Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
GENÉTICOS FORENSES
TECNOLOGIAS DE CONTROLO
E ORDEM SOCIAL
Título
Autores
AA.VV.
Editor
Execução gráfica
ISBN 978-972-32-2225-8
Depósito Legal n.º 000 000/14
Qualquer reprodução desta obra, total ou parcial, que não tenha sido previamente autorizada pelo Editor, pode
constituir crime ou infração, puníveis nos termos da legislação aplicável.
BASES DE DADOS
GENÉTICOS FORENSES
TECNOLOGIAS DE CONTROLO
E ORDEM SOCIAL
HELENA MACHADO
HELENA MONIZ
(Organizadoras)
Esta publicação foi financiada por Fundos FEDER através do Programa Operacional
Factores de Competitividade — COMPETE e por Fundos Nacionais através da FCT —
Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto Base de dados de perfis de
ADN com propósitos forenses em Portugal — Questões atuais de âmbito ético, prático e
político (FCOMP—01—0124—FEDER—009231)
ÍNDICE
Págs.
NOTA PRÉVIA ................................................................................................... 7
SOBRE OS AUTORES .......................................................................................... 9
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13
PARTE I
REGULAÇÃO E DIREITO
PARTE II
GOVERNABILIDADE E MEDIAÇÕES
Coimbra Editora ®
6 Base de Dados Genéticos Forenses
PARTE III
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
Págs
FILIPE SANTOS — As funções do DNA na investigação criminal — estudo de
cinco casos em Portugal ......................................................................... 197
SUSANA COSTA — Os constrangimentos práticos da investigação criminal
em Portugal e suas repercussões na aplicabilidade da Base de Dados
de ADN ......................................................................................... 229
PARTE IV
TECNOLOGIAS NO PRESENTE, PASSADO E FUTURO
Coimbra Editora ®
NOTA PRÉVIA
Coimbra Editora ®
SOBRE OS AUTORES
Coimbra Editora ®
10 Base de Dados Genéticos Forenses
bra. Os seus interesses de pesquisa centram-se nos estudos sociais da genética forense,
focando temas como os impactos culturais, políticos e éticos das bases de dados gené-
ticos forenses e a genetização das relações sociais.
Coimbra Editora ®
Sobre os Autores 11
Coimbra Editora ®
INTRODUÇÃO
(1)
Não existem dados rigorosos sobre a situação concreta das bases de dados
genéticos com propósitos forenses em relação a vários países. Contudo, informação
atualizada pode ser encontrada no site da Forensic Genetics Policy Initiative, em
http://dnapolicyinitiative.org/.
Coimbra Editora ®
Introdução 15
Coimbra Editora ®
PARTE I
REGULAÇÃO E DIREITO
IDENTIDADES TECNOCIENTÍFICAS
NA ESFERA FORENSE E MÉDICA: PERSPETIVAS
DE CIDADÃOS SOBRE INSERÇÃO DE PERFIL GENÉTICO
EM BASE DE DADOS E ACERCA DE DOAÇÃO
DE EMBRIÕES PARA INVESTIGAÇÃO
HELENA MACHADO
SUSANA SILVA
1. INTRODUÇÃO
(1)
O projeto Base de dados de perfis de DNA com propósitos forenses em Portugal:
questões de âmbito ético, prático e politico (FCOMP—01—0124—FEDER—009231),
coordenado por Helena Machado e sediado no Centro de Estudos Sociais da Univer-
sidade de Coimbra, foi financiado por Fundos FEDER através do Programa Opera-
cional Fatores de Competitividade — COMPETE e por Fundos Nacionais através da
FCT — Fundação para a Ciência e Tecnologia. Colaborou na recolha e análise de
dados Daniel Maciel.
(2)
O projeto Saúde, governação e responsabilidade na investigação em embriões: as deci-
sões dos casais em torno dos destinos dos embriões (FCOMP—01—0124—FEDER—014453),
coordenado por Susana Silva e sediado no Instituto de Saúde Pública da Universidade do
Porto (ISPUP), foi financiado por Fundos FEDER através do Programa Operacional
Fatores de Competitividade — COMPETE e por Fundos Nacionais através da FCT —
Fundação para a Ciência e Tecnologia. Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética
do Hospital de S. João. Colaboraram na recolha e análise de dados Catarina Samorinha
e Sandra Sousa.
ser doados para investigação) são aqui discutidos em dois contextos que,
embora distintos, partilham vários elementos: incluem o envolvimento
dos cidadãos com a ciência e a tecnologia e relacionam-se com fenóme-
nos que têm sido enquadrados por cientistas, políticos e diferentes
especialistas como campos promissores para a construção de um futuro
melhor, seja pelo combate mais eficaz ao crime por via da expansão e
utilização crescente de uma base de dados genéticos com propósitos
forenses, seja pelo desenvolvimento da investigação científica com recurso
a embriões que poderá possibilitar novas terapias ou melhorar a eficácia
das opções terapêuticas disponíveis.
Neste texto analisam-se as respostas às seguintes questões colocadas,
respetivamente, nos referidos inquéritos: aceitaria ter o seu perfil genético
individual numa base de dados forense (sim, não, talvez) e porquê (ques-
tão aberta); consentiria o uso dos seus embriões em projetos de investi-
gação científica (sim, não, não responde); qual a principal razão passível
de justificar a doação ou não doação de embriões para investigação
científica (questão aberta). As respostas obtidas foram sistematicamente
codificadas e sintetizadas por categorias e registou-se a respetiva frequên-
cia, de acordo com o protocolo estabelecido por Stemler (2001) para a
análise de conteúdo temática. Obteve-se um nível de concordância total
e todas as dúvidas foram resolvidas através de discussão conjunta até se
obter consenso.
Das identidades tecnocientíficas que podem ser construídas a
partir da análise das respostas a estas questões emergem subjetividades
assentes na negociação de sentido atribuído aos genes, ao seu próprio
material biológico e aos seus embriões, mas também em conexões com
configurações de direitos civis e interpretações de responsabilidade
individual e coletiva em matérias de saúde, de solidariedade e de com-
bate ao crime. Essas subjetividades têm sido designadas por cidadania
biológica (Rose e Novas, 2005; Rose, 2007), cidadania genética ou
cidadania biopolítica (Heath et al., 2004; Gibbon e Novas, 2008), na
medida em que se enquadram na perceção de direitos e responsabili-
dades associados a riscos e benefícios, individuais e públicos, decor-
rentes do uso de material biológico humano pela tecnociência (Einsie-
del, 2009: 193-194).
Regulação e direito Coimbra Editora ®
26 Helena Machado / Susana Silva
Tabela 1
Características dos participantes
Frequência n(%)
Sexo
Feminino 435 (69,3)
Masculino 193 (30,7)
Idade (anos)
<30 316 (50,3)
30-35 101 (16,1)
>35 211 (33,6)
Nível de escolaridade
≤ 12.º ano 109 (17,4)
Ensino superior 519 (82,6)
de dados, argumentos que nunca foram utilizados por aqueles que recu-
saram a inserção.
Os motivos mais frequentemente apontados para aceitar a inserção
do próprio perfil genético na base de dados criminal surgem associados
tanto a uma tónica de caracterização moral que distingue os cidadãos
cumpridores da lei (aqueles que “não devem, não temem”) dos cidadãos
“suspeitos”, como a valores de altruísmo e de responsabilidade individual
em contribuir para o bem coletivo — expressos em respostas que acen-
tuam que doar o próprio perfil pode ajudar a justiça e o combate ao crime
ou que é um dever de todo o cidadão. A convicção de que aceitar a
inserção do próprio perfil genético é algo que serve os interesses da socie-
dade foi ainda expressa, entre aqueles que aceitariam, pela ideia de que
todos os cidadãos deveriam estar na base de dados genéticos com propó-
sitos forenses.
O desconhecimento sobre o tipo de regulação, a falta de con-
fiança quanto ao controlo que é feito no acesso à base de dados e ao
uso dos dados genéticos e a falta de informação sobre a base de dados
foram algumas das razões mais invocadas pelos indecisos. Os que
recusariam reportaram mais frequentemente um distanciamento rela-
tivamente à população envolvida em atividades criminais, a falta de
confiança no acesso e no uso dos dados genéticos e a convicção de
que a inserção do perfil genético na base de dados constituiria uma
violação da privacidade.
Tabela 2
Motivos para aceitar, talvez aceitar ou recusar a inserção do próprio
perfil na base de dados criminal, por tipo de predisposição
Talvez
Aceitar aceitar Recusar
n=292 n=190 n=146
n (%) n (%) n (%)
O cidadão cumpridor da lei 134 (45,9) 62 (32,6) 87 (59,6)
Não sou criminoso 4 (1,4) 16 (8,4) 87 (59,6)
Para ajudar no combate ao crime 61 (20,9) 31 (16,3) 0 (0,0)
Talvez
Aceitar aceitar Recusar
n=292 n=190 n=146
n (%) n (%) n (%)
Quem não deve, não teme 53 (18,2) 9 (4,7) 0 (0,0)
É o dever do cidadão (contribuir) 16 (5,5) 6 (3,2) 0 (0,0)
Regulação e direitos humanos 70 (24,0) 77 (40,5) 40 (27,4)
Todos deveriam estar na base de dados 68 (23,3) 3 (1,6) 0 (0,0)
Depende do tipo de regulação 2 (0,7) 48 (25,3) 3 (2,1)
Falta de controlo no uso e acesso 0 (0,0) 22 (11,6) 20 (13,7)
É uma violação da minha privacidade 0 (0,0) 4 (2,1) 17 (11,6)
Benefícios societais 67 (22,9) 21 (11,1) 0 (0,0)
Para a minha proteção e da sociedade 23 (7,9) 8 (4,2) 0 (0,0)
Para uma justiça mais eficaz 23 (7,9) 5 (2,6) 0 (0,0)
Útil na identificação criminal e civil 17 (5,8) 7 (3,7) 0 (0,0)
Para pesquisa científica 4 (1,4) 1 (0,5) 0 (0,0)
Outros motivos 4 (1,4) 18 (9,5) 12 (8,2)
Preciso de mais informação 1 (0,3) 13 (6,8) 2 (1,4)
Usos incorretos na justiça criminal 0 (0,0) 2 (1,1) 5 (3,4)
É inútil 0 (0,0) 2 (1,1) 5 (3,4)
É igual à impressão digital 3 (1,0) 1 (0,5) 0 (0,0)
Sem resposta 17 (5,8) 12 (6,3) 7 (4,8)
exclusiva de quem lhe deu origem (Haimes et al., 2008; Haimes e Taylor,
2009; Hill e Freeman, 2011; Mitzkat et al., 2010); 2) a falta de confiança
na ciência e/ou nos médicos e investigadores (Choudhary et al., 2004;
Lyerly et al., 2006; McMahon et al., 2000; Nachtigall et al., 2010), assim
como o desconhecimento acerca dos objetivos dos projetos de investi-
gação (Laruelle e Englert, 1995; Mitzkat et al., 2010); 3) a preferência
pela doação de embriões a outro casal (Hammarberg e Tinney, 2006;
Hill e Freeman, 2011), a discordância entre os membros do casal quanto
à doação de embriões para investigação científica e ainda motivos rela-
cionados com crenças religiosas (Choudhary et al., 2004).
Entre 17 de agosto de 2011 e 16 de agosto de 2012, duas entrevis-
tadoras administraram 313 questionários junto de 221 casais heterosse-
xuais e de 92 mulheres envolvidos em fertilização in vitro ou injeção
intracitoplasmática de espermatozoides na Unidade de Medicina da
Reprodução de um Hospital público português sobre as suas decisões
quanto ao destino dos embriões criopreservados, obtendo-se uma pro-
porção de participação de 96%. A idade, o nível de escolaridade e o
estatuto profissional dos participantes estão descritos na tabela 3.
A maioria estava empregada (80,7%) e 40,8% tinham mais de 35 anos.
Pouco mais de um quarto dos participantes declarou ter o ensino supe-
rior (28,1%).
Tabela 3
Características dos participantes
Frequência n(%)
Sexo
Feminino 313 (58,6)
Masculino 221 (41,4)
Idade (anos)
<30 57 (10,7)
30-35 259 (48,5)
>35 218 (40,8)
Frequência n(%)
Nível de escolaridade
≤ 12.º ano 384 (71,9)
Ensino superior 150 (28,1)
Tabela 4
Motivos para consentir o uso dos próprios embriões em investigação
científica, segundo a decisão dos participantes a este respeito
Tabela 5
Motivos para não consentir
o uso dos próprios embriões em investigação científica,
segundo a decisão dos participantes a este respeito
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alves, Bruno R. et al. (2013), “Reflexões bioéticas sobre a investigação em embriões
de origem humana: O debate nas organizações de ética portuguesas”, História,
Ciências, Saúde — Manguinhos (aceite para publicação).
Anderson, Claudine et al. (2011), “The national DNA database on trial: Engaging
young people in South Wales with genetics”, Public Understanding of Science,
20, (2), 146-162.
Bjuresten, Kerstin; Hovatta, Outi (2003), “Donation of embryos for stem cell research
— How many couples consent?”, Human Reproduction, 18(6), 1353-1355.
Burns, Lawrence (2009), “’You are our only hope’: Trading metaphorical ‘magic bullets’
for stem cell ‘superheroes’”, Theoretical Medicine and Bioethics, 30(6), 427-442.
Stemler, Steve (2001), “An overview of content analysis”, Practical Assessment, Research
and Evaluation, 7(17). Consultado a 31.07.2013, em http://pareonline.net/getvn.
asp?v=7&n=17.
Wilson-Kovacs, Dana et al. (2012) “‘A Faustian bargain?’ Public voices on forensic
DNA technologies and the National DNA database”, New Genetics and Society,
31 (3): 285-298.
Zweifel, Julianne et al. (2007),” Needs assessment for those donating to stem cell
research”, Fertility and Sterility, 88(3), 560-564.
HELENA MONIZ
1. INTRODUÇÃO
(1)
O texto que se segue corresponde à minha intervenção oral realizada no
âmbito do Workshop — A base de dados de perfis de ADN para fins de investigação
criminal : Lei n.º 5/2008, de 12 de Fevereiro, no âmbito da Formação Contínua
2010/2011 organizada pelo Centro de Estudos Judiciários e que decorreu a 6 de Maio
de 2011 (no auditório da Escola Superior de Enfermagem, em Coimbra); apenas se
acrescentou uma ou outra nota de rodapé para esclarecimento pontual do raciocínio.
2. DIREITO À NÃO-INCRIMINAÇÃO
(2)
(Moniz, 2002).
(3)
E por isso conclui (cit. nota 3, p. 255), no que se referia à análise de sangue
para confirmar o estado de toxicodependência do arguido que “sabendo que ‘a recolha
ou fixação dos factos através de exame não poderá exigir do seu autor qualquer conhe-
cimento especial de índole científica, técnica ou artística sob pena de haver lugar a
perícia’ (Marques Ferreira, 1991), então a recolha e análise de sangue não constitui um
exame, mas sim uma perícia”. Penso, como veremos, que a recolha de material bioló-
gico através de zaragatoa bucal nos leva a uma conclusão diversa.
(4)
Não entendo que a simples raspagem da mucosa bucal com uma zaragatoa
para a obtenção de material biológico constitua uma lesão da integridade física com
relevo sob o ponto de vista jurídico-penal. Diferente poderá ser o entendimento quando
seja necessário fazer uma colheita de sangue através da inserção de uma agulha no
corpo da pessoa.
(5)
Nos arts. 61.º, n.º 1, al. d), 132.º, n.º 2, 141, n.º 4, al. a), 343.º, n.º 1.
(6)
Neste sentido, o acórdão do Tribunal Constitucional n.º 695/95.
art. 154.º, n.º 2 (ex vi art. 172.º, n.º 2) o juiz deve ponderar “a necessi-
dade da sua realização tendo em conta o direito à integridade pessoal e à
reserva da intimidade do visado”.
Mas, se a necessária ponderação parece assegurada quando se trata
da colheita em arguido, o mesmo não parece estar assegurado no caso
de suspeito. A Lei n.º 5/2008 em lugar algum admite a possibilidade
de colheita de material biológico para a obtenção do perfil de ADN em
suspeito. Pelo que entendo que se for pedido ao suspeito este procedi-
mento, o suspeito deve, ao abrigo do art. 59.º, n.º 2, pedir a sua cons-
tituição de arguido.
Porém, a mesma ponderação não parece existir quando se trata da
colheita de material biológico e obtenção do perfil de ADN em conde-
nado. À luz da Lei n.º 5/2008 e do seu art. 8.º, n.º 2, e considerando
que o despacho é um despacho “quase-automático” (Reis Bravo, 2010 (7))
— a partir do momento em que estejamos perante um caso de conde-
nação transitada em julgado, por crime doloso, em pena concreta supe-
rior a 3 anos de prisão (ainda que tenha sido substituída) — então,
parece não ser realizada qualquer ponderação entre, por um lado, o
direito à não auto-incriminação do arguido e, por outro lado, a neces-
sidade de armazenamento do seu perfil na base de dados de perfis de
ADN para finalidades criminais. Sempre se poderá argumentar com a
ideia de que o legislador já fez a necessária ponderação estabelecendo
um limite à possibilidade de o perfil ser integrado em função da pena
concreta em que o arguido tenha sido condenado. Limitação, no
entanto, que não se afigura suficiente para todos aqueles que prefeririam
a consagração de um catálogo de crimes a justificar aquela recolha e
inclusão. Tem sido, aliás, feito alguma paralelismo com o regime das
escutas telefónicas — embora eu entenda que neste último caso a lesão
de direitos fundamentais é muito mais gravosa atendendo a que não só
o arguido mas também terceiros que nada tenham a ver com o crime
podem ser afetados; o que não ocorre na obtenção do perfil de ADN
(7)
Perfis de ADN de arguidos-condenados (o art. 8.º, n.os 2 e 3, da Lei n.º 5/2008,
de 12-02), RPCC, n.º 1, 2010 (Jan.-Mar.), p. 97 e ss.
nos termos da Lei n.º 5/2008, dado que o marcador utilizado para a
obtenção daquele perfil deverá ser sempre um que não forneça informa-
ção de saúde ou de características hereditárias específicas (cf. art. 2.º,
als. b), f ) e e), art. 12.º). No entanto, a intromissão mais gravosa ocorre
em momento posterior ao da inserção do perfil de ADN na base, obtido
após a condenação. Na verdade, uma vez inserido, haverá automatica-
mente o cruzamento desta informação com a informação integrada na
base (todos os perfis entretanto nela inseridos), permitindo assim, even-
tualmente, concluir (eventualmente, porém com maior frequência à
medida que a base tenha mais e mais perfis inseridos) que o mesmo
perfil tinha sido encontrado num outro local de crime e assim iniciar-se
ou reiniciar-se um novo processo para averiguar se, na verdade, estamos
ou não perante o agente daquele outro crime (conclusão a que só se
poderá chegar com a articulação com outros elementos de prova, pois
em caso algum pode ser tomada uma decisão exclusivamente com base
no tratamento dos perfis de ADN: arts. 3.º, n.º 4, e 38).
(8)
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem — Case of S. and Marper v. the
United Kingdom, 4 de Dezembro de 2008, onde se referiu, expressamente, a necessidade
de eliminar os perfis de todos os detidos que tenham sido, posteriormente, absolvidos ou
cujo processo tenha sido arquivado. Consultado a 31.07.2013 em http://www.bailii.org/
eu/cases/ECHR/2008/1581.html.
(9)
Cf. §§ 11(4), 34 (1) e 32 (3) BKA.
(10)
Também são integrados na base os perfis de acusados por um destes crimes
ainda que os acusados sejam declarados inimputáveis por anomalia psíquica.
(11)
Caso haja recusa em se submeter à colheita do material biológico, o agente deve
ser punido com uma pena de prisão de 1 ano e multa de 15 000 euros (art. 706—56 (II).
sitos que permitiam a inserção do perfil, aqueles 20 anos vão ser con-
tados a partir da última condenação, nem que o perfil tenha sido
integrado a partir da primeira), mas com a cláusula geral de limitação
da conservação de qualquer perfil na base por mais de 40 anos.
4. APLICAÇÃO DA LEI
por sua vez, para o art. 154.º, n.º 2, e para o art. 156.º, n.os 5 e 6, do
CPP, onde se diz expressamente que a perícia sobre as características
físicas do arguido (leia-se conhecimento do seu perfil de ADN) neces-
sita de despacho do juiz, onde deve ser fundamentada a necessidade
daquela perícia — para dar cumprimento a uma exigência de ponde-
ração que o princípio da não auto-incriminação impõe. Porém, arti-
culando o disposto no art. 154.º, n.º 2, com o art. 8.º, n.º 1, da Lei
n.º 5/2008, a recolha de amostras pode ser pedida pelo arguido (e
quando assim é há um consentimento) ou pode ser ordenada pelo juiz
(ou seja, não há diferença de regime entre os dois preceitos). A única
diferença parece residir na parte respeitante ao exame, caso em que não
seria preciso o mandato do juiz para a sua realização, de acordo com o
art. 172.º do CPP; porém, também aqui não existe qualquer diferença
dado que também o exame sobre as características físicas do agente está
sujeito ao mesmo regime do art. 154.º, n.º 2, por força do art. 172.º,
n.º 2, ambos do CPP.
O despacho exigido pelo art. 8.º, n.º 1 ou pelo n.º 2 pode ser
ordenado pelo Ministério Público?
(12)
A Lei n.º 5/2008 parece ser mais exigente do que o CPP, dado que a perícia
sobre as características físicas só exige despacho do juiz se não houver consentimento
da pessoa (cf. art. 154.º, n.º 2, do CPP). Porém, também à luz do art. 8.º, n.º 1, da
Lei n.º 5/2008, o arguido pode solicitar ao juiz a recolha da amostra; a necessária
“intermediação” do juiz constitui uma exigência suplementar tendo em conta a posição
debilitante em que se encontra o arguido e a limitação do princípio da não auto-in-
criminação, resultante da perícia em causa, a exigir uma especial ponderação. Embora
eu tenha dúvidas que haja possibilidade de recusa se for o arguido a solicitar a recolha
da amostra.
(13)
Entendendo por suspeito “toda a pessoa relativamente à qual exista indício
de que cometeu ou se prepara para cometer um crime, ou que nele participou ou se
prepara para participar” (art. 1.º, al. e), do CPP).
(14)
O suspeito poderá, no entanto, participar como voluntário de acordo com
o disposto no art. 6.º da Lei n.º 5/2008, devendo, no entanto, ser ele a fazer o pedido
para a colheita de amostra.
(15)
Já quando integrei a comissão que projetou o diploma que esteve na Base
da Lei n.º 5/2008 defendia também para a colheita de material biológico e a obtenção
do perfil de ADN em arguido a sua limitação a um catálogo de crimes, com ficou
registado nas atas das reuniões (que infelizmente nunca foram publicadas).
A realização de uma perícia tem que ser ordenada por um juiz dado
que se trata sempre da obtenção de características físicas de uma pessoa
(16)
A realização de exames para a obtenção de características físicas é da com-
petência exclusiva do juiz de instrução — art. 269.º, n.º 1, al. b), do CPP.
(ainda que não se saiba quem é a pessoa; é a perícia que vai permitir
obter características físicas de uma pessoa e, eventualmente, identificá-la).
Há, pois, uma clara distinção entre o momento da recolha da amostra
— que constitui um exame — e o momento de análise científica do
material biológico da qual vai resultar o perfil e ADN que se pretende
— o que constitui uma perícia.
E quanto à inserção do resultado da perícia (o perfil de ADN) na
base? Temos, por exemplo, perfis obtidos em amostras colhidas em local
do crime. Quem é o magistrado competente para pedir a inserção na
base? Este é o:
(17)
Quanto à obtenção do perfil a partir do vestígio biológico colhido nestas condi-
ções o juiz deve ponderar sobre a necessidade da sua obtenção ao abrigo do art. 154.º
do CPP (e art. 269.º, n.º 1, al. a), do CPP).
com o art. 7.º da Lei n.º 5/2008; o perfil será depois inserido na base
de acordo com o art. 15.º, n.º 1, al. c).
Porém, na maior parte das vezes não se tem conhecimento se o
desaparecimento ocorreu no âmbito da prática de um crime. E supo-
nhamos, que encontramos material biológico no local onde o desapare-
cido esteve a última vez (embora, com os dados da investigação realizada
até ao momento não se saiba se se trata de local onde se procede a busca
para finalidades de identificação civil, ou se se trata de local de um crime).
Nestes casos esta amostra é uma amostra-problema, e o perfil obtido a
partir dela deve ser integrado na base no ficheiro relativo a perfis gerados
a partir de amostras-problema para finalidades de identificação civil e
simultaneamente (porque não se sabe se não estamos perante um crime)
no ficheiro de perfis obtidos a partir de amostras-problemas encontradas
em local de crime, ao abrigo do art. 8.º, n.º 4. Sintetizando, nestes casos
de desaparecimento, sem se saber se se tratou de um crime ou não, o
perfil obtido deverá ser integrado:
5. CONCLUSÃO
Estas são as regras que temos. Mas, é preciso transpor para o orde-
namento jurídico português a decisão-quadro 2008/615/JAI, de 23 de
Junho (18). Esta decisão exige-nos muito mais em termos de colheita e
em termos de retenção do perfil, bem como em matéria de transferência
de perfis de ADN. O art. 21.º da Lei 5/2008 não é suficiente para
permitir a transferência de perfis de ADN nas condições e com a exten-
(18)
O prazo de transposição terminou em Agosto de 2011 (cf. art. 37.º da
decisão 2008/615/JAI, de 23 de Junho).
são que aquela decisão-quadro pretende. Na verdade, este art. 21.º veio
dizer que a Lei n.º 5/2008, e todas as eventuais atividades que sejam
permitidas (e nos termos em que o sejam) “não prejudica as obrigações
assumidas pelo Estado Português em matéria de cooperação internacio-
nal” nos domínios da identificação civil e investigação criminal. Porém,
todas as ações de transferência de dados pessoais, como é o caso do
perfil de ADN identificado, são ações relativas a matérias de direitos
fundamentais com todas as restrições impostas pela CRP e pela LPDP
(lei n. 67/98, de 26 de outubro). Pelo que será sempre necessário que
uma lei que faça a necessária concordância prática entre as exigências de
cooperação internacional e de investigação criminal e os direitos funda-
mentais em questão. Como vimos no início, os critérios de inserção e
remoção dos perfis nas bases são diferentes em diversos países da UE.
As regras quanto à possibilidade ou não de transferência de amostras
também são diferentes. O que cria necessariamente entraves e dificul-
dades em matéria de cooperação judiciária internacional. De acordo
com aquela decisão-quadro, o que se pretende é a livre transmissão da
informação contida nos perfis de ADN, devendo a transferência do
perfil ir associada a um número de referência que (de acordo com o
art. 2.º da decisão) não deverá permitir a identificação direta da pessoa
em causa (não estando afastada a possibilidade de identificação indireta).
Pelo que, nesta parte, teremos sempre que cumprir as regras da LPDP
(que me parecem insuficientes para assegurar a necessária cooperação)
ou, então, necessitamos de criar uma nova lei que preveja regras especí-
ficas sobre esta matéria (o que não acontece na Lei n.º 5/2008). Em
matéria de recolha de material genético e transmissão do perfil de ADN
obtido, de acordo com o art. 7.º da decisão quadro, deverão ser cum-
pridas as regras quanto às condições para recolha e análise do material
genético do estado-requerente, bem como as regras do estado-requerido.
Porém, dada a diferente regulamentação, em muitos casos os procedi-
mentos de cooperação estarão prejudicados. E, na nova regulamentação,
não nos devemos esquecer de que a ciência evolui e a partir do perfil de
ADN poderão ser obtidos (com o auxílio de novos marcadores) novos
dados, como a cor dos olhos, a cor do cabelo, a cor da pele… Ainda
estamos numa fase inicial quanto às possibilidades de obtenção desta
Coimbra Editora ® Parte I
Parâmetros adjetivos, constitucionais e de direito comparado… 65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEGISLAÇÃO
(19)
Act of 8 May 2003 to adapt the Regulation Of Forensic DNA Investigation In
Relation To Determining Externally Perceptible Personal Characteristics From Cell Material.
TAYSA SCHIOCCHET
1. INTRODUÇÃO
(1)
Este artigo apresenta os resultados parciais de algumas pesquisas realizadas
anteriormente e em curso. Dentre elas, destaca-se a principal, realizada entre 2011 e
2012 e vinculada ao projeto intitulado “Bancos de perfis genéticos para fins de per-
secução criminal”, financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-
mento (PNUD) em parceria com a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério
da Justiça (SAL/MJ), junto ao programa Pensando o Direito. Além disso, houve
financiamento da Fundación Carolina (2011/2012) e do CNPq/CAPES, por meio
da Chamada n. 07/2011. Alguns destes resultados também podem ser lidos em:
Schiocchet (2009, 2011).
(2)
Tradução livre de : “Les discours biotechnologiques sont un mixte de faits
biotechnologiques et de discours justificatifs qui les présentent comme nécessaires,
voire fatals”.
(3)
Sobre o tema ver, exemplificativamente: Kidd (1991), Vander Velden (2005)
e Diniz (2007).
(4)
Como exemplo, foi identificada uma quantidade expressiva de textos (científicos,
técnicos, jornalísticos e de opinião) que advogam fortemente pela utilização dessa tecno-
logia genética para fins de persecução criminal e para tanto se sustentam na certeza e
robustez probatória, no uso da tecnologia como algo necessariamente benéfico e disponí-
vel, na expressiva diminuição de casos arquivados e de erros para inocentar ou condenar.
Em geral, tal tecnologia é apresentada como a arma mais poderosa no combate ao crime.
(5)
Existe uma questão social que leva a acreditar que as mulheres pobres são
as que mais sofrem violências, porque os homens pobres são mais violentos. Porém,
essa visão não é correta, já que a violência familiar se dá em todas as classes sociais.
O que ocorre é que a visibilidade nas camadas mais pobres da sociedade é maior, na
medida em que as pessoas são mais próximas, os vizinhos acabam se envolvendo, e as
mulheres pobres denunciem mais essa violência (Barsted, 2006: 75).
ciativas de registro dos casos. Para a maioria das vítimas, é muito difícil
registrar a ocorrência por medo de serem estigmatizadas em seu meio
social, ou mesmo pela própria família, razão pela qual se estima que menos
de 10% dos casos de violência sexual cheguem às delegacias. No Brasil
a maioria dos crimes sexuais é cometida por homens comuns, na maioria
das vezes do convívio próximo ou com algum grau de parentesco com a
vítima, e que apesar da reincidência típica dos crimes sexuais, acredita-se
que 90% não sejam denunciados (Albuquerque, 2008: 13).
Tais dados não implicam concluir que o banco de perfis genéticos
não possa ser útil, ao contrário, armazenar perfis genéticos oriundos de
cenas de crimes pode auxiliar a solucionar mais crimes, mas no caso de
amostras de indivíduos identificados (suspeitos ou acusados), esse arma-
zenamento será importante apenas se os crimes futuramente cometidos
pelo mesmo indivíduo possuírem vestígios biológicos (de DNA) rele-
vantes. Nesse sentido, o banco ou o uso do DNA para fins de perse-
cução criminal pode servir como mecanismo para elucidação de crimes,
o que não está direta e necessariamente ligado à “redução da crimina-
lidade” brasileira.
Contrariamente ao que se tem observado na literatura e nos dados
estatísticos brasileiros, os estigmas em relação ao perfil da população car-
cerária aliados ao de que os crimes sexuais são praticados por pessoas
desconhecidas, cria no imaginário o mito de que com a implantação do
banco de perfis genéticos para fins criminais se reduziriam os índices de
criminalidade. Entretanto, como se pode observar, a população carcerária
é composta principalmente por condenados por crimes contra o patrimô-
nio, razão pela qual o uso inadvertido das taxas de homicídio apenas, acaba
por desvirtuar o real perfil da criminalidade no Brasil.
Diante disso, é possível questionar em que medida seria o DNA a
peça chave para a condenação de mais homicidas e estupradores, quando
no Brasil a criminalidade tem como uma das principais fontes os crimes
contra o patrimônio? De fato, quanto mais crescem os números da
violência, mais surgem questionamentos sobre alternativas para diminuir
os índices de criminalidade. Em se tratando de crimes sexuais não
resolvidos por dificuldade probatória, a implantação do banco de perfis
de DNA seria uma opção para solucionar os casos que fazem parte das
Regulação e direito Coimbra Editora ®
76 Taysa Schiocchet
Sources: UK DNA database annual reports and Home Office crime data
(6)
http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJD574E9CEITEMIDC37B2AE-
94C6840068B1624D28407509CPTBRNN.htm
That is, if police can plant cocaine and guns on those that they
later testify against, and obtain a conviction, they can surely plant DNA.
The legitimacy of the criminal justice system rests primarily on fair
application of laws. Who (or what part of society) would believe that
police would actually plant DNA evidence, and even if they did, can
DNA evidence ever stand alone without other circumstantial evidence?
(7)
Publicada no Diário Oficial da União em 29 de maio de 2012, com vacatio legis de
180 dias e vigência a partir de 29 de novembro de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12654.htm>. Acesso em: 30.06.2012.
(8)
De todo modo, convém registrar que a identificação biométrica (por meio das
digitais e mesmo fotos) vem sendo utilizada no Brasil para outros fins — além dos cri-
minais — como para passaporte, entrada em bibliotecas, universidades, academias etc.
(9)
Sobre a natureza da informação genética, bem como a diferença entre mate-
rial, dado, informação e perfil genéticos, ver: Schiocchet (2011).
(10)
HC 83096, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em
18/11/2003, DJ 12-12-2003 PP-00089 EMENT VOL-02136-02 PP-00289 RTJ
VOL-00194-03 PP-00923.
(11)
HC 77135, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em
08/09/1998, DJ 06-11-1998 PP-00003 EMENT VOL-01930-01 PP-00170.
pode sugerir apenas que o suspeito esteve presente na cena do crime (e,
em algumas ocasiões, nem mesmo isso pode ser concluído, pois os ves-
tígios podem ter sido transferidos de um lugar a outro — intencional-
mente, por descuido ou mesmo por casualidade). Os autores esclarecem,
por exemplo, que:
(12)
Sobre as garantias relacionadas à fiabilidade técnica e licitude, além de
aspetos referentes ao conteúdo do informe pericial, recomenda-se a leitura de Cabezudo
Bajo (2011, 2012).
7. CONCLUSÃO
(13)
Circular do Ministério do Interior sobre o Banco Nacional de DNA (Home
Office Circular n.º 16/1995).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Acosta, José Antonio Lorente (2002), “Identificación genética criminal: Importância médico
legal de las bases de datos de ADN”, in Romeo Casabona; Carlos Maria (eds.), Bases
de datos de perfiles de adn y criminalidad. Bilbao-Granada: Comares, 1-25.
Albuquerque, Trícia Hommers et al. (2007), “Bancos de dados de perfis genéticos no
combate aos crimes sexuais”, Perícia Federal, 26, 13-15. Consultado a 31.07.2013,
em http://www.apcf.org.br/LinkClick.aspx?fileticket=8vHdN-3WjDI%3d&ta
bid=371.
Andorno, Roberto (2007), “The invaluable role of soft law in the development of
universal norms in bioethics”. Consultado a 31.07.2013, em http://www.unesco.
de/1507.html?&L=0.
Barsted, Leila Linhares (2006), “A violência contra as mulheres no Brasil e a Conven-
ção de Belém do Pará: Dez anos depois”, in Leila Linhares Barsted et al. (org),
O progresso das mulheres no Brasil. São Paulo: UNIFEM.
Bonaccorso, Norma Sueli (2010), Aspectos técnicos, éticos e jurídicos relacionados com a criação
de bancos de dados criminais de DNA no Brasil. Tese de Doutorado. USP.
Cabezudo Bajo, María José (2011), “Valoración del sistema de protección del dato de
ADN en el ámbito europeo”, Revista General de Derecho Europeo, 25, octubre.
Cabezudo Bajo, María José (2012), “La regulación del ‘uso forense de la tecnología del
ADN’ en España y en la UE: Identificación de cinco nuevas cuestiones contro-
vertidas”, Revista General de Derecho Procesal, 26, enero.
Casabona, Carlos Maria Romeo; Malanda, Sergio Romeo (2010), Los identificadores
del ADN en el sistema de justicia penal. Cizur Menor: Editorial Aranzadi.
Diniz, Débora (2007), “O sangue yanomami: Um desafio para a ética na pesquisa”,
in Dirce Guilhem; Fabio Zicker (orgs.), Ética na pesquisa em saúde: Avanços e
desafios. Brasilia: Letras Livres/UnB, 76-98.
Duster, Troy (2006), “Explaining differential trust of DNA forensic technology: Groun-
ded assessment or inexplicable paranoia?”, Journal of Law, Medicine & Ethics,
34(2), 293-300.
ENFSI (2012), DNA-database management: Review and recommendations. ENFSI DNA
Working Group, April 2012. Consultado a 31.07.2013, em: http://www.enfsi.
eu/sites/default/files/documents/enfsi_document_on_dna-database_manage-
ment_2012_0.pdf.
Foucault, Michel (2004), Naissance de la biopolitique. Cours au Collège de France
(1978-1979). Paris : Galimard/Seuil.
IPEA (2012), Sistema de indicadores de percepção social — Segurança Pública. Consultado a
31 julho 2013 em http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/120705_
sips_segurancapublica.pdf.
Kidd, Judith et al. (1991), “Studies of three amerindian populations using nuclear
DNA polymorphisms”, Human Biology, 63(6)6, 775-797.
Machado, Helena et al. (2011), Corpos manchados. Percepções da base de dados de
perfis de ADN para investigação criminal e perspectivas de reinserção social pelos
reclusos. Relatório do Projeto de Investigação. Consultado a 31.07.2013, em
http://dnadatabase.ces.uc.pt/list_documents.php.
Meliá, Manuel Cancio (2011), “Terrorism and criminal Law: The dream of prevention,
the nightmare of the rule of Law”, New Criminal Law Review, 14(1), 108-122.
Pena, Sérgio D.J. (2005), “Segurança pública: Determinação de identidade genética
pelo DNA”, in Seminários Temáticos para a 3.ª Conferência Nacional de C, T
& I. Parcerias estratégicas, 20, 447-460.
Schiocchet, Taysa (2009), “A utilização de teste genéticos no contexto médico: Impli-
cações jurídicas e normatização na órbita internacional e brasileira”, in Luiz
Edson Fachin et. al. (orgs.), Apontamentos críticos para o cireito civil brasileiro
contemporâneo II: Anais do projeto de pesquisa virada de Copérnico. Curitiba:
Juruá, 354 e ss.
Schiocchet, Taysa (2011), “O humano entre o direito e a genética: Pressupostos para
o debate legislativo acerca das implicações jurídicas concernentes à criação de
bancos de perfis genéticos para fins de persecução criminal”, in André Luís
Callegari et al. (orgs.), Constituição, sistemas sociais e hermenêutica: Anuário do
ficar algunas cuestiones que van a impedir el logro de ese fin pretendido,
esto es, constituir una herramienta eficaz en la lucha contra la crimina-
lidad. Este análisis lo estamos realizando desde una perspectiva jurídi-
co-procesal, en cuanto a que dicho conjunto de normas permita la
obtención de una prueba de descargo o, en su caso, de cargo que, junto
con otros medios de prueba pueda utilizarse para dictar una sentencia
de condena.
Sin embargo, a pesar de que el punto de vista desde el que efectu-
amos el análisis es concreto, la perspectiva procesal, lo cierto es que
tenemos que tomar en cuenta cuestiones de muy diversa índole, pues
todas ellas van a tener que ser objeto de valoración por parte del órgano
jurisdiccional competente. Dichas cuestiones no son solo de naturaleza
estrictamente jurídicas, sino que hemos de tomar en cuenta además
aspectos que tienen que ver con la genética forense, la probabilidad y la
tecnología informática. Debido a la interdisciplinariedad de estas mate-
rias, con la complejidad que ello conlleva, tuvimos la necesidad de ela-
borar un enfoque metodológico que nos permitiera fijar un marco común
al que reconducir todas estas cuestiones, abordarlas de forma sistemática
y tratar de dar soluciones jurídicamente bien construidas. A continua-
ción expondré el enfoque metodológico que nos ha permitido abordar,
con carácter general, este complejo tema.
Desde un punto de vista procesal, hasta ahora, consideramos que el
uso forense del ADN y sus bases de datos constituirán una herramienta
realmente eficaz en la lucha contra la criminalidad grave, nacional y
transfronteriza, fundamentalmente, la criminalidad organizada y el ter-
rorismo, si su regulación cumple dos requisitos: 1) en primer lugar, si
dicha regulación posibilita la obtención de una prueba de ADN lo más
fiablemente posible; 2) en segundo término, si permite la obtención de
una prueba de ADN lícitamente; ello, a su vez, significa que ha de
obtenerse, de un lado, con el máximo respeto a los derechos fundamen-
tales que puedan verse afectados y, de otro, en cumplimiento de los
correspondientes requisitos legalmente previstos. Pero, dado que, como
he denominado, “el uso forense de la tecnología del ADN” incluye tres
fases, esto es, A) la fase de obtención de una muestra de ADN, B) la
segunda etapa, relativa al análisis de su perfil en el laboratorio y, final-
Coimbra Editora ® Parte I
La prueba de ADN: valoración preliminar de la regulación… 105
(1)
La invención de la huella genética tuvo lugar en el año 1984 y se debe al
profesor de la Universidad de Leicester, Alec Jeffreys. La primera vez que se utilizó
sirvió para dictar una sentencia de condena en el Reino Unido.
(2)
Las tres encuestas realizadas por INTERPOL, la última en 2008, dirigidas a
determinar el uso del perfil de ADN en las investigaciones penales entre sus 188 Esta-
dos miembros, fueron contestadas por 172: de dichas respuestas han podido afirmar
que 120 países utilizan perfiles de ADN en sus investigaciones policiales y 54 tienen
bases de datos nacionales de ADN. Está disponible en: http://www.interpol.int/Public/
ICPO/Publications/HandbookPublic2009.pdf
(3)
Uno de los primeros estudios en los que se plantea la aplicación el Teorema de
Bayes para la vinculación de un sujeto con un delito, mediante otros medios que no eran
aún el ADN, es Finkelstein y Fairley (1970). En España, se ha afirmado por Carracedo
Álvarez (2004), que para valorar correctamente la probabilidad de que una muestra de
ADN provenga de un individuo, es necesario recurrir al Teorema de Bayes. Puede con-
sultarse en: http://www.cej.justicia.es/pdf/publicaciones/fiscales/FISCAL39.pdf, p. 6.
mos afirmar que la prueba de ADN, como prueba científica que es,
puede expresarse en términos de probabilidad.
Ahora bien, para que dicho potencialidad se vaya haciendo realidad
es necesario llevar a cabo dos acciones: de un lado, hay que identificar qué
aspectos están por desarrollar o solucionar o mejorar, para que, una vez
eliminados, dicho potencial se haga realidad. La pregunta sería entonces:
¿qué desarrollos hay que llevar a cabo para ir avanzando hacia la realidad
de ese potencial? De otro, la respuesta a esta pregunta pasa por reconocer
que, en este avance, porque ya lo es en sí mismo, por identificar y mejorar
estos aspectos por desarrollar se mezclan cuestiones jurídicas, de genética
forense, probabilísticas e incluso de tecnología informática. Será esencial
reconocer la sinergia existente entre ellos: si se desarrollan unos y no se
está al tanto de los otros, no se avanzará adecuadamente. En última ins-
tancia, la norma jurídica es el producto final donde se tienen que reflejar
los avances alcanzados en todos los ámbitos mencionados.
En concreto, desde nuestro punto de vista jurídico, podemos con-
siderar que, si se utilizan los métodos científicos y tecnológicos adecua-
dos desde la obtención de la muestra hasta una vez elaborado el informe
pericial, podremos lograr una prueba muy fiable. E, incluso, podríamos
llegar a reconocer que si aplicamos todos los avances que se pueden
alcanzar en el ámbito científico y tecnológico podríamos llegar a alcan-
zar una prueba de una fiabilidad prácticamente del 100% (a salvo de los
propios errores o incertidumbres que lleva consigo la propia tecnología).
Voy poner dos ejemplos hipotéticos que tienen que ver con la ciencia y
la tecnología para justificar dicha afirmación:
Primer ejemplo hipotético: Se dice que de una muestra de ADN, por
ejemplo, de saliva con células epiteliales, se extrae el perfil utilizando, en
España, 15 marcadores junto con la amelogenina, que se encuentran en la
parte no codificante del ADN (4). Pero, ciertamente gracias a la ciencia
(4)
En este sentido, Farfan Espuny (2004), ha señalado que “la variabilidad gené-
tica entre individuos se concentra principalmente en el ADN no codificante y que, por
tanto, de un análisis de individualización genética con fines forenses no puede extraerse
ningún tipo de información sobre características fenotípicas (rasgos físicos, susceptibi-
lidad a enfermedades o fármacos, etc.)”. Puede consultarse en: http://www.cej.justicia.
(6)
Así, por ejemplo, en España, la LO 10/2007 ha previsto dichas cuestiones
en los arts. 3,9 y 5.
(7)
Cabezudo Bajo (2011)
concreto fin al que han de estar destinado el perfil o las muestras de ADN.
Y, ello sin perjuicio de que cada vez está fomentándose más a nivel trans-
fronterizo, el intercambio de perfiles de ADN entre distintos Estados,
mediante diversos instrumentos jurídicos, tales como las mencionada
Decisión 2008/615, convenios bilaterales o multilaterales.
Así pues, ciertamente se podría lograr una fiabilidad del 100% en la
identificación del investigado y en la prueba obtenida, si se aplicasen los
avances científicos y tecnológicos a la prueba del ADN. Sin embargo,
también lo es que, a la hora de obtener una prueba de ADN fiable,
tenemos que asumir la necesidad de que se cumplan asimismo una serie
de requisitos constitucionales y legales cuya inobservancia impide valorar
esa prueba obtenida. En definitiva, es necesario que, además, la prueba
sea lícita, esto es, obtenida con el máximo respeto a los derechos funda-
mentales afectados y a otras garantías esenciales legalmente previstas. En
este sentido, es al limitarse la fiabilidad, debido al establecimiento de estos
requisitos jurídicos, cuando ya no podremos hablar de una prueba de
ADN fiable sino de una prueba lo más fiable, lo cual ya es en sí mismo
un extraordinario reto, pues requiere la utilización de la tecnología ade-
cuada y su adecuada realización en el caso concreto.
Y es al limitarse la fiabilidad en aras de la licitud de la prueba cuando
la fiabilidad de la prueba de ADN ya no es del 100% y, por ello, tiene
que entrar en juego la aplicación del Teorema de Bayes en la valoración
judicial de la prueba de ADN. En virtud de dicho Teorema, como ya
dijimos anteriormente, es posible medir o cuantificar la probabilidad,
dada la coincidencia, de que el titular de ambos perfiles sea la misma
persona. Y, además, permite cuantificar una probabilidad muy alta, dado
que la frecuencia con que el perfil de ADN que ha coincido se da en la
población es bajísima. En concreto, dicha frecuencia es posible calcularla
gracias a las bases de datos poblacionales (8) que se han venido elaborando
(8)
En este sentido, Alonso Alonso (2004) indica que se está trabajando a nivel
nacional como europeo para el desarrollo de bases de datos poblacionales más amplias
en el seno del Grupo Español y Portugués de la Sociedad Internacional de Genética
Forense (GEP—ISFG) y el Grupo de Trabajo en ADN de la Red Europea de Institu-
(15)
Art. 3. c) RD CNUFADN.
(16)
Art. 7 de la Decisión marco 2008/615.
(17)
En materia de obtención de pruebas coexisten 5 instrumentos jurídicos:
1) Convenio europeo de asistencia judicial en materia penal de 1959; 2) Convenio de
aplicación del Acuerdo de Schengen 1990 (CAAS); 3) Convenio de asistencia judicial
en materia penal de 2000; 4) Decisión Marco 2003/577, desarrollada en España por
la Ley 18/2006, de 5 de junio; 5) Decisión Marco 2008/978.
(18)
Iniciativa de Bélgica, Bulgaria, Estonia, España, Austria, Eslovenia y Suecia,
con vistas a la adopción de una Directiva del Parlamento y del Consejo relativa al
exhorto europeo de investigación en materia penal — JAI (2010) 3, publicada en el
DOUE 24de junio 2010, C 165. Con ella, se pretende lograr una nueva y única
regulación. En este sentido, puede verse el “Libro Verde sobre la obtención de pruebas
en materia penal en otro Estado miembro y sobre la garantía de su admisibilidad”,
COM (2009) 624 final de 11 de noviembre 2009.
(19)
Arts. 326, párrafo 3.º y 363, párrafo 2.º
(20)
Disposición Adicional Tercera.
(21)
Art. 6 de la LO 10/2007.
(22)
Art. 3. d)
(23)
De la definición del art. 2) de la Decisión 2008/616 de “perfil de ADN”,
se deriva que la extracción del perfil es la identificación de “un código alfabético o
numérico que representa un conjunto de características identificativas de la parte no
codificante de una muestra de ADN humano analizada, es decir, la estructura mole-
cular específica en los diversos loci (posiciones) de ADN”.
(24)
Pueden consultarse en http://www.gep-isfg.org/documentos/Recogida%20
de%20evidencias.pdf
(25)
Art. 3. c).
dos por el legislador europeo, de manera que tuviese que ser asumido
por sus Estados miembros, se posibilitaría el aseguramiento transfronte-
rizo de la fiabilidad de la prueba en los dos casos anteriormente indica-
dos: tanto en el caso de que se recogiese a nivel nacional y posteriormente
hubiese intercambio de perfiles y se lograse una coincidencia, cuanto en
el supuesto de que tuviese que recogerse una muestra de ADN en otro
Estado miembro.
(26)
Art. 7 de la Decisión marco 2008/615.
(27)
Bachmaier Winter (2006).
(28)
Iniciativa de Bélgica, Bulgaria, Estonia, España, Austria, Eslovenia y Suecia,
con vistas a la adopción de una Directiva del Parlamento y del Consejo relativa al
exhorto europeo de investigación en materia penal — JAI (2010) 3, publicada en el
DOUE 24de junio 2010, C 165. Puede verse el “Libro Verde sobre la obtención de
pruebas en materia penal en otro Estado miembro y sobre la garantía de su admisibi-
lidad”, COM (2009) 624 final de 11 de noviembre 2009. Asimismo, léase, Bachmaier
Winter (2011).
(29)
La Iniciativa de varios Estados miembros se ha publicado en el DOUE
24.06.2010 (C 165/22). Asimismo, puede consultarse en: http://eur-lex.europa.eu/
LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:165:0022:0039:ES:PDF
(30)
Dispone el art. 1.3 “La presente Directiva no podrá tener por efecto modi-
ficar la obligación de respetar los derechos fundamentales y los principios jurídicos
consagrados en el artículo 6 del Tratado de la Unión Europea, y cualesquiera obliga-
ciones que correspondan a las autoridades judiciales a este respecto permanecerán
inmutables. Asimismo, la presente Directiva no podrá tener por efecto exigir a los
Estados miembros la adopción de medidas que entren en conflicto con sus normas
constitucionales relativas a la libertad de asociación, la libertad de prensa y la libertad
de expresión en otros medios de comunicación”.
(31)
Son: D3S1358, VWA, D8S1179, D21S11, D18S51, FGA, D7S820, TH01,
D13S317, D16S539, D2S1338, D19S433, TPOX, D5S818, CSF1P0, Amelogenina.
(32)
Dicha cuestión ha de ser aun estudiada por nuestra parte.
(33)
El sistema utilizado se denomina SGM+ y, en concreto, utilizan los marcadores
D2S1338, D19S433, D16S539, D18S51, D8S1179, D3S1179, D3S1358, THO1, VWA,
FGA, D21S11 y la amelogenina. Vide en este sentido, McCartney, C., Williams, R,
Wilson, T., The future of forensic bioinformation, May 2010, ed., Nuffield Foundation, p. 69.
(34)
Son, como ya hemos indicado ISFG, el GEP—ISFG y el Grupo de Trabajo
en ADN de la ENFSI.
(35)
Los 12 marcadores, que se enumeran en el anexo de la Resolución: D3S1358,
VWA, D8S1179, D21S11, D18S51, HUMTH01, FGA, D1S1656, D2S441, D10S1248,
D12S391, D22S1045.
(36)
Al menos España, Portugal y Alemania han firmado acuerdos de intercam-
bio de perfiles de ADN con USA.
(37)
Dichos 13 marcadores fueron elegidos porque, con su uso, la probabilidad
media de coincidencia aleatoria es menor que una entre un trillón entre individuos
no relacionados. Los 13 marcadores son: CSF1PO, FGA, TH01,TPOX, VWA, D3S1358,
D5S818, D7S820, D8S1179, D13S317, D16S539, D18S51, D21S11 y Amelogenina
(Butler, 2005: 94-95).
(38)
En concreto, no coinciden los siguientes marcadores: HUMTH01, D1S1656,
D2S441, D10S1248, D12S391, D22S1045.
que cumpliese con esta función lo antes posible pero con el menor coste.
Y, en última instancia, se aprobasen en una norma.
(39)
Uno de los primeros estudios en los que se plantea la aplicación el Teorema de
Bayes para la vinculación de un sujeto con un delito, mediante otros medios que no eran
aún el ADN, es Finkelstein y Fairley (1970). En España, se ha afirmado por Carracedo
Álvarez (2004), que para valorar correctamente la probabilidad de que una muestra de
ADN provenga de un individuo, es necesario recurrir al Teorema de Bayes. Puede consul-
tarse en: http://www.cej.justicia.es/pdf/publicaciones/fiscales/FISCAL39.pdf, p. 6.
8. CONCLUSIONES
datos, tal prueba pericial de ADN podrá ser altamente valorada por el
órgano jurisdiccional competente en el correspondiente proceso penal
español, si fue obtenida de forma lícita y lo más fiablemente posible, en
cada una de las tres fases indicadas.
Estamos aplicando nuestro planteamiento metodológico sobre el
conjunto de normas reguladoras del “uso forense de la tecnología del
ADN” adoptadas a nivel nacional, en concreto, español, UE e interna-
cional. Ello nos está conduciendo al análisis de la mayor fiabilidad
posible, de un lado, y de la licitud, de otro, a través de las tres fases que
conforman dicha tecnología, como son las fases de obtención de la
muestra de ADN, de extracción del perfil de ADN y la relativa al tra-
tamiento del dato de ADN en la base de datos. En virtud de dicho
análisis, hemos identificado en este capítulo de libro cinco nuevas cues-
tiones controvertidas.
1. En cuanto a los protocolos de actuación, su elaboración, a nivel
internacional, que era necesaria, no resultará plenamente eficaz si no se
da un paso más, como es su previsión normativa, con el fin de lograr que
dichos protocolos resulten de obligado cumplimiento con carácter gene-
ral. En España, en la elaboración y aprobación de los protocolos técnicos
oficiales sobre la obtención de la muestra, la CNUFADN ha tomado en
cuenta los citados estudios elaborados, a nivel internacional, por la ISFG.
Pero sería deseable que se previeran normativamente.
2. Respecto a la obtención transfronteriza de la muestra de ADN la
inminente aprobación de la nueva Directiva sobre el exhorto europeo de
investigación resulta altamente positivo en cuanto a que la adopción de
este nuevo instrumento dará lugar a un régimen completo de reconoci-
miento mutuo que sustituirá a los procedimientos de asistencia judicial
actuales. Y, asimismo, que haya adoptado la regla forum regit actum. Sin
embargo, dicha Directiva resulta insatisfactoria en una cuestión esencial
y es que no ha incidido suficientemente en el respeto a los derechos
fundamentales que pueden verse afectados a la hora de obtener una prueba
en otro Estado miembro. En este sentido, la Iniciativa efectúa una alusión
muy genérica al respeto a los derechos fundamentales, cuando debiera
haber establecido, al menos, las salvaguardias propias del principio de
proporcionalidad. Sería deseable que el texto final las incluyera.
Coimbra Editora ® Parte I
La prueba de ADN: valoración preliminar de la regulación… 135
AGRADECIMIENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alonso Alonso, Antonio (2004), “Las bases de datos de ADN en el ámbito forense”,
Estudios Jurídicos.
Bachmaier Winter, Lorena (2006), “El exhorto europeo de obtención de pruebas en
el proceso penal”, El Derecho Procesal Penal en la Unión Europea, 131-178.
Bachmaier Winter, Lorena (2011), “La orden europea de investigación y el principio
de proporcionalidad”, Revista General de Derecho Europeo, 25.
Butler, John M. (2005), Forensic DNA typing: Biology, technology and genetics of STR
markers. 2.ª ed. Burlington, MA: Elsevier.
Cabezudo Bajo, María José (2011), “La obtención transfronteriza de la prueba de ADN
en la UE y su repercusión en España: el problema de las ‘búsquedas (del ADN)
de familiares’”, Revista de Derecho Comunitario Europeo, 15(40), 737-765.
Carracedo Álvarez, Angel (2004), “Valoración e interpretación de la prueba pericial
sobre ADN ante los Tribunales”, Estudios Jurídicos, 1892 e ss.
Farfan Espuny, María José (2004), “Introducción a la tecnología del ADN aplicada en
el laboratorio forense”, Estudios Jurídicos, 3934 e ss.
Finkelstein, Michael O.; Fairley, William B. (1970), “A Bayesian approach to identi-
fication evidence”, Harvard Law Review, 83(3), 489-517.
McCartney, Carole et al. (2010), The future of forensic bioinformation. Nuffield Foun-
dation. Consultado a 24.01.2013, em http://www.law.leeds.ac.uk/assets/files/
research/ccjs/forensic-bioinformation-report.pdf.
LEGISLACIÓN
GOVERNABILIDADE E MEDIAÇÕES
BIOVIGILÂNCIA E GOVERNABILIDADE
NAS SOCIEDADES DA INFORMAÇÃO
DANIEL MACIEL
HELENA MACHADO
1. INTRODUÇÃO
O combate à criminalidade por via de dispositivos tecnológicos e pela
informatização e manuseamento massivo de informação biogenética sobre
os cidadãos reflete a expansão, crescentemente global, de aparatos de biovi-
gilância burocrático-estatais. Estes, por sua vez, produzem efeitos na gover-
nabilidade dos corpos e nos processos culturais identitários de populações
“suspeitas” que são alvos preferenciais de recolha de dados pessoais, armaze-
nados e geridos em redes de circulação transfronteiriça. No presente texto,
usamos o conceito de governabilidade dos corpos criminais e da criminali-
dade para discutir os processos de biovigilância nas sociedades da informação.
O enfoque no fenómeno da governabilidade da criminalidade é
explorado a partir da aceção desenvolvida por Michel Foucault, a pro-
pósito da passagem histórica de uma sociedade “disciplinar” para uma
sociedade da “segurança” (Foucault, 2004, para uma sistematização desta
mudança histórica consultar Cunha, 2009), orientada não para a erra-
dicação do crime mas para uma intervenção necessária e suficiente que
torne a criminalidade tolerável e assegure o equilíbrio societal. Essa nova
forma de governabilidade, em crescente expansão nas duas últimas déca-
das, fundamenta-se em práticas de gestão governamental caracterizadas
por um “conjunto” formado por instituições, procedimentos, análises e
reflexões, em que os cálculos e as táticas que permitem o exercício deste
tipo de poder específico e complexo têm a sua população-alvo, a sua
Governabilidade e mediações Coimbra Editora ®
142 Daniel Maciel / Helena Machado
(1)
O princípio de que o perfil de DNA deduzido é inócuo, no entanto, é falso,
pelo menos em termos absolutos, como vemos no comentário de Cole (2007a).
Argumenta-se, no entanto, que o seu valor informativo é mínimo e irrelevante do
ponto de vista da identificação pessoal, já que estima-se que apenas perto de 1,2% do
genoma é “codificante” (Niu e Jang, 2013), servindo a grande parte do genoma funções
bioquímicas (ENCODE, 2012).
(2)
Biometria refere-se aqui à medição e/ou registo de aspetos biológicos espe-
cíficos do corpo humano, seja altura/peso, impressões digitais, cor de olhos e cabelo
ou código genético, entre outros.
(3)
Tradução livre da expressão “nothing to hide, nothing to fear” (Crossman, 2008).
(4)
Estes “novos óticos” são referidos por Haggerty e colegas no seguinte extrato:
Surveillance scholars from a wide range of disciplines have subsequently posited a plethora
of new ‘opticons’, including the ‘superpanopticon’, ‘post-panopticon’, ‘periopticon’,
‘neo-panopticon’ and ‘ban-opticon’, to name but a few (Haggerty et al., 2011: 232).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aas, Katja (2004), “From narrative to database: Technological change and penal cul-
ture”, Punishment & Society 6(4), 379-393.
Aas, Katja (2006), “‘The body does not lie’: Identity, risk and trust in technoculture”,
Crime, Media, Culture, 2(2), 143-158.
Águas, Cíntia et al. (2009), “DNA databases and biobanks: The Portuguese legal and
ethical framework”, in Kris Dierickx; Pascal Borry (eds.), New challenges for
biobanks: Ethics, law and governance. Antuérpia: Intersentia, 209-223.
Ajana, Btihaj (2012), “Biometric citizenship”, Citizenship Studies, 16(7), 851-870.
Beck, Ulrich (1992), Risk society: Towards a new modernity. New Delhi: Sage.
Beck, Ulrich et al., (2000), Modernização reflexiva: Política, tradição e estética no mundo
moderno. Oeiras: Celta.
Bieber, Frederick et al. (2006), “Finding criminals through DNA of their relatives”,
Science, 312(5778), 1315-1316.
Bigo, Didier (2006), “Globalized (in)security: The Dield and the Ban-opticon”, in
Didier Bigo; Anastassia Tsoukala (eds.), Illiberal practices of liberal regimes: The
(in)security games. Paris: L’Harmattan, 5-49.
Braithwaite, John (2000), “The new regulatory state and the transformation of crimi-
nology”, British Journal of Criminology, 40(2), 222-238.
Broeders, Dennis (2007), “The new digital borders of Europe: EU databases and the
surveillance of irregular migrants”, International Sociology, 22(1), 71-92.
Bunyan, Tony (2010), “Just over the horizon: The surveillance society and the state in
the EU”, Race & Class, 51(3), 1-12.
Chapin, Aaron (2004), “Arresting DNA: Privacy expectations of free citizens versus
post-convicted persons and the unconstitutionality of DNA dragnets”, Minne-
sota Law Review, 89, 1842-1875.
Haggerty, Kevin; Ericson, Richard (2000), “The surveillant assemblage”, British Jour-
nal of Sociology, 51(4), 605-622.
Hannah, Matthew (2000), Governmentality and the mastery of territory in nineteen-
th-century America. Cambridge: Cambridge University Press.
Hempel, Leon; Töpfer, Eric (2009), “The surveillance consensus: Reviewing the poli-
tics of CCTV in three European countries”, European Journal of Criminology,
6(2), 157-177.
Hert, Paul de (2005), Biometrics: Legal issues and implications. Bio-security network.
Consultado a 23.01.2013, em http://newton.ee.auth.gr/biometrics/images/docs/
dehert.pdf
Introna, Lucas (2005), “Disclosive ethics and information technology: Disclosing facial
recognition systems”, Ethics and Information Technology, 7(2), 75-86.
Introna, Lucas; Wood, David (2004), “Picturing algorithmic surveillance: The politics
of facial recognition systems”, Surveillance and Society, 2(2-3), 177-198.
Jasanoff, Sheila (1997), Science at the bar: Law, science and technology in America.
Cambridge: Harvard University Press.
Jasanoff, Sheila (2005), Designs on nature, science and democracy in Europe and in the
United States. Princeton; Princeton University Press.
Jasanoff, Sheila (2006), “Just evidence: The limits of science in the legal process”,
Journal of Law, Medicine & Ethics, 34, 328-341.
Jerónimo, Helena (2006), “A peritagem científica perante o risco e as incertezas”, Aná-
lise Social, 41(181), 1143-1165.
Kabatoff, Matthew; Daugman, John (2008), “Pattern recognition: Biometrics, identity
and the state — An interview with John Daugman”, BioSocieties, 3, 81-86.
Kanashiro, Marta (2008), “Surveillance cameras in Brazil: Exclusion, mobility regula-
tion, and the new meanings of security”, Surveillance and Society, 5(3), 270-289.
Kayser, Manfred; Schneider, Peter (2009), “DNA-based prediction of human externally
visible characteristics in forensics: Motivations, scientific challenges, and ethical
considerations”, Forensic Science International: Genetics, 3(3), 154-161.
Kazemian, Lila et al. (2010), “DNA retention policies: The potential contribution of
criminal career research”, European Journal of Criminology, 8(1), 48-64.
Lemke, Thomas (2010), “Foucault, politics, and failure: A critical review of studies of
governmentality”, Philosophical Alternatives, 5, 32-46.
Loader, Ian; Sparks, Richard (2002), “Contemporary landscapes of crime, order, and
control. Governance, risk, and globalization”, in Mike Maguire et al. (eds.), The
Oxford handbook of criminology.Oxford: Oxford University Press, 83-111.
Lyon, David (1992), “The new surveillance: Electronic technologies and the maximum
security society”, Crime, Law and Social Change, 18(1-2), 159-175.
Lyon, David (2001a), Surveillance society: Monitoring everyday life. Buckingham: Open
University Press.
Lyon, David (2001b), “Facing the future: Seeking ethics for everyday surveillance”,
Ethics and Information Technology, 3(3), 171-181.
Rabinow, Paul; Rose, Nikolas (2003), “Foucault today”, in Paul Rabinow; Nikolas
Rose (eds.), The essential Foucault: Selections from the essential works of Foucault
1954-1984. New York: New Press, vii — xxxv.
Raman, Sujatha; Tutton, Richard (2009), “Life, science, and biopower”, Science, Tech-
nology & Human Values, 35(5), 711-734.
Risher, Michael (2009), Racial disparities in databanking of DNA profiles. Council for
Responsible Genetics. Consultado a 24.01.2013 em: http://www.councilfor-
responsiblegenetics.org/pageDocuments/BBIQ0EKC20.pdf.
Rose, Nikolas (2000), “Government and control”, British Journal of Criminology, 40(2),
321-339.
Rose, Nikolas; Miller, P. (1992), “Political power beyond the state: Problematics of
government”, British Journal of Sociology, 43(2), 172-205.
Santos, Boaventura de Sousa (2000), A crítica da razão indolente: Contra o desperdício
da experiência. Porto: Afrontamento.
Santos, Boaventura de Sousa (2002), Toward a new legal common sense. Law, globali-
zation, and emancipation. London: Butterworths.
Shriver, Mark et al. (2005), “Getting the science and the ethics right in forensic gene-
tics”, Nature Genetics, 37(5), 449-451.
Simoncelli, Tania (2006), “Dangerous excursions: The case against expanding forensic
DNA databases to innocent persons”, The Journal of Law, Medicine & Ethics,
34(2), 390-397.
Toom, Victor (2012), “Forensic DNA databases in England and the Netherlands: Gover-
nance, structure and performance compared”, New Genetics and Society, 31(3),
311-322.
Tseloni, Andromachi; Pease, Ken (2010), “DNA retention after arrest: Balancing privacy
interests and public protection”, European Journal of Criminology, 8(1), 32-47.
Van Camp, Nathan; Dierickx, Kris (2007), “The expansion of forensic DNA databa-
ses and police sampling powers in the post-9/11 era”, Ethical Perspectives, 14(3),
237-268.
Van Camp, Nathan; Dierickx, Kris (2008), “The retention of forensic DNA samples:
A socio-ethical evaluation of current practices in the EU”, Journal of Medical
Ethics, 34(8), 606-610.
Van der Ploeg, Irma (1999), “The illegal body: ‘Eurodac’ and the politics of biometric
identification”, Ethics and Information Technology, 1(4), 295-302.
Van der Ploeg, Irma (2003), “Biometrics and the body as information: Normative
issues of the socio-technical coding of the body”, in David Lyon (ed.), Sur-
veillance as social sorting: Privacy, risk, and automated discrimination. New York:
Routledge, 57-73.
Wacquant, Loïc (2000), As prisões da miséria. Oeiras: Celta.
Wacquant, Loïc (2007), “Os excluídos da sociedade de consumo: Toxicodependen-
tes, psicopatas e sem-abrigo nas prisões americanas”, Análise Social, XLII(185),
987-1003.
CLAUDIA FONSECA
1. INTRODUÇÃO
lei abre espaço para uma discussão ampla e pública sobre os efeitos prá-
ticos e éticos das novas tecnologias de governo.
Em outras palavras, esse tema fornece uma oportunidade para a
sociedade — os governantes e o público em geral — repensar criti-
camente uma série de questões importantes sobre direitos, cidadania
e discriminação. Instiga antes de tudo a considerar como elementos
aparentemente neutros — da ciência e da tecnologia — provocam
rearranjos em nossa maneira de pensar e lidar com questões de justiça.
Seguindo essa linha, proponho nesse ensaio apelar para alguns ins-
trumentos analíticos dos estudos de ciência e tecnologia para afinar
nossa percepção dos novos saberes científicos no campo da investi-
gação criminal, documentando seus usos e avaliando seus efeitos na
prática em lugares onde o banco de perfis genéticos já foi implantado
há tempo.
Comentários entusiastas prometem que o banco de perfis genéticos
para fins de identificação criminal vai contribuir para a resolução do
problema número um do país — a insegurança causada pelo crime
violento, resultado por sua vez da “cultura da impunidade”. Aparecem
repetidamente na mídia histórias emblemáticas, geralmente importadas
dos Estados Unidos e da Inglaterra, sobre tal e tal estuprador que foi
preso graças à tecnologia do DNA, e sobre tal e tal assassino em série
que poderia ter sido preso antes de cometer tantos crimes se somente
tivesse existido na época um banco de perfis genéticos. Por outro lado,
ouvimos falar muito dos casos em que o DNA conseguiu exonerar pes-
soas injustamente suspeitas de um crime, inocentar determinados presos
e até tirar alguns condenados do corredor da morte.
Parece haver nessas histórias uma associação automática entre tec-
nociência e justiça — como se os elementos “impessoais” do DNA
pudessem finalmente introduzir no sistema de justiça uma objetividade
livre de preconceitos para levar adiante a causa do bem-estar de todos.
E, sem dúvida, há instâncias em que o uso da ciência — em particular
da informação genética — tem avançando a causa dos direitos humanos.
Basta pensar no trabalho de cientistas para identificar os corpos de
pessoas assassinadas durante ditaduras sangrentas na África ou América
Central ou, mais perto de casa, para identificar os filhos de desapareci-
Coimbra Editora ® Parte II
Mediações, tipos e figurações: reflexões em torno do uso da tecnologia… 169
(5)
Nos anos 80, por causa da tecnologia rudimentar, a única maneira de fazer
um teste de DNA era por extração de sangue. Hoje a tecnologia permite a coleta de
amostras a partir de muitas outros “vestígios” corporais. Não é dificil ver a relação do
avanço tecnológico com mudanças de legislação em muitos paises que tornaram a boca
um lugar “não-íntimo” do corpo, de onde é possível extrair amostras sem o consenti-
mento da pessoa (Williams e Johnson, 2008).
(6)
Como lembra Jasanoff (2006: 337), “O risco de inferir, a partir de infor-
mações científicas, mais do que elas podem estabelecer com certeza razoável é parti-
culmente agudo no caso da ciência genética que carrega conotações de precisão e
infalibilidade”.
(7)
Os entrevistados de Machado incluem desde pessoas condenadas por abuso
de cartão de crédito até condenadas por homicídio — cumprindo penas de prisão desde
5 meses a 25 anos — de modo a captar diversidade de experiências e representações.
(8)
Ao contrastá-los com “intermediários” (que transmitem mecanicamente os sig-
nificados), Latour insiste no caráter imprevisível dos mediadores que “transformam, tradu-
zem, distorcem, and modificam o significado dos elementos que carregam” (2005: 39).
(9)
Se, por um lado, esses dados indicam uma discriminação contra pessoas de
pele escura, por outro lado, devemos lembrar que as classificações raciais são parte
integrante das dinâmicas sociais. Vieira (2011) descreve com detalhes etnográficos
como a classificação de um mesmo suspeito tende a variar de mais branco para mais
preto a medida que o processo penal se aproxima da condenação.
5. FIGURAÇÕES
(10)
Entrevista realizada em junho de 2012 no âmbito do projeto CNPQ, “A pro-
dução e uso de novos conhecimentos científicos nas tecnologias do governo” em compa-
nhia dos demais pesquisadores do tema de perícia forense, Vitor Richter e Lucas Besen.
(11)
Jasanoff (2002: 897) usa a “early adopters” para descrever um grande leque
de “consumidores precoces” — incluindo, por exemplo, as pessoas sofrendo de infer-
tilidade involuntária. São pessoas que militam através da legislatura, das políticas
públicas e outros espaços estratégicos onde, estancando o debate sobre possíveis pro-
blemas complicadores, exercem pressões para o pronto desenvolvimento e acesso de
todos a certa tecnologia.
(12)
Em quase todos os casos citados, trata-se de vestígios da cena de crime
comparados ao perfil de determinado suspeito — processo que prescinde de um banco
de perfís de pre-suspeitos tal como aquele criado pela a Lei n.º 12.654.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Adorno, Sergio (1995), “Discriminação racial e justiça criminal”, Novos Estudos
CEBRAP, 43, 45-63.
Bieber, Frederick et al. (2006), “Finding criminals through DNA of their relatives”,
Science, 312: 1315-1316.
Lazer, David; Meyer, Michelle (2004), “DNA and the criminal justice system: Con-
sensus and debate”, in David Lazer (org.), The technology of justice: DNA and
the criminal justice system. Cambridge: MIT Press, 357-390.
Levine, Harry et al. (2008) “Drug arrests and DNA: building Jim Crow’s database”,
Council for Responsible Genetics Forum on Racial Justice Impacts of Forensic
DNA Databanks New York City, 19 junho. Consultado a 31.07.2013 em
http://www.councilforresponsiblegenetics.org/pagedocuments/0rrxbggaei.pdf.
Lewontin, Richard (1972), “The apportionment of human diversity”, Evolutionary
Biology, 6, 381-398.
Lynch, Michael; McNally, Ruth (2008), “DNA, biolegality, and changing conceptions
of suspects”. Trabalho apresentado no painel “Genetic suspects: Emerging
forensic uses of genomic technologies”, ESRC Genomics Forum, University of
Edinburgh, 2-3 October.
Lynch, Michael et al. (2008), Truth machine: The contentious history of DNA finger-
printing. Chicago: University of Chicago Press.
Machado, Helena (2012), “Crime, bancos de dados genéticos e tecnologia de DNA
na perspectiva de presidiários em Portugal”, in Claudia Fonseca et al. (orgs.),
Ciências na vida: Antropologia da ciência em perspectiva. São Paulo: Editora
Terceiro Nome, 66-86.
Machado, Helena; Susana Costa (2012), “Biolegalidade, imaginário forense e investi-
gação”, Revista Crítica de Ciências Sociais 97: 61-84.
Mariz, Renata (2012), “Banco de dados guardará o DNA de criminosos no país”, Correio
Braziliense, 25 novembro. Consultado a 31.07.2013, em http://www.correiobra-
ziliense.com.br/app/noticia/brasil/2012/11/25/interna_brasil,335648/banco-guar-
dara-dna-de-criminosos-no-pais.shtml.
NDNAD. 2009. National DNA Database annual report 2003-04. Consultado a
31.07.2013, em http://www.genewatch.org/uploads/f03c6d66a9b354535738483c-
1c3d49e4/NDNAD_AR_3_4.pdf.
Nelkin, Dorothy; Lindee, Susan (1995), The DNA mystique: The gene as a cultural icon.
New York: W.H.Freeman.
Ong, Aihwa; Collier, Stephen (2005), Global assemblages: Technology, politics, and ethics
as anthropological problems. Oxford: Blackwell Publishing.
Penchaszadeh, Victor (2012), Genética y derechos humanos: Encuentros y desencuentros.
Buenos Aires: Paidós.
Pessoa, Cesar; Garrido, Rodrigo G. (2012), “Policiamento genético: O DNA publici-
zado em nome da segurança pública”, Política e Trabalho, 37: 103-114.
Rabinow, Paul (1996), “Galton’s regret: Of types and individuals”, in Essays on the
Anthropology of Reason. Princeton, NJ: Princeton University Press, 112-128.
Ribeiro, Éfrem (2013), “Começa coleta de material de presos acusados de crimes no
Banco de Dados de DNA”, Meio Norte, 18 março. Consultado a 31.07.2013,
em http://www.meionorte.com/efremribeiro/comeca-coleta-de-material-de-pre-
sos-acusados-de-crimes-no-banco-de-dados-de-dna-244330.html.
Rosa, Cássio Thyone a. de. (2013), “Perícia criminal: A última fronteira de elitização
da justiça”, Carta Capital, 22 abril. Consultado a 31.07.2013, em http://www.
cartacapital.com.br/sociedade/pericia-criminal-a-ultima-fronteira-da-elitiza-
cao-da-justica-894.html.
Rose, Nikolas (2000), “The biology of culpability: Pathological identity and crime
control in a biological culture”, Theoretical Criminology, 4, 5-34.
Rose, Nikolas (2007), The politics of life itself: Biomedicine, power, subjectivity in the
twenty-first century. Princeton: Princeton University Press.
Schiocchet, Taysa (2012), “Bancos de perfis genéticos: ‘Uma forma mais sofisticada de
biopoder’. Entrevista especial com Taysa Schiocchet”, Instituto Humanitas
Unisinos, São Leopoldo, 31/3/2.
SENASP (2012), Diagnóstico da perícia criminal no Brasil. Brasília: Ministério de
Justiça, Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Vieira, Miriam (2011), Categorias jurídicas e violência sexual: Uma negociação com
múltiplos atores. Porto Alegre: Editora da UFRGS.
Wallace, Helen (2008), “Prejudice, stigma and DNA databases”, Genewatch. Consul-
tado a 31.07.2013, em http://www.councilforresponsiblegenetics.org/genewatch/
GeneWatchPage.aspx?pageId=60&archive=yes#.T_nxpXqYKgc.email.
Wallace, Helen (2012), “A nova base de dados de DNA brasileira: Solução de crimes
ou erosão de direitos humanos?”, PoliTICs, 2-12. Consultado a 31.07.2013,
em http://www.politics.org.br/sites/default/files/03_wallace_base_dna_brasil_
politics13.pdf.
Weiss, Martin (2011), “Strange DNA: The rise of DNA analysis for family reunifica-
tion and its ethical implications”, Genomics, Society and Policy, 7, 1-19.
Williams, Robin; Johnson, Paul (2008), Genetic policing: The use of DNA in criminal
investigations. Portland: Willan Publishing.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
AS FUNÇÕES DO DNA
NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
(1)
— ESTUDO DE CINCO CASOS EM PORTUGAL
FILIPE SANTOS
1. INTRODUÇÃO
(1)
Este texto foi produzido no âmbito de uma bolsa de doutoramento
concedida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/72253/2010),
e do projeto de investigação “Base de dados de perfis de ADN com propósitos
forenses em Portugal: Questões atuais de âmbito ético, prático e político”, com a
referência FCOMP—01—0124—FEDER—009231 (2010-2013), coordenado
por Helena Machado e desenvolvido no Centro de Estudos Sociais da Universidade
de Coimbra.
Tabela 1
Descrição dos casos selecionados
Data do(s)
crime(s)
Designações
— Sentença Local Arguido(s) Tipo de crime
dos casos
judicial
(desfecho)
Álvaro Pinto
Jaime Curval
Incêndio [1];
16 de abril Octávio Alves
Furto [1]; Homicídio
“Meia de 1997 a 1 César Fonseca
Amarante qualificado [13];
Culpa” de junho Aloísio Oliveira
Homicídio qualificado
de 1998 Ricardo Rocha
na forma tentada [22]
José Queirós
Artur Santos
12 de agosto António Jorge
de 1999 a 17 Machado (Tó Jó) Homicídio
“Tó Jó” Ílhavo
de abril Nuno Lima qualificado [2]
de 2001 Sara Machado
12 de setembro
Homicídio
de 2004 a 11 João Cipriano
“Joana” Portimão qualificado [1];
de novembro Leonor Cipriano
Ocultação de cadáver [1]
de 2005
Data do(s)
crime(s)
Designações
— Sentença Local Arguido(s) Tipo de crime
dos casos
judicial
(desfecho)
Homicídio simples [1];
Homicídio qualificado
“Serial 24 de maio de
[2]; Ocultação de
Killer 2005 (1.º Santa
António Costa cadáver [2]; Profanação
de Santa desaparecimento) Comba
(Tói) de cadáver [1];
Comba a 31 de julho de Dão
Tentativa de coação
Dão” 2007
sexual [2]; Denúncia
caluniosa [1]
Hipóteses
de investigação:
Rapto para exploração
3 de maio de
sexual ou outros (sem
2007 a 21 de Gerald McCann
“Madeleine homicídio); Rapto
julho de 2008 Lagos Kate Healy
McCann” seguido de homicídio
(arquivamento do Robert Murat
com ou sem ocultação
inquérito)
de cadáver; Morte
acidental com
ocultação de cadáver
Nota: Entre parêntesis retos encontra-se discriminado o número de crimes que resul-
taram em condenação, conforme a sentença judicial.
(2)
Kate não acrescentou o nome McCann ao seu nome de solteira e é assim
identificada nos autos. Contudo, neste texto, e nos artigos noticiosos citados o casal
é referido como os “McCann”.
(3)
Robert Murat foi constituído arguido a 14 de maio de 2007 na sequência
da denúncia, por parte de uma jornalista, de alegados comportamentos suspeitos. Até
então, Robert Murat vinha prestando auxílio à investigação como tradutor-intérprete
em depoimentos de cidadãos britânicos.
(4)
O uso da expressão “narrativa criminal” é empregue com o propósito de
transmitir o carácter provisório e frequentemente indutivo inerente ao desenvolvimento
da investigação criminal e da interpretação dos indícios, sendo que a abordagem de
qualquer crime tende a partir de guiões cultural e profissionalmente estabelecidos
(Kruse, 2012).
(5)
Principalmente nos casos mais antigos, verifica-se que os quesitos são for-
mulados de modo relativamente vago. Por exemplo, após discriminar os vestígios e os
locais onde foram recolhidos, o agente que requer os exames solicita: “… a efectivação
dos competentes exames com vista a identificar, DNA, de eventuais suspeitos” (sic)
(fls. 40 do processo 704/99.9JAAVR).
(6)
Nos casos analisados, após localização visual de manchas suspeitas na cena
de crime, são conduzidos testes para determinar a sua natureza. O mais frequente é
o chamado teste de Kastle-Meyer que consiste no uso de uma solução de fenolftaleína,
a qual é incolor em meio básico, mas que sofre oxidação por peroxidase na presença
de hemoglobina, tornando-se cor-de-rosa (Williams e Johnson, 2004: 7).
lícita e verosímil para a presença dos vestígios nos locais e objetos onde
foram recolhidos, na função incriminatória foi já possível determinar
que a presença dos vestígios só pode ser enquadrada em circunstâncias
de ilicitude. Neste sentido, as análises de DNA podem ser usadas para
obter uma confissão de um suspeito.
O caso que ficou conhecido como “Serial Killer de Santa Comba
Dão” afigura-se um bom exemplo do modo como as tecnologias de DNA
podem ser usadas com eficácia e proficiência na fase de inquérito, auxi-
liando a condução da investigação ao gerar informação determinante
para a resolução de um caso, naquilo que pode ser designado como
forensic intelligence (Ribaux et al., 2006) — entendendo-se intelligence
como os elementos úteis e significativos para uma investigação que
emergem do processamento e análise dos dados de um caso.
Conforme foi descrito anteriormente, a circunstância de os crimes
terem ocorrido num meio relativamente pequeno, onde todos se conhe-
cem e o principal suspeito ser estimado na comunidade, terá levado a
que os responsáveis da investigação tenham tido o maior cuidado em
não avançar com uma detenção até que tivessem reunido indícios sufi-
cientes. Quando, a 8 de maio de 2006, uma jovem de 17 anos (Joana)
residente em Cabecinha de Rei, Santa Comba Dão, é dada como desa-
parecida, a reconstituição do percurso que teria tomado desde a sua
escola casa conduz os inspetores a um caminho de terra batida, procu-
rando averiguar se os habitantes da zona teriam visto a jovem naquele
dia, sabendo que não teria chegado a entrar em sua casa. Verificaram
também que as três jovens desaparecidas habitavam na mesma zona,
tendo por hábito percorrer o mesmo trajeto. Entretanto, é assinalado
nos autos um indivíduo (“Nelo”) cujo perfil e comportamentos são
vistos como comprometedores (preferência por teenagers, frequência de
certos locais e ligações com a primeira vítima — Isabel), mas que não
possuía relações evidentes com as restantes vítimas (Mariana e Joana).
Contudo, o Ministério Público assume existirem indícios de que o “Nelo”
seria suspeito nos três casos.
Nos dias seguintes (17/18 maio de 2006), foram efetuadas novas
buscas no terreno, tendo sido encontradas fogueiras com vestígios de
roupa e calçado. Foi encontrado um par de óculos que foram associados
Investigação criminal Coimbra Editora ®
212 Filipe Santos
aos usados pela Joana e uma pulseira de missangas. A partir daí, a ins-
peção do local permitiu encontrar vários vestígios (cabelos) que foram
fotografados e recolhidos pelos elementos do Laboratório de Polícia
Científica no local para posterior identificação e comparação. A 9 de
junho, os inspetores regressam a Cabecinha de Rei para tentar uma
abordagem “menos formal” no contacto com os habitantes, apurando-se
várias declarações relativamente ao comportamento “suspeito” de Antó-
nio Costa — porque teria insistido em explicações junto de várias pessoas
para os seus ferimentos e eventuais vestígios biológicos seus que pudes-
sem ser encontrados; e porque, residindo no local onde foram encontra-
dos os óculos de Joana e por onde as três raparigas habitualmente pas-
savam, não se afigurava possível que algo tivesse sucedido sem que aquele
o soubesse.
A 22 de junho é conduzida uma diligência de busca para apreen-
são no carro e na habitação de António Costa, tendo sido apreendidos
vários objetos que pudessem estar relacionados com os crimes (sacos
de ração, fios de cobre, telemóveis) bem como vários vestígios bioló-
gicos. No mesmo dia, na forma de um contacto pessoal com a PJ, o
INML informa que os cabelos encontrados perto do caminho de terra
batida onde foram encontrados os óculos da Joana se identificam com
o perfil genético da Mariana. Na sequência da busca, o António Costa
foi constituído arguido, tendo sido interrogado nessa condição, pres-
cindindo de defensor. Nesse interrogatório, António Costa confessa
que manteve relações sexuais com a primeira vítima (Isabel) no seu
carro e explica os vestígios de sangue com ferimentos seus numa oca-
sião em que esteve a cortar lenha ou por ter transportado carne adqui-
rida num supermercado. Mais, autorizou a colheita de material bio-
lógico e adiantou em forma de explicação que tem por hábito deixar
o carro estacionado com as chaves na ignição, por isso, a existir sangue
que não seja seu deverá ter sido lá colocado por pessoas que o queiram
incriminar. Por ter sido soldado da GNR, o arguido possuía algumas
noções de investigação criminal e da importância dos vestígios, possi-
velmente enquadrando-se naquilo que Beauregard e Bouchard (2010)
designaram por forensic awareness, isto é, um conjunto de conhecimen-
tos e estratégias que operam no sentido de evitar o abandono de ves-
Coimbra Editora ® Parte III
As funções do DNA na investigação criminal — estudo de cinco casos… 213
tígios. Tal pode inferir-se do modo como os corpos das vítimas foram
ocultos (as duas últimas vítimas foram depositadas em albufeiras, e não
no mar como a primeira, em conjunto com objetos pesados para evi-
tar o retorno à superfície), e das tentativas de consumir pelo fogo os
objetos pessoais das vítimas e de providenciar justificações legítimas
para os vestígios.
Contudo, no mesmo dia, e após ter sido novamente questionado
acerca dos vestígios hemáticos na bagageira do seu carro, António Costa
admite ter agredido Isabel no seu carro. Julgando-a morta, e tomado pelo
pânico, procurou ocultar o cadáver, atirando-o ao mar na Figueira da Foz.
Confessa também as circunstâncias em que matou e os locais onde ocultou
os cadáveres da Mariana e da Joana, o que viria a ser confirmado em auto
de reconstituição e no interrogatório judicial de arguido.
A função incriminatória terá sido empregue também no caso Made-
leine McCann, embora com resultados distintos. Durante o interroga-
tório a Kate McCann, e após ter sido constituída arguida a 7 de setem-
bro de 2007, esta foi confrontada com um grande número de questões
face às quais manteve o seu direito, enquanto arguida, de não responder.
Algumas dessas questões incidiam sobre os vestígios biológicos recolhidos
no carro e no apartamento, sendo explicitamente dito que teria sido
recolhido o “ADN da Madeleine” (fls. 2560 do processo 201/07.0GALGS).
No entanto, num email referente aos vestígios enviados para o Forensic
Science Service (7) datado de 3 de setembro (fls. 2617 e ss do processo
201/07.0GALGS) é dito que os resultados das análises de DNA são
demasiado complexos para uma interpretação significativa. Para além
de não ter sido possível identificar que tipo de fluido originou os vestí-
gios, os perfis resultantes eram incompletos. No vestígio encontrado na
bagageira do carro, o perito indica que apesar de os componentes do
perfil de Madeleine corresponderem a parte do perfil do vestígio, há uma
(7)
O Forensic Science Service era, à data dos acontecimentos, o laboratório do
Reino Unido que providenciava serviços forenses às forças policiais de Inglaterra e do
País de Gales. Em 2010, o governo britânico anunciou que, devido à sua situação
financeira deficitária, o Forensic Science Service deveria ser progressivamente encerrado
(Rincon, 2013).
(8)
De um modo geral, e no uso para efeitos de investigação criminal, designa-se
um perfil como uma “mistura” quando podem ser observados mais do que dois
alelos em vários loci (ou marcadores) estudados no perfil de uma amostra (Buckleton
et al., 2007).
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Altheide, David L. (2009), “Moral panic: From sociological concept to public dis-
course”, Crime, Media, Culture, 5(1): 79-99.
Amaro, José Bento; Campos, Alexandra (2007), “Detido incriminado pelos testes
genéticos”, Jornal Público, 22 de julho.
Baskin, Deborah; Sommers, Ira (2010), “The influence of forensic evidence on the case
outcomes of homicide incidents”, Journal of Criminal Justice, 38(6): 1141-1149.
Beauregard, Eric; Bouchard, Martin (2010), “Cleaning up your act: Forensic awareness
as a detection avoidance strategy”, Journal of Criminal Justice, 38(6): 1160-1166.
Braz, José (2010), Investigação criminal. A organização, o método e a prova. Os desafios
da nova criminalidade. Coimbra: Almedina.
Buckleton, John S. et al. (2007), “Towards understanding the effect of uncertainty in
the number of contributors to DNA stains”, Forensic Science International:
Genetics, 1(1): 20-28.
Cavender, Gray: Deutsch, Sarah K. (2007), “CSI and moral authority: The police and
science”, Crime, Media, Culture, 3(1): 67-81.
Cole, Simon A.; Lynch, Michael (2006), “The social and legal construction of suspects”,
Annual Review of Law and Social Science, 2: 39-60.
Dahl, Johanne Y. (2007), “Another side of the story — Defence lawyers’ views on
DNA evidence”, in Katja F. Aas et al. (eds), Technologies of inSecurity: The sur-
veillance of everyday life. Oxon e New York: Routledge-Cavendish, 219-237.
Dâmaso, Eduardo; Laranjo, Tânia (2008), “Exames marcam morte de Maddie”, Jornal
Correio da Manhã, 7 de janeiro. Consultado a 15.01.2013, em http://www.cmjor-
nal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/exames-marcam-morte-de-maddie.
Derksen, Linda (2000), “Towards a sociology of measurement: The meaning of mea-
surement error in the case of DNA profiling”, Social Studies of Science, 30(6):
803-845.
Ericson, Richard V. (1998), “How journalists visualize fact”, The ANNALS of the
American Academy of Political and Social Science, 560(1): 83-95.
Ferreira, Carlos (2007), “Como a PJ apanhou o cabo”, Jornal Correio da Manhã, 27
janeiro. Consultado a 15.01.2013, em http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noti-
cias/nacional/portugal/como-a-pj-apanhou-o-cabo.
Fox, Richard L. et al. (2007), Tabloid justice. Criminal justice in an age of media frenzy.
Boulder, CO: Lynne Rienner Publishers.
Gerlach, Neil (2004), The genetic imaginary: DNA in the Canadian justice system.
Toronto: Toronto University Press.
Holliman, Richard (2004), “Media coverage of cloning: A study of media content,
production and reception”, Public Understanding of Science, 13(2): 107-130.
Innes, Martin et al. (2005), “’The appliance of science?’: The theory and practice of
crime intelligence analysis”, British Journal of Criminology, 45(1): 39-57.
Jewkes, Yvonne (2004), Media and crime. London: Sage.
Katz, Jack (1987), “What makes crime ‘news?’”, Media, Culture & Society 9(1): 47-75.
Kruse, Corinna (2010), “Forensic evidence: Materializing bodies, materializing crimes”,
European Journal of Women’s Studies, 17(4): 1-18.
Kruse, Corinna (2012), “Legal storytelling in pre-trial investigations: Arguing for a
wider perspective on forensic evidence”, New Genetics and Society, 31(3): 299-309.
Lage, António et al. (1997), “Os fios da meada”, Público, 28 de abril.
Lynch, Michael (2003), “God’s signature: DNA profiling, the new gold standard in
forensic science”, Endeavour, 27(2): 93-97.
SUSANA COSTA
1. INTRODUÇÃO
(1)
Este texto foi desenvolvido no âmbito da bolsa de pós doutoramento, com
a referência SFRH/BPD/63806/2009, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
(2)
A este propósito cf. Frois (2012: 13) que considera que “[o] modelo portu-
guês, tal como outros europeus, assenta numa estratégia muito em voga atualmente
que se relaciona com a prevenção e dissuasão da criminalidade. Prevenção, neste
domínio, traduz-se numa lógica de atuação em que a polícia antecipa e evita a ocor-
rência criminal”.
(3)
A tradução de citações são da responsabilidade da autora.
(4)
Para uma análise dos países permissivos, restritivos e laissez-faire cf. Machado
et al., 2008; Machado e Santos, 2012.
(5)
Cf. Machado et al., 2008 e Pereira, 2008.
(6)
“(…) amostra utilizada para comparação” (artigo 2.º, al. d), da Lei n.º 5/2008,
de 12 de fevereiro.
(7)
“(…) a recolha de amostras em condenado por crime doloso com pena
concreta de prisão igual ou superior a 3 anos, ainda que esta tenha sido substituída”
(artigo 8.º, n.º 2, da Lei n.º 5/2008, de 12 de fevereiro).
(8)
“A recolha de amostras em processo-crime é realizada a pedido do arguido
ou ordenada, oficiosamente ou a requerimento, por despacho do juiz, a partir da
constituição de arguido, ao abrigo do disposto no artigo 172.º do Código do Processo
Penal” (artigo 8.º, n.º 1, da Lei n.º 5/2008, de 12 de fevereiro).
(9)
E também plasmado no artigo 3.º, n.º 2, da Lei n.º 5/2008, de 12 de fevereiro.
(10)
A este propósito cf. Oliveira, 1999.
(11)
Artigo 11.º: “1 — Salvo em casos de manifesta impossibilidade, é preser-
vada uma parte bastante e suficiente da amostra para a realização de contra-análise.
2 — Quando a quantidade da amostra for diminuta deve ser manuseada de tal modo
que não impossibilite a contra-análise” (Lei n.º 5/2008, de 12 de fevereiro.
(12)
Refere o artigo 2.º, al. n), que este é a “manifestação de vontade livre e
informada, sob a forma escrita, nos termos da qual o titular aceita que os seus dados
pessoais sejam objecto de tratamento” (Lei n.º 5/208, de 12 de fevereiro). Esta noção
de consentimento livre, informado e irrevogável é “(…) diferente da noção de volun-
tário no Reino Unido, em que a recolha de amostras pode ser feita em massa no decurso
de uma investigação a um grupo específico de indivíduos (intelligence mass screening)”
(Machado et al., 2008: 152). Cf. também Kaye, 2006; Williams et al., 2004).
(13)
“Processo usado para documentar o seu trajecto cronológico, a fim de ser
atestado e acautelado a sua autenticidade em processo judicial” (Pinheiro, 2011: 60).
Cf. tb. definição dada por Barra da Costa, 2008: 221 ss.).
ao qual, por sua vez, cabe comunicar ao Ministério Público e/ou aos OPC
competentes esses mesmos dados, através de despacho fundamentado
(artigo 18.º, n.º 1, al. b)).
De forma a poder ser executada uma interconexão dos dados constan-
tes na base de dados com novos dados inseridos, a lei prevê que os perfis
de ADN (14) de arguidos possam ser cruzados com amostras problema (15)
de local de crime, amostras de cadáver ou parte de cadáver ou em local
onde se proceda a recolha, e ficheiro de profissionais. No que respeita aos
perfis de ADN de voluntários, estes podem ser cruzados com todos os
perfis inseridos nos diversos ficheiros previstos na lei (artigo 20.º, n.º 3).
Os perfis de ADN de amostras problema provenientes de locais de crime
ou de pessoas condenadas a pena concreta superior a 3 anos podem ser
cruzados com o ficheiro dos voluntários, com o ficheiro das amostras pro-
blema recolhidas no local do crime, com o ficheiro de outros indivíduos
condenados e com o ficheiro que congrega os perfis dos profissionais que
lidam com o manuseamento das amostras (artigo 20, n.º 3 e 4). Porém,
fica fora deste leque o cruzamento da informação obtida com o ficheiro
que detêm as amostras referência de pessoas desaparecidas ou familiares,
sendo apenas permitido, em casos excecionais, mediante requerimento
fundamentado, prévia autorização da Comissão Nacional de Proteção de
Dados Pessoais (CNPD) e parecer prévio, quer desta entidade, quer ainda
do Conselho de Fiscalização, a possibilidade de outros cruzamentos entre
ficheiros que não estes expressos na lei (artigo 20.º, n.º 5).
Se estas são as prerrogativas no que respeita à interconexão de dados
no domínio nacional, o artigo 21.º considera que estas não podem colidir
com as obrigações internacionais assumidas por Portugal no que toca a
cooperação internacional transfronteiriça (artigo 21.º, n.º 2) ao abrigo do
(14)
Segundo a al. f ) do artigo 2.º da Lei n.º 5/2008, de 12 de fevereiro, o
perfil de ADN é “(…) o resultado de uma análise da amostra por meio de um mar-
cador de ADN obtido segundo as técnicas cientificamente validadas e recomendadas
a nível internacional”.
(15)
“(…) a amostra, sob investigação, cuja identificação se pretende estabelecer”
(artigo 2.º, al. c)), da Lei n.º 5/2008, de 12 de fevereiro.
(16)
“O Tratado define um quadro legal que visa o desenvolvimento da coo-
peração entre os Estados-Membros no domínio da luta contra o terrorismo, a cri-
minalidade transfronteiras e a imigração ilegal. Mais especificamente, regula o
intercâmbio de informações sobre ADN, impressões digitais, registo de veículos e
dados pessoais e não pessoais no âmbito da cooperação policial transfronteiriça entre
as partes contratantes” http://www.europarl.europa.eu/meetdocs/2004_2009/documents/
dt/660/660824/660824pt.pdf [consultado em 30 de abril de 2013].
(17)
Não porque este tipo de tecnologia seja dispendiosa, mas porque ao per-
mitir respostas mais céleres, diminui o tempo da investigação, logo tornando-a mais
financeiramente mais acessível.
(18)
Os polícias surgem, deste modo, como “agentes técnicos da racionalidade
científica” (Williams e Johnson, 2004).
(19)
Compete aos órgãos de polícia criminal, mesmo por iniciativa própria, colher
notícia dos crimes e impedir quanto possível as suas consequências, descobrir os seus
agentes e levar a cabo os actos necessários e urgentes destinados a assegurar os meios
de prova.
(20)
O n.º 2 do art. 249.º do Código de Processo Penal indica os atos e dili-
gências que podem ser tomadas pelos OPC: “a) Proceder a exames de vestígios do
crime, em especial as diligências previstas no artigo 171.º, n.º 2, e no artigo 173.º,
assegurando a manutenção do estado das coisas e dos lugares; b) Colher informações
das pessoas que facilitem a descoberta dos agentes do crime e a sua reconstituição; c)
Proceder a apreensões no decurso de revistas ou buscas ou em caso de urgência ou
perigo na demora, bem como adoptar as medidas cautelares necessárias à inserção ou
manutenção dos objetos apreendidos”.
(21)
No âmbito deste estudo foram realizadas um total de 17 entrevistas, 5 das
quais no Reino Unido, mas não contempladas para este capítulo.
(22)
Cf. artigo 7.º da LOIC sobre a competência da Polícia Judiciária em maté-
ria de investigação criminal.
(23)
Unidade de Polícia Técnica
(24)
Embora a LOIC no seu artigo 15.º, n.º 2, al. b), faça menção explícita a
que se garanta “(…) a partilha de meios e serviços de apoio de acordo com as neces-
sidades de cada órgão de polícia criminal”.
(25)
“(…) luvas, suportes auxiliares de colheita de vestígios (quadrados de tecido
100% algodão), zaragatoas pequenas; zaragatoas (cotonetes, pinças e tesouras; água
destilada; caixas de plástico para recolher o material; envelopes de papel; zaragatoas
bocais, faca ou bisturi; pipetas de plástico descartável; papel higiénico; álcool; e sacos
para o lixo” (Barra da Costa, 2008: 160).
(…) o fato teria que ter outros melhoramentos, mas é o que nos dão…
É um fato simples que, numa primeira abordagem, serve perfeitamente para
não contaminar (…) a patrulha não. A patrulha não tem rigorosamente
nada” (E9, UPT, PSP). Para além disso, embora o fato exista em algumas
unidades de polícia técnica da PSP, por exemplo, é diferente do que é for-
necido aos elementos da PJ. O uso de luvas, instrumento mínimo indis-
pensável a qualquer agente policial, independentemente das suas compe-
tências, é quase inexistente, assumindo um dos elementos da UPT que “[n]
em luvas. Às vezes têm mas, se calhar, é por bondade de fulano e sicrano
que tem uma amiga enfermeira e que vai fornecendo” (E9, UPT PSP).
(26)
Segundo explicação dada por Barra da Costa (2008: 160) “[n]unca devem
ser preservados vestígios hemáticos em fitas autocolantes e as palavras-chave são luvas
e papel que permite trocas gasosas, por exemplo, algo molhado seca no papel, mas se
for em plástico não seca”.
distinção entre aquilo que pode ser entendido como uma atitude passiva
ou estática que, não obstante poder deixar a ideia de incompetência tem
o intuito de salvaguardar a prova; e uma atitude dinâmica ou pró-ativa
por parte dos OPC que, ao excederem o âmbito das suas competências
no sentido de apresentar trabalho e tentar auxiliar o órgão competente,
podem estar a enviesar o local do crime (27).
Uma atitude dinâmica é entendida neste contexto como uma ação
que tem como objetivo prestar auxílio, levando a que o agente de patru-
lha acabe, muitas vezes, por fazer mais do que as suas competências lhe
permitem, danificando, ou podendo danificar, os vestígios encontrados,
como relatado por um agente da GNR:
(27)
A este propósito cf. Robertson e Roux, 2010.
(28)
A este propósito cf. Palmer e Polwarth, 2011.
[p]or exemplo, tudo o que for assalto à mão armada que não
seja com arma de fogo é da competência da PSP e da GNR. Se for
com arma de fogo passa automaticamente para a competência da
Polícia Judiciária. Tudo o que escape a isso: crime violento, viola-
ções de todo o género é tudo com a Polícia Judiciária. (E7, PSP) (30)
(29)
Cf. artigo. 238.º do CPP, Detenção em flagrante delito; artigo 239.º do
CPP, Flagrante delito; artigo 240.º do CPP, Detenção fora de flagrante delito.
(30)
Cf. a este propósito o artigo 7.º da LOIC.
(31)
Note-se que, segundo o artigo 10.º, n.º 2 “(…) os órgãos de polícia crimi-
nal devem comunicar à entidade competente, no mais curto prazo, que não pode
exceder vinte e quatro horas (…)” (artigo 10.º, n.º 2, da LOIC).
(32)
Refere o artigo 15.º, n.º 2, al. a), que compete aos sistemas de coordenação
“[v]elar pelo cumprimento da repartição de competências entre órgãos de polícia cri-
minal de modo a evitar conflitos” (artigo 5.º, n.º 2, al. a), da LOIC).
(33)
Também Machado e Santos (2012: 155) abordaram esta questão evidenciando
que um dos constrangimentos relacionados com a atividade policial respeita à “(…) a
existência de legislação que faz depender de uma ordem de um juiz a atuação policial
em matéria de recolha de amostra biológica em suspeitos de prática de crime”.
(…) o que é certo é que, por regra, [os outros OPC] mexem
no cadáver, entram no local, fazem fotografia de pormenor, o que
significa que estiveram muito próximos dos vestígios, andam pelo
local do crime, não se sabe muito bem como, mas pelo ar não é!
De certeza que introduzem alterações e contaminam o local.
E depois quando concluem que é crime, contactam a Polícia Judi-
ciária para ir ao local (E17, PJ).
(…) eu não sei porque é que esta base tem sido um sucesso!
Não, não compreendo! Quer dizer, ouço queixas de todos os lados.
Acho que também fizeram mal os cálculos, fizeram mal os cálculos.
Contabilizavam como seis mil loads todos os anos… (E1, PJ).
a) Recolha de amostras
(34)
Para uma análise dos países mais otimistas (permissivos) e mais pessimistas
(restritivos) cf. Machado et al., 2008; Machado e Santos, 2012, Parry, 2008.
de arguido (…)”. Este é um dos artigos que mais celeuma tem provocado
junto dos atores que intervêm na investigação criminal, dando a possibi-
lidade ao arguido de pedir a recolha o que, na opinião dos entrevistados,
parece não fazer sentido. Por outro lado, embora se entenda que esta
possa ser uma forma de salvaguardar os interesses do arguido, será difícil
perceber as motivações de um arguido para desejar ver o seu perfil inserido
na base de dados.
Mas alguém acredita que um arguido vai pedir que o seu per-
fil conste de uma base de dados? Que vai ficar ali, que vai estar
disponível para comparar com todos os vestígios que venham a apa-
recer no resto da vida dele? Mas alguém acredita nisto? Só se eu for
ingénuo! (E17, PJ).
b) Ordem de introdução
(35)
“The fact that judges do typically not order the inclusion of DNA profiles of
individuals receiving prison sentences of three years or more, apparently due to insufficient
information on how the forensic DNA database operates, was reported by the press as the
main cause of this delay” (Machado e Prainsack, 2012: 48).
(36)
Segundo Machado e Prainsack (2012) um teste de ADN para inclusão na
base de dados pode custar entre 204 e 714 euros
c) O consentimento
d) Suspeito vs Condenado
(37)
“(…) a amostra utilizada para comparação” (artigo 2.º, al. d), da Lei
n.º 5/2008, de 12 de fevereiro.
f) Compressão de direitos
(38)
O conceito de biocidadania ou cidadania genética foi proposto por Rose e
Novas (2005) no sentido de descrever os processos pelos quais os indivíduos vão cons-
truindo e reconstruindo a sua identidade em função do avanço do conhecimento
científico e tecnológico associado aos genes e à biotecnologia.
Por último, refere claramente o artigo 38.º da Lei n.º 5/2008 que
não pode haver condenação com base numa única prova levando a que,
(39)
O artigo 2.º, al. e), da Lei n.º 5/2008, de 12 de fevereiro define o marcador
de ADN com “a região específica do genoma que tipicamente contém informações
diferentes em indivíduos diferentes, que segundo os conhecimentos científicos existen-
tes não permite a obtenção de informação de saúde ou de características hereditárias
específicas, abreviadamente ADN não codificante”.
(40)
Machado et al. (2008: 123), consideram que “(…) o crescente processa-
mento e armazenamento de informação de carácter individual tem vindo a despoletar
inquietudes e incertezas, acompanhadas pela expansão sobre o potencial poder infor-
mativo do ADN e por receios de que tais dados possam ser usados de modo indesejá-
vel, tanto por agentes estatais como privados”. A propósito de outros usos que podem
ser feitos cf. McCartney, 2004; Dahl e Saetnan, 2009; Williams et al., 2004, Palmer e
Polwarth, 2011.
(41)
A este propósito cf. Oliveira, 1999 e a distinção realizada entre partes
íntimas (sangue ou sémen) e não íntimas (como os cabelos, unhas ou saliva) do corpo
humano. Cf. também Kaye, 2006.
nós o país com uma Comissão de Proteção de Dados que tem mais
poderes que em todo o lado a nível europeu? (E7, PJ).
Não é para se andar aqui dois, três anos a olhar para as coisas!
Um grupo de reflexão que em dois, três meses possa produzir um
documento de análise, seja ele feito por pessoas do Ministério da
Justiça, seja ele feito por pessoas … académicos, seja ele feito por
magistrados, seja ele feito por quem entenderem! Mas em que se
Coimbra Editora ® Parte III
Os constrangimentos práticos da investigação criminal em Portugal… 261
“Mas se apertarmos tanto a malha do filtro daqui a pouco não passa nada!
Passam aqueles que voluntariamente, ou melhor, voluntariamente não, a
pedido… pretendem que o seu perfil conste da base de dados” (E17, PJ).
A situação de auto-esvaziamento a que o próprio legislador condu-
ziu esta base de dados, garante assim, a permanência de perfis de volun-
tários, carecendo de medidas adicionais que permitam repensar formas
de a alimentar e, consequentemente, dar-lhe utilidade, preenchendo de
forma efetiva os fins a que se propôs. Desta forma, “(…) se nós tivermos
capacidade para ‘encher’ essa base de dados do ADN, obviamente que
no futuro, ajudará com certeza a resolver algumas situações” (E9, UPT,
PSP). E esse engrossar de perfis da base de dados passa, simultaneamente,
por lá poder inserir perfis de voluntários, mas igualmente de arguidos,
de suspeitos e de vestígios de cenas de crime. Só desta forma, segundo
os entrevistados, as comparações serão possíveis e, produzir resultados
positivos que permitam que a ciência auxilie a justiça.
(…) é tão importante ter uma base de dados dos autores, dos
que mataram, dos que violaram, como ter uma base de dados dos
elementos que foram recolhidos na cena do crime. Até para com-
parar! Por exemplo, temos este perfil, recolhido nesta cena do crime.
Não sabemos a quem pertence! Não é? Desenhámos o perfil. Está
desenhado, está lá arquivado. Há outro crime — eh pá, descobre-se
o novo perfil … (E1, PJ).
5. CONCLUSÃO
(42)
A este propósito cf. Machado e Santos (2012) em que abordam a polícia real
por contraposição à polícia ficcional, transmitida pelas séries televisivas do género CSI.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lynch, Michael (2003), “God’s signature: DNA profiling, the new gold standard in
forensic science”, Endeavour, 27(2), 93-97.
Lynch, Michael et al. (2008), Truth machine: The contentious history of DNA finger-
printing. Chicago: University of Chicago Press.
Machado, Helena et al. (2008), Justiça tecnológica: Promessas e desafios. Ermesinde: Ecopy.
Machado, Helena et al. (2011), Corpos manchados. Percepções da base de dados de
perfis de ADN para investigação criminal e perspectivas de reinserção social pelos
reclusos. Relatório do Projeto de Investigação. Consultado a 31.07.2013, em
http://dnadatabase.ces.uc.pt/list_documents.php.
Machado, Helena; Costa, Susana (2012), “Biolegalidade, imaginário forense e inves-
tigação criminal”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 97, junho, 61-84.
Machado, Helena; Prainsack, Barbara (2012), Tracing technologies. Prisioners’ views in
the era of CSI. Farnham, UK: Ashgate.
Machado, Helena; Santos, Filipe (2012), “Entre a polícia ficcional e a polícia real: Os
usos do DNA na investigação criminal em Portugal”, in Susana Durão; Márcio
Darck (orgs.), Polícia, segurança e ordem pública. Perspetivas portuguesas e bra-
sileiras. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 154-165.
McCartney, Carole (2004), “Forensic DNA sampling and the England and Wales
National DNA Database: A sceptical approach”, Critical Criminology, 12(2),
157-178.
Nelkin, Dorothy; Lindee, Susan (1995), The DNA mystique: The gene as a cultural icon.
Ann Arbor: University of Michigan Press.
Nuffield Council on Bioethics (2007), The forensic use of bioinformation: Ethical issues.
London. Consultado a 31.07.2013, em http://www.nuffieldbioethics.org/sites/
default/files/The%20forensic%20use%20of%20bioinformation%20-%20ethi-
cal%20issues.pdf.
Oliveira, Guilherme (org.) (1999), Temas de direito da medicina. Coimbra: Coim-
bra Editora.
Palmer, Ray; Polwarth, Gary. (2011), “The persistence of fibres on skin in an outdoor
deposition crime scene scenario”, Science and Justice, 51, 187-189.
Parry, Bronwyn (2008), “The forensic use of bioinformation: A review of responses to
The Nuffield Report, published in Biosocieties”, Biosocieties, 3(1), 217-222.
Pereira, Artur (2008), “Bases de dados genéticos”, in Maria de Fátima Pinheiro (org.),
CSI criminal. Porto: Universidade Fernando Pessoa, 95-130.
Pinheiro, Maria de Fátima (2011), “Identificação genética no âmbito de crimes sexu-
ais”, Revista de Investigação Criminal, 2, 57-85.
Robertson, James; Roux, Claude (2010), “Trace evidence: Here today, gone tomorrow?”,
Science and Justice, 50, 18-22.
Rose, Nikolas (2000) “Government and control”, British Journal of Criminology, 40, 321-339.
Rose, Nikolas; Novas, Carlos (2005), “Biological citizenship”, in Aihwa Ong; Stephen
Collier (orgs.), Global assemblages: Technology, politics and ethics as anthropologi-
cal problems. Oxford, Blackwell Publishing, 439-463.
Tratado de Prüm (2005), Tratado entre o Reino da Bélgica, a República Federal da Ale-
manha, o Reino de Espanha, a República Francesa, o Grão Ducado do Luxemburgo,
o Reino dos Países Baixos e a República da Áustria relativo ao aprofundamento da
cooperação transfronteiras em particular no domínio da luta contra o terrorismo, a
criminalidade transfronteiras e a migração ilegal. Consultado a 31.07.2013, em
http://register.consilium.europa.eu/pdf/pt/06/st16/st16382.pt06.pdf.
UNODOC (2010), Conscientização sobre o local de crime e as evidências materiais em
especial para pessoal não-forense. Nova Iorque: Escritório das Nações Unidas
sobre Drogas e Crime, Nações Unidas.
Williams, Robin (2003), “Residual categories and disciplinary knowledge: Personal
identity in sociological and forensic investigations”, Symbolic Interaction, 26(4),
515-529.
Williams, Robin et al. (2004), Genetic information and crime investigation — Social,
ethical and policy aspects of the establishment, expansion and policy use of the
National DNA Database. Relatório de projeto. School of Applied Social Scien-
ces, University of Durham. Consultado a 31.07.2013, em http://dro.dur.
ac.uk/2555/1/2555.pdf.
Williams, Robin; Johnson, Paul (2004), “Circuits of surveillance”, Surveillance and
Society, 2(1), 1-14.
Williams, Robin; Johnson, Paul (2008), Genetic policing. The use of DNA in criminal
investigations. Devon: Willan Publishing.
TECNOLOGIAS NO PRESENTE,
PASSADO E FUTURO
NOVAS FERRAMENTAS DA INVESTIGAÇÃO
CRIMINAL — POTENCIALIDADES E LIMITES
DA PREVISÃO DE CARATERÍSTICAS FÍSICAS
ATRAVÉS DA ANÁLISE DE ADN
HELENA COSTA
LUÍS MIRANDA
1. INTRODUÇÃO
(1)
Amostras referência são amostras cujo dador é conhecido.
Figura 1 — Esquema ilustrativo dos polimorfismos STR e SNP. Os STRs (em cima
na figura) são polimorfismos nos quais se observa um número variável de repetições.
Neste caso, o STR TPOX apresenta dois alelos com 7 e 8 repetições da sequência
AATG. Nos SNPs (em baixo na figura) o polimorfismo reside na alteração de um
único nucleótido na sequência de ADN
(2)
De acordo com os dados disponíveis no sítio “ALFRED — The ALlele-
FREquancy Database”, que disponibiliza dados de frequências genéticas em populações
humanas e é apoiado pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos (http://
alfred.med.yale.edu/ consultado a 09.01.2013).
(3)
O processo de genotipagem corresponde à determinação do(s) alelo(s)
presente(s) numa amostra, num determinado locus ou em vários loci.
(4)
Dados relativos ao PowerPlex® Fusion System da Promega disponíveis em:
http://www.promega.com/products/pm/genetic-identity/powerplex-fusion/ consultados
a 21.01.2013.
(5)
Regiões codificantes são segmentos do genoma que contêm as instruções
para sequências de aminoácidos que compõem as proteínas. Este tema será desen-
volvido adiante.
Tabela 1
Caraterísticas dos marcadores distintivos
e dos marcadores preditivos
Marcadores preditivos
Marcadores Marcadores
Variação distintivos
Método indireto Método direto
Tipo de polimorfismo
STR SNP
mais utilizado
Tipo de variação
Interindividual Interpopulacional Fenotípica
observado
(6)
Exemplos: Human Genome Diversity Cell Line Panel (HGDP, CEPH), the allele
frequency database (ALFRED), Database of single nucleotide polymorphisms of the National
Centre for Biotechnology Information (NCBI dbSNP), HapMap e 1000 Genomes.
(7)
Os estudos de associação que envolvem todo o genoma (GWAS — do
inglês Genome-Wide Association Studies) são utilizados para identificar os fatores
genéticos que influenciam as caraterísticas fenotípicas, sejam elas morfológicas, bio-
químicas ou patológicas.
(8)
Ocorrência de uma deleção de 6 pares de bases — nesta região observam-se
menos 6 pares de bases do que na região correspondente do cromossoma Y.
(9)
Eletroforese capilar — método de análise que permite a separação dos
fragmentos de DNA consoante o seu tamanho.
(10)
Os melanócitos são células produtoras de melanina que se localizam ano
nível da pele, bolbo capilar e íris (no olho).
3.7. Altura
Tabela 2
Figura 3
Representação esquemática do násio (1), distância bizigomática (2) e largura do nariz (3)
3.9. Idade
(11)
Os telómeros são estruturas constituídas por milhares de repetições em
tandem (TTAGGG/CCCTAA)n associadas a proteínas, localizadas nas extremidades
dos cromossomas. São essenciais à sobrevivência e capacidade replicativa das células
somáticas com capacidade de divisão.
(12)
As células T ou linfócitos T correspondem a um tipo de glóbulos brancos
que sofrem maturação ao nível do timo e têm um papel preponderante na resposta
imunitária mediada por células. Os linfócitos T apresentam na sua superfície recetores
específicos — recetores das células C ou TCR (do inglês T-cell receptor).
(13)
sjTRECs — do inglês signal joint T-cell receptor rearrangement excision circles.
Figura 4
(14)
AIMs (do inglês Ancestry Informative Markers) são marcadores informativos
de ancestralidade. Estes marcadores exibem diferenças ao nível das frequências alélicas
em diferentes populações.
(15)
A recombinação genética corresponde à troca aleatória de material genético
durante a meiose. A meiose corresponde a um fenómeno de divisão celular que ocorre
na produção de espermatozoides e óvulos que permite a obtenção de células com metade
dos cromossomas da célula inicial; esta redução faz com que a célula resultante da
fecundação (fusão do óvulo e espermatozoide) apresente uma quantidade de informação
genética igual à das células dos progenitores.
(16)
“(…) the primary purpose of measuring genomic ancestry is not to classify
people by race and ethnicity, but rather, through an appreciation of admixture, to learn
something about likely physical appearance” (Frudakis, 2008: 616).
tados mais limitados, tendo sido reportadas taxas de precisão mais baixas
para a previsão da cor dos olhos (70-85%) e da cor do cabelo (48-72%),
facto que deverá mudar nas próximas versões da ferramenta com a adi-
ção de novos marcadores.
(17)
“(…) the case of ADN-based EVC is different as incrimination here is achieved
through population genetics instead of crime-related leads and clues” (M’chareck et al., 2012).
(18)
“(…) DNA-technologies are seen by many stake holders as infallible ‘truth
machines’ (…), and knowledge of forensic science in the police force is generally low”
(M’chareck et al., 2012).
para os investigadores, visto que isso poderá significar que compra insulina
e que as pessoas que o conhecem sabem disso, o que pode ajudar a limitar
o número de suspeitos a considerar. Mas será isto considerado como uma
forma de discriminação eticamente aceitável?
A informação relativa a patologias pode, no entanto, ser obtida
através da análise de alguns marcadores, inclusivamente marcadores de
identificação, de forma inadvertida. Determinadas patologias cromos-
sómicas como a trissomia 21 (síndrome de Down) e trissomias dos
cromossomas sexuais podem ser detetadas com a análise de marcadores
situados nesses mesmos cromossomas (D21S11, no cromossoma 21 e
Amelogenina, nos cromossomas sexuais) (Semikhodskii, 2007).
Ainda na linha daquilo que poderá ser entendido como uso abusivo
ou distorcido da informação obtida através da análise de DNA, um projeto
do governo do Reino Unido, o Human Provenance Pilot Project (Projeto
Piloto de Proveniência Humana), veio gerar controvérsia por recorrer a
dados genéticos (ancestralidade biogeográfica) em conjunto com a análise
de isótopos como prova da origem de refugiados em busca de asilo (Aspi-
nall e Chinouya, 2011; Verma, 2010). O programa foi suspenso menos
de um mês após o seu início devido à enorme controvérsia gerada em torno
da validade dos métodos utilizados, de acordo com a página web Human
Provenance Pilot Project: Resource Page (19).
Outro aspeto importante em relação aos limites de análise impostos
no estudo de ADN no âmbito forense, é a questão da análise de marcado-
res de regiões codificantes e não-codificantes. As regiões codificantes cor-
respondem a segmentos de ADN que codificam proteínas correspondendo
a aproximadamente 2% do genoma. Os restantes 98% correspondem a
ADN não-codificante, que, apesar de não codificar proteínas, poderá, em
alguns casos, ter um papel funcional, por exemplo, ao nível da regulação
da expressão génica, promovendo, inibindo, aumentando ou diminuindo
a produção de proteínas a partir das regiões codificantes. As porções codi-
(19)
Human Provenance Pilot Project: Resource Page: http://www.genomicsnetwork.
ac.uk/cesagen/events/pastevents/genomicsandidentitypoliticsworkstream/title,22319,en.
html, consultada a 23.05.2013.
(20)
O conceito simplificado de gene corresponde a um segmento de ADN que
contém a informação necessária para a produção de uma proteína que, por sua vez, determina
ou influencia um ou mais fenótipos.
(21)
Dados dos Censos 2011 disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística:
http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_
boui=122103956&PUBLICACOESmodo=2 consultado a 08.01.2013.
(22)
A variação epigenética corresponde às alterações observáveis ao nível da
estrutura do ADN que influenciam a forma como este é expresso, não incluindo alte-
rações na sequência de nucleótidos; exemplos de mecanismos epigenéticos são as
metilações, que impedem a “leitura” de segmentos de ADN, influenciando assim a
expressão genética.
GLOSSÁRIO
Deleção — perda de material genético que pode variar entre um par de bases e gran-
des porções de um cromossoma.
Fenotipagem — classificação de fenótipos.
Fenótipo — caraterísticas morfológicas (físicas), bioquímicas ou comportamentais
observáveis num organismo.
Genoma — conjunto completo de informação genética de um organismo.
Genotipagem — determinação do(s) alelo(s) presente(s) numa amostra num determi-
nado locus ou em vários loci.
Loci — vários locais do genoma; plural de locus.
Locus — local do genoma.
Marcador genético — segmento de ADN cuja sequência e posição no genoma é
conhecida.
Marcadores distintivos — marcadores genéticos usados na determinação de perfis de
ADN cuja informação pode, posteriormente, ser armazenada em bases de dados
nacionais.
Marcadores preditivos — marcadores genéticos usados na previsão de caraterísticas físicas.
Meiose — fenómeno de divisão celular que ocorre na produção de espermatozoides e
óvulos que permite a obtenção de células com metade dos cromossomas da
célula inicial; esta redução faz com que a célula resultante da fecundação (fusão
do óvulo e espermatozoide) apresente uma quantidade de informação genética
igual à das células dos progenitores.
Melanócitos — células produtoras de melanina que se localizam ao nível da pele,
bolbo capilar e íris (no olho).
Nucleótidos — unidades estruturais da sequência de ADN simbolizados por letras (A,
G, T e C) que correspondem às bases azotadas que entram na sua composição
(adenina, guanina, timina e citosina, respetivamente).
PCR (Polymerase Chain Reaction) — reação bioquímica que permite obter um
elevado número de cópias (amplificação) das regiões de interesse a partir de uma
reduzida quantidade inicial de ADN.
Polimorfismo de DNA — alteração ao nível da sequência de ADN que pode variar
entre uma simples substituição de um nucleótido até alterações que envolvem
longos segmentos da molécula. Os polimorfismos distinguem-se das mutações
por apresentarem, na população considerada, uma frequência superior a 1%.
Recombinação genética — troca aleatória de material genético durante a meiose.
STR — do inglês “Short Tandem Repeat”; tipo de polimorfismo de ADN no qual se
observa a repetição de unidades de um a seis nucleótidos num número de
vezes variável.
SNP — do inglês “Single Nucleotide Polymorphism”; tipo de polimorfismo de ADN
no qual se observa a substituição de um único nucleótido na sequência.
Variação Fenotípica — variação observada num determinado fenótipo.
Variação Interpopulacional — variação observada entre populações ou entre indiví-
duos de diferentes populações
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abraham, Carolyn (2005), “Molecular eyewitness: ADN gets a human face”, Globe
and Mail. Consultado a 17.01.2013, em http://www.theglobeandmail.com/
life/molecular-eyewitness-ADN-gets-a-human-face/article1120687/.
Aspinall, Peter J.; Chinouya, Martha (2011), “Determining the identity of ‘black
Africans’ in UK population and health policy contexts: Ethical issues and chal-
lenges”, Social Identities, 17(2), 255-270.
Bauchet, Marc et al. (2007), “Measuring European population stratification with
microarray genotype data”, American Journal of Human Genetic, 80, 948-956.
Bocklandt, Sven et al. (2011), “Epigenetic predictor of age”, PLoS ONE, 6, e14821.
Boehringer, Stefan et al. (2011), “Genetic determination of human facial morphology:
links between cleft-lips and normal variation”, European Journal of Human
Genetics, 19(11), 1192-97.
Branicki, Wojciech, et al. (2009), “Interactions between HERC2, OCA2 and MC1R may
influence human pigmentation phenotype”, Annals of Human Genetics, 73(2): 160-170.
Branicki, Wojciech et al. (2011), “Model-based prediction of human hair color using
DNA variants”, Human Genetics, 129, 443-454.
Budowle, Bruce; Daal, Angela (2008), “Forensically relevant SNP classes”, BioTechni-
ques 44(5): 603-610.
Bulbul, Ozlem., et al. (2011), “A SNP multiplex for the simultaneous prediction of
biogeographic ancestry and pigmentation type”, Forensic Science International:
Genetics Supplement Series, 3, e500 e 501.
Candille, Sophie I. et al. (2012), “Genome-wide association studies of quantitatively
measured skin, hair, and eye pigmentation in four European populations”, PLoS
ONE, 7(10), e48294.
Castel, Charmain; Piper, Anita (2011), “Development of a SNP multiplex assay for
the inference of biogeographical ancestry and pigmentation phenotype”, Foren-
sic Science International: Genetics Supplement Series, 3, e411 e 412.
Daniel, Runa et al. (2008), “SNPs associated with physical traits: A valuable tool for
the inference of biogeographical ancestry”, Forensic Science International: Gene-
tics Supplement Series, 1, 538-540.
DNAPrint Genomics (2004), “DNAPrint announces the release of RETINOME™
for the forensic market: Eye color prediction from crime scene DNA”, Consul-
tado a 26.04.2011, em http://www.ADNprint.com/welcome/press/press_
recent/2004/august_17/.
Edenberg, Howard J.; Liu, Yunlong (2009), “Laboratory methods for high-throughput
genotyping”, Cold Spring Harbor Protocols, 11, 183-193.
Edwards, Melissa et al. (2012), “Technical note: Quantitative measures of iris color
using high resolution photographs”, American Journal of Physical Anthropology,
147, 141-149.
Fondevila, Manuel, et al. (2013), “Revision of the SNPforID 34-plex forensic ancestry
test: Assay enhancements, standard reference sample genotypes and extended
population studies”, Forensic Science International: Genetics 7(1): 63-74.
Frudakis, Tony N. (2008), Molecular photofitting: Predicting ancestry and phenotype
using DNA. Burlington, MA: Academic Press Publishers (Elsevier).
Grimes, Eileen A. et al. (2001), “Sequence polymorphism in the human melanocortin
1 receptor gene as an indicator of the red hair phenotype”, Forensic Science
International, 122(2), 124-129.
Halder, Indrani et al. (2008), “A panel of ancestry informative markers for estimating
individual biogeographical ancestry and admixture from four continents: Utility
and applications”, Human Mutation, 29, 648-658.
Innocence Project (2010), “250 Exonerated, too many wrongfully convicted”. Con-
sultado a 14.06.2011, em http://www.innocenceproject.org/news/250.php.
Kayser, Manfred; Schneider, Peter M. (2009), “DNA-based prediction of human
externally visible characteristics in forensics: Motivations, scientific challenges,
and ethical considerations”, Forensic Science International: Genetics, 3, 154-61.
Kayser, Manfred et al. (2011), “Method for prediction of Human Iris Color”, US
Patent & Trademark Office. Consultado a 28.01.2013 em http://appft1.uspto.
gov/netacgi/nph-Parser?Sect1=PTO1&Sect2=HITOFF&d=PG01&p=1&u=/
netahtml/PTO/srchnum.html&r=1&f=G&l=50&s1=20110312534.PGNR.
Keating, Brendan et al. (2012), “First all-in-one diagnostic tool for DNA intelligence:
Genome-wide inference of biogeographic ancestry, appearance, relatedness, and sex
with the Identitas v1 Forensic Chip”, International Journal of Legal Medicine. Consul-
tado a 04.12.2012 em http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00414-012-0788-1.
Koch, Carmen M.; Wagner, Wolfgang (2011), “Epigenetic-aging-signature to determine
age in different tissues”, Aging, 3(10): 1018-1027.
Koops, Bert-Jaap; Schellekens, Maurice (2008), “Forensic DNA phenotyping: Regu-
latory issues”, The Columbia Science and Technology Law Review, 9, 158-202.
Lang, Pierre O. et al. (2011), “Real time-PCR assay estimating the naive T-cell pool
in whole blood and dried blood spot samples: Pilot study in young adults”,
Journal of Immunological Methods, 369, 133-140.
Lango Allen, Hana et al. (2010), “Hundreds of variants clustered in genomic loci and
biological pathways affect human height”, Nature, 467, 832-838.
Lao, Oscar et al. (2006), “Proportioning whole-genome single-nucleotide-polymor-
phism diversity for identification of geographic population structure and gene-
tic ancestry”, The American Journal of Human Genetics, 78, 680-690.
Lei n.º 5/2008, de 12 de fevereiro. Aprova a criação de uma base de dados de perfis
de ADN para fins de identificação civil e criminal. Diário da República, 30/2008,
1.ª Série. Assembleia da República, Lisboa.
Quan, Natalie (2010), “Black and white or red all over — The impropriety of using
crime scene DNA to construct racial profile of suspects”, Southern California
Law Review, 84, 1403-1444.
Ruiz, Yarimar, et al. (2013), “Further development of forensic eye color predictive
tests”, Forensic Science International: Genetics, 7 (1): 28-40.
Saeed, Maria, et al. (2012), “Exploring the utility of genetic markers for predicting
biological age”, Legal Medicine, 14(6), 279-85.
Semikhodskii, Andrei (2007), Dealing with DNA evidence: A legal guide. London; New
York: Routledge, 34.
Spichenok, Olga et al. (2011), “Prediction of eye and skin color in diverse populations
using seven SNPs”, Forensic Science International: Genetics, 5(5), 472-78.
Str ma Medical Corporation (2012), “Str ma”. Consultado a 04.12.2012, em www.stro-
mamedical.com.
Sulem, Patrick et al. (2008), “Two newly identified genetic determinants of pigmen-
tation in Europeans”, Nature Genetics, 40(7), 835-837.
Takasaki, Tomoya et al. (2003), “Age estimation in dental pulp DNA based on human
telomere shortening”, International Journal of Legal Medicine, 117, 232-234.
Teschendorff, Andrew E. et al. (2010), “Age-dependent ADN methylation of genes that
are suppressed in stem cells is a hallmark of cancer”, Genome Research, 20, 440-446.
Tsuji, Akiko et al. (2002), “Estimating age of humans based on telomere shortening”,
Forensic Science International, 126, 197-199.
Verma, Nipun (2010), “The guarded gate: DNA testing for refugees”, The triple Helix
(10). Consultado a 16.10.2012, em http://camtriplehelix.com/journal/issue/10.
Walsh, Susan et al. (2011), “IrisPlex: A sensitive DNA tool for accurate prediction of
blue and brown eye colour in the absence of ancestry information”, Forensic
Science International: Genetics, 5(3):170-180.
Walsh, Susan et al. (2012), “DNA-based eye colour prediction across Europe with the
IrisPlex system”, Forensic Science International: Genetics, 6(3), 330-340.
Walsh, Susan et al. (2013), “The HIrisPlex system for simultaneous prediction of hair
and eye colour from DNA”, Forensic Science International: Genetics, 7(1), 98-115.
Weedon, Michael N. et al. (2008), “Genome-wide association analysis identifies 20
loci that influence adult height”, Nature Genetics, 40(5), 575-583.
Yang, Jian et al. (2010), “Common SNPs explain a large proportion of the heritability
for human height”, Nature Genetics, 42(7), 565-569.
Zubakov, Dmitri et al. (2010), “Estimating human age from T-cell DNA rearrange-
ments”, Current Biology, 20(22), R970 — R971.
DIANA MIRANDA
1. INTRODUÇÃO
(1)
Gostaria de agradecer à Fundação para a Ciência e Tecnologia (Ministério
da Educação e Ciência) pelo apoio concedido no âmbito da bolsa de doutoramento
“A identificação criminal e a identidade do criminoso: percepções de reclusos e agentes
de controlo sobre as práticas de vigilância e classificação do corpo delinquente” (SFRH/
BD/70055/2010) com orientação da Professora Doutora Helena Machado. Agradeço
ainda aos funcionários do Arquivo Histórico dos Serviços Prisionais — norte e à
Direção-Geral dos Serviços Prisionais pela autorização e cooperação na pesquisa.
Sinto-me ainda grata pela disponibilidade dos funcionários da Polícia Judiciária, nome-
adamente do Gabinete de Perícia Criminalística, por demonstrarem como decorrem
as práticas atuais de identificação criminal nesta instituição.
(2)
Em 1867 foi criada a Polícia Civil pela Carta de Lei de 2 de Julho. A inves-
tigação criminal não tinha ainda nesta altura a autonomia necessária e só com a reforma
dos corpos da Polícia Civil de 1893 há uma separação dos serviços de investigação
criminal das outras áreas da Polícia Civil (Gonçalves, 2007; Pereira e Silva, 2012),
passando a sua responsabilidade a pertencer à Polícia de Investigação Judiciária e Pre-
ventiva, sob a dependência do juiz de instrução criminal.
(3)
Este registo policial surge na Intendência Geral da Polícia, a primeira organi-
zação com funções policiais em Portugal relativamente moderna (Pereira e Silva, 2012).
(4)
Este Regulamento definiu as bases da administração interna das prisões até
ao início do século XX (Marques, 2005).
(5)
Convém referir, contudo, que já desde o século XVIII é possível encontrar
nos livros de registo de entrada dos presos nas cadeias termos rudimentares de identi-
ficação, como o nome, a estatura (baixa, ordinária…), cara (comprida ou não, por
exemplo), cor de olhos, barba e cabelo.
(6)
No século XIII havia já um esboço de registo criminal designado por o
Livro dos Culpados (Oliveira, 2012).
pôr todos os signaes do preso, que roupa leva vestida, etc…). Nesta altura
ainda não estava implementada a antropometria em Portugal e estes
dados descritivos (os sinais, os traços físicos e o vestuário) eram os úni-
cos elementos de identificação disponíveis.
(7)
Importa ainda referir que o artigo 7.º do decreto de 24 de agosto de 1863
já determinava o uso da fotografia para efeitos de identificação (Pina, 1939b).
(8)
Para evidenciar isto é pertinente mencionar a consulta do inventário de
haveres do Posto Antropométrico do Porto no Arquivo Histórico dos Serviços Prisio-
nais. Entre diversos instrumentos e mobília constava precisamente a referência a tesou-
ras para cortar o cabelo e as unhas dos presos.
(9)
O uso da fotografia não era sistemático e apenas nos casos dos indivíduos
julgados mais perigosos se anexava uma fotografia ao cadastro (Vaz, 1998).
(10)
No modelo do primeiro boletim de identificação do posto antropométrico
da Cadeia da Relação do Porto constava, precisamente, uma secção para as duas foto-
grafias, para as observações antropométricas, para as observações cromáticas, indicações
pessoais, observações descritivas, sinais particulares e ainda o registo criminal. O verso
do boletim destinava-se a indicações diversas, sendo por vezes aí transcritas as tatuagens
do indivíduo ou as impressões digitais (Sousa, 1903).
(11)
Em 1903 já estavam instalados outros postos antropométricos no distrito
judicial da Relação do Porto (nomeadamente em Vila do Conde, Santo Tirso, Bar-
celos, Guimarães, Paços de Ferreira, Viana do Castelo, Pinhel, Trancoso, Fafe e
Vila Pouca d’Aguiar) e aguardava-se a instalação de outros (Coimbra, Penafiel,
Arcos-de-Valdevez, Gouveia, Aveiro, Bragança, Vimioso e Viseu) (Sousa, 1903; Pina,
1936, 1939b, 1940).
(12)
O modelo do boletim de identificação deste Posto Antropométrico recorria
ao sistema de Bertillon, completado com o sistema de Vucetich (Rocha, 1985; Tamag-
nini e Serra, 1940). Trata-se de duas fichas, sendo que numa constam as indicações
pessoais, os sinais particulares, observações antropométricas e cromáticas e na outra
consta a identificação geral e as impressões digitais.
(13)
A este respeito é interessante constatar que tal até pode ser entendido de
forma literal, tomando por exemplo o surgimento do cartão de identificação nacional
no século XX como prova de identidade. Cerca de 40% da população era analfabeta
e a impressão digital substituía a assinatura dos que não sabiam ler ou escrever, com-
provando a identidade do titular (Frois, 2008; Machado e Prainsack, 2012).
(14)
Ambos foram influenciados pelos estudos de Francis Galton que serviram
de base para os sistemas de identificação por impressão digital que foram surgindo e
que ainda hoje se mantém (Galton, 1965).
(15)
Exemplo disso são os métodos de Valadares e de Alberto Pessoa que deri-
varam de outros sistemas, nomeadamente o Galton-Henry, Vucetich e Locard. Foram
usados outros métodos, como por exemplo o método de Gasti no extinto Posto Antro-
pométrico da Polícia Cívica de Lisboa em 1912 e no Arquivo Central de Registo
Criminal; o método de Galton-Henry no Arquivo Geral do Registo Criminal e Policial;
e o método de Vucetich nos Institutos de Criminologia e nos Institutos de Medicina
Legal (Correia, 1914; Madureira, 2005; Malhado, 2001; Santos e Mendes, 1961;
Pessoa, 1940; Pina, 1939b).
Ilustração 1
(16)
De modo semelhante ao boletim da Cadeia da Relação do Porto, também
neste consta na parte da frente as fotografias, as indicações pessoais, as observações
antropométricas, cromáticas e descritivas. No verso há referências aos sinais par-
ticulares e indicações diversas, sendo de realçar o espaço reservado para as impres-
sões digitais.
(17)
O recurso à antropometria no caso das mulheres era alvo de muitas críticas
pois havia uma variedade nos resultados mediante a observação (Pina, 1938).
(18)
O corpo da polícia distribuía-se por 3 serviços, sendo eles a Polícia de
Segurança Pública, a Polícia Administrativa e a Polícia de Investigação Criminal (Madu-
reira, 2005; Vaz, 1998). Nesta última é criado o lugar de Chefe da Repartição e o
Diário do Governo n.º 124 de 29 de maio de 1911 refere que “a este ‘Chefe’ compe-
tia ‘dirigir os serviços de investigação policial, da prevenção do crime e da identificação
de delinquentes e criminosos…’” (Pereira e Silva, 2012: 25). Ainda assim, o comis-
(22)
Mais recentemente, surge em 2011 o Regulamento Geral dos Estabeleci-
mentos Prisionais (Decreto-Lei n.º 51, de 11 de abril) que estipula a necessidade de
verificar a identidade do recluso. Para tal é feito o registo de identificação, onde deve
constar a identificação pessoal, informações quanto ao que determinou o ingresso, data
e hora de ingresso, imagem facial, características ou sinais físicos particulares (art. 4.º).
Estes sinais mantiveram-se assim, ao longo do tempo, como um dos elementos que
sempre constaram nos registos de identificação.
(23)
Com o Decreto n.º 14.657, de 5 de dezembro de 1927 a Polícia de Inves-
tigação Criminal (PIC) é finalmente separada da Polícia Cívica. É nesta progressiva
autonomia institucional que a PIC dá lugar à Polícia Judiciária em 1945 pelo Decre-
to-Lei n.º 35.042, de 20 de outubro (Pereira e Silva, 2012).
(24)
O registo criminal encontrava-se associado com a intervenção dos tribunais,
contendo informação quanto às condenações e detenções. O registo policial relacio-
nava-se com as detenções das autoridades (Decreto-Lei n.º 27:304, 8 de dezembro de
1936), devendo ter informação quanto ao carácter, historial, hábitos, características
físicas e atividades suspeitas (Machado e Prainsack, 2012).
(25)
O arquivo datiloscópico contava já com 700 000 fichas em 1958 classifi-
cadas no sistema de Galton (Malhado, 2001).
(26)
Juan Vucetich, argentino, desenvolveu o seu próprio sistema de classificação
de impressões digitais.
(27)
A lofoscopia pode ser definida como “a ciência que estuda os desenhos
formados pelas cristas dermopapilares das extremidades digitais, palmas das mãos e
plantas dos pés” (Correia, 2008: 143). Assim, a lofoscopia compreende a datiloscopia
(impressões digitais), quiroscopia (impressões palmares) e pelmatoscopia (desenhos
formados pelas plantas dos pés) (Correia, 2008; Malhado, 2001; Oliveira, 2012).
(28)
Automated Fingerprint Identification System.
(29)
A lofoscopia encontra-se na dependência do Laboratório de Polícia Cien-
tífica (LPC), integrada no Setor de Identificação Judiciária da Área de Criminalística
(Oliveira, 2012).
(30)
É neste ano que é fundado o Laboratório de Polícia Científica, o que leva
a que a Polícia Judiciária adquira uma certa autonomia em relação ao Instituto de
Medicina Legal (Decreto-Lei n.º 41.306, de 2 de outubro de 1957).
Ilustração 2
(31)
Tal como refere José Oliveira, “não existe (…) lei ou regulamentação ade-
quada à determinabilidade do valor dos datilogramas/quirogramas que acompanham
os relatórios periciais, ou seja, o número de pontos padrão baseia-se, mutatis mutandis,
numa espécie de costume como fonte do Direito…” (2012: 118).
(32)
Atualmente, no registo criminal é utilizado o sistema modificado de Gal-
ton-Henry (Malhado, 2001).
(33)
No registo de dados pessoais destacam-se os dados nominativos (nome,
alcunha), a sinalética antropométrica (altura, sinais e características físicas como cicatri-
zes e tatuagens), fotográfica e lofoscópica, e os dados biológicos (Malhado, 2001).
(34)
O Instituto de Criminologia de Coimbra é criado pelo Decreto n.º 13:254,
de 9 de Março de 1927.
(35)
Na Portaria n.º 7.312, de 29 de março de 1932 previa-se a remessa de
boletins datiloscópicos (Registos Criminal e Policial). Também já no artigo 24.º do
Decreto n.º 13.254, de 9 de março de 1927 se pretendia o envio de boletins datilos-
cópicos para o Arquivo Criminal da respectiva área judicial (Pina, 1939b).
4. CONCLUSÃO
(36)
A Lei n.º 7/2007 de 5 de fevereiro, cria o Cartão de Cidadão em substi-
tuição do BI. Além dos elementos que já constavam no BI, este novo cartão passa a
incluir a morada, a assinatura digital e a impressão digital do indicador esquerdo (no
BI apenas constava a do direito).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Santos, Maria José (1999), A sombra e a luz. As prisões do liberalismo. Porto: Edições
Afrontamento.
Serén, Maria do Carmo (1997), Murmúrios do tempo. Porto: Centro Português de
Fotografia.
Serén, Maria do Carmo (2006), Cartografias de um espaço: Edifício da Cadeia e Tribu-
nal da Relação do Porto. Porto: Centro Português de Fotografia.
Sousa, António (1903), “Anthropometria criminal”, Serões: Revista Mensal Ilustrada,
3(18), 335-349.
Tamagnini, Eusébio; Serra, José (1940), “Subsídios para a história da antropologia
portuguesa”, Congresso do Mundo Português, XII volume, Discursos e comuni-
cações apresentadas ao Congresso da História da Atividade Científica Portuguesa.
Lisboa, 637-662.
Triplett, Michele (2012), “Fingerprint terms”, Fingerprint Dictionary. Consultado a
04.01.2012, em http://www.nwlean.net/fprints/SearchableVersion.pdf.
Vaz, Maria João (1998), Crime e sociedade. Portugal na segunda metade do século XIX.
Oeiras: Celta.
Zbinden, Karl (1957), Criminalística: Investigação criminal. Lisboa: Tipografia-Escola
da Cadeia Penitenciária.
LEGISLAÇÃO
Decreto n.º 13.254/27, de 9 de março. Diário do Governo n.º 48/27 — I Série. Minis-
tério da Justiça e dos Cultos. Lisboa.
Decreto n.º 14.731/27, de 15 de dezembro. Diário do Governo n.º 277/27 — I Série.
Ministério da Justiça e dos Cultos. Lisboa.
Decreto n.º 15.963/28, de 18 de setembro. Diário do Governo n.º 215/28 — I Série.
Presidência do Ministério. Lisboa.
Decreto-Lei n.º 26.643/36, de 28 de maio. Diário do Governo n.º 124/36 — I Série.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-lei n.º 27.304/36, de 8 de dezembro. Diário do Governo n.º 287/36 — I Série.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-lei n.º 27.305/36, de 8 de dezembro. Diário do Governo n.º 287/36 — I Série.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto n.º 33.535/44, de 21 de fevereiro. Diário do Governo n.º 36/44 — I Série.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-Lei n.o 555/73, de 26 de outubro. Diário do Governo n.º 251/73 — I Série.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-Lei n.º 63/76, de 24 de janeiro. Diário do Governo n.º 20/76 — I Série.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-Lei n.º 64/76, de 24 de janeiro. Diário do Governo n.º 20/76 — I Série.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-Lei n.º 148/93, de 3 de maio. Diário da República n.º 102/93 — I Série.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-Lei n.º 381/98, de 27 de novembro. Diário da República n.º 275/98 — I Série
A. Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-lei n.º 62/99, de 2 de março. Diário da República n.º 51/99 — I Série A.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-lei n.º 395/99, de 13 de outubro. Diário da República n.º 239/99 — I Série
A. Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-lei n.º 275-A/2000, de 9 de novembro. Diário da República n.º 259/2000
— I Série A. Ministério da Justiça. Lisboa.
Decreto-Lei n.º 51/2011, de 11 de abril. Diário da República n.º 71/2011 — I série.
Ministério da Justiça. Lisboa.
Lei n.o 12/91, de 21 de maio. Diário da República n.º 116/91 — I Série A. Assembleia
da República. Lisboa.
Lei n.o 57/98, de 18 de agosto. Diário da República n.º 189/98 — I Série A. Assembleia
da República. Lisboa.
Lei n.º 33/99, de 18 de maio. Diário da República n.º 115/99 — I Série A. Assembleia
da República. Lisboa.
Lei n.º 5/2008, de 12 de fevereiro. Diário da República n.º 30/2008 — I Série. Assem-
bleia da República. Lisboa.
Portaria n.º 7.312/32, de 29 de março. Diário do Governo n.º 74/32 — I Série. Minis-
tério da Justiça e dos Cultos. Lisboa.
OUTRAS FONTES
COIMBRA EDITORA
COIMBRA