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São Paulo, SP
2020
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Invasores e invadidos
Os três povos que invadiram a Inglaterra: os saxões, os vikings e os normandos;
Saxões: falavam dialetos distintos, sua organização tribal não tinha unidade. Foram
catequizados pela Igreja Católica em 597, quando surgiram os mosteiros (centros de
cultura e de propagação da fé);
Vikings: povo violento, responsável pela destruição de mosteiros e, consequentemente,
sua cultura. Tratado de paz feito em 897;
Inglaterra do século X: uma nação governada por uma única casa real, com a unificação
da língua e da religião (Igreja Católica);
Normandos: Invadiram a Inglaterra em 1066; impuseram sua cultura, e a língua da corte
se tornou o francês; um aspecto “positivo” foi o de ligarem a ilha aos países europeus
com tradição cultural latina.
Inglaterra do século XIV: não havia unidade linguística – o povo falava inglês, a
aristocracia e o clero preferiam um dialeto francês e o latim;
Citação: “Explicam-se, assim, as três línguas que nosso leitor imaginário poderia ler
(isso considerando-se que ele fosse uma exceção numa população predominantemente
analfabeta).” (p. 6)
A segunda metade do século XIV: os autores passam a ser definidos; o mais conhecido
deles, William Langland. Foi o responsável por escrever Piers Plowman – uma história
sobre um homem comum conhecendo a verdade.
Características das obras: “A partir da segunda metade do século XIV, o nosso leitor já
tem à disposição obras de autores definidos, embora ainda predominem nelas uma visão
alegorista do real, tão característica de uma época que vai caminhando para o seu final.”
(p. 10)
Em verso e prosa
Sir Thomas Wyatt: poeta e diplomata, introduziu o soneto na língua inglesa;
Produções do período: prosa ficcional, com duas linhas: a realista (panfletos moralistas
e religiosos) e a pastoril (elementos romanescos); as traduções, a historiografia e a
ensaística;
Sir Francisco Bacon (1561-1626): filósofo elisabetano que escreveu ensaios sobre
diversos assuntos, dos quais muitos ditados surgiram, como “a ocasião faz o ladrão”;
O teatro: o público, no geral, estava mais apto para ouvir do que para ler, portanto o
gênero de maior destaque na época era o teatro;
Florescimento literário: “a própria soberana (..) gosta de entrar em contato com
intelectuais e artistas, incentivando suas atividades e recompensando seus esforços. Cria
ela, assim, condições para um grande florescimento literário.”
O reverso da medalha
Os Tudor e Jaime I, o sucessor de Elizabeth: monarcas mais absolutistas da história
inglesa; censuraram a literatura, sendo ela obrigada a não contestar o pensamento oficial;
Patronato: Sistema medieval onde os escritores dependiam do patrocínio da burguesia,
portanto a produção literária da época estava sob os olhos rígidos dos patronos;
Edmund Spenser (1552-1599): o maior entre os poetas não dramáticos da época; tinha o
objetivo de dignificar a língua inglesa; o gênero no qual mais se destacou foi a écloga, em
que se celebravam os ideais de uma vida simples;
Fim de Spenser: “Mesmo dedicando seu poema a rainha, Spenser viu-se preterido pelos
favores da corte e morreu pobre, embora tenha tido a honra de ser enterrado no "Canto
dos Poetas" na Abadia de Westminster, ao lado de Chaucer.” (p. 19)
Em cena, o teatro
Século XV: os assuntos seculares vão tomando espaço nas peças teatrais;
Peças de moralidade: ensinavam uma lição de moral;
Peças de interlúdios: apresentadas durante festas e comemorações dos grandes senhores;
Primeiras comédias e tragédias: com influência dos clássicos, esses gêneros surgem na
Renascença Inglesa;
Linguagem das peças: retórica e florida, bem como enredos violentos e sanguinários;
Características das primeiras tragédias:
Desobediência às três unidades aristotélicas: tempo, espaço e ação;
Uso do verso branco (podendo ou não ter rima);
Capacidade de manter a atenção do público.
Cristopher Marlowe (1564 - 1593): primeiro grande tragediógrafo
Uso da caricatura para provocar horror e não riso;
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Tema das obras: sede de poder (crítica aos reis absolutistas), poder do dinheiro e o
poder do conhecimento.
Ben Jonson (1573 - 1637): grande escritor de comédia
Erudito: baseou-se no clássico e respeitava as três unidades do teatro aristotélico;
Arrogante: desprezou o teatro sensacionalista mais profundamente humano;
Bom dramaturgo: sátiras que não poupavam nem os outros poetas.
The Theatre (1576): primeiro edifício criado para apresentações de teatro. Antes, as
peças eram encenadas nas ruas ou em lugares aleatórios com espaço grande e acesso ao
público;
The Globe (1599): casa teatral mais famosa, onde a maioria das peças de Shakespeare foi
encenada. Foi destruído por um incêndio em 1613;
Heming e Condell: amigos que publicaram as obras de Shakespeare depois de sua morte;
Características físicas e público do teatro de Shakespeare:
De pé ficavam os mais pobres (as partes sensacionalistas das peças os entretinham);
Nos balcões elevados e galerias ficavam os nobres (temas sutis e imagens poéticas
agradavam esse público);
A presença feminina nos teatros não era bem vista, mas um toque de romantismo era
dado às peças para agradar as mulheres;
Intelectuais: apreciavam a filosofia e o debate. O autor não foi capaz de agradar esse
público por muito tempo.
Shakespeare e a academia: “O dramaturgo era visto pelos autores teatrais oriundos das
universidades como um arrivista provinciano, que só sabia escrever peças sangrentas, já
que Shakespeare jamais chegara à universidade.” (p. 23)
O dramaturgo maior
William Shakespeare: nasceu em Stratford-upon-Avon em 1564, casou-se, teve filhos;
foi para Londres, enriqueceu com teatro e voltou para sua cidade natal e lá morreu;
Fase 1 - Primeiras obras: Venus and Adonis e The Rape of Lucrece, bem ao gosto da
aristocracia por sua feitura humanista e clássica;
Peças com base na história inglesa (1959): recriações históricas com o mérito de exaltar
o sistema monárquico vigente; Ex: Henry VI, Richard II, Richard III, King John, Henry
V;
Comédias da primeira fase de Shakespeare: misturavam fantasia e realismo; foco na
alegria de viver; histórias que sempre acabavam bem. Ex: The Comedy of Errors, A
Midsummer Night's Dream, The Merchant of Venice e As You Like It;
Fase 2 - Período sombrio (entre 1601 e 1608): nas histórias, pessimismo em relação a
vida; motivos prováveis que influenciaram o influenciaram: Elizabeth I velha e sem
filhos, temor de novas guerras. Ex: Hamlet, Othello, Macbeth, King Lear e Julius
Caesar;
Últimas peças: humor e otimismo, com toque filosófico e até melancólico;
Tragicomédias: final da carreira do autor; peças com temas de resignação e perdão. Ex:
Pericles, Cymbeline, The Winter's Tale, The Tempest;
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Diferencial de Shakespeare: “Todas essas tragédias são peças de grande fôlego, em que
mais se evidencia a grande marca do gênio de Shakespeare - a capacidade de abarcar os
mais variados e desconcertantes aspectos do gênero humano.” (p. 26)
A voz do bardo
Sonetos de Shakespeare: 154 no total, possuem os elementos poéticos elisabetanos;
Primeiras composições: amor (imutável e perfeito); admiração pelo ser humano; beleza
física e capacidade do intelecto; melancolia (por conta da transitoriedade do ser humano);
infinitude e transcendência da arte;
Morte: cinco anos depois de se despedir dos palcos (1616); fim da era elisabetana;
Superioridade da obra de Shakespeare: “Após o desaparecimento de Shakespeare, o
gênio literário inglês conhecerá novos rumos, sem voltar a alcançar as mesmas alturas a
que os elisabetanos se alçaram.” (p. 28)
Pensando em versos
T. S. Eliot: definiu as marcas da poesia do sec. XVIII, a grandiloquência (uso eloquente
da linguagem) e a sagacidade (elemento racional);
John Donne (1572-1631): maior expoente na poesia metafísica, se destacou pela
originalidade e pelo uso de paradoxos.
Características da poesia de Donne:
Linguagem coloquial;
Amor visto de uma forma mais racional;
Argumento no poema em primeiro plano, musicalidade em segundo;
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A poesia da forma
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O triunfo da imaginação
William Wordsworth: tinha um imenso amor pela natureza. Para ele, “Deus estaria
presente em cada elemento dela, e a contemplação da natureza ensinaria grandes lições
morais ao homem, devolvendo-lhe a felicidade perdida.” (p. 49)
Ode - Intimations of Immortality from Early Childhood: lembranças da infância;
The Prelude, The Excursion: Poemas autobiográficos com imagens originais da beleza
das paisagens inglesas;
Samuel Taylor Coleridge (1772-1834): trouxe o exótico e o sobrenatural em suas obras;
imaginação magia e mistério;
Wordsworth e Coleridge: “viveram o bastante para se tornarem, principalmente o
primeiro, homens maduros e respeitados, longe da imagem de arrebatamento juvenil que
se tem dos românticos.” (p. 50)
George Gordon ou Lord Byron (1788-1824): autor libertário e aventureiro, mórbido e
grande amoroso; autor de Don Juan: humor crítico à hipocrisia, à cobiça e à opressão da
sociedade da época;
Percy Bysshe Shelley (1792-1822): defensor do proletariado, rebelde, ateu, republicano;
Queen Mab: moral institucionalizada e a religião são motivos da perda da felicidade;
Episychidion: o amor como a força redentora do homem;
Os escritos do reino
Romance: marcará a literatura inglesa do século XIX;
Poesia: não produziu obras marcantes depois dessa época;
Gosto literário burguês: na época, o público desejava ler sobre a vida burguesa, sem
críticas sobre seu modo de viver;
Transcendência das obras: “É surpreendente que nesse quadro de restrições morais
tenham aparecido grandes romancistas, capazes de criar uma arte tão popular (...) capaz
de transcender a época.” (p. 54)
A contribuição feminina
Irmãs Bronte: Filhas de um pároco de Yorkshire, órfãs de mãe;
Anne (1820-1849): Agnes Grey e The Tenant of Wildfell Hall;
Charlotte (1816-1855): Villette, Shirley e Jane Eyre – este último revela a injustiça da
posição da mulher instruída na sociedade e a injustiça das limitações morais;
Emily (1818-1848): Wuthering Heights - narra a paixão de Heathcliff por Catherine;
Ainda o romance
William Makepeace Thackeray (1811-1863): Antirromântico, relata a vida em
sociedade na época, escreveu Vanity Fair, obra que que critica o dinheiro como
facilitador da ascensão social;
Anthony Trollope (1815-1882): escreveu mais de cinquenta obras em fascículos. The
Way We Live Now fala sobre o poder do dinheiro; The Warden é uma coletânea de
romances sobre um condado intocado pela industrialização;
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Versos vitorianos
John Ruskin (1819-1900) pensador que defendia o culto do prazer estético;
Movimento Pré-Rafaelista: grupo de jovens poetas que, influenciados por Ruskin,
defendiam a simplicidade que viam na pintura renascentista antes de Rafael;
Dante Gabriel Rossetti (1828-1882): líder do movimento, considerava a poesia como a
celebração do belo e nela não havia lugar para a discussão dos problemas da época; sua
poesia era sensual, mística e misturava o trivial e o sobrenatural; melhor obra: The
Blessed Damozel;
George Meredith (1828-1909): escrevia com excesso de sutileza e de obscuridade; foi
precursor dos modernistas; melhores obras: The Modern Love e Poems of the English
Roadside;
Robert (1812-1889) e Elizabeth (1806-1861) Browning: casal de poetas, sendo ela
considerada melhor escritora, não eram pré-rafaelistas; Obras de sucesso: Pippa Passes
(dele), Aurora Leigh e Sonnets from the Portuguese (dela);
Eliot e a época vitoriana: As novas tendências preconizadas e praticadas por George
Eliot no romance serão também a marca da poesia do fim da era vitoriana. (p. 60)
Ressurge o teatro
Em termos cronológicos: Wilde é o primeiro teatrólogo de importância desde a
Restauração e o Licence Act.
George Bernard Shaw (1856-1950): autor escandinavo que defendia em suas peças o
Socialismo. Peças famosas: Widowers' Houses e Mrs. Warren's Profession, falam sobre a
prostituição; Man and Superman, questiona a superioridade do homem na sociedade;
Celtic Revival: Movimento que começou na Irlanda para contribuir com a ascensão do
teatro moderno; foi iniciado por W. B. Yeats e sua amiga Lady Gregory no Abbey
Theatre, onde eram apresentadas peças inspiradas nas tradições celtas conservadas pelo
país;
Fabian Society: um movimento reformista cofundado por Shaw que visava “a mudança
da sociedade através da promulgação da educação, do fortalecimento da organização
sindical e da racionalização do trabalho.” (p. 66)
The Portrait of a Lady, The Wings of the Dove, The Golden Bow, The Ambassadors: O
conflito entre a "velha ordem" (Europa, tradicional e sedutora) e a "nova ordem”
(América, cheia de vida e inocente);
Joseph Conrad (1857-1924): marinheiro polonês, foi naturalizado britânico e só
aprendeu a língua do novo país quando tinha vinte anos
Lord Jim e The Heart of Darkness usa as viagens marítimas como analogia à sondagem
dos mistérios do ser humano; no último, recria o clima opressivo e fantástico da África
Adaptação de Heart of Darkness nos cinemas: Apocalypse Now, do americano Francis
Ford, “ambientado na Guerra do Vietnã, (...) demonstra cabalmente ao público de nossos
dias a contemporaneidade da visão de mundo de Conrad.” (p. 70)
Incertezas e abalos
Cenário da Inglaterra nas primeiras décadas do século XX:
Guerra dos Bôeres: luta entre colonos holandeses e ingleses pelo controle da atual
África do Sul;
Mahatma Gandhi: ativista indiano contra o domínio britânico, lutou a favor da
independência da Índia;
Education Act de 1870: torna obrigatória a escolaridade na Inglaterra; todas as classes
sociais tinham acesso ao conhecimento e, portanto, à literatura;
Relativismo: toma o lugar das teorias autoritárias e rígidas da sociedade vitoriana;
Sufrágio feminino: luta das mulheres pelo direito ao voto;
Ideais de Karl Marx: questionamento e crítica contra o capitalismo;
Charles Darwin: a Teoria da Evolução das Espécies e outros estudos de Darwin
colocam o ser humano como uma criatura biológica, não mais um como um
“semideus”;
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Sigmund Freud: médico neurologista, criou a psicanálise, campo científico que estuda
o papel do inconsciente no comportamento humano;
Experimentalismo formal: “é nesse quadro de abalos, numa Europa ‘grávida de
desastre’, que homens e mulheres de sensibilidade refinada vão criar uma nova imagem
da literatura. O experimentalismo formal dará a tônica, tanto no romance quanto na
poesia.” (p. 74)
Romance e complexidade
Virginia Woolf, James Joyce e D. H. Lawrence: romancistas modernos; já não seguiam
as formas e temáticas da era vitoriana;
Relação autor/público na modernidade: antes, o público compartilhava dos mesmos
valores dos autores, todavia isso mudou com o passar dos tempos. Influenciados por
novas teorias das ciências em geral, vai perdendo o sentido unificado do mundo; o real
passa a ser complexo e ambíguo, não mais absoluto;
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