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ESZM022-17

Cerâmicas Especiais e
Refratárias
Prof. Dr. Humberto N. Yoshimura
humberto.yoshimura@ufabc.edu.br
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas

Fev - Mai 2020

1B3 – Cerâmicas especiais: Eletrocerâmicas1


UFABC ESZM022-17 – Cerâmicas Especiais e Refratárias

Sumário

Cerâmicas especiais – Eletrocerâmicas

Dielétricos
 Piezeletricidade
 Cerâmicas piezelétricas

Semicondutores

Supercondutores

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Piezeletricidade
Efeito piezelétrico: interconversão de energia
mecânica e energia elétrica por meio de um material
que altera seu estado de polarização quando
tensionado mecanicamente (efeito ‘gerador’) ou que
altera sua forma geométrica (deformação) quando
há mudança no campo elétrico aplicado (efeito
‘motor’); processo reversível
Efeito piezelétrico direto: ação de tensão mecânica
 formação de carga elétrica nos eletrodos  gera
ddp e corrente (inverso do capacitor)
Efeito piezelétrico indireto ou inverso: ação de
campo elétrico  alteração de dimensões do corpo

V = Q/C C = ε .A/d
Q – carga armazenada
V – tensão elétrica resultante
C – capacitância
ε – permissividade elétrica
A, d – área e distância entre
eletrodos
Direto (gerador) Indireto (motor)
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Polarização (poling): formação de dipolo permanente (macroscópico) por meio de


aplicação de um forte campo elétrico durante o resfriamento da piezocerâmica aquecida
abaixo da temperatura de Curie  alinhamento dos domínios ferroelétricos  polarização
remanescente, Pr > 0

Curva de histerese P [C/m2] – Polarização

Polarização espontânea Saturação


Polarização remanescente (domínios
alinhados)

Campo coercivo

[V/m]
Campo elétrico

Lembrete:
Cerâmicas ferroelétricas: dielétricos não centrossimétricos com polarização espontânea
Domínios ferroelétricos: regiões com dipolos elétricos espontâneos  curva de histerese
Temperatura de Curie (TC): temperatura crítica acima da qual ocorre transformação para estrutura
centrossimétrica e perda da polarização espontânea
Capacitores: aplicados com domínios ferroelétricos aleatórios (Pr = 0) 5
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Estabilidade e mobilidade das paredes de domínio


Cristal tetragonal formado a partir do cristal cúbico (perovskita): 6 direções fáceis para a
transformação  diferença entre direções de polarização de 90° e 180°
Paredes de domínio de 180°: cristais adjacentes se ajustam, pois seus maiores eixos
tetragonais são paralelos  são fáceis de mover sob influência de campo elétrico aplicado,
pois requerem somente que os cátions se movam cooperativamente para a outra posição
de mínimo de energia, sem necessidade de mudança de forma
Paredes de 90°: cristais adjacentes não se ajustam  mobilidade difícil, pois requer
mudança de forma do cristal  tensão mecânica residual interna ao redor das paredes

Tetragonal

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Estruturas de domínios de uma cerâmica ferroelétrica policristalina

Corpo não polarizado Corpo após polarização

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Ciclo ou curva de “borboleta” (butterfly loop) de um material piezelétrico


mostrando a deformação S associada com a inversão da direção de polarização

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Mudança de forma (deformação) associada com a inversão de domínio em uma


cerâmica ferroelétrica

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Região de operação de dispositivos


Ec piezelétricos: deformação proporcional ao
campo aplicado, que não deve alcançar campo
coercivo, Ec, para não comutar os domínios e
despolarizar (depole) a peça

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Relações e propriedades piezelétricas

Campo elétrico, E, produzido por tensão (mecânica), T:


E=[V/m]
T=[N/m2]
Deslocamento dielétrico (polarização), D, produzido por tensão, T: D=[C/m2]

g=[V.m/N]

Deformação, S, produzida por campo elétrico, E: d=[C/N]=


=[m/V]

d, g – coeficientes, constantes ou módulos piezelétricos (d – constante de carga; g –


constante de voltagem piezelétrica)

k’ – constante dielétrica relativa


ε – permissividade dielétrica (ε0 – do vácuo)
Y – módulo elástico (de Young)
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Direções de forças que afetam um elemento Cerâmicas: constantes piezelétricas


piezelétrico anisotrópicas  relacionadas às direções
cristalográficas  notação tensorial

Ex: d31 – coeficiente piezelétrico relacionado


com a geração de polarização nos eletrodos
perpendiculares à direção 3 ou vertical e com a
tensão mecânica aplicada na direção 1 ou
lateral
d33 – indica polarização gerada na direção 3
quando tensão é aplicada na direção 3

Relações típicas:

4,5,6 – cisalhamento em torno do eixo

Altos valores de coeficiente de carga, d, são desejados para materiais usados em


dispositivos de movimento ou vibracionais, como sonar e receptor acústico
Cerâmicas com altos valores de coeficiente de voltagem, g, geralmente são materiais
ferroeletricamente “duros”, que não comutam sua polarização facilmente e tem baixos
valores de constante dielétrica: usados em dispositivos como acendedor de gás
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Fator de acoplamento piezelétrico (ex., k33, k31, kp)


Medida direta do efeito eletromecânico, i.e., eficácia da cerâmica converter uma forma de
energia na outra (usualmente valor < 1)

Efeito direto (gerador)

Efeito indireto (motor)

Figura de mérito comumente usada em piezelétricos: quanto maior o valor de k, melhor


kp – fator de acoplamento planar: medida típica usada para comparar materiais
(fator para campo E aplicado na direção 3 – paralelo à direção de polarização, e vibrações no plano
perpendicular a esta direção)

d, g, k – propriedades eletromecânicas (piezelétricas)


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Rochelle salt: Potassium sodium tartrate (KNaC4H4O6.4H2O)

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Propriedades acústico-mecânicas
Fator de qualidade mecânica – fator Qm: caracteriza a “agudeza” da
ressonância de um corpo piezelétrico (ressonador)

onde, fr é a frequência de ressonância e Δf é a largura da banda de frequência

Constante elástica: compliance (sujeição) sij – deformação por unidade de


tensão mecânica aplicada (inverso da rigidez – módulo de elasticidade)

Propriedades dielétricas
Permissividade (ε) / constante dielétrica (k’)
Fator de dissipação dielétrica (fator de perda, tanδ)

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Todos ferroelétricos são


piroelétricos e piezelétricos
Todos piroelétricos são
piezelétricos
Nem todos piezelétricos
são piroelétricos
Nem todos piroelétricos são
ferroelétricos

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Titanato zirconato de chumbo – Pb(Zr,Ti)O3 – PZT

 Cerâmicas de PZT: soluções sólidas de PbTiO3 e PbZrO3 [Pb(ZrzTi1-z)O3] com


estrutura perovskita (similar ao BaTiO3)

 Mais empregadas dentre as cerâmicas piezelétricas, devido:

 Altos fatores de acoplamento eletromecânico (k = 0,5~0,7, contra ~0,4 de


BaTiO3)

 Temperatura de Curie relativamente alta (TC = ~360°C contra 125°C do


BaTiO3)  possibilita maiores temperaturas de operação ou de
processamento dos dispositivos

 Podem ser facilmente polarizadas (poled)

 Possuem larga faixa de constantes dielétricas

 Apresentam larga solubilidade de vários compostos  possibilita obter largas


faixas de propriedades

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Titanato zirconato de chumbo


Pb(Zr,Ti)O3 – PZT

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Diagrama de fase PbTiO3 - PbZrO3 Região mais importante: região de


Soluções sólidas Pb(ZrzTi1-z)O3 transição entre as fases tetragonal e
romboédrica
Propriedades variam fortemente
com razão Zr4+:Ti4+: define estrutura
TC da solução sólida em tetragonal ou
elétrico romboédrica
Contorno de fase morfotrópico
(MPB – morphotropic phase
elétrico boundary): ao redor de
Pb(Zr0,52 Ti0,48)O3 (~52% em mol de
PbZrO3)
Morfotropismo: mudança estrutural
causada por substituição química
No contorno MPB: características
de transição  cristais contêm
coexistência das duas fases (T+R)
 fator de acoplamento
eletromecânico e constante
dielétrica alcançam valores
máximos
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MPB

Propriedades piezelétricas (fator


de acoplamento eletromecânico) e
dielétricas (constante dielétrica ou
permissividade) alcançam valores
elevados no contorno de fase
morfotrópico (MPB): ao redor de
Pb(Zr0,52 Ti0,48)O3 (~52% em mol de
PbZrO3)

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Comportamento de polarização no contorno de fase morfotrópico (MPB)


Estrutura tetragonal ferroelétrica: seis possíveis orientações de domínios (6 direções
<100>)
Estrutura romboédrica ferroelétrica: oito possíveis orientações de domínios (8 direções
<111>)
Próximo à composição do contorno MPB há coexistência de ambas as fases (tetragonal
e romboédrica): quatorze possíveis orientações de domínios (6+8) para alinhamento
durante a polarização (poling)
Número grande de possíveis direções de polarização explica comportamento
anômalo de rápido aumento das propriedades ferroelétricas e piezelétricas ao redor do
contorno de fase morfotrópico (MPB)

Direções fáceis de
polarização

Tetragonal Romboédrico
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Cerâmicas piezelétricas
Classificação
Podem ser divididas em dois grupos conforme a mobilidade dos domínios (dipolos), i.e.
quanto ao comportamento de polarização/despolarização
Cerâmicas piezelétricas “moles”: mobilidade de domínio relativamente alta 
polarização relativamente fácil (comportamento ferroelétrico “mole”)
Características/vantagens: altas constantes piezelétricas, permissividade moderada-
mente alta, altos fatores de acoplamento eletromecânico, apresentam grandes
deslocamentos/deformações
Principais áreas de aplicações: atuadores para micro- e nanoposicionadores, sensores e
aplicações eletroacústicas
Cerâmicas piezelétricas “duras”: baixa mobilidade de domínio  polarização
relativamente difícil  suportam altos campos elétricos e altas tensões mecânicas
Características/vantagens: permissividade moderada, altos fatores de acoplamento, altos
valores de fator de qualidade (fator-Q), estabilidade de propriedades em aplicações de
altas potências e elevadas cargas mecânicas; perdas dielétricas relativamente baixas 
uso contínuo no modo de ressonância com baixo aquecimento do componente
Principais aplicações: geração de ondas ultrassônicas de alta potência
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Aplicações

 Efeito piezelétrico direto (gerador): converte forças mecânicas de


pressão ou deformação, aceleração (sensores) ou sinais acústicos
(receptores sônicos e ultrassônicos) em um potencial (sinal) elétrico

 Efeito piezelétrico inverso (motor): converte potencial (tensão) elétrico


em movimento mecânico (atuadores piezelétricos) ou vibrações
(transmissores sônicos e ultrassônicos)

 Processamento de sinal ultrassônico, tanto de uso de efeito piezelétrico


direto ou inverso, baseia-se na avaliação de características das ondas
ultrassônicas (e.g., tempos de propagação, reflexão, deslocamento de
fase)

 Operação em larga faixa de frequência: Hz a MHz

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Cerâmicas piezelétricas “moles”


Sensores piezelétricos: uso clássico de registradores de vibração para detectar
desbalanceamento de componentes rotativos de máquinas ou detectores de batida na
indústria automotiva; uso em sistema de vigilância (e.g., sensores para carros); uso
crescente em aplicações para medição de nível (pelo tempo de propagação do eco
refletido por onda ultrassônica) e medição de taxa de fluxo (baseado no tempo de
propagação ou no efeito Doppler – diferença de fase)
Atuadores piezelétricos: usam deformação do material piezelétrico a partir do campo
elétrico aplicado; alta resolução da variação dimensional e elevada capacidade de
carregamento mecânico da cerâmica piezelétrica são de interesse em campos de alta
tecnologia (semicondutores, óptica, telecomunicações), área automotiva (sistemas de
injeção de combustível), microbombas, tecnologia de válvulas pneumáticas e
amortecedores de vibração
Aplicações eletroacústicas: transmissores de sons (buzinas) e receptores de sons
(microfones)

Cerâmicas piezelétricas “duras”


Geração de ondas ultrassônicas de alta potência: limpeza ultrassônica (usualmente
faixa de kHz), usinagem de materiais (soldagem e furação ultrassônica), processamento
ultrassônico (dispersão de líquido), área médica (limpador ultrassônico dentário,
instrumentos cirúrgicos), tecnologia de sonar, acendedores piezelétricos
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Cerâmicas para aplicações piezelétricas (sonar, acelerômetros, atuadores e sensores)

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Cerâmicas piezelétricas Dispositivos piezelétricos

Nano e
microposicionadores

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Parâmetros eletromecânicos de cerâmicas de titanato zirconato de chumbo e niobato de
magnésio e chumbo

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Processamento de cerâmicas piezelétricas à base de PZT

Mistura de pós de óxidos Processamento de


multicamada cossinterizada
Calcinação

Moagem em moinho de bolas Preparação da suspensão

Granulação (spray drying) Colagem de fita (tape casting)

Impressão por tela de


Prensagem uniaxial Prensagem isostática
eletrodos de Ag-Pd
Usinagem a verde
Laminação (prensagem uniaxial)

Sinterização (1000~1300°C, ar) Prensagem isostática

Corte, usinagem, furação

Aplicação de eletrodo

Polarização

Montagem, inspeção 32
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Aditivos usados em PZT


Cerâmicas de PZT usualmente contêm pequenos teores de aditivos (0,05 a 5 mol%) de
óxidos metálicos em solução sólida que modificam propriedades piezelétricas e
dielétricas para aplicações específicas
Dopantes doadores (ou “moles”) – cátions de maior valência: La3+ substituindo Pb2+,
ou Nb5+ substituindo Zr4+ ou Ti4+  formação de lacunas de Pb  aumenta mobilidade
do domínio ferroelétrico
 aumenta permissividade, perda dielétrica e fator de acoplamento eletromecânico;
diminui campo coercivo, fator de qualidade mecânica e condutividade elétrica

Dopantes aceitadores (ou “duros”) – cátions de menor valência: K+ substituindo Pb2+,


ou Fe3+ substituindo Zr4+/Ti4+  formação de lacunas de O  diminui mobilidade do
domínio
 dificulta polarização e despolarização; aumenta fator de qualidade mecânica, campo
coercivo e condutividade elétrica; diminui permissividade e perda dielétrica

Dopantes (cátions) isovalentes: Ba2+ e Sr2+ substituindo Pb2+, ou Sn4+ substituindo


Zr4+/Ti4+
 diminuem perda dielétrica, mas também compliance elástica e temperatura de Curie

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Aspectos relacionados à sinterização


Alta volatilidade de PbO  dificuldade de controle da estequiometria do PZT  perda
compensada com adição de PbO adicional na matéria-prima (usualmente 2 a 3%);
minimizada com peça envolta com pó rico em PbO e em cadinhos fechados
Toxicidade do chumbo  necessidade de controlar evaporação

Aspectos microestruturais
Polarização é afetada pela microestrutura: tamanho de grão, porosidade
Efeito piezelétrico desaparece em cerâmicas com grãos muito finos e tamanho de grão
abaixo de ~1 µm é difícil de polarizar. Cerâmicas com grãos muito grandes são fáceis de
polarizar, mas também fáceis de despolarizar e propriedades piezelétricas são menos
estáveis
Poros e inclusões tendem a fixar as paredes de domínios e dificultam a polarização.
Usualmente densidade mínima de ~96% da teórica é necessária para polarização
Peças devem ser fabricadas cuidadosamente para minimizar defeitos grandes de
processamento que diminuem a resistência mecânica, para poder suportar o elevado
campo elétrico aplicado durante a polarização e para não falhar prematuramente durante
a aplicação

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