Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Abstract
Reinforcement corrosion triggered by chlorides is one of the main problems that
affects reinforced concrete structures. Considering the study of this kind of
problem, the speed of data collection, the possibility of controlling the variables
that influence the corrosion process and the low cost of carrying out these tests
have been encouraging aspects for carrying out laboratory accelerated tests
rather than testing based on natural exposure. Over the years, although the
procedures adopted in accelerated tests have improved, research in the field is still
¹Gibson Rocha Meira lacking widely used standardisation. This study undertakes a review of the main
¹Instituto Federal de Educação
João Pessoa - PB - Brasil testing methodologies used to induce corrosion triggered by chlorides in Brazil
https://orcid.org/0000-0002-2010-5315 and internationally, discussing their advantages and disadvantages and
generating a reflection about the standardisation of procedures. Hence, it
²Pablo Ramon Rodrigues Ferreira proposes, among other aspects, the use of accelerated testing procedures that keep
²Instituto Federal de Educação, Ciência a proximity with real exposure conditions, the standardisation of the criteria used
e Tecnologia da Paraíba
João Pessoa – PB - Brasil to identify reinforcement depassivation, as well as of specimens preparation. These
actions can contribute to reduce data variability and facilitate comparisons among
similar studies.
Recebido em 02/06/18
Aceito em 27/02/19 Keywords: Chlorides. Reinforced concrete. Corrosion. Accelerated tests.
MEIRA, G. R.; FERREIRA, P. R. R. Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada 223
por cloretos em concreto armado. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
ISSN 1678-8621 Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído.
http://dx.doi.org/10.1590/s1678-86212019000400353
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
Introdução
A ação dos íons cloreto é uma das principais BLUID 443 (NORDTEST..., 1995), NT BLUID
responsáveis por desencadear a corrosão de 492 (NORDTEST..., 1999) e EN 12390-11
armaduras em estruturas de concreto armado. (EUROPEAN..., 2015). Por outro lado, a
Embora ainda haja dúvidas em relação ao modo padronização de ensaios focados na indução da
como ocorre a ruptura da capa passiva e a ativação corrosão por cloretos, ou seja, que envolvem a
das armaduras, vários esforços em pesquisa têm despassivação da armadura e, eventualmente, o
sido feitos no sentido de estudar a ação dos cloretos avanço do processo de corrosão, avançou menos em
sobre estruturas de concreto. relação à uniformização de procedimentos.
Esses estudos envolvem aspectos como influência Nesse cenário, as pesquisas relacionadas à indução
de características dos materiais e do ambiente no da corrosão por cloretos em estruturas de concreto
transporte de cloretos (TUUTTI, 1982; PAGE; armado apresentam algumas dificuldades em
HAVDAHL, 1985; JAEGERMANN, 1990; relação à análise dos resultados obtidos. Primeiro, o
THOMAS, 1996), modelagem do transporte de processo de corrosão envolve incertezas em relação
cloretos e da propagação da corrosão (SAETTA; à despassivação, com idas e vindas antes que a
SCOTTA; VITALIANI, 1993; TANG; NILSSON, corrosão se instale de forma consistente. Segundo,
1993; GUIMARÃES, 2000) e caracterização dos há o emprego de uma diversidade de metodologias
níveis de presença salina em zona de atmosfera experimentais, as quais produzem resultados que
marinha e sua interação com estruturas de concreto sofrem influência direta de cada uma delas.
(GUSTAFSSON; FRANZÉN, 1996; MORCILLO Terceiro, a utilização de diferentes técnicas de
et al., 1999; MEIRA, 2004). No entanto, esses monitoramento e avaliação do estado de corrosão da
estudos podem ser agrupados entre aqueles que se armadura, bem como dos critérios empregados
dedicam à fase de iniciação da corrosão e aqueles nesse tipo de avaliação apresentam suas
que envolvem a fase de propagação da corrosão, particularidades e limitações, produzindo
estes de forma isolada ou conjunta com a primeira significativa variabilidade de resultados. Além
fase. Outro aspecto a ser destacado é que a grande disso, o concreto armado apresenta respostas
maioria desses estudos envolve a realização de diferentes em função da idade, do ambiente de
ensaios acelerados em laboratório, com exposição, do modo de confecção e aplicação
metodologias próprias que nem sempre podem ter (TREJO; HALMEN; REINSCHMIDT, 2009). Por
seus resultados comparados. fim, pode-se agregar que parte dos elementos acima
Sobre a realização de ensaios acelerados, embora mencionados depende de uma adequada
haja aspectos que os distanciem das condições reais infraestrutura laboratorial, com alguns
de exposição, em que uma multiplicidade de ações equipamentos de custo significativo, nem sempre
ocorre de forma simultânea e aleatória, é um disponíveis nos laboratórios.
caminho necessário, pois a obtenção de resultados Considerando as pesquisas relacionadas à indução
em ensaios em condições naturais de exposição da corrosão por cloretos, diferentes abordagens
pode ser extremamente demorada, o que inviabiliza foram utilizadas por pesquisadores em ambiente de
seu emprego de forma regular. O importante nesse laboratório objetivando simular as condições reais
cenário é definir estratégias de ensaio acelerados de exposição. Parte desses estudos foi realizada
que os aproxime, de forma direta ou através de dispondo a armadura em solução alcalina, com
fatores de correção das condições de aplicação reais cloretos adicionados a essa solução, de modo a
dos materiais. Outro aspecto a ser ponderado em simular o meio no qual a armadura está exposta no
relação aos ensaios acelerados é que, uma vez que concreto. Esse tipo de ambiente pode ter facilmente
eles demandam menor tempo para a obtenção de o pH e a concentração de cloretos alterados com
resultados, também envolvem menor custo precisão, a critério do pesquisador (ANGST et al.,
operacional. 2009; TREJO; HALMEN; REINSCHMIDT, 2009).
Nesse sentido, ensaios acelerados focados no Quando se utiliza pasta de cimento, argamassa ou
transporte de cloretos, embora ainda não tenham concreto, a penetração de cloreto em corpos de
sido objeto de padronização no Brasil, avançaram prova endurecidos se torna mais demorada, e a
significativamente nos últimos anos no cenário quantificação da concentração de cloretos presente
internacional, resultando em documentos na superfície do aço é mais difícil e laboriosa
normativos como aqueles propostos pela C1202 (TREJO; HALMEN; REINSCHMIDT, 2009).
(AMERICAN SOCIETY..., 2018a), E1573 Além da simulação da fase líquida presente nos
(AMERICAN SOCIETY..., 2018b), T259 poros de matrizes cimentíceas, os pesquisadores
(AMERICAN ASSOCIATION..., 2002), T277 têm empregado como principais métodos para
(AMERICAN ASSOCIATION..., 2015), NT indução da corrosão a adição de cloretos à água de
amassamento do concreto ou argamassa (ARYA; trabalho publicado por Angst e Vennesland (2009),
XU, 1994; PAGE et al., 2002; GARCIA-ALONSO enquanto que os dados apresentados na Figura 2
et al., 2007), a aplicação de campo elétrico para representam percentuais relativos às publicações
acelerar a penetração de cloretos no concreto a nacionais trabalhadas na presente revisão.
partir de um reservatório contendo solução salina
No cenário internacional, a forma de introdução de
(CASTELLOTE; ANDRADE; ALONSO, 2002;.
cloretos em ensaios acelerados mais empregada é a
TREJO; PILLAI, 2003), a submissão de concretos
adição salina à massa de concreto (mistura ao
a ciclos de secagem e umedecimento (GLASS;
concreto fresco), seguida por ensaios que
HASSANEIN; BUENFELD, 1997; PAGE et al.,
empregam difusão pura, adicionados em solução
2002; VIEIRA, 2003; SILVA, 2006) e a exposição
(simulando a fase líquida do concreto/argamassa) e
de concretos à difusão pura por imersão ou através
absorção/difusão (Figura 1). No cenário nacional, a
do ensaio de salt ponding test (JOUKOSKI et al.,
forma mais empregada compreende os ensaios com
2004; CHIANG; YANG, 2007).
mecanismo de transporte por ação conjunta de
Variações nos procedimentos de ensaio para absorção e difusão (Figura 2), com os ciclos de
indução da corrosão por cloretos podem influenciar imersão e secagem prevalecendo.
no tempo para início da corrosão, no mecanismo de
Como se pode observar, ainda há uma significativa
transporte, no comportamento eletroquímico da
variabilidade nos tipos e procedimentos de ensaios
barra e no teor crítico de cloretos (ANGST et al.,
acelerados para indução da corrosão por cloretos,
2009). Nesse sentido, esses métodos de ensaio
mesmo com décadas de pesquisas. Partindo desse
carecem de ser confrontados com situações reais de
pressuposto e considerando a corrosão de
exposição, de modo a correlacionar os resultados,
armaduras desencadeada por cloretos, o presente
conforme procedimento realizado por Meira et al.
trabalho apresenta o estado da arte sobre ensaios
(2014) em relação ao teor crítico de cloretos.
acelerados de indução da corrosão por cloretos no
As Figuras 1 e 2 resumem as formas como os Brasil e no mundo. Com isso, visa contribuir para a
cloretos têm sido introduzidos em ensaios padronização futura de ensaios, bem como para
acelerados de indução da corrosão nos cenários minimizar falhas na condução dos ensaios e
internacional e nacional respectivamente. Os interpretação de resultados.
resultados apresentados na Figura 1 advêm do
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 225
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
Estado da arte das pesquisas precisas para a avaliação das estruturas existentes
(GULIKERS, 2006).
no Brasil e no mundo
No Brasil, um dos primeiros trabalhos mais
A introdução de cloretos no interior do concreto abrangentes relacionados à corrosão por cloretos foi
ocorre de diferentes maneiras, porém a exposição a publicado em 1981, por Paulo Helene, no Simpósio
ambientes marinhos e a sais de desgelo são as de Aplicação de Tecnologias do Concreto,
causas mais comuns da degradação de estruturas intitulado “Corrosão de armaduras em concreto
por corrosão de armaduras desencadeada por armado” (HELENE, 1986). Porém, um colóquio
cloretos (CASCUDO, 1997; TREJO; HALMEN; realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas
REINSCHMIDT, 2009). (IPT) em 1972 divulgou os principais trabalhos da
Um dos primeiros estudos na área de corrosão de época voltados para a durabilidade de estruturas de
armaduras originada pela ação de cloretos em concreto armado (TORRES, 2010). Em seguida,
elementos de concreto armado foi desenvolvido na muitos outros trabalhos surgiram, como, por
Alemanha em 1959 por H. Kaesche (KAESCHE, exemplo, o realizado por Maryangela G. Lima em
1959), em que se buscou estudar os riscos de 1990 (LIMA, 1990), Osvaldo Cascudo em 1991
corrosão em elementos de concreto armado (CASCUDO, 1991), Enio J. Pazini Figueiredo em
causados pela adição de aditivos aceleradores de 1994 (FIGUEIREDO, 1994), Gibson Rocha Meira
pega. Ainda no mesmo ano, A. Bäumel publicou um em 2004 (MEIRA, 2004), Marcelo Henrique F. de
dos primeiros estudos sobre a durabilidade de Medeiros em 2008 (MEDEIROS, 2008) e Ronaldo
concretos calcários com adição de cloretos à massa Alves de Medeiros Júnior em 2014 (MEDEIROS
de concreto (BÄUMEL, 1959). Além da Alemanha, JÚNIOR, 2014). Hoje, o Brasil conta com bons
países como Suécia, Espanha, EUA e Reino Unido centros de pesquisa acerca do tema, espalhados por
tiveram importantes papéis na formação do todo o país. As regiões com maiores concentrações
conhecimento dessa área (ANGST et al., 2011a), de trabalho são o Sudeste e o Sul, seguidos pelo
tendo como principal motivo para o início das Nordeste e o Centro-Oeste (TORRES, 2010).
pesquisas os danos oriundos da adição de sais de Considerando a base bibliográfica empregada na
desgelo na superfície de estruturas reais de concreto elaboração deste estudo, foram montados os
armado e da exposição desse tipo de estrutura a Quadros 1 e 2. Eles mostram as principais
ambientes sob influência marinha. características dos ensaios empregados na indução
As primeiras pesquisas acerca da corrosão iniciada da corrosão por cloretos, tomando como referência
por cloretos eram desenvolvidas em ambiente de os cenários nacional (Quadro 1) e internacional
laboratório com dois principais procedimentos de (Quadro 2). Adotou-se como critério para a escolha
ensaio: adição de cloretos à massa de uma matriz dos trabalhos o emprego de corpos de prova
cimentícia; e imersão da armadura em solução confeccionados com armadura de aço envoltos por
alcalina com cloretos. Contudo, a partir da segunda matriz cimentícia (concreto ou argamassa)
metade da década de 1980, o número de trabalhos submetidos à ação de cloretos.
aumentou consideravelmente, e novas estruturas de A seguir, discutem-se as características dos
ensaio, com características mais realistas, foram principais ensaios empregados na indução da
incorporadas às pesquisas. corrosão por cloretos.
De modo mais recente, estudos tentam desenvolver
modelos matemáticos para previsão de vida útil Métodos acelerados de indução da
para estruturas de concreto armado usando corrosão em concretos armados
ferramentas probabilísticas ou semiprobabilísticas,
tendo o teor crítico de cloretos como parâmetro que Cumpre aqui esclarecer que não é objetivo desta
alimenta esses modelos para a tomada de decisão. seção apresentar todos os métodos acelerados de
Os resultados desses modelos matemáticos são indução da corrosão para concreto armado, mas
comparados com os valores obtidos de estruturas comentar sobre aqueles com maior
em condições reais de exposição, almejando representatividade na literatura, discutindo sobre
desenvolver parâmetros mais realistas para a suas vantagens e desvantagens.
concepção de novas estruturas e condições mais
Quadro 1 - Características dos ensaios acelerados para indução da corrosão por cloretos em pesquisas
realizadas no Brasil (Continua...)
Tipo de Características
Referência
ensaio do ensaio dos corpos de prova da cura
Adição de Adição de NaCl na 12 CPs prismáticos de Desmoldagem
cloretos à Medeiros et taxa de 1% da massa de 15x15x45 cm, cobrimento 1 com 24 h e 69
massa de al. (2017) cimento e imersão total cm e 3 cm, barra com Ø 10 dias em ambiente
concreto em água por 2 dias mm com limpeza química controlado
12 CPs cilíndricos de 15x Ø15
Secagem ao ar livre por 91 dias em
Imersão e Cavalcanti cm, cobrimento 1,5 cm, 2,5
21 dias e imersão total imersão total de
secagem Filho (2010) cm e 3,5 cm, barra de CA50,
(3,5% NaCl) por 1 dia cal saturada
Ø 10 mm sem limpeza
4 CPs prismáticos de
Secagem em estufa (50
15x15x15 cm, cobrimento 2 28 dias em
Imersão e ºC) por 5 dias e
Silva (2010) cm e 2,5 cm, 2 barras de câmara úmida e
secagem imersão parcial (3,5%
CA60, Ø 5,0 mm com limpeza 30 dias ao ar livre
NaCl) por 2 dias
mecânica
CPs prismáticos de
Secagem por 5 dias e
Imersão e Portella et 10x9,1x4,9 cm, cobrimento 2 28 dias em
imersão parcial (3,5%
secagem al. (2006) cm, 3 barras de CA50, Ø 6,3 câmara úmida
NaCl) por 2 dias
mm
Secagem em estufa (50 4 CPs prismáticos de 4,5x7x9 7 dias em câmara
Imersão e Santos ºC) por 5 dias e cm, cobrimento 1 cm e 2 cm, úmida e 71 dias
secagem (2006) imersão parcial (3,0% 2 barras de CA50, Ø 5,0 mm em ambiente de
NaCl) por 2 dias com limpeza ASTM G1 laboratório
Secagem em CPs prismáticos de 5x5x12 12 dias em
Imersão e laboratório por 4 dias e cm, cobrimento 1 cm e 2 cm, câmara úmida e 4
Silva (2006)
secagem imersão parcial (3,5% barra de CA50, Ø 10 mm com dias em ambiente
NaCl) por 3 dias limpeza ASTM G1 de laboratório
Tavares, Secagem em estufa 12 CPs prismáticos de
Imersão e Costa e (50±10 ºC) por 6 dias e 6x12x12 cm, cobrimento 2,5
Não informado
secagem Andrade imersão total (5% cm, 2 barras de CA50, Ø 6,3
(2006) NaCl) por 3 dias mm com limpeza mecânica
28 dias em
Secagem em estufa (50 4 CPs prismáticos de 6x10x10
Vieira e Dal câmara úmida e
Imersão e ºC) por 14 dias e cm, cobrimento 1,5 cm, 2
Molin 14 dias em
secagem imersão parcial (3,5% barras de CA60, Ø 5,0 mm
(2004) ambiente
NaCl) por 7 dias com limpeza mecânica
controlado
Secagem em 36 CPs prismáticos de
Imersão e Vieira laboratório por 5 dias e 6x10x10 cm, cobrimento 2,5 28 dias em
secagem (2003) imersão total (3,5% cm, 2 barras de CA50, Ø 10 câmara úmida
NaCl) por 5 dias mm com limpeza ASTM G1
CPs prismáticos de 28 dias em
Secagem em estufa (50
5,6x12x118 cm, cobrimento 1 câmara úmida e
Imersão e Monteiro ºC) por 5 dias e
cm, 2 cm e 4 cm, barra de 15 dias em
secagem (2002) imersão parcial (5%
CA50, Ø 6,3 mm com limpeza ambiente de
NaCl) por 2 dias
ASTM G1 laboratório
4 CPs prismáticos de 7 dias em câmara
Secagem ao ar livre por
Imersão e Jucá et al. 15x14x15 cm, cobrimento 0,5 úmida e 15 dias
5 dias e imersão total
secagem (2001) cm e 1 cm, barras de CA50, Ø em ambiente de
(0,5% NaCl) por 2 dias
8,0 mm laboratório
Secagem em estufa (50 4 CPs prismáticos de 4,5x8x9 7 dias em câmara
Imersão e Cabral ºC) por 5 dias e cm, cobrimento 0,5 cm e 1 úmida e 21 dias
secagem (2000) imersão parcial (3,5% cm, 4 barras de CA50, Ø10 em ambiente de
NaCl) por 2 dias mm com limpeza ASTM G1 laboratório
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 227
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
Quadro 1 - Características dos ensaios acelerados para indução da corrosão por cloretos em pesquisas
realizadas no Brasil (continuação)
Tipo de Características
Referência
ensaio do ensaio dos corpos de prova da cura
60 V por 8 h e imersão 6 CPs cilíndricos de 20x Ø Desmoldados com
Eletromi- Miranda et
parcial (3,5% NaCl) 10 cm, barra de CA50, Ø 24 h e 20 dias
gração al. (2017)
por 16 h 10 mm e limpeza química imersos em água
12 CPs prismáticos de
15, 45 ou 70 V por 8h e
Eletromi- Torres 10x20x10 cm, cobrimento 21 dias em
imersão parcial (3,5%
gração (2006) 3 cm, barra de CA50, Ø câmara úmida
NaCl) por 16h
12,5 mm
Câmara de Baseado na NBR 3 CPs em forma de pórtico
Santos 28 dias em
névoa 8094:1993 por 90 dias (s. transversal de 4,5x4,5
(2010) câmara úmida
salina (2% NaCl) cm)
Baseado na ASTM CPs prismáticos de
Câmara de
Portella et B117, 16 h de 10x9,1x4,9 cm, 28 dias em
névoa
al. (2006) pulverização diária a 1 cobrimento 2 cm, 3 barras câmara úmida
salina
a 2 ml/h (5% NaCl) de CA50, Ø 6,3 mm
CPs prismáticos de
28 dias em
Baseado na ASTM 5,6x12x11,8 cm,
Câmara de câmara úmida e
Monteiro B117, 16 h de cobrimento 1 cm, 2 cm e 4
névoa 15 dias em
(2002) pulverização diária a 1 cm, 3 barras de CA50, Ø
salina ambiente de
a 2 ml/h (5% NaCl) 6,3 mm com limpeza
laboratório
ASTM G1
14 dias em
Câmara de câmara úmida e
Baseado na ASTM CPs prismáticos de
névoa Levy (2001) 46 dias em
B117 (5% NaCl) 10x10x10 cm
salina ambiente de
laboratório
Quadro 2 - Características dos ensaios acelerados para indução da corrosão por cloretos de pesquisas
realizadas no mundo (Continua...)
Características
Tipo de ensaio Referência
do ensaio dos corpos de prova da cura
CPs prismáticos de
Areia extraída do mar Desmoldagem
Adição de 15x15x15 cm,
Liu et al. contendo cloretos na 24 h e 28 dias
cloretos à massa cobrimento 1 cm, barra
(2018) taxa de 0,0% a 1,07% em ambiente
de concreto com Ø10 mm com
da massa controlado
limpeza química
6 CPs prismáticos de
Adição de Adição de NaCl na 31 dias de
Li, Yuan e Li 100x30x20 cm,
cloretos à massa taxa de 0,6% a 3% da imersão em
(2011) cobrimento 4 cm, barra
de concreto massa de cimento água
com Ø 12,7 mm
Adição de NaCl na
taxa de 0% a 3% da
massa de cimento,
Adição de CPs prismáticos de
diferença de potencial Envoltos em
cloretos à massa Ann et al. 15x15x15 cm,
de 250 mV entre a filme plástico
de concreto e (2010) cobrimento de 2 cm, 2
armadura e um por 28 dias
eletromigração barras de Ø10,0 mm
eletrodo externo,
solução de 4 M de
Nacl
Quadro 2 - Características dos ensaios acelerados para indução da corrosão por cloretos de pesquisas
realizadas no mundo (continuação)
Características
Tipo de ensaio Referência
do ensaio dos corpos de prova da cura
Adição de NaCl na taxa
de 0,4% a 0,8% da massa
3 CPs prismáticos de
Adição de Bertolini, de cimento, UR (90%) e
7x7x10 cm,
cloretos à massa Carsana e T (20 ºC) controladas Não
cobrimento de 3 cm,
de concreto e Pedeferri Alternada de 3 A/m² e 50 informado
2 barras de Ø 10,0
eletromigração (2007) A/m² (demais) com 1h de
mm
aplicação e 4h de
interrupção
Adição de NaCl nas 6 CPs prismáticos de
Adição de
taxas de 0,2% e 4% da 60x60x10 cm,
cloretos à massa García-Alonso Não
massa de cimento e cobrimento de 4,4
de concreto e et al. (2007) informado
imersão total (3,5% de cm, 4 barras de Ø
imersão
NaCl) por 2 meses 12,0 mm sem limpeza
6 CPs prismáticos de
120x20x30 cm,
Adição de Adição de NaCl na taxa Envoltos em
Rincón et al. cobrimento de 2,5
cloretos à massa de 1% da massa de filme plástico
(2008) cm, 4 barras com Ø
de concreto cimento por 28 dias
10,0 mm e estribo de
Ø 5,0 mm
CPs prismáticos de
Garcés, 28 dias em
Adição de Adição de NaCl nas 22x20x22 cm,
Sanchez de câmara úmida
cloretos à massa taxas de 3% e 4% da cobrimento de 3 e 5,3
Rojas e Climent com umidade
de concreto massa de cimento cm, barra com Ø 12,0
(2006) >95% e 20 ºC
mm
Adição de NaCl na taxa
3 CPs prismáticos de
de 5% da massa de
Adição de 30x15x25 cm, 7 dias em
cimento, densidade de
cloretos à massa Maaddawy e cobrimento de 3 cm, câmara úmida
corrente de 100 a 500
de concreto e Soudk (2003) 2 barras de Ø 11,3 e mais 7 em ar
µA/cm², CPs sempre
eletromigração mm, limpeza ASTM seco
envoltos com estopa
G1
molhada
Adição de NaCl nas
taxas de 0,3% e 2,4% da
7 CPs prismáticos de
Adição de massa de
10x10x9 cm,
cloretos à massa Page et al. cimento, imersos em Não
cobrimento de 0,5
de concreto e (2002) água por 2 dias e informado
cm, 1 cm e 2 cm, 3
imersão/secagem secagem por 28 dias em
barras de Ø 6,3 mm
câmara saturada de
MgCl2 com UR de 33%
CPs cilíndricos de 5x
Adição de Adição de NaCl na taxa Ø 5 cm, barra de Ø 7 dias em
Thangavel e
cloretos à massa de 0% a 3,5% da massa 20,0 mm, limpeza imersão total
Rengaswany
de concreto e de cimento e imersão mecânica e em água
(1998)
imersão total (3,5% de NaCl) desengordurado com destilada
tricloroetileno
Adição de NaCl na taxa
Envoltos em
de 0% a 3% da massa de
Adição de Glass, 17 CPs cilíndricos de filme plástico
cimento e imersos (3,5%
cloretos à massa Hassanein e 25x Ø 10 cm, por 14 dias e
de NaCl) por 30 min e
de concreto e Buenfeld cobrimento de 9 cm, 14 dias em
secagem por 11,5 h em
imersão/secagem (1997) barra de Ø 20,0 mm ambiente de
câmara com UR de 50-
laboratório
70%
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 229
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
Quadro 2 - Características dos ensaios acelerados para indução da corrosão por cloretos de pesquisas
realizadas no mundo (continuação)
Características
Tipo de ensaio Referência
do ensaio dos corpos de prova da cura
CPs prismáticos de
Adição de Adição de NaCl na taxa 3 a 180 dias de
Arya e Xu 60x18x5 cm,
cloretos à massa de 0,2% a 2,5% da massa imersão em
(1994) cobrimento 2,5 cm,
de concreto de cimento água
barra com Ø 8,0 mm
Adição de NaCl na taxa CPs prismáticos de
Adição de
Andrade, de 3% da massa de 15x15x38 cm, 28 dias em
cloretos à massa
Alonso e cimento, densidade de cobrimento 2 cm e 3 imersão em
de concreto e
Molina (1993) corrente de 3 ou 10 cm, barra de Ø 20,0 água
eletromigração
µA/cm² mm
Envoltos em
Adição de Monteiro, Adição de CaCl2 na taxa Barra com Ø 19,0
filme plástico
cloretos à massa Gjørv e Mehta de 2% da massa de mm e limpeza
por 180 dias
de concreto (1985) cimento mecânica
(20 ºC)
Imersão total em água do 3 CPs cilíndricos de
Gjørv e mar, temperatura de 7±2 28x Ø 10 cm, 2 a 3 meses
Imersão simples Venesland ºC (exposição ao ar livre) cobrimento de 4,5 em imersão
(1979) e 20±2 ºC (exposição em cm, barras de Ø 10,0 em água
ambiente de laboratório) mm
Desmoldagem
com 24 h e
Secagem em câmera 6 CPs prismáticos de
mais 28 dias
Imersão e Rivera-Corral (50±10% UR) por 3 dias 17,5x9x15 cm,
em câmara
secagem et al. (2017) e imersão parcial (3,5% cobrimento 4 cm,
úmida (20±1
NaCl) por 4 dias barra Ø 10,0 mm
ºC e 100% de
UR)
Envoltos em
filme plástico
4 CPs prismáticos de por 28 dias em
Secagem em temperatura
12x8,4x14 cm, câmara com
Imersão e Angst et al. ambiente por 5 dias e
cobrimento 0,5 cm, 1 temperatura de
secagem (2011a) imersão total (1,1 a 1,8
cm e 2 cm, 2 barras Ø 20 ºC e 13
mol/l NaCl) por 5 dias
8,0 mm sem limpeza dias em
ambiente de
laboratório
Secagem em estufa 6 CPs prismáticos de
Imersão e Kishimoto (60±3 ºC) por 6 h e 10x10x30 cm, Não
secagem (2010) imersão total (3,2% cobrimento 5 cm, informado
NaCl) por 6 h barra Ø 10.0 mm
Secagem em temperatura 6 CPs cilíndricos de 28 dias em
Imersão e ambiente por 4 dias e 15,2x Ø 7,6 cm, câmara úmida
Wheat (2002)
secagem imersão total (3,5% cobrimento 5 cm, e mais 30 dias
NaCl) por 4 dias barra Ø 13,0 mm em ar seco
Aplicação de uma
CPs prismáticos de
Abosrra, corrente contínua de 0,4
15x15x15 cm, 25 dias em
Eletromigração Ashour e A, duração de 1, 7 ou 15
cobrimento de 6,9 câmara úmida
Youseffi (2011) dias e totalmente imersos
cm, barra Ø 12 mm
em solução (3% NaCl)
Aplicação de uma 3 CPs cilíndricos de
Prabakar,
diferença de potência de 10x Ø 7,5 cm,
Manoharan e 28 dias imerso
Eletromigração 5 V, duração de 20 dias e cobrimento de 3,15
Neelamegam em água
totalmente imersos em cm, barra Ø 12,0 mm
(2009)
solução (3,5% NaCl) sem limpeza
Quadro 2 - Características dos ensaios acelerados para indução da corrosão por cloretos de pesquisas
realizadas no mundo (continuação)
Características
Tipo de ensaio Referência
do ensaio dos corpos de prova da cura
Aplicação de uma CPs cilíndricos de
Cura por 31
corrente contínua de 5 10,2x Ø 5,1 cm,
dias em
Spainhour e A/mm², duração de 50 cobrimento de 1,92
Eletromigração câmara com
Wootton (2008) dias e parcialmente cm, barra Ø 12,7 mm,
temperatura de
imersos em solução (5% limpeza segundo
24 ºC
NaCl) ASTM G1
Durante a moldagem
Aplicação de uma foi feito um corte de
corrente contínua de 5 1 mm por 1 cm de
A/mm² e parcialmente profundidade no meio
Huang e Yang imersos em solução do CP 28 dias imerso
Eletromigração
(1997) (3,5% NaCl) (após a 2 CPs prismáticos de em água
corrosão foi aplicada 50x15x15 cm,
uma carga de 100 cobrimento de 3 cm,
toneladas) 2 barras de Ø 12,7
mm
Segundo JIS-H-8502;
ciclo de 2 h na câmara de
névoa salina (50 g/l de
NaCl), 4 h de secagem 6 CPs prismáticos de
Câmara de Kishimoto (60 ºC ± 1, UR = 20% e 10x10x30 cm, Não
névoa salina (2010) 30%) e 2 h em câmara cobrimento de 5 cm, informado
úmida secagem (50 ± 1 2 barras de Ø 10 mm
ºC, UR>95%); duração
total do ensaio de 3, 6 e 9
semanas
6 CPs prismáticos de
Pulverizados 1 vez por 120x20x30 cm,
Envoltos em
Câmara de Rincón et al. semana em câmara cobrimento de 2,5
filme plástico
névoa salina (2008) destinada a esse fim, cm, 4 barras com Ø
por 28 dias
solução de 3,5% de NaCl 10 mm e estribo de Ø
5 mm
Segundo especificações
2 CPs prismáticos de
da ISO 9227, temp.
Castro, Véleva 15x7,5 cm, 1, 3 e 7 dias
Câmara de controlada de 35 ºC,
e Balancán cobrimento de 3,28 em imersão
névoa salina aspersão de 1 a 2 ml/h
(1997) cm, barra de Ø 9,5 em água
(5% NaCl) durante um
mm, sem limpeza
período de 4 a 16 meses
Indução de fissuração
(0,4 mm e 0,7 mm)
28 dias em
Aplicação da piscina no meio do CP após a
Otieno, câmara úmida
Piscina ou salt com a solução (5% de cura
Alexander e com
ponding test e NaCl) por 3 dias e 3 CPs prismáticos de
Beushausen temperatura de
secagem secagem por 28 dias em 50x10x10 cm,
(2008) 23±2 ºC e 10
ambiente de laboratório cobrimento de 4 cm,
dias ao ar livre
barra de Ø 10 mm,
limpeza mecânica
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 231
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
Quadro 2 - Características dos ensaios acelerados para indução da corrosão por cloretos de pesquisas
realizadas no mundo (continuação)
Características
Tipo de ensaio Referência
do ensaio dos corpos de prova da cura
Após a cura, os CP
foram submetidos a
1º estágio: ciclos de
quatro cargas
aplicação da piscina (5%
pontuais (20% a 70% 28 dias em
de NaCl) por 4 dias e 3
Piscina ou salt da carga de ruptura) câmara úmida
Yoon et al. dias secagem por 28 dias
ponding test e de modo a gerar com umidade
(2000) 2º estágio: aplicação de
eletromigração fissuras (UR de 95% e
uma diferença de
2 CPs prismáticos de T de 22 ºC)
potencial de 10 V por 8
117x10x15 cm,
dias
cobrimento de 3 cm,
barra de Ø 10 mm
Os CPs foram
previamente
Aplicação da piscina com fissurados (0,1 mm,
28 dias em
a solução (1% de Cl-) por 0,2 mm, 0,3 mm e 0,5
câmara úmida
Piscina ou salt 24 h a cada semana, sem a mm);
Raupach (1995) com umidade
ponding test aplicação da piscina, CPs 4 CPs prismáticos de
(UR de 80% e
conservados em câmara 70x15x10 cm,
T de 20 ºC)
com umidade de 80% cobrimento de 1,5 cm
e 3,5 cm, 3 barras de
Ø 14 mm
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 233
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
(a) Imersão parcial em solução (b) Imersão total em solução (c) Tipos de secagem
contendo cloretos contendo cloretos
bancada entre o cátodo (Figura 4c-4) e o ânodo cloretos empregadas nas soluções, essas estão em
(Figura 4c-10) é de 20 V, logo a barra não é usada torno de 1 M (ALONSO et al., 1998; ANDRADE;
como polo para aplicação da tensão. A armadura é ALONSO, 2002; LEE; NOGUCHIB;
ligada a um “terra”, minimizando drasticamente o TOMOSAWAC, 2002; TREJO; MILLER, 2003;
efeito da polarização. O campo elétrico é aplicado CASTELLOTE; TORRES, 2006; ABSORRA et
em intervalos de 6 h, e as medidas eletroquímicas al., 2011).
são realizadas 42 h após o emprego do campo. A
A diferença de potencial recomendada varia de
corrosão da armadura é monitorada constantemente
autor para autor, porém há uma tendência à
através de potenciostato, usando a técnica de
aplicação de baixas diferenças de potencial. Trejo e
resistência à polarização. Embutidos no corpo de
Pillai (2003) recomendam 10 V, e Castellote,
prova estão o contraeletrodo (Figura 4c-5) e a sonda
Andrade e Alonso (2002) recomendam valores
de Haber-Luggin (Figura 4c-6), que contém um
entre 10 V e 13 V. O principal motivo para a
eletrodo de referência (eletrodo de calomelano
aplicação de uma diferença de potencial mais baixa
saturado), de modo a executar os ensaios de
se deve principalmente a alterações na
resistência de polarização. O ensaio prossegue até a
microestrutura do material e, consequentemente,
detecção da despassivação da armadura.
nos perfis de cloretos, com o aumento da tensão
Na literatura, o sal mais empregado nos ensaios de aplicada (TREJO; PILLAI, 2003), bem como o
eletromigração é o cloreto de sódio (CABRERA, efeito da polarização da armadura. Quanto maior a
1996; CASTELLOTE; ANDRADE; ALONSO, diferença de potencial aplicada no campo elétrico,
2002; PAGE et al., 2002; AUSTIN; LYONS; ING, maior a intensidade da polarização da armadura e
2004; SPAINHOUL; WOOTTON, 2008; maior será o tempo necessário para a barra voltar à
PRABAKAR; MANOJARAN; NEELAMEGAM, configuração original (CASTELLOTE;
2009; TREJO; HALMEN; REINSCHMIDT, 2009; ANDRADE; ALONSO, 2002; TREJO; PILLAI,
AHMAD, 2009). Em relação às concentrações de 2003).
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 235
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
(a) Setup test adaptado (b) Método de indução com dois reservatórios
Os ensaios que empregam esse tipo de configuração Na Figura 5b tem-se a configuração de ensaio
caracterizam-se pelo elevado tempo de ensaio até a proposta por Joukoski et al. (2004). O ensaio
despassivação da armadura. O elevado tempo de consiste na confecção de dois reservatórios, um
ensaio se deve, principalmente, ao mecanismo de contendo água destilada e outro contendo uma
transporte de massa e à carência de oxigênio nos solução com íons cloreto. O uso do reservatório
poros, uma vez que os poros, em geral, estão contendo água destilada aumenta o gradiente de
saturados (ANGST et al., 2009). concentração e minimiza os efeitos de vaporização
A Figura 5a mostra uma configuração de ensaio de água no interior do concreto, conforme citado no
semelhante à da norma T259-80 (AMERICAN início desta seção. Essa configuração de ensaio,
ASSOCIATION..., 2002). Nele o ensaio consiste no atrelada a uma pré-saturação dos poros com água
emprego de corpos de prova de concreto armado destilada, antes do ensaio acelerado, contribui para
submetidos ao fluxo unidirecional de cloretos a que ocorra a prevalência do transporte por difusão.
partir de um reservatório fixado em sua parte Em situações em que a troca de umidade com o
superior. A disposição do conjunto em um ambiente meio possa assumir maior proporção, tem-se a
com umidade controlada (HR≥95%) contribui para possibilidade de manutenção dos corpos de prova
que seja minimizada a secagem superficial dos em ambiente com umidade relativa elevada
corpos de prova. As alturas do reservatório e as (UR>95%).
concentrações da solução variaram de trabalho para Por fim, a Figura 5c mostra a configuração de
trabalho. Chiang e Yang (2007) usaram uma ensaio proposto pela norma G-109 (AMERICAN
solução de 3% de NaCl com altura da solução de 13 SOCIETY..., 2007). O ensaio consiste no emprego
mm, e Otieno, Alexander e Beushausen (2008) de corpos de prova de concreto com dimensões
usaram uma solução de 5% de NaCl com altura da predeterminadas, submetidos a ciclos de exposição
solução de 25 mm. No entanto, não se espera que a à solução com íons cloreto (3% de NaCl) contida
altura do reservatório seja um fator de grande num reservatório, durante 2 semanas, e secagem em
interferência em comparação com a concentração ambiente de laboratório, também durante 2
da solução. semanas. Aos corpos de prova são adicionadas três
barras de aço conectadas a um resistor de 100 Ω. O
monitoramento eletroquímico é feito sempre após a
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 237
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
exposição à solução agressiva, através das medidas mecanismo de transporte por difusão iônica conferir
de corrente (obtidas indiretamente por meio das velocidade lenta de ingresso de cloretos. O Quadro
medidas de potencial através do resistor), bem 6 resume as vantagens e as desvantagens de se
como através das medidas de potencial de corrosão, empregar esse tipo de método de ensaio.
seguindo as recomendações das normas ASTM G-
109 (AMERICAN SOCIETY..., 2007) e C-876 Câmara de névoa salina
(AMERICAN SOCIETY..., 2015) respectivamente.
O processo de exposição e secagem se repete até a O ensaio acelerado de indução da corrosão em
detecção da corrosão. Esse tipo de ensaio é câmara de névoa salina caracteriza-se por
amplamente utilizado em estudos para avaliar representar um típico ambiente de atmosfera
vários métodos de proteção contra corrosão, marinha, onde a estrutura de concreto armado sofre
incluindo diferentes propriedades do concreto, a incidência de uma névoa contendo íons cloreto
materiais com baixa taxa de aglomeração em (Figura 6a). O ensaio consiste na colocação de
substituição parcial ao uso de cimento, inibidores de corpos de prova em câmaras pré-fabricadas (Figura
corrosão e aços para estruturas de concreto 6b) com ambiente controlado (temperatura, pressão,
resistentes à corrosão (TREJO; HALMEN; ciclos de aspersão, etc.), onde os CPs são aspergidos
REINSCHMIDT, 2009). com solução salina vaporizada. Os principais
mecanismos de transporte envolvidos são a
A principal desvantagem do método de ensaio da absorção/capilar e a difusão, o primeiro, quando os
piscina é o tempo para a finalização do ensaio. Esse corpos de prova ainda apresentam secagem
fato é explicado por dois motivos: a limitação de superficial, e o segundo, quando seus poros vão
oxigênio nas proximidades da armadura em função sendo preenchidos pela solução aspergida.
de os poros estarem saturados de solução; e o
Figura 6 - Arranjo esquemático do ensaio em câmara de névoa salina (a); e imagem da câmara de névoa
salina (b)
(a) (b)
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 239
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
Quadro 8 - Características dos métodos de ensaio acelerado empregados na indução à corrosão por
cloretos
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 241
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 243
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 245
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
Revisão sobre ensaios acelerados para indução da corrosão desencadeada por cloretos em concreto armado 247
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 223-248, out./dez. 2019.
This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License.