Ao longo do tempo o homem tem se encontrado sob as garras de um monstro colossal.

Há
momentos em que a hedionda aparência de tal criatura nos é dissimulada pelos mais variados
artifícios da engenhosidade humana. Esta estratégia serve muito bem quando nos
encontramos em meio à efervescência dos dias ensolarados. Quando a noite avança, porém,
mesmo em nosso quarto, seus olhos feéricos se despontam, sinistros, a nos observar. Sem
pudor, sua silhueta se avulta ao olhar e com seu hálito cadavérico, nos sussurra, em escárnio,
que sua companhia não é excentricidade, mas sim, ela mesma, a força que, sob o disfarce do
espetáculo, nos guia ao precipício dia após dia. Este monstro não é senão a força que vem
conduzindo ao colapso generalizado a história da experiência humana, e para nosso espanto,
sua aparência assombrosa possui, na verdade, um rosto humano.