrevista, do tipo semi-estruturada se apoiando no


guião da entrevista onde foi previamente elaborado. As entrevistas foram gravadas, transcritas e
trabalhadas para compor o corpus da análise.

Procedimentos

Para a realização da pesquisa, inicialmente entrou-se em contacto com o gabinente do


presidente de associação de estudantes da escola referida. Buscou-se obter a autorização para
realização do presente estudo através de um ofício contendo um documento (credencial) com os
objectivos da pesquisa.

Após a autorização para coleta de dados nesta escola, o presidete de associação de


estudante escreveu um documento, contendo o agendamento de data e horário para a realização das
entrevistas, na oportunidade foi realizada uma explanação dos objectivos do estudo. No momento
da recolha de dados, as informações obtidas através das entrevistas foram gravadas e
posteriormente transcritas para análise e assim sucessivamente.

Apresentação dos resultados

Conhecimento acerca da avaliação integral.

A partir da entrevista realizada com os quinze estudantes que fizeram parte desta pesquisa,
foi possível desenhar essa tabela onde contém as respostas dos nossos entrevistados (vide tabela 1).

Tabela 1. Distribuição tabular acerca de conhecimento de avaliação integral.


Número das
pessoas Suas percepções
entrevistada
s
1 A avaliação integral é integração e formação do estudante com harmonia e
domínio de si, prepará-lo para saber ser e estar no ambiente universitário com os
seus deveres e direitos.
4 A avaliação integral é o processo de enquadramento do individuo à prática do
bem.
4 A avaliação integral é a transformação social do estudante à profissionalismo.
4 A avaliação integral é a forma de ser do individuo
3 A avaliação integral é o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual
e moral do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social.

Observamos na tabela acima que dos quinze todos responderam, cada um com a sua visão e
percepção. Na verdade, falar da avaliação integral estamos a referir o processo de integração do
individuo em todos aspectos e todas áreas para o bem estar. Estas respostas que tivemos com os
nossos entrevistados, revem aquilo que eles perceberam.

A postura que apresentam os estudantes da Unirovuma – Extensão de Cabo Delgado

Tabela 2. Distribuição tabular das respostas dos entrevistados sobre a postura que apresentam os
estudantes
Entrevistados Respostas
1 Varia de estudante para estudante pós alguns apresentam-se de boa forma
e outros não.
3 Alguns estudantes não têm uma postura estudantil porque aparecem com cortes e
calças rasgadas e outras meninas com saias curtas.

3 Apresentam-se bem,
2 Cada um apresenta-se da sua maneira
5 Os estudantes presentam-se de acordo os seus hábitos e costumes
2 Os estudantes apresentam-se como na escola secundária porque muitos deste são
adolescentes

Notamos na tabela acima que os estudantes apresentam de maneira individual, cada um de


sua maneira, e ser e estar diferente tendo em conta sua origem, sua educação que teve durante a
socialização e influências. Notamos também que alguns usam saias curtas por ser moda, uns por
gostar, outras influências de colegas e amigas. Cortes, vestes entre outras formas de se
apresentarem os estudantes na universidade, a maior parte trata-se de moda.

A postura que devem apresentar os estudantes da Unirovuma – Extensão de Cabo Delgado

Tabela 3. Distribuição tabular da respostas dos entrevistados sobre a postura que devem
apresentar os estudantes
Entrevistado Suas ideias
s
1 Um estudante universitário deve se apresentar bem vestido de acordo com o
regulamento do ensino superior.
6 O estudante universitário deve ter uma boa postura, mostrando uma reflexão
crítica, saber falar, ser humilde e deve vestir-se bem.
2 Afirmaram que um estudante universitário deve ser exemplar em todos contextos.
7 Últimos responderam que um estudante universitário deve ter o espírito de
pesquisa e deve ser um individuo reflexivo.

Prima-se aqui a ideia de que o saber ser e estar de um indivíduo é da responsabilidade


individual. Vestir bem, apresentar se bem gravatado ou caraxado, cortar bem cabelo, usar calças
cumpridas com uma forma aceitável, saias normais que ultrapassam joelho, entre outos aspectos
são variáveis que o/a próprio/a estudante deve ter em conta na perspectiva académica.

Mudanças de maneira de ser e estar como estudantes

Tabela 2. Distribuição das respostas sobre mudanças de maneira de ser e estar como estudantes

Participantes Visão
1 É possível mudar a nossa maneira de ser estar como estudantes.
1 Não é possível mudar a nossa forma de ser e estar, porque cada estudante traz
consigo sua cultura e sua forma de viver.
4 Isso será possível partindo da própria instituição estabelecendo algumas leis,
princípios, normas que possam regular a nossa forma de ser e estar.
5 Será possível mudar começando pelos docentes na sua forma de se apresentar e
servindo de espelho dos estudantes.
3 Seria possível mudar a nossa maneira de ser e estar sempre fazendo palestras na
instituição como forma de sensibilizar os estudantes.
2 Seria possível mudar a nossa maneira de ser e estar com maior rigor no portão e
na sala de aulas.

Podemos notar o comportamento da tabela acima que, tudo é possível fazer, mudar,
modificar, reconstruir, reestruturar, enfim, desde que tenhamos boas estratégias de sensibilização a
essas mesmas pessoas. Aqui, sobre a mudança desse comportamento deve-se olhar o contexto,
cada indivíduo muda sua personalidade para atingir certos objectivos.

Estratégias para minimizar a situação


Tabela 2. Distribuição das respostas sobre estratégias

Participante Contribuições
s
13 Estudantes responderam que nada está sendo feito na Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado, porque as normas regulamentadas não se fazem
sentir.
2 A Universidade Rovuma Extensão de Cabo Delgado tem feito alguma coisa sim
como por exemplo, controlo dos estudantes que usam chinelos nos portões, mas
não é suficiente.

1 A Universidade Rovuma Extensão de Cabo Delgado tem colado nas vitrinas o


regulamento do ensino superior a fim de tornar universidade regrada, mas
alguns estudantes tornam-se remetentes.

Observamos na tabela acima que na universidade em estudo, que o trabalho para


reestruturar dos estudantes e mudar seus comportamentos nas suas maneiras de ser e estar está
sendo mínimo e poucas vezes se realizam actividades e programas de sensibilização dos estudades.
Ouvimos aqui o presidente de associação dos estudantes a afirmar que a Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado tem colado nas vitrinas o regulamento do ensino superior a fim de
tornar universidade regrada, mas alguns estudantes tornam-se remetentes e doutro lado os
Estudantes responderam que nada está sendo feito na Universidade Rovuma Extensão de Cabo
Delgado, porque as normas regulamentadas não se fazem sentir.

Discussões e considerações finais

Este artigo tenha como objectivo apresentar e discutir aspectos ligados a acções de
educação integral, atenção ao estudante universitário da unirovuma, Cabo Delgado. Também
discutir as peculiaridades do período da vida que corresponde ao ingresso na universidade e todas
as novas e complexas demandas que o estudante deve enfrentar ao ingressar num curso superior.
Os dados nos revelam que a persistência de maneira de ser e estar de alguns estudantes no caso de
vestuário e corte de cabelo, deve-se pelo facto de gosto, liberdade e imitação. O aprendizado do
aluno bem como todo o seu processo de adaptação ao ensino superior devem levar em conta
diversas variáveis que podem impactar o ajustamento acadêmico. Uma compreensão apropriada
dessa fase estudantil exige que se atente para as características individuais e de personalidade do
estudante, para a relação professor aluno, para o contexto e histórico institucional.
Como é possível perceber, assumir o compromisso com a formação integral do estudante
significa olhar para além do processo ensino-aprendizagem, reconhecendo que este jovem passa
por momentos de vulnerabilidade e crise de identidade ao longo de sua formação, uns com saias
curtas, calças rasgadas em ambos géneros, cortes esquisitos de cabelos por parte dos homens e
brincos, até certo ponto não dignifica a postura de um estudante universitário. No geral os
estudantes ingressantes trazem inicialmente expectativas positivas em relação a sua futura
experiência acadêmica. No entanto podem ocorrer contradições entre esses sentimentos iniciais e o
quê a universidade efetivamente oferecer. Cada individuo nasce com seus traços de personalidade
que lhe identificam o seu modo de agir, ser e estar no contexto social. De certa maneira, o estilo de
vida influencia na formação da personalidade do individuo (Cianflone & Fernandez, 1993). Moda,
gosto, democracia e imitação são alguns desafios que os jovens estão a vivenciar, e isso que que
haja sua mudança é preciso um trabalho.

Um dos períodos de maior vulnerabilidade e de crise de identidade profissional


identificados pela literatura é o ingresso na Universidade, comumente marcado por conflitos
decorrentes da adaptação ao meio universitário e da aproximação à profissão escolhida. (Ferreira,
Almeida & Soares, 2001; Almeida, 2007). O ingresso na Universidade é um período bastante
peculiar do curso de vida.
Marca uma transição importante do final da adolescência para o início da vida
adulta e desafia o estudante a assumir novas posturas, descobrir novas formas de estudar,
aprender, conviver e participar. Coincide, também, com o momento da escolha
profissional, que representa para muitos jovens um período de conflito não apenas pela
escolha e identificação com uma profissão, como também pelos desafios a serem
enfrentados nesse novo contexto (Panúncio-Pinto & Colares, 2015, p. 275).

Para que esse período de adaptação seja um processo tranquilo é necessário que o jovem
tenha passado por fases anteriores de desenvolvimento de forma estável e resolutiva. Por isso, a
entrada na Universidade para um adulto jovem não deve ser analisada a partir de factores isolados,
mas considerando um conjunto de situações produzidas por influências institucionais, sociais,
econômicas e históricas. (Panúncio-Pinto & Colares, 2015).

No contexto da educação universitária “aprender” ganha um novo significado, e coloca


sobre o estudante enorme responsabilidade, pois, de facto, ele escolheu uma carreira e ao deixar a
Universidade será um profissional, com compromissos e responsabilidades assumidos frente à
sociedade (Panúncio-Pinto & Colares, 2015).

Nesse sentido a experiência do processo ensino- aprendizagem é muito diversa daquela


vivida anteriormente no ensino médio, onde o estudante tinha que “dar conta” de conteúdos que
nem sempre lhe interessavam. Na Universidade tudo que se propõe ao aluno, desde o primeiro dia
de aula, é importante para a aquisição de habilidades e competências necessárias ao futuro
profissional.

O estudante vê-se então diante de um novo cenário e com novas demandas a


enfrentar, e a responsabilidade com sua formação aumenta de forma considerável. Espera-
se envolvimento, iniciativa, responsabilidade e autonomia. Espera-se que ele se organize
para apreender o que lhe será apresentado ao longo da graduação, nunca perdendo de vista
que depois de formado deverá estar apto a exercer a profissão de forma ética, crítica,
consciente competente. (Panúncio-Pinto & Colares, 2015, p. 275).

O início da vida universitária é marcado por uma convergência de situações que são
apresentadas ao estudante, que é chamado a adaptar-se a esse novo meio social. Essa adaptação
pode ser difícil ao “calouro”: uma nova “escola”, novos colegas, novas responsabilidades, muitas
vezes numa outra cidade e distante de sua família (Silva, 2010). Olhando para todos os eventos que
se juntam nesse momento do ingresso na educação universitária, é necessário considerar que a
maioria dos calouros está na faixa- etária dos 17 aos 20 anos, ou seja, no final da adolescência,
enfrentando a transição final para o ingresso na vida adulta.

Uma instituição de ensino superior é composta por estudantes, professores, e funcionários –


estrutura administrativa e acadêmica, e a realidade institucional reflecte as dificuldades e
resistências de cada segmento na construção de acções integradas que respondam às necessidades
da formação profissional que se espera da Universidade na actualidade.

A implantação de modelo de atenção integral ao estudante enfrenta dificuldades e


resistências em todos os segmentos institucionais no reconhecimento de estratégias interventivas
que questionam papeis cristalizados, tradicionalmente desempenhados por estudante e professores.

Neste artigo foram abordados aspectos referentes ao estudante universitário, as complexas


variáveis envolvidas em sua adaptação ao contexto acadêmico e possibilidades de ofertar apoio e
orientação, respondendo as suas demandas, a partir das experiências institucionais. Foi ressaltada a
importância de uma educação integral, que mobilize toda a instituição, respeitando as
características do jovem adulto e suas estratégias de adaptação em sua trajectória acadêmica.

Sugere-se que a Universidade Rovuma continue a publicar regulamentos académicos sobre


a postura e personalidade de um estudante universitário e o registo académico através do portal de
estudante integrar essas normas.

Referencia bibliográfica

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