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Sempre quero falar sobre questões instantâneas, vivemos em tempos de fast food. Em bom
português: comida rápida.
1) Haverá futuro?
2) O que “você” significa na minha vida
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Com ou sem quarentena sempre tive um certo hábito de escrever. Porquê? Sinto-me só.
-Mas Rita, suas filhas estão com você. Você esta em contato com seus amigos. Sua família.
Tem os gatinhos. Tem as plantas.
Hu-hum. Verdade. Nem por isso algum dia antes e durante a quarentena isso evitou que me
sentisse sozinha. O pior momento, se é que houve um pior, é quando me sinto assim mesmo
estando com pessoas, entre amigos... Há uma cena bem especifica gravada em minha mente.
Os colegas da então, a época, ETFCE – Escola técnica Federal do Ceará – resolveram depois da
aula, ou alguma aula que não houvera ir a um barzinho (bem próximo a parada do ônibus que
eu pegava) conversar e beber cerveja, ou sei lá... Eu estava tão desconectado do conjunto, que
a única coisa que me lembro, foi que veio um negocio crescendo dentro de mim, um mal estar,
que eu bruscamente me levantei e disse que ia embora. Lembro vagamente de alguém
perguntando por que, ou dizendo que ainda era cedo, mas eu dei alguma resposta e não mais
sentei, fui pegar meu ônibus e vim pra casa. Pra minha solidão do quarto. Na faculdade nunca
fui de sair com o povo. Muito quieta e centrada nesse negocio de estudar, e teve o caso de
começar a namorar, e pero do fim do curso o nascimento da Giulia.
Sim. Talvez. Talvez eu busque ativamente a solidão ao não me identificar com algum grupo
especifica.
Se tive um medo na vida, foi que minha filhas se parecessem comigo nos aspectos que
considero mais sombrio.
3... quem é você? Você poderia ser o “pai da Giulia”, reparo agora que quase nunca me refiro a
ele pelo nome. Você poderia ser o “pai da Bianca”, esse eu chamo pelo nome. Quando preciso
me referir a ele, mas em consideração ao primeiro, vamos deixar o segundo no ostracismo.
Você é, você. Alguém que eu considero importante, esta na minha vida. Talvez as pessoas
vejam como um amigo muito próximo. Talvez você mesmo se veja assim... Mas por fim, você
tem sido um problema. Um problema desses mal resolvidos.
E porque não citar seu nome? Na verdade pouco posso falar, porque tudo que eu falar lhe
revela. tudo de negativo que eu falar, lhe revela. Como uma foto antiga, antes da digitalização.
Num blog que eu tinha, no passado, eu me referia a você como Sapo. Numa clara demostração
que eu sabia quem você era, e o que, mas desejava solenemente lhe transformar num
príncipe. Ah, essas estórias de príncipes e princesas, nos sabemos quem se fera no final. Mas...
Gente, tem uns lances que dão certo, né. Conheço alguns casos. Não que sejam perfeitos, mas
ambos estão empenhados em permanecer.
Mas o sapo e eu, apesar de temos um agora longo histórico, não somos um casal e nem nunca
eu deixei de ser com ele, nesse intervalo de tempo... Tempo. Anote.
Acho que não. Acho que estamos mesmo falando dos relacionamentos especiais do UCEM, por
favor exija uma nota de rodapé.
Longe de ser amoroso. A pessoa a quem ele chama de amor é outra. Eu, particularmente me
refiro a ele como “satanás” ou “peste”... Algumas pessoas já ficaram puta com a referência tão
singela e já sabem de quem se trata.
Quando eu falei dos pais, a terceira pessoa ficou explicita, pelo menos para os familiares.
Enfim... hoje, estamos aqui, neste dia 26 de abril de 2020, na quarentena por causa do corona
vírus e da doença covid-19. E eu estou ocupando o meu tempo, ou perdendo ele escrevendo
sobre coisas que não são importantes pra mais ninguém. São, obviamente pra mim, mas nem
sei. Você sabe?
Abandonei meu blog virtual que foi invadido e lido pelo ‘pai da Bianca’.
Mas, não fiz o que era certo. Permaneci... quando deveria ir.
Hoje, falando com a “peste” que me trata sei lá como o quê: “uma amiga que manda nudes?”
enfim, me passou um link, fez propragada de filme e me pediu pra vê um documentário.
Eu tinha ido minutos antes no seu ‘instagram’ e visto as fotos que ele faz do “meu bem”...
Voltando a minha breve introdução, “você” tem a ver com me sentir sozinha. Quando eu sinto
esse vazio, que eu estou sentido agora, meu impulso é entrar numa sala de bate papo e
conversar com alguém, alguém que nunca vi, que não sabe quem eu sou, que vai receber tudo
que eu disse como verdade, que vai me dar alguma dicas e lá para o fim da conversa -
geralmente eu consigo prender as pessoas na conversa um tempo considerável para uma sala
de bate papo- ele vai querer me oferecer sexo... Vai pedir me contato no whatsapp e... Ele
ainda não sabe essa foi nossa primeira e ultima conversa.
Houve um passado, entre o pai da Giulia e o da Bianca que eu estava disposta a pagar a
conversa e vê se ela se estendia, porque estava procurando uma companhia. Naquela época
minha caça terminou no pai da Bianca.
Minha – não queria dizer a palavra decepção- frustação, com a dedicação que dei ao
empreendimento família convencional, relacionamento, foi grande. Quando acabei, decidi não
procurar ativamente.
Hoje, me chateei, porque mais uma vez eu estou iludida quanto ao sapo.
Talvez ele seja um príncipe que tem uma princesa e eu seja a sapa.
Dissecar algo como faço agora tem um único objetivo... qual, “você” pode perguntar? Para que
se possa dissecar algo esse algo precisa morrer.
...
Tem essa questão da solidão. Ela me leva para pessoas. Pessoas que em geral me querem
guardadas, não me dividem. Pessoas pelas quais eu me afeiçoe. Pessoas para as quais eu falo
dos meus pensamentos mais íntimos. Pessoas que confiam em mim, quase sempre. O “sapo”
não, até porque mente. Quero dizer que como de certa forma eles são uma resposta para
minha sensação de solidão, eles me são ‘caros’.
...
Num filme “x” qualquer, há uma cena na qual a moça diz: “eu mereço ser amada” e o rapaz
que faz a cena com ela diz; “você merece ser amada”. E é um exercício de teatro, referente a
uma peça, e ele tem de repetir isso até sentir... A moça começa a repetir e num dado
momento ela sai correndo... repetir; “eu mereço ser amada.” dói.
Não sei o nome do filme, a atriz, só tenho esse recorte. o recorte da dor. Dela, da personagem,
mas sobretudo minha.
Estranho.
Não quero falar da razão agora. Nem quero acusar ninguém, alguém, de não me amar. Não se
trata disso. Trata-se de não me sentir amada, e de sub-repticiamente sentir que não mereço o
amor que desejo.
Talvez, permaneça, ou para confirmar que não mereço ser amada. Ou para aprender que o
“amor” não segue o meu script... Escolha.
Pelo pai da Bianca sim. Espasmos de amor na montanha russa do nosso relacionamento.
Sentia talvez que o pai da Giulia me adorasse, mas eu não queria adoração...
Queria correspondência.
Tem um meme... Meme?... Aff, pois é, meme. Tem um meme que diz isso, o amor mais bonito
é o correspondido. E é verdade.
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Haverá futuro?
Oxé, óbvio que sim. Sempre há futuro. Depois da peste, da guerra, da queda da bastilha, da
gripe espanhola, da eleição do coiso... Sempre haverá futuro.
Alias todos os futuros citados, exceto o ultimo, são passado, e o ultimo é presente agora.
O que é futuro? Uma relação entre algo que passou e algo que veio a ser. Ou um futuro de um
passado, também é passado. Só que numa lógica linear, um aconteceu antes no tempo e o
outro depois. tome nota.... a ha ha.
Risos.
Tá doida - me diriam- claro que a futuro. Tu acha que o mundo acaba quando tu morre?
Toda experiência humana é singular. Digo, para não usar as palavras filosóficas; toda
experiência humana é vivida a partir de uma experiência única e de um sujeito. O fato de
vivermos coletivamente, e de trocarmos informação e de termos experiências similares, viver
uma aparente mesma realidade, nos faz acreditar - e a linguagem também- que podemos
repartir estas experiências singulares como se elas fossem coletivas.
Nesse caso, há futuro. Porque algo vai sobreviver. Algo vai perdurar.
Mas mesmo o mais inocente de nós já se viu na cilada do: “fiado só amanhã.” E do fato de que
o amanhã nunca chegar. Quando chegar subitamente torna-se hoje. Daí eu dizer que o futuro
é uma relação, uma projeção e um jogo linguístico. Reitero: é uma relação de antes e depois. É
uma projeção ou uma crença de que haverá amanhã. E é uma construção linguística, pois nos
permite planejar. E planeja hoje, agora, o que faremos amanhã. O que desejamos, esperamos
e acreditamos ser melhor.
Lembro-me agora de Agostinho (o Santo – filósofo, não o Carrara da Grande Família) que diz
que a felicidade, ou a vida beata, está na posse de algo eterno, na posse de Deus. Como vir a
possuir Deus, ai é que são elas.
Isso me leva de volta a tentativa de responder a pergunta anterior. Perceba que a sensação de
solidão, ou de vazio, não preenchível com uma pessoa, ou situação, ou coisa, que com certeza
passará, diz respeito a sentir bem, feliz eu diria. Completo, talvez.
Bem, aqui deveria haver outra nota. O UCEM afirma que nossa única falta é a falta de Deus.
Permitam-me fazer um único adendo aqui. Deus, essa palavra tão esculachada, não significa
no UCEM um velhinho de barba branca que está muito incomodado com aquilo que fazemos e
deixamos de fazer e que sentir-se adorado e louvado... É, talvez, se pudesse usar esses termos,
uma mente criadora (ser=pensamento, tão Parmênides). Enfim, só pra retirar da palavra ‘Deus’
esse sentido paternal que as diversas igrejas nos impõe, esse sentido julgador, esse sentido
vingador, e essa sede de inferno que as diversas religiões replicam, para tentar nos subjugar e
nos engajar em padrões sociais pré-estabelecidos. E pra fechar, Deus está mais para “amor”...
Outra palavra aviltada, sofrida... E ficamos com o famoso: Deus é.
Foi só um recorte.
A pandemia nos faz, a alguns de nós, pensar sobre esse futuro que se avizinha. Uma parcela da
população, tenho eu dito em diversos lugares, não está realmente interessada em nada disso.
Passado, futuro... Pandemia. Capitalismo. Nada. Só em ter um lugar minimamente seguro para
dormir, comer, e manter-se vivo, respirando. Para isso convém ter algum dinheiro. E como
conseguir algum dinheiro através da troca da força de trabalho, ou de algum bem que você
produz por dinheiro. Daí você paga um aluguel, energia, agua, compra gas e feijão e arroz.
Porem o que quero dizer é que para uma parcela considerável da população mundial, viver é
uma questão central.
Para essas pessoas questões como porque temos que nos submeter a essa realidade, e haverá
futuro? São luxos. Luxo aos quais não se dão.
Haverá, está conjugado já no futuro, no caso futuro do presente.
Jeito estranho de estudar gramatica. Os passados também deviam ser estudados assim. Seria
bem mais fácil... E eu falo porque nunca entendi a gramatica e os seus porquês, e suas regras,
todas largadas ao lado com o advento da internet e das redes sociais. O importante é
comunicar.
Risos.
Indeterminado, agora lembrei porquê?. Primeiro que não há futuro. Haverá. Mas porque
depende do presente, desse agora, não do meu agora, individual, mas do coletivo. Neste
momento no mundo bilhões de pessoas estão confinadas a suas casas, àqueles que têm casa. E
que têm condições de se manter dentro dela.
O capitalismo, como sistema, tem sido autofágico. Destrói vidas, não só humanas, mas de todo
tipo, animal, vegetal, ecossistemas.
A quarentena pode fazer, e espera que faça, uma pequena parcela da população perceber que
não precisamos de todos os mimos que o capitalismo nos oferece. E são muitos.
Alguns imaginam que depois que isso passar, alguns acreditam que demora uns dois anos, nós
teremos de nos reinventar como humanidade. Os astrólogos vislumbram a era de aquário. Os
céticos a era do controle... Eu, eu não consigo ver.
Agostinho, só para retomar, diz que os profetas tiveram suas visões no presente. Daí eu dizer
que eu não consigo ver.
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