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PROTOCOLO 2018/2.069.047-2

O Sistema Portal do Processo Eletrônico, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, registrou recebimento
dos documentos descritos abaixo:

Data e Hora do Recebimento 10/10/2018 16:08:53 (horário de Brasília)

Local de Recebimento Portal do Processo Eletrônico

Número de Protocolo 2018/2.069.047-2

Número do Processo 0308797-52.2018.8.21.7000

Local de Tramitação Tribunal de Justiça

Processo Vinculado 0008146-55.2018.8.21.2001

Responsável pelo Envio Ministério Público Estadual do RS representado por Marcelo Tubino Vieira

Tipo de Petição Petição Inicial

Pedido de Urgência Outros (justificativa obrigatória) Perigo a vida de juízes, testemunhas e policiais.

Classe Mandado de Segurança

Assunto Principal Crimes contra a Paz Pública

Peticionante(s) MP/RS - Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul

Documento(s) Recebido(s) Outros (Procedimento Investigatório Criminal): 28


Petição (Cautelar - efeito suspensivo ativo RSE): 4

Senhor(a) Advogado(a):

1. Enquanto a petição inicial estiver no estado 'Em Processamento', a consulta do andamento processual ainda não está
acessível.

Assinado eletronicamente por Rio Grande Do Sul Poder Judiciario


Confira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs , informando 0000621498284. Página 1/2
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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DOCUMENTO ASSINADO POR DATA


RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIARIO 10/ 10/ 2018 16h08min

Este é um documento eletrônico assinado digitalmente conforme Lei Federal


nº 11.419/2006 de 19/12/2006, art. 1º, parágrafo 2º, inciso III.

Para conferência do conteúdo deste documento, acesse, na internet, o


endereço https://www.tjrs.jus.br/verificadocs e digite o seguinte

www.tjrs.jus.br número verificador: 0000621498284

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Ministério Público do Rio Grande do Sul


Projeto-Piloto da Promotoria de Justiça Especializada no Combate aos Crimes de
Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL:

LIMINAR - URGENTE: PERIGO À VIDA


DE JUIZ, POLICIAIS E DE TESTEMUNHAS.
Líderes de facção tramam com advogados atentados a juiz, policiais e
testemunhas.
Juiz em escolta. Policial licenciado. Audiências de instrução de júri
frustradas.

OPERAÇÃO GÂNGSTER

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO


SUL, pelos Promotores de Justiça que a esta subscrevem, no uso de suas atribuições
legais, com fulcro no art. 129, inciso I, da Constituição Federal de 1988 e art. 25, inciso
III, da Lei n.º 8.625/93, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, ajuizar a
presente MEDIDA CAUTELAR INOMINADA, com pedido liminar, em caráter
excepcional, com o fim de conferir efeito suspensivo ativo a recurso em sentido
estrito 001/2.18.0087307-5, “inaudita altera pars”, em virtude de decisões prolatada
pelo MM. Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal do Foro Regional do Alto Petrópolis da
Comarca de Porto Alegre/RS, em regime de Exceção de Processos Complexos, nos
autos do processo nº 001/2.18.0086138-7, que indeferiu a decretação da prisão
preventiva de Anderson Figueira da Roza, Anderson Rembowski, Darci Coimbra,

Aureliano de Figueiredo Pinto, 80, 11º andar, torre norte, salas 1110 e 1111, telefones 3295.1911 ou
1246, e-mail pjlavagem@mprs.mp.br
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Projeto-Piloto da Promotoria de Justiça Especializada no Combate aos Crimes de
Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa

Douglas de Sá Gomes, Éderson Farias Coimbra, Edigar Souza Nunes, José Dalvani
Nunes Rodrigues, Luís Fernando da Silva Soares Júnior, Luiz Eduardo Silva da Silva,
Marlon Teixeira dos Santos, Paulo Ricardo da Rosa Santos, Rafael Fernando de
Oliveira Costa e Rodrigo Rosa da Rosa (cópia em anexo), deixando de analisar o dano
à ordem pública e perigo à aplicação da lei penal, art. 312 do Código de Processo Penal,
ensejando, ainda, situação que implica risco iminente à vida de várias pessoas,
especialmente risco concreto a juízes, policiais e testemunhas, uma vez que se esta
diante de pessoas com alto grau de periculosidade, criminosos contumazes, com
perturbação à ordem pública de forma irreversível; risco à segurança, à pacificação
social, bem como a todos os direitos fundamentais que são protegidos pelo Código
Penal através da função da prevenção geral; afronta ao artigo 5º, caput, e inciso XXXV
da CF/88, que elenca a vida como direito fundamental constitucional e cláusula pétrea,
assegurando, outrossim, a impossibilidade de subtrair-se da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direito, conforme razões de fato e de direito a
seguir expostas:

1 – RELATÓRIO

O Ministério Público, com base no Inquérito Policial nº


4/2016/700320/A, oriundo da Delegacia de Polícia de Capturas – DEIC, distribuído em
Juízo sob o número 001/2.18.0020000-3, assim também com amparo no Procedimento
Investigatório Criminal nº 02430.00002/2018, ofertou denúncia em face de Anderson
Figueira da Roza, Anderson Rembowski, Anderson da Cruz, Darci Coimbra,
Douglas de Sá Gomes, Éderson Farias Coimbra, Edigar Souza Nunes, José Dalvani
Nunes Rodrigues, Luís Fernando da Silva Soares Júnior, Luiz Eduardo Silva da
Silva, Marlon Teixeira dos Santos, Paulo Ricardo da Rosa Santos, Rafael
Fernando de Oliveira Costa e Rodrigo Rosa da Rosa, como incursos nas sanções do
artigo 2º, caput, e §§ 1º, 2º, 3º e 4º, inciso I, e artigo 18, ambos da Lei n.º 12.850/2013.

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Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa

Por consequência, em razão da gravidade dos fatos, fora postulada a


decretação da prisão preventiva dos denunciados Anderson Figueira da Roza,
Anderson Rembowski, Darci Coimbra, Douglas de Sá Gomes, Éderson Farias
Coimbra, Edigar Souza Nunes, José Dalvani Nunes Rodrigues, Luís Fernando da
Silva Soares Júnior, Luiz Eduardo Silva da Silva, Marlon Teixeira dos Santos,
Paulo Ricardo da Rosa Santos, Rafael Fernando de Oliveira Costa e Rodrigo Rosa
da Rosa, além de outras medidas cautelares de natureza patrimonial e probatória.

A denúncia foi distribuída sob o nº 001/2.18.0086918-3, já as cautelares


foram distribuídas em autos apartados, recebendo o nº 001/2.18.0086138-7.

Analisados os pedidos cautelares, sobreveio decisão indeferindo a


decretação das prisões preventivas dos denunciados e deferindo os demais pedidos,
conforme segue:

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O Ministério Público intimou-se do decisum, tendo interposto Recurso


em Sentido Estrito, o qual foi recebido, sendo oferecidas as correspondentes razões de
inconformidade, demonstrando o perigo social da liberdade dos acusados. O recurso em
sentido estrito foi autuado sob número 001/2.18.0087307-5.

A tramitação ordinária do recurso em sentido estrito colocará em risco a


sociedade como um todo, além de representar risco concreto, conforme se evidenciará a
seguir, para juízes, policiais e testemunhas, relacionados aos processos em que os
recorridos figuram como réus. Até que se cumpram as formalidades recursais, o direito
à vida de inúmeras pessoas estará violado, razão de ser da presente interposição.
Instruções de processo de júri não se realizam.

É o relatório.
Ao exame.

2 – DA FUNDAMENTAÇÃO

2.1-DOS FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS

No caso em análise, o objetivo da medida cautelar inominada é a garantia


da ordem pública com o deferimento de efeito ativo, a conveniência da instrução
criminal e a necessidade de garantia da aplicação da lei penal. A tramitação normal do
RSE manterá em risco a integridade de várias pessoas.

A garantia da ordem pública e a conveniência da instrução criminal estão


alicerçadas na proteção do direito fundamental e constitucional de uma sociedade
pacífica que protege a segurança, a tranquilidade e o bem-estar social.

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O artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988 colaciona o direito


fundamental à segurança, necessário à garantia da dignidade da pessoa humana e
pacificação social, pilares constitucionais descritos nos artigos 3º e 4º da CF/88.

Convém salientar que o direito à vida é cláusula pétrea, assim como o


direito à segurança, cuja eficácia deve ser integradora, a efetividade deve ser máxima e
irradiante em relação a todos os ramos do direito penal e processual penal,
possibilitando interpretação que garante concordância prática e harmonização dos
princípios basilares em todo o ordenamento jurídico.1

Assim, o manejo excepcional da medida cautelar visa à proteção do


direito fundamental à vida daqueles que figuram no processo, no caso concreto,
especialmente juízes, policiais e testemunhas. Também visa à garantia da segurança
pública, pacificação social, uma vez que se verifica nos autos que os réus são
integrantes de uma das maiores organizações criminosas do Estado, voltada
especialmente ao tráfico de entorpecentes, pessoas que demonstra invulgar ousadia,
periculosidade e crueldade em seus atos criminosos, impondo assim sério temor social,
ofendendo a ordem pública. De igual sorte, pretende dar concretude ao disposto no
inciso XXXV da Carta maior, que assegura a impossibilidade de excluir-se da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Trata-se de Poder Geral de
Cautela do CPC (arts. 300 a 310), combinado com o art. 3º do CPP.

Decisão deste próprio Tribunal, da 7ª Câmara, 70069799211, em


14.07.2016, já acolheu semelhante pedido:

AÇÃO CAUTELAR. CONHECIMENTO COMO MEDIDA


CAUTELAR PREPARATÓRIA. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA.

1
BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de
Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2008. 2 ed.
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TORTURAS. ROUBOS. INCÊNDIOS. PRISÃO PREVENTIVA.


GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E DA INSTRUÇÃO
CRIMINAL.
1. É possível que o magistrado, valendo-se do poder geral de cautela,
previsto no art. 297 do NCPC, amplie o rol de medidas cautelares,
desde que devidamente fundamentadas em dados concretos e
adequadas à efetivação da tutela judicial.
2. Presentes os requisitos da prisão para garantia da ordem pública e
demonstrada a extrema periculosidade e o risco social que
representam os acusados, a decretação da preventiva é medida que se
impõe, até porque após a imposição de medidas cautelares
substitutivas da prisão, descumpriram as ordens.
Ação conhecida como medida cautelar preparatória do recurso
em sentido estrito, a qual outorgo efeito suspensivo ativo,
suspendendo a decisão que indeferiu a prisão.

Não bastasse isso, ainda que já desencadeada a “Operação Ruína”, onde


denunciados e presos diversos participantes da teia criminosa, esta conseguiu se manter
estruturada, sob a orientação dos líderes já segregados, com o apoio incondicional da
célula jurídica. Evidenciada, assim, a necessidade de retirada de circulação da presente
célula para obstacularização da teia criminosa e organizações adjacentes, fazendo cessar
a continuidade das atividades do grupo.

2.2– DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE

O princípio da fungibilidade, previsto expressamente no CPP pelo art.


579, admite que o recurso erroneamente interposto pode ser conhecido pelo outro, desde
que não haja má-fé. Há, nesse caso, aproveitamento do recurso, mediante sua conversão
no adequado, em homenagem ao princípio de que o processo não deve sacrificar o
fundo pela forma.
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No mesmo sentido, as lições Ada Pellegrini Grinover, Antônio


Magalhães Gomes Filho e Antônio Scarance Fernandes:

“Em face da inexistência de norma expressa garantindo a


fungibilidade, bem como da simplificação do sistema recursal, a
doutrina processual civil encaminhou-se inicialmente no sentido da
negação da subsistência do princípio, o que levava a jurisprudência,
inclusive o STJ, a enveredar pelo mesmo caminho (STJ 83/181). Mas
hoje prevalece a ideia de que, havendo dúvidas- que ainda persistem-
quanto ao recurso cabível, o princípio da fungibilidade opera.”2

No caso em análise, o recurso foi interposto dentro do prazo necessário à


cautelar inominada, mandado de segurança, habeas corpus, correição parcial. Isso
porque ajuizado logo após de prolatada a r. decisão do MM. Magistrado sobre a
liberdade provisória e do recebimento do recurso em sentido estrito sem efeito
suspensivo. No mesmo caminho, a jurisprudência pátria:

“Na jurisprudência, porém, prevalece a posição que só admite o


aproveitamento do recurso impróprio se interposto no prazo do
recurso cabível: STF, RTJ 92/123”
“Desde que a apelação foi apresentada no quinquídio, prazo comum
para os dois recursos, e que não se vislumbra má-fé na errônea
interposição, é de se conhecer do apelo como recurso “strictu sensu’,
aplicando-se à hipótese o princípio da fungibilidade dos recursos,
como previsto no art. 579 do CPP” (JTACrim, 74: 355)

2
FERNANDES, Antônio Scarance; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; GRINOVER, Ada Pellegrini.
RECURSO NO PROCESSO PENAL. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. 6 ed. p 35.
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Há grande discussão nos tribunais pátrios a respeito de qual seria a


medida mais adequada para dar efeito suspensivo ao recurso, portanto não há o que se
falar em erro grosseiro.

É o caso clássico de aplicação do princípio da fungibilidade, por se tratar


de matéria polêmica, inédita e controversa, sobre qual o recurso cabível para auferir
efeito suspensivo ao RSE.

É de se salientar, inicialmente, que o remédio constitucional “mandado


de segurança” era utilizado como forma de atribuir efeito suspensivo aos recursos
penais.

Destaca-se que Edilson Mougenout Bonfim3 e Calmon Passos


manifestam-se favoravelmente à possibilidade de que o mandado de segurança possa ser
impetrado para atribuir efeito suspensivo aos recursos.

Noutro lado, manifestam-se contrariamente à possibilidade de se impetrar


mandado de segurança para auferir efeito suspensivo a recursos Luís Eulálio de Bueno
Vidigal, Celso Agrícola Barbi e Machado Guimarães4.

Ocorre que o informativo n. º 0137 do Superior Tribunal de Justiça


(período de 03 a 07 de junho de 2002) colacionou entendimento de que o mandado de
segurança não é meio cabível para atribuir efeito suspensivo, o que vem sendo seguido
pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado. Nesse passo:

MS. EFEITO SUSPENSIVO. RECURSO. SENTIDO ESTRITO.

3
BONFIM, Edilson Mougenout. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011. 7 ed.
4
ARANHA, Adalberto José Q. T. de Camargo. DOS RECURSOS NO PROCESSO PENAL, São Paulo:
Saraiva, 2010.p 377
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O mandado de segurança não se presta a conferir efeito suspensivo a


recurso em sentido estrito interposto contra decisão concessiva de
liberdade provisória. Precedentes citados: HC 17.937-SP, DJ
1/10/2001; HC 15.614-RS, DJ 27/8/2001, e HC 17.237-SP, DJ
18/2/2002. Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 4/6/2002.

Destaca-se que o entendimento também não é pacífico, a jurisprudência é


vacilante a respeito do assunto. Nesse sentido, aduzem Ada Pellegrini Grinover,
Antônio Scarance Fernandes e Antônio Magalhães Gomes Filho, na obra Recursos no
Processo Penal:

“No sentido da inadmissibilidade do mandado de segurança como


sucedâneo de remédio processual comum, desde que eficaz este para
afastar o dano irreparável: RTJ 56/864, 42/66, 48/667 E 669M 60/331,
69/544, 70/279; RTJ 50/273. Na linha do cabimento do writ somente
quando utilizado o recurso cabível que não tenha efeito suspensivo:
RT 485/186, 515/59; JTAC 44/171; RJTJ 48/225 E 228. O Superior
Tribunal de Justiça tem afirmado que só em circunstâncias
excepcionais se deve dispensar a interposição do recurso próprio.(...)”5

Assim, doutrina e jurisprudência manifestam significativa controvérsia a


respeito do cabimento do mandado de segurança para atribuir efeito suspensivo ao
recurso em sentido estrito.

Noutro giro, os Tribunais Superiores têm admitido, de forma


excepcional, atribuir efeito suspensivo ao recurso, via cautelar inominada, quando
houver situação de perigo de dano irreversível ou de difícil reparação, o que pressupõe a
teratologia da decisão atacada. Nesse sentido: STJ – MC 012591. Rel. Ministro Celso
Limongi. DJ 12.11.10.

5
FERNANDES, Antônio Scarance; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; GRINOVER, Ada Pellegrini.
S RECURSOS NO PROCESSO PENA. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. 6 ed. p. 315
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Os doutrinadores Fernando da Costa Tourinho Filho6, Eugênio Pacelli,


Douglas Ficher7 e Guilherme de Souza Nucci8 não chegaram a um consenso a respeito
do meio processual cabível para auferir efeito suspensivo ao recurso. A doutrina chega a
elencar como meios cabíveis: habeas corpus, mandado de segurança, cautelar
inominada e correição parcial.

O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, pelos Promotores


de Justiça que abaixo subscrevem, utilizou-se do meio “medida cautelar inominada” em
caráter excepcional, em virtude da divergência jurisprudencial, em conformidade com a
jurisprudência dominante nos tribunais pátrios e na doutrina atual.

Em virtude da ausência de consenso na doutrina e na jurisprudência sobre


qual seria o meio processual mais adequado para atribuir efeito suspensivo ao recurso
em sentido estrito, em caráter excepcional, e a necessidade e urgência de se resguardar
os direitos constitucionais fundamentais, a segurança, pacificação social, pilares
constitucionais descritos nos artigos 3º e 4º, da CF/88, com fulcro nos princípios da
eficácia material do processo, da fungibilidade recursal e da instrumentalidade do
processo, o Ministério Público requer a Vossa Excelência que receba o presente recurso
e o aprecie, independentemente da classificação processual que lhe for conferida, com
fulcro no princípio da fungibilidade, em virtude da divergência doutrinária e
jurisprudencial a respeito do remédio processual cabível.

2.3- DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

6
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. PROCESSO PENAL. Vol. 4. 34 ed. São Paulo: Saraiva,
2011.
7
FISCHER, Douglas; OLIVEIRA, Eugenio Pacelli de, COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL E SUA JURISPRUDÊNCIA. São Paulo: Atlas, 2011, 4 ed,.
8
NUCCI, Guilherme de Souza. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL COMENTADO, São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2011. 10 ed.
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Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa

O Ministério Público é o titular da ação penal pública e detém


legitimidade para ajuizar todos os meios processuais necessários à tutela jurisdicional
penal respectiva, nos termos do art. 129, inciso I, da Constituição Federal de 1988 e art.
25, inciso II, da Lei n.º 8.625/93.

No mais, este “Parquet” deve zelar pelo efetivo respeito, por parte dos
Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública, aos direitos assegurados na
Constituição Federal, promovendo as medidas necessárias para a sua garantia,
conforme art. 129, inciso II, da Constituição Federal de 1988. No caso em análise, o
Ministério Público está zelando pelo direito à segurança pública, à paz social, e de
forma reflexa, por todos os direitos fundamentais, potencialmente violáveis pelos
recorridos, que por exercerem práticas criminosas graves, com violência às pessoas
e seus direitos fundamentais à liberdade, à propriedade, à vida e integridades física
e de saúde acabam vendo-se tolhidos de suas liberdades, inclusive de colaborar
com a elucidação de delitos junto ao Poder Judiciário. Assim, os recorridos violam
os demais direitos fundamentais descritos na Constituição Federal de 1988.
2.4 – DOS PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES DA MEDIDA CAUTELAR
EXCEPCIONAL E DO RECEBIMENTO INAUDITA ALTERA PARS

Os tribunais pátrios somente admitem a medida cautelar inominada para


dar efeito suspensivo ao recurso em sentido estrito, em caráter excepcional, desde que
presentes os seguintes requisitos: situação de perigo de dano irreversível ou de difícil
reparação e teratologia da r. decisão (expressa ou presumida, em virtude do perigo de
lesão gravíssima a bem jurídico). A esse respeito, repita-se, nossa 7ª Câmara
Criminal, 70069799211, em 14.07.2016:

AÇÃO CAUTELAR. CONHECIMENTO COMO MEDIDA


CAUTELAR PREPARATÓRIA. ASSOCIAÇÃO
CRIMINOSA. TORTURAS. ROUBOS. INCÊNDIOS.
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PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM


PÚBLICA E DA INSTRUÇÃO CRIMINAL.
1. É possível que o magistrado, valendo-se do poder geral de
cautela, previsto no art. 297 do NCPC, amplie o rol de medidas
cautelares, desde que devidamente fundamentadas em dados
concretos e adequadas à efetivação da tutela judicial.
2. Presentes os requisitos da prisão para garantia da ordem
pública e demonstrada a extrema periculosidade e o risco social
que representam os acusados, a decretação da preventiva é
medida que se impõe, até porque após a imposição de medidas
cautelares substitutivas da prisão, descumpriram as ordens.
Ação conhecida como medida cautelar preparatória do
recurso em sentido estrito, a qual outorgo efeito suspensivo
ativo, suspendendo a decisão que indeferiu a prisão.

2.4.1 – DA AFRONTA AO DIREITO E AOS FATOS DOS AUTOS PELA R.


DECISÃO GUERREADA

Há afronta, pela r. decisão guerreada, à lei federal e à jurisprudência


pátria.

O artigo 312 do Código de Processo Penal aduz que presentes os


requisitos autorizadores da segregação cautelar, em razão de que a liberdade do
indivíduo põe em risco vários direitos fundamentais do cidadão, é medida que se impõe.

Constatino Mortati e Gilmar Ferreira Mendes preveem um conteúdo


essencial dos direitos fundamentais, nos moldes das constituições alemã e portuguesa,

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que atribui um significado supremo ao núcleo dos direitos fundamentais nas


Constituições rígidas.9

No mesmo caminho, defende Hesse (HESSE, Konrad. A força normativa


da Constituição, Porto Alegre: Safe, 1991.p.20). “quanto mais conteúdo de uma
constituição lograr corresponder à natureza singular do presente (incorporando o
estado espiritual de seu tempo, tarefa da qual é incumbido seu intérprete). Tanto mais
seguro há de ser o desenvolvimento de sua força normativa. Assim, essencial
compreender e sedimentar que a verdadeira força da Constituição dependerá de uma
adequada interpretação de seu conteúdo material”.10

Assim, parte da doutrina e jurisprudência, com fulcro no princípio da


presunção da inocência e liberdade, têm entendido que necessária se faz a demonstração
de “periculum libertatis” para a concessão do efeito suspensivo ao recurso. Ocorre que
os direitos fundamentais à segurança pública, pacificação social e dignidade da pessoa
humana, resguardada pela função preventiva da pena, também devem nortear a
interpretação processual penal. É necessária uma nova visão processual penal à luz,
sistemática, de todos os direitos fundamentais, de forma a beneficiar o interesse público
em prol do interesse particular.

Na colisão entre os direitos fundamentais, pode-se utilizar a teoria interna


ou externa para eximir problemática.

Peter Häberle é um dos precursores da teoria institucional dos direitos


fundamentais. A liberdade é delimitada pela atividade estatal, ela não pode ser um

9
SILVA, Virgílio Afonso da. DIREITOS FUNDAMENTAIS: conteúdo essencial, restrições e eficácia.
São Paulo: Malheiros Editores, 2011. 2 ed.
10
FISCHER, Douglas; PACELLI, Eugênio. COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
E DE SUA JURISPRUDÊNCIA. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2012. 4 ed. 1306
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parâmetro em si, ignorando-se os demais direitos fundamentais. Os contornos à


liberdade individual, permitem que ela se desenvolva e a garante.11

A íntima relação entre o direito e liberdade pode ser percebida na


seguinte passagem:

“O direito não pode ser contraposto à liberdade de forma tal, que se


defina a lei material como uma intervenção na liberdade e na
propriedade. Direito e liberdade estão relacionados por sua própria
natureza. Liberdade e direito não podem ser nem contrapostos nem
separados. Liberdade e direito são dois conceitos que se incluem
mutuamente.” ( Peter Härbele, p. 225).

Há de se salientar que grande parte da doutrina e jurisprudência pátria


adotam a teoria externa, para ponderação dos direitos fundamentais, com a utilização
constitucional dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, mencionada por
Robert Alexy.

Ora, na ponderação entre os direitos fundamentais constitucionais sociais


à segurança pública, pacificação social, bem como reflexamente os direitos à vida,
integridade física, patrimônio, saúde, protegidos pelo acautelamento dos representados,
e seus direitos individuais (presunção de inocência e liberdade), devem prevalecer os
direitos sociais.

Acrescente-se que o acautelamento dos réus não ofende o princípio da


presunção de inocência.

Importante se faz a concessão do efeito suspensivo ativo ao recurso com


a decretação da prisão cautelar dos denunciados, a fim de se garantir a segurança

11
Peter Häberle, Die Wesemsgehaltgrantie des art 19 Abs, 2 Grundgesetz, p. 225
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pública e a pacificação social, visando coibir ofensas reflexas aos direitos fundamentais
protegidos pelo direito penal.

O artigo 312 do Código de Processo Penal aduz que a prisão preventiva


poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indícios suficiente de autoria.

No mais, o artigo 313 do Código de Processo Penal complementa:

“Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do
art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência;
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se
outra hipótese recomendar a manutenção da medida.”

Note-se, por tudo quanto foi dito até agora, que os réus vêm atuando
ativamente na organização criminosa, especializada no tráfico de entorpecentes,
disseminando graves delitos, como homicídios, roubos, receptações, inclusive
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arquitetando atentados contra juízes, policiais e testemunhas, com possibilidade


concreta da reiteração das condutas pelas quais estão sendo denunciados, caso se
mantenham soltos, situação que é uma realidade no caso concreto, uma vez que
parte da organização já desmantelada e mesmo assim outras células seguiram
atuando ativamente nas práticas ilícitas, gerando a presente investigação.
Necessária se faz, pois, a imediata prisão preventiva, para garantir a ordem
pública.

Portanto, verifica-se que a custódia preventiva deverá ser estabelecida,


suficientemente fundamentada na garantia da ordem pública e na conveniência da
instrução criminal e aplicação da lei penal.

De fato, nesse quadro em que há prática de delitos contra a pessoa e que


atentam gravemente contra a vida, a liberdade, a propriedade, a prisão tem amparo no
primado da segurança social.

O Ministro José Arnaldo da Fonseca, no HC nº 23.359/STF, em brilhante


voto, afirma que:

"[...] Primeiramente, não se pode acoimar de desfundamentado o


decreto prisional que elege como ratio decidendi da custódia ante
tempus, a probabilidade real de ameaça à integridade física das
testemunhas como instrumento de intimidação. É notório, mais do que
em qualquer outro caso, o fundamento eminentemente preventivo, da
custódia, haja vista o desacerto (para não dizer, impossibilidade) de se
falar em cautela a posteriori, ou seja, depois de consumado o dano,
seja para as testemunhas, seja para as vítimas. Há que se dar trânsito,
aqui, ao princípio da confiança nos juízes mais próximos dos fatos,
que conhecem os acusados pessoalmente e, até prova em contrário,
são pessoas equilibradas e dotadas de extremo bom senso.

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Para vislumbrar, pois uma provável ameaça às testemunhas, os vetores


dos quais se vale o Poder Judiciário para a decretação da custódia
cautelar têm a ver com a personalidade dos agentes bem como em
informações que chegam ao conhecimento do magistrado, como, por
exemplo, a notícia do constrangimento e sensação de ameaça,
suportados pelas testemunhas e vítimas.

Assim deve ser mantida a decretação da custódia preventiva quando


tem por base a probabilidade de ameaça e intimidação de testemunhas,
com séria repercussão à própria credibilidade da Justiça, um dos
pilares da ordem pública [...].

Ora, em liberdade, há sério risco de que os investigados voltem a


delinquir, além de estarem sendo mantidas em grave risco pessoas envolvidas nos
processos que os réus e seus asseclas protagonizam, sejam testemunhas, policiais ou
juízes, sendo a decretação da prisão imprescindível para a garantia da ordem pública,
que não está pautada somente na repercussão social do fato, mas também, em acautelar
o meio social, evitando-se o cometimento de delitos outros.

Neste viés, vem se manifestando a Ministra Ellen Gracie (HC 95.118/SP)


- "a garantia da ordem pública se especializa na necessidade da prisão para evitar a reiteração
de práticas criminosas graves, objetivamente consideradas com base em elementos colhidos
nos autos da ação penal.”

2.4.2 - DO PERIGO DE DANO IRREVERSÍVEL – DANO À ORDEM


PÚBLICA – PELO PERIGO DE PRÁTICA REITERADA DE DELITOS –
GRAVIDADE DOS CRIMES – CONVENIÊNCIA PARA A INSTRUÇÃO – E

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GARANTIA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL, NECESSIDADE DE


DEFERIMENTO DA MEDIDA INAUDITA ALTERA PARS

Restou sobejamente demonstrada no feito a situação de perigo de dano


irreversível ou de difícil reparação com a liberdade dos investigados, consistente no
risco à segurança pública e à paz social, em especial a garantia da ordem pública,
conveniência da instrução criminal e da aplicação da lei penal.

De outra sorte, não há que se falar em ausência dos elementos


autorizadores da medida extrema. Senão vejamos.

A ilustre Magistrada fundamentou sua decisão alegando que o momento


atual não se mostra oportuno à decretação da medida extrema aos denunciados, visto
que a efetividade das demais medidas está condicionada a inexistência de conhecimento
prévio de tais atos, bem como que a prisão prematura não será produtiva do ponto de
vista da produção de provas. Fundamentou, ainda, ausência de atualidade do
comportamento criminoso.

No entanto, a decisão proferida não reflete o melhor entendimento


extraído do exame do conjunto probatório.

Diferentemente do entendimento da Douta Julgadora, o momento em que


se postulou a prisão se mostra como o mais adequado em razão da prática de crimes
graves e cruéis, além do risco real a juízes, policiais e testemunhas. Da repetição
dos fatos se infere a prática sistêmica de embaraços.

Além disso, não há que se falar em conhecimento prévio das medidas


pelos representados, tampouco de atravancar a produção de provas, na medida em que é
sabido que mandados de prisão, quando expedidos acompanhados de outras medidas

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cautelares, são cumpridos conjuntamente, possibilitando que todas as medidas tenham


efetividade. Igualmente, por experiência e dentro de suas atribuições, melhor conhece a
oportunidade de produzir prova a autoridade policial e o titular da ação penal.

Mais além, é muito provável que a instrução do feito sem que os


representados sejam presos possa ser embaraçada, visto que os autores dos delitos
seguem em liberdade, podendo seguir com suas condutas de praxe, como constranger
testemunhas, modificar provas etc., além de darem continuidade às atividades precípuas
do grupo, destinadas à obtenção de lucro com a prática do tráfico de drogas. Não só este
feito terá sua instrução dificultada, mas como vários outros processos principalmente de
júris em andamento.

Tanto que, cumprido mandado de busca e apreensão, mesmo não mais


laborando nos locais, ainda ostentam publicamente em sites profissionais (junto à OAB)
e junto às fachadas dos imóveis o mesmo endereço de escritório, para dificultar a
localização. Embora dois escritórios distintos em que se cumpriram mandados de busca
e apreensão, surpreendentemente ambos se mudaram na mesma época, justamente entre
a distribuição do feito à Justiça e cumprimento pela Polícia:

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Nas contas bloqueadas dos 03 advogados implicados, não obstante os


inúmeros processos que patrocinam, apenas R$ 36.000,00 (trinta e seis mil) reais
encontrados, pois, como se percebeu na investigação, recebiam tudo em dinheiro
sabidamente do tráfico. Em resumo, em liberdade continuam embaraçando a instrução.

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No que tange à atualidade, várias testemunhas, como abaixo se


descreverá, continuam não sendo encontradas para as instruções. Policial se
licenciou em razão das ameaças12. Afora tudo isso, da simples leitura das criminosas
conversas concluiu-se como atividade sistemática praticada pela célula jurídica do
grupo. Ora, por si só, o crime de organização criminosa, denúncia recebida, pressupõe a
orquestração para prática de crime médio a alto potencial, objetivando percepção de
lucro. No caso concreto, notoriamente, os denunciados se dividiram para continuidade
de crimes de tráfico, comércio ilegal de armas e embaraços judiciais, delitos por demais
reprováveis.

O Ministério Público já havia ofertado denúncia por organização


criminosa e lavagem de capitais praticada, também, pela facção autodenominada
“BALA NA CARA”, relacionada à célula liderada por “MINHOCA”, na chamada
Operação Ruína13.

Já a presente Operação Gângster, em continuidade, refere-se a mesma


facção criminosa, no entanto, é voltada ao núcleo de “JUNIOR PERNETA”, o
“MUSEU” (Luis Fernando da Silva Soares Júnior), outra liderança do grupo, aliado de
“MINHOCA”.

A facção “BALA NA CARA”, especializada no crime de tráfico de


drogas, nasceu no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre/RS. Para manutenção do grupo,
comumente a organização diversifica suas ações, desdobrando-se em homicídios e
comércio ilegal de armas de fogo. A presente célula, à semelhança da outra,
praticamente conta com três níveis hierárquicos (líderes, gerentes/administradores e
executores materiais), contando com ajuste prévio para execução de tarefas.

12
Descrição dos fatos em denúncia.
13
001/2.17.0090624-9
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Na presente operação, não apenas lideranças, gerências e executores


foram denunciados, mas também a célula jurídica do grupo, formada por advogados que
excederam seus direitos e passaram a integrar a organização, protagonizando uma
atuação criminosa.

A decretação da prisão preventiva está atrelada ao preenchimento de dois


requisitos: o fumus comissi delicit e o periculum libertatis. O primeiro resta evidenciado
em razão da presença de indícios suficientes de materialidade e autoria, situação
evidenciada até mesmo pelo recebimento da denúncia ofertada, lastrada em extração de
conversas de WhatsApp, delação premiada, interceptação de conversas, prova
documental.

Já o segundo requisito, que se caracteriza pela necessidade e adequação


da prisão cautelar ao caso concreto, nas hipóteses do artigo 312 do Código de Processo
Penal, é também evidente no caso em liça.

As condutas denunciadas, com suporte em extenso acervo documental e


de extração de conversas por celular, evidenciam diálogos perturbadores da ordem
pública, com avenças de atentados a juiz, policiais e testemunhas. Os advogados
denunciados, ainda, conforme prova documental e extração de conversas, comumente
inovam nos processos, forjando documentos para ludibriar a Justiça.

Foi postulado o levantamento do sigilo, que foi parcialmente atendido:

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(...)

Logo, o fundamento de ausência de atualidade não se sustenta, pois, se


ausente risco (dano a ordem pública), qual a razão para, hoje, manter em sigilo o
nome de testemunhas, juízes e promotores de justiça? Aliás, em decisão posterior,
conforme acima transcrito, há de se garantir a “integridade física e de vidas”.

Autoria e materialidade (não obstante delitos formais) emergem dos


relatórios policiais, que constam a extração de vários diálogos travados pelo grupo
criminoso, além de interceptações telefônicas, desvelando a desfaçatez e audácia para
o cometimento de crime, sem se esquecer do depoimento do colaborador, aliados aos
péssimos antecedentes, um a um, mencionados, conforme pormenorizado em denúncia:
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II – DESCRIÇÃO DOS FATOS CRIMINOSOS:

1º FATO:
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
(Artigo 2.º, caput, e §§ 2.º,3.º e 4º, inciso I, da Lei n.º 12.850/2013)

Nos autos da ação penal nº 001/2.17.0090624-9, “Operação Ruína”14, o


Ministério Público ofereceu denúncia por organização criminosa e lavagem de capitais
praticada pela facção autodenominada BALA NA CARA, restritivamente ao núcleo do
líder “MINHOCA”.

A presente ação penal, denominada “Operação Gangster”, em continuidade,


refere-se também à organização criminosa BALA NA CARA, ainda com braços
comandados por JOSÉ DALVANI NUNES RODRIGUES (MINHOCA), mas agora
também voltada ao núcleo “JÚNIOR PERNETA”, conhecido por “MUSEU” (Luis
Fernando da Silva Soares Júnior), o outro líder.

A presente ação penal aprofunda, de outra parte, na célula jurídica do grupo,


advogados que excederam os direitos da profissão e passaram a integrar e promover a
organização criminosa.

Os BALA NA CARA especializaram-se no crime de tráfico de entorpecentes,


nascida no bairro Bom Jesus, Porto Alegre/RS. Para manutenção do grupo, comumente a
organização diversificava suas ações, desdobrando-se em homicídios e comércio ilegal de
armas de fogo. A presente célula, à semelhança da outra, praticamente conta com três
níveis hierárquicos (líderes, gerentes/administradores e executores materiais), com prévio
ajuste para execução de tarefas.

Os líderes comandavam as ações dos demais, ordenando o fluxo de distribuição


de bens e valores, alocando pessoas e armas, determinando mortes.

A célula jurídica, caracterizada por atividades administrativas, gerenciais e


consultivas, é essencial para manutenção da organização, pois, diante da diversidade e
conjunto de suas atuações, abaixo pormenorizadas, visavam a tornar imunes os
integrantes da facção das ações do Estado, mediante forjados mecanismo ilegais de
embaraço à Justiça, a fim de levar os integrantes do grupo à impunidade, à margem da lei,
deixando-os livres para as práticas criminosas componentes da organização. Além de
ações que concorrem para a organização, projetaram e desenvolveram específico grupo
para embaraçar a persecução penal. A célula jurídica aconselhava os líderes na tomada de
14
cópia da denúncia no Cd da fl. 119 e autorização de compartilhamento de provas à fl. 219 do PIC.
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decisões específicas nos processos judiciais e investigações em andamento.


Desencadeava também as condutas criminosas, sempre com o intuito de burlar a lei, em
cooperação com os integrantes do grupo.

Aos gerentes, comumente, competiam funções administrativas, como a


contabilidade, recolhimento de drogas e de valores e, por vezes, guarda dos instrumentos,
objetos e proveito dos crimes, loteados em pontos estratégicos no Estado para expansão
das ações do grupo.

Os executores traficavam drogas, guardavam armas e praticavam homicídios


por ordem da liderança. Por vezes, galgavam patamares superiores, passando a elaborar
tarefas administrativas e gerenciais.

A organização está formatada em rede, buscando impor o domínio territorial


pela imposição de violência e do medo. Tem por objetivo o lucro patrimonial com crimes,
agindo de forma estável ao longo dos anos.

A investigação foi iniciada pela Delegacia de Capturas para conter a guerra


entre facções. Esta ação penal está lastreada basicamente em extrações de dados de
celulares apreendidos ao longo da fase preliminar15 e interceptações telefônicas16,
consubstanciados em relatórios, conforme indicado, se não no corpo do texto,
resumidamente, em notas de rodapé, a cada fato descrito. A fase extrajudicial foi
complementada mediante procedimento investigatório criminal no Ministério Público,
detidamente no patrimônio e condutas do núcleo jurídico.

Em diversas datas e horários não esclarecidos nos autos, mas entre 2016 até
maio de 2017, nas Cidades de Porto Alegre e sua Região Metropolitana, especialmente
nas Cidades de Canoas, Alvorada, Gravataí e Viamão, sem se esquecer de Foz do
Iguaçu/PR, os denunciados ANDERSON FIGUEIRA DA ROZA, ANDERSON
REMBOWSKI, ANDERSON DA CRUZ, DARCI COIMBRA, DOUGLAS DE SÁ

15
cópia do conteúdo do ofício que deferiu autorização judicial de acesso ao conteúdo aos telefones de
MINHOCA, fl. 48 do IP: Vara Criminal do Foro Regional Alto Petrópolis de Comarca de Porto Alegre
Processo ng: 001/2.16.0022072-8 (CNJ:.0001940-93.2016.8.21.2001) Tipo de Ação: Escuta Telefônica -
IP n°04/2016/700320A Requerente: Delegacia de Policia de Capturas Réu: Ignorado Local e data: Porto
Alegre, 21 de setembro de 2016. OFÍCIO Oficio n°: 2536/2016 Não responder, favor mencionar o n° do
processo] Senhor Delegado: Comunico a Vossa Excelência que este juizo decretou a quebra do sigilo
telefônico dos aparelhos celulares apreendidos em poder do investigado JOSE DALVANI NUNES
RODRIGUES quando de sua prisão, com isso autorizando ampla e irrestrita análise dos dados neles
contidos, no que se refere a mensagens, ligações realizadas, mensagens de whatsapp e outros dados
existentes, com fundamento no artigo 2°, da Lei 9.296/1996, artigo 7°, inciso Ill, da Lei 12.965/2014.
Atenciosamente. Betina MeinharNit Ronchetti, Juiza de Direito. Auto de apreensão do telefone no
Paraguai, fl. 430 dos autos 00121600220728.
16
primeira interceptação deferida em 22 de março de 2016 nos autos 001/2.16.0022072-8, fl. 1205 do IP
e despacho da fl. 1316 dando o histórico dos deferimentos.
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RIO -G R
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
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EN
PODER JUDICIÁRIO
RE

SE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DOCUMENTO ASSINADO POR DATA


M ARCELO TUBINO VIEIRA 10/ 10/ 2018 16h04min

Este é um documento eletrônico assinado digitalmente conforme Lei Federal


nº 11.419/2006 de 19/12/2006, art. 1º, parágrafo 2º, inciso III.

Para conferência do conteúdo deste documento, acesse, na internet, o


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Projeto-Piloto da Promotoria de Justiça Especializada no Combate aos Crimes de
Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa

GOMES, ÉDERSON FARIAS COIMBRA, EDIGAR SOUZA NUNES, LUÍS


FERNANDO DA SILVA SOARES JÚNIOR, LUIZ EDUARDO SILVA DA SILVA,
MARLON TEIXEIRA DOS SANTOS, PAULO RICARDO DA ROSA SANTOS,
RAFAEL FERNANDO DE OLIVEIRA COSTA e RODRIGO ROSA DA ROSA
promoveram e integraram pessoalmente organização criminosa, com a finalidade de
obter, direta e indiretamente, vantagem econômica, mediante a prática dos delitos de
tráfico de drogas, homicídios, porte e comércio ilegal de arma de fogo.

LUÍS FERNANDO DA SILVA SOARES JÚNIOR, de alcunha “JÚNIOR


PERNETA“,“MUSEU” ou “IRMÃO"17 foi o fundador da organização criminosa BALA
NA CARA, responsável por trazer armas de fogo e drogas para o Estado do Rio Grande
do Sul. Trata-se de indivíduo com vários antecedentes judiciais, como denúncia recebida
por roubo majorado, duas condenações criminais por porte ilegal de arma de fogo,
denúncia recebida por homicídio, pronúncia pela 2ª Vara do Júri de Porto Alegre e
condenação por tráfico de drogas, figurando no rol de culpados18, até o momento.

Como líder supremo da facção, determinava a distribuição de drogas, bens e


valores, além de encomendar mortes, recebendo a maior parte da riqueza do grupo.
Encontrava-se foragido desde abril de 2015, mas continuava a emanar ordens para seus
subordinados através de aplicativos de mensagem Telegram e WhatsApp.

Várias conversas denotam sua ascendência e hierarquia no grupo. Chama


atenção uma delas entre os integrantes da facção a respeito da perda de um veículo,
quando, mais uma vez, é referido “MUSEU/IRMÃO” como uma figura que impõe medo:

17
Relatório Final, fls. 516/517 (001/2.18.0020000-3). Fls. 600/605, 1.648/1.649, da Medida Cautelar n.°
001/2.16.0022072-8.
18
certidão judicial das fls. 1393/8 dos autos 001/2.16.0022072-8.
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Projeto-Piloto da Promotoria de Justiça Especializada no Combate aos Crimes de
Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa

Em seu desfavor, ainda, os depoimentos do colaborador19, narrando as


circunstâncias da hierarquia exercida por JÚNIOR PERNETA.

ANDERSON FIGUEIRA DA ROZA, vulgo “DOTOR”20, é o líder da célula


jurídica da organização criminosa. Figura como principal advogado da facção
autodenominada BALA NA CARA21. Atende os líderes há anos. Compete-lhe
administrar as questões jurídicas do grupo, atuando em processos e regendo a ação dos
outros advogados22, contudo excedendo os direitos de sua profissão, praticando atos não
relacionados ao exercício da advocacia23, perpetrando crimes para organização.

O denunciado integrou a organização criminosa ao concorrer para embaraços à


persecução penal, coações no curso do processo, falso testemunho, falsidade documental,
corrupção e homicídios praticados pelo grupo. Ainda, o denunciado promoveu a
organização servindo de intermediador de informações vitais para delitos perpetrados
pelo grupo, mesmo enquanto foragidos ou presos alguns de seus integrantes, visando,
com sua conduta, exclusivamente à continuidade da facção para que ela prosseguisse com
o objetivo de lucrar mediante tráfico de drogas, comércio ilegal de armas de fogo e
homicídios.

Aliás, desde a prisão dos líderes LUIS FERNANDO DA SILVA SOARES


JÚNIOR (Museu) e José Dalvani Nunes Rodrigues (Minhoca), de março de 2017 a
recente 08 de maio de 2018, continua a atendê-los no presídio24 em conjugação de
esforços com o denunciado ANDERSON REMBOWSKI, servindo de condutor de
informações entre organização, meio externo (soldados e gerentes) e líderes. O
denunciado ANDERSON FIGUEIRA DA ROZA, valendo-se de sua profissão,
mantinha contatos permanentes por celular (mensagens e chamadas) com os líderes e
gerentes da facção, contudo alinhavando manobras processuais ilegais, ao determinar
intimidações de sujeitos do processo judicial, sendo o fornecedor de informações ao

19
CD da fl. 119 do PIC. Resumo do depoimento à fl. 149 do PIC.
20
conduta pormenorizada no relatório das fls. 504/9 do IP.
21
cópias das procurações de JOSÉ DALVANI NUNES RODRIGUES (vulgo MINHOCA, líder),
CERILDA NUNES RODRIGUES, integrantes da organização criminosa e cópia de informações
processuais em que consta como advogado do grupo às fls. 87/103 do PIC.
22
Consta no relatório da autoridade policial, fl. 308 do IP, que ANDERSON ROZA envia fotos com rol
de testemunhas de determinado processo. MINHOCA mostra surpresa ao ver o nome de Suélen entre as
testemunhas, pois afirma que o ANDERSON foi falar com ela (provavelmente o outro advogado de
MINHOCA, ANDERSON REMBOVVSKI), indicando uma possível coação no curso do processo.
23
Estatuto da OAB, Lei nº 8.906/1994, arts. 7º, inciso II (Direitos do Advogado), a contrário senso; 31,
33 (Ética) e 34, especialmente inciso XVII e XXV (Infrações Disciplinares). Art. 2º, I, III, VIII, a, b, d, e
art. 6º do Código de Ética e Disciplina da OAB.
24
histórico da vida carcerária, atendimentos a MINHOCA e MUSEU. Último atendimento constatado em
08.05.2018 em companhia de seu colega de escritório Jean Severo, fls. 151 e 173 do PIC.
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Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa

grupo estranhas à prática da advocacia, concorrendo para o crime de organização


criminosa.

O denunciado ANDERSON FIGUEIRA DA ROZA integrou e promoveu


organização criminosa especificamente, também, destinada à prática de crimes de
embaraço à persecução (art. 2º, §1º, da Lei nº 12.850/2013) com seus colegas de profissão
a seguir denunciados, além dos líderes “MINHOCA” (José Dalvani Nunes Rodrigues, já
denunciado por organização criminosa nos autos da “Operação Ruína”), “MUSEU” ou
“JÚNIOR PERNETA” (Luis Fernando da Silva Soares Júnior) e outros integrantes dos
BALA NA CARA, tais como “BUIU” (José Alexandre da Silva, extinta punibilidade pela
morte) e Cerilda Nunes Rodrigues, além de outros ainda não identificados, visando à
percepção de riqueza pelos honorários recebidos, valores sabidamente diretamente
oriundos de crimes, mas, sobretudo, para continuidade da organização criminosa que
lucrava mediante cometimento de tráfico, homicídios e comércio ilegal de armas de fogo.
Assim agindo, determinava ameaças a testemunhas, barrava colaborações premiadas,
consentia e instrumentalizava intimidações de juízes, como ainda forjava documentos, a
fim de verem ilegalmente absolvidos ou impronunciados os integrantes da facção, para
sua continuidade, mantendo o lucro do grupo.

Do mesmo modo, o réu ANDERSON FIGUEIRA DA ROZA conhecia a


extensão de pessoal e alcance de território do grupo que defendia perante a Justiça, tendo
ciência da capacidade de imposição de violência e de medo da organização 25.
Aproveitando-se disso, atendendo às determinações do líder “MINHOCA” (já
denunciado pelo caput do art. 2º da Lei nº 12.850/2013 e lavagem26), concorreu para
organização criminosa ao fornecer, por diversas oportunidades, mediante WhatsApp e
Telegram, o rol de testemunhas dos processos concernentes à facção ao líder,
combinando medidas ilegais para calar as testemunhas. O denunciado, no mesmo
sentido, fornecia aos líderes informações sobre as rotinas de juízes que presidiam os
casos da organização, sabendo das providências intimidatórias a serem adotadas pelo
grupo. O denunciado, ainda, por sua iniciativa, levava os nomes, endereços e
qualificações das testemunhas ao líder e determinava que tomasse atitudes para
atemorizá-las, a fim de que a prova não fosse produzida em juízo, permitindo a
impunidade e perpetuação das atividades da organização. Por fim, seguidamente, o
denunciado fornecia informações sobre a localização e paradeiro de integrantes de
organizações rivais, viabilizando a pratica de homicídios e suas formas tentadas para
ampliação de território.

25
haja vista troca de mensagens com MINHOCA sobre reportagens a respeito dos atos dos BALA NA
CARA, fls. 301 e 302 dos autos da investigação e fl. 81, verso, do PIC.
26
cópia da denúncia da Operação Ruína no CD da fl. 119 do PIC.
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Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa

Por tudo isso, o denunciado afastou-se de seus direitos profissionais e foi além
de seus deveres, usurpando dos limites da atividade jurídica e da ampla defesa,
concorrendo para o crime de organização criminosa.

O denunciado, conhecedor da finalidade da organização, usava o potencial de


violência do grupo, como em 28 e 29 de junho de 2016, quando ajustou a morte de
desafeto de um parente com “MINHOCA”, perguntando ao líder o seguinte: “tua
gurizada faria esse serviço? Quanto sai?”, informando que seu parente quer “(...) que o
cara desapareça do mundo”, conforme transcrição do relatório de investigação a
seguir27:

27
Relatório de investigação, fl. 295 e fl. 78 do PIC.
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