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Na atualidade há grande demanda para o planejamento, gestão e formulação de políticas públicas, em razão
(TEIXEIRA, 2009):
o dos marcos jurídico-políticos da Constituição de 1988, que avançou na concepção de direitos sociais
(no que toca à política de Seguridade Social)
o do reconhecimento de direitos em outros campos, a exemplo dos conquistados pelas diversificadas
etnias e “minorias”, na medida em que essa mesma Constituição inovou e inaugurou um pluralismo
jurídico para a atuação com diferentes formações sociais.
Na área da saúde o planejamento é utilizado de forma ampla e em distintos espaços e dimensões, a saber
(NOGUEIRA; MIOTO, 2006):
o 1) formalizar as políticas de saúde;
o 2) dar organicidade aos sistemas de saúde, na dimensão gerencial e tecno-assistencial para
implantação do SUS, para a delimitação dos sistemas locais de saúde, para a gestão do sistema de
saúde suplementar, no planejamento em saúde, selecionando as prioridades e a partir do
reconhecimento das necessidades de saúde;
o 3) prever a cobertura dos serviços de saúde; favorecer a gerência e a gestão em saúde, fornecendo as
ferramentas para a avaliação de programas, de serviços e de cuidados em saúde e previsão de custos e
alocação de recursos.
Sobre o planejamento como instrumento inerente à prática profissional é importante destacar que:
o é imperioso planejar o trabalho;
o há necessidades que balizam a construção do projeto de trabalho profissional:
identificar aquilo que requer a intervenção profissional de assistentes sociais;
reconhecer de que forma a intervenção profissional irá responder às necessidades sociais que,
transformadas em demandas, serão privilegiadas nos processos de trabalho nos quais a profissão é
requerida.
O projeto [profissional] deve ser escrito, não pode estar apenas na cabeça do profissional; a sua
materialização é fundamental, pois é necessário que o projeto de trabalho possa ser acessado, acompanhado
e entendido.
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CONCURSO UFPE 2019 – SERVIÇO SOCIAL
NOTA DE AULA – PLANEJAMENTO
FACILITADORA: TANANY REIS
Do ponto de vista jurídico-legal, dois instrumentos são fundamentais para a construção do projeto
profissional:
o a Lei n. 8.662/1993, que regulamenta a profissão;
o o Código de Ética Profissional, que define as competências e os valores éticos norteadores do trabalho
profissional.
A Lei de Regulamentação da Profissão diz o que se deve e se pode fazer (em termos de competências e
atribuições privativas); o Código anuncia quais valores devem ser preservados, quando se explicita o trabalho
a ser desenvolvido. Assim, ao elaborar uma proposta de trabalho, é preciso ter claro que ela deve
referendar sempre os princípios éticos fundamentais.
Também se coloca como requisito fundamental para a elaboração da proposta o conhecimento das
legislações específicas do campo da política social, como ferramenta essencial para o exercício profissional.
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CONCURSO UFPE 2019 – SERVIÇO SOCIAL
NOTA DE AULA – PLANEJAMENTO
FACILITADORA: TANANY REIS
o 2. a definição dos objetivos (o que o profissional pretende fazer, quais objetivos pretende alcançar;
estes objetivos devem ser claros e exequíveis; a definição de objetivos dá a clareza necessária para
compreender a proposta de intervenção profissional);
o 3. a identificação das metas (quantificar e qualificar o trabalho proposto; devem estar relacionadas
com os objetivos; é necessária a explicitação de indicadores, que serão os medidores da efetividade do
trabalho; explicitação dos resultados que se deseja alcançar, considerando que todo o trabalho social
pressupõe, ao ser executado, uma transformação da realidade; identificação das estratégias de
monitoramento do trabalho, a fim de que se possam avaliar os resultados);
o 4. o apontamento dos recursos (o projeto deve deixar muito claro quais recursos serão necessários
para a sua execução; é preciso atentar para os recursos financeiros que serão despendidos, o que nos
exige cada vez mais, entender de orçamento (público ou privado) e dos mecanismos de formulação de
propostas orçamentárias e de desembolso financeiro; o entendimento sobre orçamento (público ou
privado) e sobre mecanismos de formulação de propostas orçamentárias e de desembolso financeiro é
necessário não apenas para propor um projeto de trabalho exequível, mas também para buscar
estratégias de alargamento de recursos para atender às demandas dos cidadãos usuários);
o 5. a indicação dos mecanismos de controle (definição de como os registros serão efetuados e de como
o conhecimento produzido no trabalho será potencializado; um projeto de trabalho deve preocupar-se
com que todo o conhecimento produzido seja um elemento que realimente novos projetos e que
ofereça elementos de reforço à população usuária, na sua organização por ampliação de direitos
sociais).
A composição dos dados utilizados na elaboração do projeto profissional deve estar baseada em uma leitura
da realidade que aponte os elementos que fundamentarão a proposta formulada. Dessa forma, a pesquisa [e
de uma forma mais abrangente, a dimensão investigativa da prática profissional] transforma-se em elemento
fundamental para o trabalho. É essencial que o assistente social esteja respaldado por dados da realidade
que assegurem a legitimidade de sua proposta e lhe confiram qualidade.
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Referências:
o COUTO, Berenice Rojas. Formulação de projeto de trabalho profissional. In: Serviço Social: direitos
sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
o NOGUEIRA, Vera Maria; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Sistematização, planejamento e avaliação das
ações dos assistentes sociais no campo da saúde. In: MOTA, Ana Elizabete et al. (ORGs). Serviço Social e
saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo: Cortez; Brasília – DF: OPAS, OMS, Ministério da
Saúde, 2009.
o PAIVA, Beatriz Augusto. Reflexões sobre pesquisa e processos de formulação e gestão. In: Capacitação
em Serviço Social e Política Social: Módulo 4: O trabalho do assistente social e as políticas sociais.
Brasília: CEAD UnB, 1999.
o TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação, administração e execução de políticas públicas. In: Serviço
Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
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Como processo racional o planejamento se organiza por operações complexas e interligadas de:
o Reflexão;
o Decisão;
o Ação;
o Retomada da reflexão.
A dimensão política do planejamento decorre do fato de que ele é um processo contínuo de tomada de
decisões, inscritas em relações de poder, o que caracteriza ou envolve uma ação política.
Para que o planejado se efetive como desejado, é fundamental que, além do conteúdo tradicional de
leitura da realidade para o planejamento da ação, sejam aliados à apreensão das condições objetivas o
conhecimento e a captura das condições subjetivas do ambiente em que ela ocorre.
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Referência:
o BAPTISTA, Myrian Veras. Planejamento social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras
Editora; Lisboa: CPIHTS, 2000.
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3. Planejamento estratégico:
Para Teixeira (2009), a gestão pública democrática sintoniza com o planejamento estratégico porque:
o tende a romper, nas organizações, com as hierarquias verticais rígidas de comando, promovendo um
tipo de comunicação horizontal intensiva (colegiada);
o busca ultrapassar a democracia representativa, combinando-a com a democracia participativa ou
direta.
Segundo Teixeira (2009), quando consideramos a categoria estratégia os seguintes procedimentos (que são
inter-relacionados), passam a fazer parte do exercício de planejar:
o identificação do “terreno” ou “cenário” em que se desenvolverá a ação e suas tendências;
o identificação de “aliados”, “oponentes”, “interessados”, “neutros” e, em alguns casos, até “inimigos”,
mapeando a natureza e consistência de seus vínculos;
o identificação do perfil das forças em confronto, seus recursos, suas técnicas, suas alianças (em
magnitude e qualidade), sua capacidade operacional;
o identificação do tempo disponível (de luta).
Fritsch (1996) destaca que o planejamento estratégico é uma das ferramentas atuais que pode ser apropriada
pelo Serviço Social, de modo situado e crítico, para imprimir dinamicidade, organicidade e concretude à
intervenção profissional.
Ainda de acordo com Fritsch (1996), a manipulação do instrumental deve se sustentar em valores éticos
universais (vida, liberdade, igualdade, trabalho), ou seja, deve primar pela valorização da pessoa humana. O
recurso ao planejamento estratégico não significa uma mudança de paradigmas para o Serviço Social, uma
vez que o planejamento estratégico deve ser apropriado, como instrumental, a constituir-se num “conjunto
articulado de conhecimentos e técnicas que permitem a operacionalização da ação profissional”.
Fritsch (1996) salienta que o planejamento estratégico, junto com outros instrumentais, é um dos caminhos
para avançarmos enquanto profissionais no domínio de intervenções com competência técnica, conquanto
(ou seja, embora), munidos, também de competência política.
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Segundo Fritsch (1996), a análise da relação entre o planejamento estratégico e o Serviço Social se dará por
intermédio de poder e participação. Poder evidencia-se como uma categoria essencial do planejamento
estratégico e participação, do Serviço Social. Poder e participação se interpenetram, considerando ser
fundamental a posição ocupada pelas pessoas nos processos de mudança ou de manutenção de
determinada situação.
Fritsch (1996) diz que a participação é o elemento de vinculação direta do planejamento estratégico com o
Serviço Social.
Referências:
o FRITSCH, Rosângela. Planejamento estratégico: instrumental para a intervenção do Serviço Social? In:
Revista Serviço Social e Sociedade, nº 52, p. 127 a 144. São Paulo: Cortez, 1996.
o TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação, administração e execução de políticas públicas. In: Serviço
Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
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O “grande nome” do planejamento estratégico é Carlos Matus, economista chileno que desenvolveu a
metodologia do Planejamento Estratégico Situacional (PES). A proposta de planejamento desenvolvida por
Matus vem na contramão do chamado “planejamento tradicional” que por vezes tende a se apresentar de
maneira burocrática, morosa e falha.
Para Matus, o planejamento tradicional, que este autor chama de normativo, não fornece o instrumental
necessário para que o “ator” participe do jogo social de maneira mais efetiva. Esse “jogo social” é forjado a
partir da variedade de interesses políticos, econômicos e culturais que levam “atores” a entrar em conflito
ou em cooperação com outros ao perseguirem seus objetivos
Segundo Matus, o jogo social requer um tipo de planejamento que articule técnica com política, estabeleça,
coerentemente, as ações face aos objetivos e aos meios para alcançá-los e formule estratégias para o
encontro com outros atores.
A metodologia elaborada por Matus (Planejamento Estratégico Situacional – PES) é composta por quatro
momentos que objetivam superar os problemas principais do planejamento:
Os momentos do Planejamento Estratégico Situacional são momentos e não etapas porque, como diz Matus,
“são um permanente fazer, uma permanente aprendizagem, um permanente cálculo, uma permanente
explicação, um permanente desenho e uma ação persistente no dia a dia. É como uma espécie de espiral,
onde os momentos se repetem incessantemente, mas mudando de conteúdo, contexto e lugar no tempo”
(DIEESE, 2014).
Nenhum momento está isolado dos demais. O que ocorre é um domínio passageiro de um momento sobre
os demais ao longo do processo (DIEESE, 2014).
Momento explicativo: busca-se conhecer a situação atual, procurando identificar, priorizar a e analisar seus
problemas. Apesar das semelhanças desse momento com o chamado “diagnóstico tradicional”, aqui se
considera a existência de outros atores, que têm explicações diversas sobre os problemas, impossibilitando
a construção de uma leitura única e objetiva da realidade; busca explicar a realidade de intervenção
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situacionalmente e responde a questões como: o que foi, o que é, e o que tende a ser;
Momento normativo: quando são formuladas soluções para o enfrentamento dos problemas identificados,
priorizados e analisados no momento explicativo, que podemos entender como o momento de elaboração
de propostas de solução; momento em que são detalhadas as propostas em função dos cenários previstos
e dos possíveis resultados do plano; o que deve ser é o questionamento que orienta esta etapa;
Momento estratégico: busca-se aqui analisar e construir viabilidade para as propostas de solução
elaboradas, formulando estratégias para se alcançarem os objetivos traçados; responde ao questionamento:
o que pode ser. Nesta etapa a viabilidade do plano é examinada e definem-se os momentos de ação
perante os movimentos dos sujeitos envolvidos no mesmo;
Referências:
o CAMPOS, Francisco Carlos Cardoso de. Planejamento e avaliação das ações em saúde. Belo Horizonte:
Nescon/UFMG, 2010.
o BERTOLLO, Kathiuça. Planejamento em Serviço Social: tensões e desafios no exercício Profissional. In:
Temporalis, Brasília (DF), ano 16, n. 31, jan/jun. 2016.
o DIEESE. Planejamento estratégico situacional. Brasília/DF: Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação, 2014.
o FIGUEIREDO FILHO, Wilson Bento; MÜLLER, Geraldo. Planejamento estratégico segundo Matus:
proposta e crítica. s. l. : s. ed., s. d.
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Para Gandin (2001), o planejamento participativo pretende ser mais do que uma ferramenta para a
administração; parte da ideia que não basta uma ferramenta para “fazer bem as coisas” dentro de um
paradigma instituído, mas é preciso desenvolver conceitos, modelos, técnicas, instrumentos para definir “as
coisas certas” a fazer, não apenas para o crescimento e a sobrevivência da entidade planejada, mas para a
construção da sociedade; neste sentido, inclui como sua tarefa contribuir para a construção de novos
horizontes, entre os quais estão, necessariamente, valores que constituirão a sociedade.
Gandin (2001) informa que o planejamento participativo é uma escola diferenciada dentro das possíveis
alternativas na área do planejamento (as outras alternativas que ele menciona são o gerenciamento de
qualidade total e o planejamento estratégico).
Ainda de acordo com Gandin (2001), o planejamento participativo tem como conceitos distintivos o de
marco referencial e o de necessidade.
A principal característica do planejamento participativo não é o fato de nele se estimular a participação das
pessoas; isto existe em quase todos os processos de planejamento. Não há condições de fazer algo na
realidade atual sem, pelo menos, pedir às pessoas que tragam sugestões. Usa-se esta “participação” até
para iludir e/ou cooptar. Para a metodologia do planejamento participativo, a participação “[...] inclui a
distribuição do poder e a possibilidade de decidir na construção não apenas do ‘como’ ou do ‘com que’ fazer,
mas também do ‘o que’ e do ‘para que’ fazer” (GANDIN, 2001, p. 81)
Segundo Bertollo (2016), o planejamento participativo possui estreita ligação com o projeto ético-político
que o Serviço Social assumiu e defende desde a ‘intenção de ruptura/movimento de reconceituação.
Referências:
o BERTOLLO, Kathiuça. Planejamento em Serviço Social: tensões e desafios no exercício Profissional. In:
Temporalis, Brasília (DF), ano 16, n. 31, jan/jun. 2016.
o GANDIN, Danilo. A posição do planejamento participativo entre as ferramentas de intervenção na
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realidade. In: Currículo sem Fronteiras, v.1, n.1, pp.81-95, Jan/Jun 2001.
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Às vezes são confundidos com o próprio planejamento, mas são apenas os meios pelos quais o
planejamento se expressa;
A distinção entre estes documentos está no nível de agregação de decisões e no detalhamento das operações
de execução;
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Referências:
o BAPTISTA, Myrian Veras. Planejamento social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras
Editora; Lisboa: CPIHTS, 2000.
o COHEN, Ernesto; FRANCO, Rolando. Avaliação de projetos sociais. Petrópolis: Vozes, 1993.
o CURY, Thereza Christina Holl. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, Célia Maria (Coord.). Gestão de
programas sociais. São Paulo: AAPCS – Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, 2001.
o NOGUEIRA, Vera Maria; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Sistematização, planejamento e avaliação das
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ações dos assistentes sociais no campo da saúde. In: MOTA, Ana Elizabete et al. (ORGs). Serviço Social e
saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo: Cortez; Brasília – DF: OPAS, OMS, Ministério da
Saúde, 2009.
o TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação, administração e execução de políticas públicas. In: Serviço
Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
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o planejamento constitui-se em uma atribuição (privativa) e uma competência no exercício do Serviço Social.
as atribuições privativas, dispostas no art. 5º da Lei de Regulamentação da profissão, que possuem relação
direta com o ato de planejar são:
o I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e
projetos na área de Serviço Social;
o II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social;
o III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e
outras entidades, em matéria de Serviço Social.
o planejamento foi reconhecido e assumido legal e normativamente como uma das atribuições do
assistente social nas diferentes esferas de atuação, seja pública, privada ou terceiro setor. Tal posição deve-
se ao reconhecimento do planejamento e de seus instrumentos enquanto possibilidades de tensionar e
“alargar” a esfera política de luta e defesa dos direitos sociais, bem como a sua operacionalização junto aos
indivíduos.
no seu cotidiano de trabalho, o assistente social é requisitado a elaborar, operacionalizar e avaliar planos,
programas e projetos.
a partir das duas últimas décadas do séc. XX - no âmbito público - o assistente social passa além de ocupar
o cargo de técnico executor, a ocupar cargos de chefia, isto é, de gestor das mais diversas políticas sociais,
dentre as quais se destacam a política de assistência social, saúde, educação e habitação, o que requisita
deste, conhecer o planejamento; bem como oportuniza a profissão chegar e ocupar um “espaço
privilegiado” na correlação de forças existentes nesta esfera.
na iniciativa privada, o assistente social também é chamado a desenvolver planos, programas e projetos:
o junto aos empregados, das famílias destes ou da comunidade ao redor da empresa em que atua. Nesse
contexto, é importante considerar que nos últimos anos ganhou relevância a chamada
“responsabilidade social empresarial”, e, consequentemente, o assistente social é um dos profissionais
requisitados para intervir nas atividades com esta caracterização;
o Ganha relevância também o financiamento de projetos sociais, principalmente apresentados por
ONGs, através dos Institutos e das Fundações de grandes grupos econômicos;
nos diferentes contextos sócio-ocupacionais em que o assistente social é requisitado para o planejamento,
a execução e a avaliação das ações devem se explicitar e se manifestar as três dimensões que constituem o
seu exercício profissional: a dimensão técnico-operativa, teórico-metodológica e ético-política.
cabe ao assistente social planejador, executor e avaliador de planos, programas e projetos, superar a tensão
entre o projeto profissional e os limites postos pelo processo de assalariamento.
é fundamental que os profissionais aprofundem o conhecimento sobre metodologias que venham a romper e
superar com a forma tradicional de planejamento, geralmente pautada na hierarquização das atribuições e
decisões entre técnicos - “detentores de um saber especializado” e os sujeitos usuários/beneficiários de tais
intervenções - planos, programas e projetos.
o planejamento participativo deve ser enfatizado, pois esta metodologia “horizontaliza” o ato de planejar,
executar e avaliar, uma vez que considera os indivíduos sujeitos políticos com capacidade de interferir nas
deliberações, no que e como está sendo proposto. Tal posicionamento afina-se com os preceitos defendidos
pelo projeto ético-político do Serviço Social materializados no Código de Ética profissional e na Lei de
Regulamentação da profissão.
Referência:
o BERTOLLO, Kathiuça. Planejamento em Serviço Social: tensões e desafios no exercício Profissional. In:
Temporalis, Brasília (DF), ano 16, n. 31, jan/jun. 2016.
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