Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
GRADE DE CORREÇÃO
(ENEM )
COMPETÊNCIA 1 - DEMONSTRAR O DOMÍNIO DA NORMA CULTA DA LÍNGUA
Domínio precário da norma culta, com graves e freqüentes desvios gramaticais, de escolha de registro e de
convenções da escrita.
Domínio razoável da norma culta, com desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita,
pouco aceitáveis nessa etapa de escolaridade.
Bom domínio da norma culta, com pontuais desvios gramaticais e de convenções da escrita.
Muito bom domínio da norma culta, com raros desvios gramaticais e de convenções da escrita.
A- ADEQUAÇÃO DE REGISTRO
_ formal/coloquial
B. NORMA GRAMATICAL
_pontuação
_flexão
C_CONVENÇÕES DA ESCRITA
_maiúsculas e minúsculas
COMPETÊNCIA 2
COMPREENDER A PROPOSTA DE REDAÇÃO E APLICAR CONCEITOS DAS VÁRIAS ÁREAS DE
CONHECIMENTO PARA DESENVOLVER O TEMA, DENTRO DOS LIMITES ESTRUTURAIS DO TEXTO
DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO.
Desenvolvimento razoável do tema, a partir de considerações próximas do senso comum e domínio precário do
tipo de texto dissertativo.
Bom desenvolvimento do tema, a partir de um repertório cultural produtivo e de considerações que fogem ao
senso comum, e bom domínio do tipo de texto dissertativo-argumentativo.
_autoria: compreensão do tema, articulação de diferentes perspectivas para defesa de um ponto de vista.
_informatividade.
ESTRUTURA
COMPETÊNCIA 3:
SELECIONAR, RELACIONAR E INTERPRETAR INFORMAÇÕES , FATOS, OPINIÕES E ARGUMENTOS
EM DEFESA DE UM PONTO DE VISTA.
2- Apenas apresenta informações, fatos e opiniões, ainda que pertinentes ao tema proposto, ou limita-se a
reproduzir os argumentos da proposta de redação.
4-Seleciona, organiza e relaciona de forma consistente, informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao
tema proposto em defesa do ponto de vista defendido em seu projeto de texto.
COMPETÊNCIA 4:
DEMONSTRAR CONHECIMENTO DOS MECANISMOS LINGÜÍSTICOS NECESSÁRIOS PARA A
CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO.
2-Articulação precária das partes do texto, devido a problemas freqüentes na utilização de recursos coesivos.
3-Articulação razoável das partes do texto, com problemas eventuais na utilização dos recursos coesivos.
4-Boa articulação das partes do texto, sem problemas graves na utilização de recursos coesivos.
_Coesão gramatical: ( uso de conectivos, tempos verbais, pontuação, seqüência temporal, relações anafóricas,
conectores intersentenciais, interparágrafos, intervocabulares, etc.
COMPETÊNCIA 5:
ELABORAR PROPOSTA DE SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA, MONSTRANDO RESPEITO AOS
VALORES HUMANOS E CONSIDERANDO A DIVERSIDADE SOCIOCULTURAL.
2-Esboça alguma idéias que podem ser o núcleo de uma proposta, respeitando os valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.
3-Elabora proposta genérica de intervenção sobre a problemática desenvolvida, respeitando os valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.
4-Elabora proposta específica , mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade
sociocultural.
Texto 4 (Desarmamento):
Um passo fundamental
Texto 5 (Desarmamento):
Armas: instrumentos da violência
No dia 23 de outubro de 2005, parte da população brasileira será submetida a algo inédito
no mundo: o plebiscito do desarmamento. As regras serão as mesmas de uma eleição para
presidente. Todos os que estão aptos a votar e obrigados pela lei deverão responder à seguinte
pergunta: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”
Considerando a proximidade da data e as escassas discussões, através de veículos de
comunicação mais acessíveis, percebe-se que o evento realmente não se diferenciará em quase
nada de uma eleição política: diversas pessoas, desprovidas de informação – e portanto
despreparadas– irão às urnas responder a uma pergunta tão importante para o nosso país. É, sem
dúvida, uma situação preocupante.
Muitos não sabem, por exemplo, que o Brasil, com apenas cerca de 3% da população do
planeta, entre 192 países existentes hoje no mundo, é o lugar onde mais se mata por arma de
fogo. Segundo estatísticas recentes, ocorrem 55 mil assassinatos por ano em nosso país. E
dessas mortes, só em 2004, 38 mil foram através desse instrumento. Tais informações são
imprescindíveis para se tomar uma decisão mais consciente, pois revelam uma obviedade:
quanto mais armas entre nós, maiores são as possibilidades de ocorrer um assassinato.
Os que se opõem ao desarmamento alegam que a arma é o meio mais eficiente para
assegurar a legítima defesa, prevista na constituição. Porém, estão alheios – ou pelo menos
parecem estar – ao fato de que os criminosos sempre têm a seu favor o elemento surpresa.
Assim, arma que está em casa ou no carro, quase sempre escondida, dificilmente será acionada
com maior rapidez do que aquela que já está nas mãos do bandido. Nesse sentido, conforme um
dado da revista Superinteressante, de junho de 2004, quem reage a um assalto utilizando uma
arma tem “57% mais chance de morrer ou se ferir”.
É claro que o desarmamento não é a única solução para acabar com a violência. É
preciso também, urgentemente, amenizar a desigualdade social, tornar os sistemas de justiça e
segurança públicas mais eficientes. O Estado deve cumprir seu papel social de garantir a
segurança e promover a dignidade humana, pois só assim alcançaremos uma convivência mais
pacífica e harmoniosa. Mas, em relação à iniciativa do governo de desarmar a população, cabe
muito bem uma máxima bastante sensata: se não fazer tudo é ruim, pior ainda é se omitir e não
fazer nada.
Quando ocorre a prisão, infelizmente, outro problema acontece. Isso porque o sistema prisional
não consegue, em boa parte dos casos, cumprir seu papel. Seja pela pouca escolaridade ou pela
inexperiência profissional, quando o detento finaliza a pena, as portas da prisão são abertas,
mas as da sociedade continuam fechadas. Sofre preconceito, não consegue uma fonte honesta
de renda e, desse modo, desestimulado, sem perspectiva alguma, procura encontrar novamente
na prática de crimes, na qual a vida é assustadoramente banalizada, a sobrevivência digna que o
próprio Estado deveria lhe oferecer.
Ainda convém ressaltar que o caminho da violência é escolhido por muitos indivíduos
sem nenhum histórico policial. Isso porque diversas pessoas, também em função das
adversidades sociais, como no caso dos ex-detentos, entram em desespero. Nesse contexto, sem
acesso a uma vida digna, esse caminho se torna uma das poucas alternativas para enfrentar
tantas privações, como, por exemplo, o desemprego, a falta de boas escolas, de bons hospitais e,
às vezes, até a restrição alimentar: algo capaz de conduzir o ser humano aos instintos mais
primários, de luta pela sobrevivência, nos quais a vida do outro pode não ter valor algum.
Esse trágico cenário acaba produzindo números espantosos. De acordo com estatísticas
recentes, o Brasil é o 4º lugar do mundo em assassinatos; só perde para países que estão em
estado de guerra civil: África do Sul, Colômbia e El Salvador. São 55 mil assassinatos por ano.
Portanto, percebe-se que, para vencermos essa difícil batalha, será preciso, além de líderes
políticos competentes, que saibam atacar incansavelmente todas as causas desse terrível mal,
uma sociedade que se dedique à cultura do altruísmo, da solidariedade, para aprender a
conviver urgentemente de forma pacífica e harmoniosa. Do contrário, todos nós sairemos
perdendo.
1- O sistema carcerário brasileiro não consegue, na maior parte dos casos, devolver à
sociedade homens regenerados. A ineficiência desse sistema ocorre, principalmente, devido à
corrupção, à ociosidade dos presos e, ainda, à superlotação nas celas.
2- É inegável que as prisões brasileiras não conseguem cumprir seu papel. Só para se ter
uma idéia, segundo dados referentes a 2007, sabe-se que aproximadamente 70% dos presos,
após o cumprimento da pena, reincidem na vida criminosa.
3- A pena de prisão, que parece à maioria de nós algo natural para segregar os
criminosos, surgiu há 200 anos (a partir do século XIX). Infelizmente, pelo menos no caso
brasileiro, mesmo depois de tanto tempo, tal procedimento ainda não alcançou a eficiência
esperada.
O sistema carcerário brasileiro não consegue, na maior parte dos casos, devolver à
sociedade homens regenerados. A ineficiência desse sistema ocorre, principalmente, devido à
corrupção, à ociosidade dos presos e, ainda, à superlotação nas celas.
A corrupção é a principal responsável pela continuidade do crime dentro do sistema.
Além dos próprios parentes, muitos profissionais que têm contato direto com os presos
facilitam a entrada de objetos ilícitos como drogas, celulares e até armas. Isso, certamente,
torna quase impossível a recuperação do detento. E, pior ainda, faz com que muitas unidades
prisionais se tornem centros de comando do crime organizado.
O tempo que os presidiários passam à toa nesse contexto (durante o cumprimento da
pena) também é um sério agravante. A ociosidade provoca a sensação de inutilidade, tristeza,
depressão, diminuindo ainda mais as chances de regenerar o indivíduo apenado. (Seja pela
pouca escolaridade ou pela inexperiência profissional, quando o detento finaliza a pena, as
portas da prisão são abertas, mas as da sociedade continuam fechadas. Sofre preconceito, não
consegue uma fonte honesta de renda e, desse modo, desestimulado, sem perspectiva alguma,
procura encontrar novamente na prática de crimes, na qual a vida é assustadoramente
banalizada, a sobrevivência digna que o próprio Estado deveria lhe oferecer.) Prova disso é que,
segundo a CPI do sistema carcerário, realizada no ano passado, cerca de 70% dos ex-detentos
reincidem na vida criminosa. Por isso, a inserção de atividades – educacionais,
profissionalizantes, culturais e esportivas – é imprescindível, pois desse modo seria muito mais
fácil o processo de ressocialização. (pois desse modo conseguirão mais facilmente conviver em
sociedade, respeitando regras, leis e pessoas)
Como se tudo isso não bastasse, a quantidade excessiva de presos (a população
carcerária) já ultrapassou o limite tolerável, tornando o sistema muito mais um depósito de
seres humanos do que um local onde alguém consiga se recuperar. São 422 mil presos e um
déficit de 185 mil vagas, conforme os dados da CPI. Há celas comportando mais do que o triplo
da capacidade prevista pela lei. Tal situação submete-os a condições desumanas, nas quais
ocorre até revezamento para dormir. Tudo isso gera revolta e se torna, obviamente, o principal
motivo para as rebeliões: talvez o único meio de reivindicarem os direitos humanos.
Diante desse contexto tão trágico (crítico) e perigoso, não é difícil compreender porque
as prisões brasileiras não cumprem seu papel com a esperada eficiência. Parece, na verdade,
impossível reverter esse quadro, principalmente se considerarmos a inércia da maioria dos
políticos e diretores de presídio. Se por um lado a necessidade de construir mais unidades
prisionais é óbvia, por outro a reforma do código penal e a maior eficácia da justiça também
deve ser. É preciso, acima de tudo, devolver aos detentos, embora tenham desrespeitado as leis,
a dignidade, a fim de que todos possam conviver em uma sociedade mais pacífica.
A humanidade, mais uma vez, está diante de uma enorme polêmica: a clonagem humana.
Muitas perguntas surgiram e poucas foram respondidas até agora. Porém, as respostas ainda não
satisfizeram completamente os questionamentos já abordados.
Os defeitos genéticos, como a distrofia muscular; as diversas doenças que podem
aparecer; o envelhecimento precoce; o procedimento que deverá ser adotado com o clone
depois de tais problemas surgirem — já que em relação aos animais utiliza-se uma injeção letal
para acabar com o sofrimento ou eliminar o resultado mal sucedido de uma experiência — são
alguns dos principais empecilhos que desafiam os cientistas. Com tantas incertezas, com tantas
possibilidades de dar errado ou trazer ao mundo mais dor e angústia, percebe-se que a pressa
para clonar o ser humano tem muito mais a ver com marketing, fama e enriquecimento pessoal
dos interessados do que com a possibilidade de conceder a pais inférteis a alegria de ter um
filho; ou, ainda, com a solução das mazelas que afetam— ou podem afetar — a todos nós.
Entretanto, mesmo com toda a força ideológica das religiões, sabe-se que é praticamente
impossível frear os avanços científicos na medicina ou em qualquer outro campo. Dessa forma,
submetidos a um futuro inelutável, incoercível, é preciso deixar de lado a ganância, a
curiosidade excessiva e começarmos a refletir sobre as seguintes questões: por que e quando
clonar o ser humano? não seria mais inteligente, por enquanto, continuarmos apenas com os
testes em animais? Parece que a obviedade exige de nós, antes de tal ousadia, a solução de
outros problemas , como a fome, por exemplo, que existe, infelizmente, não pela falta de
tecnologia ou de alimentos, mas devido ao enorme egoísmo daqueles que poderiam, de forma
mais justa e igualitária, distribuir as riquezas produzidas por todos nós.
Assim, embora os questionamentos continuem, a humanidade, livre das preocupações
menores e voltada para o bem-estar de todos, sem exceção, poderá usufruir mais
produtivamente das inúmeras vantagens que o bom senso e a inteligência possibilitam.
OBS.: grifado, o resumo do texto ( direcionado para alunos da UFES) Vanderson Caliari –
27/08/2001
Texto 14 (Futebol)
Futebol: alienação?
Para Karl Marx, um ativo cientista político do século XIX, a religião é o ópio do povo.
No entanto, Raymond Aron, filósofo político francês (séc. XX), parodiando Marx, disse que o
marxismo é o ópio dos intelectuais. Já Cláudio de Moura e Castro, na revista Veja de 13 de
novembro de 1996, aproveitando essas idéias, chegou à seguinte conclusão: “...nos Estados
Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras”. Porém, se também quiséssemos dialogar com
esses pensamentos, contextualizando-os em nossa realidade, poderíamos dizer: o futebol é o
ópio do povo brasileiro.
Muitos dizem que os brasileiros são alienados. Basta uma Copa do Mundo para
esquecerem — e pararem de discutir — problemas graves do Brasil como a corrupção, por
exemplo. Além disso, ainda esquecem de que época de Copa é também época de eleições para
presidente.
O Brasil é um país subdesenvolvido e, por isso, enfrenta vários problemas como, por
exemplo, a miséria de boa parte da população, o desemprego, a falta de moradia, a violência e o
comportamento corrupto de vários políticos. Diante de um contexto tão adverso, não é difícil
compreendermos que a alienação é uma característica praticamente natural desse país e de
tantos outros que padecem das mesmas mazelas.
A angústia, a frustração, a falta de perspectivas, enfim, o pessimismo podem levar o ser
humano ao desespero. O salário baixo, as contas atrasadas, o dinheiro que nunca sobra para um
momento de lazer são exemplos das diversas razões de uma tristeza constante que acompanha
boa parte da população brasileira.
No Arcadismo, estilo literário do século XVII, os poetas, diante da turbulência das
grandes cidades, da agitação e insegurança provocadas pela Revolução Industrial, buscavam um
refúgio bucólico, idealizavam o ambiente campestre como um lugar cheio de paz e harmonia,
onde a felicidade era possível. Já o poeta modernista Manuel Bandeira, desejava ir embora para
Pasárgada, um lugar imaginário também idealizado: “Vou-me embora pra Pasárgada / lá sou
amigo do rei / lá terei a mulher que quero / na cama que escolherei”
Parece-nos então — e com bastantes justificativas — que o ópio, o refúgio bucólico, a
Pasárgada do povo brasileiro é realmente o futebol. No entanto, tal comportamento, que projeta
a possibilidade de ser feliz em algo falacioso, é comum ao ser humano, já que a felicidade plena
e constante parece inatingível para a esmagadora maioria dos simples mortais. Talvez seja por
isso que nosso saudoso Tom Jobim, um dos criadores da Bossa Nova, tenha poeticamente
desabafado: “Tristeza não tem fim, felicidade sim”. O poeta T. S. Eliot disse algo interessante
que também justifica o comportamento nostálgico ou fugidio de quem sofre: “O gênero humano
não consegue suportar muita realidade”. É por isso que o futebol no Brasil causa tanta euforia,
tanta alegria, com uma intensidade muito maior do que em vários outros lugares. Temos sede
de felicidade, precisamos encontrá-la a todo custo, nem que seja no sucesso dos outros, nem
que seja na vitória de uma seleção de futebol.
O problema, infelizmente, é que muitos se tornam verdadeiros técnicos, craques em
analisar questões futebolísticas, mas desprezam, sem nenhuma preocupação, as questões sociais
intimamente relacionadas com o que há de mais essencial: a sobrevivência. Muitos precisam
entender que se a opinião da torcida pode influenciar, modificar, às vezes, a opinião do técnico;
com muito maior êxito a crítica, a exigência, a cobrança — consciente e persistente — podem
mudar a postura ilícita e corrupta de boa parte de nossos líderes políticos. Todavia, é preciso
coragem, interesse, é preciso abandonar o pensamento cômodo de que a culpa é só do
presidente. É óbvio que a culpa não é só dele, pois o silêncio de um povo insatisfeito eterniza
no poder o líder incompetente.
Desse modo, submetidos historicamente a um país subdesenvolvido e cheio de
paradoxos, não podemos ser apenas patriotas, torcedores, que ficam sentados na arquibancada.
Devemos sim é entrar em campo, driblando algumas regras ideológicas se preciso for e, é claro,
virar o jogo. Assim, simultaneamente, como jogadores e juízes, poderemos decidir várias
partidas; e o voto, sem dúvida, poderá ser uma arma, uma espécie de cartão vermelho para
expulsar de campo aqueles que jogam desonestamente.
Vanderson Caliari – 02/07/2002
Texto 15 (Fome):
Fome: um mal sem cura?
A fome e a desnutrição crônica são problemas mundiais, que ocorrem tanto em países
desenvolvidos quanto em subdesenvolvidos. Esse problema tem sua origem principal no
desinteresse – ou egoísmo – da maior parte dos líderes políticos e, conseqüentemente, na injusta
distribuição de renda.
Muitos acreditam que a fome exista em razão da insuficiência de alimentos, mas estão
enganados. Um recente relatório da ONU – Organização das Nações Unidas – revelou que a
produção alimentícia ainda é satisfatória para promover uma dieta adequada para todos os seres
humanos. É indiscutível que a explosão demográfica dos dois últimos séculos foi assustadora –
antes de 1900 não havíamos chegado a 2 bilhões de habitantes; hoje, já ultrapassamos 6,5
bilhões – porém, as mortes provocadas pela fome ou pela carência nutricional acontecem
devido ao enorme egoísmo daqueles que poderiam de algum modo contribuir: os governantes,
principalmente das nações mais ricas, e a parte mais privilegiada da sociedade.
O modelo capitalista também é uma forte fonte de explicação para entendermos as causas
desse problema. A busca pelo lucro infinito nesse modelo político, ao longo das décadas, vem
concentrando cada vez mais riquezas nas mãos de uma minoria. Essa postura tem, sem dúvida,
submetido populações inteiras a um mal que corrói silenciosamente, pois, quando não mata de
forma rápida por inanição, abre campo para que a morte venha gradativamente através de
diversas doenças que se instalam facilmente em organismos debilitados.
Sendo assim, não é difícil compreendermos por que esse problema está presente em todo
o mundo, inclusive atingindo diversos habitantes de países ricos, conforme estatísticas da ONU.
Nesse contexto, tão vergonhoso para nós todos, é preciso acreditar que há uma cura.
Campanhas como a iniciativa em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza (“Ação da Cidadania
contra a Miséria e pela Vida”) e, atualmente, o programa “Fome Zero” do governo Lula são
demonstrações práticas de que é possível, pelo menos, de início, amenizar o sofrimento de
milhares de pessoas. Portanto, altruísmo, vontade política e organização são palavras-chave
para vencermos esse terrível mal.
Texto 16 (Fome):
Um problema de todos nós
Muitos imaginam, usufruindo uma mesa farta, que a fome é um problema distante, que
atinge uma pequena parcela da população. Mas, o que parece mais óbvio, é que ela, direta ou
indiretamente, atinge a todos nós.
Conforme dados recentes divulgados pelo governo brasileiro, existem cerca de 23
milhões de pessoas, em nosso país, vivendo abaixo da linha da pobreza e, sem dúvida, muitos
passando fome. É claro que dificilmente alguém morre por inanição, porém diversos são os que
morrem em conseqüência de uma alimentação insuficiente ou inadequada. Nesse contexto, tão
humilhante, vergonhoso, muitos, excitados pela imperiosa vontade de se alimentar, acabam
submetidos aos instintos mais primários e, como qualquer animal faminto, lutam pela
sobrevivência como podem. Isso explica, em parte, tanta violência vivida pela sociedade atual.
É preciso ajudar essas pessoas, não pela pura e simples constatação de que se voltem
contra nós com uma conduta violenta, mas – e principalmente – porque somos seres humanos
capazes de nos sensibilizarmos com o sofrimento alheio e, além disso, de encontrar prazer na
satisfação do outro. O modelo capitalista, no qual se prega a busca pelo lucro infinito, parece
estar influenciando negativamente o comportamento humano. Muitos estão preocupados apenas
consigo mesmos e essa visão egoísta poderá impossibilitar, ainda mais, uma convivência
pacífica.
Sendo assim, percebe-se que esse mal realmente é um problema de todos nós. Segundo
estatísticas da ONU (Organização das Nações Unidas), há alimentos suficientes para todos.
Portanto, se a fonte existe e não é por falta de comida, é preciso vontade política, é preciso que
nos sensibilizemos. O programa “Fome Zero” implantado pelo atual governo é,
inquestionavelmente, um excelente começo. A esperança é a de que saibamos aproveitar essa
oportunidade, independente de com quanto cada um consiga contribuir.
Há mais de dois séculos, na França, Nicolas J. Cugnot criou algo que mudou a vida das
pessoas: o automóvel. Embora tal invenção tenha sido indiscutivelmente revolucionária,
naquela época jamais se imaginou que essa criação tão útil também traria tantos problemas para
o mundo contemporâneo.
A natureza tem recursos para suprir a necessidade humana, mas não a sua avidez.
O grande problema do mundo é que o homem aprendeu a controlar a natureza antes de aprender
a controlar a si mesmo.
Conclusão:
Assim, percebe-se que — embora já existam esforços relevantes em prol do
desenvolvimento sustentável — a paisagem poeticamente retratada por Gonçalves Dias, em sua
famosa “Canção do Exílio”, está perdendo de uma forma cada vez mais acelerada sua
exuberância. Para impedirmos essa evolução tão destrutiva será preciso investir em educação
ecológica, afim de que pais e professores tenham êxito na formação de cidadãos éticos, capazes
de usufruir com mais sabedoria dos recursos naturais. Além disso, a atuação comprometida e
responsável dos líderes mundiais é de vital importância, bem como intensificar a fiscalização e
aplicação de pesadas multas.
(poderá apenas, caso ações mais ousadas não forem colocadas em prática, ser imaginada pelas
gerações futuras.)
Exemplo de conclusão:
Assunto: Internet
Jovens separados do mundo virtual
Jornal Hoje - 21 de Agosto de 2006
Os jovens do Brasil e um grande desafio: superar o abismo que separa a maioria do mundo virtual. Temos 18 milhões de
cidadãos com idade entre 15 e 20 anos. Apenas 2,5 milhões têm acesso ao computador.
Um dia especial na vida de Lidiane. Aos 18 anos, pela primeira vez, ela toca num computador. Ela faz parte de uma
estatística preocupante. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas aponta que apenas 14,18% dos brasileiros de 15 a 20 anos de
idade têm acesso à computador. Quando se trata de acesso à internet, o número não chega 10%.
Em lugares como o distrito de Alegria, sertão do Ceará, nenhum jovem tem contato com o computador. Mesmo assim, eles
têm consciência de que só o acesso à tecnologia pode levá-los para o mercado de trabalho. "Tem muita gente aí com dez anos que
mora na cidade grande e já lida com muita coisa assim", disse Pedro Gomes de Sousa, estudante.
Mas, a pequena Tejuçuoca - cidade cearense de 20 mil habitantes, é uma exceção. Os jovens ganharam uma ilha digital com
cinco computadores - pagam R$ 0,50 por uma hora de internet. "Qualquer hora do dia a gente vem, dá uma passadinha aqui e faz o
trabalho direitinho", contou Aline Marques, estudante de 16 anos.
Trabalho que é difícil até mesmo nas metrópoles. Uma escola pública de Fortaleza não tem nenhum computador para os
alunos. "Eu vou sempre à lan house porque é o único meio que eu encontro de fazer meus trabalhos, me comunicar", afirmou Mariane
Oliveira Lima, de 18 anos.
Quando o acesso dos jovens aos computadores é facilitado e incentivado dentro das instituições de ensino, eles acabam
mostrando que têm potencial não só para aprender rápido, mas, também para utilizar a informática no desenvolvimento de
tecnologias. É o que acontece em um laboratório do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará.
Os estudantes criaram até um sistema de alarme para detectar o furto de cabos elétricos. Quem vê Aline desenvolvendo placas
de computadores nem imagina que só no laboratório ela teve o primeiro contato com computador. "A gente vai tendo contato, vindo
aqui todo dia, mexendo e vai perguntando o que a gente não sabe e assim vai", disse Aline Torres, estudante de 18 anos.
Na periferia de Fortaleza, jovens que conseguiram se formar em informática fundaram uma cooperativa que presta serviços
para empresas. O dinheiro arrecadado é investido em cursos gratuitos e projetos para levar o computador até as casas.
Os irmãos Francivaldo e Carlos Alberto estão entre os moradores que pagam à cooperativa R$ 30 por mês para ter um micro
com internet banda larga. Depois de um ano o computador é deles. “Isso eleva o meu nível à um patamar bastante alto", admitiu
Carlos Alberto Matos.
Oportunidade que a maioria dos jovens ainda espera: entrar no mundo virtual para mudar a própria realidade.
Somente colocar um computador na mão das pessoas ou vendê–lo a um preço menor não é, definitivamente,
inclusão digital. É preciso ensiná–las a utilizá–lo em benefício próprio e coletivo.
Questão sobre inclusão digital proposta no site oficial do Enem:
A sociedade atual testemunha a influência determinante das tecnologias digitais na vida do
homem moderno, sobretudo daquelas relacionadas com o computador e a internet. Entretanto,
parcelas significativas da população não têm acesso a tais tecnologias. Essa limitação tem pelo
menos dois motivos: a impossibilidade financeira de custear os aparelhos e os provedores de
acesso, e a impossibilidade de saber utilizar o equipamento e usufruir das novas tecnologias. A
essa problemática, dá-se o nome de exclusão digital.
No contexto das políticas de inclusão digital, as escolas, nos usos pedagógicos das tecnologias de
informação, devem estar voltadas principalmente para
(A) proporcionar aulas que capacitem os estudantes a montar e desmontar computadores, para
garantir a compreensão sobre o que são as tecnologias digitais.
(B) explorar a facilidade de ler e escrever textos e receber comentários na internet para
desenvolver a interatividade e a análise crítica, promovendo a construção do conhecimento.
(C) estudar o uso de programas de processamento para imagens e vídeos de alta complexidade
para capacitar profissionais em tecnologia digital.
(D) exercitar a navegação pela rede em busca de jogos que possam ser “baixados”
gratuitamente para serem utilizados como entretenimento.
(E) estimular as habilidades psicomotoras relacionadas ao uso físico do computador, como
mouse, teclado, monitor etc.